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Análise fundamentalista do mercado acionário da empresa Grazziotin S/A

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM FINANÇAS E MERCADO DE CAPITAIS – MBA, 1ª Edição 2013/2014

WAGNER KLÖCKNER

ANÁLISE FUNDAMENTALISTA DO MERCADO ACIONÁRIO

DA EMPRESA GRAZZIOTIN S/A

Ano/semestre letivo: 2015 / 1o Semestre

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WAGNER KLÖCKNER

ANÁLISE FUNDAMENTALISTA DO MERCADO ACIONÁRIO

DA EMPRESA GRAZZIOTIN S/A

Monografia final apresentada ao curso de Pós-Graduação lato sensu em Finanças e Mercado de

Capitais, do Departamento de Ciências

Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação (Dacec), da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), requisito parcial para aprovação no componente curricular Monografia.

Orientadora: Mestre Marlene Köhler Dal Ri

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LISTA DAS FIGURAS

Figura 1. Estrutura do mercado de capitais... 14

Figura 2. Segmentos do mercado secundário ... 15

Figura 3. Etapas do processo de subscrição de novas ações... 17

Figura 4. Razões para abertura de capital... 18

Figura 5. Custos e obrigações da abertura de capitais... 18

Figura 6. Análise Top Downs... 21

Figura 7. Tendência da inflação e dos juros... 21

Figura 8. Exemplo de análise de setores... 22

Figura 9. Relação do segmento x público-alvo... 36

Figura 10. Organograma do grupo empresarial Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014).... 38

Figura 11. Evolução do Ativo Total da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 41

Figura 12. Evolução do Patrimônio Líquido, Ativo Circulante e Passivo Circulante da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 41

Figura 13. Evolução da Receita Bruta, Resultado Operacional e custo das mercadorias e serviços da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 42

Figura 14. Evolução do Lucro Líquido da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 42

Figura 15. Evolução da Liquidez Corrente, Liquidez Geral, Liquidez Seca e Liquidez Imediata da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 44

Figura 16. Evolução do Capital Circulante Líquido, Capital de Giro e necessidade de Capital de Giro da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 46

Figura 17. Evolução do Endividamento Geral e do Endividamento de Capital Próprio da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 47

Figura 18. Evolução do grau de Imobilização da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014).. 48

Figura 19. Evolução do giro de clientes, estoque e fornecedores da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 49

Figura 20. Evolução do retorno do capital próprio e da Rentabilidade do Ativo da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 51

Figura 21. Evolução do Ebitda/Lajida da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 52

Figura 22. Preço da ação da Grazziotin S/A – CGRA4 (1T2013 a 3T2014)... 54

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Demonstrativo do crescimento das lojas e colaboradores da Grazziotin

S/A (1T2013 a 3T2014)... 37

Quadro 2. Dados de mercado da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 40

Quadro 3. Dados do Balanço Consolidado da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014).... 40

Quadro 4. Indicadores de liquidez da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 43

Quadro 5. Indicadores de endividamento da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 46

Quadro 6. Indicadores de giros dos valores cíclicos (dias) da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 48

Quadro 7. Indicadores de Rentabilidade da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 50

Quadro 8. Ebitda/Lajida da Grazziotin S/A (1T2013 a 3T2014)... 51

Quadro 9. Análise da Grazziotin S/A – CGRA4 (1T2013 a 3T2014)... 52

Quadro 10. Análise dos indicadores fundamentalistas da Grazziotin S/A – CGRA4 (30/09/2014)... 53

(5)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 6

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 8

1.1 Apresentação do tema ... 8

1.2 Problema ou questão de estudo ... 9

1.3 Objetivos ... 9

1.3.1 Objetivo geral ... 9

1.3.2 Objetivos específicos ... 9

1.4 Justificativa ... 9

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 11

2.1 Mercado financeiro nacional e internacional... 11

2.2 Mercado de capitais ... 11 2.3 Bolsa de Valores ... 13 2.3.1 Mercado primário ... 13 2.3.2 Mercado secundário ... 14 2.3.3 BM&FBovespa ... 16 2.4 Abertura de capital... 16

2.5 A crise econômica mundial ... 19

2.6 Métodos de análise do mercado de ações ... 20

2.6.1 Análise técnica ... 22

2.6.2 Análise fundamentalista ... 23

2.7 Indicadores financeiros ... 24

2.7.1 Indicadores de liquidez ... 24

2.7.2 Indicadores de endividamento ... 26

2.7.3 Giro dos valores cíclicos ... 28

2.7.4 Indicadores de rentabilidade ... 29

2.7.5 Ebitda/Lajida ... 30

3 METODOLOGIA ... 31

3.1 Classificação da pesquisa ... 31

3.2 Sujeitos da pesquisa e universo amostral ... 32

3.3 Coleta de dados ... 32

3.4 Análise e interpretação dos dados ... 32

3.5 Sistematização do estudo ... 33

3.6 Caracterização da organização ... 33

4 ANÁLISE FUNDAMENTALISTA DA EMPRESA GRAZZIOTIN S/A ... 40

4.1 Indicadores de liquidez ... 43

4.1.1 Liquidez corrente ... 43

4.1.2 Liquidez geral ... 44

4.1.3 Liquidez seca ... 44

4.1.4 Liquidez imediata ... 44

4.1.5 Capital Circulante Líquido ... 45

4.1.6 Capital de giro ... 45

4.1.7 Necessidade de capital de giro ... 45

(6)

4.2.1 Endividamento geral ... 46

4.2.2 Endividamento do capital próprio ... 47

4.2.3 Grau de Imobilização ... 47

4.3 Indicadores de giro dos valores cíclicos ... 48

4.3.1 Giro de clientes ... 48

4.3.2 Giro de estoques ... 49

4.3.3 Giro de fornecedores ... 49

4.4 Indicadores de rentabilidade ... 50

4.4.1 Retorno do capital próprio ... 50

4.4.2 Rentabilidade do Ativo ... 50

4.5 Ebitda/Lajida ... 51

4.6 Outros indicadores fundamentalistas ... 52

4.7 Comportamento do preço das ações ... 53

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 56

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INTRODUÇÃO

A globalização está presente em todos os setores da economia, trazendo à tona, por meio da desregulamentação da atividade econômica e dos avanços das tecnologias de comunicação e informática, um mundo de informações até então desconhecidas. Os sistemas de informação modificaram profundamente o cenário econômico e obrigaram as empresas a se adequarem ao novo panorama para se manter no mercado, que é regido por uma concorrência cada vez mais acirrada.

As estatísticas oficiais do Brasil vêm apresentando baixos índices de crescimento, em que o dinamismo da demanda interna vem perdendo forças em todos os setores da economia. A alta do dólar, da inflação e o aumento das contas públicas são resultado da precária gestão governamental, cujo quadro somente poderá ser revertido mediante mudanças macroeconômicas e reforma tributária. O ambiente de negócios está cada vez mais complexo e regulamentado, e os movimentos sociais são motivo de preocupação.

Devido ao instável ambiente econômico precisa-se saber exatamente aonde ou no que se pode investir. A análise fundamentalista é uma ótima ferramenta de avaliação do comportamento real das empresas, gerando elementos que permitem ao investidor tomar decisões com segurança na Bolsa de Valores. Outrossim, visa se voltar àquelas empresas que apresentam sólido histórico nos balanços financeiros para compor sua carteira de investimentos.

É a partir do processamento de informações obtidas junto às empresas, e da análise do cenário econômico e setorial em que estão inseridas que uma análise fundamentalista busca identificar o valor real da sua ação, ou seja, quanto a empresa realmente vale. A premissa básica da análise fundamentalista é de que o valor justo para uma empresa se dá pela sua capacidade de gerar lucros no futuro. O uso de cálculos de indicadores (liquidez, endividamento e rentabilidade) permite a compreensão da saúde financeira da empresa.

