• Nenhum resultado encontrado

Recursos de indeterminação do sujeito

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Recursos de indeterminação do sujeito"

Copied!
149
0
0

Texto

(1)

por

obtenção do gr:1u de ~k'st r c em ;jpni!Ístlc:l. "

(2)

Ao .Joaquim,

o maior inccntivudor dos metis estudos.

(3)

AGRADE C !MENTOS

Durante o período de elaboração destn d"i :::;scrta ça.o, algumas pessoas colaboraram intensamente e a elas de-vo minha gratidio:

a

À Pro f- Ilra. Lucy Seki, pe'ln suu incansável,

)Jaciente e sempre segura orientaç~o.

À Prof~ Dra. Charlotte Galves, pela

colabora-çao amiga e extremamente valiosa, que contribuiu para elu-cidar muitas pontos desta dissertaç~o.

Agradeço também ao ProL Dr. Atal:iba de Casti-lho pela orientação e estfmulo na fase inicial deste tra-balho.

E

à

FAPESP, cujo auxÍl:io financeiro foi funda

mental para a realização desta dissertação.

(4)

Rl:SUG!O

lo. Ap()s dcmonstrarrncs a lnadcqucu._::io da an;Íl i se~ da grarna-tica tradJcional :J respeito do assunto, prouJramos concci

tuar o fen6meno opondo-o

â

detcrm1naç~o. :JsSlm como; indc finlção c

à

impc;;sn~dizaçüo. P:t';:,,nnos em sc:,~.ui(h ~ aprc~ scntação das expn:ssOcs indctcrminadora~',, cu!ot:ando ('In cvi d~nci8 inicialmente a dcscriç5o Jo tJSO c tio coJnporl:tmcnto semintico Jos pronomes a gente~ vucc c eles; em seguida, a análise da forma (0 + 3'.! p.s.). examinada a luz dd Gramá tica Gcrativa Transformacional "standanl" c estendida; a

qucstio da ft1nção Jo pronome se (na construç~o f0 + VERBO+ se)), argumentando-se a favor dt"' un1sídcrá-lo somente como inJctcrminaJor c não tamh6m como ap:1ssivodor, como prcscrc vc a gramiít icn tradlt:ion;ll; e :1ind~1, n c,·cuHc

(0 + 3~ p. pl.) c Úl + infinitivo), propondo - ( ,, 3" ..

1

juntamente com a construç.ao '-l" + , - p. s.,,

fonnas para estas, um tratamento

homog~neo do ponto de vista sint5tico. Sio tamb6m focali-zados alguns aspectos da indeterminação sob o prisma

con-textual c pragmitico.

Autor: iiJ~ntia Mi lallc<:.

Orlcntador: Profa.Dr;L J.ucy Scki UN!C/\1\W - 1 OK2

(5)

f N D I C E

I ntro uçao . . . . d - l Notas da Int redução .. , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . g

Capitulo I :O Conceito de Indeterminação ... 10

1. O enfoque da Gramática Normativa Tradicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2. A indeterminação: elementos para delímitação do conceito ...•...••..•.. 2::1 Z .1. Determinação c Indeterminação , • . . • • • 24 2.2. Indeterminação e Indefinição . . . 37 2. 3. O que se indetermi na . . . • • . . . • • • • . . 43 2.4. Indeterminação e Impessoalização .... 47

N

d l-

-

l

l

, o tas o ,ap1tu o . . . . Capftulo IT : Descriçio dos RccLtrsos de Indeterminação ... 1. Indeterminação com sujeito lcxical . • . . . 49 51 52 1.1. A gente . . . 55 l . l . Você 1.3. Eles

...

'

... .

56 60 2. Indetermlnaçio sem sujeito lexical ... 6~

2.1. A forma

(r/>+

::sa. pessoa singular} 2.2. A form;:! ( r,6 + :)a, pessoa plura'Jl 2.3. A forma (

0

+verbo + se) 2.4. A forma ( ~ + infinitivo) \rotas do Capítulo II

...

79

Capítulo III : A. Indeterminação e o Discurso . . . . . . . . . 80

1. Graus Jc Indeterminação . . . 80

2. Funções da InJctcrnünaçi:io . . . . • . . . . . . . . • 83

Notas do CapÍtulo III . . . . . . • . . • . . . . . . . . . . . . . 92

'apítulo IV A Funçao do Pronome SE . • . • . • • . . . . • . . . . . . . 93

Notas do Capitulo IV ...•... 106

(6)

C<.lpÍtulo V Anilisc dos Rcctlt·sos de lndctcrminaç5o

Desprovidos de Sujeito Lexica1 • . . . . . . . . . . . • . 107

1. A forma

(0

+ 3a. pessoa singular) 1.1. A Teoria Standard da Gram5tica Gerativa Transformacional e a Questão do Apagamento... 108

1.2. A Teoria Padrão Estendida: a teoria interpretativa

...

~

.

124

2. A teoria do "controle'' e a forma

(Íí

+ 3a. pessoa plural) .. .. . .. . .. .. . . . .. 128

3. A construção SE ... 130

4.

A

distinção entre a forma passiva sem agente c os recursos de indc-terminação

...

130 Notas do Capítulo V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134 Considerações F.1nais . . . . . . • . . 135 Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 Abreviaç.ões . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142 Apêndice . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 Vl

(7)

I N T R O U li I" A O

tar um estudo do fenômeno dn indetermin:n,:no do :>ll!('Jto português oral, vlsando sobretudo a desl:rJçáo de :·iC11:> cursos,

!;O

Nas gramáticas escolares sao apresentadas ape-nas duas expressões indeterminadoras: a 3ê pessoa do plu-ral despronominalizada (sem sujeito lexical) e a ,)ê do sin

gula r dos verbos intransitivos acompanhada do pronome se. No entanto. conforme ire·mos demonstrar neste trabalho 1 há no português urna série de outras formas para expressar a

indeterminação.

Na vcnltlde, nem todas foram ninda tratadas pe-los estudiosos da lfngua, como

&

o caso da 3~ pessoa do

singular despronominalizada. que nunca foi citada pelos au tores da grãmatica tradicional nem analisada pelos atuais e que, entretanto, se revela como mn dos indeterminadores mais comuns no dialeto por nós examinado: a fala culta pau listana. Por esse motivo, o referido recurso merecerá a-tenção especial nesta dissertação, onde dedicamos todo um capítulo para a análise de sua formação sintática.

A gramática tradicional nao leva em conta ex-pressoes típicas da linguagem or<Jl, encarando-as como "ano

-malias", uma vez que e prescrvadoTa da normn de apenas urna variedade da lÍngua: a escrita culta lJter;íria. No

(8)

entan-to. gTaças as luzes trazidas pela LingÜfstica, snbe-se at1.1.al mente que o estudo Jessas expressões

i5

extremamente ir!-·

portante para o cotthecimento cientifico da lfngua, :1l~m de fornecer subsidies para tornar mais cficuz 'l ""]·1-,,.,,,;;0 c _, ,_ '-\-'--' de ens1no.

Com efeito, um fato que nos motivou a desenvol ver a pesquisa no âmbito da linguagem oral foi a observa·-çao de que o que se ensina nas escolas sobre a indetermina çao

é

algo muito restrito e muito distante da atuação oral do falante. Dai a decisão de examinarmos o grau desse dis tanciamento no nível da linguagem falada culta (a qual se-ri caractese-rizada na pigina 4) mais pr6xima do que se consi dera como lÍngua "padrão11

, ensinada na comunidade. Para

tanto. valemo-nos do corpus do PRO,JETO NURC (Projeto de Es tudo da Norma Urbana Linguístíca Culta), de São Paulo, Ca-pital, num total de 20 horas de gravação.

Podemos adiantar que os resultados do levanta-mento das ocorrências do referido corpus vieram confirmar -esse distanciamento entre o que se ens1.na e o que se fala, uma vez que foram encontrados mais de dez recuTsos, além dos dois apontados pela gramática trHdicional. Isto (lem-bramos) no dialeto mais próximo da 1 inguagem considerada "padrão", ou seja, com informantes de- nlvel universitário, em situações semi-formais e formais.

