TÍTULO: PREVALÊNCIA DE HIPOVITAMINOSE D EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 (DM2) ATENDIDOS NO HOSPITAL ELECTRO BONINI. PARTE I - ESTUDO PRELIMINAR DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO
TÍTULO:
CATEGORIA: EM ANDAMENTO CATEGORIA:
ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA:
SUBÁREA: MEDICINA SUBÁREA:
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO INSTITUIÇÃO:
AUTOR(ES): ANDRÉ LUIZ CICILINI AUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): ADRIANA PELEGRINO PINHO RAMOS ORIENTADOR(ES):
COLABORADOR(ES): MALENA VERONA SINGLING COLABORADOR(ES):
1. RESUMO
A hipovitaminose D tem sido mundialmente considerada um problema de saúde pública devido a sua participação no desenvolvimento de diversas doenças.
Essa vitamina tem funções endócrinas na forma biologicamente ativa, o 1,25 (OH)2
D, que atua como um hormônio esteroide quando se liga aos receptores de vitamina D (VDR). Estudos tem relatado a relação da vitamina D com o agravamento do diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Há receptores VDR nas células β pancreáticas e evidências de que a vitamina D regula a função dessas células e/ou influencia a secreção de insulina, alterações essenciais para o surgimento do DM2. Esta é uma doença de alta prevalência mundial e alto índice de morbimortalidade, além de exigir grandes custos com saúde. O DM2 está relacionado a sérios distúrbios sistêmicos imunes, micro e macrovasculares. Pesquisas e análises nacionais sobre a correlação do diabetes e hipovitaminose D ainda são escassas, mas dada a séria prevalência e a magnitude mórbida que os dois fatores apresentam, torna-se relevante a elucidação de suas implicações na saúde pública brasileira. Evidenciar o perfil epidemiológico da população envolvida pode ser um indicador importante para nortear novas terapêuticas e desenvolver politicas públicas mais precisas e efetivas em relação ao DM2.
2. INTRODUÇÃO
A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel de origem vegetal, o ergocalciferol ou de origem animal, o colecalciferol. Ela pode ser obtida de forma exógena por meio do consumo de alimentos, tais como óleos de peixes, ovos, cogumelos comestíveis, dentre outros, ou endógena, através da conversão de 7-desidrocolesterol em colecalciferol por radiações UV (230-313 nm) que penetram a pele. São necessárias duas hidroxilações no organismo para dar origem ao 1,25 (OH)2 D ou calcitriol, que atua como um hormônio esteroide ao se ligar à seus receptores VDR.
Estudos têm evidenciado uma associação entre a prevalência de hipovitaminose D com diabetes mellitus 2 (DM2) e seus agravos. Há receptores VDR nas células-β e de proteínas ligadoras de cálcio dependente de vitamina D (DBP) no tecido pancreático – portanto, há evidências de que a vitamina regula a função das células β pancreáticas, inibindo sua apoptose, aumentando sua replicação e/ou influenciando a secreção de insulina.
Essas alterações são essenciais para o surgimento do DM2. Suas principais causas de mortalidade e morbidade estão relacionadas às complicações de sua
cronicidade que acarreta danos secundários como cardiovasculares, nefropatia, retinopatia e neuropatia.
Em sua última edição, o “International Diabetes Federation - Diabetes Atlas”
mostra que ao final de 2013, o diabetes causou 5,1 milhões de mortes a um custo estimado em 548.000 milhões de dólares. O Brasil ainda aparece em 4º lugar no ranking. A prevalência global é de 8,3% e em 2035 será de 10,1%.
A maioria dos países latino-americanos não desenvolve um sistema de vigilância epidemiológica para as doenças crônicas, em particular sobre o diabetes mellitus. No Brasil, os estudos sobre a deficiência de vitamina D também são escassos.
Com efeito, dada à magnitude desta problemática, mais do que interesse puramente teórico ou acadêmico, o presente estudo tem preocupações epidemiológicas, econômicas e sociais.
3. OBJETIVOS
Identificar o perfil epidemiológico geral e estratificado da população idosa portadora de DM2 com possível prevalência de hipovitaminose D atendidos no Hospital Electro Bonini.
