Universidade de Trás-‐os-‐Montes e Alto Douro
Uma análise da utilização do ambiente de ensino a distância
TELEDUC pelos Preceptores da Universidade de Uberaba – UNIUBE
– Polo Montes Claros – MG
Dissertação de Mestrado em Ciências da Educação – Área de Especialização em Comunicação e Tecnologia Educativas
Marcelo de Miranda Lacerda
Orientador: José Carlos Teixeira da Costa Pinto
Composição do Júri:
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Esta dissertação foi expressamente
elaborada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ciências da Educação – Área de Especialização em Comunicação e Tecnologia Educativas, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sob a orientação do Professor Doutor José Carlos Teixeira da Costa Pinto.
Aos que estiveram ao alcance dos olhos e/ou coração...
Dedico-lhes este trabalho!
AGRADECIMENTOS
Embora uma dissertação seja, por sua finalidade acadêmica, um trabalho individual, há contribuições de natureza diversa que não podem e nem devem deixar de ser realçadas. Por essa razão, expresso meus sinceros agradecimentos:
ADeus pela vida, oportunidades, força e saúde; À Nossa Senhora pela intercessão e alento;
Ao meu pai Luiz; à minha mãe Teresinha; ao meu irmão André, pela dedicação, união, amor e principalmente pelos exemplos;
Aos meus filhos João Marcelo e Ana Beatriz, pela compreensão, carinho e por tornar meus dias mais alegres;
À minha esposa Ana Kláudia, por seu companheirismo e espera constante; Às minhas tias, principalmente Tia Hilda, pelas orações e incentivo;
Ao Prof. Dr. José Carlos Teixeira da Costa Pinto, que de forma muito especial conduziu a elaboração deste trabalho contribuindo; por sua disponibilidade, interesse e colaboração demonstrados ao longo deste trabalho. MUITO OBRIGADO!
Aos colegas de mestrado, Iza, Laura, Larissa, Fátima, Eliziário, Dora (in memória),
Mônica e Ricardo, pela companhia, incentivo e colaboração;
Aos amigos e colegas de trabalho pelos momentos de descontração e amizade;
À UTAD, na pessoa do Prof. Dr. José João Pinhanços de Bianchi pela simpatia, receptividade e oportunidades;
À cidade de Vila Real - Portugal, pela acolhida, descobertas e tornar nossos dias de concentração mais felizes;
A todos os funcionários e colaboradores da Universidade de Uberaba - UNIUBE, Polo Montes Claros – MG, na pessoa de Adenice Paixão Groeking, pela colaboração;
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades.
RESUMO
A Internet desenvolveu-se comercialmente possibilitando o surgimento de sistemas de informação que se apoiam no uso da world wide web como plataforma. Esses sistemas têm aplicações em diversas áreas e setores econômicos. Na área educacional, eles têm sido aplicados como base para os processos de ensino e aprendizagem via computador (eLearning) e são, frequentemente, denominados de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). Este presente estudo visa avaliar o ambiente virtual de aprendizagem titulado TelEduc a partir da classe aluno, aqui chamada de preceptor, uma vez que na Universidade de Uberaba – Uniube- os profissionais que acessoram e auxiliam o processo de ensino aprendizagem na EAD são assim denominados. Esta ferramenta é utilizada na formação continuada destes profissionais no decorrer de suas atividades acadêmicas. O crescente uso de AVAs para tal finalidade leva ao questionamento de sua funcionalidade,satisfação visual, dinamismo, efeito e usabilidade, dentre outros aspectos aqui mencionados. Para a efetivação desta pesquisa adotamos uma abordagem mista – qualitativa e quantitativa - com a realização de um questionário semi estruturado e observação. Foi possível diagnosticar uma insatisfação por parte dos preceptores em relação a interatividade e atualização do ambiente devido a falta de uma auto percepção dos objetivos da aprendizagem em questão, bem como um distanciamento deste modelo para o modelo de aprendizagem presencial e por fim o entendimento e conscientização de uma nova filosofia.
Palavras Chaves: Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), eLearning, TelEduc, avaliação, interação.
ABSTRACT
The commercial development of the Internet made possible the appearance of information systems supported by the use of the World Wide Web as platform. These systems found wide application in several areas and in diverse economic sectors. In the educational area proper, they have been applied as a base for the processes of teaching and learning through the computer (eLearning) and they are often named Learning Virtual Ambients (LVA). The present study aims at evaluating one of these learning virtual ambients, entitled TelEduc, through its typical class-student, here called preceptor, the name given to the professionals that attend and aid in the process of teaching and learning at the Uberaba University – UNIUBE. This tool is used in the continuing education of these professionals through academic activities. The growing use of the LVAs with this purpose prompted us to inquire about their functionality, their visual satisfaction, dynamism, effectiveness and usefulness, as well as others aspects mentioned here. In this research a qualitative approach was adopted, using a semi-structured questionnaire and observations. It was possible to discover a dissatisfaction by the preceptors in the following areas: (a) the interactivity and the update of the environment, mainly because of (b) a lacking of self perception of the learning objectives, (c) some hierarchical dependence regarding their boss, (d) the distance between that model of Distance Education (DE) and the model of traditional classroom learning and finally (e) a lack of understanding and awareness regarding this new philosophy.
