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Relatório de Estágio realizado na Farmácia Lusitana

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Academic year: 2021

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Farmácia Lusitana

Renato Barbosa de Sousa

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I

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Lusitana

13 de janeiro a 12 de agosto

Renato Barbosa de Sousa

Orientador: Dra. Cláudia Gonçalves

Tutor FFUP: Prof. Doutora Irene Rebelo

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II

Declaração de integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

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III

Agradecimentos

No final desta etapa tão marcante e que tornou possível a conclusão do curso, quero agradecer à Comissão de Estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, nomeadamente, à Professora Doutora Susana Casal, que me proporcionou a oportunidade de pôr em prática os conhecimentos adquiridos.

Quero também agradecer à minha tutora professora Doutora Irene Rebelo pela sua disponibilidade e apoio prestados durante todo o estágio.

Queria agradecer à D. Fernanda, por ter confiado em mim e aceitar a realização do meu estágio na sua farmácia, apesar de não estar à espera de receber mais estagiários este ano.

A toda a equipa da Farmácia Lusitana, e em especial à minha orientadorazinha Dra. Cláudia Gonçalves, quero deixar o meu mais sincero obrigado! Obrigado pela forma como fui recebido desde o primeiro dia, obrigado por todos os ensinamentos que me deram, obrigado pelo excelente exemplo de como ser um bom profissional e poder fazer parte de um ambiente de trabalho tão bom como o vosso! Todos contribuíram para que o meu tempo na farmácia fosse repleto de bons e inesquecíveis momentos. Quero agradecer ao meu primo e grande amigo Henrique Santos, designer informático, por todas as dicas e ajudas relativas ao suporte informático.

Por último e não menos importante, queria agradecer a toda a minha família, especialmente à minha mãe por ter estado sempre ao meu lado, por ter sido o meu pilar nos momentos mais desesperantes que tive ao longo do curso (foram bastantes) e por ter feito sacrifícios enormes para que um dia me conseguisse ver formado!

(5)

IV

Resumo

O estágio em farmácia comunitária corresponde à última etapa do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas e visa a aplicação e consolidação dos conteúdos teóricos aprendidos no decorrer dos nove semestres de curso que o precedem. Assim, para completar a minha formação, realizei um estágio com a duração de seis meses, entre os dias 13 de janeiro e 12 de agosto de 2020, na Farmácia Lusitana.

Ao longo do estágio, tive o privilégio de trabalhar com profissionais de excelência sempre dispostos a ensinar-me, incentivando-me a ser melhor e a resolver problemas. Tive a oportunidade de passar por várias áreas, desde o backoffice até ao atendimento ao público, adquirindo desta forma um maior e melhor conhecimento do que é ser farmacêutico. Aprendi muito com os profissionais com os quais contactei, com as formações a que pude assistir e, até com os utentes, por meio das situações mais caricatas que iam aparecendo no dia a dia.

O presente relatório encontra-se dividido em duas partes, sendo a primeira dedicada à descrição das características gerais das farmácias e, em específico, da farmácia Lusitana, contando também com o relato de algumas situações vividas na primeira pessoa durante o estágio.

A segunda parte compreende os 3 projetos distintos desenvolvidos durante este período. O primeiro projeto consistiu na realização de um rastreio Cardiovascular para os utentes da farmácia Lusitana; o segundo é relativo a uma palestra realizada numa associação “O Tecto” sobre o tema “Osteoporose”, juntamente com a realização de um panfleto informativo sobre a mesma temática; o terceiro é referente a “Infeções vaginais”, mais concretamente, a realização de um fluxograma para auxilio dos profissionais de saúde no atendimento.

(6)

V

Índice geral

Declaração de integridade ... II

Agradecimentos ... III

Resumo ... IV

Índice geral ... V

Índice de Tabelas ... VIII

Índice de Anexos ... VIII

Abreviaturas ... IX

Introdução ... XI

Parte I – Descrição das atividades desenvolvidas no estágio ... 1

1. Farmácia Lusitana ... 1

1.1 Localização e horário de funcionamento ... 1

1.2 Espaço Físico ... 1

1.3 Recursos Humanos ... 2

1.4 Sistema Informático ... 3

2. Gestão de stocks ... 3

2.1 Fornecedores e realização de encomendas ... 4

2.2 Receção e conferência de Encomendas ... 4

2.3 Armazenamento ... 5

2.4 Devoluções a fornecedores ... 6

2.5 Controlo de prazos de Validade ... 7

3. Dispensa de Medicamentos ... 8

3.1 Prescrição Médica ... 8

3.2 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 14

(7)

VI

3.4 Medicamentos Manipulados ... 15

3.5 Dispositivos Médicos ... 16

3.6 Medicamentos e produtos de Uso Veterinário ... 16

3.7 Suplementos Alimentares e Produtos Dietéticos ... 17

3.8 Produtos Fitoterapêuticos ... 17

3.9 Produtos cosméticos e de higiene corporal ... 17

4 Outros serviços de saúde prestados na FL ... 18

4.1. Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos ... 18

4.2 Administração de vacinas e medicamentos injetáveis ... 19

4.3. Consultas de nutrição ... 19

4.4 VALORMED ... 19

4.5 Cartão Saúda e Cartão Farmácia Normal/Lusitana ... 19

5 Formações ... 20

Parte II – Projetos desenvolvidos no Estágio ... 21

1. Projeto I: Rastreio Cardiovascular e Avaliação de Potencial Risco Cardiovascular na Comunidade ... 21

1.1 Justificação da escolha do tema ... 21

1.2 Enquadramento teórico ... 21

1.2.1 Fatores de Risco ... 21

1.2.1.1 Fatores de Risco Não Modificáveis ... 21

1.2.1.2 Fatores de Risco Modificáveis ... 22

1.2.2 Systematic Coronary Risk Evaluation (SCORE) ... 24

1.3 Objetivos ... 26

1.4 Métodos utilizados ... 26

1.5 Resultados e discussão... 26

1.6 Balanço final do projeto ... 29

(8)

VII

2.1 Justificação da escolha do tema ... 29

2.2 Objetivo e métodos utilizados ... 29

2.3 Enquadramento teórico ... 30

2.3.1 Fisiopatologia ... 30

2.3.2 Fatores de Risco ... 31

2.3.3 Recomendações para Prevenção ... 31

2.3.4 Diagnóstico... 32

2.3.4.1 DEXA (Absorciometria Radiológica de Dupla Energia) ... 32

2.3.4.2 FRAX® (Ferramenta de Avaliação de Risco de Fratura) ... 33

2.3.5 Tratamento farmacológico ... 33

2.4 Balanço final do projeto ... 34

3. Projeto III: Infeções vaginais ... 34

3.1 Justificação da escolha do tema ... 34

3.2 Objetivo e Métodos utilizados ... 35

3.3 Introdução teórica ... 35

3.3.1 Flora Vaginal... 35

3.3.1.1 Fatores que influenciam o equilíbrio da flora ... 36

3.3.2 Tipos de Infeções Vaginais ... 36

3.3.2.1 Vaginites Bacterianas ... 36

3.3.2.2 Vaginites Bacterianas Aeróbias ... 37

3.3.2.3 Candidíase vulvovaginal ... 37

3.3.2.4 Tricomoníase ... 37

3.4 Balanço final do projeto ... 38

Conclusão final ... 39

Referências ... 40

(9)

VIII

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Cronograma de atividades desenvolvidas no estágio

... XI

Tabela 2- Percentagem de comparticipação do SNS em função do escalão [9].

... 13

Tabela 3- Formações complementares realizadas durante o estágio

... 20

Tabela 4 - Classificação de HTA em adultos (Adaptado) [34].

... 22

Tabela 5- Critérios de diagnóstico da Hiperglicemia intermédia e da DM [37].

