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Relatório profissional conducente ao Grau de Mestre em Economia

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

ESCOLA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, SOCIOLOGIA E GESTÃO

RELATÓRIO PROFISSIONAL CONDUCENTE AO

GRAU DE MESTRE EM ECONOMIA

HUGO EMANUEL DA SILVA CARDOSO

Trabalho efetuado sob a orientação de:

Prof.ª Doutora Leonida Correia

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

RELATÓRIO PROFISSIONAL CONDUCENTE AO

GRAU DE MESTRE EM ECONOMIA

HUGO EMANUEL DA SILVA CARDOSO

Trabalho efetuado sob a orientação de:

Prof.ª Doutora Leonida Correia

Composição do Júri:

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

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Relatório de atividade profissional expressamente elaborado de acordo com a recomendação do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas feita a 8 de janeiro de 2011 e colocada em prática pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, para efeito de obtenção do grau de Mestre em Economia, sendo apresentado como dissertação original na referida Universidade.

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AGRADECIMENTOS

“O mundo é uma realidade universal, desarticulada em biliões de realidades individuais.” Miguel Torga

Assumindo a minha fé, os primeiros agradecimentos são para Deus, pois apenas Ele permite que tudo seja possível.

À Professora Leonida Correia, porque durante anos tem sustentado esta minha ambição de procurar obter o Grau de Mestre. Pela sua disponibilidade, pela forma como acompanhou, aconselhou e orientou ao longo de todo o processo.

Aos meus familiares, aos meus pais pelo seu amor e apoio incondicional, esposa e filhos que são o coração da minha vida e aos meus irmãos, em especial ao Paulo pela revisão que fez ao relatório.

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RESUMO

O presente relatório da atividade profissional tem como objetivo apresentar a formação profissional e as atividades desenvolvidas nas funções desempenhadas ao longo do percurso profissional. Numa segunda fase, pretende-se também desenvolver investigação sobre o tema “perfil das empresas do Norte de Portugal”, associando essa investigação aos conhecimentos adquiridos na atividade profissional.

A atividade profissional, embora com alguma metamorfoses, é marcada essencialmente por uma década como funcionário bancário, como gestor de contas de empresas e empresários.

O relatório inicia com uma presentação do candidato e da sua formação profissional, tendo de seguida uma descrição das atividades desenvolvidas, num escritório de contabilidade, como administrativo numa pequena empresa e posteriormente como funcionário bancário no BANIF. Em relação à investigação desenvolvida, são apresentados dados de empresas do Norte de Portugal desde 2004 a 2012, procurando captar uma imagem que possa descrever o seu perfil.

Deste relatório espera-se que possam surgir algumas ideias para o crescimento e desenvolvimento da região suportado pelas empresas.

(6)

ABSTRACT

This report of the professional activity aims to present the professional education and the activities in the functions performed along the career path. In a second phase, it aims also to develop research on the topic "profile of companies in the North of Portugal", linking this research to knowledge gained in professional activity.

Professional activity, although with some metamorphoses, is essentially marked by a decade as a banker, as account manager of businesses and entrepreneurs.

The report starts with a presentation of the candidate and his professional training, and then with a description of the activities, as a firm accountant, as a small company manager and later as a bank officer in BANIF. Regarding the investigation developed, data from companies in the North of Portugal from 2004 to 2012 are presented, trying to capture an image that can describe your profile.

From this report it is expected to arise some ideas for the growth and development in the region supported by enterprises.

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ÍNDICE GERAL

ÍNDICE GERAL ... i

ÍNDICE DE QUADROS ... iii

ÍNDICE DE FIGURAS ... iv LISTA DE ABREVIATURAS ... v 1. INTRODUÇÃO... 1 2. PERCURSO CURRICULAR ... 3 2.1 Identificação do Candidato ... 3 2.2 Licenciatura (1998-2003) ... 4

2.3 Seminário: Agribusiness (1º semestre de 2003) ... 5

2.4 Mestrado em Economia das Organizações (parte escolar) ... 5

3. PERCURSO PROFISSIONAL ... 7

3.1 Período compreendido entre julho de 2000 e setembro de 2000 ... 7

3.2 Período compreendido entre junho de 2003 e janeiro de 2004 ... 9

3.3 Período compreendido entre Fevereiro de 2004 e a actualidade ... 12

4. PERFIL DAS EMPRESAS DA REGIÃO NORTE DE PORTUGAL ... 15

4.1 O espaço territorial estudado ... 15

4.2 Perfil das empresas no Norte de Portugal em 2012 ... 18

4.2.1 Caraterização sucinta ... 18

4.2.2 Enquadramento macroeconómico ... 20

4.3 Evolução do perfil das empresas no Norte de Portugal de 2004 a 2012 ... 21

4.3.1 Caraterização sucinta ... 21

4.3.2 Crescimento real da economia nacional ... 24

4.3.3 Perfil das empresas do Norte de Portugal, de 2004 a 2009 ... 24

4.3.3.1 Perfil das empresas do Norte de Portugal em 2009 ... 29

4.3.3.2 A Crise ... 30

4.3.4 Perfil das empresas do Norte de Portugal, de 2010 a 2012 ... 33

4.3.4.1 Caraterização sucinta ... 33

4.3.4.2 Austeridade e TROIKA ... 37

4.4 Um setor excecional: o setor da “Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria, ar frio” ... 40

4.5 Setor Primário ... 41

(8)

5. NOTAS CONCLUSIVAS ... 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 47

Sítios... 49

ANEXOS ... 50

Anexo 1 – CV... 51

Anexo 2 – Ficha Curricular ... 53

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1. Resumo dos dados estatísticos da região Norte em 2012 ... 16

Quadro 2. Número de empresas e de pessoas ao serviço por setor em 2012 ... 18

Quadro 3. Produção das empresas do Norte de Portugal em 2012 ... 19

Quadro 4. Número de empresas e de pessoas ao serviço por sector em 2004 ... 25

Quadro 5. Evolução empresas do Norte de 2004 a 2009 ... 26

Quadro 6. Dados das indústrias transformadoras de 2004 a 2009 ... 27

Quadro 7. Dados do comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos, de 2004 a 2009 ... 27

Quadro 8. Dados do setor da construção de 2004 a 2009 ... 28

Quadro 9. Indicadores macroeconómicos de 2004 a 2009 ... 28

Quadro 10. Dívida pública bruta na zona euro, em percentagem do PIB, de 2004 a 2009 ... 31

Quadro 11. Nº de empresas no Norte por ano ... 34

Quadro 12. Dados das indústrias transformadoras de 2010 a 2012 ... 34

Quadro 13. Dados do comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos, de 2010 a 2012 ... 34

Quadro 14. Dados setor da construção de 2010 a 2012 ... 35

Quadro 15. Edifícios licenciados (n.º) por localização geográfica e tipo de obra ... 35

Quadro 16. Dados setor da Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria, ar frio ... 40

(10)

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Mapa NUTS III ... 16

Figura 2. Evolução do número de empresas do Norte, 2004-2012 ... 22

Figura 3. Evolução da produção das empresas do Norte, em milhares de euros, 2004-2012 ... 23

Figura 4. Evolução do número de pessoas ao serviço, 2004-2012 ... 23

Figura 5. Produto interno bruto a preços constantes (taxa de variação em valor; anual) ... 24

Figura 6. VAB - Setor Atividade ... 30

(11)

LISTA DE ABREVIATURAS 103 106 AP ASU ATMAD BANIF BCE CE CNC CRUP EBE EMAR FBCF FMI FSE GE Hab IEFP IES INE IRS IVA IVDP N.º NERVIR NUTS Euros Milhares Milhões Administração Pública Arizona State University

Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro Banco Internacional do Funchal SA Banco Central Europeu

Centro de Empresas

Comissão de Normalização Contabilística

Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas Excedente Bruto de Exploração

Empresa Municipal de Águas e Resíduos Formação Bruta de Capital Fixo

Fundo Monetário Internacional Fornecimentos e Serviços Externos Grupo Económico

Habitante

Instituto de Emprego e Formação Profissional Informação Empresarial Simplificada

Instituto Nacional de Estatística Imposto sobre o Rendimento Singular Imposto sobre o Valor Acrescentado Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto Número

Associação Empresarial

(12)

POC Plano Oficial de Contas

PORDATA Base de Dados Portugal Contemporâneo p.p. Pontos Percentuais

PIB Produto Interno Bruto

PME Micro, Pequenas e Médias Empresas

RDD Região Demarcada do Douro

REE Rede Empresas e Empresários

SCIE Segurança Contra Incêndio em Edifícios SNC Sistema de Normalização Contabilística TOC Técnico Oficial de Contas

Tx. Taxa

UE União Europeia

UTAD Universidade de Trás-os-Montes e alto Douro

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1. INTRODUÇÃO

Este relatório, de atividade profissional, destina-se à candidatura para a obtenção do grau de Mestre em Economia, ao abrigo da recomendação do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e apresenta-se nos termos do disposto na alínea b) do n.º 1, do art.º 20º, do Decreto-Lei n.º 74/2006, de 24 de Março. Esta recomendação foi efetuada em 8 de janeiro de 2011 às instituições de ensino superior, com a finalidade de permitir aos diplomados que tivessem terminado as suas licenciaturas ao abrigo do sistema anterior ao Processo de Bolonha e que possuíssem mais de 5 anos de experiencia profissional relevante1.

