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Documentário: identidade

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PROJETO EXPERIMENTAL - IDENTIDADE

BRUNO GONÇALVES DE SOUZA

IJUÍ/RS 2016

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRIAÇÃO, CIÊNCIAS ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO JORNALISMO

BRUNO GONÇALVES DE SOUZA

DOCUMENTÁRIO: IDENTIDADE

Projeto Experimental apresentado ao Curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí, como requisito para conclusão de curso.

Orientador: Lara Nasi

IJUÍ/RS 2016

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BRUNO GONÇALVES DE SOUZA

PROJETO EXPERIMENTAL: IDENTIDADE

Trabalho de conclusão de curso à Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí, com o objetivo de obtenção do título de bacharel em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo.

Aprovado em ___/____/____

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Profa. Lara Nasi (Orientador)

____________________________________ Prof. Celestino Perin

____________________________________ Prof. Vera Raddatz

Ijuí 2016

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é fazer uma reflexão teórica sobre o documentário, a partir da produção do vídeo documentário Identidade, projeto experimental para conclusão de curso. A produção utilizou equipamentos de filmagem e captação de imagens alternativos aos comuns usados no jornalismo atual. O artigo discute os conceitos de identidade e memória, com base nos autores Mombelli e Tomaim (2012). Para a discussão do vídeo documentário, as principais referências são Nichols (2016), Vieira e Sabatini (2013). Ao final desse estudo, concluímos que o vídeo documentário é um aliado fundamental na construção social e representatividade de uma comunidade.

Palavras-chave: Identidade; documentário; jornalismo; cinema.

1. INTRODUÇÃO

Localizada no noroeste do Rio Grande do Sul, a cidade de Entre-Ijuís, com pouco mais de oito mil habitantes, é carente em meios de comunicação de massa. Logo, a comunidade entreijuiense não se vê representada na mídia local e regional, havendo a necessidade de trabalhos jornalísticos focados na diversidade cultural e social da cidade. Como proposta de representar e ouvir pessoas comuns e que não são consideradas fontes oficiais, o documentário Identidade, desenvolvido como Projeto Experimental no Curso de Comunicação Social – habilitação Jornalismo, procurou registrar as dores e amores de viver em uma cidade do interior, com pouca estrutura e cultura diversificada.

Com base no modelo atual de jornalismo, encontrado na região noroeste, onde os meios de comunicação se pautam pelo factual e assessoria de imprensa, o projeto Identidade, documentário buscou “ouvir” quem geralmente não é ouvido pelos meios tradicionais de comunicação, saindo do modelo tradicional, em que as fontes citadas em uma reportagem são quase sempre oficiais ou autorizadas, e as não oficiais, ou anônimas, não ganham espaço de fala.

Assim, com perguntas simples e direcionadas à vida pessoal e em sociedade, o documentário pode retratar em vídeo, emoção e sabedoria sobre assuntos do cotidiano, vindos de pessoas comuns, muitas delas sem estudo, mas com muita opinião a expressar. Ao longo de três meses, rodamos a cidade com uma câmera na mão, em busca de histórias e opiniões diversas, além de incontáveis registros das belezas naturais que a cidade proporciona em seu interior.

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Entre-Ijuís possui um sítio arqueológico, intitulado de São João Batista, sendo a sexta redução missioneira jesuítica, fundada em 14 de agosto de 1695, pelo Padre Antônio Sepp. O sítio foi local da primeira fundição de ferro e aço do país, onde se pode encontrar um museu a céu aberto, que não é valorizado e reconhecido pelos munícipes, que brevemente conhecem a história da própria cidade, pela falta de interesse social e político em manter viva a cultura e a memória do local.

Os jornais regionais e rádio local parecem raramente se interessar em contar a história do sítio, pois quase não abordam o tema, nem mesmo em datas comemorativas, como o aniversário do sítio.

Nesse contexto de desinteresse por parte da imprensa sobre a história local e regional, pode-se se ter uma ideia de como outros assuntos são tratados e discutidos nos meios de comunicação do interior do estado. Boa parte do noticiário da TV é importado da capital, com destaque para as esferas estadual e nacional.

