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A contribuição dos movimentos sociais para a efetivação dos direitos fundamentais

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RODRIGO MARQUEZIN

A CONTRIBUIÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS PARA A EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Ijuí (RS) 2014

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RODRIGO MARQUEZIN

A CONTRIBUIÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS PARA A EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Curso - TC.

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS - Departamento de Ciências Jurídicas e sociais.

Orientador: MSc. Luiz Paulo Zeifert

Ijuí (RS) 2014

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Dedico este trabalho à minha família, pela ajuda e incentivo em mim depositados.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Luiz Paulo Zeifert que me orientou através do seu conhecimento, dedicação de seu tempo e disponibilidade.

À minha família que me incentivou em todos os momentos, garantindo a minha trajetória pelo conhecimento.

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“Sonha e serás livre de espírito… Luta e serás livre na vida.” Ernesto Rafael Guevara de la Serna.

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso faz uma exposição e análise dos principais movimentos sociais ocorridos no Brasil e no mundo, explicando como ocorreram no decorrer do tempo, pois cronologicamente se formam sofrendo transformações. Como conseqüências dos movimentos sociais, verificamos como eles levam a efetivação dos direitos fundamentais. Trazendo princípios e normas constitucionais e verificando sua real eficácia dentro do ordenamento.

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ABSTRACT

The present work is completion of course a display and analysis of the major social movements in Brazil and the world, explaining how they occurred over time, as chronologically suffering form transformations. As consequences of social movements looked like they lead to enforcement of fundamental rights. Bringing principles and constitutional rules and checking their actual efficiency within the system.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 08

1 MOVIMENTOS SOCIAIS ... 10

1.1 O que são os movimentos sociais ... 10

1.2 História dos movimentos brasileiros ... 13

2 DIREITOS FUNDAMENTAIS ... 20

2.1 O que são os direitos fundamentais ... 20

2.2 Os direitos fundamentais na Constituição de 1988 ... 25

3 A CONTRIBUIÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS PARA EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ... 29

3.1 A eficácia e a falta de efetivação dos direitos fundamentais ... 29

3.2 A Contribuição dos movimentos sociais para a efetivação dos direitos fundamentais: movimentos sociais contemporâneos ... 34

CONCLUSÃO ... 39

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INTRODUÇÃO

A Luta pelo Direito surge como objetivo diante de todo tipo de sociedade. Os acontecimentos históricos bem como a evolução do direito natural para o direito positivo fez com que o Estado sofra limitações, para que possam ser garantidos os direitos individuais da coletividade.

É sabido que vários direitos elencados como fundamentais, oriundos de um processo histórico de lutas, atualmente elencados no Art. 5° da Constituição Federal de 1988, não têm eficácia plena. Diante disso, a pesquisa busca verificar como os movimentos sociais podem contribuir para a efetivação desses direitos, tomando como campo de observação os movimentos sociais ocorridos no Brasil no seu processo histórico-evolutivo, a sua criação a partir de idéias do direito natural frente necessidade de controle no abuso de poder do estado e frente às necessidades da sociedade e seus interesses.

O surgimento da Constituição Federal fez com que os direitos fundamentais surjam sendo garantida a efetividade desses direitos. Assim os direitos fundamentais são direitos de liberdade que geralmente surgem através de mobilizações e lutas, surgiu então o Estado de Direito, em que as leis impõem limitações perante o próprio Estado.

Os direitos fundamentais são divididos em gerações de acordo com a época e contexto social, essas gerações dos direitos fundamentais serão explicadas uma a uma, pois é objeto de estudo do segundo capítulo.

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Também serão analisados os principais movimentos sociais no Brasil de acordo com os períodos históricos no primeiro capítulo, assim podemos compreender como esses movimentos contribuíram a efetivação dos direitos Fundamentais no terceiro capítulo.

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1 MOVIMENTOS SOCIAIS

A sociedade necessita desde os primórdios de movimentos, lutas, que ajudem a atingir objetivos específicos. Dentre elas, lutas pelas culturas em oposição à globalização, a favor da ética na política, saúde, moradia, educação, direito de acesso à justiça e demais direitos fundamentais. Dentro disso, devemos nos situar e entender o que são os movimentos sociais e como se desenvolvem.

Os movimentos sociais ocorrem no Brasil desde a época do seu descobrimento, onde os índios já lutavam para manter seu modo de vida e evitar a escravidão. Na verdade, os movimentos sociais existirão para sempre, pois representam forças sociais coletivas de resistência.

Diante dessa necessidade dos movimentos sociais, frente a uma sociedade capitalista, com imprescindibilidade de controle no abuso de poder do Estado e frente às necessidades da sociedade e seus interesses.

No presente capítulo, busca-se primeiramente defini-los bem como fazer uma reflexão sobre sua evolução na historia do Brasil. E a partir daí verifica-se de que forma esses movimentos contribuem para a efetivação dos direitos fundamentais elencados no art. 5° da Constituição Federal de 1988.

1.1 O que são os movimentos sociais

No cenário dos movimentos sociais, podemos defini-los de várias formas. Na visão de Maria da Glória Gohn (2003 p. 13) tem-se:

Nós os vemos como ações sociais coletivas de caráter sociopolítico e cultural que viabilizam distintas formas da população se organizar e expressar suas demandas. Na ação concreta, essas formas adotam diferentes estratégias que variam da simples denúncia, passando pela pressão direta [mobilizações, marchas, concentrações, passeatas, distúrbios à ordem constituída, atos de desobediência civil, negociações etc.] até as pressões indiretas. Na atualidade, os principais movimentos sociais atuam por meio de redes sociais,

locais, regionais, nacionais e internacionais ou transnacionais, e se

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a internet. Por isso, exercitam o que Habermas denominou de o agir comunicativo.

Os movimentos sociais geralmente estão ligados ao problema do capitalismo que atinge a sociedade. Nesse contesto, a população, buscando por garantias mínimas, direitos fundamentais, sai às ruas em reivindicações exigindo melhoria nas condições de vida, uma transformação social, onde a participação popular é uma das principais responsáveis.

Nas mudanças do feudalismo para o capitalismo, a partir das mudanças nas relações sociais, o trabalhador fica alienado não percebendo que já é vítima do sistema capitalista. Começa uma relação conflituosa quando a sociedade percebe essa situação de dominação e então começa a formação de sindicatos e movimentos sociais de independência.

Na visão de Gohn (2003, p. 14),

A experiência que não advém de forças congeladas do passado – embora este tenha importância crucial ao criar uma memória que, quando resgatada, dá sentido às lutas do presente. A experiência se recria cotidianamente, na adversidade de situações que a enfrentam. Concordamos com antigas análises de Touraine quando afirmou que os movimentos sociais são o pulsar da sociedade. Eles expressam energias de resistência ao velho que os oprime, e fontes revitalizadas para a criação do novo. Energias sociais antes dispersas são canalizadas e potencializadas por meio de suas praticas e “fazeres propositivos”. Porém, não podemos ignorar que existem tipos de movimentos sociais conservadores, muitos deles são fundados em xenofobias nacionalistas, religiosas, radicais etc. Estes tipos não querem as mudanças sociais emancipatórias, mas impor as mudanças segundo seus interesses particularistas, pela força utilizando a violência como estratégia principal em suas ações. Muitos desses movimentos utilizam desse tipo de estratégia através da intimidação, porém é nítido que é efetivo o movimento sem depredação do patrimônio particular, utilizando-se de manifestações pacíficas, mas em prol de garantias sociais e coletivas.