Este documento divide-se em duas etapas distintas. A primeira tem como objetivo descrever as atividades profissionais e curriculares do candidato, detalhando a missão e a razão de ser de cada função desempenhada, descrever as responsabilidades, a sua relação económica e as competências adquiridas/desenvolvidas. A segunda visa desenvolver um estudo sobre o “Perfil das Empresas da Região Norte de Portugal”.

Entendendo as empresas como representando um motor de produção de uma região, como um dos seus mais importantes agentes económicos, será pertinente tentarmos obter uma imagem das empresas dessa região. O aumento ou diminuição do número de empresas, a sua produção, a quantidade de funcionários, os setores de atividade em que estão inseridas, serão formas de se poder captar essa imagem e tentar apresentar um perfil que as identifique.

Na última década, o candidato obteve uma perceção da evolução das empresas na região em estudo, proveniente da sua relação profissional com empresas e empresários, da região do Norte de Portugal. É possível associar esta evolução à situação económica que o país atravessou, procurando apresentar as diferenças entre uma fase de crescimento económico, até 2009, e uma posterior fase de recessão, usualmente titulada como crise. Tentar cruzar a imagem retirada dos dados estatísticos referidos anteriormente e esta perceção, adquirida

1

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por senso comum, é um desafio, que se espera, que no final do relatório, permita conclusões relevantes.

O método utilizado no desenvolvimento deste trabalho teve por base a análise de dados estatísticos de entidades oficiais, apoiada em pesquisas e consultas de sítios na internet relacionados com o tema, bem como a realização de pesquisa bibliográfica.

Estruturalmente, este projeto encontra-se dividido entre a presente introdução; o primeiro capítulo, onde se descreve o percurso curricular; o segundo capítulo, referente à apresentação e discussão do percurso profissional; o terceiro capítulo, onde se desenvolve o tema “Perfil das empresas do Norte de Portugal”; e, por fim, o capítulo das notas conclusivas, onde se sintetizam as principais conclusões do estudo e se destacam algumas considerações finais sobre o tema abordado.

(15)

2. PERCURSO CURRICULAR

Neste capítulo pretendemos descrever o percurso curricular do candidato ao grau de mestre em Economia. Iniciamos com uma breve abordagem às origens do mesmo, passando pelo percurso académico até à entrada no mercado de trabalho.

2.1 IDENTIFICAÇÃO DO CANDIDATO

O candidato é natural de Vila Real, Freguesia de S. Dinis. Durante a sua infância e adolescência teve a oportunidade de viver na aldeia de Justes e na Vila de Cerva (locais de onde os seus progenitores são naturais, o pai de Justes e a mãe de Cerva).

A escola primária, 1º, 2º e 3º ciclo, foram vividos nas duas localidades referidas, tendo um percurso acima da média, sendo mesmo reconhecido pela associação de pais da EB 2 3 de Cerva como melhor aluno do ano, nos 5º, 6º e 8º anos.

Frequentou o ensino secundário na cidade de Vila Real na escola Morgado Mateus, tendo escolhido a opção de Economia.

Paralelamente, participou como atleta dos iniciados e juvenis da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Justes em várias provas regionais de corta mato, mas tendo como principal modalidade as provas de velocidade (60 e 80 metros), tendo obtido o apuramento duas vezes, uma como iniciado e outra como juvenil, para as provas nacionais.

Após conclusão do ensino secundário candidatou-se, como primeira opção, à licenciatura em Economia na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde ingressou em 1998.

(16)

2.2 LICENCIATURA (1998-2003)

O candidato licenciou-se em Economia na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), tendo obtido as seguintes classificações nas disciplinas curriculares (ver anexo 2):

Ano Disciplina Classificação

1º Ano

1998/1999 TÉCNICAS PARA ANALISE ECONÓMICA 14

1998/1999 INTRODUÇÃO À ECONOMIA 14

1998/1999 INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS 12

1998/1999 INFORMÁTICA PARA ECONOMISTAS 16

1998/1999 HISTÓRIA ECONÓMICA E SOCIAL 13

1998/1999 MATEMÁTICA PARA ECONOMISTAS I 13

2º Ano

1999/2000 MATEMÁTICA PARA ECONOMISTAS II 11

1999/2000 MICROECONOMIA 16

1999/2000 CONTABILIDADE GERAL 14

1999/2000 MACROECONOMIA 13

1999/2000 ESTATÍSTICA PARA ECONOMISTAS 13

1999/2000 DIREITO ECONÓMICO 14

3º Ano

2000/2001 HISTÓRIA ECONÓMICA PORTUGUESA 13

2000/2001 INVESTIGAÇÃO OPERACIONAL 15

2000/2001 ECONOMIA PUBLICA 12

2000/2001 DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO 13

2000/2001 ECONOMIA DOS RECURSOS HUMANOS 15

2000/2001 ECONOMETRIA 10 2000/2001 CONTABILIDADE DE CUSTOS 10 2000/2001 ECONOMIA INDUSTRIAL 13 2000/2001 DIREITO COMERCIAL 14 2000/2001 ECONOMIA PORTUGUESA 11 4º Ano

2001/2002 TEORIA DOS MERCADOS FINANCEIROS 11

2001/2002 GESTÃO FINANCEIRA 11

2001/2002 RELAÇÕES ECONOMICAS INTERNACIONAIS 12

2001/2002 CONTABILIDADE DE CUSTOS II 12

2001/2002 HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÓMICO 15

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2001/2002 AUDITORIA 13

2001/2002 ECONOMETRIA APLICADA 13

2001/2002 MOD. DE APOIO A TOMADA DE DECISÃO 14

2001/2002 FISCALIDADE DA EMPRESA 11

2002/2003 MARKETING2 11

5º Ano

2002/2003 INSTITUIÇÕES EUROPEIAS E DIREITO COMUNITARIO 12

2002/2003 POLÍTICAS DA UNIÃO EUROPEIA 12

2002/2003 ÉTICA ECONÓMICA E EMPRESARIAL 16

2002/2003 POLITICA ECONÓMICA 12

2002/2003 GLOBALIZAÇÃO E CONV. ECONÓMICA 15

2002/2003 SEMINÁRIO 16

Classificação média final obtida: 13 valores.

2.3 SEMINÁRIO: AGRIBUSINESS (1º SEMESTRE DE 2003)

Frequentou um curso sobre Agribusiness, no segundo semestre do 5º ano da licenciatura em Economia, na Arizona State University (ASU), orientado pelo professor Dr. Eric P. Thor, no âmbito de um protocolo entre o Departamento de Economia e Sociologia da UTAD e a referida Universidade.

