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A Contribuição dos movimentos sociais para a efetivação dos direitos

Sem embargos, não é possível se fazer uma definição única de movimentos sociais em relação aos direitos fundamentais. Muitos doutrinadores definem como ações coletivas que representam melhoria em condições mínimas a garantir a dignidade da pessoa humana, visando condições mínimas existenciais, os direitos fundamentais.

Os movimentos sociais representam a força da coletividade frente ao Estado e à política, pois têm caráter contestatório, buscando sempre transformações das condições sociais e econômicas. Atuando diretamente na esfera legislativa, pois na iniciativa popular a Constituição Federal possibilita a participação direta dos cidadãos no processo de elaboração das leis.

Como comentado no primeiro capítulo, os movimentos sociais reorganizam o ente público, a partir de uma sociedade democrática gerida pela liberdade pode-se chegar ao cidadão com poder de inclusão social.

Na contemporaneidade, os movimentos sociais se voltam para o direito fundamental de educação, o qual se destaca com relação aos movimentos sociais, sobre a temática descreve Gohn (2011 p. 333):

A relação movimento social e educação existe a partir das ações práticas de movimentos e grupos sociais. Ocorre de duas formas: na interação dos movimentos em contato com instituições educacionais, e no interior do próprio movimento social, dado o caráter educativo de suas ações. No meio acadêmico, especialmente nos fóruns de pesquisa e na produção teórico- metodológica existente, o estudo dessa relação é relativamente recente. A junção dos dois termos tem se constituído em “novidade” em algumas áreas, como na própria Educação - causando reações de júbilo pelo reconhecimento em algumas, ou estranhamento – nas visões ainda conservadoras de outros.

Os surgimentos dos novos movimentos sociais no Brasil ocorreram tardiamente, pois somente depois dos anos 80, pela redemocratização do país, valoriza-se a realidade social, para então criar novas formas de mobilização, organização e novas formas de identidade coletiva.

Nossa sociedade vem constantemente sofrendo transformações, que ocorrem devidas, principalmente, ao capitalismo que faz as pessoas serem seduzidas pelo dinheiro e consumo, impondo uma nova forma estrutural da sociedade.

A globalização na verdade, impõe-se como instrumento perverso para os cidadãos, pois acabam por gerar exclusão social, pobreza e violência. Dessa forma, no momento atual, o capitalismo é dominante, portanto temos poucas alternativas a exercer nossa cidadania, sendo que os movimentos sociais nos trazem esse alcance.

A partir da década de 90, com a atuação do presidente Fernando Collor de Mello, ocorreu ataque aos movimentos sindicais, sendo que ocorreram devido à estratégia aproveitando-se da globalização para impor a desorganização política dos trabalhadores prejudicando os movimentos sindicais urbanos. Assim ocorreu o cerceamento dos sindicatos dos servidores públicos. Mais de 100 mil trabalhadores servidores públicos foram demitidos, alegava o ex-presidente que a medida era necessária para o desenvolvimento do país, mas na verdade era necessária somente pelos gerentes de capitais. Sustentava o presidente que era o caminho para eficiência do estado. Imediatamente os movimentos sindicais reagiram com várias greves. Então Fernando Collor trabalhou no sentido de fazer a população não acreditar nos movimentos dos sindicatos, afirmando que eles são os principais responsáveis, os movimentos dos trabalhadores que seriam responsáveis pela inflação e taxa abusiva de juros.

Com essa política dominante, o presidente não favoreceu a classe dos trabalhadores e sim os grandes investidores internacionais, pois ao necessitar de capital estrangeiro e pagar altas taxas de juros, se torna refém do mercado internacional, prejudicando dessa forma os direitos fundamentais, que já deixavam de ter sua aplicação imediata, direito garantido pela Constituição Federal.

As redes passaram a efetuar importante papel para os movimentos sociais efetivarem os direitos fundamentais. Sendo que a rede pode ser rede primária, que é no caso quando uma pessoa é o núcleo, assim são as relações que essa pessoa tem com outras em sua vida.

Os direitos fundamentais são direitos positivos, marcados a partir da constituição federal, com a evolução das tecnologias e a globalização torna-se necessário a criação de novos direitos.