ÍNDICE GERAL
INTRODUÇÃO ... 1
CAPÍTULO 1. EAD: UMA NOVA MODALIDADE DE ENSINO ... 7
1.1 A história da EAD no Mundo ... 12
1.2 A história da EAD no Brasil ... 15
1.3 A Legislação que trata da EAD ... 19
1.4 A terminologia da EAD ... 23
1.5 As teorias pedagógicas fundamentais em EAD ... 25
CAPÍTULO 2. INTERATIVIDADE E APRENDIZAGEM ... 35
2.1 A aprendizagem por eLearning ... 35
2.2 Sistemas de Informações Educacionais ... 37
2.3 Ambientes virtuais de aprendizagem ... 40
2.4Ambientes virtuais de aprendizagem: parâmetros de qualidade. ... 42
2.3 Regras de ouro ... 48
2.4 Critérios ergonômicos ... 48
CAPITULO 3. O AMBIENTE DO TELEDUC – ESTADO DA ARTE ... 53
3.1 O ambiente TelEduc ... 53
3.2 TELEDUC: Registros visuais em relação à aspectos de estrutura e funcionamento ... 54
3.3 Classes de Usuários ... 57
3.4 Arquitetura e estrutura do Teleduc ... 58
3.5 Ferramentas do TelEduc ... 59
3.6 O TelEduc e a Universidade de Uberaba ... 64
3.7 A atuação do preceptor ... 64
CAPÍTULO 4. METODOLOGIA E RESULTADOS ... 69
4.1. Metodologia ... 69
4.2. Resultados ... 69
CAPÍTULO 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 83
5.1. Limitações deste trabalho ... 85
5.2. Sugestões para futuras pesquisas ... 86
ANEXO 01 Entrevista ... 93 ANEXO 02 Respostas às perguntas abertas ... 97 ANEXO 03 Lista de Ambientes Virtuais de Aprendizagem ... 101
ÍNDICE DE QUADROS
QUADRO 1. TENDÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, SEGUNDO ANDRESSA TORNQUIST (2009). ... 28
QUADRO 2. CRITÉRIOS AVALIATIVOS. FONTE: CARVALHO NETO (2009). ... 46
QUADRO 3. CRITÉRIOS DE QUALIDADE REFERENTE À INFORMAÇÃO. ELABORADO A PARTIR DE CARVALHO NETO (2009). ... 48
QUADRO 4. DIMENSÕES DOS AMBIENTES AVA. SEGUNDO MARTINS (2009). ... 51
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1. SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EDUCACIONAIS. ELABORADO A PARTIR DE CARVALHO NETO (2009). ... 39
FIGURA 2. ESQUEMA DE CAMADAS WEB 2.0. ELABORADO A PARTIR DE CARVALHO NETO (2009). ... 43
FIGURA 3. PRINCIPAIS DIMENSÕES DO SISTEMA. ELABORADO A PARTIR DE CARVALHO NETO (2009). ... 46
FIGURA 4. ARQUITETURA DO TELEDUC. ELABORADO A PARTIR DE CARVALHO NETO (2009). ... 58
FIGURA 5. FERRAMENTAS DO TELEDUC. ELABORADO A PARTIR DE CARVALHO NETO (2009). ... 59
ÍNDICE DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA EM RELAÇÃO À FACILIDADE DE ACESSO FÍSICO AO TELEDUC. ... 70 GRÁFICO 2. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA EM RELAÇÃO ÀS INFORMAÇÕES APRESENTADAS NO TELEDUC ESTAREM CORRETAS E BEM
ESTRUTURADAS ... 70
GRÁFICO 3. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA EM RELAÇÃO AO CONTEÚDO APRESENTADO NO TELEDUC SER VARIADO E ATINGIR AO
OBJETIVO DAS UNIDADES DIDÁTICAS. ... 71
GRÁFICO 4. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA EM RELAÇÃO À APRESENTAÇÃO VISUAL NO TELEDUC SER ADEQUADA AO OBJETIVO DO
ESTUDO. ... 72
GRÁFICO 5. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA EM RELAÇÃO À APRESENTAÇÃO DO MENU DE ENTRADA NO TELEDUC SER CLARO E DE FÁCIL
VISUALIZAÇÃO. ... 73
GRÁFICO 6. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA EM RELAÇÃO Á NAVEGABILIDADE NOS CONTEÚDOS NO TELEDUC. ... 73 GRÁFICO 7. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA EM RELAÇÃO AO AMBIENTE TELEDUC FACILITAR A INTERAÇÃO E COMUNICABILIDADE. .... 74 GRÁFICO 8. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA EM RELAÇÃO AO AMBIENTE TELEDUC TER O CONTEÚDO BEM DISTRIBUÍDO NA PLATAFORMA
E ACESSÍVEL AOS PRECEPTORES. ... 75
GRÁFICO 9. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA EM RELAÇÃO AO AMBIENTE TELEDUC PROPICIAR UTILIZAÇÃO DE FORMA EFICIENTE DOS
RECURSOS DISPONÍVEIS. ... 75
GRÁFICO 10. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA EM RELAÇÃO A TER SIDO POSSÍVEL ATINGIR OS OBJETIVOS PROPOSTOS NAS OFICINAS
ATRAVÉS DOS CONTEÚDOS EXPOSTOS NA PLATAFORMA TELEDUC. ... 76
GRÁFICO 11. DISTRIBUIÇÃO DE FERQUÊNCIA EM RELAÇÃO A TER HAVIDO INTERAÇÃO COM O GRUPO DE PRECEPTORES DE MANEIRA
SATISFATÓRIA NA PLATAFORMA TELEDUC. ... 77
GRÁFICO 12. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA EM RELAÇÃO A TER HAVIDO IBNTERAÇÃO COM O COORDENADOR DO CURSO DE MANEIRA
SATISFATÓRIA NA PLATAFORMA TELEDUC. ... 77
GRÁFICO 13. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA M RELAÇÃO A TER HAVIDO CONTRIBUIÇÃO DO MATERIAL PARA O DESENVOLVIMENTO NA
PLATAFORMA TELEDUC. ... 78
GRÁFICO 14. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA EM RELAÇÃO A TER SANEADO SATISFATORIAMENTE AS DÚVIDAS E PERGUNTAS
DISPONIBILIZADAS NA PLATAFORMA TELEDUC. ... 78
GRÁFICO 15. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA EM RELAÇÃO A SER CONDIZENTES COM O DESENVOLVIMENTO DO CURSO OS
PROCEDIMENTOS, PLANEJAMENTOS E PAUTAS DOS SEMINÁRIOS E OFICINAS DISPONIBILIZADOS NA PLATAFORMA TELEDUC. ... 79
GRÁFICO 16. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA EM RELAÇÃO A SEREM DISPENSÁVEIS AS ATIVIDADES INTERATIVAS (FÓRUNS, PORTFÓLIO,
LISTA DE ABREVIATURAS
Sigla Significado
AVA Ambientes Virtuais de Aprendizagem
Capes Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior
EAD Educação a distância
GNU General Public License
LDB Lei de Diretrizes Básicas
LMS Learning Management System
MEC Ministério da Educação e Cultura
NIED Núcleo de Informática Aplicada à Educação
SWE Sistemas Web Educacionais
TIC Tecnologias de Informação e Comunicação
UAB Universidade Aberta do Brasil
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
WWW World wide web
INTRODUÇÃO
Tecendo a manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele deu e o lance a outro galo; de um outro galo que apanhe o grito que um galo antes deu e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de Sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos
(João Cabral de Melo Neto)
O poema “Tecendo a manhã” do poeta nordestino brasileiro João Cabral de Melo Neto nos leva a refletir sobre a sociedade em que vivemos, da necessidade e possibilidade de interação e colaboração na construção coletiva do conhecimento onde os limites territoriais deixaram de ser limites físicos (De um que apanhe esse grito que ele deu e o lance a outro galo) surgindo uma grande rede ou teia tecida por vários elementos colaborativamente (para que a manhã,
desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos). A manhãseria o despertar de uma
nova ordem, de novos paradigmas e metodologias envolvidas por aparatos tecnológicos que vieram fazer que repensássemos a forma de ensinar e aprender.
Para se adaptar aos novos paradigmas educacionais emergentes o docente precisa conhecer o papel da tecnologia como um recurso de aprendizagem, midiático, uma ponte em relação ao ensinar e ao aprender. O docente assume novos saberes e funções distintos do professor tradicional agregando o papel de orientador e cooperador do estudante na construção do conhecimento. Para concretizar as transformações esperadas é necessário que o professor saiba lidar criticamente com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) – e as utilize pedagogicamente. É de fundamental importância trabalhar com os recursos existentes associando aos novos e buscar se capacitar continuamente para acompanhar as mudanças estruturais na era comunicacional. O docente também deve assumir a postura de questionamento e criticidade diante das informações, bem como precisa exercer o papel de orientação e cooperação com os discentes, ensinando-os a aprender e aprender ensinando.
