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Avaliação nutricional de idosos participantes de um programa de prevenção de agravos à saúde

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DCVIDA - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GERIATRIA E

GERONTOLOGIA- 1ª edição

DAIANE BUSANELLO

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE IDOSOS PARTICIPANTES DE UM PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE AGRAVOS À SAÚDE

IJUI - RS, 2017

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DAIANE BUSANELLO

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE IDOSOS PARTICIPANTES DE UM PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE AGRAVOS À SAÚDE

Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Geriatria e Gerontologia a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - Unijuí, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista.

Orientadoras: Profª. Adriane Huth.

Profª. Ligia Beatriz Bento Franz

IJUÍ – RS 2017

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Resumo

Objetivo: avaliar o estado nutricional de idosos participantes de um Programa de prevenção de agravos à saúde. Metodologia: estudo descritivo do tipo transversal, quantitativo, com idosos de 60 anos ou mais. Contou com a aplicação da Mini Avaliação Nutricional para avaliação do estado nutricional dos idosos. Para análise foi usada estatística descritiva média e desvio padrão. Resultados: foram avaliados 53 idosos, dos quais 77% eram mulheres e 23% homens. O Índice de Massa Corporal na maioria dos idosos (51%) obteve o resultado classificado como sobrepeso corporal, 41,5% eutrofia e 7,5% baixo peso. Através da Mini Avaliação Nutricional, identificou-se 6% dos idosos desnutridos, 23% em risco de desnutrição e 30% bem nutridos. A pontuação da média da Mini Avaliação Nutricional encontrada nas mulheres foi de 22,78 e nos homens 23,3 pontos. Das mulheres avaliadas, 31,7% apresentavam estar bem nutridas pela Mini Avaliação Nutricional, porém pelo Índice de Massa Corporal, 7,3% estavam com diagnóstico de baixo peso. Considerações finais: o estudo revelou que houve uma baixa prevalência de idosos desnutridos e em risco de desnutrir na população estudada. Entretanto, pode-se considerar que a Mini Avaliação Nutricional não incluiu no estudo pacientes acamados, levando-se em consideração que estes apresentam um maior risco de desnutrir, ou ainda, que a população do estudo é composta por idosos ativos. Percebe-se a necessidade de melhorar e desenvolver estratégias de saúde para a prevenção e controle da obesidade e da desnutrição.

DESCRITORES: idoso, avaliação nutricional, índice de massa corporal

Abstract

Objective: Measure the nutritional status of elderly participants in a Program for the

prevention of health problems. Methodology: descriptive, cross-sectional, quantitative study with elderly individuals 60 years of age or older. Counted with short Nutritional application Assessment to measure the nutritional status of the elderly. For the analysis, mean descriptive statistics and standard deviation were used. Results: 53 elderly were measure, of which 77% were women and 23% were men. The Body Mass Index in the majority of the elderly (51%) was classified as overweight, 41.5% eutrophic and 7.5% underweight. Through the short Nutrition Assessment, 6% of malnourished elderly people were identified, 23% were at risk of malnutrition and 30% were well nourished. The average score of the short Nutritional Assessment found in women was 22.78 and in men 23.3 points. Of the women evaluated, 31.7% were well-nourished by the Mini Nutrition Assessment, but by the

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Body Mass Index, 7.3% were diagnosed with low weight. Final considerations: the study revealed that there was a low prevalence of undernourished elderly individuals who were at risk of malnutrition in the study population. However, it can be considered that the short Nutritional Assessment did not include in the study bedridden patients, taking into account that they present a higher risk of malnutrition, or that the study population is composed of active elderly. There is a need to improve and develop health strategies for the prevention and control of obesity and malnutrition.

DESCRIPTORS: elderly, nutritional assessment, body mass index

INTRODUÇÃO

O Brasil está envelhecendo de forma rápida e intensa. Essa nova realidade traduz a mudança do perfil demográfico e epidemiológico da população brasileira, influenciada por diversos fatores como: avanços tecnológicos, queda da fecundidade e mortalidade, melhoria nos serviços de saúde e aumento na expectativa de vida (BRASIL, 2010).

