TÍTULO: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA TINTURA DE GOIABEIRA NO CONTROLE DE PLACA BACTERIANA ORAL EM CRIANÇAS NA ESCOLA E.M.E.B CECÍLIA MEIRELLES, VALINHOS - SP TÍTULO:
CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:
ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA:
SUBÁREA: Farmácia SUBÁREA:
INSTITUIÇÃO(ÕES): UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP INSTITUIÇÃO(ÕES):
AUTOR(ES): MIRELLE OLIVEIRA DE ALMEIDA AUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): NILSA S. YAMASHITA WADT ORIENTADOR(ES):
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AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA TINTURA DE GOIABEIRA NO
CONTROLE DE PLACA BACTERIANA ORAL EM CRIANÇAS NA
ESCOLA E.M.E.B CECÍLIA MEIRELLES, VALINHOS - SP
Discente: Mirelle Oliveira de Almeida
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP RESUMO:
O trabalho preventivo em escolas é essencial para que se diminuam as placas bacterianas e cáries. O projeto na escola da Prefeitura de Valinhos focou na educação e prevenção, além de cuidados e a utilização de fitoterápicos para atingir este fim. Tem sido estudada e já foi comprovada a eficácia da goiabeira no controle de bactérias de mucosa oral. Como a goiabeira é uma planta encontrada em todo Brasil, seu acesso fácil e custo baixo foram fatores para sua escolha neste projeto. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Humanos (CAAE: 81079919.9.0000.5512). Duas classes participaram utilizando a tintura glicólica, e o solvente da tintura. O grupo solvente foi o controle para verificar a eficácia dos ativos da tintura com folhas de goiabeira. Foram pingadas 5 gotas da tintura e do solvente em 50mL de água e os bochechos foram realizados após o lanche. Este procedimento foi realizado de segunda a sexta feira, na escola, com supervisão das professoras. Houve uma diminuição de dentes com formação de placas de 2 e 6% do grupo tintura quando comparado ao grupo solvente. A tintura auxiliou na prevenção da placa bacteriana dental.
INTRODUÇÃO
A população utiliza as plantas medicinais para tratamento de diversas patologias desde os primórdios, como exemplo, os processos ulcerosos, porém a investigação científica é de fundamental importância para se comprovar a veracidade de tais fatos (MINATEL et al, 2013, WADT, 2000).
Com a Política Nacional de Plantas Medicinal e Fitoterápico e a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS), os fitoterápicos estão ganhando maior importância dentro do Sistema Único de Saúde, principalmente por ser um tratamento normalmente de baixo custo, podendo assim ser utilizado, com maior facilidade pelas populações mais carentes. Há o incentivo do Ministério da Saúde para que se implante a fitoterapia nos municípios (BRASIL, 2006, a, b).
Valinhos é um município do interior de São Paulo com cerca de 117 mil habitantes, sendo que possui uma estrutura de postos de saúde que fornecem atendimento odontológico básico, além do CEO (Centro de Especialidades Odontológicas), favorecendo grande parte da população.
A placa bacteriana é um “mal” que acomete pessoas em todas as faixas etárias e pode ser definida como uma comunidade de micro-organismos encontrados na superfície dos dentes formando um biofilme, envoltos em uma matriz de polímeros produzidos pelos micro-organismos (TAHMASSEBI et al, 2015).
O controle da placa é realizado por escovação e agentes antimicrobianos, porém esses métodos nem sempre são efetivos, o que pode ocasionar sérias doenças, inclusive cardíacas (KLUKOWASKA et al, 2015, HELLGVIST et al, 2015)
Muitas vezes a lesão ocasionada pelas placas bacterianas leva a extração do dente, o que poderia ser evitada com cuidados com a dieta, escovações diárias, entre outros fatores (EIKAIALI et al, 2016).
Vários tratamentos têm sido utilizados na tentativa de controlar a placa bacteriana, por exemplo, a fototerapia dinâmica, clorexidina, timol, flúor, entre outros (TAHMASSEBI et al, 2015, FLAMEE et al, 2015), porém esses agentes são químicos ou de mais difícil acesso, como no caso da fototerapia.Além da atividade antimicrobiana, o extrato das folhas de goiabeira também apresentou atividade
anti-inflamatória (WADT et al, 2005, WADT et al, 2010) e o gel orabase elaborado com extrato de folhas de goiabeira apresentou atividade cicatrizante (FERNANDES et al, 2010).
