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A percepção de trabalhadores da construção civil acerca dos fatores de risco de acidentes de trabalho

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ANA CARLA DE MACEDO SOUZA

A PERCEPÇÃO DE TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL ACERCA DOS FATORES DE RISCO DE ACIDENTES DE TRABALHO.

Palhoça 2009

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ANA CARLA DE MACEDO SOUZA

A PERCEPÇAO DE TRABALHADORES DA CONSTRUÇAO CIVIL ACERCA DOS FATORES DE RISCO DE ACIDENTES DE TRABALHO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Psicologia, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Psicólogo.

Orientadora: Prof. Dra. Carolina Bunn Bartilotti

Palhoça 2009

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ANA CARLA DE MACEDO SOUZA

A PERCEPÇAO DE TRABALHADORES DA CONSTRUÇAO CIVIL ACERCA DOS FATORES DE RISCO DE ACIDENTES DE TRABALHO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Psicologia, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Psicólogo.

Palhoça, 17 de novembro de 2009.

_____________________________________________ Prof.ª Orientadora Carolina Bunn Bartilotti, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_____________________________________________ Prof.ª Ana Maria Santana, Msc

Universidade Federal de Santa Catarina

_____________________________________________ Prof.ª Marilda Contessa Lisboa, Esp.

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Dedico e agradeço com muita gratidão este trabalho primeiramente a DEUS, sem ELE não somos nada.

Dedico esta parte de minha vida, em especial ao meu marido Cóia, meu amor, minha fortaleza maior pelo companheirismo, carinho e pela paciência em todas as horas em que precisei estar ausente. E aos meus amados filhos Naiana e Marcel, pelo amor, compreensão e paciência que tiveram para que eu pudesse chegar até aqui.

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AGRADECIMENTOS

No decorrer de minha trajetória acadêmica, sem dúvida alguma, encontrei várias dificuldades. Sei, porém, que não caminhei sozinha. Meus objetivos foram alcançados e assim muitos fizeram parte para que este sonho se realizasse!!!

Primeiramente agradeço a Deus, por permitir que eu chegasse até aqui, fortalecendo-me com o conhecimento da sua Palavra, e não permitindo que eu desistisse, dando-me forças até o fim da jornada, para assim seguir adiante.

Nossa quanta felicidade! Muitas vezes pensei que eu não daria conta e não chegaria até o fim!

Agradeço ao meu maridão fofo Cóia, que durante toda minha vida acadêmica, sempre esteve comigo (mesmo achando que era somente mais uns daqueles cursos que eu adorava fazer e não acabava!!),mas sim em todos os momentos de minha caminhada, sempre me dando coragem, força e incentivo. Meu eterno agradecimento por mais esta conquista.

Agradeço a minha tão amada filha Naiana e meu tão amado filho Marcel pela compreensão e apoio de vocês nos momentos de irritação, e por saberem me escutar, e muitas vezes entenderem, que eu não poderia estar sempre junto a vocês, e mesmo assim sempre me deram apoio durante a formação acadêmica compartilhando comigo cada alegria, conquista,e cada momento de brincadeiras,de superação, e hoje estão felizes porque essa etapa, eu digo que venci.

Aos meus filhos e anjos Jorge e José, onde sei que me olham de um horizonte maior e eterno, junto ao Nosso Deus Pai.

Agradeço a todas as pessoas que me ajudaram a chegar ao fim desta escalada, e de forma especial minha mãe amada Edézia, meu paidrasto Adelfo, meus irmãos Zezé, César e Ricardo, pois, além da força de suas crenças na minha vitória, me ajudaram a acreditar que eu conseguiria.

Ao meu futuro genrinho... Eduardo, que me acolheu nos momentos difíceis, contribuindo para a construção de um novo olhar para as coisas que eu achava que não daria conta.

Agradeço a minha amiga Simone Nobre, mesmo conhecendo-a há tão pouco tempo fez a grande diferença na minha vida. Obrigada pela sua paciência,

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sempre com uma palavra de conforto e carinho nas horas dificieis!! características de uma grande amiga. D.Verônica você é mais que demais querida!

Á uma grande amada amiga Olga, que partiu muito cedo, e deixou muitas lições de vida, onde uma delas, é que devemos lutar com toda a força em busca de nossos objetivos. Desistir? Nunca!...Saudades amiga!!!

Jane, a Universidade sem você não teria graça mesmo!Você irradia alegria por onde quer que passe, obrigada por esta amizade tão sincera mesmo!

À Eliana Lino, uma grande amizade conquistada, uma amiga do coração, me fez ver que tudo fez valer a pena. Sentirei saudades de tudo que vivi aqui!

Á Letícia Castelo, amiga, companheira de vida acadêmica, e que, muitas vezes não permitiu que eu desistisse,ensinando-me, dando apoio e carinho, se propondo a ajudar nas minhas dificuldades, e inclusive elaborou meu horário, para que pudéssemos nos formar juntas. “...Ana vai dar certo, você vai fazer estas disciplinas e pronto”!! E deu certo amiga!!

Á Juana Sirotsky! Sinto uma enorme gratidão, com você aprendi muito! Obrigada pelo seu respeito, compreensão nos momentos mais difíceis. Valeu a pena!Inclusive nossas voltinhas no “xopis”, lanchinhos, dormidinhas no carro quando estávamos cansadas de tudo! Foi um privilégio conhecê-la.

Ernesto, sempre bem humorado!Obrigada pela paciência comigo Fernanda Santiago, simplesmente és demais! Michelle Quintilhan, Micheli Venturin, Bel, Babi, Mônica, Carol,Flavia,D.Rosália,Cida obrigada pelas palavras de incentivo, compreensão e por torcerem pelo meu sucesso. Ás amigas do grupo de estagio Andréa, Rita, Melissa, Suélen, Cris Duriex, Fernanda e Gabi: desfrutem mais essa fase! Agradeço imensamente a minha orientadora de TCC Carolina, por ter me proporcionado grande aprendizado e por suas inúmeras sugestões. Sua dedicação e paciência me deram um incentivo maior a concluir este trabalho, deixando para mim um gostinho de quero mais. Você me mostrou que sou capaz!! Valeu mesmo Carol.

Aos meus mestres Marilda e Esther! Obrigada pela formação, pelas experiências de vida compartilhadas, sendo que cada conquista minha vocês tiveram uma parcela de participação. Agradeço a banca examinadora, Marilda Lisboa e Ana Maria Santana meu muito obrigada por terem aceitado meu convite. E por fim, agradeço a todos que, de uma forma ou de outra, acompanharam meu processo de crescimento. Obrigada

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“Porque tu és a minha rocha e minha fortaleza; assim por amor do teu nome, guia-me e encaminha-me.” (Salmos 31-3)

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RESUMO

A presente pesquisa está vinculada ao Projeto Saúde do Trabalhador do Núcleo Orientado Psicologia e Trabalho Humano do Curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina, que desenvolve projetos que envolvem o processo trabalho-saúde-doença em trabalhadores de todas as categorias. Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo referente às percepções de trabalhadores da Construção Civil acerca dos fatores de risco passíveis de ocasionar acidentes de trabalho. A Construção Civil é responsável por grande parte do emprego da população masculina, e também considerada uma das mais perigosas em todo o mundo, liderando as taxas de acidentes de trabalho fatais e não-fatais. Para tanto foi realizada uma pesquisa quantitativa, de natureza descritivo–exploratória a partir de um estudo de caso com levantamento e com uma amostra de 64 trabalhadores de um canteiro de obras de uma construtora da Grande Florianópolis. Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário que foi aplicado pela própria pesquisadora, uma auxiliar e também uma profissional técnica de segurança do trabalho no próprio ambiente de trabalho, contendo 28 questões fechadas acerca do entendimento dos trabalhadores quanto aos fatores que possivelmente possam ocasionar acidentes de trabalho. Os dados foram agrupados e divididos por fatores extrínsecos ao trabalhador (condições e ambiente de trabalho), e fatores intrínsecos ao trabalhador (cognitivos emocionais e fisiológicos). Na organização e análise dos dados, optou-se pela análise de estatística descritiva e utilizou-se o Microsoft Office Excel para a tabulação e processamento dos dados. A maioria dos participantes da pesquisa compartilha da mesma percepção a respeito de alguns dos fatores descritos no instrumento de coleta de dados, os quais possam vir a propiciar o acidente. Dentre os fatores extrínsecos destacam-se os treinamentos, campanhas de prevenção, palestras, ambiente de trabalho organizado, manutenção adequada dos equipamentos como fatores passiveis de ocasionar acidentes de trabalho. Quando analisados os fatores intrínsecos, os fatores mais evidenciados, destacam-se, o uso correto de equipamentos de segurança (EPIs), trabalhar calmo e com atenção, o uso de álcool e a satisfação destacam-se. Deste modo, com base nesta análise dos dados coletados e vinculações com as discussões teóricas, considera-se que é necessário trabalhar com a conscientização da importância da prevenção, tanto com os trabalhadores como também aos empregadores, para reduzir os números de acidentes de trabalho na Construção Civil.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Função exercida pelos trabalhadores da pesquisa (N=64). ...37 Tabela 2:Fatores extrínsecos ao trabalhador (n=64)...44 Tabela 3: Fatores intrínsecos ao trabalhador (n=64)...48

