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BRINQUEDOTECA: A PRÁTICA LÚDICA PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL

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Academic year: 2021

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BRINQUEDOTECA: A PRÁTICA LÚDICA PARA A EDUCAÇÃO

ESPECIAL

Maria Cristina Trois Dorneles Rau 1- IEPPEP - SEED PR Eixo Temático 3: Didática e prática de ensino nas diversidades educacionais Subeixo 2: Didática e prática de ensino na inclusão e no reconhecimento de saberes Resumo

O presente estudoteve como objetivo investigar como o brincar na brinquedoteca pode intervir no processo de desenvolvimento e aprendizagem do aluno com necessidades educacionais especiais considerando suas representações motoras e sociointerativas com o meio que o cerca a partir da atuação pedagógica com a ludicidade por parte do professor. O trabalho se desenvolveu durante quatro semestres, entre os anos 2013 e 2014 a partir da prática de oficinas lúdicas desenvolvidas por alunas do Curso de Formação de Docentes em Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, orientada pela professora brinquedista. A pesquisa foi desenvolvida no Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pilotto, a partir da perspectiva da pesquisa-ação, tendo como sujeitos um grupo de quatro alunos da classe especial com necessidades especiais nas áreas motora e intelectual e as professoras em formação do referido curso. Para a pesquisa foram observados dois pressupostos básicos de análise: as concepções de brinquedoteca e a educação especial a serem estudadas para a ação pedagógica com o brincar. Para tanto, os dados obtidos foram analisados tendo como principais aportes teóricos os estudos de Kishimotto (2000) e Cunha (2007), que tratam da brinquedoteca na educação e de Sommerhalder e Alves (2011) que abordam o brincar e a inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais. As crianças com necessidades especiais apresentam dificuldades em perceber estímulos do meio o que reflete na sua interação com este. Desta forma, o trabalho educativo na brinquedoteca oportuniza a exploração de brinquedos e atividades lúdicas que estimulam o seu desenvolvimento e aprendizagem. O resultado desse trabalho foi percebido nos avanços obtidos no processo de desenvolvimento dos alunos por meio das aquisições psicomotoras relacionadas à aprendizagem progressiva e maior representação do brincar como possibilidade de ação para profissionais da educação.

Palavras-chave: Brinquedoteca. Atuação pedagógica. Educação Especial.

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Mestre em Educação – Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Pós-Graduação em Educação Especial Inclusiva, Metodologia de Ensino da Educação Básica, Psicopedagogia: Clínica e Institucional – Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão (IBPEX PR). Licenciatura Plena em Educação Física – Universidade Católica de Brasília (UCB DF). Professora da Rede Estadual do Paraná (SEED-PR): Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar (SAREH PR), Professora

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Introdução

As oficinas lúdicas com a classe da Educação Especial do Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pilotto (IEPPEP) surgiram inicialmente da ampliação do campo de estágio para as alunas do Curso de Formação de Docentes em Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental e da construção do conhecimento sobre práticas lúdicas na Brinquedoteca. A brinquedoteca, nesta perspectiva, veio ao encontro da necessidade de uma prática pedagógica diferenciada para crianças com necessidades especiais do IEPPEP que considerassem o atendimento às necessidades de estímulos psicomotores para a classe da Educação Especial, composta por quatro alunos que apresentavam em seu quadro de necessidades especiais; déficit intelectual e motor.

O brincar, pode ser um elemento de interlocução entre a prática pedagógica e o processo de desenvolvimento e aprendizagem dos educandos. Assim, a partir de conteúdos lúdicos foram organizados o planejamento e a prática de oficinas para os alunos da classe especial.Com efeito, para que o contexto da Brinquedoteca seja significativo, a abordagem sobre a ludicidade e a formação docente, seguida de breve descrição de uma das oficinas serão o desenvolvimento deste artigo, antecedendo a análise e apresentação dos resultados.

