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A utilização da homeopatia associada a outras terapias para o tratamento de doenças crônicas

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Academic year: 2021

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A UTILIZAÇÃO DA HOMEOPATIA ASSOCIADA A OUTRAS TERAPIAS PARA O

TRATAMENTO DE DOENÇAS CRÔNICAS*

Jaqueline Rodrigues Santos1, Priscila França Zanelatto2, Maria Alves Barbosa3, Marcelo Medeiros4

*Artigo proveniente de estudo de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq/UFG 2007/2008.

1Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás-UFG. 2Enfermeira. Mestranda do Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem da UFG.

3Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunto da Faculdade de Enfermagem da UFG. 4Enfermeiro. Doutor em Enfermagem. Professor Associado da Faculdade de Enfermagem da UFG.

RESUMO: A homeopatia é comumente utilizada concomitantemente a outras terapias. O objetivo deste estudo foi identificar

as terapias utilizadas em associação à homeopatia, e conhecer a credibilidade do usuário nesse tratamento. Estudo de abordagem qualitativa com 16 pacientes com doenças crônicas em tratamento homeopático associado a outra terapia. Os resultados mostram problemas osteoarticulares e alérgicos como predominantes e, o principal motivo para procurar a homeopatia foi a insatisfação com a alopatia. Entretanto a alopatia foi a terapia predominante em associação à homeopatia, e a maioria considerou os resultados do tratamento em conjunto positivos. O estudo evidenciou que o tratamento homeopático associado a outras terapias possibilita melhor abordagem holística e confere maior satisfação ao cliente.

PALAVRAS-CHAVE: Terapias complementares; Homeopatia; Doença crônica.

Autor correspondente: Jaqueline Rodrigues Santos

Rua C-159, Q. 333, L. 09, S/N - 74255-140 - Goiânia-GO. E-mail: jaquesantos1@hotmail.com

Recebido: 06/10/08 Aprovado: 20/03/09

USING HOMEOPATHY ASSOCIATED TO OTHER THERAPIES FOR CHRONIC

DISEASES TREATMENT

ABSTRACT: Commonly Homeopathy’s been used in association with other therapies. This study aimed to identify

therapies used in association with homeopathy for chronic diseases, and to know about the patient’s credibility in this treatment. Qualitative research and exploratory study with 16 chronic diseases patients in homeopathic treatment associated with other therapies. Results reveal that osteoarticular problems and allergies were predominant pathologies in treatment, and the dissatisfaction with allopathic medicines was the first reason to look for homeopathic treatment. However, allopathic medicines were predominant in association with homeopathy, and the majority of the patients relate this kind of treatment as positive. Thus, this study evidence homeopathic treatment associated to other therapies makes a better holistic approach possible, because results better patients’ satisfaction.

KEYWORDS: Complementary therapies; Homeopathy; Chronic disease.

LA UTILIZACIÓN DE LA HOMEOPATÍA ASOCIADA A OTRAS TERAPIAS PARA EL

TRATAMIENTO DE ENFERMEDADES CRÓNICAS

RESUMEN: La Homeopatía es comúnmente utilizada simultáneamente con otras terapias. El objetivo de este estudio fue

identificar las terapias utilizadas en asociación con la homeopatía, y conocer la credibilidad del usuario en este tratamiento. Estudio de abordaje cualitativo con 16 pacientes portadores de enfermedades crónicas en tratamiento homeopático asociado a otra terapia. Los resultados revelan problemas osteoarticulares y alérgicos como predominantes y, el principal motivo para recurrir a la homeopatía fue la insatisfacción con la alopatía. Sin embargo, la alopatía fue la terapia predominante en asociación a la homeopatía, y la mayoría consideró los resultados del tratamiento en conjunto positivos. El estudio evidenció que el tratamiento homeopático asociado a otras terapias posibilita mejor abordaje holístico y confiere mayor satisfacción al cliente.