Cabe salientar ainda, que para se fazer uma análise de qualquer empresa são necessárias noções básicas do mercado financeiro nacional e internacional, assim como do mercado de capitais e também da Bolsa de Valores. Para uma análise fundamentalistas é preciso entender o que cada cálculo de indicadores significa. No caso atual, portanto, será feito uso dos indicadores financeiros, de liquidez, de endividamento, de rentabilidade e de valores cíclicos.

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O presente estudo está estruturado em quatro tópicos principais. No primeiro encontra-se a Contextualização do Estudo, que traz consigo a apreencontra-sentação do tema, do problema, dos objetivos e da justificativa.

No segundo tópico consta o Referencial Teórico, embasado em obras de estudiosos do tema. Na sequência, o terceiro tópico traz a Metodologia, que define o percurso do trabalho quanto à sua classificação, sujeitos da pesquisa e universo amostral, coleta de dados, análise e interpretação de dados, sistematização do estudo. Traz, também, a caracterização da empresa Grazziotin S/A, e o desempenho alcançado pelo grupo a partir do ano 2013.

Finalmente, o quarto tópico apresenta a Análise Fundamentalista da empresa Grazziotin S/A, com ênfase aos indicadores de liquidez, de endividamento, de giro dos valores ciclos, de rentabilidade, do Ebitda/Lajida, bem como do comportamento do preço de suas ações no mercado acionário.

Seguem as Considerações Finais a que se chegou com o estudo e as Referências utilizadas no decorrer do estudo, as quais foram fundamentais para a elaboração das análises.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

Em uma economia globalizada qualquer fato novo pode trazer alterações profundas em um ou mais setores da economia. Quando se fala em mercados de ações as informações agem com maior rapidez e as consequências podem ser ainda maiores, por isso é muito importante ao investidor ou especulador estar sempre atento às mudanças para poder optar sempre por um mercado seguro e rentável. Tanto a análise fundamentalista quanto a técnica traz ao investidor maior segurança ao comprar determinada ação, podendo analisar seu comportamento tanto no mercado quanto na Bolsa de Valores.

1.1 Apresentação do tema

Por intermédio de uma análise fundamentalista é possível verificar contabilmente qual a real situação de determinada empresa no cenário econômico e setorial no qual está inserido, seu histórico, sua saúde financeira, seu endividamento e rentabilidade, bem como perceber como isso reflete no valor de suas ações. No presente estudo busca-se avaliar a empresa Grazziotin S/A a partir de uma análise fundamentalista.

A Grazziotin S/A é uma empresa do setor de comércio varejista de vestuário, calçados, tecidos, casa e construção para todas as classes econômicas. Atualmente opera nos três Estados da região Sul, com 308 lojas divididas em quatro grandes redes – as Lojas Grazziotin, a Rede Tottal, a Rede Por Menos e a grife Franco Giorgi. Além disso, atua também nos setores de pecuária, financeira e imobiliário.

A Grazziotin S/A está inserida num setor em que a política adotada pelo atual Governo vem sendo fomentada nos últimos anos, ou seja, ela busca crescer a partir do consumo. Pergunta-se, contudo: até que ponto isto é saudável para a economia? Hoje já se verificam sinais de acomodação de todos os setores, em especial o do varejo e, para isso, as empresa se defrontam com a necessidade de se adaptar às transformações decorrentes dos processos de globalização, especificamente no que tange à competitividade nos nichos de mercados.

Comparada àquela empresa fundada em 1950, percebe-se uma evolução constante, com permanente adequação aos interesses do mercado. Ao se analisar a cultura da empresa, percebe-se que muitos aspectos permanecem por mais de 60 anos e se mantêm ainda hoje, sustentando um crescimento constante. A seriedade nos negócios, a disciplina no trabalho e a vocação para o comércio são aspectos que se comprovaram ao longo dos seus anos de existência e garantem a continuidade da empresa.

(10)

O presente estudo, portanto, tem o propósito de avaliar a empresa Grazziotin S/A a partir de uma análise fundamentalista dos balanços trimestrais, isto é, do primeiro trimestre de 2013 ao terceiro trimestre de 2014, totalizando sete resultados financeiros para análise.

1.2 Problema ou questão de estudo

Neste contexto define-se como problema ou questão deste estudo: a partir de uma

análise fundamentalista é perceptível que a Grazziotin S/A é uma empresa em potencial para investimento?

1.3 Objetivos

Fazer uma análise fundamentalista da empresa Grazziotin S/A, período 2013-2014.

1.3.1 Objetivo geral

Verificar em que medida perceptível a empresa Grazziotin S/A é uma potencial opção para investimento no mercado acionário a partir de uma análise fundamentalista dos balanços trimestrais ao longo de 2013 a 2014.

1.3.2 Objetivos específicos

Como objetivos específicos, o estudo apresenta:

̶ fundamentar as metodologias de análise fundamentalista;

̶ coletar dados dos balanços ao longo de quatro anos;

̶ estruturar, tabular e compilar a base de dados destes balanços;

̶ realizar a análise fundamentalista da empresa do período considerado; e

̶ interpretar os resultados dos indicadores fundamentais da empresa e dos potenciais em

investimento.

1.4 Justificativa

A Grazziotin S/A é uma empresa de comércio varejista que atua nos três Estados da região Sul do Brasil. Está há mais de 60 anos no mercado e ao longo desse tempo vem

(11)

mostrando resultados e crescimento sólido. Possui ações na Bolsa de Valores, o que permite fazer uma análise dos seus resultados financeiros.

O que despertou o interesse do acadêmico pela empresa Grazziotin S/A foi o fato de ser um cliente potencial no ramo de atividade profissional em que o mesmo atua – o setor de vestuário. Sua empresa confecciona roupas e as revende nas redes de lojas Grazziotin S/A, como a Rede Por Menos e as Lojas Grazziotin há, pelo menos, quatro anos, produzindo em larga escala, confeccionando mais de 400 mil peças de vestuário na temporada 2013/2014, destinadas às classes C, D e E de seus clientes.

A análise fundamentalista possui ferramentas para análise de empresas, de suas ações, de seus resultados financeiros, entre outros, possibilitando levar os estudos para serem aplicados no interior da empresa, e conhecer cada vez mais os clientes, estreitando ainda mais a relação entre as duas partes.

A competitividade no setor de vestuário é muito acirrada. Nesse contexto as empresas precisam se aprimorar e se qualificar cada vez mais a fim de fazer frente às novas exigências do mercado, buscando redução de custos, otimização dos processos e melhores resultados. Nos últimos anos a indústria de vestuário brasileiro vem passando por várias dificuldades devido aos fortes concorrentes internacionais, alto endividamento do consumidor brasileiro, falta de mão de obra qualificada, falta de investimento na produção nacional, elevação dos custos de importação de matérias primas e elevadas taxas de impostos.

Cabe esclarecer, por fim, que o estudo vem ao encontro das aspirações do acadêmico, que busca formar sua opinião a respeito do mercado financeiro, cujo tema despertou sua atenção no decorrer das aulas do curso. Outrossim, o estudo lhe interessa sob três aspectos: contribuir para o melhor conhecimento do público que não possui o privilégio de acessar a área; compreender o tema para possibilitar a análise para suas aplicações; e concluir a formação no curso de Pós-Graduação em Finanças e Mercados de Capitais.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

No entendimento de Melo (apud DIEHL; TATIM, 2004, p. 97), o “objetivo da revisão de literatura é fornecer a base teórica e empírica para a formulação de hipóteses”. Neste capítulo serão apresentadas as contribuições literárias dos autores para o embasamento do tema, as quais devem se ater aos subsídios diretamente ligados ao contexto.

2.1 Mercado financeiro nacional e internacional

A globalização econômica é a abertura de economias aos fluxos de bens, serviços, capital e negócios de outros países com a integração de seus próprios mercados. Já a globalização financeira é a movimentação de capital e firmas entre fronteiras.

A globalização é um fenômeno social que ocorre em escala global. Esse processo consiste em uma integração em caráter econômico, social, cultural e político entre diferentes países. O processo de globalização surgiu para atender ao capitalismo e, principalmente, os países desenvolvidos; de modo que pudessem buscar novos mercados, tendo em vista que o consumo interno encontrava-se saturado. (NOGUEIRA, 2013, s/p).

