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Trajetórias laborais e precarização do trabalho: o caso dos refugiados sírios no Brasil

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Academic year: 2021

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TRAJETÓRIASLABORAISEPRECARIZAÇÃODOTRABALHO:OCASODOS REFUGIADOSSÍRIOSNOBRASIL1

Melissa Gabriela Lopes Barcellos Coimbra2

INTRODUÇÃO

Os migrantes constituem uma grande parte do precariado mundial. Eles são uma das razões de seu crescimento e perigam se tornar suas principais vítimas, demonizados e transformados em bode expiatório dos problemas não criados por eles. No entanto, com poucas exceções tudo o que estão fazendo é tentar melhorar suas vidas.

Guy Standing

Nesse início de milênio tem-se aprofundado o processo de globalização, caracterizado pela crescente fluidez de capitais, mercadorias e serviços, possibilitadas por diversas inovações tecnológicas, sobretudo nas áreas de informação e transportes. Todavia, se por um lado parece não existir fronteiras para o movimento de capitais, mercadorias e serviços, por outro, muitas fronteiras são postas para os movimentos de pessoas, principalmente a classe trabalhadora imigrante, advinda de regiões socioeconomicamente precárias e/ou que tem passado por situações de guerras e conflitos armados. Trata-se dos novos muros (visíveis e invisíveis) do capitalismo contemporâneo.

Compreendemos os movimentos migratórios como um fenômeno multifacetado e complexo, já que diversos povos se encontram em movimento, especialmente os do Sul global, cujos territórios de origem localizam-se no Oriente Médio, África e Sul da Ásia. Já os principais territórios receptores de refugiados no mundo são a Turquia, diversos países europeus, Estados Unidos, além de Estados considerados emergentes pertencentes aos BRICS, como México, Rússia e mais recentemente o Brasil. Wenden (2016, p. 18-19) explica que “nos últimos trinta anos, essas migrações se globalizaram. Desde meados dos anos de 1970, elas

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Trabalho apresentado no XI Encontro Nacional sobre Migrações, realizado no Museu da Imigração do Estado de São Paulo, em São Paulo, SP, entre os dias 9 e 10 de outubro de 2019.

2 Este artigo faz parte de resultados preliminares da Pesquisa de Doutorado “em andamento” em

Sociologia Política na Universidade Federal de Santa Catarina – (UFSC), intitulada: Refúgio, Trabalho e Esperança: um Estudo Sobre as Trajetórias Laborais dos Sírios no Brasil, sob orientação da professora Dra. Maria Soledad Etcheverry Orchard. A autora possui Licenciatura e Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É especialista em Educação, Sociedade e Cultura pela Universidade de Blumenau – SC (FURB) e Mestra em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atualmente é Doutoranda em Sociologia Política pela mesma Universidade (Possui Bolsa CAPES). E-mail: melissagagbarcellos@hotmail.com

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triplicaram: 77 milhões em 1975, 120 milhões em 1999, 150 milhões no começo dos anos 2000 e, em 2016, 244 milhões”.

Os deslocamentos humanos são estruturais e encontram-se relacionados diretamente às guerras, crises políticas, perseguições (de ordem política, étnico/racial, de gênero, religiosas) e problemas ambientais, que provocam as novas expulsões de milhões de seres humanos de seus países (SASSEN, 2016). Não obstante, as migrações internacionais são destaque nos meios de comunicação internacionais, sobretudo, na agenda política de países receptores da América do Sul, quando o imigrante e o refugiado são vistos como uma ameaça à segurança nacional e são colocados em uma narrativa assimilacionista3.

A guerra da Síria já perdura mais que a 2ª Guerra Mundial, tendo completado oito anos em 2019. A Síria é o país que mais gera refugiados no mundo e o terceiro país que mais gerou solicitações de refúgio em 2018. Os países que mais acolhem refugiados no mundo são: Turquia, Paquistão, Uganda, Sudão e Alemanha (UNHCR, 2018). De acordo com o Relatório “Global Trends Forced

Displacement in 2018”, mais de 70 milhões de pessoas foram deslocadas

forçadamente em todo o mundo, dentre as quais 25,9 milhões são refugiados (vítimas de perseguição, violência e outras violações de direitos humanos).