Segundo Hack e Negri (2008) busca-se uma educação crítica para o uso das mídias como instrumentos potencializadores aos professores e alunos, ou seja, as TIC são otimizadoras do processo de ensino e aprendizagem e não a solução de problemas como o desinteresse e fracasso entre os discentes. É necessário saber como, quando e por queligá-las ou desligá-las, refletindo assim, sobre o ato de ensinar e aprender. O processo comunicacional do professor deixa de ser voltado para a oratória quase exclusiva do professor que funciona como um repassador de informações e passa ao agregar as TIC a sua prática a ser guiado pelo diálogo interativo entre as partes. Este pode inclusive ser multimidiático, onde o professor é o agente dinamizador, organizador e orientador da construção do conhecimento através da preparação e seleção crítica das inúmeras informações às quais o aluno tem contato direto ou não durante sua aprendizagem.
Em 1990 com a criação da world wide web (WWW), se possibilitou a organização de sites formando Redes de informação, segundo Quadros (2005, p.28), estabelecendo vínculos, relações, interações entre ideias, conceitos, valores, pensamentos e vivências.
Para Kenski (1998, p. 66), a noção de Rede vem relacionada a “nós” que, ligados entre si, formam uma teia (MELO NETO), cujos conhecimentos são permanentemente reconstruídos pelos sujeitos, a partir das inter-relações que eles estabelecem quando estão em Rede.
Ferreira (1975, p. 120), define Rede como “entrelaçamento de fios, cordas, cordéis, arames, etc, com aberturas regulares, fixadas por malhas, formando uma espécie de tecido. […] o entrelaçamento dos vasos, das fibras, dos nervos, etc do corpo humano”.
É por meio da interatividade entre os que participam da Rede que a distância física entre a informação e aqueles que a buscam passou a diminuir. A educação passou a não ser mais a mesma, pois o professor deixou de ser o detentor de conhecimentos. A Internet detém um número maior de informações em diversas línguas e formas capazes de levar seu usuário a aprendizagem de forma natural, sem intervenção de um mestre que dite as regras e comande todo o processo.
Um clique, em uma fração de segundos representa uma mudança no cenário que pode ser visualizado na tela do computador. Entretanto, a sensação de “diversão” traz em si a vontade de descobrir que condutas levam aos objetivos desejados e, com isso, ao prazer, seja de acertar o propósito, de vencer a dificuldade, de conquistar o desconhecido ou de dominar a proposta. (...) O usuário é levado a pensar estratégias, fazer tentativas com os ícones, com os links, sempre à procura do sentido. Não importa nem mesmo o idioma do conteúdo que está escrito. A compreensão da lógica do jogo permite trilhar a possibilidade do êxito, do acerto esperado (FILGUEIRAS, 2007, p.31).
Tais aspectos proporcionaram rever nossa concepção de educação, de formação, de empresa, de escola e sociedade. Uma modalidade já utilizada no Brasil e por outros países apropriou das Redes de interação e de todas as outras TIC para levar educação básica e formação profissional a um número maior de pessoas em diferentes rincões do país. É a Educação a Distância, carinhosamente chamada de EAD, que por força legal e das novas concepções de ensinar e aprender tomou fôlego na década de 1990 em nosso país.
São muitas as controvérsias e desafios encontrados na utilização desta modalidade de ensino, mas ao mesmo tempo apresenta vantagens como a adaptação na formação profissional de pessoas que não dispõem de tempo, recursos financeiros e são excluídas geograficamente; eficaz combinação de estudo e trabalho; permanência do aluno em seu ambiente profissional e cultural; interação homem/máquina; bem como, desenvolver iniciativa, atitudes, valores e hábitos educativos.
Hoje, a EAD vem sendo cada vez mais impulsionada, constituindo-se como uma nova concepção de aprendizagem e interatividade, traduzida em uma tendência atual em termos de processo educativo. Aretio (2001) conceitua educação a distância como:
Um sistema tecnológico de comunicação de massa e bidirecional, que substitui a interação pessoal, em aula, de professor e aluno, como meio preferencial de ensino, pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e o apoio
de uma organização tutorial, que propiciam a aprendizagem autônoma dos estudantes (ARETIO, 2001 p. 30-31).
Na prática, a EAD é um caminho sem volta e tende a crescer ainda mais, ultrapassando, no Brasil, o número de alunos matriculados nos cursos presenciais ou ainda os 20%, definidos pelo Ministério de Educação, de disciplinas que podem ser oferecidas de forma não presencial nos cursos superiores (PALÁCIO, 2002).
É valido ressaltar as palavras de Hack e Negri (2008) quando se refere a construção de uma educação critica incluindo a tecnologia na educação também de forma crítica e comprometida com a construção do conhecimento, de maneira oposta aos modelos tradicionais que colocam o aluno como elemento passivo diante do conhecimento. Dentro da perspectiva de o aluno ser ativo, autônomo na construção do conhecimento individualmente e/ou em grupos surgiram diversos ambientes de aprendizagem virtuais experimentais tanto no ensino presencial tradicional quanto a distância como: Moodle, Teleduc, Aulanet, Blackboard, WebCT dentre outros. Nestes ambientes é possível acompanhar o desenvolvimento do aluno, seus acessos, traçar estratégias metodológicas, estimular a interação em grupos colaborativos e sociais, reflexões críticas e avaliar o processo respeitando o tempo e ritmo de cada um, individualmente, dentre outros.
O problema que fundamenta este estudo é a seguinte interrogativa: o eLearning tem sido utilizado com eficiência no processo ensino-aprendizagem a distância pelos alunos/preceptores da UNIUBE – Pólo Montes Claros – MG? A partir deste problema surgiu naturalmente um objectivo – que poderemos designar de objectivo geral - para esta pesquisa, que é: analisar o sistema de formação a distância (eLearning) para preceptores da UNIUBE usando a plataforma TelEduc. Este objectivo geral desdobra-se por sua vez em um conjunto de objectivos específicos, que são: descrever funcionalmente a plataforma utilizada pela UNIUBE, diagnosticar as dificuldades encontradas pelos tutores/preceptortes da Instituição ao acessarem a plataforma, verificar a acessibilidade dos usuários à/na plataforma de aprendizagem e identificar a contribuição do TelEduc e suas ferramentas aos preceptores na prática.
As hipóteses pensadas em relação a este objeto de estudo são as seguintes: (1) os preceptores encontram dificuldades físicas e administrativas de acesso a plataforma; (2) os preceptores apenas acessam a plataforma quando necessitam de ajuda; (3) a plataforma possui ícones e ferramentas necessárias ao desempenho profissional do preceptor e (4) os preceptores estão satisfeitos com a plataforma disponível pela Universida na sua formação continuada.
No capítulo 01 foi conceituado a EAD como uma modalidade nova na Educação, sua abrangência no exterior e no Brasil, bem como sua terminologia, e as perspectivas pedagógicas relacionadas e esta modalidade.
No capítulo 02 fêz-se uma relação entre interatividade e aprendizagem, a aprendizagem por eLearning, os AVAs, suas características e parâmetros de qualidade para se avaliar um ambiente de qualidade. Neste capítulo foi citado autores renomados e pesquisadores contemporâneos da EAD e dos Ambientes Virtuais de Aprendizagens, entre eles: Silvio Carvalho Neto, Maria de Lourdes Martins, Lito e Marcos Formiga.
No capítulo 03 expõem-se a arquitetura e funcionamento do TelEduc, a classe de usuários, suas ferramentas, a utilização pelos preceptores da Universidade de Uberaba – UNIUBE – e seus aspectos visuais e funcionamento.