A globalização econômica avançou bastante, mas está longe de ser efetiva, pois boa parte do fluxo de capital representa diversificação de portfólio entre países ricos e, mais recentemente, entre países emergentes. Nesse cenário, o capital internacional não flui para países pobres, dificultando suas possibilidades de desenvolvimento. Ainda segundo Nogueira (2013, s/p), “A globalização é a fase mais avançada do capitalismo. Com o declínio do socialismo, o sistema capitalista se tornou dominante no mundo”.

2.2 Mercado de capitais

A globalização transformou o mundo, sendo a abertura das economias subdesen-volvidas uma das principais consequências. Isso levou as pessoas a se interessarem cada vez mais pelo mercado de ações, buscando ali uma nova forma de investimentos.

Em seus estudos, Pinheiro (2007, p. 130) refere que “o mercado de capitais pode ser definido como um conjunto de instituições e de instrumentos que negociam com títulos e valores mobiliários, objetivando a canalização de recursos dos agentes compradores para os agentes vendedores”.

(13)

O mercado de capitais é composto por toda a rede de Bolsas de Valores, onde se incluem bancos, sociedades corretoras, companhias de seguro e de investimento, além de outras instituições financeiras autorizadas. A principal finalidade do mercado de capitais é gerar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de capitalização. No mercado de capitais, as ações são os principais títulos negociados.

No atual cenário econômico, o mercado de capitais é um processo imprescindível para o desenvolvimento econômico de qualquer nação. Nesse contexto, a poupança possui um papel indispensável para o crescimento, pois visa acumular capital para reinvestir na produção interna. O objetivo do mercado de capitais é canalizar as poupanças ou os recursos financeiros da sociedade com o fim de injetá-las no comércio, na indústria, ou em outras atividades econômicas e no próprio governo.

Quando as famílias poupam, elas põem fundos à disposição de tomadores de empréstimos. Sempre que as empresas investem precisam tomar empréstimos. O mercado de capitais financeiro é o mercado no qual a oferta de fundos é alocada àqueles que desejam tomar empréstimos. Por essa razão, também é chamado de mercado de fundos emprestáveis. O equilíbrio no mercado de capitais exige que a poupança (oferta de fundos) seja igual ao investimento (demanda de fundos). (STIGLITZ; WALSH, 2003, p. 128).

Nos países capitalistas mais desenvolvidos encontra-se um mercado de capitais mais forte e dinâmico. No caso do Brasil, este ainda possui um mercado de bolsas bastante discreto e, por essa razão, ainda há um enorme potencial a ser explorado. Mesmo assim o país ainda é considerado o maior polo financeiro de capitais da América do Sul.

O mercado de capitais é composto pelos investidores e pelos especuladores e, ambos, com a sua utilidade, são importantes para o equilíbrio dos mercados. O investidor busca aplicar seus recursos e assume frequentemente posições de longo prazo, buscando rendimentos por meio da valorização da empresa e da distribuição de dividendos. Já o especulador procura oportunidades, negociando sempre no curto prazo, tentando maximizar os lucros. Casimiro (2015) define investidor e especulador como:

Investidor – Investe para ganhar dinheiro. Seja no curto, médio ou longo prazo. Confere estabilidade acionista às empresas, por vezes e mediante a participação detida, pode ajudar na definição da estratégia da empresa e na sua gestão. Qualquer pessoa pode ser investidor.

Especulador – Especula para ganhar dinheiro. Pensa apenas no curto prazo. Confere liquidez aos mercados pelas múltiplas operações que efetua. Normalmente são analistas financeiros nas organizações para as quais trabalham e nas quais especulam.

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Após dissertar sobre o mercado de capitais, o item que segue apresenta a Bolsa de Valores, suas funções, fases e a forma como ocorre a abertura de capital.

2.3 Bolsa de Valores

As Bolsas de Valores são estruturas funcionais e organizadas. O mercado de ações está inserido no mercado de capitais, voltando-se para a captação de recursos financeiros por parte das empresas de capital aberto. Por outro lado, quem adquire ações tem por finalidade obter rentabilidade na compra e na venda, bem como na aquisição de dividendos.

No passado, os pregões ocorriam em viva-voz e no próprio espaço da Bolsa de Valores. Atualmente, porém, as transações ocorrem por meio de sistemas eletrônicos e em tempo real, segundo as ordens dos compradores e vendedores que atuam junto às corretoras de valores. Todo esse movimento dos preços de mercado é capturado pelo Índice de Bolsa de Valores. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão que regula e fiscaliza as bolsas de valores no Brasil.

Segundo os investidores, ao comprarem ações esperam ganhar dinheiro, pois planejam vendê-las por um valor superior. Na oposição disso, se a ação é vendida a um preço menor do que o da compra, o investidor tem uma perda de dinheiro. Além disto, as empresas pagam dividendos aos acionistas, que é uma parte dos ganhos das empresas.

Segundo Heilbroner (2001), o mercado de ações é afetado diretamente de três maneiras. Inicialmente ele tem servido como um barômetro das expectativas da comunidade ligada aos negócios de um modo geral. Isso porque, mais do que das próprias empresas não financeiras, a demanda e a oferta de ações provêm de negociantes de ações, corretores de ações e do público investidor.

2.3.1 Mercado primário

No entendimento de Pinheiro (2007), é no mercado primário que a compra e a venda de ações ocorre pela primeira vez, ou seja, as ações são criadas pelas empresas e simultaneamente adquiridas por investidores.

Normalmente, uma empresa faz a emissão de ações ou a sua venda no mercado primário a fim de captar recursos para financiar seus projetos e fazer investimentos. Os recursos obtidos entram no caixa da empresa, que pode abrir seu capital. Em outras palavras pode colocar ações no mercado ou fazer a emissão de um novo lote de ações, que é colocar mais uma parte da empresa à venda em forma de ações.

(15)

Figura 1. Estrutura do mercado de capitais. Fonte: Pinheiro (2007, p. 150).

A Figura 1 permite analisar que o mercado primário é muito importante para o mercado de capitais, já que possui a função de canalizar recursos de poupadores para serem investidos nas empresas.

2.3.2 Mercado secundário

O mercado secundário é conhecido como mercado de Bolsa de Valores. É no mercado secundário que os acionistas vendem suas ações para outros investidores. Segundo Pinheiro (2007), a Bolsa de Valores possui um espaço em que os investidores podem comprar ou vender seus papéis por meio da atuação de corretoras. O mercado secundário representa esta etapa, quando as empresas não se envolvem e os negócios no pregão da Bolsa de Valores são realizados entre antigos e novos acionistas das empresas.

O mercado da Bolsa de Valores é fundamental para a existência de um bom mercado primário. As empresas não possuem ganhos diretos com os negócios na Bolsa, entretanto, ninguém compraria uma ação diretamente de uma empresa se não tivesse a oportunidade de vendê-la no momento em que desejasse. Um dos fatores essenciais para que os investidores comprem ações é a possibilidade de reaver o valor com lucros a qualquer instante.

As empresas com boa liquidez na Bolsa de Valores têm maior facilidade de captar novos recursos no mercado primário. Por outro lado, seus acionistas sentem-se mais otimistas com a perspectiva de vender as ações no momento em que mais lhes convier.

Mercado Primário

− criação de títulos;

− capitalização das empresas.

− abertura de capital;

− documentação legal e contábil;

− registro na CVM e na bolsa;

− colocação dos papéis e repasse dos recursos para a companhia.

Mercado Secundário

− negociação de títulos;

− troca da propriedade do título.

− proporciona liquidez aos títulos e incentiva o mercado primário.

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Pinheiro (2007) segue afirmando que as negociações do mercado secundário podem ser realizadas em dois locais distintos, ou seja, no balcão ou na Bolsa de Valores. A representação do mercado secundário está expressa na Figura 2, a seguir.

Figura 2. Segmentos do mercado secundário. Fonte: Pinheiro (2007, p. 175).