... 23

Tabela 6- Classificação do peso dos indivíduos (adaptado) [40]

... 23

Tabela 7 - Valores de PA dos utentes

... 27

Tabela 8- Resultados do SCORE

... 28

Tabela 9- Fatores de Risco para a osteoporose [70].

... 31

Tabela 10- Classificação da Osteoporose segundo a OMS [69, 70].

... 33

Tabela 11 - Comparação de sintomas entre as diferentes Infeções Vaginais [80].

... 38

Índice de Anexos

Anexo 1 – Risco cardiovascular para adultos com idade igual ou superior a 40 anos e igual ou inferior a 65 anos………45

Anexo 2 – Risco cardiovascular para adultos com idade inferior a 40 anos, igual para sexo feminino e masculino……….46

Anexo 3 – Panfleto elaborado para promoção do Rastreio………...……47

Anexo 4 – Gráficos dos resultados do Rastreio Cardiovascular………...48

Anexo 5 – Panfleto divulgado sobre a Osteoporose………...49

Anexo 6 – FRAX®PORT………..………...50

Anexo 7 – Apresentação PowerPoint sobre Osteoporose para profissionais de saúde………..51

(10)

IX

Abreviaturas

AVC – Acidente vascular cerebral

CCV – Candidíase vulvovaginal

CNP – Código nacional do produto

CT – Colesterol Total

DCV – Doenças Cardiovasculares

DGS – Direção Geral de Saúde

DM – Diabetes mellitus

DMO – Densidade mineral óssea

DT – Diretora técnica

EAM – Enfarte agudo do Miocárdio

FC – Farmácia Comunitária

FEFO – First expire, first out

FIFO – First in, first out

FL – Farmácia Lusitana

HTA – Hipertensão Arterial

IMC – Índice de massa corporal

MNSRM – Medicamento não sujeito a receita médica

MSRM – Medicamento sujeito a receita médica

OMS – Organização Mundial de Saúde

PA – Pressão arterial

PAD – Pressão arterial diastólica

PAS – Pressão arterial sistólica

PCHC – Produtos de cosmética e higiene corporal

(11)

X

PVA – Preço de venda autorizado

PVP – Preço de venda ao público

RCV – Risco Cardiovascular

SI – Sistema Informático

SNS – Serviço Nacional de Saúde

VA – Vaginite aeróbica

(12)

XI

Introdução

A profissão farmacêutica abrange múltiplos ramos e valências, dos quais são exemplo as análises clínicas, distribuição farmacêutica, assuntos regulamentares, farmácia comunitária e farmácia hospitalar. No entanto, na impossibilidade de contactar com todas estas áreas, o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas dispõe de um estágio profissionalizante em Farmácia Comunitária (FC) e/ou em Farmácia Hospitalar como uma etapa final essencial para a conclusão do mesmo.

De uma forma geral, a FC, em articulação com os cuidados de saúde primários constitui, para os portugueses, o primeiro contacto no que respeita a questões de saúde. Assim, é de extrema relevância que os profissionais que integram esta área sejam dotados de grande sentido de responsabilidade, disponibilidade e competência.

O farmacêutico comunitário assume assim uma posição de grande proximidade com a comunidade, o que permite a sua contribuição no uso responsável do medicamento, na gestão da terapêutica, na determinação de parâmetros bioquímicos, na identificação de pessoas em risco, na deteção precoce de diversas doenças e na promoção de estilos de vida mais saudáveis.

O presente estágio teve a duração de 6 meses e decorreu do dia 13 de janeiro até dia 12 de agosto, com interrupção do dia 26 de junho a 26 de julho por motivos de saúde. Foi realizado na Farmácia Lusitana (FL) com um total de 40h semanais e sob a orientação da Dra. Cláudia Gonçalves. As atividades desenvolvidas durante este estágio encontram-se descritas no cronograma representado na Tabela 1. Tabela 1 - Cronograma de atividades desenvolvidas no estágio

Atividades desenvolvidas

durante o estágio

janeiro fevereiro março abril maio junho julho agosto Receção de encomendas Armazenamento de produtos e reposição de stock Controlo dos prazos de validade Gestão de devoluções Determinação de parâmetros bioquímicos Atendimento com supervisão Atendimento sem supervisão Projeto 1 – rastreio Cardiovascular Projeto 2 – Osteoporose Projeto 3 – Infeções Vaginais

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1

Parte I – Descrição das atividades desenvolvidas no estágio

1. Farmácia Lusitana

1.1 Localização e horário de funcionamento

A FL localiza-se no centro de Vila do Conde, mais precisamente, na Praça Luís de Camões, nº20. Esta é uma ótima localização, uma vez que está situada numa zona onde existe muito movimento de pessoas por estar próxima de bastantes pontos de interesse e serviços importantes da cidade. São exemplos destes, o tribunal, o Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde, o Centro Hospitalar de Póvoa de Varzim/Vila do Conde, o centro de saúde e unidade de saúde familiar Santa Clara e os correios. Para além destes, encontra-se a cerca de 300m do local onde se realiza a feira do município, todas as sextas feiras. Outra vantagem da localização geográfica é este ser considerado uma zona com alguma atração turística, principalmente no verão, graças à proximidade da praia e do Rio Ave.

Quanto ao horário de funcionamento, a FL encontra-se aberta todos os dias do ano das 8h30 às 22h, sendo que quando se encontra de serviço, também está em funcionamento das 23h às 8h30.

1.2 Espaço Físico

1.2.1 Interior

O interior da FL é composto por dois pisos:

No piso inferior, localizam-se as casas de banho, um quarto de descanso, uma zona reservada para a alimentação dos funcionários, um escritório, sala de reuniões e um armazém para os excedentes de stock dos produtos, como é o caso dos produtos ortopédicos, de cosmética, fraldas, entre outros;

No piso superior, localiza-se a área de atendimento ao público, a zona de receção de mercadorias, o laboratório de preparação de manipulados, um armazém para medicamentos e uma casa de banho. Este piso encontra-se vigiado por um sistema de câmaras de vigilância. A área de atendimento ao público é constituída por oito postos de atendimento, equipados com um computador e um sistema de leitura e código de barras. Para além disto, existe um nono posto de atendimento correspondente ao atendimento de clientes da área de perfumaria. Atrás dos postos de atendimento, encontram-se alguns MNSRM, suplementos alimentares e outros produtos com elevado consumo.

Esta área tem acesso ao Gabinete de Atendimento Personalizado, um gabinete utilizado para realização dos serviços farmacêuticos (medição de parâmetros clínicos como glicémia, colesterol total, triglicerídeos, bem como a medição da pressão arterial e administração de injetáveis) e para qualquer atividade que requeira a proteção da privacidade do utente.

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2

A área de receção, verificação de encomendas e armazenamento do stock principal é de acesso exclusivo aos colaboradores da farmácia e pode ser acedida pelo exterior da farmácia através de uma porta existente na lateral da farmácia. Esta área encontra-se equipada com um balcão, quatro computadores, duas impressoras e uma impressora de preços e códigos de barras. Este local destina-se à realização de tarefas ligadas à encomenda de produtos, e à sua conferência e receção. Neste espaço, é também feito o armazenamento de medicamentos de referência e/ou MSRM, existindo para esse efeito armários com gavetas onde são colocadas as formas farmacêuticas sólidas, nomeadamente, comprimidos e cápsulas. Nas prateleiras são colocados os para os medicamentos genéricos nas formas farmacêuticas sólidas e, devidamente separados e identificados, os pós para suspensões orais, soluções orais, xaropes e granulados.

O excesso de stock que não é possível integrar nas gavetas ou nas prateleiras exteriores é também colocado no armazém em prateleiras. A FL possui um frigorífico onde são armazenados produtos, como vacinas e insulinas, que necessitam de temperaturas entre os 2-8ºC, de forma a garantir a sua conservação.

