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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Vitória - Guimarães e no Hospital de Braga

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Academic year: 2021

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Joana Catarina Sampaio Ferreira

Farmácia Vitória - Guimarães

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Vitória

Novembro de 2014 a Fevereiro de 2015

Joana Catarina Sampaio Ferreira

Orientador : Dr.(a) Álea Abreu

____ ______________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutor(a) Helena Vasconcelos

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ii

Declaração de Integridade

Eu,

_______________________________________________,

abaixo

assinado,

__________, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de

Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter actuado com absoluta integridade na

elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo, mesmo por

omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais

declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores

foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação

da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______

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iii

Agradecimentos

Gostaria de agradecer a todos os que contribuíram para uma experiência tão enriquecedora e gratificante, nomeadamente:

À Dr.ª Álea Abreu Ferreira por me ter recebido na Farmácia Vitória, pela orientação e profissionalismo, por tudo o que me ensinou e pela confiança depositada;

A toda a equipa da Farmácia Vitória um agradecimento muito especial por me terem acolhido tão bem, pela paciência e conhecimentos transmitidos, e pelo excelente ambiente de trabalho;

À Comissão de Estágios da faculdade, em especial à minha tutora, Prof.ª Doutora Helena Vasconcelos, pela orientação, disponibilidade e apoio prestado em todas as dúvidas e questões surgidas.

Um agradecimento muito especial aos meus pais, irmão e namorado que sempre acompanharam a minha formação académica. Obrigada por todo o apoio e por acreditarem tanto em mim.

Agradeço ainda às amigas de curso, por todos os momentos e conselhos, e que ficam para a vida: Ana, Andreína, Carolina, Filipa, Isabel e Joana.

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Resumo

No âmbito do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, ministrado na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, realizei o meu estágio curricular na Farmácia Vitória, em Guimarães, sob a orientação da Dr.ª Álea Abreu Ferreira, entre Novembro de 2014 e Fevereiro de 2015.

O estágio curricular permite pôr em prática todos os conhecimentos teóricos e científicos adquiridos ao longo do mestrado, bem como adquirir novos saberes, nomeadamente ao nível da gestão da farmácia, circuito do medicamento desde as encomendas até à dispensa, e no atendimento e aconselhamento ao utente.

O presente relatório resume sucintamente a experiência vivida, os conhecimentos adquiridos e as atividades desenvolvidas ao longo do meu estágio. Este documento está dividido em duas partes. A primeira está relacionada com o funcionamento da farmácia e com todas as tarefas realizadas ao longo do estágio, que permitiram contactar com a realidade profissional do farmacêutico comunitário, nomeadamente com todas as funções e responsabilidades inerentes à profissão. A segunda parte descreve os temas desenvolvidos ao longo do estágio, que permitiram aprofundar os meus conhecimentos, mas também informar os utentes da FV.

O primeiro tema escolhido foi a queda de cabelo, um problema de saúde que afeta a auto-estima de muitas pessoas, como tal é importante conhecermos o que pode provocar a queda e o que podemos fazer para melhorar a saúde dos cabelos, fornecendo a informação aos utentes através de panfletos.

O segundo tema foi sobre a dispepsia e azia, duas das perturbações digestivas mais comuns entre a população. O objetivo foi aprofundar os conhecimentos já adquiridos, elaborando um protocolo de indicação farmacêutica, que auxilia no aconselhamento ao utente, bem como organizar a informação mais relevante para o utente e transmiti-la através de panfletos informativos.

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Índice

Agradecimentos ... iii

Resumo ... iv

Índice de Figuras ... viii

Índice de Tabelas ... viii

Lista de Abreviaturas ... ix

1. INTRODUÇÃO ... 1

2. APRESENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA VITÓRIA ... 1

2.1 Localização, Perfil dos utentes e Horário de Funcionamento ... 1

2.2 Espaço Físico e Funcional ... 2

2.3 Recursos Humanos ... 3 3. GESTÃO DA FARMÁCIA ... 4 3.1 Sistema Informático ... 4 3.2 Gestão de stocks... 4 3.3 Critérios de aquisição ... 4 4. ENCOMENDAS E APROVISIONAMENTO ... 4 4.1 Realização de Encomendas ... 4

4.2 Receção e Conferência de Encomendas... 5

4.3 Armazenamento ... 6

4.4 Controlo de prazos de validade ... 6

4.5 Devoluções ... 7

5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS ... 7

5.1 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 7

5.1.1 Receita Médica ... 8

5.1.2 Dispensa e Aconselhamento Farmacêutico ... 8

5.1.3 Regime de Comparticipação de Medicamentos ... 9

5.1.4 Conferência de Receituário ... 10

5.2 Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica e Indicação Farmacêutica ... 11

6. DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS FARMACEUTICOS ... 11

6.1 Medicamentos e produtos de uso veterinário ... 11

6.2 Produtos de Cosmética e Higiene Corporal ... 11

6.3 Produtos Fitoterápicos e Suplementos Alimentares ... 12

6.4 Produtos de alimentação especial ... 12

6.5 Dispositivos Médicos ... 13

7. MEDICAMENTOS MANIPULADOS ... 13

7.1 Laboratório ... 14

(7)

vi

7.3 Manipulação ... 14

7.4 Rotulagem ... 15

7.5 Preço de venda ao público ... 15

7.6 Comparticipação... 15

8. SERVIÇOS FARMACÊUTICOS PRESTADOS NA FV ... 15

8.1 Avaliação da tensão arterial e da frequência cardíaca ... 16

8.2 Determinação da glicemia ... 16

8.3 Determinação do Colesterol Total e Triglicerídeos ... 17

8.4 Controlo do peso corporal ... 17

8.5 Administração de Vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação ... 17

8.6 Serviço de Dispensa ao Domicílio ... 17

9. FARMACOVIGILÂNCIA ... 17 10. VALORMED ... 17 11. QUEDA DO CABELO ... 18 11.1 Enquadramento ... 18 11.2 Fundamento Teórico ... 18 11.2.1 A estrutura do cabelo ... 18

11.2.2 O ciclo de crescimento do cabelo ... 19

11.3 Causas da queda de cabelo ... 19

11.4 Diagnóstico da queda de cabelo ... 21

11.5 Tratamento da queda de cabelo ... 22

11.5.1 Outras técnicas ... 24 11.6 A importância da nutrição ... 24 11.6.1 Água ... 24 11.6.2 Vitaminas ... 24 11.6.2.1 Vitaminas do Complexo B... 25 11.6.3 Antioxidantes ... 25 11.6.4 Oligoelementos ... 26

11.6.5 Ácidos Gordos Polinsaturados ... 26

11.6.6 Aminoácidos ... 26

11.7 O papel do farmacêutico ... 27

11.8 Considerações finais ... 27

12. INDICAÇÕES FARMACÊUTICAS EM CASOS DE PERTURBAÇÕES DIGESTIVAS ... 29

12.1 Enquadramento ... 29

12.2 Automedicação e o papel do farmacêutico na indicação farmacêutica ... 29

12.3 Perturbações digestivas ... 30

12.4 Dispepsia ... 30

(8)

vii

12.4.2 Dispepsia Funcional ... 31

12.4.3 Mecanismos fisiopatológicos da dispepsia funcional ... 31

12.4.4 Diagnóstico da dispepsia funcional ... 32

12.4.5 Tratamento da dispepsia ... 33

12.5 Azia ... 33

12.5.1 Causas da azia ... 34

12.5.2 Mecanismos patofisiológicos da azia ... 34

12.5.3 Diagnóstico da azia ... 35

12.5.4 Tratamento da azia ... 35

12.6 Indicação Farmacêutica no tratamento da dispepsia e azia ... 36

12.6.1 Antiácidos ... 36

12.6.2 Modificadores da secreção ácida ... 37

12.6.2.1 Antagonistas do recetor H2 ... 37

12.6.2.2 Inibidores da bomba de protões ... 37

12.7 Dispepsia e Azia na Gravidez ... 38

12.8 Considerações finais ... 39

14. CONCLUSÃO ... 40

15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 41

16. ANEXOS... 49

16.1 Anexo I – Folheto Informativo “Queda de cabelo: causas, tratamento e prevenção” ... 49

16.2 Anexo II – Protocolos de Indicação Farmacêutica ... 51

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Índice de Figuras

Figura 1: Estrutura do cabelo saudável

Figura 2: Ciclo do crescimento do cabelo: fase anágena, fase catágena e fase telógena Figura 3: Padrão Masculino e Feminino de AAG

Figura 4: Transplante em ratos de células da papila dérmica derivadas de hPSCs e que induziram crescimento de cabelo

Figura 5: Alimentos onde se podem encontrar cada uma das vitaminas. A melhor maneira de obter quantidades suficientes de vitaminas é seguir uma dieta saudável, que inclui uma grande variedade de frutas e legumes.