O governo brasileiro reconheceu 11.231 refugiados no período entre 2011 e 2018. Todavia, em março de 2018 viviam no Brasil 6.554 refugiados. Esta redução se deve a diversos fatores: muitos se naturalizaram brasileiros, outros deixaram de ser refugiados e optaram pela residência nos termos da Lei de Migração (Lei nº 13.445/17), outros simplesmente saíram do país (BRASIL, 2019). No Brasil, os sírios representam 36% do total de refugiados reconhecidos, seguidos pelos congoleses (15%) e angolanos (9%) (ACNUR, 2019). No ano de 2016, o Brasil contava com 2.591 refugiados e 1.209 solicitantes de refúgio de nacionalidade síria, totalizando 3.800 pessoas (SINCRE, 2016; BAENINGER; FERNANDES, 2018, p. 31).

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MAPA 1 – Refugiados Sírios por país de destino

Fonte: Eaborado com base nos dados do ACNUR. Elaboração própria.

Em 2018, mais de 80 mil pessoas de diferentes nacionalidades, solicitaram refúgio no Brasil, sendo que os solicitantes de nacionalidade venezuelana ultrapassam 60 mil, correspondendo a 70% do total de solicitantes (BRASIL, 2019).

Enquanto aguardam os resultados da solicitação, os refugiados são contemplados com determinadas formas de acesso aos serviços públicos (como saúde, educação e registro em carteira de trabalho), no entanto, não se tem um programa de acolhimento específico para os refugiados.

Segundo especialistas na área de estudos migratórios, a Lei Brasileira do Refúgio (n. 9.474/97) é uma das mais avançadas no mundo em termos de jurisprudência para o reconhecimento das pessoas refugiadas, pois contempla sugestões da Declaração de Cartagena. No entanto, há uma lentidão enorme por parte do Estado brasileiro, seja em decorrência da ausência de investimentos em infraestrutura, ou da falta de recursos humanos direcionados às questões técnicas, principalmente, relacionadas aos processos de acolhimento, a garantia de moradia, à educação e ao acesso formal ao trabalho4 (FREITAS, 2018). Portanto, torna-se necessária uma política nacional de acolhimento para a população refugiada, que contribua com a democratização do país, abrindo horizontes para a convivência dos diferentes povos e suas múltiplas expressões culturais.

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O Estado tem o dever de implementar políticas públicas que assegurem os direitos trabalhistas, não apenas aos cidadãos de origem, mas a todas as pessoas migrantes que necessitem ingressar no mercado de trabalho (FREITAS, 2018). Nessa direção, pensamos ser necessário desfetichizar5 a categoria refúgio, analisando as múltiplas dimensões do fenômeno, enquanto resultante de deslocamentos em processos históricos e políticos que produziram e produzem o desenraizamento (BOURDIEU, 2017). Uma das perguntas que fazemos é: o que faz do refugiado um refugiado? Portanto, para desfetichizar o refúgio é preciso compreender as relações sociais e os laços sociais envoltos no processo migratório.

TRAJETÓRIAS LABORAIS A PRECARIZAÇÃO

Nessa pesquisa, atribuímos destaque para as trajetórias laborais dos refugiados sírios, conceito que se legitima como recurso conceitual e operacional privilegiado, para desvelar as estratégias laborais e o processo de integração dos refugiados. Balerdi (2014) define as trajetórias laborais como um instrumento analítico que abarca e contextualiza modelos sociopolíticos, econômicos e do mercado de trabalho das sociedades - assim como modelos de estratificação social de um país e a sua configuração institucional. Por outro lado, essa categoria analítica permite interpretar o que os atores sociais atribuem às suas próprias trajetórias laborais. Como analisa Balerdi (2014, p. 508), os atores sociais “dão conta de uma reflexividade sobre a posição ocupada no espaço social; e é essa articulação que a torna uma ferramenta útil para se aproximar um pouco mais da complexidade das experiências de vida dos atores”. As trajetórias de trabalho são entendidas como os itinerários visíveis, os cursos e orientações que tomam as vidas dos indivíduos no campo do trabalho, e que são resultado de ações e práticas desenvolvidas pelas pessoas em situações específicas através do tempo. [...] O conceito de trajetória, segundo é sustentado, possibilita apreender a interação entre dinâmicas estruturais e decisões individuais, e também conjugar ações com as significações e representações do sujeito (GOMES, 2002, p. 32).