2.4 MESTRADO EM ECONOMIA DAS ORGANIZAÇÕES (PARTE ESCOLAR)

Exercendo funções de gestor de Conta no Centro de Empresas do Banco Internacional do Funchal SA (BANIF) em Vila Real, em simultâneo, o candidato obteve aprovação nas disciplinas do Curso de Mestrado em Economia das Organizações, com as seguintes classificações (ver anexo 3):

2

(18)

Ano Disciplina Classificação

2004/2005 METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO 17

2004/2005 ANÁLISE ECONÓMICA DE DADOS 16

2004/2005 COMPLEMENTOS DE MICROECONOMIA 14

2004/2005 COMPLEMENTOS DE MACROECONMIA 13

2004/2005 MÉTODOS ECONOMÉTRICOS 16

2004/2005 REGULAÇÃO E GOVERNAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES 11

2004/2005 ECONOMIA DAS ORGANIZAÇÕES 16

2004/2005 ANÁLISE CUSTO - BENEFICIO E AVALIAÇÃO DE PROJECTOS 15

2004/2005 LIDERANÇA E NEGOCIAÇÃO 17

Tendo concluído a parte escolar do Mestrado com média final de 15 valores, não realizou a segunda parte referente à dissertação.

(19)

3. PERCURSO PROFISSIONAL

Neste capítulo descrevemos o percurso profissional, período marcado essencialmente por uma década como funcionário bancário, como gestor de contas de empresas e empresários.

3.1 PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE JULHO DE 2000 E SETEMBRO DE 2000 Empresa: INFORREAL LDA

Função: Estagiário

Competências desenvolvidas/adquiridas:

- Identificação de Documentos,

- Classificação contabilística segundo o Plano Oficial de Contas (POC),

- Tratamento informático,

- Análise de Mapas,

- Transposição para impressos oficiais,

- Arquivo e fiscalidade.

Tratou-se de um estágio num escritório de contabilidade, onde foi possível aplicar conhecimentos adquiridos na disciplina de contabilidade geral do segundo ano da licenciatura em Economia. Permitiu ter um conhecimento de como a contabilidade das pequenas empresas é tratada e processada. Mas também gerou um sentimento crítico que se foi desenvolvendo e continua presente. Apesar da transição do POC para o Sistema de Normalização Contabilística (SNC), a transparência e imagem das contas das empresas continuam a não representar uma fotografia do negócio da empresa. A contabilidade efetuada era apenas o tratamento de papéis de acordo com a necessidade fiscal, somente para apuramento de impostos, defraudando a essência do registo da atividade efetiva da empresa.

(20)

Apesar do fato dos números da generalidade das contabilidades destas empresas não espelharem a realidade das mesmas, seria importante que se utilizasse esta ferramenta para o apoio à gestão das mesmas, uma vez que os contabilistas têm, ou deveriam ter, nas suas mãos a informação fundamental das empresas (Cardinaels e Dirks, 2010). A maioria dos empresários não tem formação e, muitas vezes, nem tempo para se dedicarem, como deveriam, a este aspeto. Enquanto têm disponibilidade de valores para a sua atividade, nem se preocupam em saber a situação económica da empresa. Normalmente, essa preocupação apenas surge quando necessitam de financiamento, e se verifica que os elementos contabilísticos referem que a empresa dá prejuízo, ou está em falência técnica3. Nesses momentos, alguns empresários chegam ao ponto de solicitaram ao funcionário bancário que explique ao contabilista a razão porque a empresa não está apta a obter financiamento.

Têm sido realizados vários estudos sobre este tema e alguns passos têm sido dados (Bonner

et al, 2006). No caso concreto da contabilidade de gestão têm surgido alterações

significativas a nível das temáticas estudadas, nas metodologias de estudo e nas diferentes teorias utilizadas (Scapens, 2006). A Comissão de Normalização Contabilística (CNC) tem apresentado vária legislação no sentido da correção dos aspetos referidos4. As empresas têm sido forçadas a aderir, quer por razões económicas (necessidades de financiamento), mas principalmente devido à legislação e aumento de fiscalização.

Uma forma de ultrapassar esta barreira, seria a obrigatoriedade de o empresário ter alguma formação nas áreas referidas, ou de ter nos quadros da sua empresa alguém com essa formação. Um funcionário com formação dentro da área, Economia, Gestão ou Contabilidade, geralmente, iria permitir-lhe gerir a empresa com maior rigor. Possivelmente, o custo salarial desse funcionário seria largamente compensado com o apoio que dá à empresa e permitiria ao empresário libertar-se para outras atividades onde se sinta mais hábil, normalmente para a produção ou para as vendas.

3 Falência técnica: Quando o passivo de uma empresa é superior ao seu ativo e esta não apresenta capacidade

para cumprir com as suas obrigações.

(21)

3.2 PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE JUNHO DE 2003 E JANEIRO DE 2004 Empresa: REALAUTO, LDA

Função: Responsável Administrativo e Financeiro

Descrição das principais responsabilidades:

- Gestão administrativa:

Tratamento contabilístico utilizando o software de gestão,

Gestão de stocks,

 Análise de contas de clientes,

 Definição da estratégia comercial e acompanhamento dos comerciais,

 Relacionamento com entidades Públicas e Privadas (ex: Instituições Bancárias, Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), NERVIR – Associação Empresarial de Vila Real),

- Apuramento da rentabilidade e saúde financeira da empresa;

- Desenvolvimento de um espírito de trabalho em equipa, acompanhando de muito perto as atividades/processos desenvolvidos por todas as áreas da empresa (desde produção às vendas).

Finalizada a licenciatura em Economia, o candidato foi contratado por uma pequena empresa que detinha a representação de uma marca de baterias para automóveis, máquinas e equipamentos na região Norte de Portugal, compreendida entre as cidades do Porto e Bragança.

Vila Real é uma cidade intermédia entre as referidas cidades e era onde estavam instalados os armazéns, loja e escritório da empresa. Esta oportunidade de trabalho foi ao encontro dos pareceres defendidos pelo candidato, de que os empresários devem ter formação para apoio à gestão, ou ter alguém nos quadros da sua empresa que a tenham.

Joseph Schumpeter dizia que a função do empresário é combinar fatores produtivos,

reuni-los (Schumpeter, 1997: 84). Alguém com formação em Economia, tem capacidade

de atuar em qualquer empresa, independentemente do setor de atividade da mesma. De uma forma geral, o estudo em Economia tem como foco o modo como se utilizam recursos

(22)

considerados escassos para a produção de bens e serviços (Samuelson e Nordhaus, 2004). Neste sentido, os economistas, analisam os custos e os benefícios associados à distribuição/afetação ótima e ao consumo desses bens e serviços, ajudando assim o empresário a atingir os seus objetivos e a maximizar os seus lucros.

Os principais clientes da referida empresa eram oficinas auto e pequenos hipermercados. As baterias foram o produto inicial que esta empresa comercializava, mas, atendendo às necessidades dos clientes, começou também a comercializar óleos e todas as peças automóvel. Para uma empresa constituída por 8 funcionários, em 2004, esta diversificação de produtos comercializados e distribuídos, foi um grande desafio. Foi necessário contratar um funcionário já com formação na área das peças automóveis e dar formação aos restantes. Este passo permitiu à empresa deixar de depender de um produto e de um único fornecedor. Nesse ano apresentava um volume de negócio superior a um milhão de euros.

Foi uma oportunidade de exercer conhecimentos adquiridos sobretudo na área de Gestão e obter conhecimento sobre a atividade de uma pequena empresa. A nível de gestão, a empresa estava bem equipada informaticamente, com ferramentas essenciais para a sua atividade. O software permitia gerir os stocks, as compras e as vendas. Permitia também calcular o Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA), o que ajudava na gestão de tesouraria. Esta foi a função inicial que foi dada ao candidato, (pode-se mesmo referir que foi a razão da sua contratação). O software de gestão que a empresa possuía era adequado, essencialmente no que dizia respeito a gestão dos stocks, compra e venda e apuramento de imposto.

A primeira tarefa pertinente foi a análise das contas dos Fornecimentos e Serviços Externos (FSE) da empresa. Novamente, foi confirmado que os documentos contabilísticos apresentados pelo Técnico Oficial de Contas (TOC), responsável pela contabilidade da empresa, tinham muitas lacunas. Pela simples análise dos balanços e balancetes não era possível ajudar a entidade patronal. O trabalho foi feito na própria empresa inquirindo diretamente os gerentes. Foram calculados os gastos em rendas (2 armazéns), em viaturas (reparação e combustíveis), a remuneração do pessoal e todos os gastos mensais da empresa em FSE.