No capítulo 04 – Metodologia e Resultados – serão elencados os resultados mais significativos suas analises de forma global ou conjunta dependendo da relevância e grau de convergência com a literatura pesquisada com o objetivo de esclarescer pontos específicos sobre a utilização do ambiente virtual oferecido pela universidade tais como a facilidade de acesso, acessibilidade às informações, distribuição de conteúdos, impressão sobre o impacto visual causado pelo ambiente, observações sobre a interação e comunicabilidade, distribuição de conteúdos e utilidade das informações apresentadas.
CAPÍTULO 1. EAD: UMA NOVA MODALIDADE DE ENSINO
O mundo está em constante evolução, com mudanças significativas no que diz respeito à esfera da economia, das instituições sociais, políticas e culturais. Contudo, com base no pensamento dos autores Rifkin (1995) e Offe (1989), percebe-se a emergência de um novo mundo caracterizado pelas mudanças presentes na sociedade baseado em novos paradigmas nos âmbitos, principalmente, da educação e do trabalho; e em rupturas com modelos antigos.Harvey (1992), Castells (1999) e Jameson (2001) destacam que essas mudanças seriam, apenas, parte de uma transformação cultural que acaba por acompanhar a luta do capitalismo no que diz respeito à sobrevivência, não se apresentando, portanto, como uma mudança global de paradigmas na ordem cultural, econômica ou política, que corresponda a uma “nova sociedade”, “pós-industrial”.
Inúmeras têm sido as transformações da produção da vida material e subjetiva nessa fase particular do capitalismo que, na tentativa de superar sua atual crise, estabelece como estratégias principais, o neoliberalismo, a globalização e a reestruturação produtiva. Na verdade é sabido que em todas as etapas existentes na história da humanidade, a tecnologia desvela-se como sendo aquela que aponta uma contribuição importante nas transformações ocorridas em todos os campos das atividades humanas.
A educação também tem se deslocado da figura centrada no professor para o aluno, sujeito de seu tempo e sabedor do domínio em que atua. Alterando tanto as dinâmicas de sala de aula para novos aparatos e ferramentas garantidoras de aprendizagem.
Em relação à educação que visa adaptar o ser humano a sua realidade, Freire (1979, p.32) explica que “uma educação que pretendesse adaptar o homem estaria matando suas possibilidades de ação, transformando-o em abelha. A educação deve estimular a opção e afirmar o homem como homem. Adaptar é acomodar, não transformar”.
Senge (1990) comenta que o ser humano vem ao mundo motivado a aprender, explorar e experimentar. E a função humana da educação é de libertá-lo. Infelizmente, a maioria das
instituições, em nossa sociedade, é orientada mais para controlar do que para aprender, recompensando o desempenho das pessoas em função de obediência a padrões estabelecidos a não por seu desejo de aprender. Diz também que o desejo de aprender é criativo e produtivo. A educação, portanto, é mais autêntica quanto mais desenvolve este ímpeto ontológico de criar. A educação, nesta perspectiva, deve ser desinibidora e não restritiva.
O desenvolvimento de uma consciência crítica que permite ao homem transformar a realidade se faz cada vez mais urgente. Na medida em que os homens, dentro de sua sociedade, vão respondendo aos desafios do mundo, vão temporizando os espaços geográficos e vão fazendo história pela sua própria atividade criadora. (FREIRE, 1979, p. 33).
Ao abordar questões relativas sobre a ação educativa, com frequência ocorre uma colocação desapropriada de conceitos (RAMOS, 1989), deste modo apresenta-se o entendimento de educação e ensino. A educação se refere à utilização de meios que permitem assegurar a formação e desenvolvimento do ser humano, enquanto ensino é a arte ou ação de transmitir não via reprodução os conhecimentos a um aluno, de modo que ele os compreenda e assimile, tem um sentido mais restrito, porque apenas cognitivo. Assim sendo, o ensino educativo tem a missão de transmitir não mero saber, mas uma cultura que permita compreender a condição humana e ajude a viver, e que favoreça, ao mesmo tempo, um modo de pensar aberto e livre.
Morin (2001, p. 40-41) explicita que o objetivo da educação que não é de transmitir conhecimentos sempre mais numerosos ao educando, mas o de criar nele um estado interior e profundo, uma espécie de polaridade de espírito que o oriente em um sentido definido, por toda a vida. Na educação, trata-se de transformar informações em conhecimento, de transformar o conhecimento em sapiência.
A educação deve contribuir para a autotransformação da pessoa, ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver e ensinar como se tornar cidadão. A educação ao longo de toda a vida se constitui numa realidade, ao considerar que o ser humano “é um ser na busca constante de ser mais e, como fazer auto-reflexão, pode descobrir-se como um ser inacabado, que está em
constante busca. [...] A educação é possível para o homem, porque este é inacabado e sabe-se inacabado” (FREIRE, 1979, p. 27-28).
Mas precisamente no século XX as tecnologias digitais e a eletrônica avançaram em quase todas as áreas do conhecimento, seja nos processos de produção, métodos de comunicação, atualização profissional entre outros. Assim, Schaff (1995) acredita que estamos vivendo a segunda revolução técnico-científica, caracterizada por uma tríade revolucionária: a microeletrônica, a microbiologia e a energia nuclear.
Por consequência, as novas tecnologias empregadas na sociedade, acabam modificando toda uma estrutura. Assim Tigre diz:
O novo paradigma se difunde assimetricamente, trazendo distorções ainda maiores nos padrões mundiais de distribuição de riqueza. Os países mais beneficiados são aqueles com melhores condições infraestruturais para incorporar novas tecnologias, aumentar a produtividade e desenvolver novos produtos e serviços. Isso inclui o sistema educacional, tanto básico, quanto superior, laboratórios e centros de pesquisas, redes eficientes de telecomunicações de dados, som e imagens e a capacidade de absorver novas formas de organização da produção. (TIGRE, 1993, p. 26)
Já Litto (1998, p. 37) diz que estamos vivemos em um mundo onde as tecnologias se fazem presentes, havendo assim uma necessidade de que os nossos alunos possam estar interagindo com este conhecimento informatizado.
Assim, pode-se afirmar que, diante das mudanças ocorridas, torna-se necessário à reformulação de todo o sistema, e principalmente no que diz respeito ao campo educacional. Diante disso, a participação do Estado acaba sendo de extrema importância e podem ser analisadas com base nas reformas realizadas nas diretrizes educacionais que devem ocorrem gradativamente com o objetivo maior de atualizar-se e assim estabelecer novos procedimentos.
Com base no pensamento de Fonseca (1995, p. 17) temos:
[...] a política educacional, vista na ótica neoliberal, está inserida no âmbito das políticas de desenvolvimento produtivo em apoio à competitividade internacional com base no enfoque integrado que abrange políticas de desenvolvimento tecnológico, capacitação de mão-de-obra e aperfeiçoamento de mercados de capital a longo prazo. (FONSECA, 1995, P. 17)
Carnoy (1995, p. 20) completa o pensamento de Fonseca quando diz que as mudanças na economia mundial provocaram três tipos de reformas no setor educacional: reformas para adaptar o setor às demandas de qualificação, tanto do mercado de trabalho nacional quanto do mercado mundial (impulsionadas por motivos de competitividade); reformas para atender aos cortes no orçamento do setor público e ao ingresso do setor privado (impulsionado por motivos financeiros) e reformas para melhorar o papel político que a educação desempenha como fonte de mobilidade e igualdade social (impulsionada por critério de equidade).
