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Relatório estágio profissional

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Academic year: 2021

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R

ELATÓRIO

F

INAL

Estágio Profissionalizante

Mestrado Integrado em Medicina

Regente: Prof. Doutor Rui Maio

Orientador: Prof. Doutor Joaquim Filipe Candeias de Sousa Gago

Alina Martín Fernandes

2014169

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Índice

Siglas e Abreviaturas ... 1 Introdução e Objetivos ... 2 Atividades desenvolvidas ... 3 PEDIATRIA ... 3 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA ... 3 SAÚDE MENTAL ... 4

MEDICINA GERAL E FAMILIAR... 5

MEDICINA ... 5 CIRURGIA GERAL ... 6 Reflexão Crítica ... 7 Referências ... 10 Anexos ... 10 Estágio profissionalizante ... 10 Atividades formativas ... 10 Estágios ... 10 Programa de mobilidade ... 10

Siglas e Abreviaturas

EMC II- Especialidades Médicas e Cirúrgicas II GO- Ginecologia e Obstetrícia

MGF- Medicina Geral e Familiar

MIM- Mestrado Integrado em Medicina NMS- NOVA Medical School

ORL- Otorrinolaringologia

SARS-CoV-2- Severe acute respiratory syndrome

coronavirus 2

SU- Serviço de Urgência UC- Unidade Curricular

UCERN- Unidade de Cuidados Especiais Respiratórios e

Nutricionais

UCIP- Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos ULSNE- Unidade Local de Saúde do Nordeste UMAD- Unidade Móvel de Apoio ao Domicílio USF- Unidade de Saúde Familiar

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Introdução e Objetivos

O Estágio Profissionalizante constitui o principal elemento formativo para os alunos do sexto ano do Mestrado Integrado da NOVA Medical School|Faculdade de Ciências Médicas da Universidade NOVA de Lisboa. Assim, o seu principal intuito é o de munir o estudante de ferramentas que o ajudem a lidar com os desafios profissionais que enfrentará como médico recém-formado, através da aquisição de “atributos profissionais adequados e com um núcleo de conhecimentos e competências que lhes permita aprender autonomamente ao longo da carreira médica”, tendo sempre por base a premissa do “aperfeiçoamento ao longo da vida das suas próprias capacidades de modo a promover a saúde e o bem-estar das comunidades que servem.” 1 .

É uma unidade curricular constituída por seis Estágios Parcelares de especialidade médicas e cirúrgicas: Medicina, Cirurgia Geral, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Saúde Mental e Medicina Geral e Familiar, onde, de forma tutelada, iremos pôr em prática os conhecimentos adquiridos em anos anteriores, de modo a alcançar, gradualmente, a autonomia necessária para o desempenho das nossas funções como futuros médicos.

Tendo-se finalizado a formação pré-graduada, através da elaboração deste relatório, pretendo enumerar, de forma analítica, os objetivos propostos para este ano letivo e descrever os vários estágios parcelares realizados, terminando com uma reflexão crítica assente no meu desempenho ao longo dos últimos anos. Apresento ainda, sob a forma de anexo, alguns complementos que enriqueceram a minha experiência enquanto aluna.

Impõe-se, neste momento, explicitar os objetivos que delineei, com base n’O Licenciado Médico em Portugal, para este estágio profissionalizante:

• Aperfeiçoar a abordagem do doente, praticando a colheita de dados anamnésticos e exame objetivo completo e dirigido, reconhecer critérios de gravidade, formular hipóteses diagnósticas, interpretar exames complementares de diagnóstico e propor uma orientação terapêutica;

• Conhecer os princípios básicos da prevenção da doença e promoção da saúde, incorporando-as, sempre que possível, na abordagem do doente;

• Adquirir autonomia e consolidá-la, integrando-me no trabalho de uma equipa médica;

• Comunicar eficazmente com os doentes e as suas famílias, médicos e outros profissionais de saúde, adaptando o discurso de acordo com as características pessoais, sociais ou incapacidades do interlocutor;

• Apresentar informação clínica relevante, sempre que possível, de forma concisa e clara;

• Identificar necessidades de aprendizagem e tentar colmatá-las, com o intuito de melhoria contínua das minhas capacidades clínicas;

