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Uma análise sobre a violência doméstica: crimes contra a mulher na região sudoeste do Paraná / An analysis on domestic violence: crimes against women in the southwest region of Paraná

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 80360-80371, oct. 2020. ISSN 2525-8761

Uma análise sobre a violência doméstica: crimes contra a mulher na região

sudoeste do Paraná

An analysis on domestic violence: crimes against women in the southwest region

of Paraná

DOI:10.34117/bjdv6n10-453

Recebimento dos originais: 15/09/2020 Aceitação para publicação: 21/10/2020

Adriana do Val Alves Taveira

Pós-Doutora em Direito

Instituição: Centro de Sociais Aplicadas, Universidade Estadual do Oeste do Paraná campus de Francisco Beltrão.

E-mail: adriana_val_taveira@hotmail.com.

Guilherme Baggio Costa

Graduando em Direito

Instituição: Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Bolsista de Extensão no NUMAPE/FB. E-mail: guilhermebaggiocosta@hotmail.com.

Michaelli Maria Pires

Graduanda em Pedagogia

Instituição: Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Bolsista de Extensão no NUMAPE/FB. E-mail: michaellimaria@gmail.com.

Thaluan Rafael Debarba Baumbach

Mestrando em Educação Pedagogo

Instituição: Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Pedagogo no NUMAPE/FB. E-mail: Thaluanunioeste@gmail.com.

RESUMO

O presente texto almeja apresentar uma análise dos dados da violência doméstica na região Sudoeste do Paraná, com ênfase nos dados da Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico (CAPE). Para tal, partiremos de pesquisa bibliográfica e documental, através dos índices do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do trabalho desenvolvido pelo Núcleo Maria da Penha – NUMAPE/FB, da Unioeste de Francisco Beltrão. Como resultados, constatamos o aumento dos índices de registros dos Boletins de Ocorrências, no período de 2013 até 2017, com destaque para Francisco Beltrão, Pato Branco, Palmas e Dois Vizinhos, como as cidades com maior índice de violência. Concluiu-se que as ações desenvolvidas pelo NUMAPE/FB na região sudoeste do Paraná têm apresentado resultados significativos no tocante à prevenção da violência doméstica.

Palavras-chave: Violência doméstica; NUMAPE/FB; Sudoeste do Paraná. ABSTRACT

This text aims to present an analysis of data on domestic violence in the southwestern region of Paraná, with emphasis on data from the Coordination of Analysis and Strategic Planning (CAPE). To this end, we will start with bibliographic and documentary research through the indexes of the Brazilian Institute

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 80360-80371, oct. 2020. ISSN 2525-8761 of Geography and Statistics (IBGE) and the work developed by the Núcleo Maria da Penha - NUMAPE/FB, of the Unioeste de Francisco Beltrão. As a result, we verified the increase in the registration rates of the Bulletins of Occurrences, in the period from 2013 to 2017, with emphasis on Francisco Beltrão, Pato Branco, Palmas and Dois Vizinhos, as the cities with the highest rate of violence. It was concluded that the actions developed by NUMAPE/FB in the southwestern region of Paraná have presented significant results regarding the prevention of domestic violence.

Keywords: Domestic violence; NUMAPE/FB; Southwest Paraná.

1 INTRODUÇÃO

O presente texto almeja apresentar reflexões acerca dos dados relacionados à violência doméstica contra mulheres na região Sudoeste do Paraná. Com o objetivo de apresentar possíveis estratégias para lidar com a situação atual de criminalidade, apresentaremos o Núcleo Maria da Penha/FB, o qual, desde 2013, vem desenvolvendo estratégias preventivas, bem como atendimento jurídico. Em 2018 o Núcleo passou a contar também com o serviço de atendimento psicológico.