Figura 6: Mecanismos patofisiológicos envolvidos na DF

Figura 7: Refluxo do ácido gástrico para o esófago responsável pela azia

Índice de Tabelas

Tabela 1: Cronograma das atividades realizadas ao longo do estágio Tabela 2: Equipa de colaboradores da FV e respetivas funções Tabela 3: Valores de Referência da glicemia

Tabela 4: Antiácidos

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Lista de Abreviaturas

AA – Alopecia Areata

AAG – Alopecia Androgenética CNP – Código Nacional Português

CNPEM – Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos DCI - Denominação Comum Internacional

DF – Dispepsia Funcional DHT – Di-hidrotestosterona

FDA – Food and Drug Administration FV – Farmácia Vitória

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I. P. IVA – Imposto Valor Acrescentado

MNSRM - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica MSRM - Medicamentos Sujeitos a Receita Médica PCHC - Produtos de Cosmética e Higiene Corporal PV- Prazo de validade

PVP – Preço de Venda ao Público SNS – Sistema Nacional de Saúde

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1 Tabela 1: Cronograma das atividades realizadas ao longo do estágio

PARTE I – Estágio na Farmácia Vitória

1. INTRODUÇÃO

O farmacêutico tem vindo a desempenhar um papel relevante na sociedade como prestador de cuidados de saúde. Sendo o farmacêutico o último profissional de saúde a estar em contacto com o utente/doente assume uma posição preponderante na transmissão da informação mais atualizada, assegurando o uso correto e racional do medicamento, bem como na sensibilização para a adoção de um estilo de vida saudável.

A Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, em colaboração com a Ordem dos Farmacêuticos, proporciona aos seus estudantes a oportunidade de realizar um estágio curricular em farmácia comunitária. A realização deste estágio tem como objetivo favorecer, em situações reais, a consolidação dos conhecimentos adquiridos durante o curso, permitindo assim ao estudante obter as competências essenciais para o desenvolvimento de atividades no âmbito de farmácia comunitária.

Com o presente relatório pretendo fazer uma breve descrição de todos os conhecimentos adquiridos ao longo do estágio, bem como das atividades desenvolvidas (Tabela 1). Estagiei na Farmácia Vitória (FV), durante quatro meses (Novembro a Fevereiro), sob a orientação da Dr.ª Álea Abreu.

2. APRESENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA VITÓRIA

2.1 Localização, Perfil dos utentes e Horário de Funcionamento

A FV, que pertence ao grupo empresarial Lifejourney S.A, localiza-se na Alameda Doutor Mariano Felgueiras, na freguesia de Creixomil, concelho de Guimarães e distrito de Braga.

Semana/ Atividades

Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Armazenamento/ reposição de produtos Receção e conferência de encomendas Organização do receituário Controlo de prazos de validade e verificação física de stocks Preparação de medicamentos manipulados Medição de parâmetros fisiológicos e bioquímicos Atendimento ao público

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2 A FV possui uma localização privilegiada, uma vez que se encontra no interior do centro comercial GuimarãeShopping, em frente ao centro hospitalar do Alto Ave, próxima de escolas, centro de camionagem e correios. Devido à sua localização, a FV recebe diariamente uma grande diversidade de utentes, no entanto, uma grande parte são utentes fixos, maioritariamente idosos ou portadores de doenças crónicas.

O horário de atendimento ao público da FV é de segunda a quinta-feira das 9h às 23h, à sexta-feira, ao sábado e vésperas de feriado das 9h às 24h e ao domingo das 9h às 22h. Para além disto integra também o plano de turnos de serviço permanente rotativo, ficando em funcionamento desde a hora de abertura até à hora de encerramento do dia seguinte.

2.2 Espaço Físico e Funcional

De acordo com as Boas Práticas Farmacêuticas (BPF) e com o artigo 29º do D.L. n.º 307/2007, de 31 de Agosto, a FV dispõem de instalações que garantem a segurança, conservação e preparação dos medicamentos, mas também a acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes e do respetivo pessoal.1,2

Assim sendo, a FV está dividida em diversas áreas individualizadas e distribuídas por dois pisos. No piso 0 encontra-se uma ampla área de atendimento ao público, onde se encontram nove postos de atendimento, devidamente equipados e identificados. Para que o atendimento seja ordeiro e organizado existe um sistema de senhas, que permite três tipos de atendimentos, ou seja, a senha A destina-se ao atendimento geral, a senha B ao atendimento prioritário e a senha C destina-se às reservas. Atrás dos postos de atendimento estão expostos produtos de venda livre, nomeadamente produtos sazonais, suplementos alimentares, produtos dietéticos, dermocosmética, produtos de higiene oral, bem como de higiene íntima, corporal e capilar. De fácil acesso aos utentes encontram-se produtos de dermocosmética, produtos capilares e puericultura. Junto à entrada da FV encontra-se uma balança que determina o peso corporal.

Também no piso 0 encontra-se o gabinete de atendimento personalizado, no qual se realizam os serviços de saúde complementares, nomeadamente determinação dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos, administração de medicamentos e vacinas não incluídas no Programa Nacional de Vacinação (PNV). Este espaço permite, sempre que necessário, um diálogo mais confidencial e reservado entre o farmacêutico e o utente e, ocasionalmente, permite a realização de rastreios e de consultas de nutrição. Neste piso encontram-se também as instalações sanitárias, destinadas à equipa da FV.

No piso 1 encontra-se uma zona de receção e verificação de encomendas e várias áreas de armazém, o laboratório, destinado à elaboração de manipulados, onde estão armazenadas as matérias-primas, bem como variadas fontes bibliográficas, incluindo a Farmacopeia Portuguesa e o Formulário Galénico Português, o gabinete da diretora técnica, onde exerce funções de gestão e administração da FV, um posto para tratar exclusivamente das entregas aos domicílios e uma sala de refeições.

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3 Tabela 2: Equipa de colaboradores da FV e respetivas funções

Neste piso encontra-se o robô, um sistema de armazenamento automático controlado computacionalmente, onde são armazenados a maior parte dos medicamentos existentes, exceto xaropes, ampolas e embalagens de grandes dimensões. O robô permite uma economia de espaço, devido ao armazenamento compacto, facilita e otimiza a dispensa de medicação e permite auxiliar no controlo dos prazos de validade.

2.3 Recursos Humanos

A FV possui uma vasta equipa qualificada, multidisciplinar e dinâmica que garantem o bom funcionamento do serviço ao utente, detalhada na Tabela 2:

Colaborador Função

Dr.ª Álea Ferreira Diretora Técnica

Dr.ª Marta Leite Farmacêutica Adjunta

Dr.ª Ana Dias

Farmacêuticas

Dr.ª Ana Lima

Dr.ª Ana Raquel Cunha Dr.ª Eliana Ferreira Dr.ª Helena Magalhães Dr.ª Tânia Matos Anabela Teixeira Técnicos de Farmácia Frank Freitas Isabel Ferreira Isaura Freitas Marco Lopes Pedro Freitas Sandra Faria Sofia Fernandes Sofia Oliveira Raquel Monteiro Anabela Vieira

Técnicos Auxiliares de Farmácia

Ismael Araújo

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4

3. GESTÃO DA FARMÁCIA

3.1 Sistema Informático

Nos dias de hoje é imprescindível o uso de um sistema informático para realizar todas as atividades em farmácia comunitária. O software utilizado na FV é o Sifarma 2000, uma ferramenta que permite a realização e receção de encomendas, gestão de stocks, controlo de prazos de validade (PV), processamento do receituário, bem como otimização do atendimento e aconselhamento ao utente, trazendo maior eficiência e qualidade aos serviços prestados.