Desta análise saíram algumas conclusões importantes para a empresa, visando reduzir e controlar os custos. Adquiriu-se um terreno fora da cidade de Vila Real, próximo a um nó

(23)

de ligação ao IP4, onde foi construído um armazém de grandes dimensões, uma linha de engarrafamento de água destilada e uma linha de montagem de baterias. Na cidade ficou apenas uma pequena loja a representar a empresa.

Juntamente com a gerência foi decidido alterar alguns aspetos na gestão da empresa. As margens dos produtos vendidos deixaram de ser calculadas apenas pelas diferenças entre compra e venda, calculou-se um valor, que era incluído em cada produto. Essa informação foi transferida para os comerciais, no intuito de na sua negociação com clientes, terem uma ideia de até que ponto poderiam esmagar as margens para ganhar mercado à concorrência, sem trazer prejuízo para a empresa. Repercutiram que haveria casos em que não se aplicava esta regra e a gerência aceitou, utilizando o dito popular, a excepção confirma a

regra. Entretanto, foram-lhes atribuídas tarefas de distribuição, e objetivos de cobranças.

Nomeadamente, o distribuidor só sairia do armazém quando se tratasse de grandes quantidades e que justificassem um veículo de maiores dimensões.

Outro desafio que surgiu foi a gestão de tesouraria da empresa. Este permitiu ao candidato adquirir conhecimento sobre a importância da Banca para estas empresas. Permitiu travar conhecimento real com financiamento por desconto de letras. Tinha o conhecimento teórico, sabia processamento contabilístico, mas foi a primeira vez que negociou com um cliente o pagamento de uma dívida através de letra e negociou com uma instituição bancária o desconto da mesma. Também era negociado com uma instituição de crédito um apoio por desconto de cheques pré-datados. Os cheques e as letras são duas ferramentas que teoricamente parecem simples, mas a sua aplicabilidade tem contornos específicos que só são adquiridos quando efetivamente são utilizadas na economia real. Por exemplo, os contornos de uma negociação entre cliente e fornecedor, mas principalmente como atuar quando há incumprimento de uma das partes. Neste caso, de incumprimento, a letra é um título que permite o protesto imediato da dívida. No entanto, um cheque sem provisão é crime.

Foi gratificante tomar conhecimento do “interior” da atividade diária, das histórias, dificuldades e vitórias de uma pequena empresa. Permitiu também conhecer melhor a região Norte de Portugal, ao acompanhar os comerciais nas suas visitas aos clientes, para os conhecer e saber as rotas que cada comercial percorria.

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3.3 PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE FEVEREIRO DE 2004 E A ACTUALIDADE Empresa: BANIF, SA

Função: Gestor de Negócios

Descrição das principais responsabilidades5:

- Responsabilidade de gerir a relação de uma carteira de clientes empresas com o banco,

- Preparar, organizar e analisar os dossiers de concessão de crédito e de financiamento da sua carteira de clientes e formular pareceres,

- Participar na comissão de crédito da agência na tomada de decisões,

- Formular, aos clientes, propostas para aplicação de excedentes de liquidez, utilização de meios de pagamento domésticos e internacionais e operações de comércio externo,

- Consultar os serviços específicos do banco, solicitando pareceres técnicos e relatórios económico-financeiros sobre processos de financiamento dos clientes,

- Participar em reuniões de informação sobre a política comercial e os objetivos,

- Garantir a execução dos procedimentos administrativos necessários à realização das operações com os clientes,

- Prospeção de mercado,

- Negociação e recuperação de incumprimentos,

- Acompanhamento de toda a atividade da agência.

No dia 1 de fevereiro de 2004, o candidato iniciou funções como bancário do Banco BANIF, onde se manteve na última década. Esta atividade passou por algumas metamorfoses, sendo possível identificar algumas fases distintas.

A atividade no Banco, de 2004 a 2009, teve como missão, a gestão de uma carteira de clientes com volume de negócios superior a 1,5 milhões de euros. Integrado numa equipa

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de três funcionários, constituíam o Centro de Empresas (CE) do BANIF de Vila Real, cuja área de influência correspondia ao espaço territorial compreendido de Bragança a Amarante e de Chaves a Lamego.

Durante este período notou-se um considerável crescimento da carteira de clientes e do volume de negócios da equipa6. Além do trabalho realizado pelo CE, na prospeção de mercado, captação de clientes, apresentação de soluções financeiras adequadas à necessidade das empresas e gestão da referida carteira, foi uma fase de crescimento económico do País, que era facilmente reconhecido no acompanhamento que era feito às empresas. As empresas cresciam em atividades, volume de negócios e recorriam com facilidade a crédito.

Na carteira de clientes gerida pelo CE Vila Real, predominavam empresas ligadas à construção civil e obras públicas, seguindo-se empresas do setor vinícola e em menor número, empresas de serviços. As primeiras eram essencialmente empresas muito dependentes do investimento público e também da política de fomento do crescimento imobiliário.

Em 2008, considerando o crescimento da carteira de clientes, o Banco preparava-se para criar uma segunda equipa para a mesma área, situação que não veio a verificar-se. Pelo contrário, no ano seguinte, a equipa do CE de Vila Real foi reduzida a dois funcionários, tendo o candidato assumido outras funções.

Em 2009, o Banco criou um segmento denominado “Rede Empresas e Empresários” (REE), compreendia empresas que faturassem entre 0,5 e 2,5 milhões de euros. Nessa carteira, além da empresa eram incluídas as contas do empresário, funcionários e familiares. O conjunto de contas com a interligação referida denominava-se de Grupo Económico (GE). Ao contrário do que sucedia no CE Vila Real, que tinha a sua própria carteira de cliente e o seu próprio VN, estes clientes estavam inseridos nas agências e contavam simultaneamente para a carteira do gestor e para a da agência. A carteira do candidato era composta principalmente por clientes das agências de Vila Real e de Peso da Régua, tendo em menor número clientes das agências de Chaves, Bragança e Mirandela.

6

(26)

Era um projeto ambicioso, com muito potencial, que poderia ter alavancado o Banco neste segmento de mercado.

No entanto, o Banco passava por muitas indefinições e por dificuldades que são públicas, obrigando mesmo a recorrer ao apoio estatal e a reduzir consideravelmente o número de funcionários. Em Agosto de 2012, o projeto REE foi extinto. No mesmo ano, atendendo à degradação do mercado e essencialmente devido a uma política interna de redução de custos CE do BANIF em Vila Real também encerrou.

Desde Agosto de 2012, o candidato mantém as funções de gestor de negócios, acompanhando clientes do extinto CE de Vila Real e clientes do mesmo segmento da agência de Vila Real. Durante todo este período como funcionário bancário a formação tem sido contínua, de acordo com as diretrizes da entidade empregadora. Na maioria das vezes, a formação recai sobre produtos específicos comercializados pela Banca mas, por vezes, algumas são de carácter geral, como formação sobre comércio internacional ou métodos de pesquisa de mercado.

De referir, finalmente, em relação ao percurso profissional, que muitas adversidades têm surgido e têm sido suplantadas. É do conhecimento generalizado as dificuldades que os Bancos e grande parte das empresas, têm atravessado nos últimos anos. A necessidade de redução de custos origina, habitualmente, a redução de funcionários. Essa redução deveria tornar a unidade mais produtiva e mais competitiva. Em muitas empresas ou unidades de negócio, com introdução de tecnologias, novas formas de gestão, outsorcing ou outros meios, será possível, apesar da redução do número de funcionários, manter ou aumentar a produção.

No caso dos Bancos, os funcionários já trabalhavam por objetivos, já eram desenvolvidos modelos para tornar as unidades de negócio produtivas e todos os anos eram efetuados avultados investimentos no desenvolvimento de instrumentos tecnológicos. Isto significa que a quantidade de trabalho mantém-se, mas é realizado sobrecarregando um menor número de funcionários, o que poderá traduzir-se num aumento de competitividade da instituição.

Resta aguardar que esta destruição se torne numa destruição criadora e as alterações que têm sido feitas resultem num novo ciclo de crescimento (Schumpeter, 1961).

