RELATÓRIO DE ENSAIO Nº002
Ensaio de resistência ao fogo em paredes interiores ‐ GYP 48/13x2L‐A
Requerente: Gyptec Ibérica.
1. OBJECTIVO O principal objectivo do ensaio realizado a 20 de Novembro de 2009 foi a verificação duma resistência ao fogo não padrão de 60 min dum painel de compartimentação base gesso fornecido pela Gyptec. 2. AMOSTRA O provete ensaiado (GYP 48/13x2L‐A) reproduzia parte de uma parede térmica em condições de montagem semelhantes às de aplicação em obra. O provete tinha dimensões de 1800 mm de largura por 2005 mm de altura. Este provete é definido por 2 paredes fixadas entre si através de perfis verticais do tipo Perfil Raia 48 (Rail 48), Gyptec, distanciado de 600 mm (Anexo 1). Cada parede foi fabricada com 2 placas do tipo Placas A – EN520, Gyptec (Standard) de 12,5mm de espessura cada. Estas placas são de gesso laminado formada por duas lâminas de papel com gesso no interior tal como referido no Anexo 2. O isolamento entre placas foi feito com Lã de Rocha Rocterm PN40 da Termolan com densidade de 40Kg/m3 e com condutibilidade térmica declarada de 0,036W/ (m.ºC).
O provete encontrava‐se montado num aro de restrição em aço galvanizado. A figura 1 esquematiza a configuração do provete ensaiado.
Fig. 1 – Configuração do provete de ensaio
3. METODOLOGIA DE ENSAIO Neste ensaio seguiram‐se as seguintes normas: i) CEN, European Committee for Standardization (August 1999) – “EN 1363‐1, Fire resistance tests – Part 1 General requirements”, Brussels. ii) CEN, European Committee for Standardization (August 1999) – “EN 1634‐1, Fire resistance tests for door and shutter assemblies – Part 1: fire door and Shutters”, Brussels. iii) CEN, European Committee for Standardization (August 1999) – “EN 1364‐1, Fire resistance tests for non‐ loadbearing elements – Part 1: Walls”, Brussels. 4. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS O equipamento utilizado neste ensaio foi o seguinte: i) Data logger TML TDS 605 ii) Paquímetro digital Mitutoyo iii) Forno de resistência ao fogo Termolab iv) Termopares tipo K v) Termopares de vareta tipo K 5. FORNO DE ENSAIO
O forno de resistência ao fogo apresentava medidas interiores de 1500 x 1500 x 1000 mm. O forno é eléctrico com uma potência de 90 kVA por módulo, sendo controlado de modo a seguir a curva de incêndio normalizada ISO834. Para o sistema de exaustão dos gases da combustão foi utilizado uma chaminé de campânula que abrangia toda a área do provete em ensaio. 6. CONDIÇÕES DE ENSAIO 6.1. Acondicionamento
O provete não recebeu nenhum acondicionamento especial, permanecendo em ambiente de laboratório nos vinte dias anteriores ao ensaio, (+‐ 20ºC e 60% de humidade).
6.2. Temperatura do forno
A temperatura do forno foi medida através de termopares de sonda do tipo K afastados de aproximadamente 200 mm da face exposta do provete e aproximadamente no centro geométrico da área exposta da amostra.
6.3. Temperatura na face não exposta ao aquecimento
O registo das temperaturas na face não exposta ao aquecimento foi feito através de termopares tipo K. Foram colocados termopares em dez pontos de medição orientados geometricamente na face útil do provete conforme se mostra na figura 2. Os pontos de medida de 1 a 5 foram utilizados na avaliação do critério das temperaturas médias, e os pontos de 1 a 10 no critério de temperaturas máximas. Adicionalmente, foram medidos os deslocamentos perpendiculares ao plano do provete (círculos negros na Figura 2). Fig.2 – Localização dos termopares e pontos de deslocamento 6.4. Curva de aquecimento A curva de aquecimento do forno seguiu muito proximamente a curva ISO 834 (Figura 3).
Fig.3 Curva da temperatura média no interior do forno 7. RESULTADOS A realização do ensaio durou 110,6 minutos. O Quadro 1 mostra as temperaturas registadas no forno e no provete. A temperatura inicial do ensaio (T0) foi 18 ºC 7.1. Critério ‐ Isolamento térmico
O critério de isolamento térmico é violado quando a temperatura média nos termopares ultrapassa os 140ºC ou a temperatura pontual ultrapassa os 180ºC. Este critério foi atingido para a temperatura pontual após 104,1 min de ensaio (ponto 5). A temperatura média de 140ºC foi observada após 105,1 minutos de ensaio. O varrimento na aquisição de dados foi feito com intervalos de 30 segundos. Considerou‐se como tempo de verificação o instante correspondente ao último varrimento de aquisição de dados imediatamente antes da verificação do critério.
7.2. Critério ‐ Estanquidade a chamas e gases quentes
A resistência ao fogo em termos de estanquidade é o tempo, em minutos, durante o qual a amostra continua a manter a sua função de compartimentação, sem verificar a presença de: a) Ignição do tampão de algodão; b) Penetração do calibre de abertura; c) Chamas constantes.
