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PE
189
IASQY
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
AGRANULQCITÚSE PDR DRUGAS - 12 CASOS
FLQRIANÓPOLIS _ sc
Setembro - 1985
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE
AGRANULOCITOSE PUB DROGAS - 12 CASDS
Autores: Mary Anne G. Freitas Taves
Oriana Viveros de Moraes*
* Alunas da 10ë fase do Curso de Medicina da
UFSC.
Orientador: Dr. Marco Antonio da Silva Rotolo
Prof. os oaooiro do clínica Médi-
ca da UFSC.
Hematologista do Centro de Pesqui
sas onoológioss (cEPoN _ HGCR)
AGRADECIMENTOS:
Drë. Yara Santos Medeiros
Marcelo Viveros de Moraes
Funcionários da biblioteca da Medicina
I II III IV V VI VII VIII ÍNDICE - Resumo . . . . ... . . . . . ... . . . . ... . . . . . .... - Introdução . . . . . . . ... . . . . ... . . . . ... . . . . . ...
- Casuistica, material e mëtodos... . . . . ..
- Resultados... . . . . . ... . . . . . . . ... . . . . . ....
- Discussão . . . . . . . . . ... . . . . ..
- Conclusoes.... . . . . ... . . . . ... . . . . ...
Modelo para protocolo de agranulocitose . . . . . ..
- Summary . . . . . ... . . . . ... . . . . .. - Referências bibliográficas . . . . . .... . . . . . . ... O4 O5 O7 O9 20 29 30 33 34
I - R E S U
M
OEste É um trabalho retrospectivo onde analisamos 12
casos de agranulocitose por drogas ocorridos no Hospital Go -
vernador Celso Ramos no periodo de fevereiro de 1972 a julho
de 1985 e no Hospital de Caridade de Florianopolis de março
de 1971 a julho de 1985.
Através dessa analise observamos que o quadro se ma-
nifestou principalmente por sinais de infecção, freqüentemen-
te severa, cuja principal complicação foi o choque séptico e óbito.
Constatamos uma maior ocorrência em mulheres e na fši
xa etária superior aos 30 anos.
Os principais agentes causadores foram drogas de uso
terapêutico e, entre elas, os analgésicos e antiinflamato -
rios, freqüentemente utilizados sem orientação médica pela pg ~
pulaçao.
No tratamento dos pacientes e importante a retira -
da da droga suspeita e a instituição de antibioticoterapia de
largo espectro para controle do quadro infeccioso associado. ~
Apresentamos no final deste trabalho sugestao de pro
tocolo para um melhor acompanhamento do paciente e registros
II-Inwnonuçíto
Agranulocitose ê uma alteração no sistema hematopoe-
tico caracterizada pela diminuição seletiva do numero de neu-
z 1
trofilos circulantes a cifras inferiores a 500/mma ( )
ain -
12, da que alguns autores considerem valores abaixo de 200finm (
13)
12 .
Historicamente, conforme wintrobe ( ),
a agranuloci
tose foi descrita como entidade clinica por Werner Schultz ,
em 1922 (6 casos), caracterizando-a como uma síndrome clínica ~
com inicio súbito de faringite, febre, grande prostraçao, ne
crose de mucosas, sepsis e morte em poucos dias e se acompa -
nhava de ausência quase completa de neutrófilos no sangue pe-
(13) . 1
riferico . No entanto, nem sempre se observa infecçao nos
pacientes com agranulocitose e na prática esse termo se empre
ga para descrever uma intensa neutropenia (< 500/mma) associa
~ ~ 1
da ou nao a infecçao ( 3).
Alguns anos apos o trabalho de Schultz, Kracke U932)
descreveu a ocorrência da sindrome apos o uso de derivados do
alcatrão ( 5).
Em 1934, Madison e Squier relataram que o qua-
dro poderia ser causado pela amidopirina.
Mais adiante, em 1938, Fitz-Hugh listaram 14 drogas
r ~
como responsaveis pelo quadro de agranulocitose e desde entao
o numero aumenta constantemente, sendo que quase 90% de todos
ø I ~ A
os episodios foram atribuídos ao uso de drogas terapeuti -
(11)
cas .
'
Entre as citopenias causadas por drogas encontra -
mos em ordem decrescente de freqüência trombocitopenia, agra-
»
`
12
nulocitose e anemia aplastica ( ).
Como não se pode prever uma discrasia sangüínea efe-
tivamente ate que ela ocorra, nem banir certas drogas do arse
nal terapêutico quando seu uso for indispensável ao tratamen-
O6
~
o assunto, de modo que sua ocorrência nao nos pegue desprevi-
nidos (6).
Pelo emprego crescente e as vezes abusivo de drogas
potencialmente capazes de provocar agranulocitose, com finali
dade terapêutica ou mesmo por automedicação, o presente estu-
do tem como objetivo enfatizar a importância do conhecimento
dessa entidade clínica bem como de seu correto diagnostico na
pratica medica diaria. Para tanto, apresentamos sugestão de
protocolo padronizado de abordagem do paciente e conduta apos
III _
câsuisncâ,
1m~:rERU.1. E mãronosEste ê um trabalho retrospectivo de 14 anos e para
sua execução foram utilizados prontuários do Hospital Governa
dor Celso Ramos (HGCR) nos periodos de fevereiro de 1972 a ja
neiro de 1981 e outubro de 1981 a julho de 1985, e prontua -
rios do Hospital de Caridade (HC) no periodo compreendido en-
tre março de 1971 e julho de 1985. Foram registrados 43 casos
de agranulocitose no referido periodo dos quais selecionou-se
1
r ~
12 que preencheram os criterios adotados para inclusao neste
trabalho.
Excluimos de nossa casuistica: neutropenias previzi-
veis observadas em terapia com drogas antineoplasicas ; alte- rações hematologicas induzidas por drogas onde outras linha - gens celulares foram atingidas, como por exemplo, anemia a - plástica; neutropenia ciclica, neutropenia cronica e prontuá- rios com ausëncia de um numero minimo de dados necessarios a
avaliação (1 caso).