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INTRODUÇÃO

A incessante busca do homem por combater as enfermidades proporcionou, através dos avanços tecnológicos, o prolongamento da vida. No entanto, com o aumento da expectativa de vida da população nas últimas décadas também aumentaram os riscos às pessoas de desenvolverem doenças crônicas(1).

As doenças crônicas são definidas como manifestações clínicas físicas, não fatais, que devem durar no mínimo um ano(2). Elas iniciam como uma condição aguda, aparentemente insignificante, que se prolonga por meio de episódios de exacerbação e remissão, caracterizando um evento estressante além de acarretar alterações no estilo de vida do portador(3). Desse modo, ficam evidentes os agravos à qualidade de vida que a doença crônica pode levar ao indivíduo. Porém, os avanços tecnológicos da medicina nos últimos anos não representaram melhora para a vida de grande parcela da população. Atualmente as instituições de saúde, contam com sofisticados recursos tecnológicos e profissionais cada vez mais qualificados nas diversas especialidades da saúde, mas não conseguem atender a todas as necessidades da população(4). Após a revolução industrial, em meados do século XVIII, os grandes avanços tecnológicos impulsionaram o desenvolvimento da medicina, porém todo o tecnicismo embasado na ideologia cartesiana da época induziu à uma visão mecanizada do ser humano. A medicina ocidental, sob o paradigma do modelo biomédico e cartesiano, fez com que o profissional deixasse de perceber o ser humano como um todo, propiciando assim, segundo esses preceitos, uma considerável dicotomia entre corpo e mente, cabendo a essa última papel irrelevante(5). Porém, há de se considerar que as práticas de saúde, apesar dessa dicotomia, promoveram significativos avanços na redução de mortes por doenças infecciosas e agravos à saúde(4).

Apesar do avanço tecnológico no tratamento das doenças crônicas, as pessoas começam a tomar consciência de que isso é apenas uma parte das soluções para seus problemas de saúde. A medicina moderna exige frequentemente, altos gastos para cuidar da saúde, no entanto, a ênfase nos custos da alta tecnologia não avança na compreensão da saúde que busca atender as necessidades dos indivíduos e na promoção da qualidade de vida da coletividade. Desse modo, as pessoas lançam mão de modalidades de atendimento existentes há centenas de anos para o atendimento, de

modo bastante efetivo, das suas necessidades na manutenção da saúde, em busca de uma assistência que trate o indivíduo de forma integral(4).

Nesse contexto, assume papel significativo o paradigma denominado terapias alternativas e/ou complementares, que adotam uma postura holística e naturalística para além da racionalidade do modelo médico hegemônico da medicina especializada, tecnológica e mercantilizada(6). Além disso, essas terapias constituem uma opção de tratamento de menor custo e de fácil aquisição, para poderem solucionar ou amenizar os problemas de saúde(7).

Diante da abordagem pluridimensional, proposta pelas terapias alternativas e/ou complementares, compreende-se que a mesma atende aos desafios de implantação do princípio institucional de “integralidade” do SUS.

Integralidade seria um atributo, usado no contexto da atenção à saúde especializada (mas não só), qualificador de uma ação interpretativa e terapêutica, preventiva ou “curativa” o mais ampla e global possível e, ao mesmo tempo, precisa, que integra muitas dimensões dos adoecimentos e da vida dos doentes, tanto do ponto de vista dos pacientes como do saber especializado que orienta o curador(8:197).

Assim, as abordagens alternativas e/ou complementares, não oficiais de cuidado à saúde humana, foram ratificadas pelo Ministério da Saúde, por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde(9). Nesse movimento, essas práticas, foram reconhecidas como “especialidades médicas” e entre elas a homeopatia, cujo exercício é posto como exclusividade dessa categoria profissional. Neste estudo considera-se a homeopatia como prática complementar, uma vez que o usuário do serviço faz uso de outras terapias e também por estar em consonância aos objetivos propostos.