3.2 Gestão de stocks

Uma gestão de stocks eficaz é quando há um equilíbrio entre os produtos que são encomendados e os que são dispensados, que asseguram o bom funcionamento da farmácia, sem causar desajustes financeiros.

Assim sendo, para cada produto define-se o stock máximo e o stock mínimo, por forma a evitar a retenção do produto e, simultaneamente, evitar a rutura do stock.

A FV realiza uma gestão cuidada dos seus produtos passíveis de venda, tendo em conta diversos critérios, nomeadamente o perfil dos utentes e suas necessidades, a sazonalidade, o registo de vendas, as condições comerciais oferecidas, a disponibilidade financeira, entre outros.

3.3 Critérios de aquisição

A aquisição de qualquer produto depende de vários critérios, nomeadamente da rotatividade, da sazonalidade e do PV, tendo em vista a rentabilização de stocks.

O aprovisionamento de matérias-primas/medicamentos/produtos farmacêuticos pode ser feito a distribuidores grossistas/ armazenistas e diretamente aos laboratórios ou seus representantes legais.

A selecção de fornecedores é feita tendo em conta diversos fatores, nomeadamente preço, bonificações, descontos, prazos de entregas, entre outros.

4. ENCOMENDAS E APROVISIONAMENTO

4.1 Realização de Encomendas

A FV trabalha com quatro distribuidores grossistas, o principal é a Alliance Healthcare, seguindo-se a OCP Portugal, Proquifa e Plural. Os distribuidores grossistas são os principais fornecedores das farmácias pois comercializam uma vasta gama de produtos e oferecem um serviço rápido e efetivo.

Diariamente, uma das farmacêuticas responsáveis pelas encomendas realiza a mesma com recurso ao sistema informático Sifarma 2000 que gera automaticamente uma proposta de encomenda, tendo em conta os stocks mínimo e máximo de cada produto. No entanto, esta proposta deve ser analisada cuidadosamente de tal forma que, podem ser efetuadas alterações que se considerem

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5 necessárias, de acordo com as condições apresentadas e com as necessidades dos utentes. Depois de aprovada, a encomenda é enviada via modem para o distribuidor grossista.

Além das encomendas diárias, existem situações de pedidos pontuais, quando o produto não existe na farmácia ou é de entrega urgente, que implicam a comunicação via telefone com o respetivo fornecedor ou através do Sifarma 2000 (encomendas instantâneas), sendo entregues no horário de entrega mais próximo.

Realizam-se encomendas diretas ao laboratório ou seus representantes quando economicamente é mais vantajoso e quando se pretende maior quantidade do produto, porém o aprovisionamento é mais demorado.

4.2 Receção e Conferência de Encomendas

A receção das encomendas e a respetiva confirmação são efetuadas logo após a sua entrega por parte dos fornecedores. Estes fazem-se acompanhar dos respetivos produtos encomendados, devidamente acondicionados em contentores específicos ("banheiras"), em caixas de cartão ou em contentores térmicos, no caso dos produtos que necessitam de conservação a temperaturas entre os 2-8ºC. Cada encomenda vem acompanhada da respetiva guia de remessa ou fatura e respetivo duplicado, na qual constam as seguintes informações: identificação da farmácia e do fornecedor; número da fatura; designação individual de cada produto e Código Nacional Português (CNP); quantidades pedidas e enviadas; preço de venda à farmácia (PVF), imposto sobre o valor acrescentado (IVA) e preço de venda ao público (PVP), se aplicável; eventuais bonificações; e valor total da encomenda. No caso de existirem encomendas de psicotrópicos ou estupefacientes, as faturas são ainda acompanhadas pelas guias de requisição destes produtos, com um número correspondente, devidamente assinada e autenticada. Por cada psicotrópico/estupefaciente é enviada uma requisição, a qual deve ser conservada na farmácia durante 3 anos.3

A encomenda é rececionada através do Sifarma 2000 e todos os parâmetros da fatura são verificados, bem como o estado de conservação dos produtos adquiridos. Os produtos de frio, psicotrópicos e estupefacientes são os primeiros a serem rececionados, conferidos e armazenados. No final da introdução de todos os produtos entregues confirma-se se o valor faturado e o número total de unidades coincidem com o valor que o Sifarma 2000 exibe.

Após a receção da encomenda, os produtos de venda livre que não têm preço impresso na cartonagem (PIC), são etiquetados com o preço. O cálculo do mesmo tem em consideração o preço a que a farmácia comprou o produto, acrescido da margem de comercialização e o IVA.

Durante a conferência das encomendas, se se detetar inconformidades, estas são comunicadas ao fornecedor sob forma de reclamação.

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6 Sempre que se confirma a encomenda o software imite uma nota de entrega da encomenda que se anexa ao original da fatura, sendo que os originais e duplicados são arquivados em dossiers distintos.

A receção e verificação de encomendas constituíram a primeira fase do meu estágio, que me permitiu o contacto inicial com todos os produtos disponíveis na farmácia e a relação com nomes comerciais, essencial para me integrar na dinâmica da gestão de stocks e, posteriormente, no atendimento ao público.

4.3 Armazenamento

Após a receção e conferência da encomenda, procede-se ao armazenamento dos produtos que deverá obedecer a determinadas condições de conservação, nomeadamente temperatura, iluminação e humidade, de forma a garantir a qualidade dos produtos. Por outro lado, uma boa organização dos produtos torna o atendimento mais rápido e eficaz.

A FV possui vários locais de armazenamento. A maioria dos medicamentos são armazenados no robô, no entanto os excessos e os medicamentos que não podem lá ser guardados estão organizados no armazém por ordem alfabética, no caso dos medicamentos de marca, ou pela Denominação Comum Internacional (DCI), no caso dos medicamentos genéricos.

Os produtos que apresentam maior rotatividade e os produtos de venda livre, como PCHC (Produtos de Cosmética e Higiene Corporal), suplementos alimentares e produtos de puericultura encontram-se mais próximos da zona de atendimento, para rentabilizar o tempo necessário aquando da dispensação dos medicamentos, e por forma a serem visíveis pelos utentes. Todos os produtos em excesso são acondicionados no armazém.

Os medicamentos que necessitam de ser conservados a uma temperaturas compreendidas entre os 2ºC e os 8ºC, tais como vacinas e insulinas são conservados num frigorífico destinado a esse efeito. Independentemente dos produtos, estes devem ser armazenados segundo a regra First expired,

First-Out (FEFO), de forma a promover a rotação dos stocks e obter uma melhor gestão dos PV.

A par da receção e conferência de encomendas, o armazenamento foi uma das primeiras tarefas que desenvolvi durante o meu estágio. Esta fase é de extrema importância pois permite conhecer a organização da FV e dos produtos, por forma a efetuar, mais tarde, um atendimento mais eficiente ao utente.

4.4 Controlo de prazos de validade

O controlo dos PV permite garantir a qualidade, segurança e eficácia dos medicamentos. Como tal, o seu controlo deve ser efetuado através da verificação dos PV em momentos distintos: aquando da receção e conferência das encomendas e através da verificação da listagem mensal emitida pelo

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7 PV mas também quantidades, permitindo detetar erros de stock, que devem ser corrigidos, por forma a evitar falhas na gestão dos mesmos.