Segundo a análise de trajetória de Gomes (2002, p. 32) “a categoria temporal representa um eixo central da abordagem da realidade”. Outro aspecto da categoria de trajetória, destacado pela autora, é a associação intrínseca desse

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conceito com o de transição, já que “ambas representariam linhas temporais entrelaçadas no curso da vida pessoal”. Ela explica que as trajetórias consistem em percursos temporais de mais amplo espectro, enquanto as transições correspondem a um espectro temporal mais curto, já que apontam para o momento de mudança que se expressa no processo temporal correspondente ao intervalo entre esses estados.

Afirmando a fecundidade dessa perspectiva conceitual, Gomes remete à utilidade do conceito, “quando se estuda carreiras profissionais, porque permite analisar as transformações de curso decorrentes de períodos de desocupação e mudança de posições, os quais podem estar caracterizados por situações de privação e/ou por novas oportunidades de trabalho” (GOMES, 2002, p. 32). Entendemos nessa pesquisa que a dimensão do trabalho é central na constituição das identidades pessoais e sociais (DUBAR, 1998; 2005; CASTEL, 1990). Nesse sentido, contextualizamos os percursos sociais e individuais dos refugiados, nas atuais condições do capitalismo global e da reestruturação produtiva, com todas as restrições e exigências que isso traz para o mundo do trabalho (precarização, flexibilização, desemprego, informalidade e precariedade em todas as dimensões da vida) (ANTUNES, 1997; CASTELS, 1999; BRAGA, 2017; RAMALHO, 2000; STANDING, 2017). Além dessas questões, consideramos profícua nesta pesquisa a ideia de “precariedade” em Judith Butler. Tal ideia remete à vida social, ao “fato de que a vida de alguém está sempre mas mãos do outro”. Nesse sentido, a vida demanda que direitos sociais e econômicos sejam atendidos para que a as condições de vida sejam garantidas. Nas palavras de Butler, “a vida exige apoio e condições possibilitadoras para poder ser uma vida vivível” (BUTLER, 2018, p. 31 e 40).

Podemos pensar o migrante, sobretudo o refugiado, como constituinte de uma parcela significativa do “precariado mundial”. O termo foi empregado por Guy Standing (2017, p. 23), que faz a junção entre o termo “precário” e o termo “proletariado”. Para o autor, o precariado seria uma “classe-em-formação”. Portanto, o mundo globalizado teria produzido fragmentações de “classes nacionais”. Como explica o autor “à medida que as desigualdades aumentaram e que o mundo se moveu na direção de um mercado de trabalho aberto e flexível, a classe não desapareceu. Em vez disso, surgiu uma estrutura de classe global e fragmentada” (STANDING, 2017, p. 24).

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Para Standing (2017), o precariado consiste em pessoas que tem relações de confiança quase inexistentes com o Estado e com o capital, e são completamente opostos aos assalariados, porque não possuem nenhum contrato que lhes dê alguma garantia. Outra contribuição do autor - e que pensamos corresponder a situação do refugiado – é que “a precariedade também implica a falta de uma identidade segura baseada no trabalho” (STANDING, 2017, p. 27).

Essa questão vai ao encontro da situação de imigrantes e refugiados que possuem alta escolaridade e, no entanto, passam por sérias dificuldades em validar seus diplomas, o que limita as possibilidades de encontrar empregos de qualidade, ficando a mercê de subempregos de intensa exploração e/ou baixa remuneração. A maioria dos refugiados sírios tinha uma ocupação estável na Síria, antes da guerra, sendo que quase todos possuem nível educacional superior. Porém, no país de acolhida (no caso, o Brasil), os refugiados tiveram de trabalhar por conta própria, sendo que grande parte montou o seu próprio negócio (no ramo da culinária árabe) como forma de sobrevivência.