A Figura 2 permite afirmar que as características do mercado de balcão são de um organizado mercado de títulos, constituído principalmente por intermédio de sistemas eletrônicos. A principal função da Bolsa de Valores é transferir recursos da economia ao invés de criá-los.

Com relação às modalidades operacionais do mercado acionário, Pinheiro (2007) ressalta as suas opções de compra, de venda, com margem e de investimento das ações, conforme segue:

a) Opções sobre ações: segundo o autor, existem diferentes maneiras de atuar no mercado de

ações. As opções sobre as ações a que se refere Pinheiro (2007) dizem respeito aos direitos de compra ou de venda de um determinado lote de ações, o que pode acontecer com lotes fechados de 100 ações ou pelo seu fracionário, que vai de 1 a 99, e que possui preço e prazo determinados.

b) Opções de compra: sua finalidade é garantir ao seu titular o direito de compra de um

determinado lote de ações diretamente do vendedor ao preço de exercício até a data de vencimento da opção.

c) Opções de venda: visa garantir ao seu titular o direito de vender um determinado lote de

ações pelo preço praticado na data de vencimento da opção. Existe, porém, a possibilidade de haver diferentes estratégias, principalmente em decorrência das inúmeras posições que atuam nesta opção, podendo se constituir em titulares ou mesmo lançadoras das opções de compra e de venda.

Mercado de Balcão

Não Organizado − Não tem lugar

físico determinado. − Qualquer Organizado − Sistema eletrônico de negociação. − Supervisiona a liquidez da Bolsa de Valores

− Mantém lugar adequado para realização de negócios (pregão eletrônico). − Divulga e registra rapidamente os negócios executados. − Supervisiona a liquidação das operações.

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d) Operações em margem: constitui-se numa modalidade operacional que ocorre em Bolsas

de Valores e no mercado à vista. Nela, o investidor pode vender ações emprestadas por uma corretora, ou tomar dinheiro emprestado de uma corretora para a compra de ações.

e) Clube de investimento: refere-se à participação de pequenos e médios investidores no

mercado de ações, geralmente sob a administração de uma sociedade corretora, ou até mesmo de um banco de investimento ou de um banco múltiplo com carteira de investimento. Há, porém, um limite de 150 participantes, em que a cada membro é garantida a possibilidade de aumentar o seu número de cotas até o limite de 40% do montante existente. Outrossim, o investidor ainda possui a possibilidade de participar na gestão dos recursos dessa carteira.

2.3.3 BM&FBovespa

A Bolsa Valores de São Paulo foi fundada em 1890 como “Bolsa Livre” e, em 1935, passou a ser denominada de “Bovespa”. Até 1960 era considerada uma entidade oficial corporativa ligada à Secretaria de Finanças Pessoais. Após esse período é considerada uma Associação Civil sem Fins Lucrativos, com autonomia financeira e institucional.

Estudos revelam que em 1972 a Bovespa foi a primeira Bolsa de Valores brasileira a implantar um sistema de pregão automatizado e, em 2000, passou a consolidar e a integrar todas as negociações de ações do país. Constitui-se, portanto, numa entidade reguladora que opera sob a supervisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Recentemente, em 2008, a BM&F se uniu à Bovespa e passou a se denominar de BM&FBovespa.

Depreende-se, então, que a Bolsa de Valores impulsiona as empresas, gera poupança para o investidor e crescimento para o país. A Bolsa de Valores brasileira permite que qualquer pessoa possa ser sócio de mais de 450 companhias de diferentes negócios e setores da economia. Para tanto necessita adquirir cotas de ações dessas empresas, que são títulos que lhe dão o direito de propriedade sobre parte da companhia. Para investir em ações o investidor precisa fazer um cadastro numa corretora e, a partir disso, serão feitas as ordens de compra e de venda junto à Bolsa de Valores.

2.4 Abertura de capital

Ao abrir seu capital, a empresa passa a oferecer publicamente uma parcela de seu patrimônio mediante a venda de ações no mercado. Uma empresa abre o seu capital

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principalmente para obter recursos para reinvestir no seu negócio. Outra razão da abertura de capital é por marketing, pois essa atitude auxilia no seu crescimento e transparência. A CVM é que determina a rotina e a regulamentação de tais obrigações. A abertura de capitais pelo administrador gera uma série de obrigações e direitos que podem representar vantagens ou desvantagens para a empresa.

Para Oliveira (2005), a abertura de capital proporciona à empresa a obtenção de recursos a custos inferiores aos da captação de financiamentos bancários. Além disso, faz com que a marca da empresa se fortaleça junto ao mercado, bem como reforce a governança corporativa.

A empresa que decide abrir seu capital deve seguir alguns regulamentos específicos da Bovespa e da CVM. Nesse sentido, as informações da Ibovespa (2015) referem que a empresa passe por algumas etapas antes de iniciar o processo de decisão, ou seja:

1) Conveniência – nesta etapa a empresa deve verificar o momento mais apropriado para a

abertura de capital, os benefícios que advirão com a decisão, os custos que terá no processo, e se ela possui um perfil adequado para participar do processo.

2) Escolher o intermediário financeiro – nesta etapa é necessária a contratação de uma

instituição financeira, pois a fase é relevante para o sucesso da operação e para conhecer os seus custos financeiros.

3) Documentação e reforma estatutária – itens como solicitação do registro de companhia

aberta, de distribuição pública e de listagem na Bovespa são básicos para a operação. A figura 3, a seguir, apresenta as etapas do processo de subscrição de novas ações.

Figura 3. Etapas do processo de subscrição de novas ações. Fonte: Assaf Neto (2006, p. 211).

Quando uma empresa decide participar da Bolsa de Valores surge a necessidade de ser mais transparente. Neste momento, segundo Rudge e Cavalcante (1996), são iniciados os processos de sua profissionalização, os quais visam aumentar a sua eficiência administrativa. Nesse contexto, a empresa transmite uma imagem de organização competente, passando a

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vender bons produtos e/ou prestar bons serviços, surgindo assim novos horizontes para o seu desenvolvimento. Na figura 4 pode-se verificar as razões que uma empresa possui para participar da operação de abertura de capital.

Figura 4. Razões para abertura de capital. Fonte: Assaf Neto et al. (2006, p. 40).

No processo de abertura de capital, porém, as empresas também enfrentam muitas dificuldades, pois a operação gera custos e algumas desvantagens que a tornam inviável para determinadas empresas. Soma-se a isso a obrigatoriedade da divulgação de informações ao mercado, a política de dividendos, etc., os quais são apresentados na figura 5, a seguir.

Figura 5. Custos e obrigações da abertura de capitais. Fonte: Assaf Neto et al. (2006, p. 41).

Nesse rumo, Rudge e Cavalcante (1996) revelam que a decisão de busca de capital próprio por meio da emissão de novas ações na Bolsa de Valores é implicada por diversos fatores, os quais devem ser ponderados, conforme o caso específico de cada empresa. Por

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outro lado, os recursos obtidos pela emissão de ações caracterizam-se como uma fonte estável de financiamento, especialmente por se qualificarem como capital próprio.

2.5 A crise econômica mundial

Uma crise pode afetar apenas setores isolados da economia, mas também pode se intensificar e contagiar todo o sistema econômico, a exemplo do que ocorreu com a crise

mundial de 2008, também conhecida como crise do subprime1. As crises sempre ocorreram e

vão continuar acontecendo, pois fazem parte do processo cíclico do capitalismo, inerente ao próprio desenvolvimento econômico.

A recente Revolução da Informação gerou uma crise no mundo conectado, provocando um grande impacto na rápida distribuição de informações entre os mercados mundiais, cujos reflexos ainda são atualmente vivenciados.

A Crise Econômica Mundial é tema amplamente desenvolvido no site eletrônico da UOL (2009), o qual foi visitado a fim de obter subsídios para este estudo. Seu conteúdo revela que a crise econômica mundial pode ser entendida em 15 etapas, conforme segue:

1) A partir de 2001, o mercado imobiliário dos Estados Unidos passou por uma fase de expansão acelerada.