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Distribuição de freqüência por sexo (n=64). ...37 Gráfico2: Distribuição de freqüência por grau de instrução...39 Gráfico 3: Distribuição de freqüência por estado civil...40

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Etiologia dos acidentes de trabalho. ...26 Figura 2: Esquema sobre as variáveis que podem influenciar na percepção de risco...30

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Definições dos conceitos de risco e perigo. ...29 Quadro 2: Tipos de risco baseado na classificação da FUNDACENTRO 2005...29

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...13

1.1 PROBLEMÁTICA, OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS...14

1.2 JUSTIFICATIVA...17

2 FUNDAMENTACAO TEÓRICA: CONSTRUÇÃO CIVIL, ASPECTOS HISTÓRICOS, CARACTERIZAÇÃO E ACIDENTES DE TRABALHO. ...19

2.1. ASPECTOS HISTÓRICOS ...19

2.2 CARACTERIZAÇÃO Da INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL...20

2.3 ACIDENTES DE TRABALHO CONCEITOS...22

2.4 FATORES QUE INCIDEM NA OCORRENCIA DOS ACIDENTES DE TRABALHO ...25

2.5 PERCEPÇÃO DE RISCO NA CONSTRUÇÃO CIVIL...28

3 MÉTODO...31

3.1 TIPOS DE PESQUISA...31

3.2 LOCAL E PARTICIPANTES ...32

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ...33

3.4 PROCEDIMENTOS ...34

3.4.1 ORGANIZACAO, TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS ...35

4. ANALISES E DISCUSSÃO DE DADOS...36

4.1 CARACTERÍSTICAS SÓCIO DEMOGRÁFICAS DA AMOSTRA ...36

4.2 FATORES DE RISCO DE ACIDENTES DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL...42

4.2.1 Fatores Extrínsecos ao Trabalhador ...44

4.2.2 Fatores Intrínsecos ao Trabalhador ...47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...52

REFERÊNCIAS...56

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO: PERCEPÇÃO DE FATORES DE RISCO DE ACIDENTES DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL...63

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APÊNDICE B- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA A PARTICIPAÇÃO DE TRABALHADORES DA CONSTRUÇÂO CIVIL...65 APÊNDICE C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA A PARTICIPAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ...66 ANEXOS...67 ANEXO A–APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA UNISUL. 678

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1 INTRODUÇÃO

O curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina inclui no seu currículo acadêmico duas ênfases curriculares que são chamadas de Núcleos Orientados cujo objetivo é proporcionar ao acadêmico, formação específica de investigação e intervenção em Psicologia. Na 8ª fase do curso, o acadêmico deve escolher entre dois Núcleos, um deles é denominado como o Núcleo Orientado Psicologia e Saúde e um outro Núcleo Orientado Psicologia e Trabalho Humano, que visa formar profissionais a executar ações frente às questões que envolvem o trabalho humano, sempre priorizando a saúde psicológica dos trabalhadores.

Feita a opção pelo Núcleo Orientado, na fase seguinte os acadêmicos devem escolher entre os projetos oferecidos em cada Núcleo. No caso, a acadêmica escolheu o Núcleo Orientado de Psicologia e Trabalho Humano. Novamente o acadêmico deve escolher entre os projetos oferecidos, que são: Gestão de Pessoas, Saúde do Trabalhador e Identidade Profissional. Desta maneira houve a opção pelo projeto de Saúde do Trabalhador, o qual se fez a opção por seguir adiante neste projeto. Neste projeto são executadas atividades em grupos, que são realizadas com colaboradores da Biblioteca da Unisul, seminários, elaborações de relatórios, projeto este intitulado de Bem Estar-Saúde do Trabalhador, bem como atendimento a clínica do serviço de psicologia da Unisul.

Os trabalhos de conclusão de curso buscam fenômenos psicológicos relacionados ao projeto no qual o acadêmico está incluso. Desta maneira, interessou-se buscar saber quais as percepções que os trabalhadores da Construção Civil, possam ter ou não acerca de acidentes de trabalho, já que a indústria da Construção Civil é um setor que apresenta índices bastante elevados de acidentes de trabalho. De acordo estimativas da OIT (2003), dos 355.000 acidentes de trabalho fatais que acontecem em cada ano no mundo, aproximadamente 60.000 (17%) ocorrem em obras de construção. Estes acidentes representam perdas para a sociedade em geral, para empresa e para o trabalhador.

Sendo assim esta pesquisa ela foi estruturada em cinco capítulos, sendo eles: Introdução, Fundamentação Teórica, Método, Analise e Discussão de dados e Conclusão.

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A referida pesquisa em primeiro momento contextualizou o leitor para o aparecimento da problemática o qual deu origem ao problema de pesquisa. Em um segundo momento, procurou apresentar os objetivos ao qual essa pesquisa se buscou alcançar, e sendo assim uma maior compreensão do fenômeno que se propôs investigar. Logo em seguida foi abordada a justificativa da pesquisa, onde foram apresentados alguns referenciais científicos, que se relacionem com o tema desta pesquisa, com o intuito de oferecer maior fundamentação para a realização da mesma, assim como são apresentadas às relevâncias tanto científicas quanto sociais e pessoais/acadêmicas desta pesquisa. Como bases teóricas foram utilizados nesta pesquisa diversos autores que abordam a questão do acidente de trabalho bem como riscos, e fatores que possam vir ocasionar acidentes. No capítulo método, apresentou-se ao leitor o instrumento que foi utilizado na coleta dos dados, os locais onde foram feitas as coletas dos dados, os participantes que fizeram parte da pesquisa, bem como a forma que foram analisados os dados coletados, e por fim as conclusões.

1.1 PROBLEMÁTICA, OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS.

Todos os anos milhares de trabalhadores sofrem acidentes de trabalho no Brasil. Segundo dados do Ministério da Previdência entre os anos de 1997 e 2007, ocorreram 4.850.473 acidentes de trabalho no Brasil. A Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2005) refere que aproximadamente 270 mil de trabalhadores sofrem acidentes não fatais e 160 mil são acometidos por doenças profissionais todos os anos. Outros dados da mesma instituição estimam em 2 mil o número de trabalhadores que morrem por ano no mundo em decorrência de acidentes de trabalho. Neste sentido, o assunto relacionado a acidentes de trabalho constitui-se em tema atual, merecendo destaque e chamando a atenção de pesquisadores. Essa preocupação não é em vão, considerando que nestes levantamentos, acidentes estão presentes no cotidiano do trabalhador e estes podem acarretar danos irreversíveis para a saúde deste seguimento da população.

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De acordo Diesel et al (2001), o setor da Construção Civil é um dos ramos de maior relevância para o país devido ao seu grande capital circulante, utilidade de produtos, e principalmente por ser um ramo que possui um número bastante significativo de empregados. Conforme com o que foi publicado na Revista Prevenção, em 2009 estima-se que no Brasil a Construção Civil seja responsável por cerca de 15% do Produto Interno Bruto (PIB) empregando quase 1/3 dos trabalhadores e gerando mais de 9 milhões de empregos diretos e indiretos.