Sobre essa questão, Standing (2017) explica que muitos imigrantes e refugiados podem conseguir residência permanente a longo prazo no país receptor, no entanto, “encontram-se relativamente seguros”, porque enfrentam barreiras estruturais no que diz respeito aos direitos sociais de uma efetiva cidadania. Eles possuem “qualificações que não são reconhecidas” (tendo problemas com a validação dos diplomas), ou são submetidos a testes de qualificação do idioma, distantes de suas especificidades educacionais. Essas dificuldades, nas palavras de Standing (2017, p. 148), resultam num “desperdício cerebral”. Trata-se de uma das principais barreiras para uma efetiva integração dos refugiados.

Segundo Ager e Strang (2008, p. 166), a integração encontra-se no escopo do acesso ao emprego, à moradia, à educação, à saúde, a repertórios de cidadania e de direitos. Assim como as barreiras estruturais que ocorrem nesse processo, sobretudo no que diz respeito à língua, à cultura local e ao espaço social. Para os autores, a perspectiva do capital social dos refugiados é uma dimensão importante no processo de integração, entendendo-o uma “estrutura de domínios inter-relacionados, assegurando, que os outros recursos essenciais a integração sejam reconhecidos”.

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Análise das Trajetórias Laborais por meio das narrativas biográficas

A guerra da Síria representa um marco na trajetória de vida experimentada pelos refugiados e refugiadas e que impactará significativamente suas possibilidades de inserção ocupacional (ETCHEVERRY, 2004). Essas pessoas vivenciam uma transição, ou muitas vezes uma crise nos seus projetos ou percursos anteriores. Nesse sentido, procuramos responder as seguintes questões centrais, a partir de referenciais bibliográficos e relatos obtidos na pesquisa de campo: como era organizada a vida laboral em seu país de origem? Quais são as suas profissões e suas áreas de formação? Mediante a transição vivida, desde o seu país de origem até o país receptor (Brasil), como passou a ser organizada a sua vida laboral e a sua inserção social nas outras esferas da vida? Quais são as áreas de atuação laboral no país receptor? Quais as suas estratégias de sobrevivência? Quais as suas principais demandas por inserção, nas diferentes áreas da vida social? Como os refugiados e refugiadas mobilizam os seus recursos (redes de relações e diferentes formas capital) para a inserção laboral e de integração nas sociedades receptoras?

A estratégia metodológica utilizada nesta pesquisa é a narrativa, que privilegia o método biográfico. Tendo como prisma a compreensão da história dos indivíduos, atribui-se destaque aos seus relatos, sobretudo, no que diz respeito aos marcos decisivos de suas vidas6. Além do registro dos testemunhos, complementa-se essa abordagem por meio da coleta de documentos (DENZIN, 1989; CLOSS; OLIVEIRA, 2015). A intenção é a reconstrução das trajetórias biográficas, assim como as construções biográficas do presente. Aqui se considera a ação social7 dos indivíduos e o sentido que os mesmos atribuem em seus percursos sociais. Entender a fala de um indivíduo, na perspectiva biografada, é se debruçar sobre o seu passado (em temas específicos), interpretando o contexto atual de sua vida e as suas perspectivas futuras (ROSENTHAL, 2014). Essa perspectiva metodológica entende que o entrevistado favoreça a criação de sua “[...] Gestalt biográfica, o que, por sua vez, ao contrário de ser reificada, torna-se ela própria parte importante da análise para a compreensão de fenômenos sociais” (SANTOS; OLIVEIRA; SUSIN, 2014, p. 373).

6 “A pesquisa a partir de material biográfico produzido diretamente a partir de relatos de entrevistados

é, hoje, considerado um campo de pesquisa autônomo na sociologia, reconhecido pela Associação Internacional de Sociologia (ISA)” (SANTOS; OLIVEIRA; SUSIN, 2014, p. 373).

