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ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA INTERNACIONAL SOBRE VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL

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Academic year: 2021

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ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA INTERNACIONAL SOBRE VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL

Ilse Maria Beuren

Doutora em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo Professora Titular da Universidade Federal do Paraná

ilse.beuren@gmail.com

Tarcita Cabral Ghizoni de Sousa

Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina tarcita@brturbo.com.br

RESUMO

Analisa-se, por meio desse estudo, a produção científica sobre valoração econômica ambiental publicada em periódicos internacionais no período de 2007 a 2011. De modo especifico, (i) identifica os pesquisadores que publicaram sobre o tema nestes periódicos; (ii) analisa as redes de relacionamento entre os pesquisadores; (iii) averigua os autores mais referenciados nestes artigos. Pesquisa descritiva, por meio de análise documental, foi realizada nos periódicos internacionais com classificação A1 no Qualis Capes. Pesquisaram-se os periódicos que permitiram acesso aos artigos completos, nos quais se buscou o termo environmental economic valuation, resultando em 728 artigos contidos em quatro periódicos. Os resultados mostraram que os autores, tais como Nick Hanley, G. Cornelis Van Kooten e Felix Schläpfer, foram os mais prolíferos, cada um com seis artigos publicados. Na rede de relacionamento dos pesquisadores, utilizando o software Ucinet® 6.0, observou-se que o autor central da rede é Dominic Moran, a rede não é muito densa e o conhecimento é gerado por grupos de pesquisa e individualmente. O autor mais referenciado pelos pesquisadores é Robert Costanza. Conclui-se que, nos artigos pesquisados, os autores mais citados atuam na linha de pesquisa sustentabilidade e economia ecológica, o que suscita novas pesquisas, além de indicar caminhos na pesquisa sobre valoração econômica ambiental.

Palavras-chave: Autores; Periódicos internacionais; Produção científica; Redes; Valoração

econômica ambiental.

ANALYSIS OF INTERNATIONAL SCIENTIFIC PRODUCTION ON ENVIRONMENTAL ECONOMIC VALUATION

ABSTRACT

In this article, we examine scientific production of environmental economic valuation published in international journals in the period from 2007 to 2011. Specifically, we (i) identify the researchers who published on this subject in these journals; (ii) examine the social networks among researchers; and, (iii) verify the most referenced authors in these articles. In this descriptive research study, we used a documental analysis, conducted with international journals rated A1 in Qualis CAPES. We used journals that allowed full access to articles, searched for the term environmental economic valuation, and found 728 articles from four journals. The results show that the authors Nick Hanley, G. Cornelis Van Kooten, and Felix Schläpfer were the most prolific, each with six published articles. In reference to the researchers’ social networks, using the software UCINET® 6.0, we noticed that the networks’ central author is Dominic Moran, the network is not very dense, and knowledge is generated by research groups as well as individuals. The most common author mentioned by researchers is Robert Costanza. It is concluded that, in the researched articles, the most mentioned authors work in the sustainability and ecological economics’ line of research, which raises new research, besides indicating paths in the research on environmental economic valuation.

Key words: Authors; International Journals; Scientific Production; Networks; Environmental

Economic Valuation.

RGSA – Revista de Gestão Social e Ambiental ISSN: 1981-982X

DOI: 10.5773/rgsa.v8i2.874

Organização: Comitê Científico Interinstitucional Editor Científico: Jacques Demajorovic

Avaliação: Double Blind Review pelo SEER/OJS Revisão: Gramatical, normativa e de formatação

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Análise da produção científica internacional sobre valoração econômica ambiental

____________________________________________________________________________________ 1 INTRODUÇÃO

Estudos desenvolvidos, sob a perspectiva da Teoria Institucional, têm mostrado a dinâmica da matriz que abriga as instituições formais e informais. As primeiras são constituídas e formalizadas por leis e, em geral, impostas por um governo ou agente, motivadas pelo isomorfismo de coerção (Dimaggio, & Powell, 1983). As segundas são formadas por normas e códigos de conduta, em geral, criadas pela própria sociedade (North, 1990). Independentemente de serem instituições formais ou informais, elas se relacionam, de alguma forma, com as questões ambientais.

As questões ambientais possuem um elemento eminente nas discussões e pesquisas sobre a gestão ambiental nas organizações, que consiste na valoração econômica ambiental. Em uma visão pragmática, o desenvolvimento do conceito sobre valoração ambiental iniciou por distinguir os valores de uso e de não-uso. O primeiro, refere-se ao benefício obtido por meio da utilização efetiva do ambiente, de forma direta ou indireta. O segundo, não implica em utilização imediata ou futura do recurso ambiental. Por isso, esses valores são definidos como valores econômicos (Marques, & Comune, 2001).

A valoração econômica ambiental tornou-se fundamental no dia a dia das organizações e de seus gestores, assim como nos discursos das práticas administrativas, tendo em vista a sua competitividade. No que tange à competitividade das organizações, é imprescindível a busca por diferencial competitivo (Nogueira, Medeiros, & Arruda, 2000). A importância desse tema desperta o interesse de gestores ambientais, pesquisadores que estudam este assunto, além de outros profissionais da área ambiental, que encontram situações nas quais a valoração econômica ambiental é requerida (Motta, 1998).