Pode-se dizer que o Brasil está caminhando velozmente em direção a um perfil demográfico cada vez mais envelhecido. O qual causará novos desafios a serem enfrentados no cuidado à população idosa, dirigidos principalmente às políticas de saúde, a assistência social e a previdência social (BRASIL, 2010).

Ao passo que o envelhecimento torna-se um processo natural de diversas alterações no organismo, ora pode afetar diretamente o estado nutricional do idoso, pelo motivo de que é tarefa árdua a manutenção de um estado nutricional adequado, frente às doenças crônicas, à associação do uso de medicamentos, às modificações fisiológicas inerentes à idade que interferem no apetite, no consumo e na absorção de nutrientes e às questões sociais e econômicas que muito prejudicam a prática de uma alimentação saudável (BASSLER, C.; LEI, D., 2008).

De fato, o processo de envelhecimento acarreta alterações fisiológicas, sociais, psicológicas e econômicas, assim, como a perda da capacidade funcional e da autonomia é responsável pelos distúrbios nutricionais observados nessa faixa etária.

O peso corporal e a estatura são as alterações que mais tendem a diminuir. Porque há diminuição da massa magra e modificação no padrão de gordura corporal, onde o

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tecido gorduroso dos braços e pernas começa a diminuir (GUEDES ACB et al. 2008; MENEZES, 2005).

Dessa forma, é importante a avaliação nutricional do idoso para o diagnóstico do estado nutricional, utilizando parâmetros como história clínica, dietética, exames laboratoriais e dados antropométricos, para que se possa, efetivamente, chegar a um diagnóstico fidedigno e colaborar para a recuperação e manutenção do estado nutricional (GARCIA et al., 2007; SOUZA et al 2015).

A avaliação nutricional também pode detectar precocemente a desnutrição e auxiliar os profissionais no tratamento para a recuperação e promoção da saúde dos idosos. Por meio da avaliação nutricional, é possível identificar indivíduos em risco nutricional e estabelecer programas de intervenção com o objetivo de corrigir déficits e evitar agravos à saúde (SPEROTTO et al., 2010).

Nos últimos anos têm sido desenvolvidos instrumentos econômicos e fáceis de manusear, os quais permitem avaliar a população de idosos. Um desses instrumentos chama-se Mini Avaliação Nutricional (MAN), visto que, a sua finalidade é de avaliar o risco de desnutrição e identificar a população suscetível a intervenções (COLEMBERGUE et al, 2011).

A Mini Avaliação Nutricional (MAN) foi desenvolvida tendo em vista ser um método simples e rápido de identificação de pacientes idosos que apresentam risco de desnutrição ou que já estão desnutridos. A MAN está relacionada com as condições de vida, padrões de refeições, e condições médicas crônicas e permite a intervenção orientada. A MAN tem sido utilizada com sucesso na avaliação de acompanhamento de resultados, como a intervenção nutricional, programas de educação nutricional e programas de intervenção física em idosos (GUIGOZ; LAUQUE; VELLAS, 2002).

Esta ferramenta é útil na prática clínica para avaliação geriátrica. Desde a sua validação em 1994, a MNA foi utilizada em centenas de estudos e traduzida para mais de 20 idiomas. É uma ferramenta validada, com alta sensibilidade, especificidade e confiabilidade, podendo ser utilizável por qualquer profissional da saúde (VELLAS et al, 2006).

Portanto, o maior desafio no cuidado em nutrição aos idosos é contribuir para que, apesar das progressivas alterações orgânicas, o processo de envelhecimento ocorra com qualidade e autonomia.

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MAN, dos idosos participantes do Programa de prevenção de agravos à saúde, de um Município do estado do Rio Grande do Sul.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo do tipo transversal, quantitativo, tendo como núcleo de pesquisa a avaliação do estado nutricional de idosos participantes de um programa de educação e prevenção em saúde. Para a avaliação do estado nutricional dos idosos utilizou-se a MAN.

O projeto foi submetido à apreciação e aprovação sob número 1.766.256 do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, sendo elaborado com base na resolução do CNS nº 466/2012.