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3

Atividades desenvolvidas

P

EDIATRIA

O meu primeiro estágio parcelar englobado nesta unidade curricular foi o de Pediatria. Decorreu no Hospital de Dona Estefânia, sob tutela da Dra. Marta Conde, durante quatro semanas. Apesar de este ser um hospital pediátrico e a maioria dos meus colegas ter contactado apenas com uma área mais específica desta especialidade, a minha experiência foi bastante mais diversificada. Pude contactar com diferentes valências hospitalares: Consulta externa, onde assisti a consultas de Pediatria Médica, Reumatologia e Nefrologia Pediátricas e Imunoalergologia; internamentos, nomeadamente a Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos (UCIP), Unidade de Cuidados Especiais Respiratórios e Nutricionais (UCERN) e Infeciologia; Unidade Móvel de Apoio ao Domicílio (UMAD); Serviço de Urgência (SU); e reuniões e formações clínicas.

Defini como principais objetivos, o diagnóstico e a abordagem das situações clínicas mais prevalentes nesta população e o treino de competências de comunicação, não só com o doente pediátrico, mas também com os seus familiares.

Um dos elementos que considerei mais proveitoso para a minha aprendizagem foi a passagem pelo SU, onde efetuei consultas de forma parcialmente independente, pondo em prática as minhas aptidões na realização da anamnese e do exame objetivo e, posteriormente, o meu raciocínio clínico na construção do diagnóstico diferencial, necessidade de exames complementares de diagnóstico e instituição de medidas terapêuticas, sempre após discussão com a minha tutora.

Destaco a oportunidade de ter acompanhado a UMAD em quatro visitas domiciliárias. Este projeto da Fundação do Gil, em parceria com a equipa de cuidados paliativos pediátricos, presta cuidados de saúde pediátricos ao domicílio, com o intuito de evitar internamentos desnecessários e prevenir a degradação psicossocial do doente e da família.

Além disso, participei no workshop de Urgência Pediátrica onde integrámos equipas médicas, atuando em dois casos de urgência pediátrica com manequins de simulação semelhantes ao doente real, com posterior discussão destes mesmos casos. Foi-me possível, de igual forma, assistir a uma aula teórica que abordou o tema “Anafilaxia” e que consistiu numa revisão geral da patologia anafilática e sua gestão, com especial foco na idade pediátrica.

Na última semana discuti uma história clínica sobre agudização de asma e apresentei, juntamente com três colegas, um seminário sobre osteomielite.

G

INECOLOGIA E

O

BSTETRÍCIA

Realizei o estágio de Ginecologia e Obstetrícia na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, sob a orientação da Dra. Marta Plancha (Obstetrícia) e da Dra. Carla Leitão (Ginecologia). Durante quatro semanas, tentei

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4 abordar a Saúde da Mulher da maneira mais prática possível, já que é uma das especialidades que mais me cativa.

Assisti a diferentes consultas (Consultas de Alto Risco, Consultas de Gravidez Indesejada, Consultas de Ginecologia, Consultas de Uroginecologia) e sessões clínicas, estive em diferentes internamentos (Serviço de Medicina Materno-Fetal, Internamento de Puérperas) e no Serviço de Urgência. Participei, igualmente, no workshop “The Woman”, onde foi feita uma revisão dos temas mais relevantes da especialidade, permitindo sistematizar conhecimentos logo na primeira semana de estágio.

No decorrer das duas semanas de obstetrícia, pus em prática a realização do exame físico da mulher grávida, com medições da altura uterina e perímetro abdominal, a auscultação de foco cardíaco fetal e a colheita de exsudado para rastreio do Streptococcus β hemolítico do grupo B. Já no serviço de internamento de puérperas, efetuei a observação completa de várias mulheres no pós-parto (avaliação da involução do útero, lóquios, episiorrafia, sutura da cesariana, avaliação das mamas e de sinais de trombose venosa profunda), assim como ajudei no preenchimento de processos clínicos, pedidos de terapêutica, realização de pensos e de notas de alta.

Ao longo das duas semanas de ginecologia, assisti a diversas cirurgias e foi-me concedida a oportunidade de efetuar vários procedimentos médicos, nomeadamente o toque vaginal, a observação ao espéculo, a colpocitologia e recolha de exsudado vaginal para exame microbiológico.

Como parte da minha avaliação apresentei, em conjunto com outros colegas, um caso clínico sobre torção anexial, com posterior revisão teórica.