Alªm disso, o que nos parece importante no es-tudo da li_nguagem oral é a oportunidade de se to:mar

(9)

conhe-cimento daquilo que Labov (1975) chama Jc "variaçôcs sists:_ máticasq. Ou seja, segundo o autor, ex!st:e nas van;1çocs

lingtlística.s (chamadas tradlciona1mcnte de "desvios") um aspecto sistemático que permite a fnrmulaçilo de rcgr:~~.; pr~ prias. Portanto, a nosso ver, torna-se ütteress«nte o cnn

fronto da norma pedagógica (iJnposta no ensino das lÍnguas como a linguagem modelo, padrão) com a norma no sentido a-pontado por Labov. de variação sistemática, ou seja, o uso generalizado de formas ling"Uísticas,indcpcndcnte da obediên c ia a norma pedagógica. Assim, por exemplo, o uso de uma 3~ pessoa despronominalizada, sem antecedentes. que se ria normalmente considerada como erro ou desvio das normas da escrita, revelou-se como norma da fala na expressao da indeterminação, ao lado de outro.s recursos.

Assim. tendo em vista todos esses fatores tio importantes ao conhecimento integral da 'lÍngua, esperamos trazer, com este trabalho, alguma contribuição ao estudo do português oral do Brasil, o qual só recentemente teve

iniciado o seu

desenvolvimento.

Quanto aos nossos objetivos específicos, podem ser resumidos nos seguintes: apresentar a variedade de

re-CUTSOS de que se vale o falante para expressar a

indeterr:0-naçao; explicitar este conceito, distinguindo-o de outros

dois, aparentemente semelhantes, que sao: a

ímpessoaliza-çao e a indefinição; e finalmente, nos deter na

(10)

extensi-I.

vo, que e o caso das form:J.s i 1' \ ~' + .

.

p. SHlj!,-)

(0

+ 5~ p. pl.),

(0

+ l_nCinit:ivo;

+ .se).

mativa TraJicionul (GN'f) a respeito da indetorminnção, e

chegamos

i

conclusio de que a mesma 6 insatisfat6ria, por-que nio criteriosa para tratar do assunto. Recorremos en-tão

à

Gramática Gerativa Transformacional (GGT) para a anã li se dos nossos dados, a qual se mostxou um instrumento de grande valia) sobretudo para a questão das formas de inde~ terminação desprovidas de sujeito lexical, citadas no par~

grafo anterior.

Tivemos que apelar também para a Semântica e a Pragmática, na medida em que o processo de indeterminação escapa do nível puramente sinúitlco. Assim, fnram cons.id_::: rada5 ;Js funções c efeitos da indctcnnl na\<lu, seus graus

de abrang~ncia e as pessoas envolvidas nesse r•rocesso da

lÍngua. Além disso para a caracterização e aruil:ise damai~ ria de seus recursos, ti vemos que levar em conta) como con diçio essencial, o aontexto.

Assimt o fato do nosso trabalho apresentar uma certa heterogvneidade de tratamento do assunto tem por causa essa abrangência "da indeterminação a d:l ferentes ní veis da lÍngua, os quais estão, por sua vez,

(11)

estreita-5.

mente relacionados.

Foram pura nos de grande urilillucle ;Jlgurnus o-bras recentes que, se não obordam extcJJSivan!entc c1 assunto

da indeterminaç~o. ji mostram vivo interesse ao menos pelo

problema do pronome se., questionando ns afirmações da CNT sobre esta questão, e procurando chegar a uma conclusão so bre a verdadeira função deste pronome. São, por exemplo, as obras de Ikeda (1977) e Nascimento (1979),

Quanto ao corpus utilizado para a pesquisa, te mos os seguintes esclarecimentos a fazer:

Este, conforme já dissemos, pertence ao PROJE-TO NURC, que por sua vez, tem origem latino-americana, te!} do sido proposto inicialmente para o estudo das variaç6es do espanhol da América Latina e posteriormente estendido ao estudo do portugu~s. Seu interesse baseia-se no exame da linguagem oral culta das capitais, Oll seja, D linguagem fa lada de maior prestígio dentro Jc uma comunidade. nada a dificuldade de estabelecer um crit~rio para a definição de falante "culton, tomou-se como mediria o nível de escolari-dad.e universitária. Para cada capital foi fixado um co:r-pus de 400 horas, com 600 informantes de ambos os sexos, a partir dos 25 anos de idade.1

Do referido corpus tomamos 20 horas de grava-ção distribuídas em tr~s tipos de entrevistas:

(12)

Diilogo entre dois infoTmantcs (ll2J:

Diálogo entxe o informante ~.:;~ o Uocwnentaclor (DID];

Elocuçio Formal (EF).

Das três entrevistas. D2 é a mais cspontanea, uma vez que dois informantes dialogam livremente, sendo

m.[

nima a intervenção do documentador. e EF

é

a menos espantE_ nea, pois o informante encontra-se em situação pÚblica, fa lando para um auditório, em palestras ou aulas.

Sabemos que o

PROJETO NURC

ainda conta com um outro tipo de entrevista, que e a ma1s informal de todas: as Gravações Secretas (GS). Porém, devido ã falta de mate rial em nossos arquivos, nio tivemos acesso as mesmas.

Assim, o material examinado para esta pesquisa pode ser considerado, conforme já observamos anteriormente. como representativo da fala culta paulistana do nfvel eemi

formal ao for:,wZ.

Nas entrevistas DID e DZ, cada informante ire quisitado a discorrer sobre um tema diferente (os meios de comunicação, viagens e transportes, o comércio. a alimenta çao, o vestuário. o ciclo de vida, a saúde, etc .•• ) e emb~ ra o falante prefira, algumas vezes, conduzir o assunto na

1~ pessoa, apresentando suas opiniões pessoais e narrando suas pr6prias experi~ncias. o que predominou realmente, nos tr~s tipos de entrevista foram assuntos de interesse geral. Este fato contribuiu para que o c.orpus apresentasse um

(13)

-grande numero tlc indctcrmin;JJorc:-;.

Faz-se necessário explicitar qne n ut i l i zac;2n do corpus do PRO,JETO NURC para a Teal i::,aç5o dc;;tc tr; halho. se hem que de funü~n1H~ntal lmpoTtÔncia, niln si;'.IL fica vincu

'

- 4 I

laçao ao mesmo, ac1ando-se a nossa pcsctujsa total•ilentc in dependente.

11 importante também esclarecer que os recursos aqui examinados são os que foram encontrados no corpus. Is so, todavia, nio esgota o invent5rio das expressBes de in-determinaç.ão, que não

é

limitado, mas. ao contrário,

abe_.r-to a inGmeras estrat~gias sintiticas e scminticas

dA

lin-gua.

O trabalho se estrutura da seguinte maneira: Inicialmente analisamos o conceito de indeter-minação, apresentando o ponto Jc vista da GNT e em seguida, a nossa proposta .:1 esse respeito. procurnntlo d1stJng1liT o

pessoaLização .

.Passamos então a uma parte essencialmente dcs-critiva dos recursos encontrados no corpus, procurai! do mo2_. trar as caracterfsticas sintãtico-sem5nticas de cada um e a forma como ocorreram.

O Capftulo IJl

6

dedicado a uma an5lise de as-pectos semintico-pragmiticos da questão, ou seja, sao ana-lisados os graus e as funções da indeterminação. Neste

(14)

item, foram de grande utilidade para 11os :1s ollras Jc 1-'i~uej

'

-ra (1980) c Orlandí (1981).

Finalmente, pas~amos

à

parte puramente tcÔTica de nosso trab3lho, que é tamhêm a mais 1onra. \o C::Jr:,[tulo

"

fV, dedicado

à

CQiltrovertiJa ([UCStiio de: pronome S(', etrgll·"

mentamos a favor de se considerar este pronome comtJ ir11lr·-terminador, Tejeitando a po.SJ.Ç<Jo Ja Ci\T que vê no mcsmotam

b-êm a função de apassivador. No Capltul.o V abordamos al-guns assuntos que estão interligados:

a) A formação sintática do recurso de

indeter-minação(~+ 3~ p. sing:) examinando-se se o mesmo consti-tui ou não um caso de APAGAf<.fENTO previsto pela Gramática Gerativa Transformacional.

b) A

correlação

desta forma com as

outras

des-pronorninalizadas: (~ + 3_": p. pl.). c~ + infinitivo), (~ +

VERBO + se), propondo para as mesmas um t-ratamento homogê-neo do ponto de vista sintático.

c) i\ inda no Capítulo V, bnscando-nos na distin çao entre a indeterminação e a indefiiLiçüo apresentada nes te trabalho, procuraremos justificar a nossa posiç.ão de não considerar a forma passiva sem agente expresso como um recurso de indeterminação, pelo fato de reconhecermos na mesma caracte-rísticas que a aproximam da i-ndef·tnição.