A farmácia dispõe de um laboratório, destinado à preparação de medicamentos manipulados, contendo todo o material e reagentes necessários para esse efeito.

1.2.2 Exterior

A FL é facilmente avistada pela cruz verde eletrónica existente no exterior, na qual são apresentadas informações como o nome da farmácia, a temperatura, a data e ainda alguns dos serviços prestados. Dispõe também de um letreiro de fundo verde com o nome e logotipo da farmácia e de duas grandes montras, uma frontal e uma lateral.

O acesso à farmácia é feito pela porta principal, na parte frontal da farmácia, que dispõe de uma rampa de acesso facilitado para pessoas com mobilidade reduzida. Na entrada da farmácia é possível consultar, entre outras informações, o nome do diretor técnico, o horário de funcionamento, os serviços farmacêuticos que presta e o calendário de serviços das farmácias de Vila do Conde.

1.3 Recursos Humanos

A equipa da FL é constituída por vinte e seis pessoas, sendo que a direção técnica encontra-se ao encargo da Dr.ª Sónia Vale. A restante equipa da FL é constituída por dois farmacêuticos adjuntos, seis farmacêuticos, cinco técnicos de farmácia, 3 profissionais responsáveis pela área da cosmética e perfumaria, 2 pessoas responsáveis pela entrada e reposição de produto, uma auxiliar de limpeza, uma pessoa responsável pela revisão do receituário e fechos das caixas, uma pessoa responsável pelas encomendas e logísticas associadas e ainda 3 pessoas responsáveis pela parte económica da farmácia.

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3

1.4 Sistema Informático

No caso da FL utiliza-se como sistema informático (SI) o SIFARMA2000® e o novo (ainda em implementação) “Modo de Atendimento” do SIFARMA, ambos desenvolvidos pela Glintt. Este sistema possibilita a elaboração e a receção de encomendas, controlo de prazos de validade, elaboração do inventário, realização e regularização de devoluções, impressão de códigos de barras, controlo de movimento de medicamentos, em especial de psicotrópicos e benzodiazepinas, e o processamento do receituário e de atendimento ao público. Neste último caso, o sistema oferece o suporte necessário à dispensa de medicamentos, incluindo o acesso a informação em tempo útil (grupo terapêutico, grupo homogéneo, posologia, indicações terapêuticas, contraindicações, efeitos adversos e interações medicamentosas) e a automatização das comparticipações, portarias e despachos.

As vantagens deste sistema informático são diversas, permitindo diminuir os erros de dispensa para que o farmacêutico se possa focar no utente, fazendo um aconselhamento mais seguro e com mais qualidade.

2. Gestão de stocks

A viabilidade e sucesso económico de uma farmácia dependem, quase sempre, de uma gestão de stock otimizada de acordo com as necessidades desta. Este tipo de gestão encontra-se associado à gestão económica e tem como objetivo alcançar um equilíbrio entre a minimização de custos e a maximização da disponibilidade dos recursos de acordo com a sua procura. No entanto, este equilíbrio nem sempre é facilmente atingível. Por um lado, a requisição de pouca quantidade de certos produtos pode conduzir ao seu esgotamento na farmácia, defraudando as expectativas do utente e, por outro lado, a compra em excesso dos mesmos pode conduzir a gastos ou devoluções desnecessárias. Assim, revela-se esrevela-sencial a existência de um planeamento estratégico cuidado no que respeita a este parâmetro. Existem diversas medidas de gestão de stock que podem ser implementadas numa farmácia e, para auxiliar e assegurar o cumprimento destas é, habitualmente, usado o SI existente na mesma.

Na FL, o Sifarma permite o registo de todos os movimentos relativos a um artigo, desde o momento em que este chega à farmácia até ao momento da sua venda, o que facilita a consulta do stock existente do mesmo na farmácia. Para além da possibilidade de consulta, podem também ser definidos stocks mínimos e máximos de acordo com a média de vendas, alertando para a necessidade de requisição dos produtos que se encontrem próximos do limite mínimo. No caso particular de alguns artigos, esta requisição ao fornecedor é gerada de forma automática. Estes valores de stock mínimo e máximo devem ser revistos e podem ser alterados sempre que necessário, podendo haver uma variação destes valores devido à época do ano, a existências de campanhas promocionais de produtos ou mesmo, devido a boas condições comerciais por parte dos fornecedores.

Devido à política rigorosa praticada pela equipa da FL no momento da receção de encomendas, são raras as vezes em que a informação disponibilizada pelo SI não corresponde à real, tornando-o numa

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4

ferramenta altamente fidedigna e indispensável na gestão de stock. Contudo, é imperativa uma verificação regular dos stocks físicos, de modo a garantir que estes se encontram concordantes com os stocks informáticos, pois há sempre a possibilidade de haver erros. Essas diferenças de stock que possam eventualmente existir, podem ser devidas a erros na entrada de encomendas, erros na colocação das etiquetas, na dispensa dos produtos ou até mesmo casos de furto, devendo ser assim corrigidas no SI.

2.1 Fornecedores e realização de encomendas

A compra de produtos faz parte dos principais critérios de uma gestão farmacêutica adequada. Como a farmácia é retalhista na cadeia de distribuição, pode fazer as suas encomendas através dos distribuidores grossistas, chamados de fornecedores, ou então diretamente aos laboratórios. Esta última tem como vantagem as margens de lucro obtidas devido às quantidades mínimas exigidas pelos laboratórios. Por sua vez, os fornecedores não exigem quantidades mínimas, sendo uma opção fundamental para a realização de encomendas diárias pela comodidade e rapidez.

Relativamente à FL, os distribuidores grossistas principais são a OCP® e Cooprofar®, sendo que também trabalha com a Empifarma® e Alliance®.

Tal como referi anteriormente, a FL recebe encomendas geradas automaticamente quando o stock de um produto atinge o valor mínimo definido do SI. Estas são designadas por encomendas diárias. Geralmente, os produtos que entram nestas encomendas correspondem aos produtos que foram vendidos no dia anterior, de forma de manter constante os stocks, para que não faltem produtos. Na FL são feitas três encomendas diárias, uma de manhã, uma no início da tarde e outra no final do dia.

Na eventualidade de serem necessários produtos que não estejam em stock na farmácia, quer por serem de venda esporádica ou por rutura de stock, é realizada uma encomenda instantânea. Esta é realizada através da funcionalidade para esse fim disponível na ficha do

produto no modo de atendimento do Sifarma® ou Sifarma2000®.

A encomenda por Via Verde destina-se a produtos de quota limitada, ou seja, que nem sempre estão disponíveis no distribuidor grossista e é realizada através do Modo de Atendimento do Sifarma® ou no Sifarma2000®, sendo solicitado o número da receita, a quantidade a encomendar e o fornecedor. Após receção da encomenda, o produto deve chegar à farmácia até 48 horas após a sua realização.

Já as encomendas diretas ao laboratório são feitas através de uma negociação entre os delegados de informação farmacêutica dos respetivos laboratórios e a responsável de encomendas. Assim, os delegados analisam o histórico de vendas da farmácia e avançam com uma proposta

2.2 Receção e conferência de Encomendas

Todas as encomendas que chegam à FL são entregues em local apropriado, com acesso ao exterior a partir de uma porta traseira de modo a não perturbar o atendimento dos utentes. Estas chegam

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5

em contentores apropriados e com a identificação do fornecedor. Deve-se ter em atenção e dar prioridade aos produtos de frio que chegam em contentores específicos e que devem ser acondicionados no frigorífico mal cheguem à farmácia.