Para o desenvolvimento desse artigo, realizaremos uma análise documental, instrumentalizaremos a pesquisa com os dados da Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico – CAPE/FOZ, que nos cedeu os dados da violência contra mulheres, mediante ofício nº 03/2017. Nos dados cedidos, encontram-se informações que subsidiaram a construção de gráficos sobre os dias da semana em que mais ocorrem os registros de Boletins de Ocorrências, além dos meses em que com maiores índices de violência. Ademais, foi estabelecido, neste ano, contato com o setor de planejamento da Polícia Militar da microrregião de Francisco Beltrão, a fim de coletar dados relacionados aos municípios de Francisco e Dois Vizinhos. Destacamos que os dados disponibilizados pela CAPE/FOZ para tal análise não possuem o filtro que diferencia os registros de ocorrências entre Polícia Civil e Militar.

Tendo em vista que o primeiro contato de uma mulher em situação de violência doméstica geralmente é estabelecido com a Polícia Militar, faz-se necessário, portanto, um contato direto com os dados desse órgão. De tal modo que identificamos a necessidade de abordar a temática da violência contra a mulher, analisando os dados e levando em consideração o papel do NUMAPE/FB no cenário atual. Dessa forma, abordar tal temática em ambiente universitário é de suma importância, tendo em vista o papel social das universidades na produção de conhecimento e o caráter formativo das novas gerações.

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2 NUMAPE: NÚCLEO MARIA DA PENHA – FRANCISCO BELTRÃO E AS AÇÕES PREVENTIVAS DESENVOLVIDAS NA REGIÃO SUDOESTE

No Mapa da Violência 2015 encontramos informações centrais sobre a agressão contra a mulher no Brasil. O documento indica que dos 4.762 homicídios de mulheres registrados em 2013, 50,3% foram cometidos por familiares, sendo a maioria desses crimes (33,2%) cometidos por parceiros ou ex-parceiros (INSTITUTO PATRICIA GALVÃO, 2019). Tais números demarcam a cotidianidade e a banalidade com que a sociedade, muitas vezes, trata a violência contra a mulher, e da mesma forma a necessidade urgente de ações que tenham como função debelar tal violência.

O Núcleo Maria da Penha – NUMAPE pretende cumprir a função de atuar na prevenção da violência doméstica por meio de ações informativas/preventivas (palestras para grupos de mulheres, ciclos de oficinas, práticas pedagógicas para estudantes do Ensino Fundamental e Médio, realização de minicursos, formação de profissionais da rede de proteção, dentre outras), atendimento jurídico (atendimento de acordo com o previsto na Lei Maria da Penha e legislações correlatas, realização de divórcios de mulheres em situação de violência doméstica) e geração de renda (parceria estabelecida com o Patronato/Francisco Beltrão e que prevê realização de cursos de corte e costura; cama, mesa e banho – Tecendo a cidadania) e psicológico (atendimento individualizado, de forma contínua, que proporciona à mulher autonomia e segurança para sair da situação de violência).

Percebe-se que muitos estudos apontam as dificuldades para efetivação da Lei Maria da Penha, como Mistretta (2011), Carneiro e Fraga (2012), Amaral (2012), Cristóvon et. al. (2018), dentre outros. Cristóvon et. al. (2018) destacam a função social da escola em relação ao tratamento da violência de gênero no ambiente escolar e apresentam o papel preventivo da educação. No entanto, percebem que:

[...] a falta de formação dos professores, a superlotação das salas de aula, e o pouco tempo que a escola disponibiliza para trabalhos que não estejam relacionados com o currículo formal, culmina então, na inexistência quase total de atividades que trabalhem com o tema da violência doméstica contra as mulheres, discutindo a Lei Maria da Penha e relacionando a atual situação da mulher na nossa sociedade com as discussões de gênero que são extremamente importantes no cenário atual, tanto escolar quanto social (CRISTÓVON et. al., 2018, p. 662).