O estudo ocorreu em um Hospital do estado do Rio Grande do Sul, com um grupo de pessoas idosas que necessitam de acompanhamento especializado. Este acompanhamento é realizado por uma equipe interdisciplinar, composta por Enfermeira, Farmacêutica, Nutricionista e Psicóloga. A equipe realiza o atendimento ambulatorial a idosos, através de avaliações e orientações terapêuticas, sendo que, o acompanhamento dos idosos pela equipe tem por finalidade evitar o isolamento, hospitalização e a institucionalização, monitorando desta forma a saúde e prevenindo agravos à saúde.

Participaram da pesquisa 53 idosos, com idade igual ou superior a 60 anos de ambos os sexos, que concordaram em participar do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Foram considerados critérios de exclusão do estudo: idosos acamados (debilidade clínica grave) e em cadeira de rodas, situações limitantes para avaliação e que dificultam a vinda do indivíduo até o local onde se desenvolve o programa, doença neurodegenerativa (devido à dificuldade de compreensão, bem como de resposta) e os idosos que não aceitaram participar do estudo, pois é de livre e espontânea vontade a participação neste estudo.

A coleta dos dados e a aplicação do questionário foram realizadas no período de novembro de 2016 a janeiro de 2017, no Hospital, pela pesquisadora na sua sala. Os idosos foram avaliados individualmente para minimizar os desconfortos provenientes da avaliação nutricional e da aplicação do questionário, respeitando a privacidade.

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Avaliou-se o estado nutricional dos idosos através da Mini Avaliação Nutricional. A MAN é dividida em: triagem e avaliação global. Primeiramente, os idosos foram submetidos à triagem verificando se houve diminuição da ingestão alimentar por perda de apetite, problemas digestivos, dificuldade para mastigar ou deglutir, perda de peso corporal nos últimos meses, mobilidade, estresse psicológico ou doença aguda nos últimos três meses e problemas neuropsicológicos (demência ou depressão); o escore máximo da triagem é de 14 pontos e pontuações ≤ 11 sugerem desnutrição, já pontuação igual ou maior a 12 desnecessário continuar a avaliação. (GUIGOZ; LAUQUE; VELLAS, 2002).

Segunda parte da MAN foi compreendida pela avaliação global, está consistiu em questionar se o idoso, durante o dia, utilizava mais de três medicamentos, se possuía lesões ou escaras, quantas refeições realizava, quais os alimentos consumidos e a frequência, a quantidade de líquidos, o modo de se alimentar (sozinho ou com auxílio) e uma auto percepção de seu estado nutricional e de sua saúde em relação a outras pessoas de mesma idade e avaliação antropométrica (circunferência do braço e da panturrilha). O escore máximo da avaliação global é de 16 pontos. Dessa forma, o MAN totaliza uma pontuação máxima de 30 pontos; pontuações de 17 a 23,5 indicam risco nutricional e abaixo de 17 indicam desnutrição (GUIGOZ Y.; LAUQUE S.; VELLAS B., 2002).

A avaliação antropométrica foi compreendida pelo registo de peso corporal, estatura, cálculo do IMC, Circunferência do Braço (CB) e Circunferência da Panturrilha (CP). Estas medidas foram aferidas em todos os participantes da pesquisa.

A determinação do peso corporal foi mensurada em balança digital, marca Welmy, com capacidade de 150 kg e intervalo de 100g, previamente calibrada. O idoso foi pesado em posição ereta com pernas e calcanhares juntos e braços ao longo do corpo, sendo orientado a usar roupas leves. Para a estatura utilizou-se uma fita métrica inelástica fixada em parede. O idoso foi orientado a ficar de pés descalços com os calcanhares juntos em posição ereta, encostados na parede. O peso corporal e a estatura foram combinados através da fórmula do Índice de Massa Corporal, e o resultado, classificado segundo THE NUTRITION SCREENING INITIATIVE (1994).

A medida da Circunferência do Braço e a Circunferência da Panturrilha foram mensuradas com fita métrica inelástica. A Circunferência do Braço medida no ponto médio entre o acrômio e o olécrano e a Circunferência da Panturrilha mensurada com o idoso sentado com pés ligeiramente afastados e a perna direita em ângulo de 45º sendo a fita colocada na circunferência máxima da panturrilha.

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Os resultados encontrados nesta pesquisa foram tabulados com o auxílio do programa Microsoft Excel (2013). Os dados foram analisados segundo média e desvio padrão.