Existem também os movimentos sociais progressistas, esses são explicados por Gohn (2003 p. 15):

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Os movimentos sociais progressistas atuam segundo uma agenda emancipatória, realizam diagnósticos sobre a realidade social e constroem propostas. Atuando em redes, articulam ações coletivas que agem como resistência à exclusão e lutam pela inclusão social. Eles constituem o chamado empowermet de atores da sociedade civil organizada à medida que criam sujeitos sociais para essa atuação em rede. As redes são estruturas da sociedade contemporânea globalizada e informatizada. Elas se referem a um tipo de relação social, atuam segundo objetivos estratégicos e produzem articulações com resultados relevantes para os movimentos sociais e para a sociedade civil em geral.

Dessa forma, essas redes fazem com que a sociedade tenha o poder na participação democrática de todos nessas articulações das ações coletivas.

Através das ONGs, a população pode se utilizar de mecanismos para a comunicação com os agentes públicos, podendo comunicar as idéias sociais. Sendo assim geram formas para a gestão do dinheiro público, tendo essa comunicação entre a sociedade e o ente público.

Mas podemos perguntar-nos sobre a diferenciação do movimento social e organização não governamental? Os movimentos sociais se formam com projeto do futuro da sociedade e eles sempre têm um oponente. (Gohn, 2003).

A partir de uma sociedade democrática gerida pela liberdade pode-se chegar ao cidadão com poder de inclusão social, com isso os movimentos sociais reorganizam o ente público. Assim se torna importante a participação cidadã.

Para Gohn (2003, p. 18), a participação cidadã não se restringe apenas a democracia:

A participação Cidadã é lastreada num conceito amplo de cidadania, que não se restringe ao direito ao voto, mas constrói o direito à vida do ser humano como um todo. Por detrás dele há outro conceito, de cultura cidadã, fundado em valores éticos universais, impessoais. A participação cidadã funda-se também numa concepção democrática radical que objetiva fortalecer a sociedade civil no sentido de construir ou apontar caminhos para uma nova realidade social – sem desigualdades, exclusões de qualquer natureza. Busca-se a igualdade, mas reconhece-se a diversidade cultural. Há um novo projeto emancipatório e civilizatório por detrás dessa concepção que

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tem como horizonte a construção de uma sociedade democrática e sem injustiças sociais.

Para melhor entendimento da problemática é necessário também a uma breve compreensão sobre cidadania. Na Grécia antiga, quem tinha a cidadania tinha grande poder perante a sociedade no sentido grande equipe dirigente da sociedade. Como também em Roma a cidadania indicava a situação política e os direitos que a pessoa poderia ou deveria exercer.

Na visão de Gorezeski (2005, p. 24-25),

Os teóricos liberais, seguidores principalmente de Locke, Hobbes, Montesquieu, Rousseau e Kant, fundamentam seu pensamento sobre a cidadania nos direitos de primeira geração, sendo que o elemento principal em toda a questão é a liberdade.

Baseiam-se na primazia dos direitos individuais para dar legitimidade a ordem pública e para desenvolver políticas públicas destinadas a combater as desigualdades e injustiças sociais. Influenciados principalmente pela teoria marxista, os teóricos socialistas priorizam os direitos da segunda geração. Para Marx os direitos do homem não eram universais, eram direitos históricos da classe burguesa ascendente em sua luta contra a aristocracia.

De uma forma geral, a cidadania pode ser definida como qualidade ou direito do cidadão, e cidadão aquele com gozo de direitos civis e políticos. Existe também a concepção republicana de cidadania que é quando o indivíduo vai tomar uma decisão política influenciando um fato futuro. Assim, a cidadania assume historicamente muitas formas devido à diferente contexto cultural dos povos.

1.2 História dos movimentos brasileiros

Historicamente falando, o Brasil foi o palco de batalhas com o marco de lutas sociais. Sendo assim, serão feitos comentários dos principais movimentos sociais brasileiros.

Em 1822 ocorreu um marco na independência do Brasil, no sentido de sua separação, pois nosso país era colônia de Portugal.

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Os movimentos sociais brasileiros já atuavam com força no século XIX. Para Gohn as principais lutas do século foram em torno da escravidão, cobranças do fisco, lutas entre categorias socioeconômicas, lutas de pequenos camponeses, lutas contra legislações favorecendo uma determinada classe e as lutas por mudanças de regimes políticos.

Na primeira metade do século XIX, Gohn (2001, p. 22-23) faz uma revisão dos principais movimentos sociais do radicalismo democrático e popular:

Se considerarmos as condições de desenvolvimento econômico do Brasil na época, e as dificuldades de comunicação em todas as áreas e setores, observaremos que aquelas lutas se constituíam em atos revolucionários. Ainda que condicionados e moldados por ideologias liberais, os “revolucionários” da época foram pessoas que conseguiram romper o provincialismo que suas condições concretas de existência geravam. As principais características das lutas e movimentos sociais do período são: eram motins caóticos; faltavam-lhes projetos bem delineados ou estavam fora do lugar, importados de outros países; as reivindicações básicas giravam em torno da construção de espaços nacionais, no mercado de trabalho, nas legislações, no poder político etc. A escravidão não era uma questão a ser tratada ou eliminada em grande parte dos movimentos, isto porque não se questionava a estrutura de produção existente, mas o modo como ela estava organizada, privilegiando apenas as elites ligadas aos interesses da Coroa.

A maioria dos movimentos sociais não conseguia manter o poder, pois era apenas pequenos comerciantes, sendo assim queriam apenas as reduções das altas taxas de impostos da época, os índios queriam a liberdade cultural, e para se manterem seria necessário um projeto para depois sua execução.

Mas podemos citar muitos outros movimentos importantes na época na visão de Gohn (2001, p. 26-28):

1801-Luta Sete Povos das Missões. Conquistada pelos luso-brasileiros do território das missões, então em poder dos castelhanos.

1817-Revolução Pernambucana. Buscou a instauração de um governo republicano no Brasil. De inspiração liberal sofreu influencia de filósofos e das revoluções Francesa e Americana.

1822-Proclamação da independência do Brasil. O príncipe D. Pedro I chefia um processo político do qual era um figurante, aliás, um figurante de oposição.

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1824- Constituição de 1824. Foi a primeira Constituição Brasileira. Consignava aos parlamentares altos poderes e ao imperador poder Absoluto.

1825-28- Guerra Cisplatina. Conflito bélico envolvendo Brasil e Argentina, na região do Rio da Prata, de conseqüências desastrosas para as duas nações pela perda tanto de vidas humana quanto material. Culminou com a perda da região Cisplatina pelo Brasil, dando origem a república do Uruguai.

1835- Guerra dos Farrapos. Rio Grande do Sul. Um exército de 5.000 homens derrubou o governo da então província do Sul e instaurou um governo com apoio de caudilhos, o qual distribuía armas, cavalos, roupas, erva-mate, rum e salários a seus adeptos. 1880-89- Movimento republicano. A luta pela derrubada da Monarquia e pela implantação da república, na década de 80, foi um fato político intimamente associado à luta abolicionista e à questão militar.

Contudo, o século seguinte foi maior a concentração de tais movimentos sendo praticamente impossível lembrarmo-nos de todos, mas poderemos descrever os principais. Em volta de 1964 começa a faze imposta pelo governo militar. Na visão de Gohn (2001, p. 103-114):

Corresponde à fase de grande repressão na sociedade brasileira imposta pelo regime militar. Mas, a despeito do grande controle social e político, das prisões das torturas e perseguições, ocorreram várias lutas de resistência e movimentos de protesto no país. Este período também foi de grande efervescência do movimento da esquerda no país. Motivadas para resistir ao avanço das forças capitalistas ao país, dado pela aliança dos militares, o capital estrangeiro, o empresariado nacional urbano e a nova tecnocracia que começava a se formar no país, oriunda do acesso das camadas médias ao ensino universitário.