Esclarecemos que este trabalho não tem a pre-tensão de ser um tratamento completo do assunto. Espera-mos, no entanto, que a visão geral do fenômeno da indeter-minação motive estudos posteriores sobre este processo da lÍngua.

(15)

N O T A S 1J _\ l N T R O 11 U Ç A O

1. As entrevistas, conferências nu aula."1 quv fonn:Jm n vor-pus do PRO,JETO NURC foram gravadas c trnnscri tas por uma equipe treinada para isso. As grava~6es foram por nos ouvidas sempre que se fizeram necessirios maiorcses

clarecimentos sobre os dados.

2~ O PROJETO NURC, prevendo os diversos assuntos que pos-sam ser desenvolvidos com relaçiío no português, elabo-rou um Guia-Questionário para cada um, procurando diri-gir a pesquisa., de modo a torná-la comum a todas as ca-pi tais do Brasil. pretendendo posteriormente confrontar os resultados.

(16)

1.

o .

C A P

!

T U L O l

O CONCEITO DE !Nlll'TERM l NAÇliO

1. O enfoque da Gramática Normativa Tradicio-nal:

Examinando-se os autores da GNT com relação ao

. l . d . - 1

conceito (e 1n eterm1naçao, observa-se o seguinte:

A) Esta propriedade ~ atribufda ao sujeito (f! la-se em 11

Sujeito indeterminado!!), embora este termo nunca seja definido satisfatoriamente. porque sempre tratado de forma não criteriosa. como veremos ainda neste capitulo.

B) As ocorrincias de sujeito indeterminado res tringem-se, para esses gramáticos, :.1 dois tipos fundumen-tais: a

3!

pessoa do singular dos verbos intransitivos ou transitivos indiretos acompanhada do pronome se_, e a 3~ pessoa do plural despronominalizada. S5o exemplos de um e outro cnso, respectivamente:

(1) a. Vive-se bem aqu1.

b. Nio se pensa mais em religião. (2) Roubaram a minha bolsa:

Essas formas são citadas em todos os manuais de gramática escolar. Os poucos autores que ousam apresentar outros recursos de indeterminação (como por exemplo o uso de a gente~ você, eles~ etc ... ) fazem-no apenas a título

(17)

11.

de Hnota de rodapé 11 , como se fossem menos importante~, que as duas formas tradicionais.

C) O conceito de indeterm.inação nao

é

cxplici.-tado "a priori", isto

é.

não se parte do exarne da norJio de "determinação" por oposição

ã

de "indeterminação", para

daÍ então se descrever sua aplicação a certos fatos da lÍn

gua (no caso, sua aplicação ao sujei to). Em outras pala-vras, não se explici ta o que seria, primeiramente, um su-jeito "determinadon. Ao contrârio, o conceito de indeter-minação já aparece diretamente, por ocas1ao da

Classifica-çao do

Sujeito, misturado

as

classificaç6es de claro. oouZ

to, simples, eomposto, que são simplesmente formais, en-quanto a de "indeterminado"

é

semântica.

D) Há confusão nos c!'itérios de reconhecimento de um sujeito como indeterminado, pois. se por um lado en-contramos definições semânticas do tipo:

"Algumas vezes o verbo nao se refere a uma pessoa determinada. por se desco-nhecer quem executa a açao, ou por nao haver interesse no seu conhecimen to. Dizemos~ entã.o, que o euje1.:to e

-indeterminado." (CUNHA, 197:!: pâg.141)

por outro lado, há considerações de ordem pur!!. mente sintática, como

é

o caso da distinção que fazem

(18)

(3)

Fuma-se

aqui.

(4) Fuma-se charuto ;Jqtu.

Para esses autores, o suje1to de (3) cst5 in de

-terminado e o de (4) e expresso,

-

determinado e pu.ssivo; "cha

ruton, Em

suma.

sobre a predicação verbal (fato sintático)

é que decidem a classificação do sujeito indeterminado, uma vez que o se de ( 3)

ê

Índice de indeterminação do suje í to por ser o verbo intransitivo, enquanto que o se de (4] e partícula a.passivadora, por ser o verbo transitivo di r e-·

2 to.

E) O conceito de indeterminaçio foi, at~ 1960, confundido com o de impessoalização. Desde então f tem

si-do feita uma distinção, embora de forma não satisfatória.

c ia:

Eduardo Carlos Pereira (1940) assim se

pronun-"Chama-se em gramática 1

sujei to inde-terminado o sujeito dos verbos

impes-soais."

Mais adiante ele define "verbos impessoaisn: "São os que exprimem fatos ~;em referê~

cia

à

pessoa de sujeitos determinados.( ..• )

Hi dois tipos de impessoais: o esnen-cia7, que exp-rime fenômenos mete:reol.§. gicos, e que se apresenta na frase sem sujeito determinado, como por exemplo

(19)

os verbos: chover, trovejar, gc<!r; 1:

o acidental, que c o vcrb(> pc5soal, c-ventualmente impessouljzado; hi os do forma at·lva ('Dizem que

é

tarde', 'Faz três anos') e os da forma paesivalPa~ se ia-se', 'Come-se', 'Teme-se' , etc.}

(pág. 335)

Silveira Bueno (1944) diz que:

no sujeito

é

indeterminado quando real mente nao existe, sendo o verbo impe! soal: Chove, Troveja, Faz dez dias( ••• ) (pág. 287)

"Há orações que dispensam o sujeito:di~ se que o verbo

é

impessoal) e o sujel to

é

indeterminado, não existente ( .•. ) Vejamos tais possibilidades:

a) Com verbos impessoais que indicam ~enômenos da natureza inorgânica: Cho ver, Trovejar, Nevar. etc.

b) Com certos verbos que são usados impessoalmente: Haver.

na

r, Ser. Fazer.

a

c) Com certos verbos ltsados na 3- pe~ soa do singular com a partícula apas-sivadora se: diz-se, conta-se, ( ... letc.

a d) Com certos verbos usados na 3- pe! soa do plural nas narrativas: contam, falam, dizem ( ... ) , etc." (pág. 295)

, .

(20)

l-'1.

'

E Gols (1:·.147) partilha da mesma opiniiú',

afír-mando:

" •.• há em portuguê~; n.::rbPs que se co~

ciaJmentc i.mpc.ssoa:is( .•. ) Lx.: Ycnta, Chove, Troveja.

(p5g.

R4)

Souza Lima (1945) diz que:

"Se nas orações analíticas a expressão do pensamento se relaciona com a id~i a de sujeito. o mesmo não se dá nas orações sintéticas. que apenas enun-ciant a realização de um acontec lmento. Chamam-se também 'impessoais' • isto

é,

sem sujeito determinado, e se consti-tuem de vários modos: Era uma noite

fria. Chove. MataTam o rei. Batem

ã

porta. Fala-se de polÍtica."

E Juci Filho (1~154) considera as sentenças:

(5) Há uma casa para a1ug<n nesta rua. (6) Tem uma casa p<JTH alugar nesta rua.

como portadoras de sujeito indeterminado. embo ra os verbos. nestes casos. só sejam conjugáveis na 3ê- pes soa do singular, e sejam, portnnto, considerados t impe~ soais', pelo mesmo autor.

(21)

1

s .

Em resumo, nessas an51iscs, 1

impcsso;:l izaçâo''

(inexist~ncia de pessoa) ~ sin6nim~ tlc 1

indete1T:i1nção1 ,

daí atribufrem às sentenças ac.imu 1:.·jtad;1s 11 mc;;m;l intcrpr~

tação.

A partir, no entanto, de 24 de Abril de 1957,

quando o Minist~rio de Educação e Cultura recomendou. nas situações de ensino, a Nova Nomenclatura Gramatical Brasí-leira (NGB), os autores parecem distinguir as noç6es de in .

-determinação e impessoalização. conforme nos mostra o pró-prio texto da NGB:

o

o

sujei to pode ser:

a) simples b) composto

c) indeterminado

E não há de se esquecer que existem oraçoes sem sujeito.

Nota: para indeterminar o sujeito, vale-se a língua de dois recursos:

- empregar o verbo na 3Q pessoa do plural. - usá-lo na

3e

pessoa do singular, acompanhado

da partícula se, desde que ele seja intransi tivo ou transitivo indireto.