RESULTADOS

Foram avaliados 53 idosos, com idades compreendidas entre os 61 e 92 anos, sendo 77% do sexo feminino e 23% do sexo masculino. A maioria da população encontrava-se no intervalo de idades compreendidas entre os 70- 79 (37,7%) e os 80 – 89 (32,1%) anos de idade (Tabela 1).

TABELA 1 – Distribuição da população de acordo com a faixa etária e o sexo.

Ao explorar o peso corporal com a estatura dos idosos em estudo permitiu-se calcular o Índice de Massa Corporal (IMC), segundo os critérios recomendados por THE NUTRITION SCREENING INITIATIVE (1994). O Gráfico 1 mostra que neste estudo, a maioria dos idosos (51%) obtiveram o resultado do IMC classificado com sobrepeso, 41,5% eutrofia e 7,5% baixo peso. A média de IMC encontrada nas mulheres foi de 29 kg/m2, 7,3% baixo peso, 36,6% com eutrofia e 56,1% em sobrepeso. A média de IMC dos homens foi de 27kg/m2, 8,3% baixo peso, 58,3% eutrofia e 33,3% sobrepeso.

Idade Homem n (%) Mulher n (%) Total n (%) 61 – 69 5 (41,7) 9 (22) 14 (26,4) 70 – 79 3 (25) 17 (41,5) 20 (37,7) 80- 89 3 (25) 14 (34,1) 17(32,1) 90-99 1 (8,3) 1 (2,4) 2 (3,8) TOTAL 12 (100) 41 (100) 53 (100)

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GRÁFICO 1: Distribuição da população conforme classificação do IMC e sexo

A avaliação da Circunferência Braquial (CB) foi verificada em toda a população. Nesta população a CB deu-se superior a 22 centímetros (cm), não mostrando risco de desnutrição. Sendo que no grupo das mulheres a média foi de 33,41 cm e nos homens 31,5 cm, observou-se que o grupo das mulheres esta medida foi maior. Já a avaliação da Circunferência da Panturrilha (CP), mostrou que 7% das mulheres apresentaram CP inferior a 31 cm, indicando risco de desnutrição e 93% esta medida estava à cima. Quando analisada a população total, 94,34% apresentaram CP acima de 31 cm. E a média em ambos os sexos encontrada foi de 38 cm (TABELA 2).

Mulheres (n= 41) Homens (n= 12)

Variáveis Média DP Min Max Média DP Min Max

CB(cm) 33,41 4,04 25 43 31,25 3,39 24 36

CP (cm) 38 4,80 21 48 38 3,10 34 46

TABELA 2: Análise das medidas CB (cm) e CP (cm) conforme sexo.

Ao aplicar a primeira parte (Triagem) da MAN, 41% da população encontraram-se com escore de triagem com 12 pontos ou mais, sendo desnecessário continuar a avaliação. Enquanto que 59% do restante da população continuaram com a avaliação, indicando assim, possibilidade de desnutrição. Desta população que concluiu a avaliação 6% encontram-se desnutridos e 23% em risco de desnutrição, conforme mostra na Tabela 3.

7,30% 36,6% 56,1% 8,30% 58,30% 33,30% 7,50% 41,50% 51,00%

BAIXO PESO EUTROFIA SOBREPESO

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Quando analisado o grupo dos homens, 16,7% encontram-se desnutridos e o comparar com o grupo das mulheres apenas 2,7%. Mas quando analisado o risco de desnutrição, o grupo das mulheres, se destaca com 26,8%, comparado com 8,3% dos homens. Ainda quando analisado a soma da MAN > 23,5 observou-se que 30% desta população podem estar bem nutridos, tendo como destaque o grupo das mulheres (31,7%).

Intervalos da MAN Sexo <17 Kg/m2 n(%) 17 - 23,5 Kg/m2 n(%) >23,5 Kg/m2 n(%) Interrompido MAN n(%) Total n(%) Homem 2 (16,7) 1 (8,3) 3 (25) 6 (50) 12 (100) Mulher 1 (2,4) 11(26,8) 13 (31,7) 16 (39) 41 (100) Total- n(%) 3 (6) 12 (23) 16 (30) 22 (41) 53(100)

TABELA 3: Distribuição da população conforme resultado da MAN e o sexo.