A união das forças de oposição possibilitou a construção de propostas e frentes de lutas. Havia um clima de esperança, de crença na necessidade da retomada da democracia, da necessidade da participação dos indivíduos na sociedade e na política.

Os anos 80 foram de grande importância política social e cultural no país. A constituição federal de 1988 influenciou de forma que reflete aos direitos e garantias fundamentais e se direciona ao princípio da dignidade da pessoa humana. Em uma sociedade democrática é necessário homens com educação, e não na ignorância política e formal.

A partir desse novo Estado Moderno constitucional surgiram muitos outros movimentos sociais no Brasil, entre eles o movimento dos caras pintadas, onde

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depois de vários anos de ditadura militar e eleições indiretas, a população saiu para a rua na campanha “fora Collor” que gerou o impeachment do presidente em 1992. O presidente chegou a renunciar, porém mesmo assim foi caçado e impedido de concorrer em eleições devido aos esquemas fraudulentos e corrupção.

Em 1984, a emenda constitucional de eleição direta entrou em votação, porém não foi aprovada, contudo as eleições diretas para presidente só aconteceram em 1989, depois da constituição federal de 1988. Mas para isso, os movimentos das diretas já trouxeram para o país importante feito, na medida em que foi lenta a transição dos militares, que perdiam poder diante de inflação alta, desemprego e dívida externa.

Para Gohn (2001, p. 133):

Talvez no futuro a história venha a registrar este movimento como o maior movimento ocorrido no Brasil no século XX, ou até mesmo da historia do país. Milhares de pessoas se mobilizaram e compareceram às passeatas e aos comícios organizados por comissões suprapartidárias, objetivando restabelecer a democracia no país por meio de eleições diretas para presidente de república. O movimento começou tímido em São Paulo, mas rapidamente alcançou dimensões monstruosas – levando-se em conta o número de pessoas que compareciam às manifestações...

Havia entre todos os participantes a firme convicção de que a mudança política do regime brasileiro era condição sine qua non para a solução dos problemas. Havia uma esperança, uma utopia, um projeto difuso, um caminho, uma meta. Ninguém se sentia manipulado por tendências político partidárias, ainda que houvesse um grande jogo entre as lideranças políticas para “faturar” prestígios e simpatias. Mas a derrota da emenda “Dante de Oliveira” nas casas parlamentares de Brasília levou a decepção, ao início do desencantamento com a política. Os acontecimentos que se seguiram em torno da nova República, a morte do presidente Tancredo Neves antes mesmo de sua posse e as negociações em torno da duração do mandado do presidente Sarney [ex-vice de Tancredo],

Nestas ultimas manifestações, os brasileiros foram às ruas de forma pacífica questionando novamente direitos fundamentais, questionando como o país gasta tanto com uma copa do mundo e não tem boa educação, não tem uma boa saúde à medida que o sistema único de saúde vem em crescente decadência. Também foram alvo as passagens de ônibus e freqüente aumento do transporte público.

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A partir da década de noventa, surgiram outras formas de organização popular, dentre elas a construção de fóruns de luta pela reforma urbana, pela moradia entre outros. Esses fóruns em seus encontros acabam por gerar grandes diagnósticos dos problemas sociais. Foi também em 1990 a criação de uma central dos movimentos populares que estruturou vários dos movimentos citados acima. Dentre eles os movimentos populares, na luta pela moradia, gerando vitórias importantes como o Estatuto da Cidade.

Uma parte do grupo dos movimentos populares pela moradia realizou ocupações, em prédios públicos e privados que estivessem abandonados não mais no campo, mas em grandes centros urbanos. Ocorreram movimentos por parte dessa população no sentido de regularização dessas propriedades.

Entretanto, os movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra tiveram maior impacto social e político, objetivando mudanças no sentido de uma sociedade sem exploradores e sem explorados a iniciar-se da superação da propriedade privada dos meios de produção. O sentimento que motiva cada integrante do MST a reforma agrária e por transformações sociais é o sentido que o homem constrói quando motiva sua própria existência fazendo projetos futuros em sua terra.

Na visão de Gohn (2003, p. 110-121):

Vários registros históricos assinalam o evento de 1979 Santa Catarina como o início do movimento dos Sem–Terra no Brasil. Ao longo dos anos 80 o movimento se propagou, transformando-se na principal frente de luta pela terra no campo, nos anos 90. Esse movimento contou com o apoio de pastorais da Igreja Católica e nos anos 80, progressivamente, foi sendo “tomado” pelas orientações da CUT. De peculiar destacamos nos acampamentos dos Sem-Terra, as escolas para os filhos ocupantes, onde se procura fazer uma releitura dos ensinamentos prescritos pelos órgãos educacionais brasileiros, segundo a óptica de interesses dos Sem-Terra.

Outro movimento importante foi o da Ação da Cidadania Contra a Fome e Pela Vida, do qual descreve Gohn (2001, p. 148-149):

1993-95 Movimento criado a partir do movimento ética na política... a ação da Cidadania ou a “campanha contra a Fome” como é

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conhecida, em dois anos de atuação, teve 3.000 comitês organizados, sendo grande parte deles criados por meio de empresas públicas como o Banco do Brasil. Estruturou inicialmente seus objetivos em duas etapas: a distribuição de alimentos e a geração de empregos. Em 1995 elegeu o problema da terra como prioridade para uma nova fase de atuação.

Toda essa força dos movimentos sociais tem grande efetividade no que tange aos direitos fundamentais e sua evolução ao longo do tempo, desde o surgimento do Estado Moderno Constitucional, cujo conteúdo é o reconhecimento à liberdade, à dignidade da pessoa humana e todos os outros direitos fundamentais.

Para Guilherme Pena de Moraes (2000, p. 30),

O Estado contemporâneo é caracterizado pela adoção do modelo instrumental de organização política, de sorte que o Estado torna-se instrumento a ser conduzido e controlado pela sociedade, no sentido de reequilibrar a relação entre Estado e sociedade.

Por um lado, sob o ângulo estatal, é manifesta a “reengenharia do Estado”, por via da qual se dá a redução do tamanho do Estado a dimensões que lhe comete a sociedade. É dizer: a reengenharia do estado importa no redimensionamento dos objetivos e o tamanho da estrutura do Estado, à luz do qual devem ser repensadas todas as suas ações e respectivos órgãos de implementação.

Por outro lado, sob o ângulo social, é notória a participação da sociedade na direção do estado, distinguindo-se, contudo, a participação política da representação política. Vale dizer: a participação da sociedade na direção do Estado é tema colocado como superação do mecanismo próprio da representação. Através da técnica da representação o povo escolheria seus dirigentes. Todavia, aí se esgotaria a relevância da manifestação de sua vontade. Na participação teríamos outro quando. A sociedade participaria da direção do estado se interviesse no processo decisório ou se na execução de atividades estatais fosse ouvida.

O princípio da dignidade da pessoa humana determina o limite positivo ou negativo da atuação do estado e dos particulares, pois é uma norma matriz do constitucionalismo contemporâneo.