Com a convivência social com liberdades individuais, surge o Estado democrático de Direito num sentido de democracia em que o povo governe o povo. Sendo que esse processo só se tornou possível com os movimentos sociais e lutas pela democracia.

O Brasil passou mais de vinte anos sob regime militar, e nele o que ocorria é que o cidadão não tinha participação na esfera pública, pois acabava sendo limitado e desencorajado. Durante o processo de redemocratização e movimentos sociais, o cidadão não lutava apenas por direito ao voto, sendo que as intenções eram superiores, buscavam uma transformação na estrutura do poder. A mobilização visando à participação do povo na esfera pública é um marco importante para os direitos fundamentais.

A Constituição Federal de 1988 trouxe a ideia de participação do cidadão na esfera pública, sendo que o cidadão debate sobre questões coletivas, trazendo soluções mais aceitáveis aos cidadãos já que eles mesmos participavam do processo de decisão.

Através da organização de sindicatos e outros tipos de grupos como associações a idéia de participação do cidadão ganha força com a coletividade, objetivando o bem comum e social.

Os conselhos de políticas públicas visam à participação popular maior participação no sentido de um maior acesso ao espaço de formulação e controle das políticas públicas, objetivando os ideais participativos da Constituição Federal.

Na década de 70, os movimentos sociais tinham apoio das ONGs como mencionado anteriormente, a partir de meados dos anos 90 as ONGs passaram a trabalhar em parceria com as empresas e até o Estado, passando assim a manter relações com agencias financiadoras e também relações com o Banco Mundial, obtendo privilégios, afirmando, no entanto, que as mesmas são sem fins lucrativos.

Uma das grandes funções dos movimentos sociais é buscar a democratização das relações sociais, redefinindo desta forma nossas normas. Sendo assim os movimentos sociais tem como característica a ação coletiva buscando articular e mobilizar em relação a várias demandas.

As novas formas de movimentos sociais, portanto vem através da internet chamando atenção da mídia e, portanto, influenciando a opinião pública.

CONCLUSÃO

Os direitos fundamentais surgiram com a evolução da sociedade desde os tempos mais remotos da vida em coletividade, na relação em sociedade.

A partir dos principais movimentos sociais ocorridos, podemos classificar os direitos fundamentais nas chamadas dimensões ou gerações dos direitos fundamentais. Classificados de acordo com o período histórico as gerações dos direitos fundamentais vieram contribuindo gradativamente a efetivação dos direitos individuais.

Acerca da Constituição Federal verificamos que os Direitos Fundamentais não se restringem internamente na Constituição, e sim que são um conjunto de conquistas oriundas das lutas pelo Direito.

A presente pesquisa teve como objetivo apontar o caminho a efetivação dos direitos fundamentais, demonstra prioridade de um mínimo existencial, a partir da garantia do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Assim, deve haver equilíbrio entre os direitos fundamentais e as restrições jurídicas e financeiras consoantes a aplicação destes direitos, cabendo a atividade legislativa a normatização e aplicação correta dos mesmos.

Contudo, é necessária a verificação do conteúdo do direito fundamental, pois a simples criação de novos direitos sem verificar aspectos históricos não leva a efetividade desses direitos, tornando-os direitos sem eficácia e aplicabilidade ao caso concreto, e muitas vezes gerando conflitos entre os próprios direitos

fundamentais. Através dos movimentos sociais se garante o princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana efetivando assim os direitos básicos.

REFERÊNCIAS

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. Coimbra: Edições Almedina, 2004.

GOREZESKI, Clovis. Direitos fundamentais em debate. Santa Cruz do Sul: Norton Editor, 2005.

GOHN, Maria da Glória. Movimentos sociais no início do século XXI. Petrópolis: Editora Vozes, 2003.

______. História dos movimentos e lutas sociais. São Paulo: Editora Loyola, 2001.

MORAES, Guilherme Peña. Direitos fundamentais. São Paulo: Editora Labor Juris, 2000.

REALE, Miguel. Aplicações da constituição de 1988. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1991.

SANTIAGO, Willis Guerra Filho. Dos direitos humanos aos direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997.

SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 1998.

______. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2012.

______. A Eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2009.

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