Aos 69,1 minutos de ensaio este critério foi violado; verificou‐se uma abertura de passagem de gases quentes na parte inferior do provete (Figura 3). 0 200 400 600 800 1000 1200 0 10 20 30 43 53 63 73 83 93 103 Tempo [min] T e m p erat ura [º C] ISO834
Quadro 1 ‐ Temperaturas no forno e no provete Tempo [mim] ISO 834 Temp.Média do Forno [ºC] Temperatura da Face não Exposta
Ponto1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5 Media Ponto 6 Ponto 7 Ponto 8 Ponto 9 Ponto 10
0,0 20,0 17,6 17,9 18,0 18,4 18,2 18,3 18,2 18,2 18,3 18,3 18,2 18,3 5,1 577,9 156,3 17,9 18,0 18,3 18,2 18,3 18,1 18,2 18,3 18,3 18,2 18,3 10,1 679,2 622,9 17,8 18,0 18,3 18,2 18,3 18,1 18,2 18,2 18,3 18,2 18,2 15,1 739,1 738,0 17,9 18,2 18,4 18,4 18,5 18,3 18,3 18,4 18,6 18,6 17,8 20,1 781,7 784,7 19,7 21,8 20,5 21,6 21,7 21,1 19,0 20,2 21,8 21,1 21,1 25,1 814,9 818,4 25,7 29,4 27,0 29,1 29,6 28,2 23,0 26,1 28,9 26,8 26,8 30,1 842,0 839,0 35,1 40,8 39,6 41,2 42,5 39,8 30,7 34,9 39,0 34,9 34,9 35,1 865,0 855,6 48,7 53,7 53,3 55,7 54,1 53,1 40,1 48,8 51,6 44,7 44,7 40,1 884,9 871,3 59,5 62,2 63,1 64,7 59,4 61,8 49,3 62,1 61,4 53,7 50,0 45,1 902,5 879,4 64,6 64,7 67,2 67,6 62,0 65,2 57,1 67,7 66,4 59,6 55,8 50,6 919,7 896,3 64,3 62,4 62,7 65,5 60,3 63,0 61,2 67,2 65,9 61,9 71,4 55,1 932,5 907,8 60,2 59,5 60,7 60,8 57,8 59,8 61,8 62,1 61,4 61,2 73,1 60,1 945,5 917,0 57,5 63,4 68,8 58,2 61,9 62,0 61,3 58,4 61,4 63,0 76,1 65,1 957,4 931,6 60,2 69,5 75,6 64,6 76,6 69,3 61,8 58,4 73,5 68,4 81,0 70,1 968,5 938,6 75,0 78,8 79,8 75,7 80,4 77,9 63,7 64,6 80,4 75,2 82,3 75,1 978,8 941,6 80,3 81,9 79,2 80,1 82,9 80,9 65,8 77,1 80,5 78,9 83,7 80,1 988,5 951,4 80,3 83,2 77,6 80,4 84,9 81,3 67,5 80,9 79,7 80,9 88,3 85,1 997,5 960,9 80,6 84,1 76,0 80,8 90,8 82,5 69,0 82,9 86,9 83,1 91,2 90,1 1006,1 966,6 80,7 91,1 84,9 79,3 95,5 86,3 69,6 82,3 91,9 85,6 93,7 95,1 1014,2 971,4 81,5 96,6 89,1 85,2 95,7 89,6 70,3 84,9 92,6 90,1 95,7 100,1 1021,8 976,8 88,2 97,5 91,3 89,5 97,6 92,8 71,7 89,8 97,7 92,7 97,3 104,1 1027,7 983,9 89,9 110,3 92,3 91,0 130,0 102,7 73,3 92,5 100,7 94,0 100,3 105,1 1029,1 984,7 90,4 142,5 92,6 91,2 276,0 138,5 74,1 93,1 127,5 94,6 108,3 110,1 1036,1 934,8 91,8 290,8 95,6 91,9 216,3 157,3 76,0 93,6 359,4 96,7 138,1
7.3. Critério ‐ Deslocamentos Na Figura 4 verifica‐se que o provete apresentou um deslocamento máximo de 34 mm (ponto A) no sentido do interior do forno após 70 minutos de ensaio. Nesse instante, a temperatura média no interior do forno de 938,6ºC. De seguida o sentido do deslocamento inverteu, sendo o último deslocamento de 14 mm no sentido do exterior do forno. Fig. 4 – Deslocamento do provete 7.4. Observações O ensaio prolongou‐se após a definição da resistência da parede apenas para avaliação do comportamento. Após os 110,6 minutos de ensaio foi dado por terminado por comum acordo entre os responsáveis pelo ensaio e o requerente deste. A Figura 5 apresenta todas as medidas obtidas durante o ensaio. -20 -10 0 10 20 30 40 0 20 40 60 80 100 120 Tempo [min] D e s lo c am en to [ m m ] Ponto A Ponto B 2 por. méd. móv. (Ponto A) 2 por. méd. móv. (Ponto B) 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 0 5 10 15 20 25 30 38 43 48 53 58 63 68 73 78 83 87 93 98 103 108 Tempo [min] Te m p e ra tua [ ºC ]
8. RESULTADO FINAL
Os resultados obtidos em ensaio demonstram que a amostra tal como apresentada e com os elementos de construção montados como descrito, e nas condições de ensaio especificados, apresentou resistência ao fogo de 60 minutos. Coimbra, 07 de Dezembro de 2009 O Director do ISISE ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ Prof. Doutor Luís Simões da Silva (Professor Catedrático) O Técnico responsável ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ Filipe Daniel Rodrigues da Cruz (Engº Técnico)