A questão da modernização nos mais diversos segmentos da sociedade atual, destacamos que nos tempos modernos, em plena era da tecnologia, as escolas de ensino superior, cada vez mais estão sendo informatizadas, têm ocasionado fortes impactos na população. Dessa forma, docentes resistem e outros tentam acompanhar o uso dos multimeios lançado por campanhas nacionais onde a onda do consumismo, por diferentes motivos, acaba gerando uma desenfrEADa mania de comprar aparelhos tecnológicos ou usando inadequadamente meios tecnológicos como a Internet para tentar acompanhar as mudanças ocorridas na virada do século.
Mudanças vertiginosas marcam o mundo e a produção e divulgação de meios de informações, associadas à rápida obsolescência tecnologia, obriga a repensar uma qualificação permanente não só do quadro docente, mas uma redefinição de práticas presentes no cotidiano escolar de alunos e professores que constantemente interagem no cotidiano escolar. Sendo assim, as instituições ao ensinar recorrendo às diversas tecnologias, investindo na excelência de suas práticas, ao mesmo tempo em que avança, implica em uma séria forma de colocar os homens diante de um complexo impasse: entre as tecnologias e o humano, como mediar à educação
humanitária? Fato esse que reforça a ideia da aprendizagem como atividade permanente e contínua na vida das pessoas, exigindo o desenvolvimento de habilidades que geram competência para aprender a aprender, aprender ser a fazer, aprender a ser e aprender a viver colaborativamente, pilastras determinadas pela UNESCO1.
Pode-se analisar que como uma utilização multiforme dos computadores para o ensino está se propagando na escola, na casa, na formação profissional e contínua. Essa utilização carrega em si uma redefinição docente e de novos modos de acesso aos conhecimentos, porém, nem todos os estudantes são formados com o uso da informática enquanto disciplina autônoma que é capaz de transformar o pensamento especificamente ligado à Informática e adaptá-los ao mercado competitivo do mundo pós-moderno.
Assim, a utilização de novas formas educacionais, onde a modernidade é marcante não supõe a substituição dos docentes em processos educacionais, mas a ressignificação de seu papel face às novas demandas e ao acelerado desenvolvimento dos tempos modernos. Assim, a aplicação destas novas ferramentas de aprendizagem tem tornado possível a partir da construção de novos saberes, outra forma de pensar a educação.
Observa-se, atualmente, um contínuo movimento de consolidação e expansão da EAD, ampliando-se o número de países, empresas, instituições educacionais e alunos realizando seus cursos em diferentes propostas e recursos. O que definirá o futuro da EAD é, primordialmente, a qualidade de seus cursos, com linguagem e características próprias.
Sendo o ensino a distância uma metodologia do momento pós-moderno, não se trata de uma questão de moda, mas sim de evolução natural dos homens e do mundo. A sociedade moderna, em permanente mudança, tem exigido estudos constantes e novas posturas dos homens. Nesse entendimento, a educação convencional não consegue mais atender às demandas de formação e atualização profissional no atual sistema educacional inclusive o superior. Felizmente, a evolução tecnológica tem possibilitado novas soluções na área da
educação e ao mesmo tempo tem criado sérios impactos aos seres humanos. Uma dessas formas de atuação tem sido o ensino a distância, que se caracteriza pela separação física entre o professor e o aluno, mas que conectados por uma nova tecnologia comunicação bidirecional que ao mesmo tempo avança e cria impasses aos seres humanos. Mas afinal que impasses são esses?
Segundo Goffman:
Há uma discrepância entre a identidade social real de um indivíduo e sua identidade virtual, é possível que nós, normais, tenhamos conhecimento desse fato antes de entrarmos em contato com ele ou, então, que essa discrepância se torne evidente no momento em que ele nos é apresentado. (GOFFMAN, 1988, p. 50)
Segundo a autora, a identidade social real de um indivíduo dentro do contexto tecnológico perpassa pela ideia de contato virtual e pelos contatos que temos com as tecnologias, ocasionando discrepâncias significativas. Para a maioria das pessoas, atualmente, a expressão Educação a Distância (EAD) é logo associada à educação que utiliza recursos de alta tecnologia.
Isto vem mudando ao longo dos anos como pode ser verificado na própria história da educação a distância pelas tecnologias alterando as relações entre educador e educando e por conseguinte a eficiência do resultado.
1.1 A história da EAD no Mundo
A maior inovação na área da Educação nas últimas décadas foi a regulamentação, implementação e disseminação de um novo método de ensino que distingue do chamado presencial possibilitando promover oportunidades educacionais para grandes contingentes populacionais em tempo e espaços diversos.
Voltada especialmente para o ensino de adultos, mas não exclusivamente, já é presente no mundo corporativo, no treinamento e aperfeiçoamento de recursos humanos, na área da saúde, na agricultura, na previdência social, pela iniciativa privada e governamental. Já no mundo corporativo esse adulto dispõe de tempo para estudar complementando sua formação ou obtendo um novo título. A clientela da EAD costuma ser a não convencional, adultos que não podem sair de casa; que trabalham em mais turnos; portadores de alguma deficiência física; populações pouco povoadas e aqueles que vivem longe das Instituições de Ensino.
Para viabilizar este trabalho é preciso utilizar um aparato específico (meios de comunicação, processos de tutoria, técnicas de ensino, metodologias de aprendizagem, mídia e linguagem adequada, dentre outros.
Hoje em dia, um curso a distância não é mais um curso por correspondência unidirecional, em que se enviam livros e outros textos pelo correio e se espera que o aluno já saiba estudar e aprender. É preciso cercar-se de uma multiplicidade de recursos para alcançar êxito.primeiro, mesmo em lugares em que uma das ênfases da escola é ensinara prender, desenvolvem-se materiais d alta qualidade para ensinar a estudar; e particularmente, a estudar sozinho.(NUNES, 2008, p.2)
A convergência entre os modelos presencial e a distância já existe em algumas instituições mesclando diversas formas e usos de tecnologias inseridas num mesmo espaço ou não, mas não existe uma nomenclatura específica para este movimento. Para compreender melhor o que se passa no mundo em relação a esta nova modalidade de ensino é preciso viajar por países que tenham feito história ao longo do tempo.
No México, Tanzânia, Nigéria, Moçambique e Angola a educação a distância tem sido utilizada para aperfeiçoamento de professores “em serviço”. Na atualidade, são mais de 80 países em todos os continentes que adotam a educação a distância, em sistemas formais e informais de ensino. Para Nunes (1992) a Europa tem investido de maneira acelerada em educação a distância para o treinamento de pessoal na área financeira e demais áreas do setor de serviços visando maior produtividade e baixo custo.
O EUA é o responsável pelo primeiro registro de educação a distância no mundo com aulas via correspondência em 1.728, anunciada na Gazette de Boston, EUA por Caled Phillips. Hoje são centenas de importantes universidades e instituições de nível superior e médio que utilizam da modalidade a distância até mesmo em forma de consórcios unindo várias instituições cada qual com sua função.