Em termos históricos, a homeopatia foi introduzida ao Brasil por volta de 1840 por Benoit Mure e foi uma das primeiras a se tornar oficial pelo Conselho Federal de Medicina em 1980, no entanto, sua prática no Sistema Único de Saúde ainda é reduzida(7). Devido à sua eficácia clínica ainda não estar suficientemente comprovada, a homeopatia ainda enfrenta dificuldades como a falta de credibilidade, no meio médico e na sociedade de um modo geral.

A homeopatia permanece marginalizada perante a racionalidade científica moderna, por estar fundamentada em paradigmas pouco ortodoxos que

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desafiam o pensamento cartesiano dominante(10). Esta modalidade valoriza os múltiplos aspectos da individualidade humana no processo de adoecimento criando uma relação especial entre médico e paciente, que torna a medicina mais humanizada(11). Além disso, é considerada uma alternativa eficiente e segura ao tratamento das doenças crônicas, aumentando a resolutividade clínica, diminuindo os custos e os efeitos iatrogênicos da terapêutica farmacológica convencional. Portanto, é relevante considerar os relatos dos usuários de que a homeopatia resolve tanto problemas agudos quanto crônicos a um menor custo e com boa qualidade em atenção das suas necessidades(12).

A prática homeopática comumente ocorre concomitantemente a outras terapêuticas, complementares e/ou alopatia. Dessa maneira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem incentivado o desenvolvimento de projetos que visem ampliar o conhecimento da homeopatia e, também, incrementar sua disponibilidade junto aos sistemas públicos de saúde mundiais de forma coadjuvante aos tratamentos clássicos(10). Nessa direção, várias universidades de diferentes estados brasileiros promovem cursos de formação de especialistas e/ou incluíram em seus cursos atividades de ensino, pesquisa e assistência em Homeopatia. Percebe-se assim, a forte tendência à atitude de associar tratamento homeopático com o alopático, que se manifesta a partir do meio acadêmico(9). Além de o tratamento homeopático poder agir em conjunto com a alopatia, há a evidência do benefício subjetivo de técnicas da acupuntura em conjunto com a homeopatia em pacientes portadores de doenças crônicas(13). Sugere-se também a associação com outras modalidades complementares como a Fitoterapia, Toque Terapêutico, Massagem Terapêutica, entre outras(4).

Desse modo, considerando a crescente difusão da homeopatia entre os portadores de doenças crônicas e sendo esta comumente utilizada em conjunto com outras terapias, este estudo teve por objetivos identificar as terapias utilizadas de modo concomitante ao tratamento homeopático; identificar as doenças crônicas tratadas pela homeopatia associada a outras modalidades terapêuticas e verificar a credibilidade do usuário na homeopatia quando utilizada em conjunto com outras modalidades terapêuticas.

METODOLOGIA

Estudo de abordagem qualitativa definida como

aquela que busca compreender aspectos subjetivos ou simbólicos da realidade social. A abordagem qualitativa se aplica aos estudos que visam conhecer as representações, crenças e opiniões das pessoas sobre o seu modo de vida, sobre si mesmas, o que pensam e o que sentem(14).

O estudo foi realizado em um hospital de caráter público credenciado pelo Sistema Único de Saúde brasileiro, localizado no município de Goiânia, Goiás. Para a entrada no campo de estudo, houve a aquiescência da direção do hospital e aprovação por um Comitê de Ética, conforme recomenda a Resolução 196/1996(15).

Foram sujeitos da pesquisa, pessoas portadoras de doenças crônicas que buscaram atendimento no referido hospital e estavam em processo de tratamento homeopático em conjunto com outras terapias há mais de um mês, e que aceitaram participar da pesquisa declarando seu consentimento em termo específico. O número de sujeitos foi definido ao longo do período de coleta, por meio da saturação dos dados tal como adotado em pesquisas de abordagem qualitativa(14). Porquanto, os sujeitos foram 16 pessoas em tratamento homeopático associado a alguma outra terapia, os quais foram caracterizados pelo codinome “E” numerado de 1 a 16 (E.1, E.2 etc.). Os mesmos foram abordados enquanto aguardavam atendimento no hospital

Os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada gravada com aquiescência dos sujeitos. A observação direta com anotações no diário de campo também foi utilizada no sentido de complementar a análise dos dados.