A importância do tema economia ecológica, nos últimos anos, é evidenciada por diversos autores que vêm estudando o assunto, tornando seu conceito mais extenso e complexo (Hicks, 1946; Coase, 1960; Krutilla, 1967; Ayres, & Kneese, 1969; Georgescu-Roegen, 1971; Rawls, 1971; Meadows, Meadows, Randers, & Behrens, 1972; Keeney, & Raiffa, 1976; Daly, 1977; Vitousek, Ehrlich, Ehrlich, & Matson, 1986; Daly, & Cobb, 1989; Pearce, & Turner, 1990; Jansson, Hammer, Folke, & Costanza, 1994; Arrow et al., 1995; Rees, & Wackernagel, 1996; Costanza, R., & Folke, 1997; Motta, 1998; Nogueira, Medeiros, & Arruda, 2000; Marques, & Comune, 2001; Costanza, Daly, & Bartholomew, 1991, Costanza, Stern, Fisher, He, & Ma, 2004).

Para o desenvolvimento deste estudo, buscaram-se pesquisas que analisaram a produção científica internacional sobre o tema valoração econômica ambiental. Entretanto, identificaram-se somente dois estudos que tangenciaram o tema valoração econômica ambiental, abordando a economia ecológica. O primeiro, de Costanza, Stern, Fisher, He, & Ma (2004), verificou o grau de influência dos trabalhos selecionados e livros em economia ecológica, utilizando análise de citações do período de 1990 a 2003. Os autores concluiram que, devido a gama de temas transdisciplinares nos artigos públicados no periódico Ecological Economics, as citações ainda não estão bem representadas. O segundo estudo, de Silva e Teixeira (2011), analisou a evolução do campo da economia ecológica no período de 1989 a 2009, com o objetivo de lançar luz à predominância de certos tópicos de pesquisa. Os autores concluiram que existe uma carência de estudos que abordam o tema da valoração economica ambiental.

De acordo com Van Raan, (2003), Silva e Teixeira, (2008, 2009), os estudos bibliométricos estão sendo cada vez mais utilizados para fornecer informações importantes sobre os termos de influência, especializações e tendências de um campo de pesquisa, envolvendo uma avaliação mais objetiva dos padrões de pesquisa científica. No entanto, esta intensidade de estudos bibliométricos não foi observada no tema valoração econômica ambiental, já que foram identificados apenas dois estudos que tangenciaram o assunto.

Com este entendimento, pretende-se ampliar o conhecimento na área da economia ecológica, tendo como foco específico de estudo publicações sobre valoração econômica ambiental. Com base no exposto, formulou-se a seguinte questão de pesquisa: Qual o perfil bibliométrico e sociométrico dos artigos publicados sobre valoração econômica ambiental em periódicos

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Ilse Maria Beuren, Tarcita Cabral Ghizoni de Sousa

internacionais? O objetivo geral desse estudo é analisar a produção científica sobre valoração econômica ambiental em periódicos internacionais no período de 2007 a 2011. De maneira específica, busca-se: (i) identificar pesquisadores que publicaram sobre o tema nestes periódicos; (ii) analisar as redes de relacionamento entre os pesquisadores; (iii) averiguar os autores mais referenciados nestes artigos.

Justifica-se o interesse pelo tema, visto ser um assunto que tem atraído a atenção de pesquisadores, tornando-se alvo de debates acadêmicos nos últimos anos. Além disso, representa uma oportunidade para estudar o tema, uma vez que esta literatura foi publicada em periódicos internacionais, supostamente com as referências mais representativas desta área do conhecimento. Pesquisaram-se periódicos indexados na ISI Web Knowledge, uma conceituada base de dados do mundo científico, que apresenta o fator de impacto Journal Citation Reports (JCR). Isto significa, a

priori, ser uma literatura científica relevante na área de estudo.

A pesquisa em ciências sociais aplicadas, mostra-se sensível a essa problemática, apontando a valoração econômica ambiental como um tema relevante e, nos últimos anos, registra-se um crescimento importante da literatura sobre valoração econômica ambiental, principalmente valoração econômica (Motta, 1998). Assim, conhecer os títulos e as características destes periódicos, os autores dos artigos, as redes de relacionamento dos pesquisadores, os artigos publicados quanto aos objetivos de estudo, o método de pesquisa adotado, os resultados e as conclusões, se configuram como uma forma de aprofundar o assunto sobre valoração econômica ambiental.

2 VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL

Até o fim da década de 1960, os teóricos neoclássicos não reconheciam que os problemas ambientais pudessem influenciar em economias de mercado (Mueller, 1996). No entanto, a Comissão Mundial do Meio Ambiente (CMMD) (1987, p. 43), destaca que “[...] o desenvolvimento é que garante o atendimento das necessidades do presente, sem comprometer a habilidade das gerações futuras de atender suas necessidades”. Todavia, Shi (2004, p. 34) argumenta que “[...] a economia ecológica ainda tem um longo caminho a percorrer para realmente alcançar o objetivo de uma melhor gestão da sustentabilidade”.

Alguns autores da linha denominada economia ecológica argumentam que para alcançar o desenvolvimento sustentável torna-se necessário que os bens e serviços ambientais sejam incorporados à contabilidade econômica dos países (Marques, & Comune, 2001). Nesse caso, apontam que o primeiro passo é atribuir aos bens e serviços ambientais valores comparáveis àqueles atribuídos aos bens e serviços econômicos produzidos pelo homem e transacionados no mercado.

Daly (2005) ressalta que a humanidade precisa fazer a transição para uma economia sustentável, que respeite os limites físicos inerentes ao ecossistema mundial para que ele possa continuar a operar por muito tempo no futuro. Nesse sentido, Silva e Teixeira (2011) evidenciam a valoração econômica ambiental como um tema de destaque na pesquisa de economia ecológica. No entanto, dada a existência de várias abordagens diferentes para atribuir valores aos bens e serviços não comercializados, alguns deles apresentam formulações conflitantes (O’Connor, 1993).