É importante que se discuta esse tipo de abordagem midiática, que ignora o interesse da comunidade, dando espaço apenas para o interesse de poucos, criando e/ou impondo novos conceitos e importando questões culturais externas, ignorando em grande medida os aspectos do local.

Como forma de memória ao município, a história de cidadãos comuns pode ser contada e registrada em um documentário em vídeo, com os quais a população local pode se identificar. Foi assim que nasceu a ideia de criar o projeto Identidade, discutindo temas atuais e que afetam de forma direta a vida em sociedade dos entreijuienses.

Por ser um modelo de documentário de fácil acesso, foi possível utilizar uma câmera DSRL e um celular para o registro de vídeo e imagens de apoio.

2. PORQUE VÍDEO DOCUMENTÁRIO

As novas tecnologias e formatos com que são apresentadas produções jornalísticas e cinematográficas estão mudando a forma como as pessoas entendem e vivem em sociedade. A importância de um vídeo documentário se dá por estar diretamente ligado ao registro de acontecimentos e realidades, de forma minuciosa e com grande papel representativo.

Mesmo com a importância do documentário para o diálogo, a memória e a representação cultural, ainda há pouco estudos sobre o gênero. Segundo Vanessa

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Zandonade e Maria Cristina de Jesus Fagundes, em sua monografia O vídeo documentário como instrumento de mobilização social

São poucas as bibliografias específicas existentes sobre o gênero, no que se refere a sua utilização como extensão jornalística de televisão. As teorias do documentário estão concentradas na produção cinematográfica, que apesar de se distinguir do vídeo documentário enquanto público e produção, se assemelha nas funções e características adotadas no gênero. (ZANDONADE; FAGUNDES, 2003, p.9)

Em sua obra Introdução ao documentário, Bill Nichols, afirma que os documentários de questões sociais consideram as questões coletivas de uma perspectiva social. As pessoas recrutadas para o filme ilustram o assunto ou dão opinião sobre ele (2012, p. 205). Sendo assim, o melhor formato para o projeto Identidade sair da teoria e entrar em prática, foi um vídeo documentário. Ainda segundo ele “Para cada documentário, há pelo menos três histórias que se entrelaçam: a do cineasta, a do filme e a do público”. (NICHOLS, 2012, p. 93).

Não se pode afirmar que o que é registrado em um documentário é exatamente da forma como as pessoas vivem em seu cotidiano em tempo integral, pois assim como o cinema, que em grande parte é ficcional, só representa uma parcela da realidade. Logo, esse projeto jornalístico entra em ação, não triangulando fontes ou confrontando pontos de vista, mas dando espaço de fala a quem geralmente não é ouvido nas produções jornalísticas cotidianas.

3. REPRESENTATIVIDADE E OLHAR NOS INVISÍVEIS

O processo de execução do documentário foi simples. A partir da ideia do documentário Humans, do cineasta Yann Arthus-Bertrand, que durante três anos viajou o mundo buscando entender a essência humana, percorrendo 60 países diferentes, registrando depoimentos, emoções e histórias de vida, de 2 mil homens e mulheres, o documentário Identidade começou com a ideia de conhecer e entender o que as pessoas pensam sobre determinados assuntos e sobre si mesmas, mas numa localidade específica.

Em Entre-Ijuís, município de pouco mais de nove mil habitantes, onde o documentário foi realizado, existe pouquíssimo acesso à informação local e regional por parte dos veículos midiáticos da cidade. De fato, existe uma rádio comunitária,

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único meio de comunicação em massa, a qual não presta serviço comunitário adequado, conforme o que se espera de rádios comunitárias. De acordo o Ministério das Comunicações, a definição de rádio comunitária é a seguinte:

Rádio comunitária é um tipo especial de emissora de rádio FM (Frequência Modulada), de alcance limitado a, no máximo, 1 km a partir de sua antena transmissora, criada para proporcionar informação, cultura, entretenimento e lazer a pequenas comunidades. Trata-se de uma pequena estação de rádio, que dará condições à comunidade de ter um canal de comunicação inteiramente dedicado a ela, abrindo oportunidade para a divulgação de suas ideias, manifestações culturais, tradições e hábitos sociais. (BRASIL, Ministérios das Comunicações) (grifo nosso)