2) Com a ajuda do Federal Reserve (o Banco Central norte-americano), que passou a reduzir a taxa de juros, a demanda por imóveis cresceu, atraindo compradores. 3) Ao mesmo tempo, com os juros baixos, cresceu o número de pessoas que hipotecavam seus imóveis, a fim de usar o dinheiro da hipoteca para pagar dívidas ou consumir.

4) Em meio à febre de comprar imóveis ou hipotecá-los, as companhias hipotecárias passaram a atender clientes do segmento subprime (de baixa renda, às vezes com histórico de inadimplência). Contudo, como o risco de inadimplência desse setor é maior, os juros cobrados também eram maiores. 5) Diante da promessa de retornos altos aos empréstimos, os bancos compravam

esses títulos subprime das companhias hipotecárias e liberavam novas quantias de dinheiro, antes de o primeiro empréstimo ser pago.

6) Ao mesmo tempo, esses títulos lastreados em hipotecas eram vendidos a outros investidores, que, por sua vez, também emitiam seus próprios títulos, igualmente lastreados nos subprime, passando-os, a seguir, para frente.

7) Todos se esqueceram, no entanto, de que se o primeiro tomador do empréstimo não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não recebimento, de tal maneira que todo o mercado passa a ter medo de continuar emprestando dinheiro ou comprando novos títulos subprime.

8) A partir de 2006, os juros, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crédito e afastaram os compradores de imóveis. Como a oferta começou a superar a demanda, o valor dos imóveis passou a cair.

9) Com a subida dos juros, as dívidas ficaram mais caras (e também as prestações das hipotecas), o que aumentou a inadimplência, fazendo com que a oferta de crédito também diminuísse.

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10) Sem oferta de crédito, a economia dos EUA se desaqueceu, pois, se há menos dinheiro disponível, compra-se menos, o lucro das empresas diminui e empregos não são gerados.

11) Preocupado com os pagamentos de créditos subprime nos EUA, o banco BNP Paribas congelou cerca de 2 bilhões de euros de alguns fundos.

12) O mercado imobiliário entrou em pânico, pois o ciclo de empréstimos sobre empréstimos havia congelado. Começaram a surgir os pedidos de concordata. 13) A crise passou a afetar todo o sistema bancário, afinal, as instituições

financeiras apostavam nos títulos subprime. Várias instituições se viram à beira da falência. E se descobriu que, com a globalização, o sistema financeiro internacional estava contaminado e sofreria graves consequências.

14) Instalou-se, assim, uma crise de confiança e os bancos pararam de emprestar, congelando a economia, reduzindo o lucro das empresas e provocando desemprego.

15) Muitos países entraram em recessão, e seus respectivos governos têm, desde então, tomado diferentes medidas para aquecer a economia e, ao mesmo tempo, garantir que o sistema financeiro volte a emprestar.

A crise econômica deixou várias consequências para o mundo todo e seus reflexos têm se mantido até os dias de hoje. Ela basicamente ocorreu porque as instituições financeiras emprestaram dinheiro demais para quem não podia pagar. Se não recebiam, o destino era a falência dos bancos, o que necessitou a intervenção governamental para evitar o colapso do sistema financeiro e uma recessão mais aguda. Em função do aumento dos seus gastos, o governo americano alargou o seu déficit público.

2.6 Métodos de análise do mercado de ações

A fim de avaliar as ações de uma empresa o investidor precisa se munir de dois tipos de estratégias, isto é, a análise técnica (gráfica) e a análise fundamentalista. Em linhas gerais, é possível fazer o uso simultâneo dessas estratégias antes de investir num ativo. Nesse sentido, convém utilizar a análise fundamentalista para escolher as ações que irão compor a carteira no longo prazo, e a análise gráfica para tomar decisões de negócios no curto prazo.

Antes de entrar efetivamente no mercado de ações é de suma importância que o investidor faça uma análise do cenário econômico. Para Godoy, Medina e Gazel Júnior (2006, p. 41), “definir um cenário nada mais é do que a tentativa de projetar para o futuro as informações de hoje. A definição de um cenário deve ser o ponto de partida para uma carteira de investimentos”.

A busca desse conhecimento permitirá ao investidor tomar algumas decisões, como por exemplo, quando investir em ações e quais os setores mais atrativos para se investir. Uma forma de fazer isto é por intermédio de uma análise top down (figura 6) que, segundo Godoy, Medina e Gazel Júnior (2006), inicia pela análise das perspectivas mundiais e, depois, visa

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compreender como o Brasil se insere nestas perspectivas. Em outras palavras, verificar quais os setores da economia poderão se destacar no período analisado para que, por fim, o investidor seja capaz de selecionar as ações a serem compradas.

Figura 6. Análise Top Downs.

Fonte: Godoy, Medina e Gazel Júnior (2006, p. 41).

Uma análise do cenário mundial permitirá compreender se o período é de crescimento ou de recessão, qual a situação das economias mais fortes e quais países estão crescendo mais. Essas análises indicam a direção que tomou a economia mundial. Conforme Godoy, Medina e Gazel Júnior (2006, p. 42), elas “mostram a força da nossa moeda, a tendência de nossa balança comercial apresentar superávit ou um déficit comercial, para onde caminham os juros pagos pelos países e o quanto isso torna atrativo investir em um país emergente como o Brasil”.

Ao analisar o cenário brasileiro deve-se dar atenção à situação do governo e do ambiente político, assim como a política monetária, inflação e crescimento do país. Na Figura 7, a seguir, podem-se analisar as tendências da inflação e dos juros.

Figura 7. Tendência da inflação e dos juros. Fonte: Godoy, Medina e Gazel Júnior (2006, p. 41).

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Na análise setorial observa-se que cada setor tem variáveis muito específicas, com impacto direto em seu crescimento. Além disto, as variáveis macroeconômicas podem indicar impactos específicos em determinados mercados, como se pode verificar na Figura 8, a seguir.

Figura 8. Exemplo de análise de setores. Fonte: Godoy, Medina e Gazel Júnior (2006, p. 41).

Por último, e não menos importante, deve ser feita uma análise da empresa em si e de suas ações em que se pretende investir, bem como de suas concorrentes no mercado.

2.6.1 Análise técnica

Segundo Matsura (2007), a análise técnica busca identificar os padrões de comportamento ou as tendências do mercado mediante a utilização de gráficos e indicadores. A referida técnica assume que o comportamento do mercado é cíclico, seguindo padrões que se repetem. Sua utilização garante o aumento da probabilidade de acerto, entretanto, o investidor precisa ter estratégia e disciplina.

A análise técnica utiliza os movimentos ocorridos no passado com relação aos preços e aos volumes de negociação de ativos financeiros e, assim, visa fazer previsões sobre o comportamento futuro dos preços.

Sua fundamentação teórica está baseada na teoria formulada no início do século XX por Charles Dow, fundador e editor do Wall Strett Journal. Em seu jornal, Dow analisava e comentava o desenvolvimento do mercado, além de publicar dois índices: a Média Industrial (com 12 ações de primeira linha) e a Média Ferroviária (que compreendia 12 ações de ferrovias).

Apesar da fundamentação teórica da análise técnica estar baseada na teoria de Dow, o próprio nunca chegou a escrevê-la. Esta foi documentada mais tarde, em 1932, quando Robert Rhea (americano e editor de uma Newsletter) publicou o livro chamado “The Dow Theory”, organizando e compilando as ideias de Dow. (MATSURA, 2007, p. 8).

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Para os analistas técnicos, a resposta para um bom investimento está traduzida nos dados que o gráfico apresenta, não importando os lucros e resultados da empresa, ou as expectativas do setor de atividade, o grau de endividamento ou a sua política de dividendos.

Matsura (2007) segue afirmando que o analista gráfico estuda como os preços se movimentam, sem se preocupar com a causa de sua movimentação. Seu estudo parte de três princípios: a) a ação do mercado reflete todos os fatores envolvidos nele; b) os preços se movimentam em tendências; e c) o futuro repete o passado.