A economia ecológica apresenta métodos alternativos na tentativa de avaliar os efeitos das ações humanas sobre as outras espécies da natureza, como a complexidade ecológica, as considerações de ordem social, a diversidade, a ética a curto e longo prazo. A evolução do tema da valoração econômica ambiental tem revelado o interesse crescente no desenvolvimento da literatura, especialmente sobre métodos com novas abordagens, a fim de quantificar melhor a economia ecológica e suas interdependências (Costanza, Daly, & Bartholomew, 1991).

Nogueira, Medeiros e Arruda (2000, p. 86) destacam que “[...] os métodos de valoração econômica ambiental são utilizados para estimar os valores que as pessoas atribuem aos recursos ambientais, com base em suas preferências individuais”. Marques e Comune (1995, p. 633) afirmam que a maioria dos “[...] ativos ambientais não tem substituto e a inexistência de sinalização

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Análise da produção científica internacional sobre valoração econômica ambiental

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de preços para seus serviços distorce a percepção dos agentes econômicos, induzindo os mercados a falhas na sua alocação eficiente e evidenciando uma divergência entre os custos privados e sociais”. Marques e Comune (1995, p. 634) advertem que a ausência de preços para os recursos ambientais pode levar ao uso excessivo dos recursos. Os autores ressaltam ainda que a criação desses mercados pode ocorrer tardiamente, “[...] quando eles estiverem degradados num nível irreversível, ou os mercados não serem criados nunca, levando à extinção completa do recurso”. Neste sentido, alertam que, em havendo “[...] a possibilidade de inexistência de substitutos, providências precisam ser tomadas antes que essa possibilidade se materialize”.

Para Norton (1986), atribuir valor aos serviços ecológicos não é possível. No entanto, Jansson, Hammer, Folke, & Costanza (1994) afirmam que, para preservar o capital natural, se torna imprescindível a realização de avaliações, mesmo que difícil, e de forma direta, ao invés de negar a sua existência. Os iniciadores dessas discussões compartilham a visão básica de que o ser humano, a economia, e os sistemas ecológicos são muito mais entrelaçados do que é geralmente reconhecido (Repke, 2005).

Nogueira, Medeiros e Arruda (2000) argumentam que os métodos de valoração econômica ambiental compreendem técnicas específicas para quantificar (em termos monetários) os impactos econômicos e sociais de projetos cujos resultados numéricos vão permitir uma avaliação mais abrangente, que assegure: a) manutenção do bem-estar da atual geração que habita os países industrializados; b) elevação do bem-estar da geração presente que habita países pobres; c) manutenção ou ampliação do bem-estar da futura geração.

Norton, Costanza and Bishop (1998) afirmam que as preferências mudam ao longo do tempo, sob a influência da educação e da publicidade, mudando os pressupostos culturais, bem como as variações na abundância e escassez. Nesse sentido, é preciso ter um critério diferente para o que é ótimo. Torna-se necessário descobrir como alterar as preferências, e como relacionar esse novo critério, com o que pode, ou deve, ser alterado para satisfazer as novas preferências. A visão de métodos de valoração econômica ambiental deve ser utilizada como base para avaliação, que depende da preferência individual pela preservação, conservação ou utilização desse bem ou serviço ambiental (Norton, Costanza, & Bishop, 1998).

Para Marques e Comune (2001), é possível realizar a distinção entre os valores que o ambiente detém, dividindo-os em dois grandes grupos: valores de uso – referente ao uso efetivo ou potencial que o recurso pode prover; e valores intrínsecos – refletem o valor que reside nos recursos ambientais, independente de uma relação com os seres humanos. Diversas variantes dessa classificação existem, e podem se distinguir os componentes do Valor Econômico Total (VET) de um bem ou serviço ambiental:

VET = valor de uso + valor de opção + valor de quase opção + valor de existência

Marques e Comune (1995) destacam que o valor econômico total do meio ambiente não pode ser integralmente revelado por relações de mercado, pois o mercado obtém estimativas plausíveis tendo como base situações reais onde não existem mercados aparentes ou existem mercados muito imperfeitos. Para Nogueira, Medeiros e Arruda (2000), não existe uma classificação universalmente aceita sobre as técnicas de valoração econômica ambiental. Farber, Costanza e Wilson (2002) apontam seis principais técnicas de avaliação econômica do ecossistema que podem ser utilizadas quando as avaliações do mercado não capturam adequadamente os valores sociais:

a) Custo Evitado (CE) – Serviços que permitem a sociedade evitar custos incorridos com a ausência desses serviços (controle de inundações evita danos materiais, tratamento de resíduos por zonas úmidas evita os custos de saúde);

b) Custo de Substituição (CS) – Serviços que poderiam ser substituídos com sistemas feitos pelo homem (tratamento de resíduos naturais pode ser substituído por tratamento de

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Ilse Maria Beuren, Tarcita Cabral Ghizoni de Sousa

sistemas dispendiosos financeiramante);

c) Fator Renda (FR) – Serviços de prevenção do aumento da renda para melhoria da qualidade da água (aumentar a pesca comercial em troca dos rendimentos dos pescadores);

d) Custo de Viagem (CV) – A demanda de serviços de viagem pode exigir custos que refletem o valor implícito do serviço (áreas de lazer atraem visitantes distantes, cujo valor colocado nessas áreas deve ser, pelo menos, o que os visitantes estão dispostos a pagar para viajar até essas áreas);

e) Preço Hedônico (PH) – A demanda de serviços pode ser refletida nos preços que as pessoas vão pagar para acessar as mercadorias (os preços da habitação em praias excedem os preços de casas no interior);

f) Valoração Contingente (VC) – A demanda de serviços pode ser obtida colocando cenários hipotéticos que envolvem alguma avaliação de alternativas (quanto as pessoas estariam dispostas a pagar pelo aumento da captura de veados ou por um saco de peixes).