Assim, inicia-se o processo de receção. Em primeiro lugar, deve-se verificar se as encomendas se fazem acompanhar da fatura ou guia de remessa e respetivos duplicados. De seguida e através do SI, no separador “Receção de Encomendas”, valida-se o número do documento, seguido do valor total da fatura e faz-se a leitura ótica dos códigos de barras ou insere-se o Código Nacional do Produto (CNP) de cada produto, um a um. Deste modo, para cada linha de produto confirmam-se vários aspetos, nomeadamente o código do produto, designação do produto, quantidade pedida e enviada, Preço de Venda ao Público (PVP), Preço de Venda Autorizado (PVA), Margem, Desconto, Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), Preço de Venda à Farmácia e valor final do produto. Também se verifica o Prazo de Validade (PV) que constam nos produtos, de modo a proceder à sua alteração no SI, caso esta seja inferior à validade que consta na linha do produto.

Em relação às reservas de produtos, quando se dá entrada de um produto e este está reservado para um utente, o SI dá a indicação de reserva e assim, é possível separar dos restantes produtos e avisar o utente que o produto já se encontra na farmácia.

Se durante a receção dos produtos, aparecerem produtos cujo stock correspondente seja negativo, significa que estes já se encontram pagos pelos utentes. Assim, os mesmos são separados e guardados numa prateleira, no backoffice da farmácia. Os produtos reservados são arrumados numa prateleira separada.

Por fim, verifica-se o valor total presente na fatura com o valor total da encomenda no SI. Aquando o término da receção, o SI automaticamente cria uma lista de produtos esgotados, permitindo a sua transferência para outro fornecedor e reportar esta informação à Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED). As guias das benzodiazepinas e estupefacientes são carimbadas e assinadas pela DT, sendo os originais guardados na farmácia durante três anos e os duplicados são enviados para os fornecedores. Este processo já é realizado sem papel, no caso da OCP Portugal e Cooprofar, sendo necessário validar a nível informático.

Uma das primeiras funções que desempenhei na FL foi a receção de encomendas o que me permitiu um primeiro contacto muito forte com os medicamentos e com o SI. Aquando a receção de encomendas, tive oportunidade de memorizar algumas substâncias ativas e nomes comerciais, o que facilitou mais tarde no processo de atendimento e dispensa.

2.3 Armazenamento

O armazenamento deve ser feito de acordo com as características dos produtos e em local apropriado, de forma a manter a sua estabilidade e viabilidade. Estes são arrumados seguindo a regra first

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6

forma a serem cedidos em primeiro lugar. Caso não tenham prazo de validade aplica-se a regra first in first

out (FIFO).

As condições para uma conservação correta dos medicamentos e outros produtos de saúde têm de ser todas asseguradas [1]. Para isso, são necessárias condições de iluminação, temperatura (inferior a 25ºC), humidade (inferior a 60%) e ventilação específicas no armazenamento, que são verificadas e registadas duas vezes por dia. No caso de produtos de frio, a temperatura do frigorífico deverá estar entre os 2ºC e os 8ºC.

Os medicamentos de referência (não genéricos) de forma farmacêutica oral sólida (cápsulas e comprimidos) encontram-se arrumados num armário de gavetas dispensatórias por ordem alfabética, estando uma coluna reservada para produtos oftálmicos e lancetas/tiras para diabéticos e outra coluna para cremes e pomadas. As gavetas inferiores deste armário estão reservadas ao armazenamento do excedente dos stocks destes medicamentos. A fila superior de gavetas serve para armazenar medicamentos pagos pelos doentes, mas que no momento do atendimento, a farmácia não disponha em stock.

Os genéricos estão organizados num sistema de prateleiras corridas e expostas, também organizados por ordem alfabética de princípio ativo (PA) e, dentro de cada PA, organizados por ordem alfabética de laboratório. Para além destas, existem também várias prateleiras dedicadas a produtos com alta rotação, sendo este: Omeprazol, Amoxicilina, Amoxicilina + Ácido Clavulânico, Paracetamol, Ibuprofeno, Nimesulida, Sinvastatina e Zolpidem.

Existe ainda, um armário com portas de correr onde se armazenam meias de descanso e outros produtos ortopédicos (pés elásticos, suportes de pulso, palmilhas, entre outros), material de pensos, seringas, produtos dietéticos específicos e os excessos de stock dos produtos colocados atrás dos balcões de atendimento.

Os psicotrópicos e estupefacientes encontram-se armazenados num local específico, separado de todos os outros.

Todos os medicamentos que não tenham espaço nas gavetas ou nos armários habituais são armazenados no armazém da farmácia, dispostos também em prateleiras por categorias (fraldas/toalhitas, cuidados de corpo, cuidados de bebé, planeamento familiar, bucodentários, entre outros).

No que diz respeito aos MNSRM, estes encontram-se na zona do atendimento ao público, atrás dos balcões, e estão organizados por indicação terapêutica. Os produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC), encontram-se organizados por marca, no restante espaço da zona de atendimento ao público.

2.4 Devoluções a fornecedores

Existem várias situações que podem resultar na necessidade de devolução de um produto. As causas mais frequentes de devolução são, por exemplo, o fim do prazo de validade, a emissão de

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circulares que exijam a recolha de determinados artigos, o envio, por lapso do fornecedor, de produtos não pedidos ou de quantidades superiores às requeridas ou até mesmo, por lapso da própria farmácia, a encomenda de um maior número de produtos do que efetivamente necessita.

Devido à frequência destas situações, existe uma fácil resolução através do Sifarma, consistindo na criação de uma nota de devolução no menu “Gestão de Devoluções” do Sifarma 2000®, identificando o fornecedor, explicitando o motivo da devolução, a quantidade, o CNP, o prazo de validade e o lote dos produtos em questão e associando a fatura que contém os mesmos. Esta informação é automaticamente enviada para a Autoridade Tributária e Aduaneira. No final deste processo, é emitida uma nota de devolução, cujo original e duplicado deverão ser agrafados e enviados ao armazenista com os respetivos artigos, e o triplicado deverá ser assinado, carimbado e guardado na farmácia.

Posteriormente, o distribuidor poderá aceitar ou recusar a devolução pretendida. No caso de rejeição da devolução, o produto é enviado de volta para a farmácia com a respetiva guia de transporte de devolução. No caso de a devolução ser aceite, é emitida uma nota de crédito ou é efetuada a troca do produto.

Ao longo do estágio tive a oportunidade de gerir eregularizar algumas devoluções, principalmente de produtos que chegavam danificados, por terem sido pedidos por engano ou então devido ao cancelamento dereservas por parte dos utentes.

2.5 Controlo de prazos de Validade

O controlo do prazo de validade dos produtos é de elevada importância, de modo a garantir que não são cedidos produtos com prazo de validade expirada aos utentes e mantendo assim as condições de qualidade, eficácia e segurança desejadas. Como já foi referido, ao receber uma encomenda é verificado o prazo de validade e os produtos são armazenados de forma a garantir que aqueles com validade mais curta sejam cedidos primeiro aos utentes – FEFO.

Outro método de controlo dos prazos de validade é através do SI. Este permite imprimir uma lista dos produtos cujo prazo de validade está a acabar e posteriormente é feita a verificação manual dos produtos presentes na lista de forma a separar os de validade a terminar ou corrigir validades incorretas. Os produtos recolhidos são devolvidos ao fornecedor juntamente com uma nota de devolução e este emite uma nota de crédito, troca o produto ou, caso não aceite a devolução, devolve o produto à farmácia que dá saída deste por quebra de produto. Posteriormente contacta-se a Autoridade Tributária para presenciar o seu abate.

No caso dos MNSRM, é impressa uma lista dos produtos cuja validade termina dentro de 6 meses e estes são separados numa prateleira para que todos os funcionários saibam quais são os produtos em que é dada preferência para sair.