Sendo assim, quando me refiro à informação e prestação de serviços, a rádio local encontra-se negligente, pois limita-se à utilidade pública e a convites para festas e eventos. Além disso, é constituída de serviço voluntário, não possuindo nenhum profissional da área de comunicação para dar um aparato comunicacional à instituição, existindo assim, a necessidade de uma produção que retrate a realidade dos moradores.

Os meios de comunicação que circulam na cidade, são os jornais A Tribuna Regional e O Mensageiro, ambos de Santo Ângelo, assim como o Jornal Integração Regional, pertencente a cidade de Eugênio de Castro, que possui em suas edições uma coluna dedicada à cidade de Entre-Ijuís. Além destes, uma sucursal do Grupo RBS, a RBS TV Santa Rosa, disponível via sinal digital, que em tese, se pauta pelo interesse regional, mas só abre espaço para cidades pequenas, como Entre-Ijuís, em casos curiosos, como recordes em produção agrícola e eventuais feiras.

Neli Fabiane Mombelli e Cássio dos Santos Tomaim, no artigo Memória e identidade, reforçam a importância de se registrar os acontecimentos de uma cidade e região, mas não apenas os que interessam à elite:

Porque quando se fala em memória, principalmente voltada ao patrimônio cultural [...] na maioria das vezes, ela está subordinada a um discurso hegemônico, e ao falar nestes temas, precisamos pensar o quanto a memória e o patrimônio compreendem estruturas de poder e de ideologia. Na maioria das vezes, eles são registrados e trabalhados de forma hegemônica. A memória e o patrimônio salvaguardados são quase sempre os da elite. (MOMBELLI; TOMAIM, 2012, p. 58)

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Os autores também argumentam em defesa da memória local, que se não abordada, como acontece com relação ao sítio arqueológico de São João Batista, no caso de Entre-Ijuís, pode criar lacunas entre gerações:

A ameaça do esquecimento ronda as lembranças na contemporaneidade, levando à obsessão pelo registro de memórias, uma vez que a modernidade tem o anseio por uma identidade coletiva e vai buscar a sua construção em vestígios do passado. Pierre Nora (1993, p. 7) diz que “[...] fala-se tanto em memória porque ela não existe mais.”. O que resta são os “locais de memória porque não há mais meios de memória”. A memória precisa ser transformada em algo tangível, palpável, traduzida em uma materialidade capaz de se opor a sua essência dicotômica que transita entre a lembrança e o esquecimento. (MOMBELLI; TOMAIM, 2012, p. 48)

Ainda segundo Mombelli e Tomaim, os lugares de memória não são apenas físicos. Também são “lugares imateriais”, que construam o sentimento de pertencimento de uma comunidade:

Esses lugares podem ser materiais ou imateriais. São lugares carregados de uma vontade de memória, pois não é a memória em si, mas aquela apropriada, ressignificada, transformada em fonte para e pela história. Nestes lugares de memória, as pessoas se reconhecem, se identificam, criando um sentimento de pertença e de formação de identidade. Uma forma de sentir segurança em meio à volatilidade do mundo moderno e de garantir que a memória não se perca para sempre nas linhas do tempo passado. (MOMBELLI; TOMAIM 2012, p.49)

Foi com a intenção de suprir essa lacuna social, causada pela falta de produção de informações com cunho local, que o projeto Identidade foi formulado, com base em cinco questões, abrangendo temas como amor, política, sociedade, oportunidades e religião.

Boa parte dos entrevistados, sendo sete no total, são pessoas do interior, quase que exclusivamente agricultores e aposentados, população predominante na cidade. O que pode se perceber em grande parte das respostas, é de que a forma como as pessoas são criadas e informadas sobre cotidiano e vida em sociedade, interfere - e muito - na sua forma de pensar e agir.