Os criterios diagnósticos utilizados foram: a conta-
gem de neutrófilos em numero inferior a 500/mma no sangue pe
rifërico; a historia de exposição ou reexposição recente ou
freqüente a drogas, mesmo que não tenham sido especificadas.
Nos casos onde foi realizado o aspirado de medula Óssea, os
resultados obtidos, desde que devidamente descritos,serviram
para complementar o diagnostico.
.
Considerou-se como neutropenia a contagem de neutré
filos no sangue periférico variando entre 500/mma a JUSOOAHÊ
sendo os valores acima de 1.500/mma considerados como indica
thxm de recuperação do sangue periférico.
Os seguintes parâmetros foram analisados em cada pa-
ciente: idade, sexo, tipo de droga envolvida e sua respectiva dosagem, tempo de uso, intervalo entre o uso da droga e o apa
O '33
da manifestação clinica e o diagnostico da agranulocitose, ma
nifestações clinicas mais freqüentemente observadas, contagem
de neutrófilos no sangue periférico por ocasião do
diagnosti-~
co e na alta hospitalar, realizaçao de mielograma, hemocultu-
ras e outros exames relacionados, terapêutica instituída, tem
po de recuperação do sangue periférico para valores acima de
500 neutrófilos/mma e 1.500 neutrófilos/mma, periodo de perma
~
nëncia hospitalar e condiçao de alta.
Os pacientes que apresentaram um quadro de angina.can
lesões u1cero~necroticas em mucosa de orofaringe desencadeada
~ z z
- I
pela diminuiçao do numero de neutrofilos circulantes, foram
IV - R E S U L T A D O S
Os dados obtidos foram apresentados em tabelas e fi-
guras com freqüência absoluta e percentual e para os mesmos
5
dotou-se o titulo simplificado uma vez que todos os dados re-
ferem-se a população estudada.
Nos 12 pacientes diagnosticados como portadores de
Ê
granulocitose por drogas aqui analisados, 10 casos (83,3%) e-
ram do sexo feminino e 2 casos (16,6%) do sexo masculino.
A faixa etária variou de 6 a 65 anos de idade . com
predomínio acima dos 30 anos de idade (66,6%), sendo que ape-
nas 1 caso (8,3%) na infancia.
Obteve~se historia de exposição previa a drogas nos
12 pacientes. Entretanto, em apenas 9 destes pacientes foi
possivel estabelecer a provavel droga desencadeante do qua -
dro, e em 3 pacientes isto não foi possivel.
As prováveis drogas relacionadas como agentes desen-
cadeantes foram: analgésicos e antiinflamatórios em 5 casos
(41,6%), antitireoideanos em 2 casos (l6,õ%), tuberculostati-
cos em 1 caso (8,3%), associaçao de analgésico e antibióticos
10
FIGURA 1: PROVÂVEIS DROGAS RELACIONADAS COM O QUADRO DE AGRA-
NULOCITOSE. * de casos Dipiro- Pão especi na+ uro ficad 5 _ ,____ O 4 ` ›. O 3 - ___.. OI v-Ào ø-4 icos etümmol 2 -o Derivados pirazolon Pnxfil timflxmil 1 - t ' Asaxúa- Tumflpulos
Analgesicos Indeter Antiti-
antiinflama minado reoidig ção táticos**
torios nos
* Arquivo do HGCR e Hc - Florianópolis.
** No caso relacionado ao uso de tuberculostaticos (es
quema tríplice), as drogas não estavam especifica -
das
Em 9 pacientes (75%) não se obteve nos prontuariosrg
ferencias as doses utilizadas e em 3 pacientes (25%) não foi
_WfiHoQwCñHhoHb I O: Q mou: OU O>H5UH` * O_OOH NH À E BH OH N N NH OUHOQSCOOWQU oom mm OO wm OUfiO®£COOm®U OUHOQECOUWQU WEOOO_® WEOVN
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H
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NWOHHOOÀDZ<mU< :OU wMBZ@HO<& *_OWD HO OQSMH M WOÀMQ m<Q<NHJHHD m<UOmD m<Q O<U<JmmM
ggmmšã1?
O intervalo decorrido entre o inicio do uso da dro-
ga e inicio da sintomatologia variou de 3 a 270 días, sendo
que em 3 pacientes não foi possivel estabelecer este periodo
por falta de dados nos prontuários (FIGURA 2).
FIGURA 2: INTERVALO ENTRE INÍCIO DO USO DA DROGA E A MANIFEÊ
TAÇÃO DE AGRANULOCITOSE REFERIDO PELO PACIENTE.*
(dias) 300_ 200- Tempo co iltiouracil os 100 3 S _
a
Tuberculostati Petinazol Prop Analgesicos e antiinflamatorí ¡-‹ 10_ _____ _____* Arquivo do HGCH e'Hc - Florianópolis.
Analise do periodo de tempo decorrido entre o ini -
cio da manifestaçao clinica de agranulocitose e seu diagnosti
co (TABELA 2). Em 8 casos (66,6%) observou-se que o mesmo va-
riou de l a 30 dias. Em 4 casos (33,3%) não foi possivel esta
belecer este parametro por ausencia de dados conclusivos na
] 5
TABELA 2: INTERVALO ENTRE O INÍCIO DAS HANIFESTAÇÕES CLÍNI-
CAS E O DIAGNÓSTICO DE AGRANULOCITOSE.*
D R O G A S TEMPO EM DIAS Analgêsicos e Antiinflamatorios Derivados pirazolônicos 1 3 6 ~ Nao especificado 9 Antitireoidianos Propiltiouracil 7 Metimazol 12 Tuberculostaticos 30
Associação (derivado pirazolonico + antibio- 1
ticos)
* Arquivo do HGCR e Hc _ Fiørianópolis.