2.6.2 Análise fundamentalista

A análise fundamentalista analisa os dados reais da empresa, como os balanços, a sua participação nos mercados, investimentos, grau de endividamento, política de dividendos, produtividade, modernidade da planta, mercado de seus produtos, capacidade de crescimento, entre outros. É comum os investidores não se importarem com variações de curto prazo, só vendendo as ações quando pioram as perspectivas das empresas. Para tanto, utilizam informações referentes à empresa, do setor em que atua e da conjuntura econômica, considerando variáveis internas e externas que podem influenciar nas ações de mercado da empresa.

Conforme Pinheiro (2007, p. 225), o uso desse tipo de análise tem por objetivo antecipar o comportamento futuro de uma empresa no mercado. Para isto, porém, o investidor precisa partir de uma hipótese básica, que é: “o mercado não é eficiente em curto prazo, ainda que o seja em longo prazo”. Se não fosse assim, não seria possível adiantar-se ao mercado. O preço de uma ação não reflete o verdadeiro valor da empresa no ato de sua comercialização, mas existe uma tendência de que isso ocorra num futuro próximo. Então, a função do analista fundamentalista é descobrir se as ações da empresa estão supervalorizadas ou subvalorizadas, com base em informações dos seus resultados financeiros. Para o autor, os analistas fundamentalistas devem adotar a hipótese de que o mercado de capitais é eficiente em longo prazo, podendo ocorrer ineficiências na valorização em curto prazo, as quais seriam ajustadas ao longo do tempo.

Todas as empresas com ações na Bolsa de Valores são obrigadas a divulgar os Balanços e os Demonstrativos de Resultado. Essas informações são utilizadas na elaboração dos diferentes índices de cálculo.

A seguir estão listados os indicadores financeiros que costumam fundamentar a análise de qualquer empresa.

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2.7 Indicadores financeiros

É por meio dos indicadores financeiros que se pode medir o desempenho de uma empresa, cujos dados são extraídos dos Balanços e dos Demonstrativos de Resultado. A partir daí é possível fazer uma avaliação da viabilidade, estabilidade e lucratividade da empresa, ou seja, ter uma visão mais clara da situação da companhia.

A análise retrospectiva das demonstrações financeiras permite ao analista conhecer em detalhes a estrutura de capitais da empresa analisada, observando a evolução dos principais dados contábeis, como as contas a receber de clientes, nível de estoques, contas a pagar a fornecedores, faturamento, custo de produtos vendidos, estrutura financeira, etc. (CORRETORA BRADESCO, 2015).

Na sequência, buscou-se em sites eletrônicos, a exemplo da Corretora Bradesco (2015) e da Fundamentus (2015), elementos que conceituam esses indicadores financeiros, os quais estão compostos pelos instrumentos de liquidez, de endividamento, de rentabilidade, de giro dos valores cíclicos e o Ebitda/Lajida.

2.7.1 Indicadores de liquidez

Os índices de liquidez são utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa e, por intermédio de uma simples operação de divisão, relacionam bens e direitos com obrigações da firma. Os índices de liquidez são interpretados da forma “quanto maior,

melhor”, e medem o quanto a empresa tem para cada unidade monetária que deve.

a) Liquidez Corrente (LC): reflete a capacidade de pagamento da empresa no curto prazo.

Um indicador maior que 1,00 demonstra a boa situação financeira da empresa. Conforme a Corretora Bradesco (2015), “Indica quanto a empresa tem a receber no curto prazo em relação a cada unidade monetária que deve no mesmo período.” É calculada pela simples divisão entre Ativo Circulante (AC) e Passivo Circulante (PC):

b) Liquidez Geral (LG): sua função é indicar a liquidez da empresa no curto e longo prazo.

Se o resultado for maior que 1,00, a empresa está numa boa situação financeira, e quanto mais alto for o resultado, melhor é a sua saúde financeira. Conforme a Corretora Bradesco

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(2015), “Oferece a mesma indicação da liquidez corrente, mas engloba também os Ativos e Passivos a longo prazo”. O índice é calculado a partir da divisão da soma dos Ativos Circulante (AC) e Realizável a Longo Prazo (RLP) pela soma dos Passivos Circulante (PC) e Exigível a Longo Prazo (ELP).

c) Liquidez Seca (LS): tem como objetivo apresentar a capacidade de pagamento da

empresa no curto prazo sem levar em conta os estoques. Se o resultado do indicador for maior que 1,00 denota uma boa situação financeira da empresa, revelando que a empresa não precisa vender seu estoque para quitar suas dívidas. Do mesmo modo, quanto mais alto for o resultado, melhor é a saúde financeira da empresa. Conforme expressa a Corretora Bradesco (2015), “Tem o mesmo significado que a liquidez corrente, com exceção do fato de que os estoques não são considerados como recebíveis, ou seja, não conta com a realização imediata dos estoques”. Obtém-se da soma do Ativo Circulante (AC) menos Estoques dividido pelo Passivo Circulante (PC).

d) Liquidez Imediata (LI): O cálculo indica o esforço da empresa para honrar as suas

obrigações. O resultado mostra o quanto de suas dívidas a empresa quitaria no curto prazo com o que está disponível. Se o resultado for superior a 1,00, a empresa possui uma excelente situação financeira, e quanto mais próximo de 1,00, melhor é a sua saúde. Segundo a Corretora Bradesco (2015), “Indica a representatividade das disponibilidades aplicadas pela empresa no mercado financeiro em relação ao seu Passivo Circulante”. É calculado a partir da Disponibilidade dividida pelo Passivo Circulante (PC).

LG = (AC + RLP) / (PC + ELP)

LS = AC – Estoques / PC

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e) Capital Circulante Líquido (CCL): Representa o total de recursos de curto prazo

disponíveis para financiamento das atividades da empresa, ou seja, a empresa possui saldo suficiente em caixa para se autofinanciar. É calculado pela subtração do Ativo Circulante (AC) pelo Passivo Circulante (PC). Conforme a Corretora Bradesco (2015), “Capital Circulante Líquido = Ativo Circulante – Passivo Circulante”.

f) Capital de Giro (CG): É o recurso de rápida renovação (dinheiro, créditos, estoques, etc.)

utilizado para sustentar as operações do dia a dia da empresa. Obtém-se da subtração do Passivo Não Circulante (PNC) pelo Ativo Não Circulante (ANC). Conforme a Corretora Bradesco (2015), “Capital de Giro = Ativo Não Circulante – Passivo Não Circulante”.

g) Necessidade de Capital de Giro (NCG): Fornece informações das atividades

operacionais, das decisões tomadas pela alta gerência sobre a forma de financiamento e das aplicações de recursos. Obtém-se da subtração do Ativo Cíclico menos Passivo Cíclico. Segundo a Corretora Bradesco (2015), a “Necessidade de Capital de Giro = Ativos Cíclicos – Passivos Cíclicos”.

2.7.2 Indicadores de endividamento

Estes índices calculam o grau de endividamento da empresa. A análise desse indicador por diversos exercícios mostra a política de obtenção de recursos da empresa. Ou seja, se a empresa vem financiando o seu Ativo com Recursos Próprios (Patrimônio Líquido) ou de Terceiros (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo) e em que proporção.

CCL = AC – PC

CG = PNC - ANC

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a) Endividamento Geral (EG): Conforme expressa o material publicado pela Corretora

Bradesco (2015), o endividamento geral “Indica quanto a empresa tem captado junto a terceiros em relação ao seu capital próprio”. Em outras palavras, quanto maior este índice, maior o grau de utilização de capital de terceiros, ou seja, quanto menor o resultado percentual deste indicador, melhor a situação financeira da empresa. É calculado, portanto, pela soma do Passivo Circulante (PC) com o Exigível a Longo Prazo (ELG) divido pelo Ativo Total.

b) Endividamento do Capital Próprio (ECP): mostra o quanto a empresa está endividada

em relação ao seu patrimônio líquido. Ou seja, conforme expressa a Corretora Bradesco (2015), “Mede especificamente o comprometimento do capital próprio da empresa em relação à sua dívida com bancos e outras que têm custo financeiro embutido (debêntures, desconto de duplicatas, etc.)”. Da mesma forma, quanto menor o resultado deste cálculo, melhor para a empresa. É calculada, portanto, pela soma do Passivo Circulante (PC) com o Exigível a Longo Prazo (ELG), divido pelo Patrimônio Líquido (PL).

c) Grau de Imobilização (GI): representa o quanto do Capital Próprio está comprometido

no imobilizado da empresa, ou seja, em ativos de menor liquidez. Conforme expressa a Corretora Bradesco (2015), “Indica em que nível os ativos não correntes da empresa são financiados com recursos próprios”. Quanto maior o resultado desse indicador, mais imobilizada a empresa estará em relação ao seu capital próprio. É calculada, então, pela divisão do Ativo Permanente pelo Patrimônio Líquido (PL).