Os medicamentos e produtos de saúde que se encontram no robô são também controlados, uma vez que são introduzidos individualmente e com o respetivo PV. Os produtos que não se encontram armazenados no robô analisam-se manualmente os PV. Todos os produtos cujo PV termina nos próximos seis meses devem ser escoados o mais rapidamente possível, como tal estão dispostos numa gondola específica e sujeitos a um preço especial. Os produtos cujo PV é igual ou inferior a dois meses são retirados para posterior devolução ao fornecedor.

No caso de o PV não estar correto corrige-se na ficha de produto, senão os produtos são recolhidos e devolvidos aos fornecedores, acompanhados de uma nota de devolução.

4.5 Devoluções

A devolução de um produto pode dever-se a vários motivos, nomeadamente produtos retirados do mercado, irregularidades relativamente à encomenda entregue (exemplo: troca de produtos), embalagem ou produto danificados, produtos indevidamente acondicionados e PV expirado ou prestes a terminar.

Através do Sifarma 2000 emite-se uma nota de devolução ao fornecedor. Posteriormente, o fornecedor procede à troca do produto ou emite uma nota de crédito a descontar na fatura mensal seguinte. No caso de não ser aceite a devolução, o produto é devolvido competindo à farmácia assumir o prejuízo.

5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS

A dispensa de medicamentos é definida como um “serviço clínico em que o farmacêutico avalia o processo de uso da farmacoterapia, disponibiliza a medicação, em condições clínicas, e informa, de modo personalizado, o doente ou o cuidador sobre o Processo de Uso dos Medicamentos (PUM), quer estes sejam industrializados ou manipulados”.4

Esta é a principal atividade de um farmacêutico de oficina, um papel de grande responsabilidade, no qual põe em prática os seus conhecimentos, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos utentes.

De acordo com o Decreto-Lei n.º 209/94, de 6 de Agosto, os medicamentos de uso humano podem ser classificados em medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) e medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM).5

5.1 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Os MSRM são vendidos exclusivamente em farmácias e são apenas dispensados mediante apresentação de receita válida por parte do utente.

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8 Os MSRM podem ainda ser subdivididos em: medicamentos de receita médica não renovável (destinados a tratamentos de curta duração, com validade de 30 dias), medicamentos de receita médica renovável (destinam-se a determinadas doenças ou a tratamentos prolongados; podem ser adquiridos sem necessidade de nova prescrição médica; a receita é composta por três vias e tem a validade de 6 meses), medicamentos sujeitos a receita médica especial (medicamentos que contenham substâncias estupefacientes ou psicotrópicas, ou medicamentos que possam criar toxicodependência em casos de uso anormal) e medicamentos de receita médica restrita (medicamentos de utilização reservada a certos meios especializados, como os medicamentos de uso exclusivo hospitalar ou em ambulatório e medicamentos destinados a patologias cujo diagnóstico é efetuado apenas em meio hospitalar).5

5.1.1 Receita Médica

A prescrição de MSRM é efetuada a partir de uma receita médica via informática ou, excepcionalmente, via manual, que inclui obrigatoriamente a respetiva DCI da substância ativa, a forma farmacêutica, a dosagem, a apresentação e a posologia. Em cada receita médica podem ser prescritos até quatro medicamentos distintos, sendo que o número total de embalagens prescritas não pode ultrapassar o limite de duas por medicamento, nem o total de quatro embalagens, exceto quando a dispensa dos medicamentos é em quantidade individualizada, para os quais podem ser prescritos até quatro embalagens iguais por receita.6

Nos dias de hoje, as receitas via informática são as mais prescritas pelos profissionais de saúde. Estas facilitam a comunicação entre o prescritor e o farmacêutico, aumentando a segurança quer na prescrição quer na dispensa.7Quando as receitas são prescritas manualmente estas só podem possuir uma via, cuja validade são 30 dias, e requerem uma justificação: “a) Falência do sistema informático; b) Inadaptação fundamentada do prescritor, previamente confirmada e validada anualmente pela respetiva Ordem profissional; c) Prescrição ao domicílio; d) Outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês.”7,6

Para a receita, via informática ou via manual, ser aceite na farmácia é necessário que a mesma obedeça a um conjunto de normas, estabelecidas nos artigos 9º e 11º, respectivamente, da Portaria n.º 137-A/2012 de 11 de Maio.6

É importante referir que existem determinados medicamentos que têm de ser prescritos isoladamente, isto é, a mesma receita médica não pode conter outros medicamentos, nomeadamente: estupefacientes e psicotrópicos, medicamentos manipulados, produtos dietéticos com caráter terapêutico, produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus.8

5.1.2 Dispensa e Aconselhamento Farmacêutico

No que respeita á dispensa de medicamentos, o farmacêutico tem a responsabilidade de validar a receita, ou seja, certificar-se se a prescrição obedece às normas estabelecidas, bem como verificar

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9 possíveis interações medicamentosas, contra-indicações, alergias e intolerâncias e se a posologia é adequada ao utente.

Durante a dispensa, o utente deve ser informado de quais os medicamentos disponíveis na farmácia com a mesma substância ativa, forma farmacêutica, apresentação e dosagem do medicamento prescrito, bem como sobre aqueles que são comparticipados pelo Sistema Nacional de Saúde (SNS) e o que tem o preço mais baixo disponível no mercado. Ou seja, dentro do mesmo grupo homogéneo (medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem) a farmácia deve ter pelo menos três dos cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo, devendo dispensar o de menor preço, salvo se for outra a opção do doente.6 Portanto, os medicamentos podem ser prescritos de duas formas distintas8:

por DCI: em que o utente pode optar por qualquer medicamento que apresente o mesmo CNPEM (o que corresponde à mesma DCI, forma farmacêutica, dosagem e tamanho de embalagem similares ao prescrito).

por nome comercial ou do titular: neste caso o médico pode indicar, na receita, as justificações técnicas que impedem a substituição do medicamento prescrito com denominação comercial, nomeadamente:

o “Exceção a) do n.º 3 do art. 6.º” - “Medicamento com margem ou índice terapêutico estreito”;

o “Exceção b) do n.º 3 do art. 6.º” - “Reação adversa prévia”;

o “Exceção c) do n.º 3 do art. 6.º” - “Continuidade de tratamento superior a 28 dias” Neste caso, o utente pode optar por medicamentos similares ao prescrito, desde que sejam de preço inferior.

Sempre que surjam exceções na receita médica, é importante realçar, que devem ser devidamente assinaladas no sistema informático de forma a ficarem claras no verso da receita após a impressão.

Posteriormente à seleção do medicamento ou produto farmacêutico cabe ao farmacêutico fornecer todas as informações ao utente para uma adequada utilização, esclarecendo dúvidas sobre a posologia, oralmente e por escrito, se necessário, bem como possíveis reações adversas, e condições especiais de armazenamento.

5.1.3 Regime de Comparticipação de Medicamentos

A comparticipação é a fração do preço de um MSRM que é financiada pelo SNS ou por outras entidades com quem tenham estabelecido acordos, nomeadamente Serviços de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários (SAMS), trabalhadores dos correios, EDP (Energias de Portugal), entre outros. Portanto existem utentes que beneficiam da comparticipação simultânea de dois organismos (SNS e outro), usufruindo assim de um sistema de complementaridade de entidades.

(20)

10 No que diz respeito ao SNS, a comparticipação de medicamentos faz-se através do regime geral ou do regime especial. No caso do regime geral, o Estado paga diferentes percentagens do medicamento de acordo com o escalão: Escalão A - 90%, Escalão B - 69%, Escalão C - 37%, Escalão D - 15%, consoante as indicações terapêuticas do medicamento, a sua utilização, as entidades que o prescrevem e ainda com o consumo acrescido para doentes que sofram de determinadas patologias.7, 9

Relativamente ao regime especial de comparticipação, este destina-se aos beneficiários, ou seja, aos pensionistas cujo rendimento "não exceda 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida", bem como, ao tratamento de determinadas patologias ou grupos especiais de utentes.10

Os produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus também são abrangidos por um regime de comparticipação. As tiras-teste para determinar glicemia, cetonemia e cetonúria tem uma comparticipação de 85% e as agulhas, seringas e lancetas são comparticipadas a 100%.7 Os medicamentos que são imprescindíveis à vida do utente são comparticipados na totalidade.