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3. Dispensa de Medicamentos

A dispensa de medicamentos de uso humano e veterinário e de dispositivos médicos faz parte do ato farmacêutico, bem como a interpretação e validação das prescrições médicas. Assim, o farmacêutico, após avaliação da medicação, deve dispensar o medicamento em função da prescrição médica ou exercer uma escolha baseada nos seus conhecimentos que permitam uma boa relação benefício/risco e benefício/custo. Deve também assegurar-se que o utente recebe a informação indispensável para o uso correto do medicamento [1, 2].

Desta forma, o farmacêutico adquire um papel muito importante na dispensa de medicamentos, podendo contribuir para o sucesso ou insucesso da terapêutica e tendo uma elevada responsabilidade na utilização correta e segura destes.

No fim do primeiro mês de estágio comecei a realizar atendimentos ao público e a participar na dispensa de medicamentos. Primeiro assisti ao atendimento dos meus colegas durante um tempo e depois, comecei a atender com o apoio de um farmacêutico, de forma a aprender a realizar as operações de dispensa no sistema informático. No início sentia-me um pouco tenso e inibido, com dificuldade em fazer conversa de ocasião e estar à vontade atrás do balcão. Contudo, com o tempo comecei a realizar os atendimentos sozinho, sempre com um colega no posto ao lado para me fornecer apoio caso fosse necessário, aprendi a realizar as tarefas mais rapidamente e eficazmente e, também, aprendi a aconselhar melhor. Sempre que tinha dúvidas perguntava a um dos profissionais da Farmácia e todos se mostraram disponíveis para me ensinar e ajudar.

3.1 Prescrição Médica

O receituário corresponde a uma grande parte da faturação da farmácia e é muito importante que a sua validação seja muito cuidadosa para que a farmácia consiga receber o valor relativo às comparticipações do Estado Português ou dos subsistemas de saúde.

Atualmente foi estabelecido o princípio da obrigatoriedade da prescrição eletrónica de medicamentos, incluindo os medicamentos manipulados e os estupefacientes e psicotrópicos, com exceção de algumas situações legalmente previstas. Este tipo de prescrição também é aplicável a outros produtos, com ou sem comparticipação, como dispositivos médicos e produtos de alimentação especial.

A prescrição eletrónica tem como objetivo aumentar a segurança no processo de prescrição e dispensa, facilitando a comunicação entre profissionais de saúde, evitando erros de dispensa e agilizando não só estes processos como também a conferência de receituário [3, 4].

3.1.1 Prescrição Eletrónica

Existem ainda duas formas de disponibilização da prescrição eletrónica: receita eletrónica desmaterializada e receita eletrónica materializada.

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3.1.1.1 Receita Eletrónica Desmaterializada ou Receita Sem Papel

Esta é a tipologia de receita mais recente em Portugal. Para ter acesso à receita são necessários três códigos: o número da receita, o código de acesso e dispensa e o código de direito de opção. Este último corresponde ao direito de um utente escolher um medicamento de marca ou um genérico com preço superior ao 5º mais barato.

A receita sem papel tem várias vantagens para os utentes como o facto de poderem levantar a sua medicação fornecendo a guia de tratamento, a SMS com os códigos ou o seu cartão de cidadão. Adicionalmente como este modelo permite a prescrição em simultâneo de diferentes tipologias de medicamentos (numa mesma receita podem constar fármacos comparticipados e produtos não comparticipados), o utente contém num único local toda a medicação necessária, podendo até optar por aviar todos os produtos prescritos ou apenas parte deles. Os produtos que não forem aviados podem posteriormente ser levantados no mesmo ou noutro estabelecimento até à data de validade que consta na receita. Contudo, é necessário salientar que cada linha de prescrição tem a sua data de validade, podendo diferir das outras [5, 6].

Quando o utente recebe a guia de tratamento, tem acesso aos códigos referidos anteriormente e a informações pertinentes como o médico prescritor, o local da prescrição, quais os medicamentos que foram prescritos (contendo DCI, dosagem, forma farmacêutica, posologia e tamanho da embalagem) e as suas quantidades e a data limite de levantamento de cada linha. Enquanto quando recebem SMS apenas têm os códigos e é necessário recorrer à internet para consultar a sua guia.

Em relação às vantagens para a farmácia, este processo é mais eficaz e seguro evitandos erros de dispensa e, como os utentes podem ter toda a medicação num só local, a comunicação farmacêutico/utente é facilitada, bem como os tempos de espera.

Durante o meu estágio tive acesso a todos os tipos de receita, mas a receita sem papel foi a mais prevalente. Tive oportunidade de dispensar os medicamentos das receitas a partir da guia de tratamento e de SMS, mas não a partir do Cartão de Cidadão, embora a FL dispusesse de leitores apropriados. As receitas prescritas eletronicamente e enviadas por SMS foram sem dúvida as que mais contactei, até porque desde março, devido às medidas apertadas por consequência da pandemia, muitas das consultas médicas dos utentes foram realizadas por telefone, pelo que os médicos não tiveram opção senão enviar a prescrição por SMS. Confesso que, embora este método seja útil por estar sempre disponível aos utentes e não fosse necessário levar um papel para a farmácia, não considero um método prático para todos os utentes. Uma vez que a FL tem uma população de utentes idosos elevada aconteceu por várias vezes terem dificuldades em encontrar a receita ou até apagarem a mensagem sem querer. Outro problema comum ocorreu em utentes que tinham a guia de tratamento impressa e a SMS no telemóvel, e que aviavam tanto por um método como pelo outro, o que gerou muita confusão e por vezes foi difícil de explicar

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aos utentes que era a mesma receita ou até que já tinham vindo buscar o medicamento, mas não se lembravam. No entanto, a receita sem papel é uma mais valia quer para a farmácia quer para o utente.

3.1.1.2 Receita Eletrónica Materializada

Este tipo de receita tem habitualmente uma validade de 30 dias após a sua emissão, mas pode ser renovável, desde que contenha medicamentos destinados a tratamentos de longa duração, podendo ter até três vias sendo que deve estar devidamente identificada na receita com a menção “1.ª via”, “2.ª via” ou “3.ª via”. Adicionalmente existem ainda receitas eletrónicas materializadas que são classificadas como restritas, uma vez que se destinam a medicamentos usados em patologias cujo diagnóstico é realizado somente em hospitais ou que, por outro lado, dizem respeito a medicamentos que podem causar efeitos adversos graves. Estes últimos requerem desta forma, uma vigilância atenta por parte do médico durante o tempo de tratamento [5, 7].

As grandes vantagens desta tipologia em relação à receita manual é a possibilidade de separar a receita da guia e o utente fica com a informação necessária sobre a posologia, bem como os dados do médico para contactar caso tenha alguma dúvida e o facto de reduzir os problemas de ilegibilidade da caligrafia dos médicos prescritores.

3.1.2 Prescrição Manual

Em casos excecionais previstos na legislação, a prescrição pode ser feita por via manual: ➢ Falência do sistema informático;

➢ Inadaptação fundamentada do prescritor, previamente confirmada e validada anualmente pela respetiva Ordem profissional;

➢ Prescrição ao domicílio;

➢ Outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês [5, 7]

Tal como o nome indica estas receitas são preenchidas manualmente por um médico num formulário próprio e contêm o número de receita, dados do utente: nome, número de utente, telefone se aplicável, entidade responsável, número de beneficiário, as siglas “R” ou “RO” se o doente estiver incluído num regime especial de comparticipações, vinheta do médico, bem como a especialidade e o telefone, identificação da exceção legal, validade, data e assinatura do prescritor. Contêm também até quatro linhas de medicamentos a dispensar, indicando DCI da substância ativa, dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem e número de embalagens a dispensar.