S

AÚDE

M

ENTAL

O meu estágio decorreu no Hospital Júlio de Matos (Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa), tutelado pela Dra. Beatriz Lourenço. Neste período pretendia aperfeiçoar a técnica da entrevista clínica do doente psiquiátrico, com todas as suas particularidades, dado que a saúde mental e a sua abordagem devem ser transversais a qualquer especialidade.

Ao longo das quatro semanas acompanhei a avaliação de doentes numa unidade de internamento de doentes agudos de todas as faixas etárias. Observei diversas entrevistas clínicas, reuniões familiares e assisti a reuniões multidisciplinares, onde participavam médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais.

Semanalmente na consulta externa, presenciei primeiras consultas, referenciadas dos cuidados de saúde primários, e consultas de seguimento, sendo a patologia mais frequentemente observada a Depressão, seguida da Perturbação Bipolar. Assisti, da mesma forma, a sessões de eletroconvulsivoterapia (ECT) e percebi a relevância e segurança desta estratégia, contradizendo a crença popular que a considera uma prática violenta e cuja conotação social se associa à punição.

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5 Estive presente no SU, nas Sessões do Internato Médico em Psiquiatria, nos seminários lecionados nas instalações da nossa faculdade e numa sessão sobre Depressão da iniciativa Walk with a Doc. Esta última atividade consiste na apresentação de um tema relacionado com a saúde, seguida de uma caminhada em grupo. Assim, alia a saúde física à saúde mental, enfatizando o quão intimamente ligados estão estes dois conceitos.

Na última semana discuti, com a minha tutora, uma história clínica sobre Perturbação Bipolar.

M

EDICINA

G

ERAL E

F

AMILIAR

O estágio parcelar de Medicina Geral e Familiar decorreu na Unidade de Saúde Familiar (USF) Arco-Íris, onde acompanhei a Dra. Mara Carvalho. Para estas quatro semanas, propus-me a aplicar conhecimentos adquiridos previamente sobre prevenção da doença e promoção da saúde, e a identificar e abordar corretamente as patologias mais frequentes na nossa população, assim como os seus fatores de risco.

Durante este período, contactei com inúmeros utentes, de diferentes idades, que apresentavam muitos dos problemas de saúde mais comuns na comunidade. Participei ativamente em todas as consultas, designadamente em consulta de Saúde Adultos, Planeamento Familiar, Saúde Materna, Saúde Infantil e Juvenil e Consulta Aberta, com a realização da anamnese e exame objetivo. Para além disso, permitiram-me realizar otoscopias, avaliações do bem-estar fetal através da auscultação do foco fetal com Doppler, citologias cervicais e participar na remoção de implantes contracetivos. A especialidade contempla, ainda, consultas ao domicílio que pude presenciar.

Foi-me proporcionada, igualmente, a possibilidade de assistir a uma apresentação sobre Mutilação Genital Feminina, realizada por uma equipa de médicos de Saúde Pública, para todos os profissionais de saúde da USF. Aqui apercebi-me do quão comum esta prática é, principalmente na zona da Amadora, visto que uma parte significativa da população provém de países africanos, onde essa prática é mais recorrente. Além disto, tendo notado uma certa falta de informação das utentes acerca da contraceção intrauterina, elaborei um panfleto com informação sintetizada, em linguagem corrente, com a finalidade de dar a conhecer estes métodos contracetivos de longa duração às mulheres em idade fértil que frequentem a USF Arco-Íris.

M

EDICINA

O meu estágio parcelar de Medicina decorreu no serviço de Medicina IB do Hospital de Egas Moniz, onde acompanhei a Dra. Rita Reis e a sua equipa. Aqui, a minha principal intenção foi adquirir autonomia na abordagem de doentes em contexto de enfermaria, particularmente na realização de planos terapêuticos e referenciações.

Durante este período, estive diariamente no serviço deinternamento e participei semanalmente na consulta externa, reuniões de serviço, sessões clínicas e noSU do Hospital São Francisco Xavier.