Apesar da relevância desta indústria, a Construção Civil atualmente se caracteriza por ser um dos cinco principais setores de atividades econômicas que mais afasta trabalhadores por motivos de acidentes típicos1. Nos anos de 2006 e 2007, segundo dados do Anuário Estatístico da Previdência Social (PREVIDÊNCIA, 2007), a Construção Civil afastou 18.690 trabalhadores por acidentes típicos, perdendo somente para as atividades de atendimento hospitalar (com 56.566 acidentes), atividades de extração de cana de açúcar (30.819) e comércio varejista (22.014). No período de 8 anos (1997-2005) foram registrados 255.514 acidentes de trabalho relacionados às atividades da Construção Civil, sendo que as atividades de edificações residenciais, industriais e comerciais registraram 118.211 vítimas (PREVIDÊNCIA, 2009).

Pesquisas realizadas pelo Siduscon (Sindicato da Indústria da Construção) de (S.P) e Ministério do Trabalho a nível nacional, apontam dados que chamam a atenção para altos índices de acidentes fatais na Construção Civil brasileira, que além de elevados em termos absolutos, indicam que este setor possui uma média de acidentes superior a media internacional.

Segundo estimativas da OIT (2003), dos 355.000 acidentes de trabalho fatais que acontecem em cada ano no mundo, aproximadamente 60.000 (17%) ocorrem em obras de construção.

Um dos motivos para tantos afastamentos e acidentes de trabalho é a natureza das atividades que são desenvolvidas na Construção Civil, e que na maioria das vezes precisa-se de planejamento muito rigoroso e adequado para que se tenha uma prevenção apropriada no local de trabalho (MELO 2000). Dentro das questões do ambiente e de prevenção contra acidentes de trabalho, é fundamental que se saiba as circunstâncias e o meio em que o sujeito encontra-se inserido,assim

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como, de que maneira este sujeito percebe um acidente relacionado à sua atividade laboral em sua vida.

No que tange à prevenção de acidentes, tradicionalmente, os trabalhadores da Construção Civil apresentam-se resistentes ao uso de Equipamentos de Proteção Coletiva e Individual. Souza (2002) atribui esta resistência ao fato do trabalhador negar-se a perceber o risco. Segundo este autor, os operários da Construção Civil conhecem o risco, porém o descaracterizam ou o desprezam.

Corroborando com esta questão, o ambiente de trabalho no setor da Construção Civil apresenta diversos riscos de acidentes, e torna-se imprescindível evidenciar estas condições. Dentre os principais riscos inclui-se: ergonômicos, pessoais, ambientais, químicos e físicos. Os riscos citados serão apresentados mais detalhadamente no capítulo de referencial teórico.

Apesar de autores como Souza (2002) referenciarem que os trabalhadores têm percepção acerca dos riscos passíveis de ocasionar acidentes de trabalho no âmbito da Construção Civil, alguns estudiosos (Sampaio 1999, Pontes 1998, Falcão e Rousselet 1999, Santana 2002) apontam que nem sempre estes riscos são percebidos. Tendo em vista esta contradição, bem como a complexidade de fatores que possam ocasionar danos aos trabalhadores, apresenta-se o seguinte problema de pesquisa:

Como os trabalhadores da indústria da Construção Civil percebem fatores acerca de risco passíveis de ocasionar acidentes de trabalho?

Sendo assim, o objetivo geral do estudo é identificar a percepção dos

trabalhadores da indústria da Construção Civil acerca dos fatores de risco passíveis de ocasionar acidentes de trabalho.

Diante do exposto e para responder a este objetivo geral, têm-se os seguintes objetivos específicos:

1) Identificar os fatores de risco que possam ocasionar acidentes de trabalho no desenvolvimento das atividades na Construção Civil;

2) Relacionar e associar os fatores de risco às características sócio-demográficas dos trabalhadores da Construção Civil.

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1.2 JUSTIFICATIVA

Tendo em vista o problema apresentado anteriormente, buscou-se nesta pesquisa algumas consultas a bibliografia disponível, porém verificou-se que o volume de pesquisas existentes relacionadas a acidentes de trabalho é expressivo, no entanto o desenvolvimento de pesquisas relativas à percepção de risco dos trabalhadores da Construção Civil é ainda restrito. No período entre março e maio de 2009, a autora realizou um levantamento bibliográfico nas bases de dados do Scielo, Pepsic, ICAD, Google Acadêmico assim como livros e revistas especializadas e constatou-se que há poucos dados científicos acerca da temática em questão.

No que se refere à relevância pessoal, o tema de pesquisa passou a interessar a autora, desde o segundo semestre do ano de 2008. Na ocasião foi elaborado um pré-projeto para a disciplina de Metodologia da Pesquisa II, cujo tema era “A Utilização de EPIs2 na Prevenção de Acidentes na Construção Civil,” já que, como mencionado anteriormente, a indústria da Construção Civil constitui-se em um ramo de atividade profissional em que acontecem muitos acidentes.

Sendo assim também se soma o fato da pesquisadora estar envolvida no projeto de extensão vinculado a UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina), intitulado “Bem Estar-Saúde do Trabalhador”, e aliado a este projeto estar cursando estágio curricular na mesma temática, o que despertou maior interesse para continuar a pesquisar sobre este fenômeno com o qual já existia uma identificação.

Ao conseguir responder o objetivo a qual esta pesquisa se encaminhou, pretendeu-se assim, servir a sociedade de uma atenção especial voltada a este setor.

No exercício das atividades da Construção Civil, faz-se importante possibilitar aos trabalhadores a edificação de uma carreira profissional amparada pelo bem estar e enaltecê-los a respeito de suas percepções acerca de um risco de acidente os quais, possivelmente, trará conseqüências para ele, sua família, empresa e sociedade.

Estudar a respeito de como estes trabalhadores percebem os riscos de acidentes de trabalho no decorrer de suas atividades é de relevância significativa.

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Verifica-se que, entre algumas das preocupações nas organizações com a saúde do trabalhador estão os acidentes de trabalho, custos estes que atingem tanto o funcionário como a empresa. Entretanto, o custo social nem sempre é questionado, a incapacidade do trabalhador, as dificuldades para uma reabilitação profissional, o fechamento do mercado de trabalho para o acidentado, são alguns dos inúmeros pontos que raras às vezes são discutidos, mas que são de extrema importância devido aos efeitos negativos que causam ao trabalhador.

Portanto, é baseado no que foi acima discutido que a pesquisa se justifica como uma forma do trabalhador e empresa estarem mais atentos a alguns fatores importantes entre eles; a prevenção da saúde física e mental num ambiente de trabalho, os quais venham a causar um acidente.

Ademais se pretende para o meio acadêmico, que esta pesquisa possa servir de referencia para contribuir com o desenvolvimento de novos estudos relacionados aos temas de prevenção, acidente de trabalho e saúde do trabalhador.

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2 FUNDAMENTACAO TEÓRICA: CONSTRUÇÃO CIVIL, ASPECTOS HISTÓRICOS, CARACTERIZAÇÃO E ACIDENTES DE TRABALHO.

2.1. ASPECTOS HISTÓRICOS

A Indústria da Construção Civil é uma atividade econômica que envolve tradicionais estruturas sociais, culturais e políticas. Enquanto atividade humana coincide com as demandas que o homem vem apresentando desde os primórdios da civilização, a partir da necessidade do homem de utilizar um lugar para garantir abrigo e proteção, aos ataques de animais, tempestades, ou qualquer evento nocivo a sua segurança. As primeiras habitações (há aproximadamente 10.000 anos) foram construídas com materiais brutos extraídos da natureza, e posteriormente blocos semelhantes a tijolos feitos de argila e palha. Estes materiais foram utilizados pelo homem para produzir suas residências, bem como grandes obras imponentes de engenharia na antiguidade, como as pirâmides do Egito e o Pantheon em Roma (MELO JÚNIOR, 2009).