4. METODOLOGIA
Estudo observacional transversal descritivo ambispectivo e quantitativo. O processo da primeira parte consiste em coleta de dados (triagem, entrevista e coleta de material biológico). O da segunda parte, dosagem de vitamina D por eletroquimioluminescência e análise estatística (correlação do perfil epidemiológico e prevalência de hipovitaminose D por testes de hipótese – ANOVA One away e t de
Student). São selecionados apenas os pacientes com idade ≥ 60 anos e com
diagnóstico de DM tipo 2. Aprovado pelo Comitê de Ética nº 371.362 de 26/08/2013.
5. DESENVOLVIMENTO
Nesta primeira etapa de pesquisa foi feita uma revisão da literatura para o embasamento teórico e argumentativo relativos à associação de DM2 e hipovitaminose D, bem como busca em base de dados sobre indicadores sociais brasileiros.
Um questionário, não validado, sobre identificação, hábitos alimentares e de vida, bem como perfil médico e socioeconômico foi desenvolvido e é aplicado em todas as entrevistas das quais são prospectadas as variáveis aqui apresentadas.
Os parâmetros para detecção do perfil epidemiológico são: Índice de Massa Corporal (IMC) através de dados de peso e altura; Etnia; Relação entre a idade e prevalência de DM2; Controle Glicêmico; Controle Lipídico; Controle Anti-hipertensivo; Comorbidades; Hábitos Alimentares; Hábitos de vida e Antecedentes familiares.
As entrevistas são feitas com pacientes de no mínimo 60 anos que procuram o Laboratório de Análises Clínicas da Universidade de Ribeirão Preto com solicitações de exames para monitorar o controle glicêmico e, aceitam a participar da pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A segunda parte do trabalho será iniciada em novembro de 2015.
6. RESULTADOS PREMILINARES
Até o momento foram coletados dados de 37 pacientes, sendo 20 mulheres e 17 homens. A média do IMC foi de 29,27 (±5,60), sendo que 32,43% demonstraram sobrepeso, 37,83% algum grau de obesidade, 27,03% peso normal, e 2,71% não sabem ou não informaram.
A população percentual majoritária declara-se branca, 67,57%; 5,41% pretos; 16,20% pardos e 5,41% amarelos. Não quiseram/ não responderam 5,41% dos
entrevistados; não há indígenas entre o grupo étnico. O tempo de conhecimento do
diagnóstico de DM2 foi em média de 11,35 anos (±9,49), com respostas variando de 6 meses até 42 anos.
Considerando que 100% deles são diabéticos, 88,46% hipertensos, 66,67% dislipidêmicos e 70,26% acima do peso normal, temos neste espaço amostral, grosso modo, no mínimo 66,67% de pacientes com síndrome metabólica Apresentam histórico familiar de DM2, 72,97% dos pacientes. .
Diante dos dados prévios, conclui-se que o perfil epidemiológico predominante é composto por idosos com média de 69 anos; portadores DM 2 em torno de 11,35 anos cuja terapêutica preferida é Metformina 850mg com tempo de uso de 5-10 anos; sexo feminino; brancos; com sobrepeso; dislipidêmicos cuja terapêutica preferencial é Sinvastatina 20mg; hipertensos; sedentários; portadores de síndrome metabólica e com histórico familiar de diabetes. Alguns estudos brasileiros
correlacionam os níveis séricos de vitamina D não apenas com a DM2, mas também a Síndrome Metabólica e níveis pressóricos na população.
Um estudo em andamento deste Diretório de Pesquisa, desenvolvido por SINGLING et. al tem buscado identificar os níveis séricos de vitamina D nesta população aqui evidenciada, através de análise qualitativa. Até o momento, 74,28% dos pacientes apresentaram hipovitaminose D, com média de 24,33 ng/mL (±9,82) o que de maneira geral demonstra a dominância de níveis insuficientes.
Deste modo, em posterior análise quantitativa, esperamos encontrar neste perfil epidemiológico hipovitaminose D em consonância com evidências que estão
sendo investigadas bem como as publicadas.
7. FONTES CONSULTADAS
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