As manifestações clinicas mais frequentemente obser-
TABELA 3: SINAIS E SINTOMAS OBSERVADOS NOS CASOS DE AGRANULQ
CITOSE POR DROGAS.*
~ r
APRESENTAÇAO CLINICA N9 DE CASOS %
Febre com calafrios 12
Angina agranulocitica 8 Adenomegalia regional 5 Esplenomegalia 3 Hepatomegalia 2 Choque septico 2 Abscesso periamigdaliano 2 Abscesso cutâneo 2 Dor abdominal 2 Pneumonia 2 Diarréia 1 ~
Coagulaçao intravascular dissemina-
da (CID)** 1 1oo,o õõ,ô 41;õ 25,0 16,6 16,6 II H II II 8,3 Iu * Arquivo do HGCR e HC - Florianopolis. ** óbito.
A contagem de neutrófilos no sangue periférico abai-
xo de 500/mma foi o criterio diagnostico utilizado para carac
terizar a presença de agranulocitose assim como a elevaçao a-
cima deste nivel demonstrou a gradativa recuperaçao até atin-
Neutrofilos
(1)
'U
Contagem
FIGURA 3: CONTAGEM DE NEUTROFILOS (CN) NO SANGUE PERIFÉHICO
15OO 1000
POR OCASIAO ~ DO DIAGNOSTICO r E ALTA HOQPITALAR NOS C
12 CASOS DE AGRANULOCITOSE POR DROGAS.*
__ E.. ;___i
-
CN Diagnosizico 100005' |:_| Alta -- “ii.í
_ .«._í. 'J 3-E
500__________ _ __
_ _ _ _ _ _ _____________
___ lOO lO T.-E Á- rw 1' Í \ "\- ' . X ~{ U ¡:.* I T' _ __- Y..~. _ ~›-.f' _ , - _... * Arquivo do HGCR e HC - Florianópolis. ** óbito ‹ ` _ .;.` _ )_~ í. " ,- ::_'_'_'‹¿_: 1 Q' < 1353... : r ' ,f*Í'_: Q _ I '_-~.' ,N I x Ê .¬.- “ ..^' ~~. “f !.:'.-ii _.: .___ L, vz-~¬ f I ' êf , f -1, _. :_ ~;.¿ gvä 's '¬“ E ‹ ' fflä '-P -'¬ «_-. ‹ _-_. :-"_.›. V A __, Í- - . ZH: ~;úzzz =zf: >;_'-_' fâz' .¬¬ xau '-`;_f ¡ ' .¡¡.¿ _ _ fg,-H ^›_"°{-¡~ ' }` _':..f" '×'~ ' z *f É *.Í~ ‹¿._¡v \. _ 1 , ' z .-I V _ L' ";¿,_ ‹_ 1 ._ Jíz; E ' 3- " __ -_-"ͬ_\É .1‹; ,#.f. 'ê s1‹= :'_' "'z_¡_'\ ' ¡'_,'“:_Í 7-=*;`i ." ` - Hz À 1.- J' '- ; .‹i^'-1 _' z› _~'¬ _ z '-.-' 3-_:.~¡z ,\'~ _ _ ¡.« fà' _ _ . _ . __ ›_;.* _ ei- “__ _.L: âwu zt:' - -› '1 _Tw »m~- '»'w z; ~ _ :f-zz ~‹z~_.-Q “~ f*»; ,_ jJs¿ ‹: .~z¡ _ _,zr 1 Ç ' :- Ã. '\`›¿ :' ._-‹. “H "-'2' __ @ââ -_» f H- _ ¡ : ¡¿›¡ ‹' :'. ~ _ . _ E-.E
`7".:' I' iatf. ' É : __ _ ___ _ _ N9 de 'l=‹:.j_ , j_:_ ,'_lÍ iz 14' ‹ =¡~ 1.: * ›‹› -_ \ ¡ - _ . . «, z›- .âr« ¬._›. az ¢~\ .“à~ -:Í ^ 1 _. _ \ L. ‹'. ~ -"I'z".›¿ :‹ 5, ._›* ›«.^› ×.~¬¡'.:- _ "~ _,-_| 5 '_ g ~ _ «Pv É_ ._! '_ _* ' ` -.¿,z.‹; '~ ' , n .__ . z 5"'.'= Í ¬ |~`Í _- _ , 1 _-:___.¿_ -= .^¬z-*_ * É _ _ -- ..- ~..._. ¡¿ _ _ _- vaz “aê z. _ ,:› ..¿ :fià v.,..-~ ';"-` ^ ~^- " ` _._-`.¡ ›. A1 '= ' ,Í _¬¿z ~_-_; ^- ;¿;z= _ 5 .Q -; ;¿ _¿f; .'^' ..:~ "‹ À - '\, ~¿M. ¿ 1 ,‹_-^.‹ ,r.' - `*¬f " *__ _ \7_' É .- r.-`.' _ É”. z_f'zÍ *›-'.' `; 12'.: 'fã ›‹ Of \ÍE'Í . ' - E ?*.¬ÍZ\L .'| ' :bl _'-45': _.._'-_ .V _ \ 'z_- _,=.;‹. ¡¡ -`_›`;›",__ ' -' ‹;; *:-':**- ~fi«1 0» ‹»+ e .z..¬ . _ . ~ 17 ó- 2 I ..._-..¡ \.* - ›z- __ '-1 --. ¡ ~.7~_ 14 «â~ wr ' !‹~ J' '~“' ~' JI". *l. ›:~ - I * ¡ z _ ,.‹ -,ff -- :~~ .ez CaSOS ›-: -.Ê-~ \ 1- '×; _ ° I ` __ _V_1___ = \ r _ _.. ._‹ 'z z:»›. ,...f 1 ¬f' , _¿.-..› .-= ~:2T.= -z`› :É '›~_- :é . _..- .___ » ~ 1 4 \; .¬ Y.. 7". , 1 . › ._ *x , -_ '_› _* 7.... _,_ .i ..1_:{\ -.. e I'fr -_- .\( ' /__Mä
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~ I r
C .ff
Em relaçao ao numero dc neutrofiloo no sangue perl
É
rico, constatou-se que 0 tempo decorrido entre o diagnosti -
“
1 't -
co laboratorial e a recuperaçao do quadro de agranu oci o
se foi em media de 8 dias, variando de 1 a 14 dias. Para a e-
levação acima de 1.500 neutrófilos no sangue periférico, indi
cando melhora da granulocitopenía o tempo medio foi de 12
dias, variando de 3 a 29 dias (TABELA 4).