Sobre dignidade da pessoa humana, Jaqueline Hamester Dick (2005, p. 219) diz:

Na dignidade está contida a prerrogativa de todo ser humano ser respeitado como pessoa, de não ser prejudicado em sua existência e de fruir de um âmbito existencial próprio. Vislumbra-se no respeito à

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dignidade da pessoa humana quatro importantes conseqüências: a) a igualdade de direitos entre todos os homens; b) garantia da independência e autonomia do ser humano, de forma a obstar toda coação externa ao desenvolvimento de sua personalidade, bem como toda atuação que implique na sua degradação; c)observância e proteção dos direitos inalienáveis do homem; d)não admissibilidade da negativa dos meios fundamentais para o desenvolvimento de alguém como pessoa ou a imposição de condições sub-humanas de vida.

O texto constitucional fala que a dignidade da pessoa humana é fundamental a república, desta forma o Estado existe em função das pessoas e não as pessoas em função do Estado.

Dentre muitos outros está o direito fundamental de acesso a justiça, nesse contexto o Estado está obrigado a prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem hipossuficiência, segundo o art. 5 º da própria constituição federal de 1988.

Contudo os direitos fundamentais em seus art. 5º a 17° da constituição são os que garantem ao cidadão os direitos individuais, civis, políticos, sociais, econômicos, culturais, difusos e coletivos.

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2 DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os direitos fundamentais têm sua história estritamente ligada à ordem filosófica religiosa, sendo que o cristianismo, que foi o principal responsável pela criação e evolução dos direitos fundamentais, afirmava que todos os homens são filhos do mesmo Deus, sendo assim acabava por gerar essa noção de igualdade que é antiga.

Os direitos fundamentais são especificados de acordo com o momento da história que ocorreram. Nesse sentido existem os direitos de primeira geração, segunda geração e terceira geração de acordo com o período de tempo que ocorreram. Devido a este período histórico evolutivo dos direitos fundamentais nas gerações.

2.1 O que são os direitos fundamentais

Pode-se iniciar a temática fazendo referência aos direitos fundamentais de primeira geração que foram influenciados pela Revolução Francesa juntamente com o qual criado a partir da liberdade individual e a não intervenção do Estado, referido a características básicas como liberdade, igualdade e fraternidade. Pode-se citar um exemplo: a inviolabilidade de domicilio, que é um direito fundamental de primeira geração, ou o Estado não pode desrespeitar o direito a religião. Esses direitos são oponíveis ao Estado, exigem uma prestação negativa do mesmo. Eles existiram até o início do século XX, até o surgimento de novos direitos fundamentais.

Já os direitos fundamentais de segunda geração colocam o Estado na obrigação da realização da justiça social, cultural e econômica, sendo assim muitos desses direitos não são cumpridos, devido à inércia do Estado. Porém, não são só esses os direitos fundamentais de segunda geração, também são de liberdades sociais, como por exemplo o direito a greve, direito ao salário mínimo, entre outros. Eles impõem ao Estado a obrigação de fazer, de prestar direitos, a segurança pública e a saúde. Tentando de certa forma manter uma relação social em igualdade. Assim, reduzindo a desigualdade dando ao cidadão condições mínimas de saúde e educação. Com os direitos fundamentais de segunda geração que estão

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elencados no art. 6º refere-se direito a saúde um direito social, exigindo do Estado prestação positiva para garantir a efetividade constitucional.

Os direitos fundamentais de terceira geração são os de toda a coletividade dos grupos sociais, ou seja, não apenas o homem isoladamente. Decorre dos direitos fundamentais de terceira geração o princípio da solidariedade. Que mantém o princípio da dignidade da pessoa humana, e é também o princípio da solidariedade o responsável pelo interesse da coletividade ser imposta em relação ao individual. Com a revolução dos meios de comunicação e de transporte tornaram a sociedade conectada a valores compartilhados. Desta forma, a sociedade passa a verificar que tem vários direitos que são de grupos sociais. Alguns doutrinadores descrevem os direitos fundamentais de terceira geração como os da solidariedade, e da fraternidade. Outros referem como fundamentais ao desenvolvimento, à propriedade como patrimônio comum da humanidade, surgem também direitos à liberdade e à igualdade. Após o período pós-guerra surgem grandes avanços em tecnologia de comunicação desenhando desta forma os direitos fundamentais de terceira geração, direitos coletivos, direitos de fraternidade e solidariedade.

Muitos doutrinadores defendem também os direitos fundamentais de quarta geração. Eles referem-se a direitos muito importantes, como o direito à democracia, o direito à informação, surge esses direitos devido ao impacto norte americano que impõe desta forma aos países de terceiro mundo, refletindo impacto para subdesenvolvidos. A globalização política torna-se de suma importância na medida em que os direitos de quarta geração atinjam objetivos. O direito à democracia nos garante direito ao voto e de certa forma de o cidadão ter a possibilidade de atingir seus objetivos.

Porém, os direitos fundamentais são formados de princípios, e o princípio norteador dos direitos fundamentais é o princípio da dignidade da pessoa humana. A esse respeito descreve Ingo Wolfgang Sarlet (2012, p. 91-92) comentários de Jorge Miranda:

Representando expressiva parcela da doutrina constitucional contemporânea, a, a Constituição, a despeito de seu caráter

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compromissário, confere uma unidade de sentido, de valor de concordância prática ao sistema de direitos fundamentais, que, por sua vez, repousa na dignidade da pessoa humana, isto é, na concepção que faz da pessoa fundamento e fim da sociedade e do estado, razão pela qual se chegou a afirmar que o princípio da dignidade da pessoa humana atua como “alfa e ômega” do sistema das liberdades constitucionais e, portanto, dos direitos fundamentais. Tal concepção, à evidencia, aplica-se também ao nosso constitucionalismo, igualmente caracterizado por uma constituição de cunho marcadamente compromissário, mas que – como já frisado – erigiu a dignidade da pessoa humana à condição de fundamento de nosso estado democrático de direito, como, de resto, já tem sido amplamente sustentado também na doutrina pátria.

Muitos defendem duas teorias sobre o direito fundamental, dizendo que o direito constitucional não é o único que possui normas fundamentais, que existem outras normas fora da constituição que também são fundamentais, as quais chamam de normas de direito fundamental atribuídas.

Se referirmos os direitos fundamentais, podemos perceber que conforme no capítulo anterior já nos esclarece, ele é uma construção histórica, que se alterna conforme época e lugar.

O princípio da dignidade da pessoa humana vem de forma a assumir não só como princípio, mas como norma, a esse respeito descreve Sarlet (2012, p. 122):

O princípio da dignidade da pessoa humana assume posição de destaque, servindo como diretriz material para a identificação de direitos implícitos (tanto de cunho defensivo como prestacional) e, de modo especial, sediados em outras partes da Constituição. Cuida-se, em verdade, de critério basilar, mas não exclusivo, já que em diversos casos outros referenciais podem ser utilizados (como, por exemplo, o direito à vida e à saúde na hipótese do meio ambiente, ou mesmo a ampla defesa e os recursos a ela inerentes, no caso da fundamentação das decisões judiciais e administrativas). Assim, o fato é que – e isto temos por certo – sempre que se puder detectar, mesmo para além de outros critérios que possam incidir na espécie, estamos diante de uma posição jurídica diretamente embasada e relacionada ( no sentido de essencial à sua proteção) à dignidade da pessoa, inequivocamente estaremos diante de uma norma de direito fundamental.