Os medicamentos dispensados são registados no Sifarma 2000 e, de acordo com a comparticipação correspondente, o utente paga a percentagem que não é comparticipada. No verso da receita são impressas as informações referentes ao ato de dispensa e é emitida uma fatura. No caso de a dispensa ser referente a medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, o Farmacêutico tem de preencher uma série de informações relativas ao doente, ao médico prescritor e ao adquirente.

5.1.4 Conferência de Receituário

Após a dispensa dos medicamentos, as receitas aviadas são conferidas, assinadas e carimbadas, de modo a que sejam consideradas válidas e, assim, a farmácia receba o valor da comparticipação. Caso se detete algum erro, procede-se à correção, sendo, por vezes, necessário contactar o utente.

Depois de conferidas, as receitas são ordenadas por lotes de 30 unidades e por entidade comparticipadora.

No final de cada mês, através do Sifarma 2000, procede-se ao fecho dos lotes e imprime-se o verbete de identificação do lote, onde consta toda a informação referente ao mesmo lote. Mensalmente, elabora-se uma relação-resumo dos lotes referente ao conjunto dos lotes e imprime-se as faturas para cada entidade comparticipadora.11

Portanto, as receitas comparticipadas pelo SNS, juntamente com toda a documentação (verbetes, relação-resumo e faturas) são enviadas para o Centro de Conferencia de Faturas (CCF), enquanto que as receitas comparticipadas por outras entidades são enviadas para Associação Nacional de Farmácias (ANF) que, posteriormente, distribui pelos respetivos organismos.

Na FV cada colaborador é responsável por conferir o seu próprio receituário. Durante o meu estágio, quase todos os dias, separei as receitas por entidade comparticipadora, e ordenei-as por lotes. Na FV há um farmacêutico responsável por voltar a conferir as receitas, bem como proceder aos procedimentos acima referidos.

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11 5.2 Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica e Indicação Farmacêutica

Os MNSRM são utilizados para tratar patologias de menor gravidade ou problemas de saúde autolimitados, não sendo obrigatório a apresentação de uma prescrição médica para os adquirir e, normalmente, não são comparticipados, salvo algumas situações, que deverão estar previstas na legislação.12

É frequente em situações de transtornos menores como gripes/constipações, alergias ou afeções da pele, o utente solicitar medicação por iniciativa própria (automedicação) ou pedir orientação (indicação farmacêutica).

Tendo em conta que a maioria dos utentes que chegam ao balcão não têm conhecimentos suficientes para decidirem sobre qual o medicamento mais adequado à sua situação, a intervenção de um profissional de saúde e especialista no medicamento torna-se fundamental no processo de uso de MNSRM. Neste caso estamos perante indicação farmacêutica em que o “farmacêutico responsabiliza-se pela responsabiliza-seleção de um medicamento não sujeito a receita médica ou de eventual tratamento não farmacológico com o objetivo de aliviar ou resolver um problema de saúde considerado como um transtorno menor ou sintoma menor, entendido como problema de saúde de carácter não grave, autolimitante, de curta duração, que não apresente relação com manifestações clínicas de outros problemas de saúde do doente.”1

Durante o estágio surgiram diversas situações de indicação farmacêutica e de automedicação e apercebi-me da importância do farmacêutico nestes casos, constatando que é de facto um trabalho enriquecedor e que exige um grande conhecimento.

Verifiquei que os MNSRM a que os utentes mais recorrem são laxantes e obstipantes, antigripais/antitússicos/descongestionantes, analgésicos/antipiréticos e antiácidos.

6. DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS FARMACEUTICOS

6.1 Medicamentos e produtos de uso veterinário

Tendo em conta que a farmácia é um local procurado pelas pessoas para comprarem medicamentos e outros produtos para os seus animais, é muito importante que o farmacêutico esteja informado sobre o uso adequado desses mesmos produtos, por forma a conseguir intervir, aconselhar e esclarecer duvidas durante a dispensa.

A FV não tem uma grande variedade de produtos veterinários, pois a procura incide, essencialmente, nos antiparasitários internos e externos, coleiras e anticoncepcionais para animais de companhia, como cães e gatos.

6.2 Produtos de Cosmética e Higiene Corporal

De acordo com o INFARMED, PCHC é “qualquer substância ou preparação destinada a ser posta em contato com as diversas partes superficiais do corpo humano” com o propósito de “limpar,

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12 perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais”.13

O interesse por parte das pessoas relativamente a estes produtos tem vindo a crescer, consequentemente a oferta é cada vez maior, como tal cabe ao farmacêutico estar bem informado por forma a aconselhar correta e eficazmente o utente que o aborda.

A FV tem uma grande diversidade de marcas comerciais, organizadas por gamas, nomeadamente Avene®, Uriage®, Bioderma®, La Roche Posay®, Caudalie®, Lierac® e Filorga®. De realçar que as marcas comerciais mais relacionadas com dermocosmética estão expostas nos lineares atrás dos postos de atendimento, por outro lado as marcas comerciais mais reconhecidas pelo papel estético e cosmético estão em lineares ao alcance dos clientes.

Esta área está em constante crescimento e renovação, como tal os colaboradores da FV têm a oportunidade de participar em formações periódicas para actualizarem os seus conhecimentos. Ao longo do estágio tive o privilégio de ter algumas formações nesta área, nomeadamente: Avene®, Uriage® e Rene®.

6.3 Produtos Fitoterápicos e Suplementos Alimentares

Os produtos fitoterápicos são obtidos a partir de plantas medicinais, com o intuito de prevenir, aliviar ou curar patologias. Tendo em conta que na sua composição existem substâncias ativas, requerem o mesmo cuidado como aquando da dispensa de produtos não fitoterápicos.12

Relativamente aos suplementos alimentares, tem se verificado uma procura crescente destes produtos que são uma fonte concentrada de substâncias nutrientes, vitaminas, minerais, entre outros, e que servem como complemento ou suplemento ao regime alimentar normal. É importante recordar que estes produtos não substituem a adoção de um estilo de vida saudável e apresentam efeitos adversos, quando utilizados inapropriadamente ou em excesso.14

Na FV os produtos fitoterápicos são muito procurados para o tratamento de obstipação e insónia, bem como os suplementos alimentares multivitamínicos e produtos de emagrecimento.

6.4 Produtos de alimentação especial

Os géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial são todos os que “devido à sua composição especial ou a processos especiais de fabrico, se distinguem claramente dos alimentos de consumo corrente, são adequados ao objectivo nutricional pretendido e comercializados com a indicação de que correspondem a esse objectivo”.15

Este tipo de alimentação procura satisfazer as necessidades nutricionais de pessoas com perturbações digestivas ou metabólicas, de pessoas que apresentam condições fisiológicas especiais, bem como latentes ou crianças.

(23)

13 A FV tem ao dispor dos utentes uma grande diversidade de produtos para este fim. No caso de latentes ou crianças tem disponível uma vasta variedade de leites, papas, farinhas e boiões adaptados às diferentes etapas do desenvolvimento e às necessidades particulares dos bebés e das crianças. Para adultos existem produtos com valor energético baixo ou reduzido, destinados ao controlo de peso e suplementos nutritivos hiperproteicos e hiperenergéticos.

Uma vez mais, o farmacêutico deve ter conhecimento de todos os produtos para alimentação especial por forma a responder às necessidades da população, bem como, transmitir a importância do leite materno nos primeiros meses de vida do bebé.