A Brinquedoteca do IEPPEP e a formação de docentes em Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

A atuação dos professores em formação na brinquedoteca possibilita pensar de forma contrária a segregação de alunos com necessidades especiais. Considerar a Brinquedoteca nessa perspectiva formativa contribui na humanização dos professores e alunos na prática pedagógica na Educação Especial.

De acordo com Cunha (2007, p. 13), “a brinquedoteca é um espaço onde as crianças (e os adultos) brinca livremente, com todo o estímulo à manifestação de suas potencialidades e necessidades lúdicas.”

Desta forma, a consciência lúdica na atuação do professor perpassa pelo sentido de que todas as crianças têm direito ao brincar de qualidade, independente de suas necessidades especiais. Referindo-se a produção do conhecimento sobre o brincar, Kishimoto (2000, p. 37) destaca:

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Essa é a especificidade do brinquedo educativo, apesar da riqueza de situações de aprendizagens que propicia, nunca se tem a certeza de que a construção do conhecimento efetuado pela criança será exatamente a mesma desejada pelo professor.”

O brincar planejado, elaborado considerando a pesquisa e conhecimento sobre a ludicidade nos seus aspectos educativos. Tais reflexões se devem ao compartilhamento entre o enfoque teórico sobre a ludicidade e o desejo de que as oficinas sejam instrumentos construtivos na ação pedagógica de cada professor em formação e alunos com necessidades especiais.

A prática lúdica na Brinquedoteca com a Educação Especial

No decorrer de quatro semestres foram desenvolvidas várias oficinas, sendo uma por semana, porém, a oficina “A psicomotricidade e o trânsito”foi considerada uma das práticas lúdicas mais significativas no que se refere ao desenvolvimento psicomotor e sociointerativo dos alunos. Realizada em dupla, a prática iniciou com as professoras em formação falando sobre a importância da percepção do espaço e do movimento nas ações do cotidiano. Para esse momento, foi utilizado um cartaz com diversas figuras que expressavam o movimento.

Alguns questionamentos também foram feitos aos alunos que responderam como o movimento estava inserido em suas atividades diárias como hábitos de higiene, alimentação, vestuário e interações sociais. As participações dos alunos eram objetivas e breves, mas demonstravam a capacidade de raciocínio e memória a partir de suas falas.

Convidados a participarem da oficina, já no pátio da escola, as professoras em formação iniciaram com atividades de alongamento para que os alunos identificassem as partes corporais e as possibilidades de movimento. Mesmo com algumas dificuldades para a realização dos movimentos, devido às necessidades especiais nos aspectos motores, os alunos participaram com dedicação e alegria. Nesta perspectiva, “a concepção do lúdico como um recurso pedagógico direcionado ao desenvolvimento psicomotor surge entre os aspectos relacionados à interação da criança com o meio em que vive.” (RAU, 2011a, p. 85)

As atividades principais ainda estavam por vir. As professoras em formação construíram, com os alunos, carrinhos com caixas de leite, cobertos com papeis coloridos e desenhados. Para Santos (1995, p. 7) “(...), um aspecto importante no

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adulto que o cria, confecciona e sente prazer de vê-lo pronto e não só para a criança que brinca.”

No pátio, foi construída uma rua, com TNT preto imitando o asfalto e fita crepe para as faixas. Também foram utilizadas placas de madeira de um jogo que traz as normas de trânsito. Nessas placas, encontram-se também setas com as direções e sentidos. Assim, os alunos brincaram com seus carrinhos, explorando o material, sons e apresentaram suas próprias percepções dos recursos.