Exemplos: 'r.1ataram um guarda ali na rua.' •Dor m.e-se melhor durante o inverno~' 'Precisa-se de

(22)

I , ~ r, •

0rnç6es sem sujeito: "

SilO Ol'i\\~OCS :-.;em sujeito

tem, etc ... ) c as que têm os verbos

impessoaJ.mente em construções como as sq~uJJltcs: 'ií:Í profcs sorcs ilustres no Brasil.~ 'Fazia muito calo1· nnqucl;l c1-dade.' "(Comissão Organizadora da NGB - apud Chediak, 1960

(pãg.

Esta decisão, tomada por gramiticos de renome (Antenor Nascentes, Celso Cunha, Carlos da Rocha lima, C~n dido Juci Filho, etc ... ) não agradou~ todos, como j5 era de se esperar.

O pr6prio Chedi:1k, autor Jo livro de onde ex-traímos o texto acima, após apresentar <JS novas decisões,

dá o seu parecer a esse respeito, assim como a de outros gramiticos, os quais discordam da NGB. Eis a opinião do referido autor:

nnizer que sao sem sujeito as oraçoes que têm os verbos haoer:J fazer e ser empregados 'impessoalmente'

é

perpr~

tar tautologia ( ... ) 'Fêz' no exem-plo 'F€z ontem tr~s anos que nos co-nhecemos' tem sujeito cl;Jro.

n

3

o-ração 'que nos conhecemos'. O nosso conhecimento 6 que fez ontem tr~s a-nos. Em 'Era ao anoitecer de um dia de Setembro, o sujeito de era está

(23)

in de t rrnnúrado. Pw.1ér amos pv r f c í t

amvv-te expressi-Jo 'Isso cr;J liO anoite-·

CC r. 1 'Era ao anoitecer de um di;; dv

Setembro o que eu vou contar," 154)

No entanto, apesar do dissídio de opiniões, a

NGB

entrou em vigor, e a partir

de

então. encontramos nos autores a distinção por ela estipulada entre o sujeito in-determinado e o inexistente. Como ilustração, citamos Cel so Cunha (1971):

11

Não deve ser confundido o sujeito in"~'

deter•m1:nadoJ que existe, mas que nao se pode ou não se deseja identificar,

com a inexistênC!ia de s1c•deito. Em

'Chove', 1Anoitece', interessa-nos o

processo verbal em si, pois nio o

a-tribuírnos a nenhum ser. Diz-se então que o verbo~ impessoal, e o sujeito inexistent<>," (pág, J 41)

Apesar dessa preocupação em distinguir esses dois processos da língua, a GNT ainda deixa a desejar em matéria de explicitação. uma vez que o conceito de sujeito

(nunca definido sat .isfatoriamente) ora

é

tratado num nível

ora noutro. Na afirmação acima, de C:e1so Cunha. por

exem-plo, não fica clara a noção de "existência de sujeito". S~

(24)

que esses mesmos autores que af'irman1 que o sujc]t! ;n ter minado existe. não admitem que sujei tos exprcssns na

scn-·-tença possam estar indeterminados; daí o fato Je consülcra rem sentenças do tipo:

(7) A gente aprende muita coisa neste mundo. como portadoras de sujei to determinado.

Portanto, parece que quando afirmam que o su-jeito indeterminado exiBte. referem-se, na verdade, a um elemento semântico, que nao

é

expresso sintaticamente nas duas ocorr~ncias de indeterminação consideradas por esses gramáticos:

(0

+ 3!': plJ e

(ll

+V. lnt. + se) .

na definição de impesson1ização. não se es-clarece, afinal, qual a característica sintitica que a distingue de todas as outras formas verbais da lfngua.

F) Outro conceito, também não explicitado dev!_

damente, que aparece dentro da CNT confundido às vezes com

o de indeterminação

é

o de -indefi:n·ição, normalmente aplica

do aos pronomes. Eduardo Carlos Pereira (1940) deixa tran~

parecer, em suas palavrast as tendências da época: "Querem alguns que. em certas

constru-ções como 'Faz-se a barba' seja se pronome indefinido. correspondente ao

on do francês. Tal an5Iise

artifi-cial, esti em antagonismo com os fa-tos atuais da lfngua e seus anteceden

(25)

tes histõrícos. 11

(piig. :)23)

Entretanto. segundo a definiç;Ho de "pronomes i!:!_ dcfínidos'' dada por alguns aut:ore;;, o;;, podcrl:> :·-;c cnqua-drar como tal. Como exemplo, c.ltctmo~) Cc.lso Cunh;1

que assim os conceitua: 11

Chamam-se indefinidos os pronomes que se aplicam

à

pessoa gramaticaljqu~ do considerada de um modo vago e inde terminado."

(pág.

334)

fl97l)'

Silveira Bueno (1944). ap6s apresentar a lista dos pronomes indefinidos, acrescenta:

"Possue a língua outras expressões in-definidas, como: a gentej uma pessoa, um cristão, um homem, etc.( ••• ) Ex. :\.Es-tá uma pessoa servindo missa, meia h~ ra o cansa e o atormenta." (pâg.l42}

Por outro lado. na grande maioria dos casos, o conceito de indefinição aparece vinculado ao de determina-ção, embora, como já dissemos, nunca sejam explicitados. Ou seja, os pronomes indefinidos, que sio na morfologia cons! derados referentes

ã

3ê- pessoa indeterminada, sao, na

-

ana-

-li se sintática, suje i tos determinados. quando ocupam a po-siçio de sujeito.

(26)

!!Autores há que apontnm como caso de sujeito indeterminado o que

é

consti-tuído materialmente por pTonome :inde-finido. Na verdade, ao dizermos: 'Al guém bateu

ã

porta', o sujei to

f:

de-terminado, apesar de indefinido. ape··

sar de nada esclarecer quanto a iden tidade do agente.'' (pig. 20)

Essa anilise (representativa da pos1çao da mai oria dos autores da GNT) peca, como outras, por frtlta de justificativa. O que se pode deduzir ~ que os dois proce! sos (a indefiniçio e a indeterminação) são distintos, embo ra sem explicação.

Tal posiçio se fez valer na situaç~o de ensino escolar, conforme nos mostra o exercício sobre sujeito, que transcreveremos a seguir, encont-rado num manua1 de gramát..!_ ca da 7~ S~rie, destinado ;1 professores, contendo

3

as respostas :

"Agora, as orações de sujeito

determi-nado devem ter4 sujeito ·indeterm{nado. Exemplo: Seus colegas disseram que vo c~ ~ teimoso. Disseram que voce e

-teimoso.

(

...

)

a) Algu~m qu1s assa1tar mi11ha casa es

ta noite.

(27)

b} .Q.ui_s~r~~m_a~s~l_!aE ~i~h~~ noite,

casa

n.

esta

Observe-se como nas sentenças a e b opoem-se o indefinido alquém c a forma indeterminadora de 3~ pessoa do plural despronominalizada.

Portanto, os conceitos de indefinição e inde--terminação, se algumas vezes são tratados como sinônimos,m análise sintática são considerados como distintos, e até mesmo como antônimos, conforme se pode constatar pelo ex e r

cicio acima. Visto que tais considerações não vêm ac.ompa-nhadas de esclarecimentos, o aluno nunca se sente convenci do da adequação da análise, nem tampouco motivado ao

estu-do da

gramática.

Torna-se, portanto, necessirio propor soluç6es mais adequadas, de acordo com um crit6rio realmente cienti

fico.

Do exposto, podemos concluir que a análise da GNT sobre a indeterminação

é

insatisfatória porque não cr1 teriosa, uma vez que:

a) Nio explicito os conceitos de

indetermina-çao, impessoalização e inJefiniçio, chegando mesmo a con-fundi-los.

b) Não leva em conta a distinção entre os

veis sintático. semântico e pragmático da lÍngua, daí o fa

(28)

OT<.l noutro, sem justificativas c de mndo (ncO<.-rC1!1i'.

f'

n

jeito (sempre definido a nível serPii'JtiL-u c Íl;1cr1c;-ct:d~) níve1 sint~tico, at:r8v6s da

e com o pr6prio conc0ito •le '- in•Jn~~r-nr"r•····;,·~

'-~---· '" "'".' ,_,,

da língua que exigem estudo cuidadoso c profundo siío truta

dos de forma simplista e superficial, e portanto, não

ade-quada.

c) Desconsider-a recursos de

indete:rmina-çio característicos da linguagem oral, os quais são at& mesmo estigmatizados, po-r se 11desviarem" das normas

grama-ticais da escrita. Como se sabe, o CNT di primazia i lÍn-gua escrita padrão literária, como se esta fosse o nosso principal instrumento de comunicação. Assim. muitas vezes é apresentado (e ensinado na escola) um panorama. da lfngua realmente distante do desempenho or:1l do fa'lante, ou seja, uma descrtç.âo incompleta dos Tecursos exp1·essuo da

lin-guagem, tal como

é

usada peJos fa1rmtes nativos no cotidia

no. Com relação aos recursos de indeterminação, conforme refer~ncia anterior, sao apresentados pela GNT apenas dois,

] - d - ( ":/:a ,

que representam a 1ngua pa rao o ,<;e e a ~l- pessoa aespr~

nominalizada), enquanto que na fala culta foHtm encontra-das. além dessas, mais de dez formas que podem expressar

in determinação.

d} Não leva em conta o contexto, por ter seu campo de análise limitado

ã

frase.

nal

o fato dos autores

(29)

cos), formas como voeê_, ele::!> urnc i.it!fn;<tl, c m!'initin;,

mas dependerem do contexto para sua ittcrprct:u:i)n, confor me será explicado no Capítulo V.