(27)

4. PERFIL DAS EMPRESAS DA REGIÃO NORTE DE PORTUGAL

Na última década o candidato assistiu com bastante proximidade à evolução do tecido empresarial na região Norte. Além de gerir uma carteira de clientes empresa, teve como função a análise de mercado, para captação de clientes. Este trabalho permitiu-lhe aprofundar o conhecimento sobre a evolução empresarial no período referido.

Aliando o conhecimento proveniente das suas funções como gestor de negócios numa Instituição Bancária, aos dados estatísticos do Instituto Nacional de Estatística (INE) e com o apoio de outros estudos nesta área, neste capítulo pretende-se apresentar uma reflexão, sobre o perfil empresarial da região do Norte de Portugal.

4.1 O ESPAÇO TERRITORIAL ESTUDADO

Por regra, as empresas devem oferecer bens ou serviços de acordo com a procura existente, recebendo em troca valores para pagar os seus custos de produção e auferir uma margem de lucro. Para produzir esses bens ou serviços a empresa precisa de utilizar recursos

disponíveis na sociedade: capital, mão-de-obra, recursos naturais, conhecimentos técnicos e habilidades empresariais (Holanda, 2003: 16). Não é descabido dizer que o mercado e os

recursos de um espaço afetam o perfil das empresas localizadas nessa região.

A região escolhida, Norte de Portugal, é uma região ou unidade territorial para fins estatísticos de nível II (NUTS II7), de Portugal, que compreende os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real e Bragança, e parte dos distritos de Aveiro, Viseu e Guarda. Limita a norte e a leste com Espanha (Galiza e Castela e Leão, nomeadamente), a sul com a Região Centro e a oeste com o Oceano Atlântico, o que corresponde a uma fronteira terrestre internacional de 568 Km e um perímetro de linha de costa de 142 Km. Compreende 8 sub-regiões ou unidades de nível III (NUTS III): Alto Trás-os-Montes, Ave, Cávado, Douro, Entre Douro e Vouga, Grande Porto, Minho-Lima, Tâmega. Em termos geográficos, a Região do Norte, corresponde, aproximadamente, às antigas províncias do Entre-Douro-e-Minho e de Trás-os-Montes (figura 1).

(28)

FONTE: PORDATA

Figura 1. Mapa NUTS III

De acordo com a base de dados disponível no sítio Base de Dados Portugal Contemporâneo (PORDATA)8 elaborou-se o quadro 1, contendo uma síntese dos dados estatísticos desta região e comparando com o todo nacional.

Quadro 1. Resumo dos dados estatísticos da região Norte em 2012

Norte (NUTS II) Portugal

População residente 3.676.729 10.514.844

Superfície em Km2 21.285,9 92.212,0

Densidade populacional

172,7 114,0

Número médio de indivíduos por km2

Freguesias 2.028 4.260

Eleitores 3.419.290 9.740.366

População em idade ativa (%)

68,1 65,9

15 aos 64 anos

Empresas não financeiras 9 347.939 1.062.782

Pessoal ao serviço nas empresas não financeiras 1.161.905 3.511.666

Bancos e caixas económicas 1.768 5.571

Desempregados inscritos nos centros de emprego 280.366 667.159

FONTE: PORDATA

8

In www.pordata.pt a 07-06-2014

9

Os valores apresentados consideram as empresas, os empresários em nome individual e os trabalhadores independentes. Exclui as atividades financeiras e de seguros, a Administração Pública e Defesa e a Segurança Social Obrigatória.

(29)

Em relação às infra-estruturas, rodoviárias, ferroviárias, marítimas e aeroportuárias, pode verificar-se a existência de10:

- 2 Portos Marítimos (Viana do Castelo e Leixões),

- 516,2 Km de rede ferroviária: Electrificada:397 km, Dupla: 119,2 km

- 1 Aeroporto - Porto

- 9 Aeródromos - Braga, Bragança, Maia, Mirandela, Mogadouro, Vila Real, Chaves, Espinho, Macedo de Cavaleiros (Heliporto).

Trata-se de um território carregado de relevância histórica, havendo vestígios de atividade humana de há cerca de 500.000 anos (Mattoso, 1992). Atribui-se a esta região, as origens do povo Lusitano e mais tarde a origem da nação portuguesa (Barreira e Mendes, 2003).

A diversidade geomorfológica é uma característica desta região, distinguindo-se bem a região litoral da interior, da região Minhota da Transmontana, e os aspetos peculiares que apresenta o vale do Douro (Sousa e Sequeira, 1989). Para caracterizar esta diversidade podemos referir Ribeiro: "A bela estrada do Marão, além de Amarante, permite aperceber

em pouco tempo um contraste brutal: de um lado o Minho viçoso, do outro Trás-os-Montes, na grandeza austera dos seus planaltos ondulados, dos campos amarelos e cinzentos, despidos e imensos. " (Ribeiro, 1991: 1248) e em relação à bacia do Douro, do

mesmo autor, "No Douro, em encostas que até aí só davam mato bravio, começou no

século XVII a levantar-se a escadaria de geios ou socalcos destinados a suster a terra, em parte criada com a rocha moída e cabazadas de estrume - a mais vasta e imponente obra humana do território português" (Ribeiro, 1991: 1012).

Esta região foi escolhida para estudo em virtude da proximidade do local de onde o candidato é natural, reside e tem exercido a sua atividade profissional, tendo ao longo da última década partilhado experiências com empresas aí localizadas.

(30)

4.2 PERFIL DAS EMPRESAS NO NORTE DE PORTUGAL EM 2012

4.2.1 Caracterização sucinta

Os dados oficiais mais recentes disponíveis no sítio do INE11 repercutem-se ao ano de 2012. Neste ano, a região Norte contava com 347.939 empresas, distribuídas por vários setores, conforme se pode verificar no quadro 2.

Quadro 2. Número de empresas e de pessoas ao serviço por setor em 2012

Sector N.º Empresas Pessoas ao

serviço

Média12

Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca 12.635 22.574 2

Indústrias extrativas 373 3.191 9

Indústrias transformadoras 33.211 336.287 10

Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio 313 810 3

Captação, tratamento e dist. de água; saneamento, gestão de resíduos

381 8.177 21

Construção 29.570 13.1087 4

Comércio por grosso e a retalho; rep. veículos automóveis e motociclos

85.005 251.060 3

Transportes e armazenagem 6.503 33.654 5

Alojamento, restauração e similares 26.406 68.253 3

Atividades de informação e de comunicação 3.501 14.042 4

Atividades imobiliárias 8.566 13.662 2

Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares 33.279 60.749 2

Atividades administrativas e dos serviços de apoio 37.089 72.717 2

Educação 20.406 31.439 2

Atividades de saúde humana e apoio social 27.510 77.686 3

Atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas 6.882 11.096 2

Outras atividades de serviços 16.309 25.439 2

Total 347.939 1.161.923 3

FONTE: INE

Estas empresas tinham um total de 1.161.923 pessoas ao serviço, cuja média corresponde a apenas 3 pessoas por empresa. Com exceção do setor das “Indústrias transformadoras” e do setor “Captação, tratamento e distribuição de água, saneamento e gestão de resíduos”, os restantes são formados, na sua generalidade, por micro e pequenas empresas.

Pode-se deduzir que os dois setores referidos, com maior número médio de pessoas ao serviço, tenham empresas de maiores dimensões. É o exemplo de empresas do setor do

11 In http://www.ine.pt/ 12

(31)

calçado e dos têxteis, para o primeiro e, para o segundo, as empresas EMAR – Água e Resíduos de Vila Real, E.M e a ATMAD – Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Em termos do número de empresas e de pessoas ao serviço, destacam-se dois setores, as “Indústrias transformadoras”, com 33.211 empresas e com o maior número de pessoas ao serviço (336.287) e o setor do “Comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos auto e motociclos” com 85.005 empresas e 251.060 pessoas ao serviço. Uma nota ainda para o setor da construção, que surge como sendo o terceiro setor com maior número de pessoas ao serviço (131.087). No ano de 2012 estes três setores compreendiam 62% das pessoas ao serviço nas empresas da região Norte de Portugal.

Para complementar, analisamos também a produção por setor de atividade económica das empresas do Norte, no quadro 3.