TABELA 4: CONTAGEM DE NEUTRÔFILOS NO SANGUE PERIFERICO POR
OCASIÃO DO DIAGNOSTICO E ALTA HOSPITALAR E TEMPODE
ELEVAÇÃO DA CONTAGEM DE NEUTROFILOS A PARTIR DO
DIAGNOSTICO DE AGRANULOCITOSE.*
Contagem neutrófilos no
sangue periférico/mma
Diagnóstico Alta
Tempo de recuperação do
sangue periférico em dias
500/mm3 1.500/mma O 12 14 128 153 156 16O 286 304 388 490 496 456 7.154 3.032 1.350 2.530 ób1to 4.352 2.944 2.970 1.404 4.644 370 9 29 12 15 11 12 1 3 4 7 14 15 - õ 3 5 6 _ - 20 12 _ * Arquivo do HGCR e Hc - Florianópolis.
17
Em apenas 5 casos (41,6%) foram realizados mielogra-
mas, que foram citados na fonte como compativeis com agranulg
citose. Em 4 casos (33,3%) realizou-se hemoculturas que foram
negativas, e em 3 casos (25%) foram realizadas outras cultu -
ras com resultados inconclusivos.
A conduta adotada nos pacientes apos o diagnosti -
co não foi a mesma para todos. Consíderou-se retirada da dro-
ga também nos casos onde a mesma foi indeterminada porque a-
pos o diagnostico, no ambiente hospitalar, o paciente este -
ve afastado da possivel causa (TABELA 5).
TABELA 5: ESQUEMAS TERAPÊUTICOS UTILIZADOS NOS 12 CASOS DE
A
GRANULOCITOSE POR DROGAS.*
C O N D U T A N9 %
~
Retirada da droga com recuperaçao
espontânea l 8,3
Retirada da droga + antibioticote-
rapia 8 66,6
Retirada da droga + antibioticote-
rapia + traufiusãa de leucócitos ** 1 8,3
Retirada da droga + antibioticote-
rapia + estimulantes da medula Ós-
sea *** ~
2 16,6
T O T A L 12 lO0,0
, * Arquivo do 1-Isca e Hc - Fiørizmópoiis
** óbito
*** As drogas consideradas estimulantes da medula Óssea utili
18
Em onze pacientes a terapêutica antimicrobiana cons-
tou da associação de duas ou mais drogas de espectro variado,
sendo que a partir de 1980, observou-se o uso associado de pe
nicilina, cefalosporinas e aminoglicosideos, em todos os pa -
cientes (TABELA 6). _
TABELA 6: ANTIMICROBIANOS UTILIZADOS NA TERAPÊUTICA DO QUA -
DRO INFECCIOSO DOS CASOS DE AGRANULOCITOSE.*
PERÍODO N9 DE CASOS ANTIMICROBIANOS `
1971-1979 3 Penicilinas Ampicilina Carbenicilina Penicilina cristalina ' Oxacilina Aminoglicosidios Gentamicina Nistatina 1980-1985 8 Penicilinas Carbenicilina Oxacilina Aminoglicosideos Amicacina Gentamicina Cefalosporinas Cefalotina Cefazolina Sulfametoxazol trimetoprim Anfotericina B * Arquivo do HGCR e HC - Florianopolis
1;
O tempo de permanência hospitalar variou de 6 a 30
dias sendo a media de 16 dias.
Na evolução, onze pacientes (9l,6%) obtiveram alta
hospitalar em bom estado geral e apenas 1 paciente (8,3%) evg
hfiü
para Óbito durante o quadro de agranulocitose por compli-V - D I S C U S S
A
OEntre as citopenias causadas por drogas encontra -
mos em ordem decrescente de freqüência a trombocitopenia, a -
. 3 _ .
granulocitose, e anemia aplastica ( ). No entanto, informa -
~ ^ ~ P
çoes sobre a incidencia real da agranulocitose sao dificeis '
de obter principalmente por relatos inadequados nos prontua -
rios dos doentes e também porque os casos que não se associam
~ ~
com infecçoes nao chegam ao hospital e, portanto, podem pas -
13 -
sar despercebidos ( ).
A sua importancia reside no fato de
que apesar de ter um caráter benigno em alguns casos e, uma
vez retirada a droga desencadeante mostre ter curso autolimi-
tado, a mortalidade ainda ê elevada, principalmente devido a
~ z 3 4
infecçoes fulminantes, atingindo cifras de ate 20% ( ' ).
Os mecanismos patologicos envolvidos na gênese da a-
granulocitose por drogas, podem ser resumidos em: destruição'
ø ø ~ _..
periferica de granulocitos maduros e inibiçao da produçao dos
mesmos na medula Óssea (3'6).
Na analise dos 12 casos de agranulocitose por drogas
observamos maior incidência dessa entidade em adultos com pre
dominio do sexo feminino sobre o masculino na relação de 5
mulheres: 1 homem, com predominância na faixa etaria acima
dos 30 anos. Essa maior incidencia em mulheres, e, em ambos
os sexos, crescente com a idade foi descrita também nos trabâ
lhos de Plum (1937), Pisciotta (1973) e Böttinger, Furhoff e
Holmberg (1979) (13). A
Nos pacientes estudados em apenas 3 casos (25%) foi
possivel a obtenção de dados sobre dosagem e tempo de uso das
drogas incriminadas, sendo que em um dos casos (8,3%), o pa -
ciente desenvolveu agranulocitose durante uma internação hos-
pitalar por outra causa e por isso havia dados nesse sentido.
Vale ressaltar que a ausencia desses dados, ë um ponto que
dificulta a avaliação da relação droga-entidade clinica, pois
uma anamnese cuidadosa com questionamento nesse sentido, fre
Win-21
trobe.