As entrevistas foram transcritas e analisadas nos moldes da análise de conteúdo-modalidade temática, que “consiste em descobrir os ‘núcleos de sentidos’ que compõem a comunicação e cuja presença, ou freqüência de aparição, podem significar alguma coisa para o objetivo analítico escolhido”(16:105). Desse modo surgiram categorias temáticas que foram analisadas com base na literatura e nos registros das observações de campo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização dos sujeitos

A idade dos 16 participantes dessa pesquisa variou entre 31 e 67 anos, com predomínio da faixa etária entre 51 e 60 anos. O percentual masculino foi consideravelmente menor, pois 87,5% dos sujeitos eram

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do sexo feminino.

A homeopatia no tratamento de doenças crônicas

De um modo geral as entrevistas mostraram que a maioria dos sujeitos referiu melhora no estado de saúde com o tratamento homeopático, sendo que a insatisfação com o tratamento alopático foi apresentada como uma das principais razões para procurarem à homeopatia. Apesar disso o tratamento alopático foi a terapia mais associada à homeopatia, segundo informaram os entrevistados conforme poderemos observar nas categorias temáticas que seguem.

Situação de saúde dos sujeitos do estudo

Nas falas dos entrevistados encontramos que existem diferenças que indicam a melhora do estado de saúde após o início do tratamento homeopático, mas também existem aqueles que apontaram melhora relativa ou mesmo, nenhuma melhora:

Já melhorei assim, 60% e pretendo ficar só com a

homeopatia mesmo (E.3).

Depois que eu comecei a tratar aqui melhorou bastante (E.6).

Minha saúde [...] não está muito boa, mas está melhor (E.14).

Eu ainda não vi mudanças (E.4). Ainda não vi resultado (E.10).

Pode-se perceber que as opiniões são convergentes, valendo salientar que o tratamento homeopático pode provocar determinados sinais e sintomas antes de promover a ação esperada do tratamento, devido ao princípio básico da homeopatia de que “semelhante cura semelhante”(17). Esta característica específica da homeopatia pode estar interferindo na percepção dos pacientes sobre os resultados da terapêutica homeopática. Mas a fala de um dos sujeitos nos chama a atenção por trazer especial destaque dos resultados do tratamento homeopático associado a outras formas de terapêutica e acompanhamento em que aponta que houve melhora significativa de seu estado de saúde:

Nossa minha saúde tava péssima [...] agora que

eu tive muita melhora, com a doutora psicóloga e com a acupuntura também (E.11).

Aspectos relacionados à avaliação da qualidade de vida em pacientes com doenças crônicas têm sido uma constante nas últimas décadas, podendo estar relacionados à contribuição de determinadas terapêuticas na diminuição do impacto das doenças. Abrange vários parâmetros das condições de vida do indivíduo, mas é fortemente afetada pelo estado de saúde, no que diz respeito ao grau de limitação e desconforto que a doença e/ou tratamento relacionado a ela acarretam ao paciente e à sua vida(2).

Os participantes da pesquisa referiram que estavam em tratamento, por meio da homeopatia em conjunto a outras terapias para sanar patologias osteoarticulares, alergias, depressão, ansiedade, hipertensão, distúrbios gastrointestinais, doença coronariana, hipertireoidismo e patologias neurológicas. Sabe-se que a homeopatia atua em diversas situações clínicas do adoecimento como, por exemplo, nas doenças crônicas não-transmissíveis, nas doenças respiratórias e alérgicas e nos transtornos psicossomáticos, o que reduz a demanda por intervenções hospitalares e emergenciais, além de contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos usuários(9).