Nesta dissertação, tencionamos examinar os po!! tos obscuros que envolvem a questão da indeterminação,

-

a luz dos conhecimentos trazidos pela LingÜística atual. Pas sarnas. pois, em seguida. a propor uma explicitação do con ceito de indeterminação, levando-se em conta as observa-çoes que fizemos no item anterior com relação

à

GNT no tra tarnento desse assunto.

2. A indeterminação: Elementos para Jelimita ção do conceito:

Como veremos no decorrer deste trabalho, a

in-determinação é um fenômeno complexo, <pte dá margem a cstu~·

dos extensivos em d.lferentes níveis.

A análise de seu conceito exige que se leve em conta noçoes como a de pesDoa, a de uenc1~at[::rrQào e a de

referên(~ia. Além disso, tal fenômeno aproxima-se bastante de outro. aparentemente semelhante: o da indefinição. Se a gramática tradicional ãs vezes os confunde e se omite em defini-los, os estudos lingÜísticos atuais tampouco os CO!!_ frontaram, na busca de delimitar-lhes os pontos em comum e

(30)

24.

os di_stintivos.

Dcpa-r<lmo-nos pois, coJJi um corll.:c1 to hc::1

lhos que abordan\ c as·:,un to da

a tratar, sobretudo, de un Je seus recursos(u pronone ee '), sem no entanto se proporem a explicitar o fen6menc que ele expressa.

Assim, embora sem a pretensão de chegarmos a urna conceituação exaustiva e definitiva do que seja a ind.e terminaç.ão, procuraremos colocaT em evidência alguns ele-mentes que, a nosso ver, a caracterizam, na medida em que os mesmos sao fundamentais para a Jel imitação Jo nosso oh-·

jeto de estudo.

2 .1. Determinação e Jndetenn inação

Em primeiro lugar, prutimos da observação de que, ao Lado dn maioria das const.rut:;Ões frâsicas da lÍngua que fazem n:'fexêncJa a uma ou mais pessoJs do dlscurso dt: fornw n:ftidn c evidente, como nos exemplos:

( 8] Você gostou do janta r'? ( " pessoa)

,,

(9) O r; ato pulou o muro. ('i.?: pessoa)

(lO) Meu irm~o c eu não gostHmos Jc festa (1!

~il

e J - pessoas).

I,i,

no portugu~s. construções cujas formas ver bais atribuem um fato nã_o a um ou mais seres específicos e

(31)

'~ ,l •

identificáveis, como ocorreu nos cxcmp'los (8) - (10), mas, ao contrário, exprimem generalização, podendo envolve-r, in distintamente qualquer uma das tr~s Jlcssoas tio discurso, ou as três de uma so vez.

Expressam esse fenômeno, de modo ma1s caracte-ristico, tr~s construções despronominalizadas (sem sujeito lexical) , que ocorrem nos contextos desprovidas de referên cias anteriores com as quais o SN-sujei.to vazio possa se

· (n "a ' (n "a '• '" · f' 't· '

relac1onar: ._,)O+...:>- p.s.) ,\'P + J - p.s. +se) e :.y + 1n .m1 1vo;. A

segunda forma representa, neste trabalho, os casos que a gramática tradicional chama de "Índice de indeterminação do sujeito" e "partícula apassivadoran, e a Última o chama do "infinitivo impessoal". Ilustramos as ocorrências das !:rês construções com os exemplos (11), (12) e (13),

respec-tivamente:

(11) Document. - Você sahc fazer gemada? Como

é

que faz?

Inform. 1 - "PÕe so a gema e

.

bate com o

açúcar.

Inform. 2 - Bate até ficar bem branquinha a gema." (DZ 22)

(12) "Observa-se nas escolas, principalmente n~ ma faixa de idade talvez dos quinze anos p;na bai:xo, uma pre-guiça tremenda para ler."

(32)

exemplo (11), apesar da dcs inênci.a de

remetem a um "ele", exterior

3

situaç;lo di;dog;d, Fi~J;;, ,_1:'\ mesmc modo que as ocorrências Jo pronome se e as (10 infini tivo, possibilitam uma interprctnção ele l!Jclus~o dos i11t~r lucntorcs na H\iin verbaJ.

Este fato {l'istinguc as trÚ;; con.strutJic d!::·;pr:~ nomina.lizadas de outras da lÍngua que se :refcn.'FI csp~:.'cif!·-camente a uma das três pessoas Jo discurso.

Estamos, portanto, diante de um processo da lÍngua que permite ao falante passar do universo d:1s três pessoas especificadas e identificiveis (que consideraremos como o nível da det:erminaçã.o) a um nível de generalização,

que transcende o anterior por implicar numa referência de

tal forma abrangente que pode envolver qual-quer pessoa.

1:

o fenômeno da In fcf'múwçti,).

!\lém das três formas ~ksprnnomlnal iZ<HhlS, n in

determinaçiio ainda pode ser expressa por outro:> recursos, se bem que estes não apresentem condições totalmente idênti-cas às dos três anteriores. por serem, de uma forma ou de outra~ marcados quanto

ã

pessoa.

5

O pronome a gente , por exemplo, apesar de seu conteúdo genérico,

é

marcado pela presença obrig_atõria da la pessoa. Nesse caso, o mecanismo da indeterminação

(33)

fu.n-cion:a nno através de uma do n!vcl Jas pcsso:ts Je-terminadas ao da generalização (como ocorrctl cnm as trGs primeiras formas) mas pela intervecçdo Jo plano da drtcrmi naçao com o da :indeterminação,

Assim, embora o referido pronome abranja (como as construções despronorninalizadas) , as tr~s pessoas do dis-curso. o comprometimento do locutor

é

inevitivel, e nesse sentido esse recurso não apresenta o mesmo grau de "abstra çãon dos outros três.

Curiosamente, a indeterminação também pode ser expressa por dois pronomes pessoais do singular,

referen-- la 2a .

tes a - e -pessoas. respect1vamente: eu e voce, os quais podem ser usados em alguns contextos com uma função bem distinta da habitual.

O pronome ooeê, por exemplo, em sentenças do tipo;

(14) Você vai ao cinema?

difere semant1 camente do mesmo pronome ,em (15):

(15) "Não sei, a Única época marcada pra mun

ser1a a ... fim de ano mesmo, né? que voe€ tem que parar um pouco, pensar nas coisas que voeê rem que fazer ... "(DID 47) pela unicidade especffica que o caracteriza em (14) e pela amplitude de abrangência das ocorrêncl as de (15); nestas, este pronome permite ser interpretado

referente a qualquer das três pessoas do discurso.

(34)

28.

Com relação ao pronome eu, observe se o seu uso, por exemplo, no seguinte texto:

(16) "Mas se a gente está num nível de vida em que a preocupação principal

é

se manter vivo, qualquer ati_ vidade vai estar relacionada com esta preocupação. Então a arte surge não em função de uma necessidade de embelezar o ambiente em que eu vivo, uma necessidade estética de ver coisas bonitas. Mas unicamente em função d1eu assegurar a caça e continuar podendo comer e me manter vivo." (EF 405). Trata-se de uma conferência sobre a arte na Pri-Hist6ria. Sem dfivida, o uso do pronome eu transcende aí a unicidade da la pessoa, uma vez que nao se refere a uma experiência pevsoaJ do falante, mas da mesma forma que o pronome

voei

no ex. (15) ilustra uma situação hipotJti-ca. em que qtJalquel- pessoa poderi:1 se ~ncontr;tr.