DISCUSSÃO

Do total de idosos estudados (53), observou-se maior proporção de mulheres (77%) em relação aos homens (23%), sugerindo maior participação das mulheres, pois elas são mais longevas e cuidam mais da saúde. Ao analisar isolados a faixa etária e o sexo encontrou-se no grupo das mulheres 41,5% com idades compreendidas dos 70- 79 anos, já no grupo dos homens 41,7% na faixa etária dos 61 – 60 anos de idade. Quanto à faixa etária da população total, 37,7% encontrou-se na faixa dos 70 – 79 anos de idade. Assim como neste estudo, alguns autores (MARTIN et al (2012); LOUREIRO (2008); COLEMBERGUE (2011)) encontraram valores semelhantes.

No estudo de MARTIN et al (2012) a amostra constituiu-se de 42 indivíduos idosos atendidos nos ambulatórios da disciplina de Geriatria e Gerontologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), sendo representada por 66,7% das mulheres e 33,3% por homens e a idade média dos idosos foi de 74,07 anos. A média do gênero feminino foi de 72,39 anos, variando de 64 a 86 anos e para o gênero masculino, a média de idade foi de 77,43 anos, variando de 64 a 87 anos. LOUREIRO (2008) avaliou 100 idosos em ambulatório, sendo que a distribuição dos idosos segundo o sexo foi heterogênea, e a grande maioria também é do sexo feminino (65%) para 35% do sexo masculino e a idade média 74 anos. COLEMBERGUE (2011) avaliou 28 idosos

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institucionalizados em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos do Rio Grande, dos quais 57,1% eram mulheres e a média de idade foi de 78,5 anos para sexo feminino e 77 anos para o sexo masculino. Entre as mulheres, 50% possuíam mais de 80 anos (longevas), enquanto apenas 33,3% dos homens estavam acima dos 80 anos.

Considerando o estado nutricional pelo método do IMC da população avaliada, 51% do total da população se encontram em sobrepeso corporal, sendo esta, com maior prevalência no grupo das mulheres (56,1%). No grupo dos homens se destacou a eutrofia com 58,30% e evidenciou-se também neste grupo comparado com as mulheres o baixo peso (7,30%). Semelhante foi verificado por ALTERMANN et al (2011), que detectaram elevada porcentagem de idosos com IMC acima de 27 kg/m² (50%), classificando- os com sobrepeso corporal, a classificação do estado de eutrofia foi o oposto do estudo, totalizando 66,6% do sexo feminino e 33,4% do sexo masculino e com baixo peso corporal 5,9% com total predominância do sexo feminino.

Observa-se que não foram significativos os resultados de desnutrição ao avaliar o IMC nesta população. Assim, como nesta pesquisa, outro estudo também evidenciou que as mulheres idosas apresentam maior prevalência de excesso de peso pelo maior acúmulo de gorduras e consequente aumento do IMC em relação aos homens (ALTERMANN et al, 2011).

Através da análise de adequação da CB pode-se constatar que neste estudo todos os idosos encontram-se com esta medida acima de 22 cm, não mostrando risco de desnutrição. O mesmo achado foi no estudo de CARDOSO (2006), onde toda a população apresentou CB igual ou superior a 22 cm. Corroborando com os estudos de LOUREIRO (2008), onde a maioria dos idosos (93%) tinha CB maior de 22 cm, enquanto que ninguém tinha CB menor de 21 cm. Já diferente do estudo desenvolvido por STÜRMER (2011), que observou 16,7% desnutrição e 83,3% com CB em sobrepeso. Esta medida não foi significativa para desnutrição, levando em consideração que com o aumento da idade pode ocorrer perda de gordura do braço indicando assim redução desta medida.

Com relação a CP constatou-se que 94,34% de toda população analisada encontrou-se com CP acima de 31 cm, não apresentando risco de desnutrição. Deve-se considerar que esta medida de acordo com a Organização Mundial da Saúde (WHO, 1998) é a melhor e mais sensível medida de massa muscular em idoso, por ser de grande precisão nessa faixa etária, indicando mudanças de gordura que ocorre com a idade e com a redução da atividade. O estudo de LOUREIRO (2008), se aproximou dos valores do

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presente estudo, mostrou que cerca de 85% dos idosos em ambulatório tinham valores superiores ou iguais a 31cm da CP e apenas 15% tinham valores inferiores a 31cm. CARDOSO (2006) em seu estudo mostrou que 11,1% apresentavam CP inferior a 31 cm, indicando risco de desnutrição.