Como se pode observar, os entrevistados disseram que consideram o tratamento homeopático bom, no entanto, parte considerável referiu que acreditam que seu efeito é demorado. O tratamento homeopático pode ser extremamente rápido nos casos agudos, porém em casos crônicos, que a própria alopatia considera como incuráveis, ele pode ser considerado lento(18). Este aspecto nos indica que apesar da crescente procura pela população por práticas alternativas de assistência à saúde, a medicina convencional baseada no princípio de causa e efeito ainda exerce um enorme predomínio no ocidente.

Tratamento homeopático

O período de tratamento homeopático variou entre um e seis anos no grupo entrevistado. A insatisfação com o tratamento alopático, em virtude de reações adversas, efeitos colaterais e/ou ausência do resultado esperado com os medicamentos alopáticos, foram apontados como motivos que os levaram a procurar por um tratamento homeopático:

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alopáticos e também acho que não tava resolvendo (E.1).

Porque o tratamento com a alopatia já vai completar seis anos e eu já tava ficando inchada, e cada vez mais dose elevada e já não tava mais fazendo efeito (E.3).

O motivo foi que eu bati em várias portas e nunca fui curada, aí eu resolvi tratar aqui, para poder ser curada mais rápido (E.7).

Os remédios convencionais eles sempre trazem algum efeito colateral né, ou é dor no estômago, ou atrapalha o sono, e vários outros sintomas que trazem (E.10).

Cada vez mais pacientes com doenças crônicas recorrem às práticas complementares e/ou alternativas, devido à longa duração de sua doença e aos riscos de toxicidade das drogas utilizadas em seu tratamento. Dentre as razões que explicam a procura das práticas alternativas, além daqueles apontados acima, estão o alto custo dos medicamentos, a ineficácia de certos tratamentos para os quais a alopatia ainda é impotente e a tendência de se restringir a atenção à patologia de órgãos e sistemas, desconsiderando-se os componentes psicológicos, emocionais e sociais da doença(2, 4).

Alguns dos entrevistados, no entanto, disseram que procuram o tratamento homeopático por terem recebido boas referências sobre a homeopatia e até mesmo da instituição em que se deu o estudo. Outro fator de escolha mencionado foi o fato de considerarem os medicamentos homeopáticos naturais.

A ascensão das terapias não convencionais pode ser associada ao surgimento e ascensão dos movimentos ecológicos nos últimos vinte anos, os quais não se limitam a discutir a questão do meio ambiente, mas a vida como um todo, incluindo-se a saúde humana(4). Nesse contexto, a medicina de alta tecnologia tende a ser representada como antinatural e antiecológica, e isto também contribui à procura por outras possibilidades terapêuticas consideradas “naturalísticas”.

Outros sujeitos ainda referiram terem sido encaminhados por médicos alopatas ao tratamento homeopático. Esse fato nos sugere que a homeopatia vem despertando o interesse crescente de usuários apesar de ainda marginalizada por muitos profissionais e pacientes. Entretanto muitos estudantes de medicina e médicos têm aderido a esta prática por entender que

esta propicia uma prática segura, economicamente viável à população de baixa renda e também por entenderem e valorizarem o tratamento do binômio doente-doença segundo uma abordagem global e integrativa, valorizando os diversos aspectos do indivíduo(10).

Tratamento homeopático em conjunto com outra (s) terapia (s)

Dentre as terapias utilizadas em conjunto à homeopatia, a alopatia foi a mais citada.

A alopatia e a homeopatia não são absolutamente incompatíveis entre si, mas ambas têm as suas indicações precisas. Ao invés de uma disputa entre essas duas terapêuticas, deve-se haver sim, uma somatória entre elas com o objetivo de alcançar benefícios aos pacientes(18).

Seguida da alopatia foram citadas a acupuntura, a fitoterapia a psicologia e terapia ocupacional, no uso conjunto com a homeopatia. A acupuntura e a fitoterapia estão regulamentadas no Sistema Único de Saúde (SUS) pelo Programa Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC)(10). Essas terapias, bem como a psicologia e terapia ocupacional, são oferecidas na instituição em que se deu o estudo, com o intuito de proporcionar uma assistência integral ao indivíduo. Dessa forma justifica-se a aparição dessas terapias na fala dos sujeitos.