Ao longo da história, as tecnologias para desenvolvimento de materiais foram evoluindo e aprimorando-se, fazendo com que a atividade de construção fosse considerada como uma das mais antigas e importantes realizadas pelo Homem. De acordo com Cunha (apud VALLADADES et al., 1981), foram nas fazendas de açúcar, nos colégios jesuítas, mineração e no artesanato urbano que iniciaram as primeiras atividades assalariadas ligadas à Construção Civil.

Nos últimos anos, diversas mudanças no mundo do trabalho ocorreram. A Construção Civil vem sendo atingida intensamente por estas mudanças, devido à atualização e modernização do setor. Incluem-se os novos conhecimentos técnicos e de maquinários, e devido a estas inovações, aconteceram muitas modificações nos procedimentos de trabalho.

Segundo Flohic (1987), a implantação das inovações tecnológicas na indústria da Construção Civil substituem o trabalho de caráter artesanal da profissão por um trabalho em escala. Ou seja, o “artesão” aquele que tinha o domínio de todas as etapas de produção permitindo a ele determinar o ritmo e conduzir a construção

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do começo ao fim e, deste modo, seu trabalho era qualificado passou a fazer parte da classe de “operário” o qual não tem o domínio de todas as etapas. Sendo assim, anteriormente, pelo caráter artesanal deste “saber-fazer,” cada construção era uma obra única e exclusiva. Com toda modernização, tecnologias, e o desenvolvimento deste setor da Construção Civil, passou-se a produzir em escalas (GOMES,2003 apud GÓMEZ, 1987).

Apesar das modificações do processo de trabalho da Construção Civil em que o trabalhador passou de artesão a operário, ainda hoje esta indústria, se mantém de certa forma artesanal, pois quase todas as etapas construtivas são feitas artesanalmente e com ferramentas manuais (VARGAS, 1981).

2.2 CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

As atividades desenvolvidas na indústria da Construção Civil, envolvem desde simples reformas de casas até grandes projetos de engenharia, dividindo-se basicamente em dois tipos de construções: 1) residenciais, comerciais, industriais, de serviços; e em 2) projetos de rodovias, pontes, usinas hidrelétrica, linhas de transmissão, entre outros (VÉRAS et al, 2006). Os primeiros tipos de construção classificam-se em risco do tipo 4 (quatro), de acordo com a NR 43.

Há singularidades na caracterização da indústria da Construção Civil. Cada produto é construído ou edificado em lugar determinado, onde será utilizado através da elaboração de projetos específicos, resultando na mudança constante do ambiente de trabalho. Dentre estas peculiaridades, Araújo (1998) cita as relativas ao tamanho das empresas, à curta duração das obras, à sua diversidade e à rotatividade da mão-de-obra.

De acordo com Smallwood (apud KRUGER 2003), é de grande importância ressaltar que em cada etapa de uma construção há uma incidência de atividades manuais, que levam o estabelecimento de trabalho com alto grau de

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A Norma Regulamentadora 4 (NR4) versa sobre serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho em edificações (residenciais, industriais, comerciais e de serviços) - inclusive ampliação e reformas completas.

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esforço físico dos trabalhadores. As tarefas necessárias para a execução dos serviços são realizadas em várias alturas e posições, gerando posturas agressivas e ações que envolvem, flexões, agachamentos, alcance de posições distantes do corpo e acima da cabeça, movimentos repetitivos, carregamento de materiais e equipamentos pesados, exposição a ruídos e vibrações além de subidas e descidas constantes.

Conforme os autores Silva (2008) e Dull (2004), tendo em vista as atividades realizadas, a indústria da Construção Civil é um setor que se caracteriza com um elevado índice de trabalhadores com baixo nível de escolaridade. Para iniciar as atividades, em geral, não é necessário ter nenhum curso de qualificação específico e normalmente os trabalhadores iniciam a profissão como serventes e vão, paulatinamente, mudando de função conforme adquirem experiência.

Conforme Mawardiye (1997), no aspecto econômico, a indústria da construção, ocupa papel de destaque no cenário nacional por gerar um grande número de empregos diretos e indiretos, absorvendo um terço dos trabalhadores envolvidos em atividades industriais. Werneck (apud Valadares et al., 1981) afirma que o setor, que possuía 263.000 trabalhadores em 1940, saltou para 1.934.000 trabalhadores em 1973.

Outro dado de expressiva relevância, com relação à absorção de mão-de-obra a indústria da Construção Civil é que este setor se mantém um tanto significativo, pois empregou mais de 5,8 milhões de pessoas, número que representa 6,53% da mão-de-obra do país e 18,5% em relação ao total de trabalhadores da indústria em geral. Sendo que analisados trabalhadores contribuintes e não contribuintes. (IBGE, 2007).

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (TEM, 2005) a indústria da Construção Civil emprega diretamente 3.771.400 trabalhadores em todo o país, “o que representa 5,6% da População Ocupada Total”.Para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2003), a indústria da Construção Civil possui extraordinária capacidade de realização de investimento, contribui para o equilíbrio da balança comercial e gera quantidade significativa de empregos indiretos. Vale destacar que estes dados são referentes somente aos trabalhadores formais, os trabalhadores informais não entram nesta estatística.

Segundo a OIT (2003), 94% das empresas no Brasil são micro e pequenas, que empregam até 29 trabalhadores e a informalidade da mão de obra na

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construção é da ordem de 61%. A indústria da Construção Civil respondeu por 10,3% do PIB Nacional, nos anos 1997/98 e 6,6% das ocupações no mercado de trabalho; No ano 2000 foi responsável por 15,6% do PIB nacional e empregou 3,6 milhões de pessoas.

2.3 ACIDENTES DE TRABALHO CONCEITOS

Nos dicionários da Língua Portuguesa o vocábulo acidente, do latim accidente, possui como significados: “1. Acontecimento casual, fortuito, imprevisto [...] 2. acontecimento infeliz, casual ou não, e de que resulta ferimento, dano, estrago, prejuízo,avaria, ruína, etc.,; desastres [...]” (Ferreira, 1986, p.31). Ou seja, o acidente é tomado como uma infelicidade, um azar, um acontecimento sem qualquer relação com a vontade humana.

Mendes (2002) refere definição de acidente de trabalho

Acidente de Trabalho é aquele que ocorre durante o exercício do trabalho, que provoca lesão corporal ou perturbação funcional que causa a morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. Considera-se igualmente os casos ocorridos no percurso da residência e do local de refeição para o trabalho ou deste para aquele. (MENDES, 2002 p. 329).

Segundo Santana (2002) os acidentes de trabalho são um dos mais importantes problemas de saúde no mundo por seu caráter potencialmente incapacitante e fatal, acometendo principalmente pessoas jovens e economicamente produtivas.

É considerado acidente do trabalho, quando ocorrer nas seguintes situações: Qualquer tipo de lesão, no local e/ou no horário de trabalho, doença profissional ou do trabalho que são adquiridas na atividade em função das condições em que o trabalho é exercido, e fora do local de trabalho a serviço da empresa (ZOCCHIO, 2002).

Para a Organização Mundial da Saúde, o acidente de trabalho é um acontecimento não premeditado, sendo este causador de grandes danos ao sujeito.

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Este é compreendido como uma ocorrência de numerosos fatos, que, de um modo geral, e sem alguma intenção, causa lesão corporal, morte ou dano material (ZOCCHIO, 1980).

Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT:

Acidente do trabalho (ou, simplesmente, ACIDENTE) é a ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, que provoca lesão pessoal ou de que decorre risco próximo ou remoto dessa lesão (NBR 14280/99, Cadastro de Acidentes do Trabalho - Procedimento e Classificação)

Segundo o Ministério do Trabalho (1995), a legislação Previdenciária conceitua o acidente de trabalho em sua Lei n 8.213, de 24 de julho de 1991, alterada pelo Decreto n 611, de 21 de julho de 1992, art. 19: “Acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, ou ainda, pelo serviço de trabalho de segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária”.