Por meio da MAN, foi constatado que 30% do total da população encontrou-se bem nutrido, considerando que 41% interromperam a MAN. Evidenciou-se que apenas 6 % do total da população encontrou-se em desnutrição, sendo que a grande maioria não apresentou risco nutricional. A maior prevalência de desnutrição (16,7%) foi no grupo dos homens, já o grupo das mulheres 26,8% em risco de desnutrição e 31,7% bem nutridas.

No estudo desenvolvido por LOUREIRO (2008) 54% dos idosos do ambulatório encontraram-se em risco de desnutrição, 41% nutridos e 5% desnutridos. Já no estudo de MARTIN (2012) a média da MAN foi de 26,82 pontos, 26,5 pontos para o sexo feminino e 27,46 para o masculino. Apenas dois indivíduos, tanto na amostra feminina quanto na masculina, apresentaram risco nutricional pela MAN, representando 7,1% nas mulheres e 14,3% nos homens.

Por meio deste estudo que utilizou como ferramenta principal a MAN, pode-se verificar que houve uma baixa prevalência de idosos em risco de desnutrir e desnutridos na população avaliada. Esta ferramenta é sensível o suficiente para detectar pequenas mudanças no estado nutricional que podem ocorrer ao longo do tempo, além de poder ser aplicada por qualquer profissional bem treinado. Sempre que possível, o profissional nutricionista deve completar a avaliação nutricional com os inquéritos dietéticos, que possibilita maior compreensão dos déficits de nutrientes que podem ocorrer.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aplicação da MAN como ferramenta para avaliar o estado e traçar o perfil nutricional de uma população idosa deve ser cautelosa, pois, mesmo que na triagem as respostas tenham resultado como eutrofia, alguns dos idosos estavam com IMC abaixo da referência proposta por THE NUTRITION SCREENING INITIATIVE (1994).

Um estado nutricional de desnutrição traz consequências sérias para a saúde e, em alguns casos, irreversíveis, tendo que ser investigados, pois se considera a descoberta precoce da alteração do estado nutricional de uma população é essencial para o

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desenvolvimento de prevenção e/ou de intervenção terapêutica, evitando o aparecimento de doenças e melhorando a qualidade de vida dessas populações (COLEMBERGUE, 2011).

Considerando os dados evidenciados no estudo, pode-se perceber que a baixa prevalência de desnutrição desta população pode advir porque a MAN não incluiu no estudo pacientes acamados física ou mentalmente, sendo um dos fatores da baixa prevalência de desnutrição nesta população. Ou de estar ocorrendo a transição nutricional nesta faixa etária, onde estudos relatam maior prevalência de excesso de peso do que déficit, pois a ferramenta utilizada no estudo inviabiliza detectar excesso de peso nos idosos. Além destas observações também é possível esses resultados estarem relacionados às condições ambientais desta população, que acaba sendo composta por idosos ativos.

A prevenção e o controle da desnutrição em idosos, seja em nível ambulatorial ou hospitalar, deve ser uma meta considerada por toda a equipe de saúde envolvida nos serviços de atendimento a esta população. Para que, a importância do seguimento da avaliação nutricional desta população possa intervir precocemente é necessário continuar o monitoramento frequente por meio de outras ferramentas que complementem a MAN e assim, possam intervir de forma precisa.

Portanto, ainda há necessidade de melhorar e desenvolver estratégias de saúde para a prevenção e controle da obesidade e da desnutrição através do estímulo de uma alimentação saudável e da prática de exercícios físicos, contribuindo assim para uma melhora da qualidade de vida dos idosos.

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REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saude. Resolução CNS nº 466 de

12 de dezembro de 2012. Disponível em:

<http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf>. Acesso em: 06 jun. 2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde : Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2011. 76 p. : il. – (Série G. Estatística e Informação em Saúde). CARDOSO, E. Avaliação do Estado Nutricional de Idosos Institucionalizados Estudo de caso - Avaliação de Intervenção. Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação; Universidade do Porto. Porto. 2007.

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Referências

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