Nesse sentido, todas as suas ocorrências pode-riam ser substituídas pelo pronome ae~ em alteração de sen tido na sentença:

(16a) Então a arte surge nao em função de uma necessidade de embelezar o ambiente em que se vive ( ... ) Mas unicamente em função de ee 1.ssegurar a caça c

nuar podendo comer e se manter vivo.

conti-Além disso, observe~· se no final do texto (1))

a concordância do adjetivo "vivo" no mascul-ino embora o lo cutor seja do sexo feminino, indicando a

(35)

"desindividualiza--~ )

çãon desse 1

'eu" aí empregado, COlEi ti ttlindo mal s 1m dndo a

favor Je se lhe atribuir um conteúdo gcnera11:adrn.

' . '

nss.Im, para exp-ressar esse n1vel "aL:~trato"

generalizaç~o. o falante recorre :1 tluus

que via de regra se referem exclusivamente

ã

1§. ou a 2~ pessoa. Em outras palavras, dois itens que marcam usual-mente uma referência específica (como o eu e o você) po-dem, em alguns contextos, prestar-se a uma referência a

Uma situação semelhante

à

descrita acima ocor-re com certos SNs como o úldiv-tduo,. o ea:Pa_, uma pessoa etc. que apesar de serem formas lexicais singularizadas, perten centes

à

esfera da 3~ pessoa, podem ser usados com conteú-do generalizaconteú-dor. A esse respeito, comparem-se, por exem-plo, as sentenças (11) e (11]:

(17) O ·~ndiv{duo entrou no banco e ameaçou as

pessoas.

(18) "Bom, a vantagem em abrir uma conta bancá

ría; primeiro,

é

um lugar onde o iw:fL·o·{duo pode guardar o dinheiro dormindo sossegado ( ... ) Se vocõ pede lO mil cr~ zeiros emprestado 1 o banco empresta por .•. 60 dias; voe e

assina dez mas recebe 10 menos 5% em despesas, taxa naõ sei de quê. aquela conversa toda; depois, no fim, você paga os dez. Mas em todo caso, num momento de aperto, o indiv1:duo pode ter essa vantagem.'' (DJD 250)

(36)

:; (l •

do em (17) (um línico indivíduo entrou no banco), p(lr opo:_c;.:_ çao a natureza indeterminada do que ocorre em (J H): nao e apenas um, mas qualquer indivíduo_. podenJ.o abranger inclu-sive o locutor e o ouvinte.

Para

evidenciar o conteúdo generalizador

de

tais SNs, fizemos alguns testes de substituição das ocor-rências de o indiv{duo tanto de (17) como de (18) por pro-nomes determinadores e indeterminadores, os quais transcre

veremos aqui:

Em primeiro lugar. note-se que, enquanto a subs tituição pelo pronome se nao e possível em (17), por alte-rar o sentido da sentença:

(17a)* Entrou-se no banco e ameaçou-se as pes-soas.

em (18)

ê

possível, uma vez que parece haver uma equivalência aproximada do SN o -indú,{duo com o referi do pronome:

(18a) ... ( ... ) Primeiro,

é

um lugar onde se P2. de guardar o dinheiro. dormindo

sossegado ( ...

)mas. em to do caso, num momento de aperto, pode-v-e ter essa vantagem. Uma prova de que os SNs de (J 8) dão margem a

-uma interpretação de inclusão das duas primeiras pessoas e a possibilidade de substituição dos mesmos pelo

. l . l"

a gente" que sempre 1nc.ul a -:

(37)

UHh) ... ( . . . ) Pr.imeiro, c um l11gar onde r: ;;e;:_, te pode guardar o Jinhei ro, dormindo sossegado ( ... ) Mas., em todo caso, num momento de aperto, a gen!,(! pode ter essa

vantagem.

Tal substituição, porem, no exemplo (17) acar-retaria total mudança de sentido:

(17b)* A gente entTou no banco e ameaçou as pessoas.

Além disso, note-se que em (18) o SN o indiv{-duo alterna-se com o pronome indeterminador você (que sem-pre inclui a 2~), equivalendo-se mutuamente.

Parece, portanto, que com os pronomes eu, t1oee e os SNs o ·indiv{duo, o auj e i to 1 o cara, etc. o mecanismo

de indeterminação funciona através de uma px·o;]eção de um dos elementos do nível da determinação ao da indetermina-ção. sendo o envol'limento da 1~ pessoa, 2~ e 3a meramente hipotético~ ou seja, as mesmas seriam usadas para efc:ito de

ilustração d-e· uma situação onde qualquer pessoa poderia se encontrar.

Resta-nos falar sobre duas formas generalizadg_ ras cuja inclusão no quadro de indeterminadores é problem!

tica, tendo-se em vista o crit~rio aqui adotado para a identificaçã.o dos recursos. Sâ.o elas: a 3a pessoa do pl:::!_

"

ral despronominalizada ( 0 + 3- p.pL ) e o pronome elee,

(38)

7 '")

, ) L •

as quais possam se relacioiwr. !:xcmplo:

(19) ~~Estou brigado com o telefone porque eu estou há um ano que me mudei e até agora não consegui a transferência do telefone pra minha casa.

Ji

me

1

~~0m

2

t

2

-ram

prâ

maio, prâ julho, prá agosto, agora está prometido

-pra

março."

(20) "Inform. 1 - Quando voce teve pielite tam bém. *. é de chupar uva sem lavar, não é?

Inform. 2

E'

o salitre) nê? !nform. 1 -

~-Inform. 2 -

...

que vem. Sulfato ou sa-litre.

Inform. 1 - Sulfato, sulfato.

Inform~ 2 - •.. que eles põem na uva, né? (D2 2 7 5)

Se por um lado tais construções nao se enqua-dram dentro da conJiçio apresentada aqui como caracteriza-dora dos recursos Je indeterminação (a possibilidade de abrangência às três pessoas do discurso), uma vez que ex-cluem qualquer envolvimento dos Jlrotltgonistas dialogais na açao verbal, por outro, n indctcn:nina(;;lo ainda persiste de vida a dois fatores:

a) O sujeito nao é identificado. Isto porque tais construções não vêm acompanhadas, como non3.alrnente, de SNs anteriores explicitados pelo contexto t aos qua1s

(39)

recur-sos \((A+ :)E: p.s.) e (1~ + .

"t . . 1.

, ,- _yt 1D.111l .1VO_.

b) As Juas foTmas ('.Xpn.·ssam fCHcr:d i t'.;H,ào. Lm bora restritas

à

esfera da 3~ pessof!, :lembramos que esta

3!.:::. pessoa

é,

pela sua pn)pria natureza, extremamente DLnm gente: representa, em outras palavras, 11o mundo!', em toda

a sua amplitude, por oposição às duas primeiras, que se

r~

ferem especificamente aos interlocutores. As duas constru

çoes em questão generalizam na medida em que estendem

a

açao verbal a todo esse universo, de forma indistinta e

-nao identificadora.

Para a compreensao dessa restrição da indeter-m:inaç.ão

à

esfera da 3~ pessoa, é preciso ter em vista os

graus da indeterminação, assunto que será tratado no Capí tulo II!.

Não e nossa intenç.ão descrever extensivamente os recursos neste item; as características sintatico-semân ticas de cada um serão retomadas no capítulo seguinte. Os dados expostos. no entanto, se fizeram necessâr ios para. tor nar evidente que, apesar das diferenças morfossintáticas. os indeterminadores apresentam pontos em comum, como por exemplo, a não identificação do sujeito c um efeito generi!.

lizador impreciso quanto às pessoas que envolvem.

de do fenômeno da indeterminação, que se apresenta bastan·~ te heterogêneo, uma vez que:

(40)

a) Em primeiro lugar, o uso Jc um ou outro re-curso i.mplica, do ponto Je vista seJnintico, numa muüança de mecanismo: assim, as formas des:pronom in a 11::-.adas perm l-tem uma p-:.J;sagem do nível da determina~;ão ao da indcterml ~

gundo nível; e os pronomes você~ eu e os SNs (o ind-tv1:duos o cara.!' etc~) uma projeção de elementos do primeiro ao segundo.

b) Se alguns

recursos são interpretados exclu-sivamente por critérios semântico-p.ragmáticos, outros exi-gern, além destes, considerações de ordem sintática para sua ídentificação. Pertencem ao primeiro grupo os _i_ndctc:rmin.§-. dores a geni;e" voce.~ eu e SNs, e ao segundo, as formas ( ~ + 3-a p.s.) , (~ + 3- P· a pl.) e :,

0

+ infinit-ivo) que sao

-desprovidas de SNs anteriores com os qu:us o sujeito vaz 1 C\ Ja

COll~trução possa se relacionar.

n

justamente esta aus~n-cia de antecedentes no contexto que confere às três for-mas o s igni fi c a do indeterminado r.