Em relação ao período de tratamento homeopático adjuvante, em geral, os sujeitos que referiram que fazem uso da homeopatia em conjunto com a alopatia e/ou fitoterapia afirmaram que fazem esse uso desde o início do tratamento homeopático, envolvendo períodos entre quatro meses a seis anos. Já aqueles que utilizam a acupuntura, fisioterapia ou terapia ocupacional em conjunto com a homeopatia, referiram período de tratamento igual ou menor que dois meses. Os motivos para utilização de outras terapias além da homeopatia foram basicamente por indicação/recomendação do médico homeopata, ou uma busca para o seu próprio bem estar.

O médico sempre passou remédio da homeopatia e da fitoterapia também (E.2).

[...] ele achou que eu tinha que voltar com o reumatologista para fazer o tratamento em conjunto, e me encaminhou para a acupuntura também (E.4). Quando você está doente você busca todos os

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recursos, você quer sarar (E.5).

Foi a médica que passou eu nem sei por que, mas achei bom (E.16).

Diante do fundamento holístico da homeopatia, é esperado que o homeopata busque integrar a sua prática a outras terapias com o intuito de proporcionar a melhor assistência ao cliente. Assim como qualquer outra terapia a homeopatia não se configura como a solução “mágica” e absoluta para todos os males. A maioria dos sujeitos considerou os resultados observados com o tratamento homeopático adjuvante, positivo. Nesse sentido, percebe-se a importância da compreensão da pessoa como um todo e que as doenças são passíveis de tratamento por modalidades que extrapolam o tratamento medicamentoso. Tal como é o caso da homeopatia que, ao contrário dos medicamentos alopáticos que visam a solução do efeito, como sistema de cura tem suas próprias regras e princípios que tem como meta agir na origem do problema de saúde que necessita de tratamento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo propiciou-nos maior aproximação e conhecimento sobre aspectos da homeopatia utilizada de modo concomitante a outras modalidades terapêuticas, sendo a alopatia predominante e seguida de modalidades alternativas e/ou complementares como a acupuntura, fitoterapia entre outras. Segundo os sujeitos, a associação da homeopatia com essas outras terapias geralmente foi proposta pelo próprio médico homeopata, confirmando a abordagem holística desse profissional ao tratar o cliente, além de revelar a boa relação com as demais abordagens terapêuticas.

Foi possível, também, identificar que patologias osteoarticulares e intestinais, alergias, depressões, ansiedades, hipertensão, doenças coronárias, hipertireoidismo, gastrites, asma, enxaqueca e patologia neurológica foram as doenças crônicas em que mais se utilizou a homeopatia associada a outras modalidades como opção terapêutica. Considerando também a variedade das patologias apresentadas pelos participantes, observa-se que, não existe um padrão próprio de enfermidades passíveis de tratamento homeopático associado a outras terapias. Da mesma forma que não há um perfil diferenciado de indivíduos que buscam esse tipo de tratamento, embora seja mais

comum entre pessoas maiores de cinqüenta anos de idade.

A concepção dos usuários sobre o uso conjunto da homeopatia com outras terapias, foi variada, sendo que a maioria manifestou maior satisfação e credibilidade nos resultados do tratamento em conjunto do que somente com a homeopatia. Porém, alguns referiram que não notaram nenhum resultado com o tratamento. Compreendemos, por meio das falas dos sujeitos, que a associação de terapias diversas vai além da abordagem integrada do funcionamento orgânico, abrangendo a integralidade do sujeito na busca do próprio bem estar. Portanto, neste estudo reunimos informações significativas sobre a relação da homeopatia com outros tratamentos abordando as doenças crônicas, o que poderá subsidiar novas intervenções e estudos relacionados ao tratamento conjunto de terapias para melhorar a saúde do paciente e contribuir para a melhoria da qualidade do ensino e da assistência.

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