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Atribuímos destaque à perspectiva da narrativa biográfica atribuída por Fritz Schütze (1983), que foi interpretada posteriormente por Gabriele Rosenthal e encontra-se presente no arcabouço teórico da sociologia de Alfred Schütz (1979, p. 73; 2014). Tal perspectiva avalia que a “narrativa é uma interpretação realizada a partir de uma situação biográfica específica”, nessa direção, analisar a biografia de um indivíduo é apresentar as vivências e representações experienciadas pelo indivíduo (SANTOS; OLIVEIRA; SUSIN, 2014, p. 374). Na condução das entrevistas narrativas, avalia-se e registra-se relatos longos, no que diz respeito às histórias de vida ou sobre algum tema específico, como por exemplo, histórias de comunidades e/ou grupos sociais, movimentos sociais, instituições, processos, trajetórias migratórias, entre outros temas, que eventualmente podem ser elaboradas com poucas interferências do entrevistador (a) (ROSENTHAL, 2014)8.

A investigação inicial desta pesquisa se deu por meio de entrevistas com três refugiados sírios na cidade de São Paulo, em julho de 2018, sendo dois homens e uma mulher. Também foi entrevistado um funcionário da Cáritas de São Paulo, capital, a fim de compreender como se dá a dinâmica de acolhimento, integração e a inserção laboral e social desse grupo étnico no tecido social brasileiro. Na cidade de Florianópolis-SC9, entrevistamos quatro refugiados, sendo três homens e uma mulher. Ou seja, ao todo, foram entrevistados sete refugiados e um funcionário da Cáritas10.

Dos sete refugiados entrevistados, três iniciaram o curso superior na Síria, mas não conseguiram concluir quando começou a guerra. Os outros quatro terminaram o curso superior, entretanto, ainda não conseguiram revalidar os seus diplomas universitários no Brasil, enfrentando obstáculos diversos para validar os seus diplomas nas universidades brasileiras (RODRIGUES; BLANES SALA; SIQUEIRA, 2017). Dois entrevistados continuaram os seus estudos universitários em instituições particulares de Florianópolis-SC.

Um relato que nos chamou a atenção foi o de Zayn (29 anos, SP), que atuava como Engenheiro de Computação e Design na Síria e, em 2015, veio de Alepo

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Referencial acadêmico da produção intelectual Alemã.

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No ano de 2015 foi dada a entrada de 120 refugiados sírios. Dados divulgados pelo Grupo de Apoio a Imigrantes e Refugiados de Florianópolis e região (GAIRF) (LODETTI, 2018).

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A Cáritas é uma instituição ligada à Igreja Católica. Essa instituição atua em vários países e atende diversas nacionalidades. No campo das migrações ela desempenha suas ações no trabalho de acolhimento e socorro aos refugiados (Informação verbal do Centro de Estudos Migratórios – CEM – Missão Paz – SP, 2018).

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para o Brasil11. Zayn apresentou uma narrativa com alta capacidade de adaptação e flexibilidade em suas ocupações laborais. Atualmente, ele trabalha como responsável administrativo de uma Mesquita de SP, na qual realiza vários trabalhos, tendo passado por muitos empregos desde que chegou ao Brasil.

A noção de flexibilidade corresponde ao abnegar da burocracia, assim como das longas carreiras e requerer que os trabalhadores estejam sujeitos às mudanças em um período curto de tempo, e, principalmente, que estejam preparados para os projetos que envolvam riscos (SENNETT, 2009). O exemplo e a experiência de Zayn não são únicos. Trata-se de uma experiência coletiva, que não só abrange o grupo de trabalhadores refugiados, mas toda a massa de trabalhadores no contexto do capitalismo “flexível”. Sistema este, que, nas palavras de Sennett (1999, p. 32), “[...] trata a incerteza e o correr risco como desafios no emprego”, a experiência do “aproveitar” o “tempo, o lugar e o trabalho”, até porque lida com a ideia de “manter-se aberto à mudança” (SENNETT, 1999, p. 17). As pressões estruturais que advém do contexto econômico, na lógica do capitalismo global e “flexível”, alimentam o que Sennett (1999, p. 27) chama de “experiência com a deriva no tempo, de lugar em lugar, de emprego a emprego”, roendo o caráter, eliminando reconhecimentos com os seus pares, especialmente as novas gerações.