Em parte, a resposta das mulheres foi quase que ensaiada quando a pergunta era “Quando criança, o que você queria ser quando crescesse? “ Pois a resposta se repetiu várias vezes. Todas responderam que queriam ser professoras, pois era a única profissão “permitida” a elas. Uma entrevistada indagou que na sua cidade natal, existe um banco, onde havia uma única bancária, e que ficou encantada ao ver uma mulher em uma posição predominantemente masculina, na época. Foi então que

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sentiu despertar dentro de si o desejo de “ser uma mulher poderosa”, o que não lhe ocorreu, pois, os próprios pais não viam com bons olhos “mulheres trabalhando em serviços destinados aos homens” e que teve uma educação para “cuidar da casa, dos filhos e do marido”.

Quando o assunto é religiosidade, a resposta é unânime, “Deus acima de tudo, sem ele não somos nada”. Por ser uma cidade pequena do interior, a religiosidade é muito forte, pois desde o tempo de colônia do município de Santo Ângelo, cidade vizinha, uma das primeiras construções na cidade foi a Capela de São João Batista, que costuma ficar lotada aos sábados à noite.

Sobre o amor, as respostas são vazias ou pouco elaboradas. Não que não haja amor, mas parece existir uma barreira, principalmente por parte dos homens, em falar de um assunto mais delicado. Para as mulheres, percebe-se timidez e um sorriso no canto da boca para tocar num assunto que para alguma delas é coisa de novela.

Quanto a sociedade e oportunidades, as respostas se cruzam com frequência. Para boa parte dos entrevistados, que vivem como pequenos agricultores, oportunidade é uma palavra com um peso enorme, de custo muito alto, o qual muitas vezes não podem pagar. Analfabetos, ou semianalfabetos, vivem do que plantam e criam. Na infância, não tiveram oportunidade de estudar, pois as escolas eram distantes e precisam ajudar os pais nos afazeres do campo. Agora que são adultos e quase aposentados, de uma vida sofrida e de muito trabalho, a famosa “oportunidade” de paz e tranquilidade lhes é tirada por políticas rígidas e pouco flexíveis sobre o uso da terra e manejo da criação.

Em resumo, todos concordaram que política é importante na vida das pessoas, mas não a atual. Eles não se sentem representados, de forma alguma, pela política brasileira e não veem um futuro promissor pela frente. Em sua maioria, reclamam da forma como o voto não tem importância, que os interesses defendidos pelos representantes do povo só agrada a quem lhes convém e não a todos, como deveria ser. De maneira geral, reclamam das políticas adotadas pelo estado com cortes em investimentos e na vida agrária, o que dificulta ainda mais o crédito por parte da população em gestores políticos, que defendem o interesse de banqueiros e não dos produtores.

Além das perguntas, também podemos registrar a felicidade e empolgação presente nas repostas e questionamentos sobre o documentário. “Vou aparecer na TV?”, “Ninguém nunca me entrevistou antes, tô importante agora (risos)”, foram

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algumas das frases que ouvimos durante as gravações. Com isso, percebo a real importância de um projeto que dê visibilidade e voz a quem vive à margem da sociedade e/ou se contrapõe aos modelos atuais de sociedade e política, sem ter oportunidade de expor a opinião sobre o assunto.

4. DOCUMENTÁRIO EM VIDEO: ENQUADRAMENTOS E IDENTIDADE

Para elaboração e desenvolvimento do código visual do documentário, optamos por planos americanos durante as entrevistas. Usando uma câmera Nikon D7000 e uma lente de 50mm 1.8, foi possível o registro de imagens nítidas e de um desfoque cinematográfico em algumas passagens. Além da câmera profissional, utilizamos um iPhone 6s na captação de imagens em lugares pequenos, quando, em função da ausência de espaço, era difícil o uso da lente de 50mm. O telefone também foi usado para filmagens macro.