Cada um desses métodos tem suas vantagens e desvantagens. Além disso, cada serviço tem um apropriado conjunto de técnicas de avaliação (Farber, Costanza, & Wilson, 2002). Alguns serviços podem exigir que várias técnicas sejam utilizadas conjuntamente. Nesse sentido, é essencial que as organizações consigam definir os tipos de valoração econômica ambiental que mais se adaptam a sua realidade, quais estão propensas a ajustar o comportamento organizacional e identificar os respectivos pontos fortes e fracos do seu ambiente.

Farber, Costanza and Wilson (2002) afirmam que as técnicas de avaliação econômica do ecossistema têm por finalidade colocar significados de valor, tanto econômicos quanto ecológicos, em seus respectivos métodos de avaliação, em um contexto comparativo, destacando pontos fortes e fracos e abordando questões que surgem a partir de sua integração. “Os economistas ambientais vêm procurando desenvolver motivos que levam as pessoas a dar valor a um bem, serviço ou recurso ambiental, independentemente do uso presente ou futuro” (Marques, & Comune, 2001, p. 31).

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Este estudo descritivo foi realizado por meio de pesquisa documental, que permitiu investigar os artigos científicos publicados em periódicos internacionais constantes na lista classificada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Como parâmetro de consulta da lista, foi considerada a classificação Qualis A1 e selecionados os títulos dos periódicos com estudos organizacionais e com sites na internet.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão de avaliação dos cursos de mestrado e doutorado no Brasil, apresenta uma listagem de estratos (A1, A2, B1 a B5) dos periódicos, onde os pesquisadores pertencentes aos programas desses cursos publicam, denominado Qualis Capes. Um periódico internacional, para ser classificado no extrato A1 do Qualis CAPES, precisa ter fator de impacto acima de 0,5 na área de Administração.

Portanto, os títulos dos periódicos pesquisados estão indexados na ISI Web Knowledge, uma conceituada base de dados do mundo científico, que apresenta o fator de impacto Journal Citation

Reports (JCR). Periódicos indexados nesta base influenciam a literatura de ciências sociais

aplicadas, já que autores que publicam artigos nestes periódicos são citados, impactando a geração de produção cientifica e conhecimento. Nesta pesquisa, consideraram-se os periódicos do estrato maior, Qualis A1, por serem os de maior impacto.

Nesta pesquisa, foram selecionados os periódicos Ecological Economics, Canadian Journal

of Agricultural Economics, Stochastic Environmental Research and Risk Assessment e Business Ethics. Na amostra definida de forma intencional, selecionaram-se os periódicos com acesso livre

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Análise da produção científica internacional sobre valoração econômica ambiental

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aos artigos completos, nos quais se buscou o termo environmental economic valuation, resultando em 728 artigos contidos em quatro periódicos.

A pesquisa é do tipo desk research, que compreende um corte longitudinal, no período de 2007 a 2011. Os estudos longitudinais usam uma amostra para descrever elementos administrativos, e, em vez de descrevê-los em um único ponto no tempo, descrevem-os ao longo do tempo (Hair, Barbin, Money, & Samouel, 2005). Na figura 1 são apresentados os itens analisados e os critérios utilizados na realização da análise dos dados.

Itens analisados Critérios utilizados na realização da análise Publicação de

artigos sobre o tema

Verificação da quantidade de artigos que contém a palavra environmental economic valuation no título, resumo, e/ou palavras-chave.

Foram encontrados 728 artigos publicados no período de 2007 a 2011, por meio de contagem simples, usando a planilha eletrônica no Microsoft Excel.

Metodologias de pesquisa

Com base na leitura dos artigos selecionados, foram categorizadas as metodologias de pesquisa aplicadas, ou seja, as metodologias de pesquisa declaradas nos artigos.

Autores mais prolíferos

Identificação dos autores que mais publicaram sobre o tema valoração econômica ambiental (environmental economic valuation) nos periódicos internacionais, Qualis A1 da Capes, em estudos organizacionais.

Também foi utilizada a contagem de frequência simples. Segundo Hair, Barbin, Money and Samouel (2005), a da estatística tradicional é utilizada na mensuração de amostras que inclui classificações, contagem de frequência simples, classificações transversais, médias de grupos, médias por contingente ou correlações.

Redes de relacionamento entre autores

Análise da existência de redes de relacionamento entre os autores e coautores que mais publicaram nos periódicos internacionais pesquisados.

Utilizou-se o software Ucinet® 6.0, que possibilita ao pesquisador a ideia de redes sob a perspectiva de utilização estática e para os grupos estudados a utilização dinâmica (Marteleto, 2001)

Autores mais referenciados

Identificação dos 15 autores mais referenciados nos artigos científicos sobre valoração econômica ambiental dos periódicos internacionais pesquisados, no período de 2007 a 2011. Para a operacionalização da busca, foi utilizado o recurso de filtragem da planilha eletrônica

Microsoft Excel.

Figura 1: Critérios adotados na análise dos dados Fonte: Elaboração própria

Após a coleta dos artigos nos quatro periódicos mencionados, foi construída uma planilha eletrônica no Microsoft Excel para cada um dos cinco anos considerados na pesquisa (2007 a 2011), contendo os seguintes dados: número de artigos, ano de publicação, periódico de publicação, título do artigo, referências, autores e coautores.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Esta seção está estruturada de acordo com os objetivos da pesquisa e das variáveis mensuradas.