Inicialmente, os casos descritos de agranulocitose '
relacionavam-se a derivados do alcatrão e aminopirina e com a
restrição de seu uso, atualmente, as drogas mais envolvidas '
~
sao os anti-reumaticos, antitireoidianos, tranqüilizantes e
sulfonamidas (3'4).
Em nossa casuitica, 5 pacientes (41,6%) tiveram seu
quadro relacionado ao uso de analgésicos e antiinflamatórios,
dos quais, 3 casos (25%) relacionavam-se com derivados pirazo
A ~ I
lonicos. Em todos eles, nao foi possivel determinar a dose '
nem otempo de uso em dias, por ausência de dados relativos '
nos prontuários ou por questionamento inadequado ou por falta
f ~
de conhecimento por parte do proprio paciente. A relaçao en -
tre a ocorrência de agranulocitose e o uso de analgésicos e
antiinflamatórios, principalmente derivados pirazolônicos ,
. 4 11
tem sido objeto de estudo por parte de varios autores ( ' ).
~
Em 1976, foi realizado no Brasil, sob a coordenaçao do Dr.
Lauro Sollero, um relatorio no qual tentou-se demonstrar a
incidência de agranulocitose por dipirona no Brasil, contando
~
com a colaboraçao de varios serviços de hematologia nacio -
nais. Este trabalho indica que a incidencia de agranulocitose
induzida por dipirona no Brasil seja de 0,0002%. No entanto ,
cn I 2
tal informaçao e refutada por Fuchs em outro trabalho ( ).
Se
nz
gundo este autor sao expostos os seguintes pontos: o mecanis-
mo de agranulocitose produzido pela dipirona ocorreria pela
destruição de granulocitos maduros no sangue periférico, 00m
~ ~
duraçao de 24 a 48 horas. Como na maioria dos casos nao se
faz hemograma na fase inicial da doença, o quadro teria sua e
~ ø ~
voluçao para cura ou obito por complicaçoes infecciosas, sem
acompanhamento. Em outros casos, porem, o paciente procura o
medico alguns dias apos o inicio do quadro e laboratorialmen-
te pode apresentar uma leucopenia que pode ser atribuida ape
› . (2)
nas ao quadro septico .
Verificou-se a relaçao de antitireoidianos e agranu-
estabele-FJ PJ
cer a dosagem e tempo de uso por tratar-se de drogas dc uso
crônico e sob orientação medica, ao contrario dos analgesicos
e antiinflamatórios que são usados aleatoriamente pela popula
ção em geral.
Ahn e Yunis (1973) observaram que a incidência de a-
granulocitose para o propiltiouracil e metimazol variavam res
pectivamente de 0,44 a 1,9% e de 0,12 a 2% bem como as doses'
utilizadas variaram de 100 a 300mg para propiltiouracil e 10
a 30mg para o metimazol. Estes mesmos autores observaram que
o tempo médio de aparecimento da agranulocitose foi de 3_a 8' semanas, com casos extremos aos 10 dias e 5 meses apos a dose
inicial (3'6). Nos casos estudados uma paciente usou propil -
tiouracil na dose de 300mg/dia e o quadro desencadeou~se apos
8 semanas de uso, e a outra paciente fez uso de metimazol na
dose de 60mg/dia durante 39 dias, o que concorda com o descri
to acima. `
São descritos na literatura casos de agranulocito -
se relacionados ao uso de acido paraaminosalicilico, isoniazi
da, tioacetazona e tribione (3).Coletamos 1 caso (8,3%) rela-
cionado ao uso de tuberculostaticos, em cujo prontuário encon
tramos relato de que o paciente fazia uso de esquema tripli -
ce para tuberculose, iniciado 10 meses antes do quadro, sem '
no entanto especificar as drogas nem as respectivas dosagens.
Em 3 Cê~SOS (25%) a provavel droga desencadeante não foi
determinada, o que dificulta o tratamento e prevenção a expo~
siçoes posteriores.
YGIQW2 Vincent (13) propõem uma classificação para o
provavel mecanismo fisiopatologico da agranulocitose, que ci-
tamos abaixo.
1 - Diferença na farmacocinetica da droga, dctermi -
nando niveis toxicos da mesma ou de seus metabolitos na medu-
la Óssea.
2 - Sensibilidade anormal dos precurssores mieloi -
des, incluindo o stem cell, a concentrações normais das dro - gas.
N 23
3 - Efeitos adversos devidos a resposta imune apos '
administração da droga que pode ser por:
a- Imunossupressão da granulopoiese.
~
b - Destruiçao imune de granulôcitos maduros.
c - Casos associados com a formação de autoanti-
corpos.
Estes mecanismos atuariam basicamente a nivel de me-
dula Óssea e/ou sangue periférico e os exemplos mais conheci-
dos säo a aminopirina, que atraves de mecanismo imunologico '
promove a destruição dos neutrófilos maduros no sangue'peri
r ~
ferico, e a clorpromazina, determinando inibiçao da produ -
~ z (8)
çao dos mesmos a nivel medular .
~
Com relaçao ao inicio do uso da droga e o inicio da
sintomatologia, notou-se que para o caso relacionado ao uso
de tuberculostaticos, o intervalo foi o mais longo, correspon
dendo a 270 dias, e a clinica teve um curso insidioso. A se-
guir vieram os antitireoidíanos com um periodo variavel de 27
a 60 dias, mas, a despeito desse periodo relativamente longo,
o quadro clinico apresentou-se de uma forma mais abrupta, as-
\ ~ r
semelhando-se a apresentaçao clinica dos pacientes que utili-
zaram pirazolõnicos. Nesses ultimos, o intervalo de tempo es-
teve sempre abaixo de 14 dias e em todos, o inicio dos sinto- mas foi subito. Embora sugestivos, esses dados não são sufici
~
entes para que se faça uma afirmaçao sobre o mecanismo fisio-
patologico envolvido s já que para _tanto seriam necessarios es
_
tudos clínicos e laboratoriais mais aprofundados como mielo -
gramas seqüenciais, dosagem de leucoaglutininas e outros.