A experiência com atendimento de mulheres em situação de violência indica o significado de criar momentos de roda de conversa em que esta temática possa emergir sem que haja julgamento social das mulheres, criando um sistema de constantes informações sobre legislação e esclarecimentos dos processos que ocasionaram as assimetrias de gênero. Bem como, destacado por Cristovon et. al. (2018) a temática da violência contra a mulher tem sido um tema naturalizado e:

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[…] banalizado pela sociedade, o que torna as discussões ainda mais veladas pela comunidade escolar. A banalização e a naturalização da violência de gênero ocorrem pela sociedade e é uma construção histórica e cultural, advindas da sociedade patriarcal da qual ainda fizemos parte (CRISTÓVON, et. al., 2018, p.622).

O Núcleo visa à promoção de assistência jurídica, psicológica e educativa às mulheres que vivem em situação de violência doméstica no município de Francisco Beltrão, bem como oferecer assistência e orientação jurídica em relação aos Direitos Humanos das mulheres em situação de risco; realizar divórcio das mulheres em situação de violência doméstica; esclarecer a importância das questões de gênero para a cidadania e proposições de políticas públicas; realizar minicursos e debates sobre legislação e defesa dos direitos das mulheres; produzir e disseminar a utilização de um kit pedagógico para trabalhar a temática dos direitos das mulheres com crianças do Ensino Fundamental (I e II); produzir proposta pedagógica para trabalhar questões de gênero e violência doméstica com estudantes do ensino Médio; atuar na rede de proteção à mulher no município de Francisco Beltrão; realizar trabalho conjunto com os agentes de saúde para fazer levantamento dos números da violência contra a mulher; atuar no coletivo de mulheres, do Sindicato de Trabalhadores Rurais para atender as mulheres do campo em relação a violência de gênero; trabalhar geração de renda com mulheres em situação de violência doméstica no Ateliê Tecendo a Cidadania.

Consiste o NUMAPE em um projeto de extensão da Universidade Estadual do Oeste do Paraná e é fomentado pelo Programa UNIVERSIDADE SEM FRONTEIRAS e Subprograma Inclusão e Direitos Sociais, da Cidade de Francisco Beltrão – PR. Está presente em todas as Universidades estaduais do Paraná e faz parte das ações de apoio do Estado à rede municipal no trabalho com as mulheres em situação de risco. Na UNIOESTE, Universidade multicampi (Cascavel, Marechal Cândido Rondon, Toledo, Foz do Iguaçu e Francisco Beltrão), desenvolve ações preventivas, por meio de intervenções de âmbito municipal, exceto nos campi de Marechal Cândido Rondon e Francisco Beltrão que desenvolvem essas ações de forma regional. O segundo, foco dessa pesquisa teve início as suas atividades no ano de 2013 e a partir do ano de 2018 foi institucionalizado o caráter regional, atribuindo ações preventivas nos 42 municípios da região sudoeste. Vale ressaltar que, no mesmo período em que deram início as atividades do NUMAPE/FB foi implementado na cidade de Londrina, pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), sendo assim, os dois primeiros Núcleos a serem criados no Estado do Paraná. No ano de 2019, o NUMAPE de Francisco Beltrão passou a ter atuação e atendimentos Jurídicos e Psicológicos no município de Dois Vizinhos, por meio de convênio formado com o judiciário da comarca.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 80360-80371, oct. 2020. ISSN 2525-8761 Para o desenvolvimento das atividades, segundo o edital Nº 03/2019, o NUMAPE/FB conta com uma equipe multidisciplinar, sendo uma Psicóloga formada; uma advogada formada, um orientador da área do direito e dois graduandos do curso de direito; um pedagogo recém-formado e uma graduanda do curso de pedagogia. Quanto às atividades desenvolvidas pelos bolsistas:

Art. 2º – Os bolsistas recém-formados desenvolverão as atividades abaixo descritas, sob a coordenação dos professores-orientadores: 1. Reuniões de Trabalho: discussões teóricas e planejamento das atividades; 2. Levantamento Bibliográfico; 3. Trabalho de Campo e coleta de dados; 4. Elaboração de relatórios (parcial e final); 5. Realização das atividades previstas no Plano de Trabalho; 6. Análise dos dados obtidos em conjunto com os professores-orientadores e parcerias do projeto; 7. Organização e realização de seminário para socialização das atividades; 8. Informações sobre legislação referente aos direitos das mulheres; 9. Apoio jurídico às mulheres vítimas de violência; 10. Divulgação de legislação que protege os direitos das mulheres; 11. Envolvimento nas atividades dos Grupos de pesquisa vinculados ao projeto; 12. Estudos e elaboração de artigos (para publicação); 13. Avaliação das atividades desenvolvidas (UNIOESTE, 2019).

Ademais, os bolsistas graduandos desenvolvem atividades relacionadas à sua formação acadêmica, visando à atuação em um campo profissional, dentro da especificidade do projeto, e do plano de trabalho:

Art. 6º – O bolsista graduando em Pedagogia e/ou Geografia e Direito desenvolverão as atividades abaixo descritas, sob a coordenação dos professores-orientadores: 1. Reuniões de Trabalho: discussões teóricas e planejamento das atividades; 2. Levantamento Bibliográfico; 3. Trabalho de Campo e coleta de dados; 4. Elaboração do relatório parcial; 5. Participação no planejamento e organização de reuniões periódicas; 6. Realização das atividades previstas no Plano de Trabalho do projeto; 7. Análise dos dados obtidos em conjunto com os professores-orientadores e parcerias do projeto; 8. Organização e realização de seminário para socialização das atividades; 9. Estudo e elaboração de artigos (para publicação); 10. Avaliação das atividades desenvolvidas; 11. Informações sobre legislação referente aos direitos das mulheres; 12. Divulgação de legislação que protege os direitos das mulheres (UNIOESTE, 2019).

O Plano de trabalho supracitado compõe um planejamento de ações a serem desenvolvidas pelos bolsistas, sejam eles recém-formados, orientadores ou graduandos. Neste trabalho focamos na área das ações preventivas, exercida, especificamente pelo viés pedagógico, sendo um dos diferenciais desta área o material denominado “NUMAPE pedagógico”, o qual auxilia tanto os professores quanto os alunos nas escolas. O mesmo tem como função principal apresentar possibilidades do trabalho de construção e reconstrução dos padrões impostos socialmente, no que tange às relações de gênero e violência doméstica contra a mulher, dentro da sala de aula, relacionando com as disciplinas.

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3 UMA ANÁLISE SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO ESTADO DO PARANÁ: UM OLHAR PARA A REGIÃO SUDOESTE

O fluxograma de atendimento às mulheres em situação de violência doméstica perpassa as ações de diversas entidades, sendo elas de segurança, assistência social, educação e saúde. Na maioria das vezes, o atendimento inicial à mulher em situação de violência doméstica é realizado pela Polícia Militar, em seguida a mesma é encaminhada para acompanhamento da rede de proteção, que na cidade de Francisco Beltrão é composto por NUMAPE, CRAS/CREAS, Delegacia da Mulher, polícia militar e secretaria municipal de saúde. Nesse contexto, a partir desse capítulo, apresentaremos os dados referentes à população da região sudoeste, com ênfase no sexo feminino. Em seguida, traremos a discussão acerca dos dados da violência contra mulheres na região sudoeste do Paraná. Por fim, apresentaremos os dados dos registros na cidade de Francisco Beltrão e Dois Vizinhos, ambos os municípios da região sudoeste com alto índice de registros de ocorrências.