4.1 Quantidade de artigos publicados sobre o tema nos periódicos pesquisados

Ao final da coleta desses dados, pôde-se identificar a quantidade de artigos publicados em cada periódico, a quantidade de artigos com a identificação do termo environmental economic

valuation e o percentual representativo no período de 2007 a 2011 em cada periódico, conforme

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Ilse Maria Beuren, Tarcita Cabral Ghizoni de Sousa Tabela 1 - Quantidade de artigos publicados nos periódicos internacionais no período de 2007 a 2011

Periódicos Total de publicações Publicações com Valoração Econômica Ambiental

Publicações por ano sobre o tema

Valoração Econômica Ambiental Percentual por periódico 2007 2008 2009 2010 2011 1 Ecological Economics 1.669 673 163 127 120 153 110 40% 2 Canadian Journal of Agricultural Economics 174 38 07 05 09 08 09 22% 3 Stochastic Environmental Research

and Risk Assessment

427 08 01 02 01 01 03 2%

4 Business Ethics 170 09 02 02 01 01 03 5%

Total 2.440 728 173 136 131 163 125

Percentual por ano 100% 100% 24% 19% 18% 22% 17% 100%

Fonte: Dados da pesquisa

A Tabela 1 apresenta os artigos que contém, no texto, o termo environmental economic

valuation, por periódico e ano de publicação, totalizando 728 artigos. Porém, a coleta de dados de

todos os artigos dos quatro periódicos resultou em 2.440 artigos, sendo 1.669 artigos do periódico

Ecological Economics; 174 artigos, do Canadian Journal of Agricultural Economics; 427 artigos, Stochastic Environmental Research and Risk Assessment e 170 artigos, do Business Ethics. Assim

foi calculada a representatividade dos artigos sobre valoração econômica ambiental, no período de 2007 a 2011, em relação ao total de artigos publicados em cada periódico.

Observa-se que 40% das publicações no Ecological Economics, no período de 2007 a 2011, era composta de artigos que contêm o termo environmental economic valuation; 22%, no Canadian

Journal of Agricultural Economics; 5%, no Business Ethics; e 2%, no Stochastic Environmental Research and Risk Assessment. Os anos de 2007 e 2010 foram aqueles em que houve mais

publicações a respeito do tema valoração econômica ambiental.

O periódico Ecological Economics direcionou as publicações do ano de 2009 para os temas: análise da apropriação humana global, avaliação da biodiversidade, análise da pegada, ecoeficiência e governança do desenvolvimento sustentável. Em 2010, as publicações foram direcionadas para os seguintes temas: conflitos de distribuição ecológica, avaliação de serviços de ecossistemas da China, pagamento por serviços ambientais e economia ecológica. Em 2011, os temas abordados foram: Sistemas de governança: responsabilidade e legitimidade, Administração dos Comuns e Economia ecológica.

O Canadian Journal of Agricultural Economics, no ano de 2007, focalizou as publicações relativas ao tema: vontade hipotética e disponibilidade real dos consumidores de pagar para a conservação de espécies. Em 2008, privilegiou o tema: métodos respeitadores do meio ambiente. Em 2009 e 2010, as publicações foram direcionadas para os seguintes temas: contextos de escolha dos consumidores, preferências dos consumidores e disponibilidade de pagar por carne fresca e por água. Em 2011, foram direcionadas para os seguintes temas: benefícios sociais e avaliação contingente, modelagem bioeconômica e alocação de terras para serviços do ecossistema.

O Business Ethics publicou oito artigos em julho de 2009, sendo 50% deles dedicados exclusivamente ao tema: CSR and the sustainability strategy (Responsabilidade Social Corporativa e a estratégia da sustentabilidade).

O Stochastic Environmental Research and Risk Assessment direcionou as publicações do ano de 2009 para os seguintes temas: ativismo de investidores institucionais sobre investimentos socialmente responsáveis - efeitos e as expectativas de avaliação estratégica do impacto ecológico. Em 2011, as publicações foram direcionadas aos seguintes temas: valores humanos e ecológicos integrados aos riscos de fogo e a recuperação de áreas degradadas.

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Análise da produção científica internacional sobre valoração econômica ambiental

____________________________________________________________________________________ 4.2 Metodologias de pesquisa aplicadas nos artigos investigados

Os artigos foram classificados de acordo com a metodologia da pesquisa aplicada. Para tal, considerou-se, tendo como base a análise de conteúdo de acordo com preceitos de Bardin (2004), a declaração dos autores no texto dos artigos sobre as metodologias de pesquisa adotadas, resultando nas seguintes categorias:

a) análises – Artigos de investigação dedicados à análise de questões importantes no campo;

b) métodos – Artigos de pesquisa dedicados ao desenvolvimento de novas metodologias ou investigações das implicações de vários pressupostos ideológicos;

c) comentários de livros – Resenhas de livros recentes no campo; d) comentários – Ensaios que discutem questões críticas;

e) pesquisas – Análise e revisão de importantes áreas de assuntos gerais;

f) news and views – Tópicos oportunos, peças curtas revistas pelo editor e/ou por um crítico externo. Compreendem editoriais, cartas ao editor, artigos, notícias e discussões políticas, com, no máximo 1500 palavras.