Em Cuba, La Enseãnza Dirigida, como é denominada em território local iniciou-se em 1979 com a Universidade de Havana que hoje conta com o suporte de 15 outras instituições de ensino.
Simultaneamente a Cuba, Venezuela através do grupo de pesquisas do professor Miguel Casas Armengol criou a Universidade Nacional da Venezuela em 1976 visando a criação de novas carreiras e facilitar a entrada no mercado de trabalho.
Com cunho religioso, Costa Rica deu inicio na década de 80 ao Programa Diversificado do Seminário Bíblico Latino-americano, formando em 1988 o curso de Educação Pastoral utilizando materiais impressos e metodologias diversas. Hoje a UNED, a Universidade Estatal a Distância, criada em 1978, se ramificou em todo o país possuindo 29 centros acadêmicos difundindo cursos voltados principalmente às comunidades agrícolas e para a progamas de saúde e cidadania.
A Espanha antes mesmo da Costa Rica, em 1972, fundou a também Uned por um ato parlamentar se tornando um dos países pioneiros nesta modalidade. Também elegeram o material didático como mídia principal acessorado pela radiodifusão, da televisão e de outros meios audiovisuais.
Outro país inovador foi o Japão a partir do século XIX, de maneira informal e mais tarde formalmente com a Escola Kawasaki formando e qualificando pessoal de apoio a saúde.
Depois da segunda Guerra, esses procedimentos foram utilizados na Europa e no Japão, ainda com a base tecnológica da impressão articulado com o rádio, mas ja ganhando forma que, depois, serão dominados no campo da tecnologia educacional nos programas de educação
audiovisuais que foram muito usados no Brasil para o ensino de línguas estrangeiras.(NUNES, 2008, p.7)
Em 1948, fundou-se a Universidade Chuo com ênfase em educação continuada, educação comunitária e desenvolvimento vocacional. Contemplando a economia doméstica em 1983, por meio de uma lei especial criou-se a Universidade do Ar similar a iniciativa inglesa de promover as mudanças educacionais desejadas através da televisão. Hoje, na Inglaterra, mais de 40 mil alunos fazem pós-graduação por intermédio de materiais impressos, fitas de áudio, kits, vídeos, softwares, jogos e Internet. 1951, foi o ano da criação do Departamento de Educação por Correspondência da Universidade do Povo na China que se organizavam através da rádio e material impresso. Na década de 60 surgem as televisões universitárias em diversas cidades do país.
A Universidade Aberta de Portugal foi criada em 1988, com sede em Lisboa, oferece cursos de graduação, pós e mestrado em diversas áreas acadêmicas. Influenciado pelo bom resultado obtido principalmente na Inglaterra o Brasil tentou por três vezes criar no Parlamento uma Universidade Aberta mas somente no ano de 2008 foi concretizada já com a prática exitosa de dezenas de Universidades e Instituições de Ensino de Norte a Sul do país.
Daniel, (1990,apudNUNES, 2008, p.7) afirma que esse avanço da EAD em alguns países fez surgir megaestruturas de Universidades que juntas atendem mais de 3 milhões de estudantes que determinam seu próprio ritmo de estudo interagindo-se com as novas tecnologias da educação.
1.2 A história da EAD no Brasil
Pesquisas realizadas pelo IPEA mostram que antes de 1.900, já existiam anúncios em jornais de circulação no Rio de Janeiro oferecendo cursos profissionalizantes por correspondência ministrados por professores particulares. Poucos anos já existiam cursos oferecidos por uma Escola Internacional que visava qualificar para o comércio e serviços em geral. Usava-se material didático que era enviado pelos correios via ferrovia.
Em 1923, surge a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro com programação variada e popular foi um sucesso chegando apreocupar os governantes da época pelo conteúdo subversivo. As intervenções foram tantas que esta chegou a ser doada ao Ministério da Educação e Saúde que se encarregava também da instrução pública pois não existia até então, década de 30, um ministério especifico para a Educação.
A rádio portanto foi, segundo Alves J. R. M.(2009, p.09) o segundo meio midiático de transmissão do saber no Brasil, sendo precedida apenas pela correspondência.
O SENAC iniciou suas atividades em 1946 e, logo a seguir, desenvolveu no Rio de Janeiro e em São Paulo a Universidade do Ar (mesmo nome de programas desenvolvidos décadas depois na Inglaterra e Japão) que, em 1950 já estava em 318 localidades.
A igreja Católica em 1959 criou algumas escolas radiofônicas, dando origem ao Movimento de Educação de Base ainda utilizando a Rádio como mídia comunicativa. (Ideia semelhante também pode ser vista em Costa Rica na década de 80).
Nos anos 60 surge o Mobral2 - O Movimento Brasileiro de Alfabetização, de abrangência
nacional via rádio teve vida curta com a revolução de 1969, onde foram cortadas iniciativas de natureza informativa/educativa. Desde então a Rádio perdeu lugar como mídia transmissora de conhecimento para a televisão e outras tecnologias.
Por determinação do Código Brasileiro de Telecomunicações em 1.967 deveria haver transmissão de programas educativos pelas emissoras de televisão favorecendo algumas Universidades e grupos de poder. Em 1994, o sistema Nacional de Radiodifusão Educativa foi completamente reformulado passado a Fundação Roquete Pinto ocontrole destas ações. De iniciativa privada e muito positiva a Fundação Roberto Marinho criou alguns programas de qualificação em prática até hoje como o telecurso que certifica alunos em todo o território
22Foi um projeto do governo brasileiro, criado pela Lei número 5.379, de 15 de dezembro de 1967, e propunha a alfabetização funcional de
jovens e adultos, visando conduzir a pessoa humana a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo como meio de integrá-la a sua comunidade, permitindo melhores condições de vida(CORRÊA, Arlindo Lopes (ed.). 1979. p. 472).
brasileiro em parceria com o poder público. A maior desvantagem percebida em tais iniciativas é o horário de transmissão incompatível com os possíveis alunos- usuários.
Hoje, existem TVs educativas que se dedicam de forma satisfatória a transmissão de programas de qualidade porém estas dependem das emissoras abertas ou a cabo para o acesso a população em geral.
A história daEAD no Brasil pode ser dividida em três momentos: inicial, intermediário e outro mais moderno. Na fase inicial, os aspectos positivos ficam por conta das Escolas Internacionais (1904), que representam o ponto de partida de tudo, seguindo-se a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (1923). Extraordinária importância tiveram o Instituto Monitor (1939) e o Instituto Universal (1941).
[…] na fase intermediária, no campo da educação superior, a UnB (1.973) constituiu-se em uma base para programas de projeção […]. Já na fase mais moderna não podemos deixar de registrar três organizações que influenciaram de maneira decisiva a história: a ABT, o IPAE e a ABED. (ALVES, 2009, p. 10-11)
A ABED3 – Associação Brasileira de Educação a Distância, vem colaborando para a difusão, desenvolvimento e integrando instituições, pessoas e profissionais da EAD no país organizando congressos e seminários anualmente.
Repercutiu em todo o Brasil o sucesso da criação da Open University, da Inglaterra, nos anos 70 e no Brasil surgiram alguns projetos de lei com o intuito de termos uma Instituição de ensino superior similar ao Reino Unido. A primeira tentativa foi arquivada pois não possuía os moldes de uma Universidade Aberta. Numa segunda tentativa, em 1974, foi novamente arquivada porque não foi criada pelo Ministério da Educação e sim por um projeto de lei faltando informações e aparatos que o viabilizasse.