Este tipo de receitas é menos seguro que as eletrónicas, uma vez que é necessário conseguir interpretar a letra do médico, que por vezes pode ser ilegível, e é necessária mais atenção da parte do farmacêutico na altura da dispensa de forma a não cometer erros. Enquanto as receitas eletrónicas são introduzidas no sistema e caso o farmacêutico se engane no medicamento o SI não deixa prosseguir com a venda, indicando que o produto não corresponde à receita, no caso destas receitas manuais, dependem

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somente da atenção do farmacêutico para os detalhes e da sua validação correta. Outra desvantagem é para o utente, que neste caso entrega a sua receita na farmácia e não tem acesso à posologia dos medicamentos. Por outro lado, estas receitas mostram-se vantajosas quando há um determinado medicamento que tem andado esgotado ou que o médico não consiga encontrar no sistema, mas que exista na farmácia. Assim, o médico consegue emitir a receita para o utente não ter de suspender a sua medicação.

3.1.3 Regras de Prescrição

A prescrição de um medicamento deve ser efetuada por DCI da substância ativa e tem de conter a sua forma farmacêutica, dosagem, apresentação, quantidade e posologia. O utente tem direito de optar por qualquer medicamento que cumpra os parâmetros anteriores. Excecionalmente, a prescrição pode incluir a denominação comercial do medicamento, nos casos medicamentos que não disponham de medicamentos genéricos similares comparticipados ou para os quais só exista original de marca e licenças ou em caso de justificação técnica do prescritor, assinalada em local próprio da receita. As justificações admissíveis são:

➢ “Exceção a) do n. º3 do art.º 6” – Medicamento com margem ou índice terapêutico estreito conforme informação prestada pelo INFARMED, como por exemplo EUTIROX® (Merck, S.A.);

➢ “Exceção b) do n. º3 do art.º 6” – Intolerância ou reação adversa prévia, reportada ao INFARMED, I.P., a um medicamento com a mesma substância ativa, mas identificado por outra denominação comercial;

➢ “Exceção c) do n. º3 do art.º 6” – Medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias [3, 7]

No caso da exceção b), deve constar na receita a menção “Reação adversa prévia” e no caso da exceção c) “Continuidade de tratamento superior a 28 dias”. Enquanto das primeiras exceções apenas se pode dispensar o medicamento prescrito, no caso da exceção c) pode-se ceder o medicamento prescrito ou outro com o PVP inferior, desde que pertença ao mesmo grupo homogéneo9.

Relativamente à receita materializada ou por via manual, estas podem conter até um máximo de quatro medicamentos ou produtos de saúde distintos e até duas embalagens de cada, num total de quatro embalagens, exceto se os medicamentos se apresentarem sob a forma de embalagem unitária, podendo ser receitadas quatro unidades. Em relação aos estupefacientes e psicotrópicos, estes não podem constar de uma receita onde sejam prescritos outros medicamentos ou produtos de saúde. Por outro lado, a receita sem papel pode conter, em linhas de prescrição distintas, produtos de saúde e medicamentos distintos, até um máximo de duas embalagens de cada, com exceção de alguns medicamentos previstos por lei que têm um limite máximo de seis embalagens por receita [7].

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3.1.4 Validação da Prescrição

Perante a apresentação de uma receita, o farmacêutico tem de fazer uma análise cuidadosa e minuciosa da mesma, que permita uma correta interpretação e avaliação dos dados presentes. Assim a receita só é considerada válida se incluir os seguintes elementos:

➢ Número da receita;

➢ Local de prescrição ou respetivo código;

➢ Identificação do médico prescritor, número de cédula profissional e a especialidade (se aplicável);

➢ Identificação do utente (nome e número);

➢ Entidade financeira responsável e número de beneficiário, acordo internacional e sigla do país, quando aplicável;

➢ Regime especial de comparticipação e, se aplicável, identificação do seu despacho; ➢ DCI da substância ativa;

➢ Dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem, número de embalagens ➢ Se aplicável, denominação comercial do medicamento;

➢ Código nacional de prescrição eletrónica de medicamentos (CNPEM) ou outro código oficial identificador do produto, se aplicável;

➢ Data de prescrição [3, 7].

No caso da receita manual, há mais parâmetros que devem ser avaliados: ➢ Vinheta identificativa do local de prescrição, se aplicável;

➢ Vinheta identificativa do médico prescritor;

➢ Identificação da exceção que justifica a prescrição manual; ➢ Assinatura do prescritor.

Adicionalmente, estas últimas receitas não podem conter rasuras, caligrafias diferentes, canetas diferentes ou estarem escritas a lápis [5, 7].

Após validação e dispensa dos medicamentos e se se tratar de uma receita manual ou materializada, o utente ou o seu representante, deve assinar o verso da receita de forma legível para comprovar a dispensa efetuada, salvo não souber ou não puder assinar, caso em que o farmacêutico consigna essa menção na receita [5].

3.1.5 Regimes de Comparticipação

A comparticipação de medicamentos permite que uma parte ou a totalidade do custo dos medicamentos seja suportada por uma entidade específica e, desse modo, o utente apenas tem de pagar a diferença entre o PVP e o valor da comparticipação. Esta comparticipação depende de uma percentagem

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do PVP do medicamento, de um sistema de preços de referência e de uma ponderação de fatores como as características dos doentes, prevalência de determinadas doenças e objetivos de saúde pública [8].

De acordo com a legislação, a comparticipação dos medicamentos realizada pelo Estado português é feita tendo em consideração quatro escalões diferentes (Tabela 1)

Tabela 2- Percentagem de comparticipação do SNS em função do escalão [9]. Escalão Percentagem de comparticipação

do PVP

A 90%

B 69%

C 37%

D 15%

No caso dos pensionistas, estes têm um acréscimo de 5% para o escalão A e de 15% para os restantes escalões. De realçar que este regime especial de comparticipação é válido para pensionistas que apresentam rendimentos anuais que não ultrapassem “14 vezes a retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano civil transato” ou por outro lado, não excedam “14 vezes o valor indexante dos apoios sociais em vigor”. Para além destes, também há regimes especiais de comparticipação, por exemplo, em função de algumas patologias ou de grupos especiais de utentes [10].

Existem ainda sistemas de complementaridade na comparticipação, o que significa que o utente beneficia da comparticipação de duas entidades, sendo as receitas submetidas a dois organismos que comportam parte dos custos. Nestes casos um dos organismos é o Sistema Nacional de Saúde e o outro é, por exemplo, SAMS (Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários) ou Serviços Sociais da Caixa Geral de Depósitos (SSCGD), entre outros.

No caso da FL é possível verificar um elevado número de utentes pensionistas e de utentes que usufruem de sistemas de complementaridade na comparticipação, o que requer obrigatoriamente a apresentação do cartão de beneficiário e de uma rubrica por parte do utente a confirmar os medicamentos dispensados.

3.1.6 Conferência de Receituário e Faturação

Aquando da dispensa dos medicamentos comparticipados é sempre impresso no verso das receitas manuais e eletrónicas materializadas um documento de faturação onde constam a série, o lote, o número da receita, entre outras informações. A conferência deste receituário consiste em verificar novamente a validade da receita e se os medicamentos aviados correspondem aos prescritos, conferindo os códigos impressos neste verso, a dosagem, forma farmacêutica, tamanho e quantidade de embalagens,

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se contém as assinaturas do utente, do médico e do farmacêutico, se tem o carimbo da farmácia e a data de confirmação, se o plano de comparticipação é o correto e se está presente alguma exceção. Para além desta conferência é ainda feita a conferência final que é uma segunda verificação de todas as receitas, por outro farmacêutico. Todos os meses estas receitas são organizadas tendo em consideração o número do lote e os diferentes organismos de comparticipação, sendo que cada lote é constituído por trinta receitas. Para as receitas sem papel estes passos não são necessários, pois estas são automaticamente validadas e organizadas pelo sistema informático e não existe um registo em papel das mesmas.

Quando um lote está completo imprime-se o “Verbete de identificação do lote” e, mensalmente, as receitas são enviadas para as respetivas entidades. Os lotes comparticipados pelo SNS são enviados para o Centro de Conferência de Faturas e os restantes são enviados para a Associação Nacional de Farmácias (ANF) que se encarrega da distribuição para os diferentes organismos.