Nos casos em que a agranulocitose deve-se a aumenta-
da destruição periférica de granulocitos maduros, a clinica É
r 0 _.
geralmente subita com rapida instalaçao segundo alguns auto -
r ~
res entre 7 a 14 dias apos a primeira exposiçao a droga ou i-
, ~ 2 13 .
mediatamente (24 a 48 horas) apos a reexposiçao ( '3' ).
Ja
~ I
nos casos onde ocorre inibiçao da medula ossea, o inicio da
z z » 10
clinica e mais insidioso (3' '). Citando Graham Young um pe -
1 ~
riodo de pelo menos 2 a 15 semanas de exposiçao para pacien -
24
Nos derivados pirazolõnicos, mais especificamente a
dipirona, sabe-se que a agranulocitose se deve principalmente
~ z 2
a destruiçao periferica ( '3'4).
Para os antitireoideanos o
mecanismo nao esta bem elucidado embora alguns aceitem como
. › _ 13) . .
sendo imunologico (
. O mecanismo de agranulocitose por
tu-~
berculostaticos; segundo a literatura pesquisada, nao esta '
bem estabelecido. No nosso trabalho , somente nos casos rela-
cionados a derivados pirazolônicos, e que se poderia sugerir'
que o mecanismo envolvido foi principalmente o de destrui -
ção periférica de neutrófilos maduros, pela concordância dos
dados encontrados com a literatura (3'4'6'1O).
O quadro clinico observado nos pacientes correspon -
deu aquele classicamente descrito pela literatura (1'3'1O'l2)
que pode ser dividido em sintomas constitucionais como: febre
calafrios, náuseas, vômitos, cefaléia, dores musculares e ar-
ticulares; e sintomas de infecção, principalmente em regiões'
Í ~
normalmente colonizadas por bacterias. Com a diminuiçao dos
f . . _ 12
neutrofilos estas se proliferam com extrema rapidez (
%prhr
cipalmente em cavidade oral, faringe, pele e menos freqüente-
mente anus). Observa-se a principio faringite que pode evo -
luir para ulcerações necroticas cobertas por membrana amarela
da, cinza ou verde enegrecida, infecções cutâneas e perianais
e adenomegalia regional. O quadro infeccioso pode regredir ou
. . . ~ . . z . (6
evoluir para sepsis e suas complicaçoes, inclusive obito ).
_ Devido a propensão que sofrem esses pacientes porta-
~ ~ 1
I
dores de agranulocitose a ter infecçoes, a evoluçao clinica
dependerá muito do controle desta ultima. Isso implica que o
diagnostico precoce e fundamental para diminuir tanto a morbi
dade quanto a mortalidade nesses casos. Como os sintomas ini-
ciais da doença podem assemelhar-se aqueles ocorridos em ou -
tras patologias, É necessario que o medico esteja alerta para
uma historia previa sugestiva, de modo que o diagnostico pos-
sa ser feito antes que instale-se uma septicemia (12). Fazer
r ~ `
~ ø 1
o diagnostico antes que a infecçao instale-se nao e facil ,
pois raramente o paciente procura o medico por apresentar a-
I'\) (fl
~
hemograma rotineiramente por esse tipo de queixa, a nao ser
que haja forte suspeita nesse sentido. Dos 12 casos estuda -
dos, todos apresentaram bacteremia, dos quais 2 evoluíram pa-
ra choque sëptico, sendo que 1 caso apresentou como complica-
ção coagulação intra-vascular disseminada e evohfiu para Óbito.
~
O quadroimmauflàçco apresenta diminuiçao intensa do
numero de neutrófilos que podem mesmo estar completamente au-
sentes no sangue periférico (3'13), o que foi observado em um
nos pacientes da serie por nos estudada e que segundo wintrg
be pode ocorrer em torno de 1 a 2% dos casos. A contagem_ de
eritrócitos e plaquetas pode estar normal ou ligeiramente
di-~
minuida por provavel inibiçao transitória da medula Óssea, o
que e freqüentemente observado em pacientes com agranulocito-
se relacionada ao uso de clorpromazina (7'13). Graham Young
cita também a possibilidade de ocorrência em alguns casos de
linfopenia, bem como em outros, eosinofilia relacionada ao u-
so de sais de ouro. Em geral os pacientes tem o restabeleci -
mento do quadro hematologico em torno de 2 a 13 dias com
me-~
dia de 7 dias embora ocasionalmente a recuperaçao possa ser
mais demorada sem atingir a normalidade no periodo ja citado,
~
mas com elevaçao do numero de neutrófilos suficiente para a
~ z . 13 .
regressao do quadro clinico ( ).
A partir dos hemogramas rea
lizados constatou-se um tempo médio de 12 dias para se
obser-~
var a elevaçao da contagem de neutrófilos no sangue periferi-
co para valores acima de 1.500/mma, sendo este periodo compa-
I .
tivel com a literatura estudada.
A realização de mielogramas, alem de ser importan -
te para confirmar a hipotese de agranulocitose excluindo ou-
tras causas de neutropenia severa, serve também para demons -
V
r r
trar o aspecto medular. Este ultimo pode variar de hipo ate
hipercelular, com precursores mieloides ausentes, normais ou
mesmo aumentados e formas maduras geralmente diminuidas, devi
do a liberação das mesmas para a periferia e não a um blo -
26
presenta-se hipercelular tem um melhor prognóstico em rela -
ção aos que mostram hipocelularidade (13). Mas com a retirada
da droga, mesmo a medula hipocelular se recupera e o quadro '
começa a entrar em remissão (13). Estas observações enfatizam
a necessidade do acompanhamento laboratorial com hemogramas e
mielogramas seqüenciais, que permitem evidenciar as altera -
ções progressivas do sangue e medula Óssea, o que poderia su-
gerir se houve agressão medicamentosa diretamente na medula
nv
Óssea ou destruiçao periférica de neutrófilos maduros. Apesar
da importância do mielograma , este exame foi realizado em ape xx
nas 5 pacientes, dos 12 em estudo, sendo que em alguns casos
não encontramos descrição adequada nos prontuários quanto a
~ -..