A partir do Estado de Direito o Estado passa a ser visto como Estado de poderes limitados em contrário ao Estado Absoluto, onde não havia limitação do poder do estado. Neste contesto de evolução do estado, os direitos fundamentais

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também evoluíram de uma concepção clássica, onde somente era exigida a omissão do estado, para a concepção dos direitos fundamentais de liberdade, onde é exigida que o estado tome atitudes positivas. Assim ocorre essa evolução do naturalismo para o positivismo até o pós-positivismo ou constitucionalismo, a esse respeito descreve Sarlet (2012, p. 122):

Muito embora não se possa falar de um limite previamente definido no que diz com a identificação dos direitos fundamentais implícitos ou positivados em outras partes da Constituição, também é correto afirmar que tal atividade reclama a devida cautela por parte do intérprete [já que de atividade hermenêutica se cuida], notadamente pelo fato de estar-se ampliando o elenco de direitos fundamentais da Constituição, com as conseqüências práticas a serem extraídas, não se devendo ademais, desconsiderar o risco a exemplo do que já foi referido com relação à própria dignidade- de uma eventual desvalorização dos direitos fundamentais, já apontada por parte da doutrina.

As vezes, a própria dignidade da pessoa humana pode entrar em conflito com a própria dignidade da pessoa humana, quando a duplicidade da dignidade para elemento de proteção dos direitos fundamentais. Isto ocorre quando o cidadão para assegurar-se da dignidade e direitos fundamentais de um grupo de pessoas vai resultar em atrapalhar a dignidade de outro grupo de pessoas. Por isso devemos cuidar e verificar até quando a dignidade como princípio de direito fundamental pode ser absoluta (SARLET, 2012).

No sentido da norma ser conflituosa, ela deve seguir como compatibilizando o respeito mútuo, assim torna-se necessária uma harmonização, porém devemos então impor-nos de acordo com qual a norma poderia ceder em questão do valor social mais importante.

Segundo descreve Sarlet (2012, p. 150-151):

Se partirmos da premissa de que a dignidade, sendo qualidade inerente à essência do ser humano, se constitui em bem Jurídico Absoluto, e, portanto inalienável e intangível, como parece sugerir a expressiva maioria da doutrina e da jurisprudência, certamente acabaremos por ter dificuldades ao nos confrontarmos com o problema referido. Por outro lado, parece-nos irrefutável, que na esfera das relações sociais, nos encontrarmos diuturnamente diante de situações nas quais a dignidade de uma determinada pessoa (e

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até mesmo de grupos de indivíduos) esteja sendo objeto de violação por parte de terceiros, de tal sorte que sempre se põe o problema – teórico e prático – de saber se é possível, com o escopo de proteger a dignidade de alguém, afetar a dignidade do ofensor, que, pela sua condição humana, é igualmente digno, mas que, ao menos naquela circunstancia age de modo indigno e viola a dignidade dos seus semelhantes, ainda que tal comportamento não resulte – como já anunciado alhures – na perda da dignidade.

Com relação ao crime de tortura, que é vedada na norma de direito fundamental, menciona Sarlet que para se obter a confissão de acusado pela pratica de homicídio qualificado, mesmo que não tivesse qualquer outro meio de prova, e que se tivesse certeza do fato ocorrido. Que a tortura degrada a pessoa referido-a em objeto, contudo incabível a dignidade da pessoa humana.

Vivemos em constante globalização com facilidade dos meios de comunicação e tráfego de informações através da internet, e também do grande consumo global. Necessitamos da mesma correspondência para os direitos fundamentais, e na mesma correspondência a globalização da dignidade.

Contudo, o que realmente importa é a capacidade e referencial normativo jurídico, político e moral da dignidade da pessoa humana por parte do estado e do cidadão nos moldes do que deve ser nossa constituição. Sendo que um dos problemas dos direitos fundamentais é justamente a procura de um sentido absoluto a respeitá-los, para garantir seus efeitos coagindo a verificação na sua vigência de maneira global.

Os direitos fundamentais pertencem ao Estado de Direito, e estão vinculados à Constituição Federal de 1988, estando ali normatizados sob os direitos Básicos a vida, a saúde, a liberdade, a fraternidade sempre se firmando no conceito e princípio da Dignidade Humana. Os direitos fundamentais e o Estado de Direito se inter-relacionam, pois o Estado de Direito necessita dos Direitos Fundamentais para efetivar o Estado de Direito, e os Direitos Fundamentais necessitam da positivação e garantias por parte do Estado de direito. Assim ocorre essa relação de mútua dependência.

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Os direitos fundamentais se fundem a definição da forma de Estado da organização do poder, do governo, tornando-se essência e núcleo de nossa Constituição.

Os direitos fundamentais estão classificados em seu art. 5º da Constituição Federal de 1988, Dos Direitos e Garantias Fundamentais, e tem exatamente setenta e oito incisos, e mais trinta e quatro artigos dos direitos sociais do trabalhador elencados no art. 7°, também da Constituição federal de 1988.

2.2 Os direitos fundamentais na Constituição de 1988

Só com o surgimento das constituições é que apareceram as dimensões dos direitos fundamentais, como já explicamos anteriormente, estando vinculadas as transformações e devido às prioridades básicas, também na transformação do estado liberal para o estado democrático de direito, também devido ao desenvolvimento científico, e ao desenvolvimento tecnológico. Tudo isso gerou a concepção de direitos fundamentais hoje elencados na constituição Federal de 1988.

A esse respeito descreve Sarlet: (2009, p. 63):

No que concerne ao processo de elaboração da Constituição de 1988, há que se fazer referencia, por sua umbilical vinculação com a formatação do catálogo dos direitos fundamentais na nova ordem constitucional, à circunstância de que esta foi resultado de um amplo processo de discussão oportunizado com a redemocratização do país após mais de vinte anos de ditadura militar. Em que pesem todos os argumentos esgrimidos impugnando a legitimidade de processo Constituinte deflagrado no governo José Sarney, não restam dúvidas que as eleições livres que resultaram na instalação da Assembléia Nacional Constituinte, em 1 de fevereiro de 1987, propiciaram um debate sem precedentes na história nacional sobre o que viria a ser conteúdo da Constituição vigente, na redação final que lhe deu o Constituinte. Embora não haja condições de reproduzir com minúcias o desenvolvimento dos trabalhos da Assembléia presidida pelo Deputado Ulysses Guimarães, importa registrar aqui a dimensão gigantesca deste processo.

Assim, historicamente os Direitos Fundamentais assumem importante papel no que tange a nossa lei fundamental a constituição. Como vimos anteriormente os

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direitos fundamentais são concretizados através do princípio da dignidade da pessoa humana. Nossa doutrina, porém tem se referido aos Direitos Fundamentais, mais de uma forma hermenêutica e também sua forma implícita, pois ela contém regras que às vezes podem não ser descritas na constituição, mas podem ser deduzidas implicitamente.

Sobre a Jurisprudência, descreve Sarlet (2009, p. 79-80):

Na Jurisprudência, todavia, há que se registrar algum avanço. Aqui, apenas a titulo ilustrativo, cumpre referir a mais ou menos recente decisão do Supremo Tribunal Federal, proferida na Ação direta de Inconstitucionalidade nº 939-7, publicada no Diário de justiça da União em 18 de março de 1994 e relatada pelo eminente Ministro Sydney Sanches, na qual se discutiu a constitucionalidade da emenda Constitucional nº3-93 e da lei complementar 77-93, no que diz com a criação do IPMF (imposto provisório sobre movimentação financeira). Nesta demanda, além de outros relevantes aspectos, reconheceu-se expressamente que o princípio da anterioridade, consagrado no art. 150, inc.III alínea b, da CF constitui, por força do art. 5º, §2º, da lei Maior, autentico direito e garantia fundamental do cidadão-contribuinte, consagrando assim, o princípio da abertura material do catálogo dos direitos fundamentais da nossa Constituição.