Quadro 3. Produção das empresas do Norte de Portugal em 2012

Setor Produção (103 euros)

756.265 159.892 26.373.735 13.125.292 775.349 8.634.604 8.207.683 3.067.840 1.644.108 931.885 889.892 2.173.104 1.681.536 389.819 3.285.777 403.869 Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca

Indústrias extrativas Indústrias transformadoras

Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento Construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos Transportes e armazenagem

Alojamento, restauração e similares

Atividades de informação e de comunicação Atividades imobiliárias

Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares Atividades administrativas e dos serviços de apoio Educação

Atividades de saúde humana e apoio social

Atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas

Outras atividades de serviços 369.836

Total 72.870.486

FONTE: INE

Nesta perspetiva, mais um setor mostra relevância no perfil das empresas do Norte de Portugal. O “setor da Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria, ar frio”, o qual é o segundo com maior volume de produção (13.125.292 milhares de euros). No ano de 2012, este setor apenas conta com 313 empresas e 810 pessoas ao serviço, o que demonstra a

(32)

capacidade produtiva destas empresas. Só o setor das indústrias transformadoras consegue um maior valor de produção (26.373.735 milhares de euros). No entanto, como já verificamos, é também o setor com maior dimensão em número de empresas e de pessoas ao serviço.

Nas publicações do INE, referentes às empresas em Portugal em 2012, podemos ler: “Em

2012, 99,9% das empresas eram pequenas e médias empresas (PME), sendo 95,9% microempresas, no entanto para o volume de negócios e VABpm, as grandes empresas foram já responsáveis por mais de 40% do valor total. As sedes das empresas concentravam-se nas regiões (NUTS II) Norte e Lisboa, que agregavam no seu conjunto 61,8% do número de empresas, 68,4% do pessoal ao serviço e 74,9% do volume de negócios total do setor não financeiro português.”13

Da análise conjunta dos dados acima apresentados pode-se concluir que o perfil das empresas do Norte do país é caraterizado por um maior número de micro e pequenas empresas. Contudo, em relação à produção, as empresas de maior dimensão, mesmo sendo em número muito inferior, têm alguma relevância.

4.2.2 Enquadramento macroeconómico

O ano de 2012 foi marcado pela continuidade do processo de ajustamento da economia portuguesa, enquadrado pelo programa de assistência económica e financeira. No cumprimento das medidas exigidas neste programa, tem-se observado significativas perdas no produto e emprego acentuadas pela crise económica e financeira internacional.

A economia portuguesa em 2012 manteve um cenário de restritividade das condições monetárias e financeiras e da contenção da política orçamental. Prosseguiu também a

desalavancagem do sistema bancário, constituindo um fator importante no contexto do

ajustamento dos desequilíbrios na economia.

Este ano ficou marcado pela contração da atividade económica. Em Portugal, menos de metade do total das empresas (48,9%) apresentou resultados líquidos positivos, situação que foi transversal a todos os setores de atividade mas que atingiu de forma

13

In http://www.publico.pt/economia/noticia/pequenas-empresas-foram-as-que-mais-destruiram-emprego-em-2012

(33)

particularmente significativa o setor dos Outros Serviços e o da Construção (apenas 45,1% e 46,8% das sociedades com resultados líquidos positivos, respetivamente). De salientar que as empresas da região Norte que apresentaram mais resultados líquidos negativos inserem-se nos setores dos “Transportes”, das “Atividades imobiliárias” e da “Construção”, por esta ordem. Os setores com melhor performance foram o das “Indústrias transformadoras” (com relevância o fato de haver empresas viradas para a exportação) e o setor da “Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio”14. Este indicador, resultados líquidos das empresas é relevante, pois se grande parte das empresas apresenta resultados líquidos negativos, significa que têm dificuldades em solver as suas responsabilidades e em libertar valores para o investimento, pondo em causa a própria subsistência. Esta situação é agravada pela situação dos Bancos que, a braços com as suas próprias dificuldades, têm restringido a concessão de crédito.

Assim, podemos constatar que o enquadramento macroeconómico em 2012 não foi favorável para as empresas, obrigando-as a grandes desafios.

4.3 EVOLUÇÃO DO PERFIL DAS EMPRESAS NO NORTE DE PORTUGAL DE 2004 A 2012

Na secção anterior foi realizada uma abordagem ao perfil das empresas do Norte do país em 2012 e relacionou-se com a conjuntura macroeconómica referente ao mesmo ano. Nesta secção será apresentada uma análise da evolução deste perfil de 2004 a 2012.

4.3.1 Caraterização sucinta

Na visualização da figura 2 verifica-se claramente uma fase de crescimento do número de empresas até 2008, seguindo-se um decréscimo nos anos seguintes. Tal significa que a variação líquida (diferença entre óbitos e nascimentos de empresas) é negativa desde 2008, regredindo em 2012 para valores similares aos de 2004.

Esta variação do número de empresas poderá ser um indicador daquilo que os economistas chamam de ciclo económico. Segundo Keynes, a economia de mercado capitalista

(34)

funciona em ciclos económicos de expansão e contração da produção, da renda e do emprego (Dillard, 1989).

FONTE: INE

Figura 2. Evolução do número de empresas do Norte, 2004-2012

Em termos macroeconómicos explicar estes períodos sustentados de altos e baixos, de desvios do PIB em relação à sua tendência, torna-se um verdadeiro desafio. Há autores que classificam os ciclos de acordo com o tempo de duração, sendo dado o nome ao ciclo de acordo com o economista que o identificou (Burda e Wyplosz, 2011).

A título de exemplo, o ciclo curto identificado como decenal (7 a 10 anos), foi denominado de Juglar, com base num padrão associado ao Reino Unido15, enquanto os longos, denominados de Kondratieff, eram estimados com uma duração entre cinquenta a sessenta anos (Kondratiev, 1992).

Nas figuras 2 e 4 comprova-se a consistência de um ciclo de expansão com início em 2004 e que a partir de 2008 se transforma num período de recessão. Ao analisarmos a evolução da produção na figura 3, também podemos verificar um ciclo, com uma fase de crescimento e outra de recessão, com um ano atípico, 2010. Podemos também verificar que a queda não foi tão abruta como no caso do número de empresas.

15 In Infopédia Porto: Porto Editora, 2003-2014.

330 000 340 000 350 000 360 000 370 000 380 000 390 000 400 000 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Nº empresas

(35)

FONTE: INE

Figura 3. Evolução da produção das empresas do Norte, em milhares de euros, 2014-2012

Em relação ao número de pessoas ao serviço, o ciclo é idêntico: uma fase de crescimento até 2008 e a partir do ano seguinte, uma queda. Este indicador é preocupante, pois como se constata na figura 4, o número de pessoas ao serviço nas empresas do Norte em 2012 é inferior ao de 2004. Havendo um significativa redução, de cerca de 156.000 pessoas ao serviço, do ano 2008 para 2012.

FONTE: INE

Figura 4. Evolução do número de pessoas ao serviço, 2004-2012 1 150 000 1 170 000 1 190 000 1 210 000 1 230 000 1 250 000 1 270 000 1 290 000 1 310 000 1 330 000 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Nº pessoas 55 000 000 57 000 000 59 000 000 61 000 000 63 000 000 65 000 000 67 000 000 69 000 000 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 produção

(36)

O nível de emprego, além de acompanhar a redução do número de empresas, ainda a supera. As empresas sobreviventes tiveram necessidade de ajustar as suas estruturas de custos, geralmente começando por cortar no pessoal.

4.3.2 Crescimento real da economia nacional

Como se pode verificar na figura 5, ao longo dos últimos 4 anos, apenas em 2010 se verificou um crescimento da atividade económica (1,7%). Nos demais anos registou-se uma diminuição do PIB (-2,9%, -1,3% e -3,2%, respetivamente em 2009, 2011 e 2012).

FONTE: INE

Figura 5. Produto interno bruto a preços constantes (taxa de variação em valor; anual)

Em 2012 acentuou-se a tendência recessiva já ocorrida no ano anterior, com uma diminuição ainda mais pronunciada do PIB, apresentando uma significativa perda na atividade económica refletindo a queda generalizada da procura interna embora mitigada pelo crescimento das exportações e o condicionamento do investimento público.