Depois de décadas o Executivo tomou a iniciativa de criar um novo sistema, chamando-o de Universidade Aberta do Brasil que nada mais é um consórcio de instituições públicas de ensino superior que se apropriarão de metodologia diferenciada do modelo tradicional para levar conhecimento a um número maior de pessoal em espaços longínquos. Não se trata da criação de uma nova instituição de ensino, mas sim, a articulação das já existentes em forma de um consórcio, abrangendo aos municípios do país que não possuem uma formação superior de qualidade ou mesmo aqueles cujos cursos ofertados não atendem de forma suficiente a demanda proveniente da educação básica no país.
O Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) tem como prioridade a formação de professores para a Educação Básica. Para atingir este objetivo central a UAB realiza ampla articulação entre instituições públicas de ensino superior, estados e municípios brasileiros, para promover, através da metodologia da educação a distância, acesso ao ensino superior para camadas da população que estão excluídas do processo educacional (http://www.uab.capes.gov.br/).
Segundo o MEC, a finalidade do sistema UAB é desenvolver a modalidade de educação a distância, expandindo e interiorizando a oferta de cursos e programas de formação superior no País, ampliando assim, o acesso à educação superior pública às diferentes regiões do país.
Tem como objetivo, apoiar a pesquisa em metodologias inovadoras de ensino superior baseadas em tecnologias de informação e comunicação e oferecer cursos superiores para capacitação de dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios atingindo objetivos sócio-educacionais com a colaboração da União com entes federativos, e estimular a criação de centros de formação permanentes por meio dos polos de apoio presencial.
Tendo como base o aprimoramento da educação a distância, o Sistema UAB visa expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior. Para isso, o sistema busca fortes parcerias entre as esferas federais, estaduais e municipais do governo. (http://www.uab.capes.gov.br/)
Hoje, no Brasil são mais de 175 instituições credenciadas pelo governo federal para ministrar cursos de graduação e pós graduação lato sensu mais ainda nenhuma possui mestrado e doutorado nesta modalidade de ensino.
Vale ressaltar a iniciativa privada e também pública que vem utilizando a EAD como ferramenta de treinamento e aperfeiçoamento de seus colaboradores totalizando mais de quinhentas entidades.
A primeira Universidade do país a implantar de forma efetiva cursos de graduação a distância foi a UFMG- Universidade Federal de Mina Gerais no final da década de 90.
1.3 A Legislação que trata da EAD
Para retratar a Legislação sobre a EAD no Brasil faz-se necessário voltar ao tempo e lembrar de sua fundamental importância na disseminação dos cursos livres profissionalizantes e por correspondência na década de 40.
Cabia a EAD o desafio de ser bem-sucedida e eficiente à visão da sociedade educativa e romper com os preconceitos e paradigmas existentes sobre sua metodologia.
Atendendo a educadores situados a longa distância social e geográfica, sem um perfil muito claro, utilizando tecnologias pouco crediveis inicialmente, os nichos por ela encontrados foram os dos chamados cursos livres, na legislação brasileira. (GOMES, 2008. p.21)4
Durante o chamado Estado Novo no Brasil, surge a primeira LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de no. 4.024, de 20 de dezembro de 1961 – abrindo uma porta estreita
4Se refere a uma metáfora utilizada pelo autor onde compara com uma alusão discriminatória a Educação tradicional com um feudo e a EAD
para a efetivação desta modalidade de ensino com a permisão para a criação de cursos ou Escolas experimentais.
Em 1971, a Lei no. 5.692 de 15 de agosto do mesmo ano manteve o dispositivo anterior dispondo que os conselhos de educação pudessem autorizar regimes pedagógicos diversos em âmbito nacional. Vislumbrou ainda o uso de diversas mídias como a rádio, televisão e correspondência nos cursos supletivos para abranger um número maior de alunos.
Art. 25. § 1º Os cursos supletivos terão estrutura, duração e regime escolar que se ajustem às suas finalidades próprias e ao tipo especial de aluno a que se destinam. § 2º Os cursos supletivos serão ministrados em classes ou mediante a utilização de rádios, televisão, correspondência e outros meios de comunicação que permitam alcançar o maior número de alunos. (Lei no. 5.692 de 15 de agosto de 1971)
Então, a EAD se torna mais próxima da linha que a separa de um modelo educacional eficiente e formal num tempo onde vivia-se um clima de deslumbramento ante a ciência e as novas tecnologias. Lobo Neto diz que os equipamentos viabilizadores destas tecnologias sobrepunham os desafios do tempo e espaço. A integração de imagens e sons superou a radiofusão e o mídia escrita encantando cada vez mais pessoas
Assim é que, em 20 de dezembro de 1996, com a promulgação da Lei 9.394, a 2ª.LDB nacional a Educação a Distância passou a ser considerada alternativa regular – elevando o status desta modalidade de ensino – de prestação educacional aos brasileiros.
A educação a distância deixa de pertencer ao elenco de projetos sempre designados como "experimentais", ao sabor de momentâneas e autoritárias arbitrariedades, tanto a favor quanto contra, sem qualquer respeito a resultados educacionais concretos. (Lobo Neto, F.J.S. Informativo SENAC)
Sua regulamentação veio com mais de um ano de atraso pelo Decreto no. 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, onde se destaca os dispositivos que trata a EAD como um regime especial
de ensino, flexível, abrangente a todos os níveis e modalidades de ensino com a exceção de mestrados e doutorados; da presencialidade obrigatória das avaliações/exames de rendimento dos alunos dentre outros.
Vale lembrar que a ascensão legal da EAD no Brasil veio a aumentar as comparações e dúvidas decorrentes desta modalidade surgindo assim vários artigos e debates a cerca do tema. Nesta mesma época já existia a ABED que tem como objetivo desde sua criação o desenvolvimento e amparo técnico científico da educação a distância.
Surgiu em seguida o Decreto no. 5.622, de 19 de dezembro de 2005 revogando o Decreto de 1998, expandindo as regras de funcionamento da EAD, porém mantendo-a como “modalidade educacional na qual a mediação didática pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educacionais em lugares ou tempos diversos.”
Complementa a LDB no que se refere a presencialidade, agora não somente para as avaliações de estudantes mas também estágios, defesas de trabalhos, atividades laboratoriais e a obrigatoriedade de criação de polos no país e no exterior. Outro ponto relevante foi a prevalência dos exames sobre qualquer outra atividade avaliativa do processo, além de equiparar a EAD com a educação presencial quanto ao número de vagas dispostas nas Universidades e as mesmas regras dentro do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - o SINAES.