Objetivo : o objetivo desse projeto de pesquisa é fazer a comprovação
científica da eficiência do tratamento com tintura glicólica de folhas goiabeira no controle da placa bacteriana e, consequentemente, a redução da cárie dental em estudantes do município de Valinhos.
Justificativa: a placa dental é um biofilme que agride os dentes sendo
responsável pela formação, por exemplo, das cáries dentais e até patologias mais graves. Seu combate requer estratégias que vão desde a escovação até a utilização de substâncias para sua remoção como a clorexidina. A alternativa de prevenção da formação das placas utilizando produtos de origem natural, sem toxicidade e sem resistência microbiana.
MATERIAL e MÉTODOS:
O material usado para este trabalho foi uma tintura glicólica feita por maceração, preparada a partir de folhas secas de goiabeira, originárias da região de Valinhos, no interior de SP. Essas folhas foram secas em estufa de circulação de ar e possuem certificação de origem, plantio sem agrotóxicos e propriedade fitoterápica garantida.
A tintura glicólica foi elaborada nos laboratórios da UNIP- Marques, pelo método de maceração. Vinte g de folhas secas de goiaba foram trituradas e colocadas em erlenmeyer com 100mL de solvente (glicerina e etanol 70% - 1:1), agitadas por 15 minutos e deixadas em maceração em local escuro por 2 semanas. Após este período a tintura glicólica foi filtrada por gaze e completado o volume até 100 mL.(Farmacopéia brasileira, 2010)
A dosagem de fenóis e proteínas foi realizada na tintura glicólica para que se tenha um parâmetro, visto que as folhas podem ter variação sazonal, então se tentará manter o máximo possível as dosagens iguais. O método de quantificação de proteínas foi realizado através do método de Lowry, em equivalentes de SAB
(Soro Albumina Bovina) (LOWRY, 1951) e, quantificação de fenóis baseado no método de SWAIN & HILLIS (1959), em equivalentes de ácido clorogênico.
Análise de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) da tintura foi realizado para verificação dos compostos, segundo Mattila et al, 2000.
Amostras foram filtradas em filtros millipore 0,25 µm e 20µL da diluição 1:100 com metanol foi injetada no HPLC-UV (equipamento modelo YL-9300 com detector de UV). Os dados foram obtidos e processados em coluna de fase reversa (Kinetex RP-18, 25 cm x 4.5 mm), acoplados com um forno a 35ºC. A separação foi realizada com a fase móvel: ácido acético pH 3- 10mM em água milliQ (A) e metanol (B): 0-1min (20%B); 1.01 - 1.5 min (5% B); 1.51 - 8 min (4% B). O fluxo foi constante ( 1mL/min) e os picos detectados a 254nm. Todos os reagentes possuíam grau de pureza para HPLC (Merck e Sigma). Água MilliQ foi utilizada na fase móvel do HPLC, bem como na preparação das amostras (Mattila et al, 2000).
Padrões dos ácidos: cafeico, clorogênico, ferrúlico, p-cumárico foram utilizados, bem como canferol e quercetina. Estes padrões foram diluídos em metanol/ácido acético e analisados na mesma eluição. Injeções (20uL) foram feitas em triplicate. A linearidade foi observada na faixa de concentração de 0,5 a 100µmol de cada padrão e as amostras foram quantificadas comparando com as curvas de calibração dos padrões. Os tempos de retenção foram: ácido cafeico=3.58 min; ácido clorogenico= 3.85 min; ácido ferulico= 3.71 min; canferol= 5.60min; ácido p-cumarico= 3.83; quercetina= 5.20 min.
A execução desse trabalho foi realizada pela Dra Nilsa Sumie Yamashita Wadt e dentistas da rede municipal de Valinhos, além de aluna da UNIP (Mirelle). As crianças que participaram do projeto são do segundo ano integrantes da rede de ensino, com aprovação do comitê de ética em humanos (CAAE: 81079919.9.0000.5512), além de uma reunião com pais, responsável e a coordenação da escola municipal designada pela prefeitura municipal de Valinhos para orientação, esclarecimento consentimento e a aprovação do conselho de ética da instituição.
A cada criança foi distribuído para o bochecho, 5 gotas da tintura glicólica em 50 mL de água em copinho plástico.
O grupo experimental fez bochechos diários com o extrato das folhas de goiabeira, seguindo o protocolo de manuseio e concentração da substância. O grupo controle usou nas mesmas condições da tintura, o solvente.