4.3.3 Perfil das empresas do Norte de Portugal, de 2004 a 2009

Este período é coincidente com aquele em que o candidato exerceu funções no CE BANIF de Vila Real, cuja carteira de clientes compreendia empresas que facturassem mais do que 1.000.000 de euros e estivessem localizadas desde Chaves a Lamego e desde Bragança a Penafiel (Rio de Moinhos). Coincide também com o Programa de Estabilidade e

-4,0 -3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TX variação PIB

(37)

Crescimento apresentado à Comissão Europeia pelo Governo Português no quadro da supervisão multilateral das posições orçamentais e da coordenação de políticas económicas na União Europeia (UE).

Este programa visava a adoção de uma estratégia de desenvolvimento económico e de consolidação das contas públicas para o período 2005 a 200816, que incluía medidas e reformas destinadas a enfrentar uma situação orçamental portuguesa, muito preocupante, e criar as condições para um crescimento económico sustentado. Nestes termos, o Programa de Estabilidade e Crescimento, que tinha como objetivo central uma trajetória de crescimento económico que permitisse retomar a convergência com a média Europeia e alcançar em 2009 um crescimento do PIB de 3%, previa uma fortíssima redução do défice dos previstos 6,8% do PIB (previstos pela Comissão Constâncio para 2005, sem medidas adicionais) para um valor abaixo dos 3% em 2008 e um esforço de redução da dívida pública para 64,5% em 2009.

Quadro 4. Número de empresas e de pessoas ao serviço por sector em 2004

Sector N.º Empresas Pessoas ao

serviço

Produção 103 Euros

Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca 11.263 20.361 646.655

Indústrias extrativas 496 5.042 226.978

Indústrias transformadoras 41.935 434.102 24.157.743

Eletricidade, gás, vapor, água quente 191 621 6.996.500

Captação, tratamento e dist. de água 223 5.942 367.999

Construção 38.854 164.526 9.764.971

Comercio por grosso e ret.; rep. veíc. auto e motociclos 96.605 262.840 8.108.074

Transportes e armazenagem 7.569 32.698 2.192.772

Alojamento, restauração e similares 26.806 62.856 1.575.146

Ativ. de informação e de comunicação 3.051 10.985 1.275.986

Atividades imobiliárias 7.507 13.374 1.284.371

Ativ. consultoria, científicas, e similares 31.018 49.910 1.655.562

Atividades administrativas e serviços de apoio 21.266 52.469 1.375.132

Educação 15.452 25.723 341.281

Ativ. de saúde humana e apoio social 20.290 46.255 1.723.393

Atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas 5.043 8.768 368.448

Outras atividades de serviços 16.810 25.091 367.750

Total 344.379 1221563 62.428.761

FONTE: INE

(38)

Em 2004 a região norte contava com 344.379 empresas e com 1.221.563 pessoas ao serviço, distribuídas pelos vários setores, conforme podemos verificar no quadro 4.

Realça-se a existência de 3 grandes setores: as “Indústrias transformadoras”, com 41.935 empresas e com o maior número de pessoas ao serviço (434.102); o setor da “Construção”, 38.854 empresas e 164.526 pessoas ao serviço; o “Comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos”, com o maior número de empresas (96.606) e 262.840 pessoas ao serviço. Estes números são coincidentes com a perceção que o candidato havia adquirido no exercício das suas funções.

Dentro das “Indústrias transformadoras”, podemos realçar os têxteis, o calçado, a metalomecânica (na região de Amarante) e a transformação de pedra e de madeiras, como sendo as mais conhecidas e referenciadas da região Norte.

Em 2005 assiste-se a um crescimento do número de empresas na região em análise, que se manteve até 2008. Em 2009, verificou-se uma redução desse valor. Estaríamos perante um pronúncio do início de uma crise económica. A mesma dedução pode retirar-se ao analisarmos a evolução do VN e do número de pessoas ao serviço, isto é, uma evolução positiva de 2004 a 2008 e uma quebra no ano de 2009 (quadro 5).

Quadro 5. Evolução empresas do Norte de 2004 a 2009

Ano N.º Empresas VN milhares euros N.º de Pessoas ao

Serviço 2004 344.379 76.888.241 1.221.563 2005 356.129 80.314.651 1.237.327 2006 362.816 83.850.386 1.263.931 2007 379.661 88.849.008 1.311.605 2008 388.265 90.911.274 1.318.575 2009 378.791 85.603.045 1.277.674 FONTE: INE

Compartimentado a análise, de 2004 a 2009, pelos três setores mais importantes referidos,

não vamos encontrar comportamentos homogéneos. Embora a tendência global seja de crescimento, esta varia conforme os dados analisados em cada um dos setores.

(39)

O setor das “Indústrias transformadoras”, apresentou um contínuo decréscimo dos indicadores, relativos ao número de empresas e ao número de pessoas ao serviço durante este período (quadro 6). No entanto, o volume de produção só se ressentiu em 2009. A leitura que podemos retirar destes números é que de 2004 a 2008, apesar de diminuir o número de empresas e de pessoas ao serviço no sector das indústrias transformadoras, estas estavam a aumentar a sua produção. Provavelmente estavam a conseguir ganhos de competitividade e de produtividade que só foram travados em 2009.

Quadro 6. Dados das indústrias transformadoras de 2004 a 2009

Ano N.º Empresas N.º Pessoas ao Serviço Produção

(103 Euros) 2004 41.935 434.102 24.157.743 2005 40.919 422.025 24.500.515 2006 39.510 409.216 25.798.789 2007 39.488 407.132 27.482.049 2008 39.102 400.622 27.938.557 2009 36.945 370.163 24.111.974 FONTE: INE

Analisando o setor do “Comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos” (quadro 7), o crescimento foi efetivo nas várias rubricas analisadas no período compreendido entre 2004 e 2007.

Quadro 7. Dados do comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos, de 2004 a 2009

Ano N.º Empresas N.º Pessoas ao Serviço Produção

(103 Euros) 2004 96.605 262.840 8.108.074 2005 97.040 267.127 8.226.761 2006 96.176 270.212 8.572.910 2007 97.469 279.106 9.179.772 2008 97.429 275.186 9.090.080 2009 93.970 269.333 8.789.875 FONTE: INE

No ano de 2008 notaram-se algumas oscilações negativas, que embora ainda não fossem muito alarmantes, foram confirmadas no ano seguinte. É possível afirmar-se que este

(40)

setor deu antecipadamente sinais de contração da economia portuguesa e das dificuldades que se avizinhavam.

Em relação ao setor da “Construção”, fazendo a mesma abordagem no quadro 8, a análise n.º de empresas, n.º de pessoas ao serviço e produção, complementa as leituras anteriores.

Houve indicadores positivos até ao ano de 2008. Alguém muito alerta poderia notar alguns sinais de abrandamento nos dados relativos a esse ano. Contudo, só com os dados de 2009, pode-se concluir um retrocesso destes indicadores.

Quadro 8. Dados do setor da construção de 2004 a 2009

Ano N.º Empresas N.º Pessoas ao Serviço Produção

(103 Euros) 2004 38.854 164.526 9.764.971 2005 38.313 168.639 11.116.167 2006 36.910 176.580 10.813.881 2007 37.343 188.450 11.141.531 2008 37.365 188.219 12.005.565 2009 35.436 176.890 11.742.775 FONTE: INE

Comparando com os dados da economia portuguesa para o mesmo período (quadro 9), verifica-se uma convergência na análise.

Quadro 9. Indicadores macroeconómicos de 2004 a 2009 Anos PIB a preços

constantes (103 Euros)

PIB per capita (Euros) Dívida direta do Estado (% do PIB) Dívida direta do Estado (103 Euros) 2004 157.339.519 15.008 61 90.739 2005 158.558.981 15.096 66 101758 2006 160.855.370 15.287 68 108.557 2007 164.660.221 15.618 67 112.804 2008 164.646.164 15.594 69 118.463 2009 159.857.700 1.5126 79 132.747 FONTE: PORDATA

(41)

O PIB e o PIB per capita17 cresceram de 2004 a 2007, sendo que em 2008 tiveram os primeiros sinais de queda, o qual adquiriu contornos efetivos em 2009. Analisando a evolução do rácio da Dívida Pública sobre o PIB, para o período referido, este nunca deixou de crescer. Independentemente da variação do PIB, o endividamento público foi agravado ano após ano.