6.5 Dispositivos Médicos

De acordo com o Decreto-Lei n.º 145/2009, de 17 de Junho, dispositivo médico é “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, incluindo o software destinado pelo seu fabricante a ser utilizado especificamente para fins de diagnóstico ou terapêuticos e que seja necessário para o bom funcionamento do dispositivo médico, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios”.16

O conceito “dispositivo médico” engloba uma diversidade de instrumentos de saúde que podem ser usados para diversos fins. Alguns dos dispositivos médicos que se podem encontrar na FV são material de penso, material de ostomia, seringas, meias de compressão, fraldas, testes de gravidez, preservativos, entre outros.

7. MEDICAMENTOS MANIPULADOS

Até à era da industrialização todos os medicamentos eram preparados por farmacêuticos e, posteriormente, dispensados nas farmácias. É inquestionável a importância das indústrias farmacêuticas na preparação dos medicamentos, porém continuam a ser preparados em farmácias hospitalares e farmácias de oficina ou quando há uma lacuna a nível industrial ou quando se pretende personalizar a terapêutica.17

De acordo com Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de Abril designa-se Medicamento manipulado “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico”.18

Os medicamentos manipulados são apresentados como fórmula magistral quando o medicamento se destina a um utente de acordo com a prescrição médica, enquanto o preparado oficinal, preparado segundo indicações da farmacopeia ou de um formulário, destina-se a vários utentes, logo é distribuído em múltiplas embalagens para dose única.17

(24)

14 7.1 Laboratório

Na FV existe um laboratório destinado à preparação dos medicamentos manipulados, que cumpre as normas estipuladas pela Portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho e a área mínima exigida na Deliberação n.º 2473/2007, de 28 de Novembro.19,20 Neste espaço são armazenadas todas as matérias-primas e materiais de embalagem e está arquivada toda a informação relativa à preparação dos manipulados, designadamente os boletins de análise das matérias-primas acompanhadas da folha de produto, as fichas de preparação de manipulados, o boletim de análise de medicamentos manipulado para venda aos utentes e as fichas de cálculo do preço de venda.

7.2 Aquisição de Matérias-primas19

As matérias-primas e os materiais de embalagem podem ser adquiridos em distribuidores especializados ou nos fornecedores habituais, o importante é que sejam distribuidores autorizados pelo INFARMED.

As matérias-primas deverão satisfazer as exigências da monografia do respetivo manipulado, como tal é exigido o boletim de análise que inclui o número do lote da matéria-prima.

O farmacêutico é responsável por assegurar qualidade das matérias-primas, assim sendo, na receção da encomenda deve verificar se a matéria-prima encomendada é a rececionada, bem como o seu o boletim de analise, integridade da embalagem e condições de higiene e conservação.

7.3 Manipulação

Segundo a Portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho: “a preparação de fórmulas magistrais ou de preparados oficinais só pode ser realizada pelo farmacêutico director técnico ou sob a sua supervisão e controlo”. Antes de iniciar a preparação do manipulado, o farmacêutico deve certificar-se que estão disponíveis todas as matérias-primas, equipamento, documentação e materiais de embalagem necessários.19

Aquando da preparação de um medicamento manipulado deve preencher-se a ficha de preparação referente a cada manipulado. Nessa ficha deve-se identificar o nome do utente e médico prescritor (se aplicável), o nome do manipulado, forma farmacêutica e quantidade preparada, bem como as matérias-primas utilizadas (nome, fornecedor, número de lote, PV, quantidade pesada), a técnica de preparação, o material de embalagem, o prazo de utilização, a análise organolética e o PVP. No final é atribuído um número de lote interno, sendo que este consiste no número do manipulado e o ano em que o mesmo é preparado. Posteriormente as fichas de preparação são arquivadas de forma a permitir, se necessário, uma consulta rápida dos manipulados produzidos.

(25)

15 7.4 Rotulagem

Finda a preparação deve proceder-se ao acondicionamento do manipulado em embalagem apropriada e em seguida rotular a mesma.

O rótulo deve conter toda a informação necessária ao doente nomeadamente: identificação da farmácia e do diretor técnico, nome do doente, fórmula do medicamento, número do lote interno, prazo de utilização e condições de conservação do medicamento preparado, instruções especiais, como, por exemplo, «agite antes de usar», «uso externo» (em fundo vermelho), via de administração e posologia.19

7.5 Preço de venda ao público

O cálculo do PVP dos medicamentos manipulados por parte das farmácias comunitárias é composto por três vertentes distintas: o valor dos honorários, o valor das matérias-primas e o valor dos materiais de embalagem. O cálculo dos honorários baseia-se no fator F que é actualizado, automática e anualmente. Determina-se o PVP aplicando a fórmula: (Valor dos honorários + Valor das matérias-primas + Valor dos materiais de embalagem) x 1,3, acrescido o valor do IVA à taxa em vigor.21

7.6 Comparticipação

Atualmente encontra-se em vigor o despacho nº18694/2010, 18 de Novembro, que estabelece as condições de comparticipação de medicamentos manipulados e aprova a respetiva lista aprovada anualmente por despacho do membro do Governo responsável pela área da saúde, mediante proposta do conselho directivo do INFARMED, I.P. Os medicamentos que fazem parte dessa lista são comparticipados em 30 % do respectivo preço.22

Na FV são preparados um pequeno número de manipulados, sendo os mais frequentes cremes e pomadas. Quando se pretende manipulados mais elaborados, a FV reencaminha o utente para outra farmácia.

Durante o estágio curricular tive a oportunidade de preparar misturas de atl com dermovate; atl com elocom, dermovate com ictiol, solução de álcool a 70 com ácido bórico, vaselina salicilada, vaselina com enxofre.

8. SERVIÇOS FARMACÊUTICOS PRESTADOS NA FV

As farmácias, além de serem locais de dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos, têm evoluído na prestação de serviços de saúde, reconhecidos pelos utentes, por forma a promover a saúde e o bem-estar dos mesmos.

(26)

16 A Portaria n.º1429/2007, de 2 de Novembro define quais os serviços farmacêuticos que as farmácias podem prestar. No entanto, para a prestação de determinados serviços as farmácias devem dispor de instalações adequadas e autonomizadas, bem como o material e os aparelhos apropriados.23

A FV tem uma série de serviços ao dispor do utente, que passo a descrever de seguida, sendo os mais requisitados a determinação dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos.

Durante prestação dos serviços, sobretudo na determinação dos parâmetros fisiológicos e bioquímicos, o farmacêutico tem a oportunidade de interagir com o utente abordando as patologias que originam a necessidade de realização de alguns destes testes, esclarecer dúvidas, aconselhar medidas não farmacológicas e farmacológicas salientando sempre a importância e a necessidade de intervenção médica, bem como incentivar o controlo periódico dos parâmetros bioquímicos e a adesão à terapêutica (se for o caso).

Ao longo do meu estágio tive a oportunidade de fazer a determinação da pressão arterial, colesterol total, triglicerídeos e glicemia, e apercebi-me que são serviços muito requisitados pelos utentes da FV.

8.1 Avaliação da tensão arterial e da frequência cardíaca

Em Portugal, existem cerca de dois milhões de hipertensos, ou seja, apresentam valores de tensão arterial aumentados. A hipertensão arterial carateriza-se por valores de tensão arterial sistólica superiores ou iguais a 140 mm Hg (milímetros de mercúrio) e/ou valores de tensão arterial diastólica superiores a 90 mm Hg.24

A determinação da tensão arterial é o teste mais solicitado na FV. A medição é efetuada por um tensiómetro automático, o qual determina a pressão sistólica e diastólica e a frequência cardíaca

8.2 Determinação da glicemia

A avaliação da glicemia (quantidade de açúcar no sangue) é essencial no controlo da diabetes e na sua identificação precoce em indivíduos saudáveis, tendo em conta os valores de referência (Tabela 3).

Este teste é bastante simples e rápido de se realizar. Para a sua realização é apenas necessária a colheita de uma gota de sangue numa tira de reagente específica, sendo posteriormente colocada no aparelho automático de punção capilar.