Quando iniciamos as captações de imagens e gravações das entrevistas, percebemos que os entrevistados estavam sendo sinceros em falar de assuntos pessoais, muitas vezes emocionando-se ao responder às questões. Foi então que percebemos que o uso de um plano fechado traria um caráter dramático ao documentário. Não que o drama não seja uma boa temática, mas sentimos que não seria necessário que os entrevistados fossem colocados em papeis de vítimas da sociedade. Angulação e escolha de planos tem papel importante nesse sentido.

Exemplo disso, são cenas de novelas e videoclipes, onde há uma cena em que demanda muita expressão e emoção do ator, em que o plano fica fechado em seu rosto, prendendo a atenção do telespectador para a imagem na tela, fugindo um pouco do contexto total da cena.

No plano escolhido, um plano médio, americano, procuramos padronizar as entrevistas com todos sentados, usando como fundo suas casas e/ou ambiente familiar, o que aproxima e familiariza a situação do entrevistado com o telespectador, seguindo assim a ideia principal de representatividade. Também foi possível utilizar boa parte da ambientação sonora, como mugidos, latidos e ruídos produzidos pelos equipamentos agrícolas.

Entre-Ijuís é rico em belezas naturais. Possui um parque aquático, um sítio arqueológico, uma ponte de ferro sobre o rio Ijuizinho, uma vinícola e uma cascata, o

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que possibilitou a captação imagens urbanas e do interior do município, como montanhas, plantações de milho e canola.

Além das paisagens já citadas, usamos como imagens de apoio, momentos do cotidiano da comunidade, como uma senhora estendendo roupas no varal em frente à casa, um senhor servindo a cuia de chimarrão, entre outras, além de imagens de animais no pasto, carroças, estradas de chão. Foi possível o registro de alguns momentos de um desfile de 20 de setembro, quando integrantes da comunidade se reúnem e fazem uma cavalgada, usando trajes típicos gaúchos, como bota e bombacha.

Foi possível também, imagens aéreas da cidade, com a utilização de um drone, que sobrevoou a cidade a partir da Igreja São João Batista, no centro, um perímetro onde é possível observar a ponte sobre o Rio Ijuí, um pouco do comércio de Entre-Ijuís, praça, tráfego de veículos na Rua Integração, principal avenida da cidade, o que possibilita uma ambientação de onde o documentário foi realizado.

Todos as informações e que compõem a narrativa audiovisual disponíveis na produção do documentário, como informações sobre demografia, senso, produto interno bruto (PIB), informações turísticas e depoimentos, são para instigar o telespectador a ter mais interesse na cultura local e se identificar com o que é mostrado no vídeo.

5. USO DE CELULAR E EQUIPAMENTOS DE FILMAGENS

A escolha por equipamentos menores para a realização do documentário, parte da experiência de outras produções feitas em vídeo, com os equipamentos mais tradicionais. Lembro que nas primeiras disciplinas de vídeo cursadas na graduação em Jornalismo, quando saíamos as ruas para fazer entrevistas, com uma câmera enorme no ombro e um microfone na mão, muitas pessoas sequer esperavam por uma abordagem, fosse sobre qualquer assunto, e atravessavam a rua, receosas em ser entrevistadas. Logo, não tinham familiaridade com a câmera de vídeo, muito menos com o microfone de mão, e menos ainda com um repórter pronto para fazer inúmeras perguntas.

Foi pensando nisso que optamos por não utilizar esse equipamento clássico durante o documentário. Com o uso da câmera Nikon, de tamanho médio, que cabe

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dentro da mochila e de um celular que cabe no bolso, sentimos que aquela barreira que separava repórter e entrevistado, diminuiu significativamente.

Mesmo na abordagem, durante a entrevista, o entrevistado se sente mais relaxado e por vezes mais confiante. Sem luzes, ou qualquer aparato que o distraia ou cause algum tipo de constrangimento por estar em frente às câmeras. É mais simples usar um celular para gravar qualquer cena. A qualidade de imagem pode não ser a mesma obtida por uma câmera de vídeo profissional, com milhões de botões e conexões, mas simplicidade também é uma qualidade.