EG = (PC + ELP) / Ativo Total

ECP = (PC + ELP) / PL

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2.7.3 Giro dos valores cíclicos

Nesses índices é calculado o tempo, em dias, que a empresa leva para renovar seu estoque, seus clientes e seus fornecedores.

Outro ponto fundamental na análise dos balanços é a avaliação das movimentações do capital de giro, representado pelas contas tipicamente cíclicas do Ativo Circulante e do Passivo Circulante. No lado do ativo, as principais contas envolvidas são Clientes e Estoques. No passivo, destaques para Fornecedores, Impostos, Salários, dentre outras. (CORRETORA BRADESCO, 2015).

a) Giro de Clientes (GDC): determina o número de dias que a empresa leva em média para

receber. Esse índice é calculado por meio da divisão das Contas a Receber de Clientes pela Receita Operacional Líquida (ROL) e multiplicado pelos dias do período (365).

Este indicador mostra quantos dias a empresa deverá esperar, em média, para o efetivo recebimento de suas vendas a prazo. As contas a receber são retiradas do Ativo Circulante e a receita da Demonstração dos Resultados. O prazo das vendas é dado em dias e tem que ser compatível com o período utilizado, seja ele mês, trimestre, semestre ou ano. (CORRETORA BRADESCO, 2015).

b) Giro de Estoques (GDE): representa a quantidade de vezes que cada um dos itens foi

renovado dentro de um determinado período, ou seja, para ocorrer o giro de estoque dos materiais a empresa leva em média x número de dias. É calculado por meio da divisão dos Estoques pelo Custo das Mercadorias Vendidas (CPV) e multiplicado pelos dias do período (365).

Este indicador representa o prazo médio de renovação dos estoques, e o fazemos relacionando o valor dos estoques, retirado do Ativo Circulante, com o Custo dos Produtos Vendidos, sendo o quociente multiplicado pelo período de dias equivalente ao CPV utilizado. (CORRETORA BRADESCO, 2015, s.p.).

GDC = (Contas a Receber de Clientes / ROL) * 365

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c) Giro de Fornecedores (GDF): determina o número de dias que a empresa leva em média

para pagar seus fornecedores em um determinado intervalo de tempo. O índice é calculado por meio da divisão dos Fornecedores pelas Compras ou Custo das Mercadorias Vendidas (CPV) e multiplicado pelos dias do período (365).

Neste caso, é obtido o tempo médio decorrido entre a compra de matérias-primas e o pagamento aos fornecedores. Como não existe explicitamente nas demonstrações financeiras o valor das compras, podemos utilizar o valor do CPV como denomina-dor, ainda que não seja um modelo perfeito. (CORRETORA BRADESCO, 2015).

2.7.4 Indicadores de rentabilidade

Os indicadores de rentabilidade, por sua vez, mostram se os investimentos efetuados pela empresa tiveram rendimento. Seu objetivo é calcular o grau de remuneração de um negócio e o retorno do lucro obtido pela empresa.

a) Retorno do Capital Próprio (RCP): é um indicador financeiro que se refere à

capacidade de uma empresa agregar valor, utilizando os seus próprios recursos. Segundo dados da Corretora Bradesco (2015), “É a taxa de retorno dos acionistas e mede a performance do lucro em relação ao capital próprio empregado na empresa”. É calculado por meio da divisão do Resultado Líquido pelo Patrimônio Líquido (PL).

b) Rentabilidade do Ativo (RA): conforme a Corretora Bradesco (2015), “Este indicador

mede a eficiência global da administração, ou seja, o retorno obtido em relação ao total de recursos empregados, sejam eles próprios ou de terceiros”. Representa aos empresários a possibilidade de determinar se o dinheiro que eles colocam em suas empresas está fazendo a diferença. É calculado por meio da divisão do Resultado Líquido pelo Ativo Total.

GDF = (Fornecedores / Compras [CPV]) * 365

RCP = Resultado Líquido / PL

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2.7.5 Ebitda/Lajida

O Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization (Ebitda) ou Lucro Antes do Imposto de Renda, Juros Depreciações e Amortização (Lajida) representa a geração operacional de caixa da companhia, ou seja, o quanto a empresa gera de recursos em suas atividades operacionais, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos.

Para chegarmos ao Ebitda basta somarmos ao Lucro da Atividade (= EBIT) os valores correspondentes à depreciação e amortização, que se encontram embutidos no CPV (Custo dos Produtos Vendidos) e nas Despesas Operacionais. Devemos saber que a depreciação faz parte do CPV, mas não representa saída de caixa, sendo o reconhecimento contábil da perda de valor por desgaste dos itens que compõem o Ativo Imobilizado da empresa. (CORRETORA BRADESCO, 2015).

Ainda segundo dados da Corretora Bradesco (2015), a forma mais habitual para o cálculo da geração de caixa é a chamada Geração de Caixa na Atividade, a qual pode ser assim representada:

(+) Receita Líquida

(-) Custo dos Produtos Vendidos

(-) Despesas da Atividade (com vendas, administrativas e outras diretamente ligadas às operações)

(=) Lucro da Atividade (ou EBIT)

(+) Depreciação e Amortização (valor correspondente ao período sob análise, que pode ser encontrado na Demonstração de Fluxo de Caixa)

(=) EBITDA. (CORRETORA BRADESCO, 2015).

O Referencial Teórico aqui apresentado consistiu na conceituação de tópicos, como o mercado financeiro nacional e internacional, o mercado de capitais, a bolsa de valores, a crise econômica mundial e os indicadores financeiros. Essas informações são fundamentais para o presente estudo, que visa fazer uma análise fundamentalista da empresa Grazziotin S/A no período 2013-2014, ou seja, verificar em que medida a crise mundial no mercado imobiliário influenciou os seus resultados financeiros e as suas ações.

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3 METODOLOGIA

Segundo Minayo (2004), a metodologia é mais do que uma descrição formal dos métodos e técnicas a serem utilizados, ou as opções e a leitura operacional que o pesquisador faz do quadro teórico. Ela tem por objetivo classificar o tipo de estudo a ser desenvolvido, relatar o plano de coleta dos dados e fazer sua análise e interpretação.

3.1 Classificação da pesquisa

Estudos de Diehl e Tatim (2004, p. 51) apresentam uma classificação dos estudos segundo a abordagem do problema. Seguindo essa orientação, o presente estudo pode ser classificado como qualitativo, pois segundo os autores, pode descrever a complexidade de determinado problema e a interação de certas variáveis, além de possibilitar o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos.

Quanto aos seus objetivos parte-se da orientação de Gil (2002), para quem este estudo pode ser classificado como uma pesquisa exploratória, pois tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Nesse rumo cita-se o entendimento de Vergara (2002), para quem o estudo se classifica como uma pesquisa exploratória por estudar e descrever a análise fundamentalista da Grazziotin S/A, no período de 2013 a 2014.

Ainda segundo seus objetivos, Diehl e Tatim (2004, p. 54) afirmam que esta pesquisa pode ser caracterizada também como descritiva, uma vez que trata da descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis.

Com relação aos procedimentos técnicos, o presente estudo pode ser caracterizado como pesquisa bibliográfica, pois são utilizados como fonte de informação estudos já realizados e publicados sobre o tema pesquisado e a empresa Grazziotin S/A. Trata-se, também, de uma pesquisa documental, na medida em que serão consultados documentos fornecidos pela direção da organização, tais como relatórios, Demonstrativos de Resultado e Balanços.