Jejum 2h depois da refeição Hipoglicemia <70 mg/dl <70 mg/dl

Normal Entre 70 – 100 mg/dl Entre 70 – 140 mg/dl

Pré-diabetes Entre 100 – 126 mg/dl Entre 140 – 200 mg/dl

Diabetes >126 mg/dl >200 mg/dl

(27)

17 8.3 Determinação do Colesterol Total e Triglicerídeos

As hiperlipidémias e as hipertrigliceridémias são importantes fatores de risco das doenças cardiovasculares. Após um período de jejum de 9 a 12 horas, o valor de colesterol total (a soma do colesterol LDL e HDL) deve ser, na maioria dos casos, inferior a 190 mg/dl.26 Relativamente aos triglicerídeos os valores de referência devem ser inferiores a 150 mg/dl.

Com um aparelho rigoroso e sofisticado é possível avaliar os níveis de colesterol e dos triglicerídeos do utente de forma rápida, segura, simples e praticamente indolor, utilizando as tiras específicas para cada determinação.

8.4 Controlo do peso corporal

A FV dispõe também de uma balança automática que possibilita a determinação do peso corporal, a altura e o índice de massa corporal dos utentes.

8.5 Administração de Vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação

De acordo com a Portaria n.º 1429/2007 de 2 de Novembro, um dos serviços farmacêuticos prestados pelas farmácias é a administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação (PNV) como o caso da vacina contra a Gripe sazonal. A administração deverá ser executada por farmacêuticos com formação adequada reconhecida pela Ordem dos Farmacêuticos.23

8.6 Serviço de Dispensa ao Domicílio

A Portaria n.º 1427/2007 de 2 de Novembro autoriza as farmácias a dispensarem medicamentos ao domicílio, bem como aceitarem pedidos feitos pela Internet, sob determinadas normas e condições. Os pedidos podem ser efetuados via telefone ou correio eletrónico e pretendem disponibilizar medicação e outros produtos à população de Guimarães e concelhos limítrofes.27

9. FARMACOVIGILÂNCIA

A FV faz o seguimento farmacoterapêutico dos seus utentes, como tal sempre que haja suspeitas de reações adversas a qualquer medicamento, estas são notificadas ao INFARMED através da aplicação Portal Ram.

10. VALORMED

A VALORMED é uma sociedade sem fins lucrativos que se responsabiliza pela gestão dos resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora do uso. Esses resíduos são colocados no contentor VALORMED que existe na FV ao dispor de todos os utentes. Quando cheios, e após a preparação dos mesmos, estes são recolhidos pelos armazenistas.

(28)

18

Figura 1: Estrutura do cabelo saudável

Adaptado de 29

PARTE II – Trabalhos desenvolvidos durante o estágio

11. QUEDA DO CABELO

11.1 Enquadramento

O primeiro projeto desenvolvido na FV foi a realização de um panfleto informativo sobre a queda de cabelo (ANEXO I). A ideia surgiu do facto de me ter apercebido que este problema afeta muitas pessoas, homens e mulheres, e cada vez mais a população jovem. Além disto constatei que cada vez mais, e através dos media, existem múltiplos produtos que prometem resolver a queda de cabelo. Também a indústria farmacêutica e dermocosmética tem procurado alternativas no tratamento desta problemática, bem como conhecer quais os mecanismos fisiológicos que provocam a queda, desenvolvendo, assim, princípios ativos que sejam eficazes.

Na realização do meu panfleto procurei, através de uma linguagem simples, sintetizar a informação mais relevante, realçando que existem diversas causas que estão por detrás da queda do cabelo, consequentemente o tratamento é distinto e personalizado, sem esquecer a importância da alimentação na saúde do nosso cabelo, bem como as medidas não farmacológicas.

11.2 Fundamento Teórico

O cabelo tem uma grande influência na auto-estima de homens e de mulheres, influenciando assim a forma como as pessoas se relacionam com os outros. Ter um cabelo bonito, cuidado e saudável tem uma importância estética, mas também é um sinal de saúde e de bons cuidados com o cabelo. Por outro lado, tem como funções proteger a cabeça das radiações solares e da abrasão mecânica.

11.2.1 A estrutura do cabelo

Cada fio de cabelo - composto por medula interna, córtex e cutícula – tem origem no folículo piloso. A cutícula é a camada externa do fio de cabelo, formada por escamas sobrepostas, responsável pela textura, brilho e maciez (Figura 1). O folículo piloso produz queratinócitos, que por sua vez produzem queratina. A queratina dá força, resistência e cor ao cabelo. Pequenos vasos sanguíneos transportam substâncias ativas até à

raiz do cabelo, alimentando-o, e contribuindo para o crescimento do cabelo, uma vez que essas substâncias estimulam o processo de divisão celular.28,29

(29)

19 11.2.2 O ciclo de crescimento do cabelo

Após o nascimento, cada folículo piloso passará por uma sucessão de ciclos que permitirá a formação de 20 a 30 fios de cabelo. O ciclo de crescimento de cada fio de cabelo compreende três fases consecutivas (Figura 2):

- Fase de crescimento ou fase anágena corresponde à proliferação e diferenciação dos queratinócitos, promovendo a formação e crescimento de cabelo; dura entre dois e seis anos, sendo que, num couro cabeludo saudável, 85 a 90% dos folículos pilosos estão nesta fase;

- Fase de transição ou fase catágena dura algumas semanas e nesta fase a divisão das células capilares diminui; cerca de dois terços do folículo piloso é destruído, no entanto as células da papila dérmica não são destruídas e mantém-se no bolbo capilar;

- Fase de repouso ou fase telógena dura três a quatro meses, e corresponde à queda do cabelo, para iniciar-se um novo ciclo de crescimento. O cabelo cresce, em média, um centímetro por mês, sendo considerado normal a perda de 50-80 fios de cabelo por dia.30,29

11.3 Causas da queda de cabelo

A queda de cabelo preocupa e tem um grande impacto na vida das mulheres e dos homens, podendo variar desde uma rarefação ligeira até à calvície total.

Apesar do ciclo do cabelo ser um mecanismo altamente regulado, em que os diferentes compartimentos do folículo estabelecem numerosas trocas moleculares, promovendo a passagem de uma fase do ciclo para a seguinte, existem diversas causas que podem perturbar esse equilíbrio, provocando a queda excessiva do cabelo30, nomeadamente:

Alopecia Androgenética (AAG): desordem multifatorial causada por interações entre diversos genes, fatores ambientais e hormonais (excesso de androgénios masculinos – Di-Hidrotestosterona (DHT)), sendo uma das causas mais comuns de queda de cabelo progressiva. Os folículos pilosos têm recetores de androgénios, como tal, na presença destas hormonas são ativados os genes que diminuem a fase anágena. Tendo em conta que a fase anágena determina o comprimento do cabelo, o comprimento do novo cabelo torna-se mais curto do que o que o procedeu, levando, eventualmente, a uma aparência careca.32,33

Figura 2: Ciclo de crescimento do cabelo: fase anágena, fase catágena e fase telógena Adaptado de 31

(30)

20

Figura 3: Padrão

Masculino e Feminino da AAG Adaptado de 37

Este tipo de alopecia ocorre sob o efeito dos androgénios em indivíduos geneticamente susceptíveis. Em caucasianos afeta cerca de 50% dos homens a partir dos 50 anos.30A AAG é mais comum entre os homens, podendo manifestar-se mesmo durante a adolescência, que tipicamente apresentam uma diminuição da espessura do cabelo e/ou um retrocesso do limite frontal da implantação do cabelo. Muitas mulheres desenvolvem um certo grau de calvície que se carateriza pela diminuição da espessura do cabelo na parte superior ou coroa do couro cabeludo, não afetando o limite frontal do cabelo.33,34

Mulheres com AAG não significa que têm excesso de androgénios circulantes, podem apresentar níveis elevados de 5α-redutase (que converte a testosterona em di-hidrotestosterona), mais receptores de androgénio, e níveis

mais baixos de citocromo P450 (que converte a testosterona em estrógeno). De acordo com outros sintomas, nomeadamente menstruação irregular ou acne pode ser necessário avaliar a função endócrina.33