Fazem parte do catálogo de direitos fundamentais os chamados Direitos Sociais, elencados nos art. 6º da CF, também da mesma forma fazem parte os chamados direitos dos trabalhadores elencados no art. 7º da CF.

A Constituição Federal de 1988 foi marco inicial dos direitos fundamentais, isto por apresentar pela primeira vez um texto constitucional próprio destinado a princípios fundamentais.

A esse respeito descreve Sarlet: (2009, p. 96):

Situada – em homenagem especial e significado e função destes – na parte inaugural do texto, logo após o preâmbulo e antes dos direitos fundamentais. Mediante tal expediente o Constituinte deixou transparecer de forma clara e inequívoca a sua intenção de outorgar aos princípios fundamentais a qualidade de normas embasadoras e informativas de toda ordem constitucional, inclusive dos direitos fundamentais, que também integram aquilo que se pode denominar de núcleo essencial da Constituição material. Igualmente sem precedentes em nossa evolução constitucional foi o reconhecimento,

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no âmbito do direito positivo, do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana art. 1º, inc. III, da CF), que não foi objeto de previsão no direito anterior. Mesmo fora do âmbito dos princípios fundamentais, o valor da dignidade da pessoa humana foi previsão por parte do constituinte, seja quando estabeleceu a ordem econômica tem por afim assegurar a todos uma existência digna (art. 170, caput) seja quando, no âmbito da ordem social fundou o planejamento familiar nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável (art. 226§6º), além de assegurar à criança e ao adolescente o direito da dignidade (art. 227, caput). Assim, ao menos neste final de século, o princípio da dignidade da pessoa humana mereceu a devida atenção na esfera do nosso direito constitucional.

Na verdade, somente após a Segunda Guerra Mundial, o princípio da dignidade da pessoa humana passou a ser aceito de forma expressa nas Constituições. Dessa forma a partir desse reconhecimento expresso, na nossa Constituição a dignidade da pessoa humana passou a ser um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito. A partir de então o estado garante a dignidade do cidadão tanto individualmente como coletivamente.

Contudo, os princípios fundamentais, da mesma forma da dignidade da pessoa humana, têm função hermenêutica (orientadora), função esta que serve para o restante das normas constitucionais, e também para os direitos fundamentais.

Por força do art. 5º §2º da Constituição Federal, os direitos são devidos a direitos decorrentes e de princípios. Sendo assim, os direitos fundamentais são concretização do princípio da dignidade da pessoa humana. Esse princípio elencado no art. 1º, inc. III da Constituição Federal de 1988 veio então a confirmar os direitos fundamentais.

Existem várias categorias de direitos fundamentais. Dentre elas pode-se descrever o direito fundamental à defesa, ou seja, o direito de defesa perante abuso do Estado em liberdade ou propriedade. São uma espécie obrigação de abstenção do Estado.

Também existem os direitos fundamentais a prestações. A esse respeito descreve Sarlet (2009, p. 96):

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Os direitos fundamentais a prestações enquadram-se, como já visto, no âmbito dos direitos da segunda dimensão, correspondendo à evolução do Estado de Direito, de matriz liberal burguesa, para o estado social de direito, incorporando-se à maior parte das constituições pós-guerra. No constitucionalismo pátrio, em que pese uma tímida previsão de direitos a prestações sociais na constituição de 1824, foi a Carta de 1934, inspirada principalmente, nas constituições do México (1917) e Weimar (1919), que inaugurou a fase do constitucionalismo social no Brasil, passando a integrar os direitos fundamentais da segunda dimensão ao nosso direito constitucional positivo.

Assim a Constituição Federal se tornou importante também em um sentido de igualdade, que fica bem expresso pelo art. 5º inciso I, “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição”. Contudo os direitos fundamentais trouxeram também mais igualdade para as mulheres, que possuíam antes da constituição menores salários e exercendo a mesma função, a partir de 1988 as mulheres passaram a ocupar cargos que antes só eram ocupados por homens.

A constituição em seu art. 5° inciso XI estabeleceu também que “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”; sendo assim, a constituição federal também garantiu a inviolabilidade de domicílio, salvo as exceções.

Também foi a Constituição Federal um marco importante para a livre manifestação de pensamento disposto no art. 5º inciso IV. E para os movimentos sociais, pois segundo art. 5º inciso XVI – “todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente”

Contudo, os direitos fundamentais garantem o direito no Brasil, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. No próximo capitulo estudaremos como os movimentos sociais vieram a contribuir para a efetivação desses direitos.

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3 A CONTRIBUIÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS PARA EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os direitos fundamentais são influenciados por movimentos sociais, de acordo com a época e contexto são classificados em direitos de primeira geração, segunda geração, terceira geração e quarta geração, como explica o segundo capítulo.

Assim, nota-se que sua aplicabilidade e eficácia, dependem diretamente de nossa Constituição, como também já referimos, pois a partir do art. 5º §1º, passaram os direitos fundamentais a ter aplicabilidade imediata, incluindo assim os direitos fundamentais em normas de eficácia absoluta.

Torna-se necessário então classificar os direitos em direitos de defesa e também direito a prestações. É importante salientar que os direitos prestacionais são os que apresentam maiores dificuldades já que exigem uma prestação positiva por parte do Estado, enquanto isso os direitos de defesa exigem omissão do estado. Assim no presente capítulo apresenta a eficácia desses direitos.

3.1 A eficácia e a falta de efetivação dos direitos fundamentais

Com relação aos direitos de prestação, que exigem uma prestação positiva por parte do Estado, como por exemplo, o direito à propriedade, no caso, é uma criação de bem material de valor econômico.

A esse respeito descreve Sarlet (2009, p. 284):

Justamente pelo fato de os direitos sociais prestacionais terem por objeto em regra – prestações do Estado diretamente vinculadas à destinação, distribuição (e redistribuição), bem como a criação de bens materiais, aponta-se, com propriedade para sua dimensão economicamente relevante, ainda que se saiba, como já frisado alhures, que todos os direitos fundamentais possuem uma dimensão positiva e, portanto alguma relevância econômica. Tal constatação pode ser tida como essencialmente correta e não costuma ser questionada. Já os direitos de defesa – precipuamente dirigidos a uma conduta omissiva – podem em princípio, ser considerados destituídos dessa dimensão econômica, na medida em que o objeto de sua proteção como direitos subjetivos [vida, intimidade,

liberdades, etc.] pode ser assegurado juridicamente,

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Assim os direitos à prestação estão em vínculo com o problema da efetiva disponibilidade de recursos do Estado, que tem limites, e desta forma não é possível que obtenha sucesso na efetivação desses direitos fundamentais. Por isso, muitos doutrinadores comentam os direitos fundamentais as prestações determinam que eles só sejam possíveis com recursos, então se denomina “reserva do possível”.

Sarlet (2009, p. 287) refere à reserva do possível em três formas:

A partir do exposto, há como sustentar que a assim designada reserva do possível apresenta pelo menos uma dimensão tríplice, que abrange a) a efetiva disponibilidade fática dos recursos para a efetivação dos direitos fundamentais; b) a disponibilidade jurídica dos recursos materiais e humanos, que guarda íntima conexão com distribuição das receitas e competências tributárias, orçamentárias, legislativas e administrativas, entre outras, e que, além disso, reclama equacionamento, notadamente no caso do Brasil, no contexto do nosso sistema constitucional federativo; c) já na perspectiva (também) do eventual titular de um direito a prestações sociais, a reserva do possível envolve o problema da proporcionalidade da prestação, em especial no tocante a sua exigibilidade e, nesta quadra, também da sua razoabilidade. Todos os aspectos referidos guardam vínculo estreito entre si e com os outros princípios constitucionais, exigindo, além disso, um equacionamento sistemático e constitucionalmente adequado, para que, na perspectiva do princípio da máxima eficácia e efetividade dos direitos fundamentais, possam servir não como barreira intransponível, mas inclusive como ferramental para a garantia dos direitos sociais de cunho prestacional.