Gráfico 1: População feminina do Estado do Paraná por faixa etária

Fonte: IBGE, Censo demográfico 2010

A população total do Estado do Paraná no período pesquisado foi de 10.444.526 pessoas (IBGE, 2019). Nessa população, 5.313.532 são mulheres, configurando 50,87% da população total do Estado como feminina. Considerando que a maior parte dessa população se encontra em vida economicamente

0 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 a 69 anos 70 anos ou mais 0 100000 200000 300000 400000 500000 600000 700000 800000 900000 349936 377268 445734 458368 449437 443710 828867 758057 566528 353101 282526

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 80360-80371, oct. 2020. ISSN 2525-8761 ativa1 faz-se necessário o desenvolvimento de políticas públicas voltadas a atender essa parcela demográfica. No gráfico abaixo apresentaremos os registros de ocorrência de violência doméstica no Estado do Paraná:

Grtáfico 2: Violência doméstica contra a mulher: Estado do Paraná

Fonte: CAPE – Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico

No período de 2013 até setembro de 2017 foram registrados 150.633 Boletins de Ocorrências nos quais as vítimas2 foram mulheres e o crime ocorrido teve envolvimento de um autor de violência,

utilizando a Lei Maria da Penha.

Além disso, percebe-se que houve aumento do número de denúncias no decorrer do período analisado, concomitante à implementação dos NUMAPEs no Estado do Paraná. Nota-se a relação entre esses dois fatos, pois, quando as mulheres em situação de violência doméstica acessam o conhecimento sobre o que são as violências, quais os tipos e onde procurar ajuda, há a contribuição para que consigam efetivar as denúncias, daí o papel crucial das conversas e discussões sobre a temática na sociedade. No gráfico a seguir apresentaremos o número de ocorrências por dia da semana:

1Consideraremos vida economicamente ativa a definição aplicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística que

compreende o potencial de mão de obra com que pode contar o setor produtivo, isto é, a população ocupada e a população desocupada, assim definidas: população ocupada – aquelas pessoas que, num determinado período de referência, trabalharam ou tinham trabalho mas não trabalharam (por exemplo, pessoas em férias).

2 Termo utilizado, tecnicamente, por órgãos de segurança pública.

Ano 2013 Ano 2014 Ano 2015 Ano 2016 Jan à Set 2017

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000 6247 25699 35376 37448 45863 Nº de B. O.

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Gráfico 3: Dias da semana que ocorrem os atos de violência

Fonte: CAPE – Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico

Os dados referentes aos dias da semana em que ocorrem os atos de violência são contundentes em relação aos finais de semana. Sábado e domingos se destacam, no que se refere aos dias em que mais ocorrem os registros de ocorrências. Vale ressaltar que os registros que acontecem fora do horário de expediente são efetuados pela Polícia Militar, sendo possível realizá-los pela delegacia da Mulher (Polícia Civil) apenas nos horários de atendimento (8:00h às 18:00h), com intervalo de uma hora no atendimento (horário de almoço). No entanto, os registros são encaminhados para devidas providências, como investigação, apuração dos fatos e solicitações de medidas protetivas mediante a delegacia da mulher.

Vê-se que nos finais de semana os autores de violência estão em convívio geralmente ampliado com as mulheres em situação de violência, tendo também o agravante da bebida alcoólica e uso de drogas, como citam COSTA, et. al (2015): “[...] o uso/abuso de álcool e drogas está relacionado à presença de violência doméstica, dependência química na família e a vivência na presença de violência”. A seguir, apresentaremos os dados relacionados à violência contra mulher no contexto dos municípios de Francisco Beltrão e Dois Vizinhos no ano de 2019.

DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB

0 50 100 150 200 250 300 350 Ano 2013 Ano 2014 Ano 2015 Ano 2016 Jan/Set 2017

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Gráfico 4: Números de registros de ocorrências da Polícia MilitarFonte: P3 – Setor de Planejamento da Polícia Militar de Francisco Beltrão