I
celularidade e a epoca de sua realizaçao com relaçao a fase
da doença.
A colheita de material para bacterioscopia e cultura
r '
~
e importante para a identificaçao do agente infeccioso, o que
orienta a antibioticoterapia adequada. Como esses pacientes '
são facilmente acometidos por infecções graves, esta indicada
~ A
a hospitalizaçao e na vigencia de febre torna-se imperativa a
coleta de amostras para hemocultura e inicio de antibioticote
. 1
_
rapia de amplo espectro ( 3).
No entanto, observamos que esse
tipo de conduta nao foi uma rotina nos pacientes estudados.
Apos o diagnostico da agranulocitose, o passo mais
importante ë a retirada da droga suspeita e para tanto o co -
nhecimento das drogas que o paciente utilizou ë imprescindi -
3 12 13 .
vel ( ' ' ). Baseando-se
no fato de que apos a retirada do
agente desencadeador o quadro tende a regredir espontanemaen-
te num periodo aproximado de duas semanas, o proximo passo do
tratamento, que deve ser imediato,consiste na proteção do pa- ciente contra infecções. I `
-
Nesse sentido, É necessario o isolamento do paciente
em ambiente hospitalar. Na presença de febre deve-se realizar
as culturas apropriadas para identificaçao do agente infeccio
Õ
L.
largo €flXwtF0 que, se necessário, sera alterada de acordo com
3 13 .
o resultado das culturas ( ' ). Observa-se
que os germesnzus
freqüentemente encontrados causando infecção em pacientes gra
~
nulocitopënicos sao: Escherichia coli, Pseudomonas aerugino -
sa, Klëbsiella pneumoniae, Stafilococcus aureus, Stafiloancus
'8 9
epidermidis, Corynebacterium sp, Aspergillus, Candida ( ' )
,
Proteus sp (3). Com o objetivo de evitar infecções causadas '
~ ~
por estes agentes G.C. Gruchy (1978) propoe a associaçao de
carbenicilina, gentamicina e cefalotina, inicialmente, para
todos os pacientes. Se as culturas realizadas forem negativas
e o paciente evoluiu com diminuiçao da febre nas primeiras '
24-48 horas, mantem-se esse esquema por 5 a 7 dias. Se a fe-
bre persistir mantem-se por um tempo maior. Has, se as cultu-
ras forem positivas, o esquema devera ser adequado a sensibi-
lidade do germe encontrado. Ja G.A.R. Young (1980) preconi -
ou
za a associaçao de penicilina ou cefalosporina, com um amino-
glicosideo e metronidazol, o que sugere que, dependendo da
instituição hospitalar e da época, o esquema de antibioti -
cos varia, mas sempre mantem a intençao de cobrir o maior es- pectro. Isso também foi percebido em nosso estudo, pois a me-
dida que antibioticos mais potentes foram tornando-se disponi
veis foram substituindo outros menos eficazes. A partir de
1980, a associação mais utilizada foi Carbenicilina,
Amicaci-~
na e Cefalotina. Segundo P. A. Pizzo a instalaçao imediata de
uma antibioticoterapia empírica de largo espectro assim que'
o paciente tiver febre, tem contribuído muito para diminuir a
morbidade e a mortalidade nesses casos (8).
Por outro lado, o uso de agentes estimulantes de me-
dula ossea assim como de transfusão de leucócitos são assun -
tos bastante controvertidos e não~encontramos na literatu -
ra pesquisada, evidências definitivas que comprovassem sua e-
. ' . (3 13)
~
ficacia '
.
A permanência hospitalar dos pacientes durou em me--
dia 16 dias. Esse periodo prolongado além de ser desagrada -
V ~ 0
vel para o doente pela sua propria condiçao morbida, impli -
28
Esse É mais um motivo para enfatizar a nccessida ~
de de conhecer as drogas antes de utiliza-las,para consciente
mente decidir se o beneficio obtido justifica o risco ao qual
exporemos o paciente sob nossa responsabilidade. Isso se apli
ca principalmente aos derivados pirazolõnicos, que possuem '
substitutos passíveis de serem utilizados e com risco bem me-
nor (4). No caso de drogas antitireoidianas, e recomendado '
advertir o paciente quanto e agmrmlmfitose, de modo que em fa-
ce a suspeita do quadro, ele suspenda a medicação e procure '
atendimento médico ‹
\
-
VI - C O N C L U S O E S
1. A Agranulocitose por drogas tem uma ocorrência '
maior em adultos, principalmente do sexo feminino.
2. Em todos os pacientes o diagnostico de agranuloci
tose so foi feito apos o inicio do quadro infeccioso.
3. O estabelecimento da incidência de agranulocitose
ë dificultado pelo uso indiscriminado de drogas sem acompanha
mento médico, pelo desconhecimento da entidade clinica e pela
falta de registro adequado de dados nos prontuários.
4. Em nosso trabalho, em cerca de 50% dos casos os
Ê
nalgesicos e antiinflamatórios foram relacionados como agen -
tes desencadeantes.
5. Diante da gravidade do quadro infeccioso que pode
instalar-se nesses doentes torna-se necessario o diagnosti -
co precoce e antibioticoterapia de amplo espectro na vigência
de febre.
6. A retirada das drogas suspeitas e imprescindível'
para uma boa recuperação do quadro hematologico.
I ~
7. Apos a retirada do agente causal,a recuperaçao '
espontânea do quadro hematologico e esperada desde que o pa -
ciente nao evolua para complicaçao do quadro infeccioso, in -
clusive Óbito. `
8. A existência de um protocolo padronizado para a-
granulocitose e necessaria para um melhor acompanhamento dos
casos bem como completo registro dos dados a fim de facilitar
MODELO PARA PROTOCOLO DE AGRANULOCITOSE
NOME... . . . . . . ... ...REGISTRO...
SEXO... . . . . .. COR.... ... IDADE... PROF. ... ...
DATA DA ADMISSAO... ... DATA DA ALTA.. . . . . ...