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6 O dia iniciava com uma breve síntese das principais intercorrências da noite ou do fim-de-semana anteriores de cada doente e, posteriormente, pela distribuiçãodos mesmos pelos membros da equipa. Deste modo, ficava responsável pela realização da anamnese e exame objetivo e requisitava e interpretava exames complementares de diagnóstico de dois ou três doentes por dia. De seguida,escrevia os diários clínicos, efetuando eventuais alterações do plano do doente e ajustes terapêuticos, sempre após discussão com o tutor ou algum dos outros membros da equipa. Escrevi, igualmente, inúmeras notas de entrada e de alta. Tanto no SU como no internamento houve lugar para a prática de alguns procedimentos, nomeadamente punções venosas, gasimetrias arteriais e eletrocardiogramas.

A vertente mais formativa deste estágio englobou dois seminários lecionados nas instalações da nossa faculdade, sessões clínicas sobre temáticas diversas e as sessões MedTalks, realizadas por internos de quinto ano da especialidade de Medicina Interna, onde se abordavam temas e artigos pertinentes para a prática clínica.Adicionalmente, e acompanhada de três colegas, elaborámos um trabalho sobre abordagem em internamento de Lesão Renal Aguda. No entanto, após a emergência da COVID-19 no nosso país, houve a suspensão do estágio na última semana, impedindo-nos de apresentar este tema que tínhamos preparado.

C

IRURGIA

G

ERAL

Dadas as circunstâncias em que nos encontramos, com a pandemia de COVID-19 e o consequente dever geral de recolhimento decretado pelas autoridades, o estágio parcelar de Cirurgia Geral não pôde ser realizado nos moldes habituais. Assim, o nosso contacto com a especialidade passou por duas reuniões semanais via Zoom, com os nossos tutores, durante as primeiras três semanas de junho.

Nestas sessões, ministradas pela Dra. Marisa Peralta e pelo Dr. Pedro Miranda, fomos discutindo casos clínicos e temas relevantes da área, nomeadamente, abdómen agudo, colecistite, carcinoma do cólon e reto, entre outros. Eram-nos apresentados vários doentes e, em grupo, íamos discutindo qual seria a melhor abordagem diagnóstica, as hipóteses de diagnóstico mais prováveis e a terapêutica. Adicionalmente, foram-nos apresentados vídeos de cirurgias laparoscópicas de alguns desses temas.

Para este estágio, tinha traçado alguns objetivos, nomeadamente reconhecer as situações mais prevalentes na prática clínica desta especialidade e abordá-las corretamente, praticar técnicas de assepsia e participar em atos cirúrgicos. No entanto, neste novo contexto,e com a perda da componente prática do estágio, empenhei-me apenas no primeiro objetivo.

Mesmo à distância, os nossos tutores mostraram-se sempre disponíveis para nos tirar dúvidas acerca de qualquer tema cirúrgico, com o propósito de nos preparar para o futuro que se avizinha enquanto médicos da formação geral.

Como parte da avaliação, juntamente com três colegas, elaborei um trabalho sobre “Abordagem do Nódulo da Tiróide” que foi apresentado no minicongresso, desta vez de forma não presencial, via Zoom.

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Reflexão Crítica

Analisando retrospetivamente o meu percurso durante este ano profissionalizante e durante os cinco anos de curso precedentes, penso que me esforcei para atingir, na sua generalidade, os objetivos a que me propus. O nosso plano curricular do MIM da NMS caracteriza-se por um contacto precoce com a vivência hospitalar, o que, a par com o baixo rácio tutor-aluno, facilitam a aprendizagem e a consolidação de conhecimentos necessários para a transição do aluno a médico. Creio que ao longo da passagem pelas diferentes especialidades fui ganhando autonomia na abordagem ao doente e uma maior destreza no reconhecimento de critérios de gravidade. Do mesmo modo, adquiri novas aptidões diagnósticas, terapêuticas e de comunicação com os doentes e com outros profissionais de saúde. Entendi que para o sucesso da prática médica é necessária uma relação médico-doente baseada na confiança e o trabalho em equipa e, como tal, tentei integrar-me no dia a dia dessas mesmas equipas médicas, sempre que me foi permitido. Em cada estágio fui complementando a atividade clínica com o estudo, em casa, de temas daquela especialidade, de forma a ultrapassar alguns obstáculos com os quais me ia deparando na vivência hospitalar. Existem, no entanto, necessidades de aprendizagem que tenciono colmatar nos próximos anos. Refiro-me, mais especificamente, à dosagem dos fármacos, e a duas componentes do exame objetivo que considero muito importantes, a otoscopia e o toque retal.