O pronome eles, apesar de se enquadrar no pri-meiro caso1 por ocorrer como sujeito lcxical, tem em comum

com os recursos do segundo grupo a ausência de anteceden-tes, o que permite que se lhe atribua uma função distinta da usual.

Por outro lado, os indcterminadores apresentam um ponto em comum: a dependência de contexto para sua in-terpretação. A Úníca exceçao e a construção se, uma vez

(41)

que a presença do pronome jil

é

:;nfú:..Lcntu para ldojuc-ar quaJ..

quer interpretaçio de relJçffo dcl sujeito vazio com ~:~s

un-c) A indeterminação não apresenta uma natureza

absoluta, mas conforme seTa

-

explicado

no Capítulo IIC há dois fatores que entram em jogo na de limitação dos graus de indeterminação: a própr_ia forma le xical dos recursos e o contexto.

d) A indeterminação

é

um processo du lÍngua o~ de estão em jogo. fundamentalmente, ae pessoas do dl-RC!UY'f:!O,

daí resultando algumas característjcas relevantes:

I - SÓ é possível falar em "equivalência dos recursos entre siu num determinado contexto, se estes en-volverem as mesmas pessoas do discurso, naquela situação. Comparem-se, por exemplo (21) e (22):

-(2la) Aqui, quando ee vai ao teatro, e por mo-tivos culturais (+lE:. +2~ +3!).

(Zlb) Aqui, quando a gente va1 ao teatro,

é

por

motivos culturais (+1~ +23!. + 3a).

-(22a) Eu sei que se fala por a1 que nos nos ac.ova rdamo s.

(22b)* Eu sei que a gente f a la por a1 que

-

nos

a a a nos acovardamos (+1- +2- + 3-).

Ao contrário do que se passa em (21), a substituição de

(42)

es-.ses do:is pronomes nao incluÍTem as rtcsnws jl(';·;snns dn dls~ curso, naquele contexto.

l i -Reciprocamente, ~ .

soe po~;::;l\'CJ

mesmo contexto, dois indetcrminadon::s, se t'lr::s •.. ·:n:nJvcrC'l~

pessoas distintas. Ex.:

(23) nA Caixa f]conômica, vo!!e vai pedir Uinhei ro emprestado na Caixa Econômica, nonnalmente e?cs exigem

uma garantia hipotecária". (D!Il 2 50) (Você: + l - +2- +,S- ; a a . a

eles:

-1- -2- +3--J. a a a

III - O potencial generalizador de certos re-cursos ~ flexfvel, dependendo do contexto.

a a

+2- +3-),

Exemplo:

(24a) Quanto mats ne vtvc, m;c1s ne aprende (+l-a

(24b) Realizou-se a festa, apesar da tua ausen

cía. (+l~ -2~ +3~).

(24c) Não concordo que ..-;c tome esse tipo de i1ti tudc, (-1~ +Z~ +3~)

a

-3-J

(2Sa) Viver aqu1 nao

6

ficil

(25b) Soube que viver' aqui não é fácil l-1~

..

a

+2-(2 Se)

tar5. (+1! - a +3!)

aqui na o

é

riíc i 1, m;p;:; vnce

· ( la +2~ +·".!'c)

(26a) Vestido curto nao UHu ma1s + .- .)

(26b) Vestido curto nao UM~ nwis, mas eu uso.

(43)

(26c) Diz que vai haver e1eiçi)es, mas eu dmri-do ( -1.'! -2a +3.'!)

Observe-se como nos exemplos (21.) -· (2ü) a

:in-- a

-clusao da 3- pessoa e semp1'C uma constante, isto pcl:l sua própria natureza ampla e abTangente, Além disso, cnqnanto

é

impossível opor a 1~ pessoa ou a 2! a si mesmas (como ilustra o exemplo (22b), na esfera da 3!!., a oposiç:lo e poss,[ vel (como demonstra (23) , visto esta pessoa poder se refe

6

rir a qualquer ser.

Além de todos esses elementos que caracterizam a indeterminação. ainda h5 outro, comum a todos os seus re-cursos: o fato da mesma só ocorrer com verbos que possíb.!:_ li tem subcategorizar o sujeito com o traço (+

humano)~

7 As sim~ são agramatica.is:

(27)* Late-se muito aqui.

(28)* Ventou-se ontem.

Este fato vai diferencii-la da determinação e também da indefínição, as quais não apresentam essa pecua-liaridade.

2 .2. Indeterminação e T:1def.i.nição

Vimos, no Capítulo I, que a gramática tradic.io nal nao explicita esses dois conceitos, chegando mesmo a confundi .. los.

(44)

Na verdade,

é

inegâvcJ um:a aparente se-melhança entre OS Jois, que SC justifica, Jc CCJ·to DiOJ!l, [•Cl0

cfci-to de impr'ecis:lo que podem causar no contexto.

No entanto, hi outros aspectos que t!evcn ser levados em conta e que constituem verdadeiros !ndices dis-tintivos desses dois conceitos:

a) Conforme explicado anteriormente. a indefi-nição nao está sujeita, como a indeterminação,

ã

restrição

de só abranger elementos humanos, podendo referir-se tam-bém aos não-humanos.

b) Enquanto que a indetenninação apresenta 1·e-cursos sintaticamente bem distintos entre si [tanto formas

b . . 1 . . ·' 1 a , a 7 a . . .

l

. .

ver a1s como 1tens ex1ctns ue -, ,_-, e .1- pes.soas , a 1:!2, definição

é

um fenômeno que envolve formas lexicais

exclu-a

sivas de 3- pessoa: alguém) aLgo, uns., tudo, nada~ etc. Se na indeterminação o conteúdo dos recursos de certo modo

' "transcende" essas maTcas sint:Ítlcls, um:1 vez que c poss1-vel ao falante referir-se t1s três pcsso;;:,

~ a -a

-um item lexícal de 1.::...1 2- ou "'1- pessoa, na indefiníçao is-so nao ocorre: seus recursos são, por si. insuficientes

- ~a

para remeter a outras pessoas que nao a .)-.

c) A indeterminação e a indefinição divergem também quanto

ã

gen.eral-izaç(io. Isto porque, enquanto na

primeira essa característica constitui uma condição essen-cial. na segunda

é

apenas uma possi1ú llJade. Assim, os in

(45)

39. ,,

definidos peJem remeter tanto a uma r c feTCnc j a'~ ' i i 'i C'

L·i;;.ada., como em:

( 30) . . To&O$ ' estiveram ' U([Ui.

No entanto, o que deve ser ressaltado

5

que, mesmo quando generaliza, a indeLin:ição distingue-,se da in-determinação pela natureza lúni't.ada dessa general i::ação. Ou seja, os recursos de indefinição sempre pressupoem um conjunto Hfechado" de elementos que pode ser expresso ou na sua totalidade (através das ocorrências de to,Joe"' t:udo) , ou no seu esvaziamento (através de nenhum, nada) ou par-oia 'mente. (através dos indefinidos arguns, u.ne:. etc . • Os recursos de indeterminação, ao con_trário, nao apresentam esse aspecto quantitativo em relação a um conjunto, mesmo quando ocorrem nos contextos com refeTências expllci tas a um grupo social. A e5se Tespeito, comparer:~~::e por

ex

em-plo (31) e (32J: nhâ. manhà. da manhã. da manhã. • ' J'

I'-(:H) nLa no l\1orte come-se r<Jta no ca e

( "7 .Ln_ .I

Lii

no Norte' id-'c/;},; comem rrutC1 no (iJ

;_Ll,

(46)

40.

pressas em (32) são "maTCildOs" por lln.l Índ i. c e dUiJ.!lt 1 f Í C.id(L''

que falta is construções jnJetcrmin~Jsrn~; (como 8

Uaí dizermos

Por esse motivo, nao se pode esnerar que os re cursos de indeterminação e indeflrüz;ilo se ~;ubst.ituam nos mesmos contextos, sem alteração de sellt ido.

d) Certas distinções morfol6gic~s. que sao re-levantes no processo definição/ intle.finição não o são para o de indeterminação, como e o caso, por exemplo das nh~rcas de singular e plural, que sao distint]vas para a defi.11.ição /indefiniç.ão, mas que na indeterminação ficam praticament?

neutr,,~ JAza das; isto porque, nesta~ não está em jogo a quan-tificação de unidades, mas uma refe-rência genér-ica, indis-tinta e não~limitada que independo desse tipo d.e marca mor folôgica.