A diferença de população entre os dois municípios é de em torno de 36 mil habitantes aproximadamente, assumindo que Francisco Beltrão tenha cerca de 91 mil habitantes e Dois Vizinhos chegue a 55 mil (IBGE, 2019). Nesse contexto, os índices devem ser proporcionalmente mais baixos na cidade de Dois Vizinhos, conforme se constata no gráfico acima. No entanto, vale destacar a presença do NUMAPE na cidade de Francisco Beltrão desde 2013, o histórico do trabalho preventivo que é desenvolvido em escolas, bem como toda a assistência psicológica e jurídica oferecida pelo núcleo nos últimos anos, possibilitando atendimento qualificado para as mulheres em situação de violência, ao se sentirem amparadas a realizar a denúncia. No mês de julho o número diminui significativamente, tendo em vista que os dados apresentados vão apenas até a metade do referido mês. Em seguida, apresentaremos os dados referentes aos dias que ocorrem os registros nas cidades analisadas, no ano de 2019.

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho

0 5 10 15 20 25 30 35 25 21 28 21 33 22 8 6 12 9 15 9 5 9 Francisco Beltrão Dois Vizinhos

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Gráfico 5: Dias da semana que ocorrem os atos de violência

Fonte: P3 – Setor de Planejamento da Polícia Militar de Francisco Beltrão

Enfim, os dados registrados pela Polícia Militar representam os dias em que ocorrem os registros de violência contra mulher nas cidades de Francisco Beltrão e Dois Vizinhos, tendo o mesmo perfil do gráfico de mesmo propósito dos anos anteriores, sendo que sábados e domingos são os principais dias em que ocorre a violência.

5 CONCLUSÃO

No trabalho apresentado demonstramos a importância de se debater a violência doméstica contra as mulheres na região sudoeste do Paraná. O Núcleo Maria da Penha, que atua como um projeto de extensão na Unioeste, campus de Francisco Beltrão, afeta a vida de milhares de mulheres ao atuar na prevenção e coibição da violência doméstica. Assim, enxerga-se a violência de gênero através de uma perspectiva interdisciplinar, por meio dos campos de conhecimento da pedagogia, direito e psicologia, os quais se entrelaçam na defesa dos direitos das mulheres.

A partir dos dados elencados no artigo, percebemos que há a necessidade institucional de construir políticas públicas e projetos com o intuito de conscientizar e sensibilizar a sociedade perante

Domi ngio Seg unda - fe ira Terç a - f eira Quar ta - feira Quin ta - feira Sex ta - feira Sáb ado 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 45 9 23 13 23 13 32 18 11 4 5 3 7 17 Francisco Beltrão Dois Vizinhos

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 80360-80371, oct. 2020. ISSN 2525-8761 a violência doméstica e familiar. Considerando o papel histórico e social das universidades, o Núcleo Maria da Penha cumpre esse trabalho preventivo e consolidado no município de atender mulheres em situação de violência, tipificada na lei 11.340 de 2006, além de exercer, pedagogicamente, atividades em espaços sociais (escolas, universidades, clubes de mães, grupos de idosos e adolescentes, etc).

A atuação do Núcleo, conforme apresentada anteriormente, configura um mecanismo fundamental para as mulheres denunciarem e procurarem ajuda frente à situação de vulnerabilidade e violência em que estão inseridas. O crescimento exponencial de registros de boletim de ocorrência de 2013 à 2017 indica, portanto, que as mulheres estão cada vez mais denunciando as violências que diariamente enfrentam. Os altos índices de violência contra as mulheres se deve, conforme verificado pelos dados, a uma articulação de forças culturais, sociais e políticas de misoginia, ou seja, de silenciamento dessas mulheres. Nessa atmosfera cultural, o Núcleo surge desconstruindo padrões sociais machistas e trabalhando em rede com as instituições públicas na defesa do exercício de um direito fundamental a todas as pessoas, que é o direito de viver sem violência.

REFERÊNCIAS

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Gráfico 1: População feminina do Estado do Paraná por faixa etária
Gráfico 3: Dias da semana que ocorrem os atos de violência
Gráfico 4: Números de registros de ocorrências da Polícia MilitarFonte: P3 – Setor de Planejamento da Polícia Militar de  Francisco Beltrão
Gráfico 5: Dias da semana que ocorrem os atos de violência

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