3.2 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

De acordo com a legislação em vigor, um medicamento está sujeito a receita médica (MSRM) quando apresenta uma das seguintes características: de forma direta ou indireta, pode ser um risco para a saúde do doente, mesmo quando usado para o fim a que se destina (caso sejam utilizados sem vigilância médica); quando usado com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daqueles a que se destina, possa ser prejudicial (direta ou indiretamente); contenha substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar; se destine a ser administrado por via parentérica [11].

Os medicamentos que preencham qualquer uma das referidas condições, só podem ser dispensados mediante apresentação de receita médica.

3.2.1 Medicamentos Genéricos

Um medicamento genérico tem de conter a mesma composição, qualitativa e quantitativa, em substâncias ativas e a mesma forma farmacêutica que o seu medicamento de referência. Para além disto, tem de demostrar a sua bioequivalência através de estudos de biodisponibilidade apropriados. Neste caso, o medicamento de referência é o medicamento que foi autorizado com base em documentação completa, incluindo os resultados dos ensaios farmacêuticos, pré-clínicos e clínicos.

O medicamento genérico deve ser identificado pelo seu nome, seguido da dosagem, forma farmacêutica e da sigla “MG”, que devem constar do seu acondicionamento secundário [11].

3.2.2 Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos

Estes medicamentos contêm substâncias que atuam a nível do Sistema Nervoso Central e cujas propriedades podem trazer benefícios terapêuticos a um número alargado de situações e de doenças. Contudo, estão sujeitos a uma legislação especial, uma vez que podem provocar habituação, dependência física e química e complicações graves se utilizados incorretamente. Há uma grande componente ilícita

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associada a este tipo de medicamentos, fazendo com que passem por um controlo rigoroso que está a cargo do INFARMED [12].

Os estupefacientes e psicotrópicos apenas são dispensados mediante uma receita válida e é necessário garantir que o utente apresenta mais de 18 anos e se encontra na posse do seu bilhete de identidade ou cartão de cidadão. O processamento informático da venda exige o preenchimento de informações relativas ao médico prescritor (nome e número de cédula profissional), ao doente (nome e morada) e ao adquirente (nome, morada, data de nascimento, número do bilhete de identidade ou cartão de cidadão e respetiva data de validade).

Ao longo do estágio dispensei vários medicamentos psicotrópicos tendo encarado a tarefa com o devido sentido de responsabilidade e com bastante atenção aos pormenores necessários.

3.3 Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) correspondem ao grupo de medicamentos que não preenche qualquer das condições previstas para os MSRM. Estes medicamentos são, geralmente, destinados à prevenção, alívio e tratamentos de afeções e sintomas menores.

Sendo estes medicamentos de venda livre, compete ao farmacêutico avaliar cada situação e proceder ao aconselhamento do produto mais adequado, ressalvando sempre todas as condições a cumprir para o uso seguro e racional de cada medicamento, de modo a proteger o doente de eventuais resultados negativos associados à medicação.

Habitualmente, os MNSRM não são comparticipáveis, exceto nos casos previstos na legislação que define o regime de comparticipação do Estado no preço dos medicamentos. No que respeita ao PVP, este é estabelecido pela farmácia em regime livre, salvo os MNSRM comparticipados pelo SNS, que apresentam um PVP fixo por DL [13],

Existe ainda uma subclassificação dos MNSRM, pelo DL nº 128/2013 de 5 de setembro, que integra os MNSRM de dispensa exclusiva em farmácia, pressupondo a necessidade de intervenção farmacêutica e de aplicação de protocolos de dispensa atendendo ao perfil de segurança ou indicações destes medicamentos [13]. Tal como os habituais MNSRM, a estes aplica-se também o regime de preço livre, existindo uma lista atualizada e revista pelo INFARMED.

3.4 Medicamentos Manipulados

Os medicamentos manipulados correspondem a medicamentos preparados segundo fórmulas magistrais ou oficinais, cuja preparação compete às farmácias ou serviços farmacêuticos hospitalares, sob a direta responsabilidade do farmacêutico [14]. Por definição, correspondem a “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico”. Sendo um preparado oficinal “qualquer medicamento preparado

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segundo as indicações compendiais, de uma farmacopeia ou de um formulário, em farmácia de oficina (…) destinado a ser dispensado diretamente aos doentes assistidos por essa farmácia (…)” [15].

Na FL, aquando da preparação de um medicamento manipulado é sempre elaborada uma ficha de preparação, onde todos os passos se encontram descritos e rubricados pelo farmacêutico. Mais concretamente, nesta encontra-se sempre denominado o medicamento manipulado, a sua quantidade, o nº de registo da preparação, a composição , nome do utente, procedimento, prazo de validade e cálculo do PVP, conforme indicado na Portaria nº 769/2004, de 1 de julho [15].

Todas as fichas de preparação, como outros documentos necessários são arquivados numa pasta presente no laboratório da FL.

Uma vez que a FL é bastante requisitada para preparação de medicamentos manipulados, a FL apresenta 2 farmacêuticos dedicados a tempo inteiro a esta tarefa.

Ao longo do estágio tive a oportunidade de observar e participar em todas as tarefas realizadas no laboratório, desde receção de matérias primas até à manipulação de diversos medicamentos, de várias formas farmacêuticas.

3.5 Dispositivos Médicos

Os dispositivos médicos englobam qualquer instrumento, aparelho, equipamento, material, artigo ou software destinado pelo seu fabricante a ser utilizado para fins comuns aos dos medicamentos, como prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença humana. No entanto, o seu principal efeito não pode ser alcançado através de ações farmacológicas, metabólicas ou imunológicas, distinguindo-se assim dos medicamentos. Incluem meias de compressão, pensos oculares, seringas sem agulha, termómetros, entre outros [16].

Os dispositivos médicos mais dispensados na FL foram os destinados a pequenas lesões como pensos, compressas e ligaduras, os ortopédicos, comomeias de compressão e de descanso, e também fraldas para a incontinência urinária. Outros dispositivos médicos dispensados na farmácia são o soro fisiológico, seringas, preservativose dispositivos para o controlo da glicémia (seringas, agulhas e lancetas).

3.6 Medicamentos e produtos de Uso Veterinário

De acordo com a legislação, um medicamento veterinário corresponde “a toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” [17].

A FL apresenta bastantes produtos para uso veterinário, sendo que na sua grande maioria correspondem anticoncecionais orais e desparasitantes internos e externos.

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Esta era uma vertente que não me sentia bastante confortável no início do estágio. Dei conta que este é um tema que não é muito tido em conta no curso, e como tal, tive de realizar pesquisas de modo a informar-me melhor de forma a poder aconselhar e realizar bons atendimentos.

3.7 Suplementos Alimentares e Produtos Dietéticos

Os suplementos alimentares são, por lei, os géneros alimentícios que se destinam a complementar ou suplementar o regime alimentar normal, constituindo fontes concentradas de determinadas vitaminas, fibras, minerais e aminoácidos. Este tipo de produtos é comercializado em forma doseada e o organismo responsável pela definição e execução das políticas de segurança alimentar referentes a estes é a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) [18].

Num dos atendimentos realizados foi-me pedido um suplemento para potenciar a função cerebral. Após ter perguntado se o utente tinha algum problema de saúde ou se fazia alguma medicação habitual, ele referiu que fazia terapia com ácido acetilsalicílico 100mg. Com esta informação resolvi excluir os suplementos que incluíssem Gingko biloba e dar preferência aos suplementos à base de ácidos gordos e vitaminas do Complexo B.