Além disso, enquanto a distinçiio e lur; é funda,0

mental para separar recursos de definj_çiio dos Je LHkfini-·

ção (o homem/um homem'), n mesma é lTrelc-vaJlH~ cum a alguns recursos de :inJeternli.na\;iio

o/um suJe-ito., o/um, cara,

'' t,, ' L '

l

l'l'l ''J ·' '·~ vez que o uso

ou de outro aTtigo em nada altera o conteúdo indetermina-dor das mesmas.

e) Os recursos de in1letcrminaç~o c indefiniç~o ainda se diferenciam quanto ao tipo de an5lisc sintática

(47)

tes de contexto para sua intcrpretaç~o: Jc, c0J1tr:t1

da indefinição paJem ser anaLisados dcnt~'ci do:·; lti'<.i'.''< i'ra sai.s. A esse rcspc.ito, remetemos o leitor :to (~1 p;tu:c \ on de tal afirmação

é

esclarecida, t'('P')')-Ç(' . '"· ' , ' . ! ' -c·cr· jc· . 'I

tica Gerativa Transformacional.

f) ,\d:nitlndo-sc ;1

pro-'

ccssos da _l J ll.QUêl ; um que penli ta ao fal<Elte at.ri· ..

bui r um fato de modo preciso, a w.lgt.u;10 da.s três pess"ns do dis curso (processo esse que estamos chamando de "determina-ção), e outro que lhe permita situar esse fatQ num plano genérico não limitado que se refira às três pessoas de modo indistinto (o qual identificamos como a indeterminação), p~ demos dizer que o fenômeno definição/indefinição, na verd~

de, pertence ao nível de de-terminação~. uma vez que sempre permite identificar, de modo preciso e distinto, n(s) pes-soa(s) do discurso cnvolvida(s) em suus ocorr~Jlcias. Na

~ ~a

maioria dos casos e a .J-,mas mesmo nos cox>tcxtos em que al guns de seus recursos podem se referir também iis duas pri-me1ras, como em:

(33) Paulo, voce e cu, todoe vamos ao cinema.

é

de forma d~·!tel"mina.d-'), uma vez que as pessoas envolvidas pelo pronome indefinido ·toâ(ls encontTam-se ex-plícitas, e além disso, o conjunto a que este pronome se refere

é

sempre limitado.

(48)

aq.u1 an .. resentada, a de se considerar o fcn()r.Jl':nn _, ___ ,··,.,.:.:;r,;

-. ' (_ ' 1 " ! '·· ' . . !

indefiniçâo como pertencente ao nÍn'l d:1 te/':·-,·,___ e

çio entre

pessoa e nao-pesaoa (ver nota 0, clcstc Capit~ lo), podemos dizer que no nfvel da determinação, essa dis-tinção~ evidente: os pronomes eu c tu, neste nfvel, refe rem-se exclusivamente i 13 e

z!

pessoas, respectivamcnte,e a terceira, apenas ao mundo objetivo, estranho às duas primeiras. O fenômeno definição/indefinicão seria abrangi_ do pela esfera da não-pessoa, visto que seus recursos refe

- a

rem-se a 3- pessoa.

No caso da indeterminação, por~m, esta distin-çao nao e tão nítida uma vez que- temos f"ormas lcxicals pcE. tencentes ao universo da "pessoo" (voe~. eul usadas para representar tarnb~m a 1'ndo-pesaoau~

P formas de

mitem a interpretação de inclusão das duns pr'traeiTas, e que podem se referir, muitas vezes, e:rr~l1 . .twi·Pamente <'.: }2, corno

vou pra pra1.a. Se não tem, f·ico em Siio Paulo. LinDo siíha

do também

é

aproveitado. A noite, ent5o, se tiver'

inimo, n~, entio pega um cinema ou l[Ualqucr coisa uss1m; senao, fica conversando., simplesmente. No domingo., eu ainda ••. ainda vou a missa, almoço fora, nonnalmente-."

(49)

Neste sentido, endossamos a opini~o de J=igllei-ra (1981) de que a não-pessoa nem semyirc

é

um elemento de conversao do verbo em signo "histórico0 (no sentido de "lüs tória ~~ de Benvenis te) , cuJ·" fu11 -u çao e ,.,. " meramen t e rcprcsen t

-!

ti.va, isto

é,

a de remeter a p.redicaçl'X:5 objetivas, sem co!. relação com a realidade discursiva". (pag. k-:-) ) . No proce2, so de indeterminação os limites entre a peeaoa/não peesoa não são nítidos, e isso evidencia ainda mcns a sva peculi~ ridade.

Na verdade, um estudo mais aprofundado sobre a indeterminaç.ão e a indefinição certamente revelará ainda outros aspectos, que podem ser Úteis na conceituação dos dois fenômenos. O nosso objetivo, no entanto, não foi o de explorar esse tipo de análise, mas antes o de procurar caracterizar a indeterminação nos pontos em que a mesma se distingue basicamente da indefinição.

2.3.- O que se Indetermina:

Conforme já dissemos no i tem anterior J o con-ceito de indeterminação tem sido tratado tradicionalmente como referente ao sujeito, embora sem justificativas.

De fato, a intuição da CNT a esse respeito tem razao de ser, uma vez que os resuJ tados do corpus revela-ram que 99,8% das ocorrências de indeterminação recaem so-bre o sujeito; os 0,2\ restantes referem-se a casos onde

(50)

o elemento indetenwinaJo é um tenno qne exer(,{' ;1Jgnm;J r<J~·

tra função na sentença. Ex.:

(35) Se voe~ pede dinheiro emprestado ao Banco, vai prec1sar de um avalista ( ••• ) ()gerente chcg;J pPa vo-ce e ••• "ah. :faça um favor. sente-se aqui" ... (DJD 250)

( ".6] "A v1'da .•. da gen..-e + va1 · f' 1can oca a vezrna1s d d · difícil." (DID 162)

(37) "Se voce pede dez mil cruze1ros empresta-do. o Banco empresta) por

...

60 dias, vamos dizer, ele ji te desconta, pelo menos. uns 5~6." (lHD 250)

As ocorrências de indeterminação podem ser di-vividas em dois grandes grupos: as expressas por itens le-xicais que normalmente ocupam a posição de sujeito e as constituídas por formas verbais despronominaJizadas. Visto que estamos falando em indeterminação do su;je1:!;o.

é

compr~ ensivel que, diante das ocorr~ncias Ju primeiro tipo. onde ~ste elemento est5 expresso, se questione o que estaria en

tão indeterminado.

Cumpre esclarecer que. ao travamos de "sujei-to" nos casos de indeterminação, niio estamos nos referindo a uma noçio puramente sint5tica. cxprcss;1 so

-

pela po-aiç~o que ele ocupa na frasc,(ou seja, um elemento domina do por um SN que figura, na ârvore,

à

esquerda do verbolmas a uma refe:t:~_nci.ª que ele envolve. Em sentenças do tipo:

Referências

Documentos relacionados

[r]

Divisão de honorários Imobiliários, entre o corretor e empresa imobiliária, com corretores exclusivos da empresa, para imóvel usado, que compreende com mais de 12

De acordo com estes resultados, e dada a reduzida explicitação, e exploração, das relações que se estabelecem entre a ciência, a tecnologia, a sociedade e o ambiente, conclui-se

Mãos para fora, protegendo uma escrita seca de corpo molhado Anfíbio esse lugar.. Ela não obedece a gravidade sobe e toma todo o corpo folhas e

Após 96 horas, houve um aumento no consumo, com o aumento de 100 para 160 ninfas, que não diferiu significativamente da densidade 220; com 280 ninfas disponíveis houve um

Relação entre as variáveis ambientais (altura, cota do rio, temperatura do ar média, temperatura do ar máxima, temperatura do ar mínima, umidade relativa do ar e precipitação e

A CPL, IP tem desenvolvido esforços no sentido de promover mecanismos de motivação dos seus colaboradores, diversos dos que decorrem da aplicação da Lei no que se refere à

Centro Caraívas Rodovia Serra dos Pirineus, Km 10 Zona Rural Chiquinha Bar e Restaurante Rua do Rosário Nº 19 Centro Histórico Codornas Bar e Restaurante Rua Luiz Gonzaga