Unidade 03
O PÓLO TEÓRICO
3.1. Teorias, conceitos, modelos e construtos
3.2. Revisão de Literatura X Referencial Teórico
3.3. Como construir uma boa Revisão de
3.1. Teorias, conceitos, modelos e construtos
Teoria(s):
1-
“(...) conjunto de constructos (conceitos), definições e
proposições relacionadas entre si, que apresentam uma
visão sistemática de fenômenos especificando relações
entre variáveis, coma finalidade de explicar e prever
fenômenos da realidade
” (KERLINGER, 1991,
apud
fenômenos da realidade
” (KERLINGER, 1991,
apud
Martins e Theóphilo, 2009, p. 28).
2- “
Teorias comparam-se a redes lançadas com o
objetivo de recolher o que se denomina mundo: par
dominá-lo,
racionalizá-lo,
enfim,
compreendê-lo.
”
•
Características e funções de uma Teoria (Martins e
Theóphilo, 2009):
– Deve ser válida, i.e., deve constituir um esquema unificado de
conhecimentos empiricamente confirmados.
– Deve oferecer um conjunto de meios de representação
conceitual e simbólica dos dados observados (ex: modelos, construtos, fórmulas e equações matemáticas etc.).
– Deve constituir um conjunto de regras de inferência que
permita previsões de fatos e dados. permita previsões de fatos e dados.
– Deve orientar a pesquisa científica, i.e., a busca de fatos, os
critérios de observação, a seleção dos dados e informações pertinentes à confirmação/refutação de hipóteses e a estruturação de respostas cientificamente válidas para o problema de pesquisa.
– Deve explicar claramente por que, onde, quando e como um
Modelos:
Esquemas de representação / interpretação de conceitos
ou variáveis de uma teoria, ou de previsão do
comportamento de fenômenos a partir de uma ou mais
teorias.
•
Apreciados nas ciências exatas, engenharias/tecnologias
e ciências sociais aplicadas.
•
Ex: Comportamento do consumidor; Análise das Cadeias
•
Ex: Comportamento do consumidor; Análise das Cadeias
de Suprimento; Previsão de Riscos Financeiros etc.
•
Quando confrontados com os fatos empíricos, não se
tornam verdadeiros ou falsos (como as teorias), mas sim
úteis (válidos) ou inúteis (inválidos) como esquemas de
representação/interpretação
teórica
(Martins
e
•
Etapas de construção de modelos (Martins e Theóphilo,
2009):
– Conceitualização: busca de teorias para explicar o fenômeno
representado.
– Modelagem: lapidação e enriquecimento através de elaboração
de representações mais simples e eficazes; estabelecimento de analogias com estruturas teóricas prévias.
– Solução do modelo operacional: interdependência entre o
modelo e a solução (obtida ou desejada) para o problema teórico-prático.
teórico-prático.
– Implementação: adoção dos resultados obtidos pela solução do
modelo operacional, implicando em intervenção na realidade (no caso da Administração, mudança organizacional, adoção de estratégias, políticas ou técnicas).
– Validação: capacidade de explicação ou previsão do modelo,
•
Hipótese:
• “Proposição afirmativa, que expressa uma suposta resposta ao
problema de pesquisa.
• Conjectura, ou suposição, que enuncia um possível
relacionamento entre duas ou mais variáveis.
• Proposição que pode ser colocada à prova – ser testada – para
determinar sua validade.
• Proposição de suposta explicação do fenômeno que está sendo
investigado.” (Martins e Theóphilo, 2009, p. 31). investigado.” (Martins e Theóphilo, 2009, p. 31).
•
Tese:
• Proposição que resulta de uma trabalho de pesquisa,
•
Conceito:
• “(...) palavras que expressam uma abstração intelectualizada
da idéia de um fenômeno ou de um objeto observado.
• “todo processo que torne possível a descrição, a classificação
e a previsão de objetos cognoscíveis” (Martins e Theóphilo, 2009, p. 33).
•
Definição:
• Enunciado que interpreta ou explica um fenômeno ou objeto • Enunciado que interpreta ou explica um fenômeno ou objeto
de estudo, ressaltando seus atributos essenciais e limites/condições de existência. Classifica-se em:
•
Construto:
• Tradução de assertivas genéricas dos conceitos em uma relação com
o mundo empírico, visando sua manipulação (Martins e Theóphilo, 2009).
• Identifica as variáveis observáveis/mensuráveis (concretas) que
representam indicadores objetivos das variáveis teóricas (abstratas) (Martins e Theóphilo, 2009).
• Classifica-se em:
Construto de Primeira Ordem (Principal): Conceito/variável que expressa a dimensão geral de um conceito teórico, passível de ser mensurado(a) pelos dimensão geral de um conceito teórico, passível de ser mensurado(a) pelos seus indicadores próprios. Ex: Motivação (medida por indicadores de satisfação, recompensas, relacionamentos com superiores hierárquicos e colegas de trabalho etc.).