Debruçando-me agora na análise específica de cada estágio, inicio pelo de Pediatria. No Serviço de Urgência, a oportunidade que me deram de iniciar as consultas de forma independente ajudou-me a melhorar as minhas habilidades de comunicação, principalmente com os familiares do doente, componente de muito relevo nesta especialidade. Deparei-me, igualmente, com a grande dificuldade da auscultação pulmonar e da observação da orofaringe e ouvidos, através da otoscopia, a lactentes e crianças pequenas, uma vez que, sendo as infeções respiratórias altas um dos principais motivos de ida à urgência, o exame objetivo atento destes órgãos torna-se imprescindível. Ainda no SU, contactei com uma suspeita de abuso sexual infantil, tendo assistido posteriormente a uma palestra sobre este tema (Anexo 4), com o intuito de me manter alerta para casos como este, que muitas das vezes passam despercebidos. Gostaria de destacar que um dos momentos que mais me sensibilizou foi o contacto com a UMAD, demonstrando-me a relevância que o apoio emocional, prestado por esta equipa, tem na vida de muitas famílias. De igual modo, realço a importância do médico pediatra na vida destas crianças, na sua maioria com patologia crónica, e que são acompanhados desde idades precoces, criando-se laços que vão mais além da relação médico-doente a que estamos habituados.

Sinto que o estágio parcelar de Ginecologia e Obstetrícia não foi tão prático quanto almejava. Apesar de ter realizado alguns procedimentos médicos e ter assistido a diversas valências da especialidade, não fiz tudo que desejava, enquanto aluna de sexto ano, como por exemplo, participar em cirurgias ou ajudar num parto. Ainda assim, observei mulheres com patologias relativamente comuns e com as quais ainda não tinha

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8 contactado, nomeadamente o prolapso de órgãos pélvicos e assisti a métodos complementares de diagnóstico e terapêutica com os quais não estava familiarizada, a histeroscopia e a histerosalpingografia. Experienciei, novamente, a alegria de um nascimento, corroborando a minha crença de que esta é a especialidade mais feliz da medicina.

Neste estágio de Saúde Mental, tendo em vista o aperfeiçoamento da técnica da entrevista clínica, apesar de ter assistido a inúmeras entrevistas e ter conduzido uma delas, penso que são necessários anos de experiência para conseguir compreender o doente e o seu envolvente como um todo, valorizando a influência da personalidade e contextos familiar e sociocultural na génese e evolução da sua doença. Contactei diariamente com patologias psiquiátricas em contexto agudo, apercebendo-me da grande morbilidade que estas acarretam. Destaco a minha surpresa e entusiasmo ao contactar com a eletroconvulsivoterapia que, contrariamente ao que pensava, é uma terapêutica de primeira linha em algumas patologias e, pelo seu carácter seguro, pode ser usado durante a gravidez, de forma a evitar a terapêutica farmacológica. Já fora do âmbito deste estágio, mas referindo-me ainda à ECT, deram-me a oportunidade de ventilar um dos doentes e de lhe aplicar os eletrochoques, o que acabou por ser uma mais valia para a minha formação. Acredito que a Psiquiatria é uma especialidade que irá crescer muito nos próximos anos, à medida que o estigma relativamente à doença mental vai diminuindo e a informação crescendo. Pelo meu interesse nesta área assisti a algumas palestras (Anexos 5 e 6) que abordam a saúde mental.

No estágio de Medicina Geral e Familiar percebi o quão difícil é implementar, na abordagem do doente, os princípios básicos da prevenção da doença e promoção da saúde, não só pela multimorbilidade dos doentes, na sua maioria idosos, como também pela não compreensão, por parte dos mesmos, dos benefícios da terapêutica não farmacológica e alterações do estilo de vida. Estas semanas permitiram-me ter uma excelente perspetiva daquilo que é uma boa prática de cuidados de saúde primários, bem como da importância de relembrar a prevenção da doença em todas as áreas da medicina. Apenas lamento não ter podido realizar consultas autonomamente, visto já o ter feito na UC de MGF do quinto ano.