Conforme define o Ministério da Previdência Social, os acidentes do trabalho registrados são aqueles que são protocolizados e caracterizados e são divididos em:

Acidente típico: acidente decorrente da característica da atividade profissional desempenhada pelo acidentado;

Acidente de trajeto: acidente ocorrido no trajeto entre a residência e o local de trabalho do segurado, e vice-versa;

Doença profissional ou do trabalho: entende-se por doença profissional aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinado ramo de atividade. E por doença do trabalho aquela adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente.

Todos os três tipos de acidentes de trabalho podem ou não ocasionar afastamentos. Os acidentes com afastamentos são aqueles que resultam em morte, ou incapacidade permanente ou temporária. Já os acidentes sem afastamentos é todo acidente que não impossibilita o acidentado voltar à sua ocupação habitual no mesmo dia ou então em dia imediato ao do acidente, no horário regular.

(26)

A temática acidente do trabalho ganhou maior visibilidade na segunda metade do século XIX, com o advento da Revolução Industrial, em função do número de trabalhadores nas indústrias e as péssimas condições de trabalho. Segundo Hertz (2003), no período da Revolução Industrial ainda não existiam idéias de treinamento e aperfeiçoamento profissional, bem como uma maquinaria dotada de métodos de segurança, causando assim acidentes ao trabalhador.

Embora algumas empresas ainda não contassem com um grande planejamento para o estabelecimento de medidas de prevenção, são criadas comissões especiais de prevenção de acidentes, que mais tarde dariam origem as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA)|4. Zócchio (2002) refere que a partir de iniciativas delineadas nesta época, desenhou-se um planejamento de medidas preventivas de acidentes de trabalho.

Cruz (1998), afirma que um acidente do trabalho atingirá intensamente a produção da empresa, pela redução ou perda de mão de obra. Além desta perda de mão de obra, existem alguns fatores que também geram danos materiais a empresa, entre eles: horas paradas, gastos com a assistência ao acidentado, entre outros. Outro fator de grande importância seria com relação ao ambiente do trabalho, o qual os trabalhadores, vivenciando este contexto de um acidente, serão de alguma maneira afetados por insegurança e tensões.

Diante do citado acima muitos são os fatores e riscos que contribuem para que ocorra o acidente de trabalho, caso o trabalhador não esteja atento. Para tanto, alguns dos acidentes poderiam ser evitados, com a prevenção e conscientização dos riscos envolvidos em um ambiente de trabalho. Para, o autor Cicco (1998), alguns dos riscos, podem ser percebidos como a presença de uma ou mais variáveis as quais venham a causar danos. ao trabalhador. Sendo assim, os riscos no desenvolver das atividades no trabalho, ou seja, riscos profissionais são agentespresentes nos locais de trabalho, decorrentes condições não favoráveis, que de alguma forma ou outra afetam a saúde, a segurança e o bem-estar do trabalhador.

4

A CIPA foi criada oficialmente pelo Decreto nº. 7.036, de 10 de novembro de 1944, sem título definido. No entanto, a obrigação para instalação das comissões em fábricas só entrou em vigor em 19 de junho de 1945, por instrução da Portaria nº. 229 do então Departamento Nacional do Trabalho. Sua criação fora resultado de recomendação da Organização Mundial do Trabalho - OIT aos governos e às indústrias para adoção de comitês de segurança (PIZA,1997). No ano de 1953, no dia 27 de novembro foi criado o decreto que instituiu a Semana de Prevenção de Acidentes do Trabalho-SIPAT, o qual teria como objetivo oferecer aos trabalhadores um programa de educação com campanhas voltadas ao combate dos riscos à saúde e à segurança do trabalho.

(27)

2.4 FATORES QUE INCIDEM NA OCORRENCIA DOS ACIDENTES DE TRABALHO

Muitos são os fatores que incidem na ocorrência dos acidentes de trabalho, porém, antes de iniciar esta discussão, faz-se importante definir qual a etiologia dos acidentes de trabalho. Segundo o entendimento de Bartilotti (2009) a etiologia dos acidentes de trabalho (Figura 1) está relacionada à soma de incidentes positivos que podem ser de dois tipos: erros e falhas. Os erros são aqueles referentes às ações humanas, tais como: comportamentos inseguros e as falhas estão relacionados a questões de condições estruturais e tecnológicas, tais como as condições físicas do ambiente. A soma dos incidentes positivos acarreta na ocorrência de acidentes, porém faz-se importante destacar que cada erro ou falha pode contribuir mais ou menos para este infortúnio, como um sistema de vetores em que cada um deles incide com uma força para o resultado final.

A autora refere ainda que os acidentes de trabalho possam ter suas causas mediatas, ou seja, com incidentes positivos que vem ocorrendo a algum tempo no ambiente de trabalho (por exemplo: um equipamento de uso diário e que não foram feitas as devidas manutenções); ou ainda causas imediatas, como por exemplo, os acidentes de trajeto. Como conseqüências dos acidentes de trabalho, podem-se ter danos pessoais (por exemplo: doenças profissionais e doenças relacionadas ao trabalho) ou ainda danos patrimoniais, tais como queda de um muro já construído, quebra de caminhão da empresa, dentre outros.

(28)

Figura 1: Etiologia dos acidentes de trabalho. FONTE: Bartilotti, C. B. (2009)

Confirmando com a autora supracitada, Minayo-Gomez e Therdim-Costa, (1999) apontam como causas dos acidentes de trabalho na Construção Civil as condições físicas do ambiente, distorções na forma de organização e comportamentos inseguros, como também a negligencia do empregador no que se refere aos equipamentos de proteção individual (EPI) e de proteção coletiva (EPC). Somado a isto, a utilização de mão-de-obra não qualificada para a execução de alguns serviços destes trabalhadores pode acarretar erros no desempenho de suas tarefas.

Segundos Pontes et al (1998), a Construção Civil, por ter um grande número de tarefas envolvidas num canteiro de obras5, muitas vezes falta um gerenciamento das mesmas. Estas se caracterizam geralmente por atos inseguros e/ou condições ambientais inseguras, tais como choque elétrico, queda de nível, máquinas desprotegidas, irregularidade das proteções de poço de elevador, periferia e aberturas de lajes, falta de sinalização, desobediência às normas de segurança, entre outras.

5 Canteiro de obras: de acordo com a (NR -18): Área de trabalho fixa e temporária, onde se desenvolvem operações de apoio e execução de uma obra.

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A autora afirma que os acidentes na Construção Civil em sua grande maioria, ocorrem por razões de difícil resolução, tendo origens mais profundas e ocorrendo muitas vezes sem que haja consciência de quais são as suas causas, principalmente quando os acidentes não provocam lesões. Na referida pesquisa, os autores identificaram alguns problemas relacionados à falta de conscientização nas falas dos trabalhadores, tais como: “este acidente foi uma fatalidade, ocorreu porque tinha que ocorrer, foi a força do destino”. Essas falas são resultados das percepções que os trabalhadores têm a respeito dos riscos de acidentes que possam vir a sofrer, traduzindo-se como uma descaracterização destes riscos (PONTES et al, 1998).

Gonçalves (2000) afirma que as causas fundamentais dos acidentes são os atos inseguros e as condições inseguras. Para o autor, atos inseguros são ações que decorrem da execução de tarefas contrárias às normas segurança, que coloca em risco a sua integridade física ou de outro trabalhador. Por condições inseguras entendem-se os fatores presentes no local de trabalho que podem levar à ocorrência de acidentes, tais como: falta de limpeza e organização, nível de ruído elevado, iluminação insuficiente, falta de treinamentos de prevenção aos acidentes de trabalho, manutenção de maquinários e ausência de proteção nas máquinas, entre outros.

Para Falcão e Rousselet (1999) e Sampaio (1998), os acidentes de trabalho em sua grande maioria, poderiam ser evitados, se houvesse uma maior atenção desde o planejamento, gerenciamento e processos adequados de execução, implantação de programas de segurança e saúde no trabalho, bem como a oferta de educação e o treinamento de operários. Sampaio (1998) ressalta, ainda, que muitos acidentes aconteçam na Construção Civil em escala superior aos de outras áreas de atividade pelo fato de ser o ramo que mais emprega pessoas no Brasil; somado a isso, o autor refere que as condições de execução de obra ainda são inseguras e há pouca informação e treinamento dos operários.