Construto de Segunda Ordem (Derivado): Sub-dimensões do Construto Principal. Ex: Relacionamento com superiores e colegas, mensurado por opinião colocada numa escala tipo Likert (“Muito Satisfatório / Satisfatório / Neutro / Insatisfatório / Muito Insatisfatório”).
3.2. Revisão de Literatura X Referencial Teórico
•
Revisão de literatura:
Método de busca de teorias,
conceitos, modelos, construtos, hipóteses e dados
secundários através da leitura, análise e interpretação de
publicações
científicas
/
técnicas
(livros,
teses,
dissertações, artigos de periódicos, textos eletrônicos
etc.).
etc.).
•
Objetiva subsidiar o pesquisador com o “estado da arte”
sobre a discussão teórica envolvendo um determinado
tema ou problema de pesquisa.
•
Pressupõe a confrontação de idéias ou correntes teóricas
•
Referencial
Teórico
(Marco
Teórico
/
Fundamentação Teórica / Base Teórica):
Escolha
deliberada das interpretações teóricas que o
pesquisador julga mais pertinentes para alicerçar sua
pesquisador julga mais pertinentes para alicerçar sua
investigação sobre o objeto.
•
Produto da Revisão de Literatura (não se confunde
3.3. Como construir uma boa Revisão de Literatura?
•
Identificando um Tópico de Pesquisa:
Rascunhar um
título provisório para a pesquisa, o qual deve:
–
Conter as palavras-chave do tema/problema de
pesquisa.
–
Ser redigido em linguagem direta e simples.
–
Ser o mais curto e objetivo possível.
–
Ser o mais curto e objetivo possível.
–
Ter o formato redacional de uma frase singular (Ex:
“Aspectos teóricos de organizações híbridas”) ou
dupla (Ex: “Aspectos teóricos de organizações
híbridas: análise de um caso amazonense”).
•
Um tópico PODE ser pesquisado quando existem
recursos
(humanos,
materiais
e
financeiros)
disponíveis e adequados aos objetivos estipulados.
•
Um tópico DEVE ser pesquisado se:
(1) Contribui para a literatura / teoria disponível sobre o tema.
(2) Endereça interesses sociais/acadêmicos o mais amplos (2) Endereça interesses sociais/acadêmicos o mais amplos possíveis (entre interesses locais/regionais e nacionais, prefira o último, pois aumenta as chances de publicação etc.).
• Na pesquisa quantitativa (ex: survey, teste de hipóteses, modelos
de análise com vistas à generalização etc.), prescreve-se questões a serem respondidas pelo(s) participante(s), a partir das teorias e hipóteses extraídas da revisão de literatura. Nos estudos quantitativos, a revisão de literatura é geralmente colocada no início, para ser comparada com os resultados empíricos, dedutivamente (do geral para o fenômeno particular).
• Na pesquisa qualitativa (ex: etnografia, grounded theory etc.),
USO DA
LITERATURA CRITÉRIOS EXEMPLOS
Como quadro de referência na introdução do
estudo
Deve haver literatura
disponível • Todos os tipos de pesquisa qualitativa.
Como seção específica (“Revisão da Literatura”) Abordagem positivista tradicional.
Estudos que requerem teorias ou referenciais sólidos. Ex:
• Teoria Etnográfica. • Teoria Crítica.
Literatura”) • Teoria Crítica.
Como seção final, para usos
comparativos com as descobertas.
Adequado a estudos qualitativos indutivos: a literatura não é guia, mas algo a ser contrastado com
os padrões e categorias identificados na pesquisa.
• Mais popular entre a Grounded Theory,
para comparar a teoria desenvolvida no estudo com as teorias já disponíveis.
• A revisão de literatura pode ser:
– Integrativa, quando se sumariza os grandes temas nela tratados (projetos de
dissertação/tese ou dissertações/teses);
– Teórica, quando se focaliza teorias existentes sobre o problema em estudo
(artigos);
– Metodológica, quando se focaliza métodos e definições, suas fraquezas e
vantagens (dissertações/teses e artigos).
• Dicas sobre planos metodológicos (quali/quanti):
– Se o estudo for qualitativo, localizar a literatura preferencialmente no início,
numa abordagem indutiva, a não ser que haja muita literatura sobre o tema. A numa abordagem indutiva, a não ser que haja muita literatura sobre o tema. A localização da literatura em um estudo qualitativo dependerá do efeito desejado sobre o público leitor (no início, para referenciar o tema; numa seção separada, ou no final, para comparar/contrastar com as descobertas).
– Num estudo quantitativo, usar a literatura dedutivamente, para avançar a
pesquisa sobre hipóteses a serem testadas. Usar a literatura para introduzir o tema, descrever literatura existente em uma seção separada, ou comparar as descobertas com a literatura existente.
– Se for usada uma seção separada para a “revisão de literatura”, considerar o
tipo (integrativa, teórica ou metodológica).