Um outro atendimento semelhante que me ocorreu foi o de uma senhora que queria algo para melhorar o desempenho cognitivo e memória do filho, pois estava em altura de avaliações na escola. Uma informação importante que me revelou era que ele tomava metilfenidato. Posto isto, tal como no outro atendimento descrito, resolvi excluir os suplementos que incluíssem Gingko biloba e, também, os que incluíssem Ginseng.

3.8 Produtos Fitoterapêuticos

Pertencem aos produtos fitoterapêuticos, os produtos à base de plantas ou extratos de partes de plantas medicinais com propriedades, alegadamente, curativas ou preventivas, utilizados para prevenir, tratar ou aliviar sintomas.

Tendo em consideração que estes produtos não são inócuos e que se podem verificar múltiplas interações com outros fármacos, é de extrema relevância que o farmacêutico seja informado sobre a condição de saúde e respetiva medicação da pessoa a aconselhar um destes produtos. O farmacêutico deve ainda informar o utente sobre as potenciais interações (por exemplo: Erva de São João/Hipericão e a pílula contracetiva) e efeitos secundários dos artigos em questão.

Durante o meu tempo no atendimento, os produtos deste tipo mais requisitados eram chás, sobretudo, os que apresentavam um propósito diurético.

3.9 Produtos cosméticos e de higiene corporal

Os produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC) são definidos como “qualquer substância ou mistura destinada a ser posta em contacto com as partes externas do corpo humano (…) ou com os

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dentes e as mucosas bucais, tendo em vista, exclusiva ou principalmente, limpá-los, perfumá-los, modificar-lhes o aspeto, protegê-los, mantê-los em bom estado ou corrigir os odores corporais” [19].

Os PCHC constituem uma grande parte do volume de vendas de algumas farmácias, como é o caso da FL. Assim, a correta organização e disposição dos diferentes produtos, bem como colaboradores devidamente informados sobre os mesmos são fatores que contribuem para o sucesso no que respeita à venda destes produtos.

Na FL, os PCHC encontram-se organizados em lineares por marca, salvo montras temáticas excecionais, como por exemplo os solares. Todos os colaboradores da farmácia têm a oportunidade de frequentar formações proporcionadas pelas próprias marcas, de forma a estarem capacitados para responder às necessidades dos utentes que procuram este tipo de produtos.

Esta temática revelou-se bastante complicada para mim durante os atendimentos. Não só pela quantidade de diferentes marcas de dermocosmética que a FL trabalha, mas também por todas as variâncias (linhas) que existem entre cada uma delas. No entanto, com o auxílio de toda a equipa da farmácia e com ajuda das formações que fiz ao longo do estágio (infelizmente não foram bastantes devido à pandemia) acabei por ganhar mais confiança e segurança no atendimento.

4 Outros serviços de saúde prestados na FL

4.1. Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos

4.1.1. Medição da pressão arterial

A monitorização da pressão arterial constitui, sem dúvida, um dos serviços mais procurados pelos utentes da FL. Por pouca formação técnica que este serviço exija graças à tecnologia dos aparelhos de medição atuais, é criado um momento de conversa com o utente que, geralmente, nos permite perceber quais as suas preocupações relativas a este parâmetro e se estes cumprem a terapêutica proposta pelo médico.

Nos primeiros meses de estágio tive a oportunidade de efetuar várias medições da pressão arterial (a partir de março a FL deixou de realizar a determinação de parâmetros bioquímicos, como medida de prevenção de contágio do SARS-CoV-2).

Num dos momentos em que executei este serviço, apercebi-me de que o utente apenas tomava a medicação anti hipertensora em SOS, isto é, apenas quando sentia que algo não estava bem e atribuía essa sensação à elevação da pressão arterial. Perante esta informação, tentei convencer o utente a corrigir este comportamento.

Noutro atendimento, o utente (acompanhado pela sua mulher) referiu-me que estava com bastante tonturas e dores de cabeça desde o dia anterior. De entre várias questões que lhe coloquei, uma delas era relativa à medicação que tomava, sendo que tomava anti hipertensores. Contudo já não avaliava a sua pressão arterial há algum tempo. Desta forma, decidi medir-lhe a PA e, após o ter deixado relaxar uns

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minutos sentado no sofá, medi-lhe 3x. uma vez que o valor da PS nunca foi inferior a 190 aconselhei-o a ir imediatamente ao hospital.

4.1.2 testes bioquímicos rápidos e determinação do Índice de Massa Corporal

Na FL é possível realizar a medição da glicemia, colesterol total, c-HDL e triglicerídeos. Os parâmetros bioquímicos mais monitorizados correspondem à medição do colesterol e glicemia.

A determinação do IMC através da medição do peso e altura é possível, de forma automática, pela balança disponível na FL. Relativamente a este parâmetro, não existe grande intervenção por parte do farmacêutico, uma vez que os utentes podem utilizar esta balança de forma autónoma.

4.2 Administração de vacinas e medicamentos injetáveis

Um outro serviço disponibilizado pela FL compreende a administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação e ainda de medicamentos injetáveis por via intramuscular ou subcutânea. Este serviço é executado apenas por farmacêuticos e pode ser realizado no momento da compra do medicamento ou numa altura posterior.

4.3. Consultas de nutrição

Todas as semanas uma nutricionista desloca-se à FL para realizar consultas de nutrição. Nestas é feito um acompanhamento regular dos utentes, após realização de um diagnóstico nutricional e feito um plano alimentar adequado aos seus objetivos.

4.4 VALORMED

A VALORMED é uma sociedade sem fins lucrativos responsável pela gestão de resíduos e embalagens vazias e medicamentos fora de uso. Na FL, o utente pode entregar este tipo de artigos para que os coloquemos em contentores que são, posteriormente, recolhidos pelos nossos distribuidores habituais, como a Cooprofar, e encaminhados para um centro de triagem onde é feita a sua separação e classificação de modo a que sejam encaminhados para estações de tratamento adequadas.

De uma forma geral, a população encontra-se sensibilizada para este tema, no entanto, existem ainda muitos utentes que afirmaram descartar os medicamentos fora do prazo juntamente com o lixo orgânico.

4.5 Cartão Saúda e Cartão Farmácia Normal/Lusitana

A FL dispõe de 2 cartões que podem ser utilizados para acumular pontos ou acumular um valor para ser descontado posteriormente, sendo que não se pode utilizar ambos na mesma venda.

Um deles é o cartão das Farmácias Portuguesas (Cartão Saúda). Este permite ao utente acumular pontos nas compras que realizar em produtos de saúde e bem-estar, MNSRM e serviços farmacêuticos. Estes pontos podem ser trocados diretamente por produtos que constam num catálogo de pontos e que

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estão disponíveis na farmácia, ou podem ser transformados em vales de dinheiro e serem utilizados para pagar a conta do utente na farmácia [20].

Já o cartão da FL é um cartão que permite ao utente acumular 1% do valor de MSRM e 5% do valor de MNSRM. Este valor acumulado poderá ser descontado numa venda posterior em qualquer compra efetuada na FL e Farmácia Normal (Farmácia que pertence ao mesmo grupo, também localizada em Vila do Conde).

5 Formações

Tabela 3- Formações complementares realizadas durante o estágio

Entidade Tema Data Local Duração

Cosmética Ativa Produtos Vichy e

La Roche Posay 23/01/2020 FF 1h

Lazartigue Fomação nova

linha 28/01/2020 FF 30min Isdin Produtos Isdin woman e isdin baby 23/02/2020 FF 45min

Medela Formação geral 27/02/2020 FF 1h

Boiron Formação geral 1/03/2020 FF 1h

Papillon Formação geral 3/03/2020 FF 45min

Cistitone queda Formação geral 9/03/2020 FF 30min

Infosaúde (ANF)

Covid-19: Conhecimentos

básicos

19/04/2020 Webinar 2h

Isdin Protetores solares 28/05/2020 Webinar 1h

Referências

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