Zayn teve muitas dificuldades no começo com a língua portuguesa, o que é uma realidade e um desafio para este grupo quando chega ao Brasil. Todos os entrevistados se apresentaram como fluentes em inglês, no entanto, a língua não os ajudou muito quando chegaram ao Brasil, pois precisaram da língua portuguesa para conseguirem trabalho.

No caso dos sete refugiados sírios entrevistados, cinco deles já tiveram ou tem um negócio próprio no mercado de alimentos, atuando em suas próprias residências, ao mesmo tempo em que possuem outros trabalhos. Um entrevistado (Naim, 45 anos, SP) formado em Engenharia, na Síria, trabalha com comida síria em sua casa na cidade de São Paulo, e vende roupas infantis na feira Brás durante a madrugada. Aysha (28, SP) é Arqueóloga, veio de Damasco e atua em SP como maquiadora e tradutora. Abu-Jamal (34, SC) possui formação em contabilidade em Damasco, e atua como vendedor de uma loja de roupas de proprietários de origem árabe em Florianópolis - SC. Jesus (28, SC) é formado em Economia em Damasco;

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no Brasil atua como comerciante autônomo (importação e exportação), já tendo administrado um restaurante de comida árabe na capital catarinense, além de ter tido diversas outras profissões, como modelo, marketing digital, professor de árabe, motorista de veículo de transporte de aplicativo. Safira (31, SC) é formada em

Designer de Moda em Damasco; atualmente ela trabalha no ramo de alimentos de

comida árabe, além de ser maquiadora e tatuadora de Henna. Omar (32, SC) é formado em sistema de Informação em Damasco; atualmente ele é funcionário de um restaurante de comida árabe no centro de Florianópolis-SC.

A partir da nossa análise, trata-se de um grupo de trabalhadores (as) refugiados que não se diferencia da classe trabalhadora brasileira no atual contexto de crise econômica e de precarização do trabalho. Para sobreviver, muitos trabalhadores precisam trabalhar em vários serviços ou atuar em mais de um emprego. Entretanto, existe um agravo quando os trabalhadores são refugiados de um país cuja maioria é de religião islâmica, possuindo língua e hábitos bem diferentes dos nacionais e estando à mercê de ideologias que os criminalizam.

Quanto as formas de associação, redes de ajuda e acolhimento entre os entrevistados, é comum à sua relação com as mesquitas, a chamada comunidade muçulmana. É importante destacar que existem especificidades étnicas (drusos, curdos árabes) e religiosas (muçulmanos, cristãos, etc.) entre os refugiados sírios. Há casos de refugiados sírios que dispensam ajuda da comunidade islâmica, por diversos motivos. Todavia, a maioria dos refugiados recebe suporte da Mesquita, além da Cáritas12, de movimentos sociais e instituições como a Migraflix13 e I Know

My Rights14.

Mediante as características das redes de ajuda e as características associativas dos nossos entrevistados no campo de pesquisa, consideramos adequado conceder destaque ao conceito de redes atribuído por Alain Caillé (1998), que se encontra imbricado aos estudos de Marcel Mauss (2003).

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A Cáritas é uma instituição ligada à Igreja Católica. Essa instituição atua em vários países e atende diversas nacionalidades. No campo das migrações ela desempenha suas ações no trabalho de acolhimento e socorro aos refugiados (Informação verbal do Centro de Estudos Migratórios – CEM – Missão Paz – SP, 2018).

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A Migraflix é uma organização não-governamental sem fins lucrativos criada em 2015 com o objetivo de integrar refugiados e imigrantes social e economicamente. Disponível em: https://www.migraflix.com.br/quem-somos. Acesso em: 02 jun. 2019.