1. HISTORIA DA DOENÇA ATUAL + EXAME FÍSICO (Resumo)
2. APRESENTAÇÃO CLÍNICA
( ) Febre com calafrios _
( ) Lesoes filcero-necroticas em ( ) Abscessos cutâneos
mucosa jugal e orofaringe ( ) Abscessos períanais
( ) Adenomegalia regional ( ) Choque séptico
( ) Outros Q o Q u o n n n › n o Q o u uoøonnnnou-nuoonngunonunnoonønnoaø
3. INTERVALO ENTRE O USO DA DROGA E INÍCIO DA SINTOMATOLOGIA: ..
ooo u c Q n o c anna; ¢ n u o o n u u Q n o Q n o s Q o Q cansou c o n o oceano o o o o o Q Q Q o u onuønø
~
4. INFORMAÇOES SOBRE A(S) DROGA(S) ENVOLVIDA(S).
DROGA(S) DOSAGEM/DIA TEMPO DE USO EM DIAS
oooooonq o Q a u n ¡ Q ao oøcnooo n u u o nua nono n u n o u o o o n n Q ooooonco
u
.oco oooøcno a u u n u ou seu oco o u ø o o o n o n u o corso n n o Q u ¢ Q n Q ; ø o o o o o o o Q Q u o o ¢ n o o o o o n o o c c u n u Q ou
~ ~
5. É A PRIMEIRA ExPosIçAo? sim ( ) nao ( )
6. DADOS DE LAB.: HEMOGRAMAS DE 2/2 DIAS ATÉ NEUTRÔFILOS 5OQhmf
DATA Ht H Leucôcitos Diferencial de Leucocitos Plafimtas
Obs.: Assinalar os dados na época do diagnostico e alta Hospi-
31
TEMPO DE RECUPERAÇÃO DO SANGUE PERIFÉRICO EH DIAS:
Acima de 500 neutrófilos/mms ... . ... ... . . . . . ..
Acima de 1.500 neutrófilos/mma .. . . ..
~
MIELOGRAMAS 7/7 DIAS ATÉ NORMALIZAÇAO
MICROBIOLOGIA:
~
Bacterioscopia de secreçoes: . . . . .... ... . . . . . . ...
Cultura de secreções: ... . . . . ...
Hemocultura: (4 a 6 amostras no periodo febril com interva -
los 15/15 minutos antes de iniciar antibioticoterapiaà: ....
SUGESTÃO TERAPÊUTICA COM ATB DE LARGO ESPECTRO (ASSOCIAÇÃO)
- AMICACINA 20mg/kg/dia dividido de 8/8 horas, diluir cadâ'
dose em 100ml de SG 5% e correr em 30 minutos
EV.
- CARBENICILINA 400 a 500 mg/kg/dia dividido de 2/2 horas ,
diluir em 50ml de SG 5% e correr em 30 minutos.
Obs.: So retirar os ATB na ausência de febre, de sinais de
~
infecçao e neutrófilos acima 500/mma. Tempo minimo de
uso dos ATB - 7 dias.
- Por quantos dias fez uso do esquema ATB proposto? .. ...
ABOLIR O USO DAS DROGAS SUSPEITAS, E SE FOREM IHPRESCINDÍVEIS
TROCAR POR SIMILARES QUE NÃO CAUSEM AGRANULOCITOSE.
MEDIDAS DE PROFILAXIA DE INFECÇÕES.
1 - Isolamento hospitalar reverso (ambiente limpo; uso de mas
zw 0
cara, gorro e avental; antissepsia das maos com alcool io dado; uso de um unico aparelho de pressão, termômetro e
estetoscopio para cada paciente; comida esteril; nao inge
rir verduras e frutas).
32
CRITÉRIOS DE ALTA HOSPITALAR PARA ACOMPANHAMENTO ANEULATORIAL
SEMANAL ATÉ RECUPERAÇÃO DO SANGUE PERIFÉRICO (neutrófilos ⢿
ma 1.500/mms).
1. neutrófilos acima 500/mma e
2. Ausência de febre e sinais de infecção
/
COMPLICAÇÕES APRESENTADAS:
Fistula ( ) sim ( ) não Localização...
~ ~
Sepsis ( ) sim ( ) nao Evoluçao... . . . . . . . ..
IIIIIIIIO IO Í I I I I I I I I IIOIQIIIIIIIOIO O U I I I I O IIIÚIIOII
CONDIÇÃO DE SAÍDA E PERÍODO DE INTERNAÇÃO EN DIAS.
CONTROLE ANBULATORIAL, ESTADO GERAL DO PACIENTE E HENOGRANAS
POSTERIORES Ã ALTA HOSPITALAR.
onnooooonoooo n Q o u o n øçoouounoo uouuoonun o o o n n Q O n O como O o Q o Q av
nuøououuooo c u Q O u o n n q O Q n o o o Q u Q Q o o u ooo on; q Q ç u a u o n O oco o u O Q un
VII- SUMMARY
A review of 12 cases of Drug-induced Agranulocytosis
was made. The clinical findings were mainly related to infec-
tion, which always resulted in hospital admission. In É ca -
ses, the possible causative agents were analgesic and anti-in
flammatory, antithyroid and antituberculosis drugs, while in
the 3 others, it was not possible to stablish the possible a-
gent. _
A higher incidence of drug-induced agranulocyto -
sis was observed among adults and women accounted for 83,3%
of cases.
Mean time necessary to recover the neutrophils in
the periferic blood up to 1500 cels/mma was 12 days (range 2-
29 days). The causative agent withdraw and broad Spectrum an-
tibiotictherapy were the main therapeutic measures.
Although succesfully recovery were observed in ll ca
ses, one patient cursed with disseminated intravascular coagu
lation and died.
In order to get a better management of these patien-
ts and collect data for a prospective-analysis in the future,
we included in this study a suggestion of a new protocol of
Ê
granulocytosis.
(1) (2) (3) 4 (5) (6) 7 (8) (9)
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Título: Agranulocitose por drogas : 12
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972808063 AC. 253829