Em relação ao espaço da brinquedoteca, pode-se dizer que:

é um elemento de composição do projeto da brinquedoteca a definição dos seus objetivos, e isso implicará, também, na escolha do espaço, visto que as necessidades e objetivos da brinquedoteca podem ser mais facilmente alcançados dependendo do local escolhido para a instalação desse ambiente lúdico. (SOMMERHALDER e ALVES, 2011, p. 81)

Ao serem estimulados a dirigir seus carrinhos pela pista, os alunos foram convidados a seguir em frente andando, agachados, virar para o lado esquerdo ou direito em diferentes posturas corporais. Foi inserido um arco, pelo qual os alunos passaram por dentro, na perspectiva de enfrentamento dos desafios corporais.

Ao mesmo tempo, as professoras em formação destacavam algumas regras de trânsito, principalmente às que se referiam as mais comuns e utilizadas como atravessar a rua na faixa, perceber carros mais ou menos distantes e significado das placas. As crianças demonstraram conhecer as normas do trânsito, assim a atividade reforçou tais aprendizagens. Nesse sentido, Rau (2011) aborda que o desenvolvimento da noção de espaço na psicomotricidade é fundamental para aprendizagens específicas como as necessárias às áreas de geografia, matemática, artes visuais entre outras. Ao vivenciar brincadeiras com o espaço, os alunos participam de forma construtiva na formação dos conceitos espaciais.

Ao final da oficina, os alunos levaram os carrinhos para a sala de aula e descreveram à professora regente suas práticas com muito entusiasmo. As professoras em formação voltaram à Brinquedoteca com a professora brinquedista para avaliação da prática lúdica.

O registro desta prática lúdica na Brinquedoteca e outras que possibilitaram a pesquisa e produção deste artigo está compartilhado em um Blog, sob o seguinte endereço: www.brinquedotecaieppep.blogspot.com

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Considerações Finais

A realização das oficinas no decorrer dos quatro períodos de formação dos professores em Brinquedoteca buscou encontrar nos recursos materiais, temporais e relacionais, encontros que possibilitassem escolhas individuais e coletivas em vivências como brinquedistas. Neste sentido, as oficinas de prática lúdica com os alunos da Educação Especial demonstraram avanços na capacidade cognitiva e criativados alunos durante as atividades.

As professoras em formação apontaram em seus objetivos que os alunos ampliassem seus conceitos espaciais e observaram que a partir da prática lúdica, estes resolveram problemas cognitivos e motores com maior facilidade, como transpor obstáculos, pensar e decidir sobre ações motoras solicitadas. Também, as interações sociais foram descritas pelas professoras em formação quando dedicaram atenção especial às qualidades pessoais dos alunos em relação à cooperação e à solidariedade. Refletiram também sobre o brincar e o desenvolvimento das habilidades psicomotoras para o professor na prática pedagógica, pois ao explicar as atividades também precisavam pensar sobre o movimento, sentido e direção de suas ações. Observaram que a partir da conceituação da psicomotricidade o movimento corporal é uma forma de linguagem muito significativa na interação professor e aluno.

O resultado foi considerado construtivo no desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, pois além das interações motoras esperadas, apontaram questionamentos e reflexões demonstrando melhor percepção dos aspectos conceituais,possibilidades no uso da linguagem, na organização espaço-temporal, nas brincadeiras e nas relações com seus pares.

Contudo a reflexão sobre a proposta da Brinquedoteca na formação docente leva a crer que a prática lúdica possa ser reconhecida em sua relevância como mediadora da aprendizagem escolar, seja ela no ensino com alunos com ou sem necessidades educacionais especiais.

REFERÊNCIAS

CUNHA, Nylse Helena Silva. BRINQUEDOTECA. Um mergulho no brincar. São Paulo: Aquariana, 2007.

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RAU. Maria Cristina Trois Dorneles Rau. A ludicidade na Educação: uma atitude pedagógica. 2ª edição. Curitiba, PR: IBPEX, 2011.

SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedoteca: Sucata vira brinquedo. Porto Alegre: Artmed, 1995.

SOMMERHALDER, Aline e ALVES, Fernando Donizete. Jogo e a educação da infância: muito prazer em aprender. Curitiba, PR: CRV, 2011.

Referências

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