Os resultados dessa investigação nos artigos sobre valoração econômica ambiental são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Metodologias de pesquisa dos artigos sobre o tema valoração econômica ambiental

Metodologias de pesquisa

Artigos publicados em cada ano nas respectivas metodologias de pesquisa

2007 2008 2009 2010 2011 Qt % Qt % Qt % Qt % Qt % Análises 104 60% 92 68% 93 71% 117 72% 79 63% Métodos 22 13% 20 15% 14 11% 21 13% 16 13% Comentários de Livros 29 17% 11 8% 12 9% 8 5% 13 10% Comentários 7 4% 7 5% 4 3% 8 5% 9 7% Pesquisas 5 3% 4 3% 7 5% 7 4% 8 6%

News and Views 5 3% 1 1% 1 1% 2 1% 1 1%

Total 173 100% 136 100% 131 100% 163 100% 125 100% Fonte: Dados da pesquisa

Na Tabela 2, percebe-se que a metodologia de pesquisa aplicada nos artigos que predominou no período investigado foi de análises. Nos artigos investigados sobre o tema valoração econômica ambiental, em todos os anos, a metodologia de “análises” representou 60% ou mais em comparação com as demais metodologias. Depreende-se que os artigos publicados sobre o tema contemplam, em sua maioria, a investigação dedicada à análise de questões importantes no campo, ou seja, predominam pesquisas empíricas.

4.3 Autores com maior número de artigos publicados sobre o tema pesquisado

Os pesquisadores que mais publicaram sobre o tema valoração econômica ambiental nos periódicos internacionais Ecological Economics, Canadian Journal of Agricultural Economics,

Stochastic Environmental Research and Risk Assessment e Business Ethics, no período de 2007 a

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Ilse Maria Beuren, Tarcita Cabral Ghizoni de Sousa Tabela 3: Autores com maior número de artigos publicados sobre valoração econômica ambiental

Autores mais prolíferos em periódicos internacionais no tema Valoração Econômica Ambiental

Quantidade de artigos publicados de 2007 a 2011 2007 2008 2009 2010 2011 Total

Nick Hanley 3 1 1 1 6

G. Cornelis Van Kooten 1 1 4 6

Felix Schläpfer 1 2 1 2 6 Giorgos Kallis 1 2 2 5 Robert J. Johnston 2 1 2 5 Anke Fischer 1 2 1 4 Dominic Moran 1 2 1 4 Glenn-Marie Lange 3 1 4 Maria L. Loureiro 1 1 1 1 4 Stephen Hyne 1 1 2 4

Paulo Augusto Lourenço Dias Nunes 1 3 4

Fonte: Dados da pesquisa

Verifica-se, na Tabela 3, que, entre os pesquisadores que mais publicaram no período analisado, se destacam Nick Hanley (da University of Stirling, área de Economia), G. Cornelis Van Kooten (da University of Victoria, área de economia agrícola e recursos) e Felix Schläpfer (da

University of Zurich, área de economia) que publicaram seis artigos. Seguem-se os pesquisadores

Giorgos Kallis (da Universidad Autónoma de Barcelona, Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental) e Robert J. Johnston (da Clark University, Instituto George Perkins Marsh), ambos com cinco artigos publicados no período. Ressalta-se que a concentração maior foi no ano de 2007, com 15 publicações no total dos autores mais prolíferos.

Os artigos de autoria dos principais pesquisadores publicados nos periódicos investigados estão relacionados na figura 2.

Pesquisadores Ano Título dos artigos

Nick Hanley

2007

Analysing decision behaviour in stated preference surveys: a consumer psychological approach

The social acceptability and valuation of recycled water in Crete: a study of consumers’ and farmers’ attitudes

Choice modeling at the “market stall”: individual versus collective interest in environmental valuation

2008 Rural versus urban preferences for renewable energy developments 2009 Valuing changes in forest biodiversity

2010 Economic values of species management options in human–wildlife conflicts: Hen Harriers

in Scotland

G. Cornelis Van Kooten

2007 Treating respondent uncertainty in contingent valuation: a comparison of empirical

treatments

2009 The ghost of extinction: preservation values and minimum viable population in wildlife

models

2011

The effect of climate change on optimal wetlands and waterfowl management in Western Canada

Bioeconomic modeling of wetlands and waterfowl in Western Canada: Accounting for amenity values

Farmland preservation verdicts: rezoning agricultural land in British Columbia Protecting and Restoring Wetlands: the way forward

Felix Schläpfer

2007 Theoretical incentive properties of contingent valuation questions: do they matter in the

field?

2008 Contingent valuation: a new perspective

Competitive politics, simplified heuristics, and preferences for public goods

2009 Contingent valuation: confusions, problems and solutions 2010

Public participation and willingness to cooperate in common-pool resource management: a field experiment with fishing communities in Brazil

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Análise da produção científica internacional sobre valoração econômica ambiental

____________________________________________________________________________________ hedonic pricing studies

Giorgos Kallis

2009 Participation and evaluation for sustainable river basin governance

2010 Social metabolism, ecological distribution conflicts, and valuation languages

Coevolutionary ecological economics

2011

Water scarcity, social power and the production of an elite suburb: the political ecology of water in Matadepera, Catalonia

In defence of degrowth

Robert J. Johnston

2007 Determining the economic value of water: concepts and methods

Cost-benefit analysis and water resources management

2009 Redesigning environmental valuation: mixing methods within stated preference techniques 2011 Indices of biotic integrity in stated preference valuation of aquatic ecosystem services

An operational structure for clarity in ecosystem service values

Anke Fischer

2007 Analysing decision behaviour in stated preference surveys: a consumer psychological

approach

2010

Willingness to pay, attitudes and fundamental values: on the cognitive context of public preferences for diversity in agricultural landscapes