Em Medicina Interna foi onde senti uma maior evolução das minhas capacidades, não só a nível académico como a nível pessoal. Reconheço este estágio parcelar como sendo o que exigiu maior dedicação da minha parte e, além disso, pela primeira vez em seis anos de curso, senti-me verdadeiramente integrada numa equipa médica. No internamento, o acompanhamento diário dos doentes e a realização das respetivas notas de entrada e de alta e restantes registos clínicos, constituiu o principal momento de aprendizagem, permitindo-me desenvolver o raciocínio clínico, melhorar as minhas capacidades de comunicação com os doentes e colocar hipóteses diagnósticas e terapêuticas. Tal como objetivava para este estágio, era importante discutir e articular a situação clínica dos doentes com outras especialidades, com vista à recuperação integral do doente. Nas visitas semanais do serviço pude apresentar doentes, o que foi essencial

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9 para o desenvolvimento da capacidade de comunicação com outros profissionais de saúde, partilhando informação clínica relevante, de forma clara e concisa e ultrapassando, gradualmente, o menor à vontade que tinha na fase inicial do estágio.

O estágio de Cirurgia Geral foi um dos mais afetados por esta pandemia. Perdemos a componente mais importante da especialidade, o contacto com o doente cirúrgico e sua abordagem, limitando assim a nossa aprendizagem e cumprimento dos objetivos inicialmente propostos. As sessões teórico-práticas que teriam lugar na primeira semana de estágio não foram lecionadas, e fomos ainda impedidos de frequentar o curso TEAM (Trauma Evaluation and Management). De igual modo, não contactei com a especialidade de Anestesiologia, onde iria passar duas semanas dentro deste estágio parcelar. Todavia, apesar do diminuto período de contacto com a especialidade - estabelecido à distância -, os casos clínicos que nos apresentaram e que pudemos discutir foram de grande préstimo, não só para a nossa aprendizagem como futuros médicos, como também para a nosso estudo para a nova Prova Nacional de Acesso.

Lamentavelmente, também não logramos realizar o Estágio Clínico Opcional que, no meu caso, seria no Serviço de Otorrinolaringologia (ORL) do Hospital de São José. Pelo meu grande interesse pela especialidade assisti, durante o período de quarentena, a um workshop de casos clínicos de ORL e, durante o passado mês de agosto, fiz um estágio clínico internacional no University Medical Center Maribor na Eslovénia (Anexo 18). Similarmente, já tinha contactado com a área na UC EMC II e num estágio de verão realizado na Unidade Hospitalar de Mirandela (Anexo 17). Por considerar que a melhor maneira de aprender é praticando, sempre que me foi permitido, efetuei inúmeros gestos práticos e, durante o período de férias, ao longo do curso, frequentei estágios extracurriculares em distintas especialidades (Anexo 15, 16, 17).

Acredito que esta profissão vai muito mais além da multiplicidade de conhecimentos, impondo-nos a habilidade de demonstrar empatia e de ajudar o próximo. Nesta linha de pensamento, destaco a realização de trabalho voluntário num projeto denominado Saúde Porta a Porta (Anexo 13), em que, durante um semestre, visitei semanalmente uma idosa que vivia isolada e sem apoio, de modo a combater o isolamento social e permitir o acesso aos cuidados mais básicos de saúde. A par disto, e durante o plano de contingência, inscrevi-me para voluntariado no Sistema Nacional de Saúde, no âmbito da colaboração entre a Associação Nacional de Estudantes de Medicina e o Ministério da Saúde, no entanto não cheguei a ser contactada. Não obstante, busquei combater a desinformação acerca desta doença, perto da minha família e amigos, destacando sempre que as medidas preventivas, especialmente as de isolamento e distanciamento social, são das mais efetivas para quebrar cadeias de transmissão deste novo Coronavírus (SARS-CoV-2).

Finalmente, considero que superei positivamente esta etapa, concretizando o meu sonho de menina, de um dia vir a ser médica. Agradeço aos que me acompanharam nesta viagem, sem eles nada disto seria possível.