No sentido de tentar atingir níveis ideais de segurança no trabalho, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desenvolveu a Norma Regulamentadora 18, que versa sobre condições e meio ambiente do trabalho na

indústria da Construção Civil, estabelece diretrizes de ordem administrativa de

planejamento e organização. Na norma há a descrição de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho, na indústria da construção.

(30)

2.5 PERCEPÇÃO DE RISCO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Retomando o que Falcão e Rousselet (1999) e Sampaio (1998), afimam sobre a ocorrência de acidentes de trabalho, em que acreditam que os mesmos poderiam ser evitados, estudar a percepção de risco dos trabalhadores da Construção Civil faz-se importante uma vez que este processo senso-perceptivo influencia o comportamento preventivo frente a situações que possam ocasionar acidentes de trabalho (SANDERS e McCORMICK, 1993 apud FISCHER e GUIMARÃES, 2002).

Por risco, entende-se como a “possibilidade de perigo, incertos, mas previsíveis, que ameaçam de dano a pessoa ou coisa” (MICHAELIS, 2002). O termo “risco” deriva da palavra italiana riscare, e traduz-se como a “prática de navegar entre rochedos perigosos”. O conceito atual de risco provém segundo Freitas e Gomez (1996), da Teoria das Probabilidades que leva em conta a previsibilidade de determinadas situações ou acontecimentos por meio de conhecimento, ou pelo menos, possibilidades do conhecimento. Nas atividades que desenvolve, o homem encontra-se exposto a risco que, dependendo da origem as quais pertençam, podem levá-lo a ter conseqüências que irão variar de intensidade, gravidade e periodicidade.

Segundo Smith 1992 (apud Coelho, 2007) para a população em geral o termo risco e perigo são utilizados como sinônimos, porém eles são conceitos diferentes. Segundo o autor, o perigo é definido como "... uma condição potencial para seres humanos e seu bem estar..." e risco como "... a probabilidade da ocorrência do perigo" (p. 6). Fischer e Guimarães (2002) discutem estes conceitos em seu artigo e apresentam um quadro síntese.

RISCO PERIGO

“Risco é a probabilidade ou chance de lesão ou morte” (SANDERS;

MCCORMICK, 1993, p. 675).

“Perigo é uma condição ou um conjunto de Circunstâncias que têm o potencial de causar ou contribuir para uma lesão ou morte” (SANDERS; MCCORMICK, 1993, p. 675). Risco “(...) é uma função da natureza do

perigo,acessibilidade ou acesso de contato (potencial de exposição), características da população exposta (receptores), a

probabilidade de ocorrência e a magnitude da exposição e das conseqüências (...)” (KOLLURU, 1996, p. 1.10).

“Um perigo é um agente químico, biológico ou físico (incluindo-se a radiação etromagnética) ou um conjunto de condições que apresentam uma fonte de risco mas não o risco em si”(KOLLURU, 1996, p. 1.13).

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“ (…) risco é um resultado medido do efeito potencial do perigo” (SHINAR, GURION e FLASCHER,1991, p. 1095).

Perigo é a situação que contém “uma fonte de energia ou de fatores fisiológicos e de

comportamento/conduta que, quando não controlados, conduzem a eventos/ocorrências prejudiciais/nocivas” (SHINAR, GURION e FLASCHER, 1991, p. 1095, apud. GRIMALDI e SIMONDS, 1984,p. 236).

Possibilidade de perigo, incertos mas previsíveis, que ameaça de dano a pessoa ou coisa (MICHAELIS, 2002).

Situação que prenuncia um mal para alguém ou para alguma coisa. 2. Risco, inconveniente (MICHAELIS, 2002).

Quadro 1. Definições dos conceitos de risco e perigo. FONTE: Fischer e Guimarães (2002, p. 04).

Retomando o conceito de Smith (1992 apud Coelho, 2007), os riscos ambientais são a probabilidades da ocorrência do perigo e estes caracterizam-se como condições inseguras, pois são fatores presentes no local de trabalho que podem levar à ocorrência de acidentes, tais como: falta de limpeza e organização, nível de ruído elevado, iluminação insuficiente, piso escorregadio e ausência de proteção nas máquinas. A seguir serão apresentados, conforme a classificação da FUNDACENTRO (2005), cinco tipos de riscos ambientais.

Tipo de

risco Descrição

Riscos Físicos

Incluem fatores ou agentes físicos, tais como: ruídos, vibrações, radiações ionizantes e não-ionizantes, frio, calor, pressões anormais e umidade.

Riscos Químicos

São identificados pelo grande número de substancias que podem

contaminar o ambiente de trabalho, tais como: poeiras, névoas, neblinas, gases, vapores, substâncias, compostos ou outros produtos químicos. Riscos

Biológicos Estão associados ao contato do homem com vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas e outras espécies de microorganismos.

Riscos Ergonômicos

Estão ligados a execução de tarefas, à organização e às relações de trabalho, ao esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, imposição de ritmos excessivos, controle rígido de produtividade, trabalho em turnos diurno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia, repetitividade e situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico.

Riscos de Acidentes

São muitos diversificados e estão presentes no arranjo físico

inadequado, pisos pouco resistentes ou irregulares, material ou matéria-prima fora de especificação, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas impróprias ou defeituosas, iluminação excessiva ou

insuficiente, instalações elétricas defeituosas, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos e outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes. Quadro 2: Tipos de risco baseado na classificação da FUNDACENTRO 2005.

FONTE: FUNDACENTRO(2005)-. Diretrizes sobre Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho.

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De acordo com Fischer e Guimarães (2002) a percepção de risco pode ser influenciada por diversos fatores, tais como: tempo de experiência dos trabalhadores e fatores subjetivos como a aceitabilidade dos riscos. Bartilotti (material não publicado – Figura 2) corrobora com os autores supracitados quando afirma que a percepção de risco é influenciada por variáveis sociais (escolaridade, sexo, idade, etc.), afetivo-emocionais (medo, ansiedade, estado de humor, dentre outros), nível de conscientização (treinamentos acerca do ofício), confiança, controle (grau de controle sobre os fatores de risco a que o sujeito está exposto) e auto-imagem.

Figura 2: Esquema sobre as variáveis que podem influenciar na percepção de risco. FONTE: Bartilotti, C. B. (2009).

Diante do exposto com relação a algumas das variáveis acerca da percepção de risco de acidente de trabalho e de fatores que contribuem para a ocorrência dos mesmos, a seguir serão apresentados o método e resultados desta pesquisa que teve como objetivo identificar a percepção dos trabalhadores da indústria da Construção Civil acerca dos fatores de risco passíveis de ocasionar acidentes de trabalho.

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3 MÉTODO

Compreende-se que para realização de pesquisa com responsabilidade científica, qualidade e validade dos resultados, é fundamental um conjunto de procedimentos adequados e sistematizados para que o desenvolvimento do estudo responda o problema de pesquisa.

Segundo Gil (1999, p.27) “a ciência tem como objetivo fundamental chegar à veracidade dos fatos” e seu objetivo é desenvolver um trabalho científico que responda ao problema de pesquisa.”. Não se pode ignorar que a própria ciência e principalmente a pesquisa em Psicologia têm estrita relação com o desenvolvimento social. (BOTOMÉ, 2007).

3.1 TIPOS DE PESQUISA

A presente pesquisa é de natureza quantitativa, pois se caracteriza pela possibilidade de se quantificar dados representativos do universo investigado e, em muitos casos, geram índices que podem ser reavaliados em certos períodos, permitindo comparações ao longo do tempo. (OLIVEIRA, 1998). No que se refere aos objetivos, a pesquisa pode ser classificada como descritiva-exploratória. Classificou-se como descritiva, pois nela foi investigada a existência de relações causais. Gil (2002) expõe que este tipo de pesquisa busca “descobrir a existência de associações entre variáveis [...] e são as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática”. (GIL, 2002, p. 42).