As crianças realizaram os bochechos após o intervalo do lanche de segunda a sexta feira, durante 80 dias consecutivos. A tintura glicólica foi administrada em copinhos plásticos que facilitem o manuseio pelas crianças e administração deste pelo educador.
A análise e controle da placa bacteriana foram feitas através de evidenciador de placa bacteriana e fotografia da cavidade oral depois da aplicação deste (dentes anteriores e posteriores em oclusão). Esta técnica foi aplicada em todas as crianças que participaram do trabalho de pesquisa.
RESULTADOS e DISCUSSÃO:
O que se espera do projeto é verificar a efetividade da tintura de folhas de goiaba na prevenção da placa microbiana dental e também no controle da halitose.
Para se ter um marcador de ativos foi verificado o teor da tintura glicólica de folhas de goiabeira em relação às proteínas e compostos fenólicos (tabela 1), visto que os principais metabólitos secundários da folha de goiabeira são os taninos e flavonóides, que são compostos fenólicos. Estes compostos fenólicos são responsáveis pela atividade antimicrobiana, pois complexam com proteínas da parede bacteriana evitando sua reprodução, além de complexarem com metais inibindo vias metabólicas dos micro-organismos (Alonso, 2004, Simões et al, 2004).
Tabela 2: relação dos picos de HPLC com os padrões goiaba álcool/glicólico 3,1 48,09 desconhecido 4,76 24,37 desconhecido 5,2 14,83 quercetina 6,16 7,21 Desconhecido 6,56 3,75 Desconhecido 6,75 4,75 desconhecido
Pela análise de HPLC foi possível observar que há o flavonóide quercetina e também substâncias com características mais polares indicando compostos fenólicos, o que justificaria a atividade antimicrobiana da tintura.
Foram analisadas duas classes uma de 14 alunos (Grupo Tintura) e outra de 6 alunos (Grupo Solvente) quantidade de alunos relacionado ao número de autorizações e faltas. Esses dois grupos participaram de três avaliações com evidenciador de placa (início, 30 e 80 dias).
Foram feitas 2 reavaliações com 30 e 80 dias consecutivos, inicialmente seriam 30, 60 e 90 dias, porém pela impossibilidade das dentistas e pelo calendário escolar, não seria possível a avaliação em 90 dias, pois os alunos estariam em férias, fora as reuniões, oficinas, copa do mundo que atrapalharam o andamento do projeto.
As avaliações iniciais foram realizadas tendo por base 6 dentes de cada aluno e as avaliações em 30 e 80 dias mostram que não houve grande redução no número de dentes tratados com diminuição de placas quando comparados ao controle, isto
0 10 20 30 40 50 60 0 5 10 V ol ta g e [mV ] Time [min]
pode ser explicado devido a alguns fatores que podem ter interferido nos resultados, por exemplo, as crianças do 2º ano não fazem a escovação dos dentes na escola o que pode interferir no resultado, pois dependendo da higiene que se tenha em casa pode interferir diretamente. Outro fator é que muitas crianças não gostavam do sabor da tintura e apesar de ser pedido que não tomassem água após o bochecho muitos faziam “escondido” tomando, inclusive, água da pia do banheiro.
Em outra pesquisa que ocorreu paralelamente a esta, e na mesma escola, foi realizado um grupo que foi o controle água, isto é sem ativos que pudessem ter atividade antimicrobiana. Então foi possível realizar a avaliação com os dois grupos que utilizavam algum tipo de solvente que poderia ter atividade antimicrobiana e um grupo sem ativo.
O grupo solvente é importante para verificar se foram os ativos da folha de goiabeira os responsáveis pela atividade antimicrobiana.
Figura 2: proporção de dentes tratados
Pelos dados da figura é possível observar que houve uma melhora nas placas em proporção ao número de dentes tratados. A melhora foi de 2% na primeira avaliação (30 dias) e de 6% na segunda avaliação (80 dias) quando comparados os grupos solvente (excipiente) e tintura. Porém ao observar o grupo água foi possível verificar uma maior diminuição de placas 9% e 8% em relação à tintura, o que indica que o solvente sozinho tem uma atividade antimicrobiana, porém a tintura possui mais ativos que têm potencial antimicrobiano.
Se fosse utilizada por um tempo maior poderia ser que houvesse melhora mais acentuada.
10%
17% 19%
15% 17%
23%
CONTROLE EXCIPIENTE TINTURA
Proporção de dentes com diminuição de placas tratados com tintura, excipiente e controle
CONCLUSÕES
A tintura de folhas de goiaba possui atividade antimicrobiana controlando as placas dentais.
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