Nesse Contexto, a reserva do possível é uma limitação jurídica e fática para os direitos fundamentais, sendo que pelo princípio da proporcionalidade, na falta de recursos vai garantir a existência do direito fundamental mais importante.

Muitos doutrinadores se referem à reserva do possível, dizendo que o correto seria que o Estado dispusesse de recursos orçamentários para a realização de todos os direitos elencados na Constituição Federal e também principalmente os Direitos Fundamentais, já que são direitos mínimos.

Notória é a obtenção dos recursos é sempre insuficiente, devido à alta taxa nos impostos, tanto em produtos nacionais como principalmente nos importados, o

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que leva a grande parte das empresas a sonegar ou no caso dos importados o contrabando ou descaminho.

Se verificarmos no Brasil, se obtém uma das mais altas cargas tributárias do mundo, contudo somos considerados países de terceiro mundo quando se trata de saúde e educação, por exemplo, que são direitos fundamentais sociais. Assim, deveriam sobrar recursos, tanto para os direitos fundamentais básicos, como os direitos sociais à prestação, nos quais o Estado sempre alega a falta de recursos, logicamente boa parte desses é desviada a fim da própria campanha política dos governantes.

Gomes Canotilho (2004) é doutrinador que afirma que os direitos sociais só existem quando existir dinheiro nos cofres públicos.

Também não é somente de dinheiro ou recursos que os direitos fundamentais necessitam para sua efetivação, é necessário que o Estado disponha de poder jurídico, necessita de capacidade jurídica para dispor. Esclarecendo, que quem decide sobre o uso e destino dos recursos públicos é o legislador ordinário.

Muitos defendem que o Poder Judiciário deveria concretizar os direitos fundamentais, porém acontece que desta forma estaria ferindo o princípio da separação de poderes, sendo assim estaria ferindo também o Estado de Direito.

Outros sustentam que os direitos sociais formam desintegração sobre a constituição, pois os direitos sociais a prestação colidem com os próprios direitos de defesa e também com outras normas elencadas na Constituição.

O princípio da Dignidade da pessoa humana norteia os direitos fundamentais, e também que é um dos fundamentos do estado democrático de direto, e como já verificamos anteriormente, o Estado de Direito e o princípio da Dignidade da pessoa Humana se relacionam. Assim a Dignidade da Pessoa Humana está vinculada ao mínimo existencial.

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Alguns doutrinadores referem aos direitos fundamentais sociais, dizendo que estão ligados à economia, e que se aplicados a rigor, acabariam por desestabilizar a Constituição Federal.

Desta forma, descreve Sarlet (2009, p. 308):

Argumenta-se que o alto grau de adaptabilidade dos direitos sociais, já que umbilicalmente ligados à conjuntura socioeconômica, tem por conseqüência o fato de que uma formulação mais determinada e completa fatalmente acarretaria uma rápida superação da norma pela realidade, colocando em risco a desejável estabilidade constitucional. Para, além disso, alega-se que os direitos sociais a prestações por se encontrarem em inevitável tensão dialética com os direitos de defesa, construindo-se nesse sentido, em causa para eventuais restrições na esfera dos últimos. Por derradeiro, há que sustente que os direitos sociais geram um efeito desintegratório sobre a ordem constitucional, porquanto despertam expectativas que facilmente resultam frustradas, além de habitualmente acabarem não cumprindo com sua função precípua de assegurar as condições materiais para a efetiva fruição dos direitos de liberdade.

Um dos grandes problemas interligados aos direitos fundamentais é com relação ao direito a saúde. Nossa constituição estabelece que o Estado deve efetivar direitos básicos a prestações, sendo que quem não tem acesso à saúde privada, como um plano de saúde, terá seu direito garantido em qualquer prestação na área da saúde. Isso em qualquer parte do setor de saúde, psicológico, odontológico, médicos no geral, tudo isso compete ao SUS Sistema único de Saúde, é o que determina o art. 200 e no art. 6º da Constituição Federal.

Assim, o SUS compete também o fornecimento de medicamentos, ao verificarmos o art. 196 da Constituição Federal, pode-se notar a saúde é direito de todos e dever do estado, contudo o Estado fica obrigado à prestação à saúde, e na verdade a prestação realmente é efetivada pelo Estado, porém os atendimentos são em horários desumanos e demoram muito a serem efetivados, sendo que as vezes o cidadão chega a esperar na fila de atendimento por um ano.

Ainda a gratuidade do SUS deve se objeto de nosso questionamento, na medida em que pagamos taxas e tributos para viver em sociedade.

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Sarlet (2009, p. 326) descreve sobre o princípio da proporcionalidade na saúde da seguinte maneira:

De outra Parte, não se poderá olvidar que o princípio da proporcionalidade também opera nesta esfera e que não se afigura como proporcional [e até mesmo razoável] que um particular que disponha de recursos suficientes para financiar um bom plano de saúde privado [sem comprometimento de um padrão digno de vida para si e sua família, e sem prejuízo, portanto, do acesso a outros bens fundamentais como educação e moradia, etc.] possa acessar sem qualquer tipo de limitação, o sistema público de saúde nas mesmas condições que alguém que não esteja apto a prover com recursos próprios a sua saúde pessoal. O simples argumento de que quem contribui [impostos] já está a pagar pelo acesso a saúde pública não pode vingar no contexto de uma sociedade acentuadamente desigual e onde a maioria da população se encontra na faixa isenta de imposto sobre renda. Em termos diretos sociais [e, neste caso, existenciais] básicos a efetiva necessidade haverá de ser um parâmetro levado a sério, juntamente com os princípios da solidariedade e da proporcionalidade.

Muitos Doutrinadores afirmam que ocorre a própria judicialização excessiva, pois o poder judiciário através de sentenças condena a Administração Pública a pagar Medicamentos, só que a falta de recursos acaba por prejudicar outras pessoas que já estão na fila para recebimento de medicamentos e acabam ficando para traz por força de decisão judicial.

Mas existem muitos outros direitos fundamentais que também não são efetivados com eficiência, é o caso da educação, que mesmo pagando altas taxas e tributos não temos universidades federais sem custos a população que não tem acesso ao nível superior. Verificamos por exemplo, que precisamos de médicos em todas as áreas no Brasil, mesmo assim existem poucas universidades e com número limitado de vagas, tornando-se quase impossível a aprovação, se notarmos a quantidade de inscritos. Mesmo assim vamos buscar médicos em outros países com custos elevados.

Não é por nada que os direitos fundamentais foram ao longo da história objeto de manifestações e movimentos sociais, tudo isso visando garantir garantias mínimas e efetivar o princípio da Dignidade da pessoa humana.

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Foram os movimentos Sociais e as lutas que formaram os direitos fundamentais, também os direitos coletivos, pois surgem a partir de lutas pela cidadania.

A eficácia dos direitos fundamentais no passado refere-se à eficácia vertical, a qual nota-se a relação entre o superior Estado e o inferior cidadão. Assim, posteriormente proveio da Alemanha a teoria da eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Essa teoria era aplicada na relação entre particular e particular, ou seja, entre cidadãos.