Insurance, prevention or just wait and see? Public preferences for water management strategies in the context of climate change

2011 One model fits all? On the moderating role of emotional engagement and confusion in the

elicitation of preferences for climate change adaptation policies

Dominic Moran

2007 Quantifying public preferences for agri-environmental policy in Scotland: a comparison of

methods

2010

An ex ante ecological economic assessment of the benefits arising from marine protected areas designation in the UK

Valuing the non-use benefits of marine conservation zones: an application to the UK Marine Bill

2011 Evaluating the effectiveness and efficiency of biodiversity conservation spending

Glenn-Marie Lange

2007

National environmental accounting: bridging the gap between ecology and economy Water accounting for the Orange River Basin: an economic perspective on managing a transboundary resource

Environmental accounting: introducing the SEEA-2003

2008 Environmental valuation in developed countries Maria L.

Loureiro

2007 Altruistic, egoistic and biospheric values in willingness to pay (WTP) for wildlife 2008 Valuing local endangered species: the role of intra-species substitutes

2009 Asymmetric information, signaling and environmental taxes in oligopoly 2010 A meta-analysis of contingent valuation forest studies

Stephen Hyne

2007 Preferences for multiple use forest management in Ireland: citizen and consumer

perpectives

2010 The citizen versus consumer distinction: an exploration of individuals’ preferences in

contingent valuation studies

2011 Using spatial microsimulation to account for demographic and spatial factors in

environmental benefit transfer

Paulo Augusto Lourenço Dias

Nunes

2007 Economics of environmental conservation 2008

Introduction to the special issue on biodiversity and policy Economic valuation of biodiversity: a comparative study

Economic valuation of habitat defragmentation: a study of the veluwe the Netherlands Figura 2: Artigos de autoria dos principais pesquisadores publicados nos periódicos investigados

Fonte: Dados da pesquisa

4.4 Rede de relacionamento dos principais pesquisadores nos artigos investigados

Após a identificação dos pesquisadores que mais publicaram, foi possível construir as redes de relacionamento entre os autores e coautores. Para isso, utilizou-se o software Ucinet® 6.0, como é possível observar na Figura 3.

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Ilse Maria Beuren, Tarcita Cabral Ghizoni de Sousa

Figura 3: Rede de relacionamentos dos principais pesquisadores sobre valoração econômica ambiental com

publicações nos periódicos internacionais investigados do período de 2007 a 2011

Fonte: Dados da pesquisa

Na Figura 3, mostra-se a rede de relacionamentos dos principais autores e coautores do tema investigado. Observa-se que o autor central da rede é Dominic Moran, que publicou com três autores, duas vezes com três coautores, e uma vez com cinco coautores. Seguem-se na ordem Nick Hanley, Giorgos Kallis, Stephen Hyne, G. Cornelis Van Kooten, Felix Schläpfer, Robert J. Johnston, Paulo Augusto Lourenço Dias Nunes, Glenn-Marie Lange, Anke Fischer e Maria L. Loureiro. Nota-se que a rede de relacionamentos dos autores e coautores não é muito densa e que o conhecimento é gerado tanto em grupo quanto individualmente, já que a rede de relacionamentos apresentou dez publicações individuais dos principais pesquisadores.

4.5 Autores mais referenciados pelos pesquisadores dos artigos sobre o tema

Em continuidade ao trabalho proposto, foi realizado o levantamento das referências bibliográficas dos 728 artigos sobre valoração econômica ambiental pesquisados, com o objetivo de verificar quais são os autores mais referenciados pelos pesquisadores, de acordo com a Tabela 4. Para tanto, foi aplicado um filtro na planilha eletrônica anteriormente criada no Microsoft Excel, no período de 2007 a 2011.

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Análise da produção científica internacional sobre valoração econômica ambiental

____________________________________________________________________________________ Tabela 4 - Autores mais referenciados pelos pesquisadores com publicações sobre o tema nos periódicos investigados

do período de 2007 a 2011

Ecological Economics Canadian Journal of Agricultural Economics

Stochastic Environmental Research

and Risk Assessment

Business Ethics Autores Nº de Citações Autores Nº de Citações Autores Nº de Citações Autores Nº de Citações

Costanza, R 175 Lusk, J 17 Finney, M 6 Freeman, R 4

Daly, H 106 Bateman, I 7 Querol, X 4 Friedman, M 4

Bateman, I 102 Hanemann, W 7 Ager, A 3 Aguilera, R 3

Kahneman, D 102 Loomis, J 7 Parisien, M-A 3 Brammer, S 3

Pearce, D 102 Van Kooten, G 7 Anderson, D 2 Maignan, I 3

Carson R 97 Cameron, T 6 Andrews, P 2 Matten, D 3

Spash, C 96 Champ, P 6 Beverly, J 2 McWilliams, A 3

Loomis, J 88 Yang, W 6 Brillinger, D 2 Monks, R 3

Arrow, K 88 Verbeke, W 6 Catchpole, E 2 Porter, M 3

Hanley, N 85 Cooper, J 5 Collins, B 2 Skouloudis, A 3

Weitzman, M 84 Greene, W 5 Costanza, R 2 Sparkes, R 3

Daily, G 79 List, J 5 Daily, G 2 Vogel, D 3

Vatn, A 67 Loureiro, M 5 Dickson, B 2 Waddock, S 3

Ostrom, E 66 Tonsor, G 5 Fairbrother, A 2 Wood, D 3

Dasgupta, P 66 Blumenschein, K 4 Hirsch, K 2 Ben-Zion, U 2

Fonte: Dados da pesquisa

Na Tabela 4, apontam-se os 15 autores mais referenciados em cada um dos periódicos estudados. Robert Costanza foi o autor mais referenciado, com 177 citações, e está principalmente direcionado à linha de pesquisa de sustentabilidade. Seus estudos concentram-se na interface entre os sistemas ecológicos e econômicos, particularmente em grandes escalas temporais e espaciais, a partir de pequenas bacias hidrográficas para o sistema global. Foi identificada uma tendência do pesquisador realizar trabalhos teóricos e empíricos.