A portaria MEC no. 4.059, de 10 de dezembro de 2004, autorizou normas anteriores e instituiu a introdução optativa de 20% do currículo na modalidade a distância contemplando a semi-presencialidade nos cursos regulares de graduação. Medida bem recebida pelas IES (Instituições de Ensino Superior) devido à diminuição de custos que permite. Já aos alunos é uma forma de conviver e se atualizar com uma nova e atraente modalidade de ensino. É superar ainda mais a barreira do preconceito e da falta de conhecimentos sobre a educação a distância aproximando de um modelo que possa se adequar mais facilmente as condições de vida do aluno. Outro fator que contribuiu para o “boom” da EAD, desde então, é a utilização, cada vez maior, deste modelo de ensinar por parte das organizações privadas e públicas que
passaram a formar, treinar e capacitar seus funcionários, on line, em serviço, com uso de plataformas desenvolvidas especificamente para esta finalidade. O sucesso desta ferramenta aumentou também o número de empresas especializadas que oferecem este tipo de serviço desde a parte funcional até a acessória didática pedagógica.
É uma estratégia de formação contínua de qualidade que os textos oficiais e as normas legais passam a se preocupar
Mais recentemente foi criado o Decreto no. 5.800, de 8 de junho de 2006, que foi um marco para a EAD no Brasil, pois dispõem sobre a UAB - Sistema Universidade Aberta do Brasil - com o intuito de descentralizar as atividades pedagógicas e administrativas relativos a cursos e programas de graduação em parceria com Universidades Públicas devidamente autorizadas pelo MEC.
O próximo passo foi estabelecer diretrizes que assegure a continuidade e valorização desta modalidade de ensino através do incentivo financeiro a bolsistas/pesquisadores e a participantes da preparação e execução dos cursos dos programas de formação superior, inicial e continuada no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), vinculado à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a serem pagas pelo FNDE a partir do exercício de 2009 previsto na Resolução CD/FNDE nº 26, de 5 de junho de 2009
Tendo em vista que a EAD aproxima distancias antes vista como barreira a globalização do conhecimento o MEC brasileiro dispõe noartigo 4º, da Resolução CES/CNE 01, que “os diplomas de conclusão de cursos de pós-graduação stricto sensu obtidos de instituições de ensino superior estrangeiras, para terem validade nacional, devem ser reconhecidos e registrados por universidades brasileiras que possuam cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior ou em área afim.
Os cursos de pós-graduação stricto sensu oferecidos no Brasil por instituições estrangeiras, diretamente ou mediante convênio com instituições nacionais,
deverão imediatamente cessar o processo de admissão de novos alunos. (Resolução CES/CNE nº 2, de 3 de abril de 2001)
1.4 A terminologia da EAD
O primeiro aspecto diz respeito à inovação. A inovação tecnológica é uma quebra de normas estabelecidas A rigor essa norma é quebrada pela importância que o ator deposita na inovação tecnológica como meio de atingir maiores ganhos em seu empreendimento.
As inovações geram fenômenos dinâmicos na educação, tanto nos seus aspectos macro quanto microcósmico. Portanto, uma nova onda de inovações gera uma onda de investimentos em tecnologia que ocorrem ao longo do tempo. Também é verdade que esse comportamento dos investimentos tecnológicos não é linear, mas sim oscilante, embora haja uma tendência de crescimento no longo prazo.
Através dos investimentos nesta nova tecnologia, inicia-se um conjunto de movimentos que são caracterizados como o efeito multiplicador (keynesiano). Sendo assim, o investimento gera demanda para outros setores.
São destacados os seguintes pontos sobre a inovação tecnológica segundo Kiperstok (2003):
a) as grandes inovações, que redefinem o paradigma tecnológico, são responsáveis por uma onda de investimentos facilitados pela prosperidade da economia;
b) esse período transforma toda a realidade econômica e social, aumenta o nível de renda e gera acumulação de riqueza (inclusive educacional);
c) as inovações aumentam o potencial de crescimento ao longo do tempo;
d) a difusão, sem novas grandes inovações, tende a reduzir os lucros extraordinários, reduzindo o dinamismo;
e) as empresas estão permanentemente buscando inovações, caracterizando o processo de concorrência como um processo de disputa em torno de inovações;
f) nesse processo as empresas dependem do ambiente econômico, do caminho do paradigma vigente e do setor de atividade industrial. As empresas se defrontam com restrições e condicionantes externos ao longo do processo de busca permanente de inovações;
g) as empresas também se defrontam com determinantes internos, como a sua trajetória tecnológica e a estratégia da empresa;
h) a trajetória da empresa define um conjunto de capacitações que tipificam cada empresa, determinando as possibilidades quanto ao futuro;
i) as estratégias empresariais podem tentar alterar a trajetória da empresa, assim como o ambiente externo pode induzir e estimular a busca por inovações.
Para Arnold (1989), a inovação no fundo justifica as decisões de investir quebrando a fase de incertezas e lançando-se com nova perspectiva.
A contribuição schumpeteriana está associada à ideia de que a empresa inovadora é que se apropria desses ganhos extraordinários. Com isto, ela abre um caminho que pode ser seguido por outros competidores. A empresa que inova mostra que é possível a diferenciação e que isto aumenta o seu potencial de acumulação. (LITTO; FORMIGA, 2009)
A empresa inovadora, com maiores recursos advindos dos ganhos das inovações, passa a deter maior fôlego financeiro para a viabilização de outros projetos de P&D (pesquisa e desenvolvimento), podendo se lançar até em estratégias mais ousadas, mais ofensivas, na realização de atividades tecnológicas.
Schumpeter (1982) procurou demonstrar e divulgar as suas ideias de que a inovação não é apenas um passo além do desenvolvimento tecnológico, da criação de capacidades técnicas ou da aplicação de conhecimentos científicos. A inovação está em outro plano e exige outros requisitos. A invenção está para a curiosidade e a engenhosidade como a inovação está para a determinação e o pragmatismo.
A globalização torna-se importante na definição da terminologia EAD, pois é o conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial, que vem acontecendo nas últimas décadas. O ponto central da mudança é a integração dos mercados numa aldeia global, explorada pelas grandes corporações internacionais.
A influência da internet e da integração entre os povos faz com que uma língua torne-se mais utilizada, neste caso, o inglês. Não pode ser confundido como uma alienação à presença dos Estados Unidos no mundo, mas sim uma forma inteligente de unir as culturas em torno de um único idioma.
Os novos ambientes formados a partir destas combinações propiciam uma aprendizagem cooperativa e disseminativa, com um custo cada vez mais reduzido e com uma perspectiva universalista.
Impera nesta nova fase a flexibilidade com plena interatividade onde cada educando busca aperfeiçoar-se dentro de seu espaço social.
1.5 As teorias pedagógicas fundamentais em EAD
Existe no seio de cada teoria educacional uma concepção a respeito do que define o papel que o professor deve desempenhar para que ocorra o processo de aprendizagem do aluno. Segundo a abordagem de Greeno, Collins e Resnick (1996) citados por Filatro (2008, pp.96-98), o processo de ensino e aprendizagem pode adquirir distintos significados de acordo com o paradigma teórico predominante, sendo assim, um modo possível de categorizar as teorias pedagógicas é organizá-las sob três grandes perspectivas. Essas três perspectivas são a perspectiva associacionista, a cognitiva e a situada (GUEDES; MEHLECKE; COSTA, 2009)
Sobre a perspectiva associacionista percebe-se a ênfase nas mudanças mesuráveis do comportamento decorrente de estímulos e respostas externos. Primeiro com Thorndike que conduziu as primeiras pesquisas acerca da aprendizagem, nos anos de 1890. Nas décadas seguintes deu forma a teoria conexionista na qual a aprendizagem equivale a concretização de