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Referências

1. VICTORINO, Rui Manuel; JOLLIE, Carol; MCKIMM, Judy. O Licenciado Médico em Portugal – Core Graduates Learning Outcomes Project. Julho 2005

Anexos

Estágio profissionalizante

Anexo 1- Data e local de estágios, tutores e trabalhos realizados

Atividades formativas

Anexo 2- Mesa Redonda: Emergências Éticas

Anexo 3- Workshop: Radiologia na urgência- Tórax e abdómen Anexo 4- Palestra: Abuso Sexual Infantil

Anexo 5- Palestra: Questões LGBT em pedopsiquiatria Anexo 6- Palestra: Burnout em Medicina

Anexo 7- Palestra: Medicina de Catástrofe e Emergência Anexo 8- Palestra: Sexualidade na Gravidez

Anexo 9- Congresso: Future MD

Anexo 10- Palestra: Comunicação não verbal em saúde

Anexo 11- Congresso: Webinar 1º Congresso Nacional Imunoalergologia Anexo 12- Workshop: Urgências em ORL

Anexo 13- Projeto de voluntariado: Saúde Porta a Porta Anexo 14- Ação de sensibilização para o voluntariado

Estágios

Anexo 15- Estágio Extracurricular: Cirurgia Geral – Unidade hospitalar de Mirandela (ULSNE) Anexo 16- Estágio Extracurricular: Pediatria – Unidade hospitalar de Mirandela (ULSNE)

Anexo 17- Estágio Extracurricular: Otorrinolaringologia – Unidade hospitalar de Mirandela (ULSNE)

Programa de mobilidade

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11

Estágio

parcelar

Data do

estágio

Local de

estágio

Tutor

Trabalhos realizados

Pediatria 09/09/2019 a 04/10/2019 Hospital Dona Estefânia Dra. Marta Conde

Seminário: “Osteomielite- Revisão teórica a propósito de um caso clínico”- Alina Fernandes, Beatriz Santamaria, Diana Alves,

Ema Faria

História clínica: Agudização de asma Ginecologia e obstetrícia 07/10/2019 a 01/11/2019 Maternidade Dr. Alfredo da Costa Dra. Carla Leitão; Dra Marta Plancha

“Torção anexial- Revisão teórica a propósito de um caso clínico”- Alina Fernandes, Beatriz

Santamaria, André Fonseca

Saúde Mental 04/11/2019 a 29/11/2019 Hospital Júlio de Matos Dra. Beatriz

Lourenço História clínica: Perturbação Bipolar

MGF

02/12/2019 a

10/12/2020 USF Arco-Íris

Dra. Mara

Carvalho Panfleto: Contraceção intrauterina

Medicina 20/01/2020 a 13/03/2020 Hospital de Egas Moniz (Medicina IB) Dra. Rita Reis

“Lesão renal aguda- Abordagem em internamento”- Alina Fernandes, Margarida Mascarenhas, Margarida Silva, Maria Santos

Cirurgia 01/06/2020 a 19/06/2020 Hospital Beatriz Ângelo Dra. Marisa Peralta; Dr. Pedro Miranda

“Abordagem ao Nódulo da Tiróide”- Alina Fernandes, Ema Faria, Margarida Silva, Rui

Escaleira Anexo 1- Data e local de estágios, tutores e trabalhos realizados

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12 Anexo 2- Mesa Redonda: Emergências Éticas

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13 Anexo 3- Workshop: Radiologia na Urgência- Tórax e Abdómen

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14 Anexo 4 – Palestra: Abuso Sexual Infantil

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15 Anexo 5- Palestra: Questões LGBT em pedopsiquiatria

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16 Anexo 6- Palestra: Burnout em Medicina

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17 Anexo 7- Palestra: Medicina de Catástrofe e Emergência

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18 Anexo 8- Palestra: Sexualidade na Gravidez

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19 Anexo 9- Congresso: Future MD

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20 Anexo 10- Palestra: Comunicação não verbal em saúde

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21 Anexo 11- Congresso: Webinar 1º Congresso Nacional Imunoalergologia

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22 Anexo 12- Workshop: Urgências em ORL

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23 Anexo 13- Projeto de voluntariado: Saúde Porta a Porta

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24 Anexo 15- Estágio Extracurricular: Cirurgia Geral – Unidade hospitalar de Mirandela (ULSNE)

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25 Anexo 12- Estágio Extracurricular: Cirurgia Geral – Unidade hospitalar de Mirandela

(ULSNE)

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26 Anexo 17- Estágio Extracurricular: Otorrinolaringologia – Unidade hospitalar de Mirandela (ULSNE)

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27 Anexo 18- Certificado de Intercâmbio Clínico IFMSA

Referências

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