A pesquisa também pode ser exploratória, pois, segundo Gil (1999), o objetivo das pesquisas exploratórias é proporcionar uma visão geral sobre determinado fato. Segundo Triviños (1987) pesquisas exploratórias visam formular hipóteses e fazer uma investigação mais ampliada. O delineamento da pesquisa foi um estudo de caso com levantamento, pois de acordo com Gil (2002, p. 50) "as pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogação direta".

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3.2 LOCAL E PARTICIPANTES

A empresa catarinense escolhida atua no setor da Construção Civil desde 1993. Executa projetos de construção de prédios residenciais e comerciais na Grande Florianópolis/SC. Esta empresa foi escolhida, principalmente pela preocupação da mesma com a qualidade de suas construções, bem estar de seus funcionários, bem como; seu quadro de profissionais qualificados. Por solicitação da empresa seu nome não será mencionado, em momento algum neste trabalho para que não haja desagradáveis comparações futuras com outras empresas do município.

Esta empresa tem aproximadamente 120 funcionários que trabalham de segunda-feira à quinta-feira das 7h às 17h e às sextas-feiras das 7h às 16h, com um intervalo de 1h para o almoço que é feito no próprio local.

A empresa pesquisada, atualmente tem quatro obras em andamento (construção e acabamento). O local escolhido para realizar tal pesquisa foi um canteiro de obras de uma construtora civil da Grande Florianópolis. Esta Construtora conta com 17 obras entregues. O canteiro de obras na data que foi realizada esta pesquisa, estava com um total de 70 trabalhadores, dos quais 63 trabalhadores em funções diversas, e somente 1 cozinheira, sendo assim 64 trabalhadores respondentes, totalizando um percentual de 91,4% que foram os participantes da pesquisa. Esta obra é composta por duas torres de 9 andares cada, mais cobertura, tendo 4 apartamentos por andar, e 2 apartamentos de cobertura por cada torre. A referida obra teve inicio em novembro de 2007, e esta prevista a entrega para setembro de 2010. Como critério de inclusão dos participantes, foi levando em consideração que os mesmos estivessem trabalhando no canteiro de obras disponibilizado pela empresa, e não foi considerado critério de inclusão a atividade que o mesmo desenvolve na empresa, nem tampouco dados sócio demográficos. A escolha destes trabalhadores para responderem ao questionário, foi de forma aleatória.

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3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário fechado, por este possibilitar a determinação das perguntas por meio de um roteiro estabelecido (APÊNDICE A). Segundo Gil (1999), o questionário fechado contém questões de resposta fechada, e são aquelas nas quais o inquirido apenas seleciona a opção dentre as apresentadas. O instrumento é composto de três partes:

1) Perfil do operário: inclui informações referentes à idade, sexo, estado civil, número de filhos, escolaridade e presença de vícios (fumo ou álcool);

2) Dados profissionais: tipo de vínculo com a empresa, função atual, idade que iniciou as atividades na Construção Civil, tempo que trabalha neste ramo de atividade e tempo na referida empresa, formação profissional, envolvimento em acidente(s) de trabalho(s) e se recebeu treinamento;

3) Fatores de risco de acidentes: nesta parte do questionário estão listados, em forma de perguntas, 28 fatores que possivelmente possam ocasionar acidentes de trabalho, tais como “você considera que a manutenção adequada dos materiais e equipamentos (serras, betoneiras, elevadores, etc.) pode ajudar a prevenir acidentes de trabalho?”; “Você considera que realizar as atividades calmamente pode ocasionar acidentes de trabalho?”,entre outros. O nível de mensuração é categórico e as possibilidades de resposta são (0) “nunca”, (1)“algumas vezes” (2) “quase sempre”(3) “sempre” (99) “não sei responder”.

Todos os itens da terceira parte do instrumento foram construídos com linguagem acessível ao público alvo. Para verificar a adequação semântica dos itens, após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa, foi realizado um estudo piloto com seis operários com diferentes níveis de escolaridade, faixas etárias e tempo de empresa. As perguntas e as possibilidades de resposta em que os respondentes tiveram dificuldades foram revisadas. O tempo de aplicação foi de aproximadamente 10 minutos.

O instrumento foi aplicado individualmente e os itens foram lidos aos trabalhadores da Construção Civil. Aos trabalhadores foi disponibilizado um cartão medindo 40 cm x 20 cm, sendo que este ficava na mão do entrevistado, e nele continha as possibilidades de resposta (nunca, algumas vezes, quase sempre,

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sempre e não sei responder). A pesquisadora realizava a leitura dos itens, o trabalhador procurava dentre as opções de resposta contidas no cartão qual a que melhor se adequava ao item e a pesquisadora assinalava no instrumento de medida.Desta maneira também procedia a auxiliar da pesquisadora, e também a técnica de segurança do trabalho.

A fim de analisar a qualidade do instrumento de coleta de dados no que se refere a sua estrutura fatorial, a pesquisadora fez o procedimento de análise fatorial utilizando o Software Estatístico SPSS. Antes de realizar a análise fatorial propriamente dita, foi elaborada a análise do Teste Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) que aponta o grau de suscetibilidade ou ajuste dos dados à análise fatorial. O Teste de KMO obteve um valor de 0,450; Pereira (2001) leciona que valores entre 0,50 e 1,0 indicam que a análise fatorial é apropriada. Sendo assim, não foram realizados os procedimentos de análise fatorial (pois os dados não permitem que esta análise seja realizada) e, portanto não foi realizado o procedimento de validade de construto do instrumento.

3.4 PROCEDIMENTOS

Os procedimentos seguiram normas para pesquisa envolvendo seres humanos estabelecidas através da Resolução CNS n° 196/96, e a continuidade do processo só se deram após parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina. Foi solicitado aos operários a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B) e também explicado que seus dados seriam mantidos em sigilo. O mesmo aconteceu com o engenheiro responsável pela obra civil envolvida na pesquisa. Foi necessário o consentimento do mesmo, por meio de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido da instituição (APÊNDICE C). Foi feito um contato com o engenheiro responsável pela obra e foram firmados os dias, local e horários que a pesquisadora aplicaria os questionários. Os questionários foram aplicados no horário e local de trabalho dos operários. A pesquisadora apresentou os objetivos do trabalho aos operários, solicitou assinatura do TCLE, e posteriormente iniciou a aplicação do instrumento.

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Cabe ressaltar que a presente pesquisa recebeu aprovação sem restrições pelo CEP (APÊNDICE D).

3.4.1 ORGANIZACAO, TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

De acordo com Gil (1999) a análise dos dados tem como objetivo organizar e classificar os dados de forma sistemática, possibilitando o fornecimento de respostas do fenômeno pesquisado.

As questões fechadas foram tabuladas, de forma que se pudessem identificar as percepções dos sujeitos acerca dos riscos de acidente de trabalho. Tabular dados implica padronizar e codificar estas informações, com vistas a dispô-las em resultados numéricos para que a análise e interpretação sejam facilitadas (OLIVEIRA, 1998). Para tanto, utilizou-se o programa Microsoft Office Excel para a tabulação e processamento dos dados. Foram feitas análises de estatística descritiva.

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4. ANALISES E DISCUSSÃO DE DADOS

A Construção Civil de acordo com os autores (Santana, Nobre & Waldvogel, 2005; Santana & Oliveira, 2004) é responsável por grande parte do emprego das camadas pobres da população masculina, e também considerada uma das mais perigosas em todo o mundo, liderando as taxas de acidentes de trabalho fatais, não-fatais e anos de vida perdidos. A principal causa ocupacional de morte na Construção Civil situa-se os acidentes de trabalho

Neste capítulo, serão analisadas e interpretadas as informações obtidas a partir dos questionários aplicados e estes serão descritos em dois subitens a fim de responder aos objetivos específicos: 1) Identificar os fatores de risco que possam

ocasionar acidentes de trabalho no desenvolvimento das atividades na Construção Civil; 2) Relacionar e associar os fatores de risco às características sócio-demográficas dos trabalhadores da Construção Civil.

Porém, antes de iniciar estas análises, faz-se importante descrever as características sócio-demográficas da amostra pesquisada.