A partir das escalas “The Norwood Scale” e “The Savin Scale” (Figura 3), que representam o padrão masculino e feminino, respetivamente, os especialistas estudam a progressão da queda e reencaminham para o tratamento mais adequado a cada caso.35,36

Alopecia Areata (AA): afeta, igualmente, homens e mulheres. A etiologia é desconhecida, no entanto está relacionada com fatores auto-imunes e genéticos. Carateriza-se pela formação de áreas arredondadas totalmente lisas e sem pelo, cujo tamanho e número são variáveis. Em casos raros em que há perda total do cabelo designa-se alopecia areata total ou quando caem todos os pelos do corpo, alopecia areata universal.34

Eflúvio Telogénico: normalmente a queda de cabelo inicia-se dois a quatro meses após o fator desencadeante que provoca grande stress no organismo. É uma das causas mais comuns de perda de cabelo de forma difusa. A perturbação no ciclo do cabelo, aumenta a fase telógena, ocorrendo uma queda intensa dos cabelos que estão nessa fase. Existem várias causas que podem estar associadas a este fenómeno, designadamente o pós-parto, febres altas, cirurgias, hospitalizações, hemorragias, traumas emocionais, deficiências nutricionais, metais pesados.32

Eflúvio Anagénico: este tipo de queda de cabelo deve-se ao tratamento de quimioterapia, uma vez que, os medicamentos atuam na divisão celular e afetam o crescimento do cabelo. Desta forma, quando o tratamento é concluído, o cabelo volta a nascer. A radioterapia também provoca perda de cabelo, no entanto é de forma localizada, de acordo com a área corporal que recebeu o tratamento.38

Traumática: inclui as técnicas capilares de fraca qualidade, como o uso de coloração/descoloração, permanente ou alisamentos, o abuso do calor extremo, bem como os penteados que puxam muito a raiz do cabelo, que muitas vezes leva à perda de cabelo nas regiões frontal, temporais e periauriculares.34,39

(31)

21 Tricotilomania: condição psiquiátrica/ psicológica, relacionada com um transtorno obsessivo-compulsivo, em que o paciente tem uma vontade incontrolável de puxar o próprio cabelo. Este transtorno é diagnosticado em todas as idades, mas os pré-adolescentes e adolescentes são os mais propensos.39

Doença ou desequilíbrio hormonal: a queda de cabelo pode ser um sintoma de uma doença como Lupus Eritematoso Disseminado (LED), sífilis, diabetes ou problemas da tiróide (hipo ou hipertiroidismo). Também pode ser um sinal de uma alteração das hormonas femininas ou masculinas (estrogénios e androgénios) – por exemplo no pós-parto, na menopausa – bem como deficiências nutricionais graves (deficiências de proteínas, ferro, zinco, biotina) ou mulheres com fluxo menstrual muito abundante.34

Medicamentos: A queda de cabelo pode ser um efeito adverso de determinados grupos terapêuticos, designadamente anticontracetivos orais, alguns antigotosos, anticoagulantes e antidepressivos. Este efeito secundário tem sido associado à administração de lítio, betabloqueadores, varfarina, heparina, anfetaminas e levedopa, bem como a doxorrubicina utilizada em quimioterapia e que provoca a queda total do cabelo.34

Infeções fúngicas: Tinea capitis é um tipo de fungo que infeta o couro cabeludo, levando à quebra do cabelo e à descamação do couro cabeludo. Este tipo de queda de cabelo é frequente entre as crianças.38

Nutrição: há vários fatores relacionados com a alimentação que alteram o ciclo normal do cabelo, nomeadamente os transtornos alimentares, como a bulimia e anorexia, o excesso de vitamina A obtido através de suplementos e medicamentos, e a falta de proteínas e de ferro conduz à produção anormal de cabelo.40

11.4 Diagnóstico da queda de cabelo

Sendo normal cair entre 50 a 80 fios de cabelo todos os dias, a queda torna-se excessiva e anormal quando se encontram grandes quantidades na escova, durante a lavagem, ou na almofada. É importante perceber há quanto tempo dura a queda, se estão mais finos, o risco do cabelo mais largo, se há alteração no limite frontal do cabelo ou aparecerem algumas falhas no cabelo.32,34

O farmacêutico tem um papel importante no aconselhamento pessoal, uma vez que muitas pessoas recorrem primeiramente à farmácia à procura de soluções. De facto as causas são diversas, como tal o diálogo entre o farmacêutico e o paciente é fundamental de forma a excluir algumas possíveis causas. No entanto poderá ser imprescindível uma consulta num médico especialista que avaliará pormenorizadamente a história clínica (herança genética, patologias, medicação), cuidados alimentares e estilo de vida, exame físico, análises sanguíneas, determinando assim a origem da queda de cabelo.

(32)

22 O exame físico ao cabelo e couro cabeludo permite diagnosticar a queda de cabelo e está dividido em três etapas. Em primeiro lugar examina-se o couro cabeludo e procuram-se sinais de eritema, descamação ou inflamação. Posteriormente avalia-se a densidade e a distribuição do cabelo, e em terceiro lugar analisa-se o calibre, comprimento, forma e fragilidade do fio de cabelo. Se a história clínica e exame físico, bem como os testes laboratoriais, não forem suficientes para traçar um diagnóstico claro, pode ser necessário realizar uma biopsia.33

11.5 Tratamento da queda de cabelo

Cada tipo de alopecia possui características específicas necessitando de um diagnóstico clínico para avaliação das causas que desencadeiam o problema, com o objetivo de tratar a causa com o tratamento adequado, sendo que quanto mais precoce for o diagnóstico e o início do tratamento, melhores serão os resultados.

Em algumas situações, não é necessário fazer um tratamento farmacológico para eliminar a origem da queda de cabelo, pois são situações autolimitadas. Ou seja, em situações de stress emocional, a pessoa deve procurar actividades que ajudem a relaxar, como por exemplo o exercício físico, deverá adotar uma alimentação saudável, aumentar os cuidados com os cabelos e a qualidade dos produtos, limitando a exposição a substâncias químicas (como a utilização de secador de cabelo, alisamentos, colorações ou permanentes) podendo, assim, limitar ou interromper a queda de cabelo.

O tratamento do eflúvio telogénico baseia-se na identificação e tratamento ou correção da causa subjacente. Ou seja, no caso de haver uma patologia subjacente, o tratamento da mesma poderá atenuar a queda do cabelo, e em situações cuja queda poderá ser provocada por certos medicamentos, poderá ser possível substituir ou suspender os mesmos. Em outros casos é necessário proceder a um tratamento tópico ou oral, ou mesmo a outro tipo de técnicas, sob vigilância de um médico especialista. No entanto, a queda do cabelo provocada pela doença do couro cabeludo, relacionada com o Lupus Eritematoso Disseminado, não é reversível.34

Assim sendo, o médico especialista, após o diagnóstico, decidirá qual o tratamento mais adequado a cada um dos casos:

Minoxidil a 2%: aprovado e indicado pelo Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento de AAG, demonstrou que estabiliza a queda de cabelo na maioria dos indivíduos, aumentando o tempo do fio de cabelo em fase anágena, apesar do mecanismo de ação ainda não ser conhecido. Esta solução cutânea deverá ser aplicada no cabelo e couro cabeludo secos duas vezes por dia, durante quatro a oito meses ou mais para a observação de crescimento de cabelo. Destaca-se o cuidado no manuseamento e aplicação do Minoxidil, uma vez que pode promover o crescimento de pelos nas sobrancelhas, zona malar, queixo e lábio superior. Apesar de ter apresentado eficácia, há alguns relatos que referem a paragem do crescimento capilar e, por vezes, o regresso à aparência anterior nos três a quatro meses após interrupção do tratamento. É importante realçar que mulheres em

Referências

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