14 KMR – Eu Conheço Meus Direitos – é uma ONG brasileira, fundada em 04/06/12, com atuação em

São Paulo. IKMR é uma ONG que se dedica de forma específica, às crianças refugiadas, sendo regida pelas disposições contidas na Convenção Internacional dos Direitos das Crianças, no Estatuto da Criança e do Adolescente. Acesso em: 30 ago. 2019.

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A rede é o conjunto das pessoas em relação às quais a manutenção de relações interpessoais, de amizade ou de camaradagem, permite conservar e esperar confiança e fidelidade, mais do que em relação aos que estão fora da rede, em todo caso. A única coisa que falta a priori nessas análises é reconhecer que essa aliança generalizada que constitui as redes, atualmente, como nas sociedades arcaicas, só se cria a partir da aposta da dádiva e da confiança (CAILLÉ, 1998, p. 14).

CONTEXTOS DE DISCRIMINAÇÃO NOS PERCURSOS LABORAIS DOS REFUGIADOS

Na perspectiva da estigmatização, identificamos, através de algumas das entrevistas, casos de islamofobia e xenofobia. De acordo com Farah (2017, p. 13), faz parte do imaginário racista e xenófobo considerar que os imigrantes “importam” maldades de seus países de origem. Dessa maneira, estes podem, muitas vezes, serem vítimas de difamações e violências de várias ordens. Nesse sentido, o racismo, ou mais especificamente, a arabofobia, corresponde à atitude de sentimento de ódio a um povo; a xenofobia diz respeito ao ódio a uma ou mais nacionalidades e a islamofobia corresponde aversão à religião islâmica. Essas ações tendem a complementar-se, alimentados, muitas vezes, pelos Estados Nacionais e pela indústria midiática (FARAH, 2017)15.

Zayn (29) relatou que se sentiu ofendido em uma entrevista de emprego em uma escola de Inglês, na qual ele não foi contratado e que ouviu representações preconceituosas sobre a sua religião. Já Jesus (28), relatou que foi ofendido por uma cliente em seu restaurante, no qual a pessoa que o ofendeu disse que pessoas da religião muçulmana eram más e perigosas. Em outra situação ele foi abordado por um homem em supermercado quando falava em árabe com um amigo. O homem que o abordou disse que ele não poderia estar falando a língua dele (árabe) em local público. Safira (31) tem duas filhas, é casada e muçulmana, ela optou por não usar o

hijab16 no Brasil e instrui as suas filhas a não falarem a língua árabe publicamente,

sobretudo nos transportes públicos.

15 O termo “islamofobia” surgiu na França, nos anos de 1920, como “islamophobie”, e ressurgiu na

década de 1970. Entretanto, nesses momentos distintos, o termo contou com diferenças de significado. No primeiro momento, o termo referia-se às disputas e diferenças no interior do Islã e, no segundo momento, ao repúdio aos muçulmanos e ao islamismo (LORENTE, 2012 apud SANTOS, 2016, p. 2).

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DISCRIMINAÇÃO X REDES DE ACOLHIMENTO

Mediante o atual contexto das migrações internacionais, um dos nossos objetivos é identificar os casos de discriminação (como xenofobia, arabofobia e islamofobia) ocorridos no Brasil17. Ademais, pensamos que se faz importante identificar e mapear relações sociais de polarização (extremos opostos) e ideológicas no contexto político-institucional do recente fluxo de novos imigrantes no Brasil. De forma preliminar, começamos a identificar estas questões por meio de entrevistas narrativas.