Com relação à inalienabilidade dos direitos fundamentais, pode-se verificar que os direitos fundamentais são inalienáveis, mas nota-se que há exceções, como, por exemplo, o direito à moradia, pois o imóvel é bem alienável. Contudo, em sua maioria, os direitos fundamentais são inalienáveis, pois não podem ser passados para frente, não podem ser vendidos.

Outra característica dos direitos fundamentais é que eles são irrenunciáveis, devido a terem eficácia objetiva, eles não se aplicam somente ao titular do direito, mas se aplica a toda a coletividade.

Os direitos fundamentais também são imprescritíveis, ou seja, não se perdem com efeito do tempo, e aqui novamente a propriedade é exceção, pois pode ser perdida na ação de usucapião.

A Constituição Federal refere em seu art. 5º, inciso XXII que é garantido o direito a propriedade, assim no período de vigência da constituição será impossível a supressão do direito a propriedade.

Configura-se a partir do direito fundamental, a propriedade não somente no sentido de propriedade imobiliária, mas também no sentido de todos os bens que guarnecem a residência, resguardando os direitos patrimoniais.

Entretanto, existem outras teorias além da aplicabilidade imediata, como a uso da eficácia vertical dos direitos fundamentais, que é a utilização de um cidadão

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frente ao Estado (Estado Cidadão). Outros defendem a teoria para relação Horizontal (Cidadão Cidadão).

3.2 A contribuição dos movimentos sociais para a efetivação dos direitos fundamentais: movimentos sociais contemporâneos

Sem embargos, não é possível se fazer uma definição única de movimentos sociais em relação aos direitos fundamentais. Muitos doutrinadores definem como ações coletivas que representam melhoria em condições mínimas a garantir a dignidade da pessoa humana, visando condições mínimas existenciais, os direitos fundamentais.

Os movimentos sociais representam a força da coletividade frente ao Estado e à política, pois têm caráter contestatório, buscando sempre transformações das condições sociais e econômicas. Atuando diretamente na esfera legislativa, pois na iniciativa popular a Constituição Federal possibilita a participação direta dos cidadãos no processo de elaboração das leis.

Como comentado no primeiro capítulo, os movimentos sociais reorganizam o ente público, a partir de uma sociedade democrática gerida pela liberdade pode-se chegar ao cidadão com poder de inclusão social.

Na contemporaneidade, os movimentos sociais se voltam para o direito fundamental de educação, o qual se destaca com relação aos movimentos sociais, sobre a temática descreve Gohn (2011 p. 333):

A relação movimento social e educação existe a partir das ações práticas de movimentos e grupos sociais. Ocorre de duas formas: na interação dos movimentos em contato com instituições educacionais, e no interior do próprio movimento social, dado o caráter educativo de suas ações. No meio acadêmico, especialmente nos fóruns de pesquisa e na produção teórico- metodológica existente, o estudo dessa relação é relativamente recente. A junção dos dois termos tem se constituído em “novidade” em algumas áreas, como na própria Educação - causando reações de júbilo pelo reconhecimento em algumas, ou estranhamento – nas visões ainda conservadoras de outros.

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Os surgimentos dos novos movimentos sociais no Brasil ocorreram tardiamente, pois somente depois dos anos 80, pela redemocratização do país, valoriza-se a realidade social, para então criar novas formas de mobilização, organização e novas formas de identidade coletiva.

Nossa sociedade vem constantemente sofrendo transformações, que ocorrem devidas, principalmente, ao capitalismo que faz as pessoas serem seduzidas pelo dinheiro e consumo, impondo uma nova forma estrutural da sociedade.

A globalização na verdade, impõe-se como instrumento perverso para os cidadãos, pois acabam por gerar exclusão social, pobreza e violência. Dessa forma, no momento atual, o capitalismo é dominante, portanto temos poucas alternativas a exercer nossa cidadania, sendo que os movimentos sociais nos trazem esse alcance.

A partir da década de 90, com a atuação do presidente Fernando Collor de Mello, ocorreu ataque aos movimentos sindicais, sendo que ocorreram devido à estratégia aproveitando-se da globalização para impor a desorganização política dos trabalhadores prejudicando os movimentos sindicais urbanos. Assim ocorreu o cerceamento dos sindicatos dos servidores públicos. Mais de 100 mil trabalhadores servidores públicos foram demitidos, alegava o ex-presidente que a medida era necessária para o desenvolvimento do país, mas na verdade era necessária somente pelos gerentes de capitais. Sustentava o presidente que era o caminho para eficiência do estado. Imediatamente os movimentos sindicais reagiram com várias greves. Então Fernando Collor trabalhou no sentido de fazer a população não acreditar nos movimentos dos sindicatos, afirmando que eles são os principais responsáveis, os movimentos dos trabalhadores que seriam responsáveis pela inflação e taxa abusiva de juros.

Com essa política dominante, o presidente não favoreceu a classe dos trabalhadores e sim os grandes investidores internacionais, pois ao necessitar de capital estrangeiro e pagar altas taxas de juros, se torna refém do mercado internacional, prejudicando dessa forma os direitos fundamentais, que já deixavam de ter sua aplicação imediata, direito garantido pela Constituição Federal.

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As redes passaram a efetuar importante papel para os movimentos sociais efetivarem os direitos fundamentais. Sendo que a rede pode ser rede primária, que é no caso quando uma pessoa é o núcleo, assim são as relações que essa pessoa tem com outras em sua vida.

Os direitos fundamentais são direitos positivos, marcados a partir da constituição federal, com a evolução das tecnologias e a globalização torna-se necessário a criação de novos direitos.

Com a convivência social com liberdades individuais, surge o Estado democrático de Direito num sentido de democracia em que o povo governe o povo. Sendo que esse processo só se tornou possível com os movimentos sociais e lutas pela democracia.

O Brasil passou mais de vinte anos sob regime militar, e nele o que ocorria é que o cidadão não tinha participação na esfera pública, pois acabava sendo limitado e desencorajado. Durante o processo de redemocratização e movimentos sociais, o cidadão não lutava apenas por direito ao voto, sendo que as intenções eram superiores, buscavam uma transformação na estrutura do poder. A mobilização visando à participação do povo na esfera pública é um marco importante para os direitos fundamentais.

A Constituição Federal de 1988 trouxe a ideia de participação do cidadão na esfera pública, sendo que o cidadão debate sobre questões coletivas, trazendo soluções mais aceitáveis aos cidadãos já que eles mesmos participavam do processo de decisão.

Através da organização de sindicatos e outros tipos de grupos como associações a idéia de participação do cidadão ganha força com a coletividade, objetivando o bem comum e social.

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Os conselhos de políticas públicas visam à participação popular maior participação no sentido de um maior acesso ao espaço de formulação e controle das políticas públicas, objetivando os ideais participativos da Constituição Federal.

Na década de 70, os movimentos sociais tinham apoio das ONGs como mencionado anteriormente, a partir de meados dos anos 90 as ONGs passaram a trabalhar em parceria com as empresas e até o Estado, passando assim a manter relações com agencias financiadoras e também relações com o Banco Mundial, obtendo privilégios, afirmando, no entanto, que as mesmas são sem fins lucrativos.

Uma das grandes funções dos movimentos sociais é buscar a democratização das relações sociais, redefinindo desta forma nossas normas. Sendo assim os movimentos sociais tem como característica a ação coletiva buscando articular e mobilizar em relação a várias demandas.

As novas formas de movimentos sociais, portanto vem através da internet chamando atenção da mídia e, portanto, influenciando a opinião pública.

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