•
Passos da Revisão de Literatura (Creswell, 2003):
1. Identificar palavras-chave para posterior localização de
materiais bibliográficos.
2. Nas bibliotecas, usar as palavras-chave identificadas em
periódicos
e
livros
(usar
bases
de
dados
computadorizadas locais ou disponíveis na web).
Primeiramente, da área/tema, depois, de áreas/temas
Primeiramente, da área/tema, depois, de áreas/temas
correlatos.
4. Mapear a literatura em uma figura, na qual o estudo é
posicionado no conjunto das contribuições teóricas
identificadas.
5. Simultaneamente,
resenhar
os
artigos
/
livros
selecionados. As resenhas serão combinadas na revisão
de literatura do projeto ou do estudo final. Incluir as
referências detalhadas em cada resenha, seguindo as
normas, para facilitar sua posterior importação.
•
Se for a 1ª vez que pesquisa sobre o tema, usar artigos
contendo meta-revisões, enciclopédias ou resumos de
séries de periódicos.
•
Começar
com
estudos
de
periódicos
nacionais
respeitados, que relatam resultados empíricos recentes,
e retroceder no tempo, cf. as referências nele utilizadas.
•
Depois, ler livros ou capítulos de livros sobre o tema
•
referenciado nos artigos.
•
Buscar
sobre
o
tópico
em
anais
de
eventos,
principalmente os grandes da área (ex: ENANPAD).
•
Se
o
tempo
permitir,
buscar
resumos
de
Justiça Justiça Procedimental Procedimental nas Organizações nas Organizações Efeitos da Efeitos da Justiça Justiça Resultados Resultados ((MastersonMasterson, Lewis , Lewis
, , GolemanGoleman & & Taylor, 2000) Taylor, 2000)
Confiança (
Confiança (KonovskyKonovsky &
& PughPugh, 1994), 1994)
Suporte Suporte Organizacional Organizacional ((MoormanMoorman, , BlakelyBlakely
&
& NiehoffNiehoff, 1998), 1998) Comportamentos Comportamentos de Cidadania de Cidadania Organizacional Organizacional ((MoormanMoorman, 1991), 1991)
Justiça na Justiça na Mudança Mudança Organizacional Organizacional Formação de Formação de Percepções sobre Percepções sobre Justiça Justiça Motivos Motivos (Tyler, (Tyler, 1994) 1994) Conhecimento Conhecimento
((SchappeSchappe, , 1996) 1996) Climas Climas ((NaumannNaumann Explicações
Explicações História História
Passada Passada ((LawsonLawson & & Angle Angle, 1998), 1998) Desenvestiduras
Desenvestiduras ((GopinathGopinath & & Becker, 2000) Becker, 2000) Congelamento Congelamento Relocações Relocações ((DalyDaly, 1995), 1995)
Liderança Liderança ((WiesenfeldWiesenfeld, ,
FONTE: JANOVEC, 2001, apud Creswell (2003), p. 40.
Estruturas Estruturas Organizacionais Organizacionais
((SchminkeSchminke, , Ambrose Ambrose & & Crpanzano Crpanzano, , 2000) 2000) ((NaumannNaumann & Bennett, & Bennett, 2000) 2000) Voz (Hunter, Voz (Hunter, Hall & Hall & PricePrice, ,
1998) 1998) Congelamento Congelamento de Salários de Salários ((SchaubroeckSchaubroeck, , May
May & Brown, & Brown, 1994) 1994)
((WiesenfeldWiesenfeld, , Brockner Brockner & & Thibault Thibault, 2000), 2000)
Tomada de Tomada de Decisões Decisões Estratégicas Estratégicas
•
Resumindo estudos:
– Mencionar o problema que está sendo endereçado.
– Estabelecer o objetivo central ou foco do estudo.
– Descrever sumariamente a amostra, população ou
participantes do estudo.
– Revisar os resultados principais do estudo.
– Se a revisão for metodológica, sublinhar os caminhos técnicos
ou metodológicos utilizados no estudo. ou metodológicos utilizados no estudo.
•
Para estudos não-empíricos (ensaios teóricos etc.):
– Mencionar o problema que está sendo endereçado. – Estabelecer o objetivo central ou foco do estudo.
– Sentenciar as conclusões principais do estudo.
– Sublinhar os caminhos lógicos ou de reflexão, inclusive se o
•
Atenção às normas técnicas de referências!
•
Modelo de Revisão de Literatura:
1. Apresentar ao leitor a ordem das seções temáticas.
2. Revisar tópico 01, com as referências sobre as variáveis independentes. Considerar subseções, se for o caso de muitas variáveis independentes.
3. Revisar o tópico 02, incorporando a literatura sobre as variáveis dependentes. Considerar subseções, se for o caso variáveis dependentes. Considerar subseções, se for o caso de muitas variáveis dependentes.
4. Revisar tópico 03, revisar a literatura sobre a relação entre as variáveis independentes e dependentes, fulcro central do estudo.