4.1 CARACTERÍSTICAS SÓCIO DEMOGRÁFICAS DA AMOSTRA

A partir da análise do questionário (APÊNDICE A) pode-se traçar de forma geral o perfil dos 64 entrevistados, trabalhadores da Construção Civil. No que tange ao sexo, conforme demonstrado no gráfico 1, 98,4% eram pessoas do sexo masculino. Tais resultados são corroborados por Santana e Oliveira (2004), ressaltando que esses trabalhadores, em sua maioria, são do sexo masculino, migrantes de outras regiões do país, com baixa escolaridade e reduzida qualificação profissional apontando ainda que a maior parte da população de trabalhadores do sexo masculino se concentra na indústria da Construção Civil. Vale destacar que, a única trabalhadora mulher partícipe da presente pesquisa, desenvolvia a função de cozinheira, atividade tipicamente de mulheres.

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63 1

Masculino Feminino

Gráfico 1: Distribuição de freqüência por sexo (n=64).

No que se refere às atividades desenvolvidas pelos 64 trabalhadores entrevistados, a maioria deles exerce a função de pedreiro (21,9%), carpinteiro (21,9%) e servente (20,3%) (Tabela 1).

Tabela 1: Função exercida pelos trabalhadores da pesquisa (N=64).

Função N % Pedreiros 14 21,9% Carpinteiros 14 21,9% Serventes 13 20,3% Guincheiros 5 7,8% Eletricista 2 3,1% Betoneirista 2 3,1% Mestre de obras 2 3,1% Contra mestre 2 3,1% Almoxarifes 2 3,1% Armadores 2 3,1% Encanadores 2 3,1% Motorista 1 1,6% Cozinheira 1 1,6%

Com relação aos trabalhadores saberem desempenhar outra função na Construção Civil, 56,3% dos trabalhadores entrevistados referem não saber desempenhar outra função, e 43,8% afirmam saber desempenhar outra atividade no canteiro de obras. Estudos apontam que, em geral, os trabalhadores tendem a saber desempenhar outras funções na Construção Civil.

No que se refere à idade, verifica-se que população de trabalhadores presentes na Construção Civil da obra referida, possui média de idade de aproximadamente 38 anos (Máximo=57 anos; Mínimo=19 anos; Mediana=36 anos).

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Barbosa e Lima (2007) lecionam que a faixa etária entre 32 a 37 anos de idade já representa uma população de trabalhadores “velhos”, idade em que o corpo começa a não responder satisfatoriamente às solicitações. Dados do Dieese (2001), por outro lado, corroboram com os dados encontrados na presente pesquisa, pois apontam que os trabalhadores da Construção Civil estão, em geral, em uma faixa etária superior a dos demais setores da economia. Em Porto Alegre, por exemplo, a média de idade das pessoas ocupadas na Construção Civil é de 38 anos, sendo que 45,1% estão na faixa etária acima de 40 anos.

Quando analisados os dados referentes à idade que começou a trabalhar na Construção Civil, nota-se que a média de idade que os trabalhadores começaram a trabalhar foi de 15 anos. A hipótese da autora para tal inserção prematura é de que na Construção Civil não há exigência de qualificação. Quando analisados o tempo de serviço na Construção Civil, os trabalhadores apresentaram média de 15 anos e 9 meses e quando levantado o tempo de serviço na referida empresa, os trabalhadores apresentam média de 6 anos e 9 meses, o que para Sousa (1999) apud BARROS & MENDES, 2003) é um tempo consideravelmente alto em relação à realidade das empresas de Construção Civil que, em geral, apresentam elevada rotatividade. De acordo com Machado e Cordeiro (2002), o tempo de serviço na mesma função pode evidenciar, ainda, a resistência de alguns dos trabalhadores ou também a falta de interesse e perspectivas no desenvolvimento de sua profissão - muitos operários não investem na profissão procurando aperfeiçoamento.

Ainda segundo Sousa (1999 apud BARROS & MENDES, 2003), ultimamente tem-se buscado a descentralização das atividades por meio da terceirização dos serviços, o que culmina com a descontinuidade do processo produtivo, a não participação do trabalhador em todo o processo construtivo da obra e a contratação temporária desses serviços terceirizados. Para Reimann e Francisco (1998 apud BARROS & MENDES, 2003) a terceirização causa insegurança na relação trabalhista, destrói a identidade de grupo, fazendo com que o trabalhador não consiga construir um modo de vida equilibrado. Na população pesquisada, pode-se constatar que 96,9% dos trabalhadores da referida obra são funcionários da empresa, enquanto que somente 3,1% são terceirizados. Estes dados podem ser analisados juntamente com o tempo de serviço da empresa em que o tempo de permanência é superior em relação à média das empresas da Construção CivilC. A hipótese da autora é que este tempo de fixação deve-se ao fato do trabalhador ser

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efetivo na empresa e não terceirizado, e que esta empresa não é do ramo empreiteiro. (DIEESE, 2001; SESI, 1998).

No que se refere ao grau de instrução (Gráfico3), a maioria dos entrevistados possui nível fundamental incompleto (70,3%), e nenhum refere ter cursado o nível técnico. Segundo Leal (2001), o baixo índice de escolaridade, característico dos trabalhadores da Construção Civil, limita o processo de qualificação profissional. De acordo com dados do DIEESE (2001) a força de trabalho empregada na Construção Civil compõe-se, predominantemente, de indivíduos jovens, do sexo masculino, com baixa escolaridade, reduzida qualificação profissional, e por expressivo contingente de migrantes.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Não le e não escreve Só assina o nome Ensino fund completo Fundamental incompleto Médio completo

Médio incompleto Curso técnico

Gráfico2: Distribuição de freqüência por grau de instrução.

Muniz (1993) cita que o ingresso na Construção Civil e a mudança de funções dentro do canteiro de obras não exigem nível de instrução elevado, nem tampouco cursos técnicos; mas sim a experiência de um saber adquirido. Neste sentido, o Serviço Social da Indústria (SESI), em um dos seus projetos em 19986, discute a importância da experiência obtida pelo trabalhador da Construção Civil, e valoriza este saber adquirido na prática diária. Este projeto descreve ainda o fato de os produtos gerados na indústria da Construção Civil serem únicos (não-homogêneos e não-seriados) e a descontinuidade das atividades produtivas - o

6 SESI - Serviço Social da Indústria. (1998). Projeto SESI na Indústria da Construção: diagnóstico da Mão-de-Obra do Setor da Construção Civil. Brasília: SESI/DN.

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trabalho manual ainda se constitui na "mola-mestra" do processo produtivo, o que de certa maneira, dificulta a introdução de máquinas e equipamentos.

Este setor ainda possui características de ofício adquirido durante a prática do trabalho, o que culmina com uma grande concentração de trabalhadores, neste ramo de atividade, com baixo nível de educação formal. Corroborando com os dados do SESI (1998) e Muniz (1993), Silva (2008), cita que este setor gera muitos empregos que não exigem qualificação nem nível de instrução, sendo que estes atendem às camadas menos instruídas e mais carentes da sociedade de um modo geral.

Os dados da presente pesquisa revelam que há predominância de trabalhadores casados (73,4%), quando comparados com trabalhadores com estado civil solteiro (14,1%) e convivente (10,9%) (Gráfico 3).

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Solteiro Casado Divorciado-separado Viuvo Convivente Gráfico 3: Distribuição de freqüência por estado civil.

Ainda com relação á constituição familiar, os trabalhadores foram questionados sobre a quantidade de filhos que possuem: 18 dos participantes não tem filhos,12 deles tem 03 filhos,31 tem de 2 a 3 filhos e apenas 3 possuem de 4 a 5 filhos, revelando a preocupação dos trabalhadores com um planejamento familiar adequado á realidade sócio-econômica por eles vivenciada, levando-se em consideração que a idade mediana dos participantes é de 36 anos.

No que tange ao envolvimento em acidentes de trabalho, dos 64 trabalhadores pesquisados apenas 3 se envolveram em acidentes. Estes dados são associados à questão do treinamento oferecido pela empresa: 100% dos trabalhadores da presente pesquisa afirmam que tiveram treinamento quando

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