Essa proximidade com o celular, se dá pelo fato do fácil acesso a essa tecnologia nos dias atuais. É muito difícil encontrar alguém que não possua um celular com câmera, ou ainda uma câmera digital em casa, assim como webcam em computadores e videogames, o que ajudou e muito nessa melhora da relação entre câmera e pessoas.

Sebastião da Silva Vieira e Marcelo Sabbatini, em seu artigo O uso de tecnologias digitais nas produções de documentários de divulgação científica em tempos de redes sociais e cibercultura, reforçam a importância desses dispositivos, citando Sabbatini (2010).

Como lembra Sabbatini (2011), o uso de tablets, wifi, ebooks, gadgets, notes e nets, Facebook, blogs, tubes, wikis, tweets, como acesso imediato de interatividade e informação total, vem modificando culturalmente as relações, formas de trabalhos, socialização, comunicação e aprendizagem. (VIEIRA; SABBATINI 2013, p. 30)

Além do celular, durante as captações de imagens, foram utilizados um tripé e um microfone de lapela, durante os planos americanos. Em planos gerais apenas o celular, com captação do som ambiente. Também foi possível gravar imagens de bastidores e de making of para registro de material.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a captação do audiovisual para elaborar o projeto Identidade, foi possível aplicar as teorias aprendidas em sala de aula. Lógico que prática e teoria não são um reflexo fiel uma da outra, mas foi possível conhecer e aprender novas linguagens e informalidades dentro do jornalismo. O documentário Identidade, serve como incentivo para que outras produções do gênero possam ser realizadas no futuro.

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Ao dar espaço de fala para trabalhadores, aposentados, pessoas do campo e da cidade, foi possível ter uma percepção de quanto o jornalismo continua sendo um importante meio de auxilio na melhora de qualidade de vida e expectativas de uma comunidade.

Foi possível obter uma visão diferente da comum dada às pessoas da cidade e do campo. Dividem as mesmas opiniões e são afetadas da mesma forma pelas politicas e normas da sociedade.

Desde a dificuldade em frequentar a escola, saneamento, infraestrutura, até mesmo oportunidades de emprego, expectativa de vida, do básico ao exagero, a desigualdade social abrange a todos.

É preciso mais do que um vídeo documentário para ampliar a representação cultural, assim como a construção e resgate da memória na comunidade, assim como a possibilidade de ampliar o debate sobre determinado assunto, mas é um começo. Com representatividade e inclusão nos meios de comunicação, de pessoas comuns, registando seu cotidiano e hábitos de vida, é possível colocar-se em seu lugar, ver-se representado e, assim, viver em sociedade tendo mais empatia.

4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Ministério das Comunicações. Rádio Comunitária. Disponível em: http://www2.mcti.gov.br/index.php/radiodifusao-comunitaria. Acessado em: 16 de novembro de 2016.

MOMBELLI E TOMAIM, Neli Fabiane e Cássio dos Santos. Memória e identidade: um estudo preliminar sobre os usos e apropriações do passado nos documentários da TV OVO. In: Em Questão, Porto Alegre, v. 18, n. 1, p. 45 - 61, jan. /Jun. 2012. NICHOLS, Bill. Introdução ao vídeo documentário. Papirus Editora, 2005, 6ª Ed. 2016.

SABBATINI, M. Sob o signo da convergência: reflexões sobre o papel das mídias digitais interativas na educação. In: 34a reunião da ANPED – associação nacional de pesquisa e pós-graduação em educação, natal, rio grande do Norte, outubro de 2011.

VIEIRA, Sebastião da Silva. SABBATINI, Marcelo. O uso de tecnologias digitais nas produções de documentários de divulgação científica em tempos de redes sociais e cibercultura. In: Teccgos, n. 8, 166 p, jun. - dez. 2013. p. 22 - 36 Disponível em:

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ciais_cibercultura-sebastiao_silva_vieira-marcelo_sabbatini.pdf. Acessado em: 2 dez 2016.

ZANDONADE e FAGUNDES, Vanessa e Maria Cristina. O vídeo documentário

como instrumento de mobilização social. Monografia apresentada ao curso de

Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, do Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis/Fundação Educacional do Município de Assis, 2003.

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