Citamos como exemplo um ato de xenofobia ocorrido no Brasil, o caso de um refugiado sírio que foi agredido e seu carrinho de esfirras derrubado, na cidade do Rio de Janeiro, capital, no dia 03 agosto de 2017, por um trabalhador ambulante. O homem que cometeu a agressão, um brasileiro não identificado, segurava pedaços de madeira na mão e dizia “saia do meu país! Eu sou brasileiro e estou vendo meu país ser invadido por esses homens-bomba miseráveis que mataram crianças, adolescentes. São miseráveis. Vamos expulsar ele!". No dia 12 de agosto do mesmo ano, foi organizada uma rede de ajuda pela internet por um empresário para que o refugiado sírio adquirisse o seu Food Truck. O empresário que promoveu a rede de ajuda também teria promovido o dia do “esfirraço”, na qual as pessoas foram convidadas a comer esfirra na barraca do refugiado sírio. No momento em que o sírio era homenageado, um grupo com cerca de vinte pessoas protestavam na região do Arpoador, no RJ, atacando pessoas muçulmanas por meio de cartazes. As pessoas estavam vestidas de preto e seguravam cartazes com os seguintes dizeres: “muçulmanos, assassinos, sequestradores, estupradores"18

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Este caso nos leva a pensar que as redes de ajuda convivem, muitas vezes, nos mesmos espaços ocupados por indivíduos e grupos sociais que promovem a discriminação, por meio de manifestações de xenofobia e intolerância em relação a população imigrante e refugiada. Mediante este caso, é possível, no contexto brasileiro atual, que o número de pessoas que têm aversão aos refugiados seja superior aos que têm simpatia ou empatia? Se o fenômeno da imigração produz e reproduz uma camada da sociedade que se posiciona e vê os imigrantes e

17 Hoje não temos mais política de fluxos, agora é o “levantar muros”. Política de contenção, discursos

xenófobos e anti-imigração (CAVALCANTI, 2019).

18 Cariocas fazem fila em “esfirraço” para apoiar refugiado sírio agredido em Copacabana. Disponível

em: https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/apos-agressao-refugiado-sirio-diz-que-nao-quer-problemas-so-quer-trabalhar.ghtml. Acesso em: 29 ago. 2019.

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refugiados como inimigos na sociedade receptora, por outro lado, existe uma significativa camada da sociedade civil que oferece acolhimento aos refugiados no âmbito dos direitos humanos, a exemplo de organizações como a Cáritas, vinculada à Igreja Católica, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), além de inúmeros movimentos sociais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscamos identificar por meio das entrevistas narrativas, as trajetórias laborais dos refugiados (as) sírios, levando em consideração o problema da xenofobia e as manifestações de islamofobia em percursos laborais no Brasil. Conforme a última contagem da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), no último trimestre de 2019, o desemprego subiu para 12,7%, correspondendo a 13,4 milhões de pessoas. Diante desse contexto de crise econômica, política e social, é de se supor (porém, de maneira nenhuma, se justifica) que certos grupos reajam de maneira hostil em relação aos refugiados e imigrantes (LOPES, 2015). Para alguns trabalhadores brasileiros, os refugiados são considerados uma ameaça à empregabilidade. As transformações políticas recentes podem inviabilizar a vinda de imigrantes e refugiados no Brasil. Embora o racismo e a xenofobia sejam constituintes do longo processo histórico e social brasileiro, políticas sociais adotadas pelos governos Lula e Dilma, como o Programa Bolsa-Família, acesso ao crédito para pessoas de baixa renda, programas de cotas, direitos trabalhistas assegurados às (aos) empregadas (os) domésticas, entre outros, contribuíram para fomentar o descontentamento de uma classe média e de uma elite econômica, que antes dos governos petistas se viam numa condição ainda mais privilegiada. Podemos concluir que vivenciamos um momento de tensão entre os que lutam por direitos e os que adotam posições de intolerância (racismo, xenofobia, islamofobia, misoginia e homofobia) contra grupos sociais em condições de vulnerabilidade. Estes últimos não querem direitos e sim privilégios.

REFERÊNCIAS

ACNUR. Dados sobre o refúgio no Brasil. Brasília, DF, 2019. Disponível em https://www.acnur.org/portugues/dados-sobre-refugio/dados-sobre-refugio-no-brasil/. Acesso em: 25 jul. 2019.

AGER, A.; STRANG, A. Understanding integration: a conceptual framework. Journal

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ANTUNES, R. Neoliberalismo, trabalho e sindicatos. São Paulo, SP: Boitempo, 1997.

BAENINGER, R.; FERNANDES, D. (coord.). Atlas Temático – Observatório das

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