Ainda quanto à sua natureza, a pesquisa classifica-se como aplicada, posto objetivar a geração de conhecimentos que visem à solução de problemas específicos, conforme definição de Gil (2002).

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Por fim, esta pesquisa se caracteriza como um estudo de caso a partir do momento em que se propõe a verificar o comportamento do mercado acionário da Grazziotin S/A. Para Diehl e Tatim (2004), esse tipo de pesquisa se identifica pelo estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, permitindo seu amplo detalhamento e conhecimento.

3.2 Sujeitos da pesquisa e universo amostral

Os sujeitos da pesquisa são sete balanços trimestrais consecutivos de resultados financeiros da empresa Grazziotin S/A, sendo o primeiro de 31/03/2013 e o último de 30/09/2014.

3.3 Coleta de dados

A coleta de dados consiste em combinar técnicas e métodos de análise de indicadores, bem como seus respectivos numéricos junto à Grazziotin S/A, cujo processo ocorreu no período de 2013 a 2014.

Vários meios foram utilizados para efetivar a referida coleta de dados, predominando a busca por dados disponíveis em fontes oficiais da Internet, especialmente o site da empresa Grazziotin S/A, relativos à história da empresa, Balanços Patrimoniais, Demonstrativos de Resultado do Exercício, Relatórios Financeiros, Balanço Social, sua atuação no mercado de capitais, Bolsa de Valores. Utilizou-se, também, o conteúdo de jornais e revistas, bem como informações de colaboradores da referida empresa para a obtenção de informações adicionais da companhia.

3.4 Análise e interpretação dos dados

Após a realização da pesquisa bibliográfica e documental procedeu-se o tratamento dos dados e sua interpretação. Nesse rumo, Minayo (2004) expressa que existem autores que entendem a “análise” como descrição dos dados, e a “interpretação” como a articulação da descrição com conhecimentos mais amplos e que extrapolam os dados específicos da pesquisa.

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3.5 Sistematização do estudo

Para a realização deste estudo, os dados e as informações obtidas foram analisados a partir da compilação em planilhas dos valores colhidos dos Balanços Patrimoniais e Demonstrativos de Resultado do Exercício, com aplicação de metodologia de avaliação de empresas por indicadores financeiros. A análise implica, também, na análise potencial de investimento na empresa, utilizando-se para tanto de tabelas e de gráficos. Ainda, segundo Gil (2002), a sistematização do estudo deve ocorrer de forma clara para que o público que for lê-lo possa entender o seu conteúdo com facilidade.

3.6 Caracterização da organização

A história da Família Grazziotin iniciou no século XVIII, na cidade italiana de Veneza, onde eram prósperos comerciantes. Para ampliar seus negócios, em busca de novos mercados para o comércio, em 13 de fevereiro de 1879 o Sr. Valentin Grazziotin e sua família aportaram no Brasil.

No final de 1949 quatro irmãos resolveram iniciar um negócio: Tranquilo, Plínio, João e Idalino. O negócio ao qual se dedicariam deveria ser um atacado. A cidade escolhida foi Passo Fundo, no Planalto Riograndense, pois era bem localizado, com acesso por rodovias e ferrovias, o que significava ser um bom centro comercial. Além disso, contava com uma fábrica de cerveja e grandes frigoríficos, gerando um grande tráfego de caminhões e intenso comércio local.

Tomadas as providencias necessárias para iniciar o negócio, o atacado foi então aberto a 24 de maio de 1950, na Av. Presidente Vargas nº 64, com um capital inicial de 300 mil cruzeiros (aproximadamente R$ 110.000,00 em moeda do ano de 2000), emprestados aos irmãos pelo seu pai Sr. Valentin. O negócio que já iniciou com atacado e varejo de secos e molhados, tornando-se uma próspera casa comercial. (GRAZZIOTIN, 2014).

Em 1952 os negócios foram expandidos e ocorreu a primeira mudança na sociedade comercial, com a entrada do Sr. Valentin, além de outros irmãos e outros sócios,

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encaminhando a empresa no ramo de importação e exportação. Exportavam cereais e lã de ovelha e importavam armarinhos, arame farpado, soda cáustica, armas e munição. A empresa tornou-se uma grande fornecedora de grãos para os centros do Brasil, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, para onde levavam feijão branco e preto produzidos na região.

Em constante expansão na década de 60, foi adquirido o prédio e as mercadorias da empresa Max Ávila, na Av. Presidente Vargas, nº 20, onde em 1965 foi inaugurado um moderno prédio que ainda hoje abriga uma Loja Grazziotin e uma Loja Tottal.

Quando o Brasil atingiu a estabilidade da inflação, no final da década de 60, a Grazziotin experimentou um crescimento acentuado, trabalhando com eletrodomésticos, fogões, geladeiras, aparelhos de TV, máquinas de costura, etc., vendendo no crediário em até 36 pagamentos. Tornou-se, assim, na primeira loja da região a ter um sistema automatizado de venda, algo inédito para a época.

Na mesma proporção em que o comércio do varejo crescia, o comércio por atacado caía, de tal forma que no final da década de 70, a Grazziotin não apresentava mais o foco de negócio de 20 anos antes. Nesse período, já com a segunda geração participando da administração, a Grazziotin passou a ser uma empresa varejista, comercializando móveis, eletrodomésticos, bazar, ferragem e material de construção, com um sistema de comercialização de segunda vanguarda. Colocava a mercadoria ao alcance da mão do cliente, eliminando as prateleiras, as gavetas e tudo o que separasse o consumidor do produto.

Em 1979, quando a família completou seu centenário no Brasil, inaugurou em Passo Fundo (RS), o prédio do Centro Administrativo, um complexo moderno, com 2.800m² de área construída, onde estão localizados os seus escritórios, área de treinamento, bem como os depósitos centrais de produtos, num terreno com uma área de 88.822m².

No mesmo ano buscou o primeiro aporte de capital, passando à Sociedade Anônima, com ações comercializadas na Bolsa de Valores. A razão social passou a ser Comercial Grazziotin S/A.

Os anos 80 foram muito difíceis para o comércio, principalmente para o mercado de eletrodomésticos, quando a concorrência passou a ser acirrada. A empresa tinha duas opções: entrar na guerra da concorrência e correr o risco deste processo ou mudar. Optou por mudar, embora sem ter conhecimentos para trabalhar com moda. A direção foi buscar o conhecimento necessário para se redimensionar, transformando-se em loja de moda e bazar.

Em 1981 a razão social mudou para Grazziotin S/A. Começou então a abertura da empresa em diferentes redes. Primeiramente partiu para o processo de modernização,

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separando o material de construção do restante da loja, ficando o nome Grazziotin para a linha de moda e bazar.

Em 1984 foi criada a rede Tottal Materiais de Construção, pois não ficaria adequado comercializar moda e material de construção numa mesma loja, tampouco com o mesmo nome. As Lojas Tottal, hoje com nova marca Tottal Casa & Conforto, são direcionadas especificamente a lazer, reforma, manutenção e conforto para o lar. Trabalha com crediário facilitado e é direcionada às classes B e C. As lojas da rede são bem instaladas e possuem amplo mix de produtos variados e de boas marcas, que ficam distribuídos em diversos setores. A intenção é focar em um melhor atendimento ao cliente, além de proporcionar condições e preços adequados ao público-alvo.

Já a rede Por Menos foi criada em 1985, e se destaca por ser uma loja de descontos, apresentando linha popular de moda e bazar. A rede Por Menos é de autosserviço que comercializa produtos de qualidade, com variedade, volume, preço baixo e crediário facilitado aos seus clientes. Seu mix de produtos tem como segmento a linha íntima, confecções, calçados, cama, mesa e banho. Tem como público-alvo o varejo popular, em que as mulheres compram para toda a família.

Em fevereiro de 1989 surgiu a rede Franco Giorgi. A grife constitui-se numa marca própria de moda masculina que garante qualidade, conforto, estilo e tendência. Prioriza

Referências

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