4.3.3.1 Perfil das empresas do Norte de Portugal em 2009

Verificando-se no ano de 2009 uma inflexão nos dados analisados, justifica-se uma abordagem mais profunda relativa a este ano. De referir que, em meados deste ano, o candidato assumiu funções de gestor da Rede Empresas e Empresários (REE), trabalhando com as agências BANIF de Vila Real, Peso da Régua, Mirandela, Bragança e Chaves. A carteira de clientes era composta por empresas com VN entre os 500.000€ e 2.500.000€.

Nesse ano, encontravam-se instaladas, na região Norte, mais de 340 mil empresas (32% do total nacional), que geravamm um volume de negócios superior a 90 mil milhões de euros (27% do total) e empregam mais de 1,2 milhões de trabalhadores.

A “Indústria transformadora” estava representada por cerca de 36 mil empresas, que geravam um VN superior a 25 mil milhões de euros (36% dototal nacional) e tinham ao seu serviço cerca de 370 mil trabalhadores. Destacavam-se as seguintes indústrias: Alimentar (10,2% do total do V.N. da Ind. Transformadora), Vestuário (9,4%), Prod. Metálicos (9,3%), Têxteis (8,2%), Artigos em Couro (6,4%), Material Eléctrico (5,9%) e Madeira e Cortiça (5,8%).20

Em relação a Portugal, no ano de 2009 os dados do INE mostravam que o PIB da região Norte correspondia a cerca de 30% do total nacional.

17

Produto Interno Bruto no ano civil / População média. Os valores do PIB e do PIB per capita estão a preços constantes (base=2006)

(42)

FONTE: INE

Figura 6. VAB - Setor Atividade Figura 7. Emprego - Setor Atividade

Analisando o peso dos setores de atividade nas figuras 6 e 7, verifica-se que predomina o setor dos serviços. O setor primário, apesar de apenas representar 1,6% do Valor Acrescentado Bruto (VAB), representa 11,6% em termos de emprego.

A região Norte é uma região com vocação exportadora: é a que mais exporta a nível nacional (37% do total, com um crescimento médio anual do período 2007-2011 de 3%), sendo os principais cinco clientes: Espanha, Angola, França, EUA e Alemanha. As exportações são, sobretudo, de produtos industriais (grande peso da Indústria transformadora) a sua principal especialização produtiva (dos sectores tradicionais - têxteis, vestuário e calçado).18

4.3.3.2 A Crise

Em 2009 era consensual que a economia portuguesa enfrentava uma situação de dificuldades. A opinião geral era a de que estas crises começaram nos Estados Unidos e se haviam alastrado à Europa. Tendo a economia Portuguesa sofrido dois choques externos e exógenos, a contração subita da atividade económica Mundial e dos fluxos de comércio internacional; e o aumento do custo da divida soberana (Castro, 2014).

Na UE e na zona euro existiam perceções divergentes acerca da crise. Frequentemente, a situação era (e ainda é) vista como uma crise dos estados mais gastadores. O que podemos aceitar como parcialmente verdadeiro, dado que, os países com défices e dívidas públicas mais elevadas foram (e continuam a ser) os mais vulneráveis à crise.

18 In http://www.portugalglobal.pt/

1,6%

31,0%

(43)

No quadro 10, podemos verificar o aumento que houve no rácio da dívida pública na zona euro, desde 2004 a 2009. Destacam-se países como a Grécia e Itália com valores mais elevados, bastante acima da média europeia e outros países, nos quais Portugal está incluído, a seguir no mesmo sentido.

Quadro 10. Dívida pública bruta na zona euro, em percentagem do PIB, de 2004 a 2009

2004 2005 2006 2007 2008 2009 Zona euro (15) Alemanha 66,2 68,6 68,0 65,2 66,8 74,6 Áustria 64,7 64,2 62,3 60,2 63,8 69,2 Bélgica 94,0 92,0 87,9 84,0 89,2 96,6 Eslováquia 42,8 34,8 33,0 29,8 28,9 35,6 Eslovénia 27,3 26,8 26,4 23,1 22,0 35,2 Espanha 46,3 43,2 39,7 36,3 40,2 54,0 Estónia 5,0 4,6 4,4 3,7 4,5 7,1 Finlândia 44,4 41,7 39,6 35,2 33,9 43,5 França 65,0 66,7 64,0 64,2 68,2 79,2 Grécia 98,9 101,2 107,5 107,2 112,9 129,7 Irlanda 29,4 27,2 24,6 24,9 44,2 64,4 Itália 103,7 105,7 106,3 103,3 106,1 116,4 Luxemburgo 6,4 6,1 6,7 6,7 14,4 15,5 Países Baixos 52,4 51,8 47,4 45,3 58,5 60,8 Portugal 61,9 67,7 69,4 68,4 71,7 83,7

FONTE: Banco de Portugal

No Conselho Europeu de Bruxelas, realizado nos dias 11 e 12 de Dezembro de 2008, previa-se o aumento da despesa pública; era uma política acordada ao nível da UE para evitar uma depressão económica em 2009. Este Conselho acordou um Plano de Relançamento da Economia Europeia19:

“…tendo aprovado um plano de relançamento da economia europeia, orçado em cerca de 1,5% do PIB da União Europeia (valor equivalente a cerca de 200 mil milhões de euros). Este plano constitui o quadro comum em que se inserem os esforços envidados pelos Estados-Membros e pela União Europeia e deverá garantir a coerência e optimizar os efeitos desses esforços…”

O mesmo, na data de 18 e 19 de Junho de 2009 refere nas suas conclusões:

(44)

“…É imperativo que a UE continue a desenvolver e implementar as medidas necessárias para responder a esta crise”.

Nas conclusões na data de 29 e 30 de Outubro, podemos retirar:

“...A recuperação incipiente requer uma monitorização cuidadosa e as políticas de apoio não devem ser retiradas até a recuperação estar totalmente assegurada…”

Finalmente, em 10 e 11 de Dezembro, ainda do mesmo ano:

“…A crise económica e financeira […] resultou na mais difícil contracção económica desde a década de 1930.”

Havia a perceção na UE de que a crise estava instalada, mas o clique deu-se em particular na Grécia. A situação era, de fato, grave em termos económicos. Em Novembro de 2009, o recém-eleito Governo da Grécia descobriu que o défice público para esse ano iria superar os 12 por cento do PIB, o dobro do valor anunciado pelo anterior executivo. Para além disso, a admissão por parte do Governo Grego de que as estatísticas oficiais não eram fiáveis teve um efeito político devastador.

A economia portuguesa, fortemente dependente do crédito externo e afetada pela redução do emprego com a deslocalização da indústria - primeiro para a China e depois, para o leste europeu, recentemente integrado na UE - tornou-se no espelho da racionalidade de uma súbita redução da taxa de juros e de incentivos e políticas de fomento e investimentos públicos ineficientes. Estes investimentos foram promovidos pelos governos que controlaram o país desde 1995 e decorreram, evidentemente, das prioridades definidas nas diretivas de Bruxelas, sobretudo em matéria de infraestruturas, concorrência e agricultura.

A solução encontrada, pelo governo de então, foi o reforço do investimento público em 2009, permitido pela flexibilização do Pacto de Estabilidade e Crescimento (2005) e a pretexto da crise bancária e por causa das eleições legislativas, permitiu adiar os principais impactos da crise.20

Abordando por uma perspetiva Keynesiana, manteve-se a aposta no financiamento de obras públicas, o que custou um forte aumento do défice público, uma crise de confiança

20

In http://www.publico.pt/politica/noticia/socrates-reafirma-que-2009-e-o-ano-decisivo-para-fazer-investimento-publico-1379895

Imagem

Figura 1. Mapa NUTS III
Figura 2. Evolução do número de empresas do Norte, 2004-2012
Figura 3. Evolução da produção das empresas do Norte, em milhares de euros, 2014-2012
Figura 5. Produto interno bruto a preços constantes (taxa de variação em valor; anual)
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