Ian Bateman foi o segundo autor mais referenciado, com 109 citações, e está principalmente vinculado à linha de pesquisa de sustentabilidade. Seus estudos concentram-se na valoração de preferências para não-mercado de bens e serviços; na realidade virtual e técnicas experimentais para a modelagem ambiental integrada e avaliação econômica; usa formuladores de políticas para lidar com questões do mundo real da gestão de recursos. Foi identificada uma forte tendência ao uso da metodologia de projetos em suas pesquisas.

Edward Herman Daly também foi um dos autores mais referenciados, com 106 citações, e está principalmente ligado a linha de pesquisa da economia ecológica. Seus estudos concentram-se na teorização da sobreposição da economia, ecologia e termodinâmica. Ressalta-se que, ainda, há outros autores bastante referenciados, especialmente os que publicaram no periódico Ecological

Economics, o que não pode ser dissociado do fato dele ter o maior número de artigos (673) sobre o

tema, entre os quatro periódicos investigados.

Os resultados desta pesquisa estão alinhados com os achados de Costanza, Stern, Fisher, He, & Ma (2004), que avaliaram quais são as publicações mais importantes na linha de pesquisa economica ecológica, e verificaram que os autores que mais se destacaram foram: Robert Costanza, com 177 citações; Arrow K, com 88 citações; Ayres e Kneese, com 32 citações; Hardin, com 10 citações; Coase, com 10 citações; Vitousek, com 9 citações; e Ludiwig e Krutilla, com 8 citações cada. Ainda que o estudo seja mais amplo do que o tema valoração econômica ambiental, de certo modo, corrobora os resultados alcançados neste trabalho.

(13)

Ilse Maria Beuren, Tarcita Cabral Ghizoni de Sousa

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Objetivou-se, por meio deste estudo, analisar a produção científica sobre valoração econômica ambiental em periódicos internacionais no período de 2007 a 2011. De maneira especifica, buscou-se: (i) identificar pesquisadores que publicaram sobre o tema nestes periódicos; (ii) analisar as redes de relacionamento entre os pesquisadores; (iii) averiguar os autores mais referenciados nestes artigos. Pesquisa descritiva, por meio de análise documental, foi realizada nos periódicos internacionais com classificação A1 no Qualis Capes.

Pesquisaram-se os periódicos que permitiram acesso aos artigos completos, nos quais se buscou o termo environmental economic valuation. Identificaram-se quatro periódicos internacionais com este perfil, são eles: Ecological Economics, Canadian Journal of Agricultural

Economics, Stochastic Environmental Research and Risk Assessment e Business Ethics. Nestes

periódicos, no período de 2007 a 2011, foram publicados 1.284 artigos, sendo que desses, 728 artigos abordaram sobre o tema valoração econômica ambiental.

Os resultados da pesquisa mostraram que os pesquisadores que mais publicaram artigos sobre o tema valoração econômica ambiental nos periódicos internacionais dentro do período analisado foram: Nick Hanley (da University of Stirling, área de Economia), G. Cornelis Van Kooten (da University of Victoria, área de economia agrícola e recursos) e Felix Schläpfer (da

University of Zurich, área de economia) que publicaram seis artigos; e os pesquisadores Giorgos

Kallis (da Universidad Autónoma de Barcelona, Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental) e Robert J. Johnston (da Clark University, Instituto George Perkins Marsh), que publicaram cinco artigos no período. Depreende-se que não há concentração das publicações em torno de uma mesma universidade, que pudesse sinalizar a formação de redes internas de pesquisadores.

A rede de relacionamentos dos autores e coautores dos artigos investigados mostra que o autor central da rede é Dominic Moran, seguido de Nick Hanley, Giorgos Kallis, Stephen Hyne, G. Cornelis Van Kooten, Felix Schläpfer, Robert J. Johnston, Paulo Augusto Lourenço Dias Nunes, Glenn-Marie Lange, Anke Fischer e Maria L. Loureiro. A rede feita por meio do software Ucinet® 6.0 não se apresentou muito densa e o conhecimento gerado é formado por grupos de pesquisa e individualmente, já que a rede de relacionamentos apresentou dez publicações individuais.

Os autores mais referenciados pelos pesquisadores foram Robert Costanza, Ian Bateman e

Edward Herman Daly, com maior ênfase no periódico Ecological Economics. Vale ressaltar que este periódico também foi o que teve o maior número de artigos publicados sobre o tema valoração econômica ambiental, 673 artigos do total de 728 pesquisados, o que influenciou a maior quantidade de citações neste periódico.

Conclui-se que, nos artigos pesquisados, os autores mais citados atuam na linha de pesquisa sustentabilidade e economia ecológica, o que suscita novas pesquisas, além de indicar caminhos na pesquisa sobre valoração econômica ambiental. Este estudo se diferenciou das pesquisas realizadas por Costanza, Stern, Fisher, He, & Ma (2004), Silva e Teixeira (2011), no que diz respeito a verificação da produção científica internacional sobre o tema valoração econômica ambiental, especialmente pela análise da rede de relacionamentos dos pesquisadores e pela verificação de quais autores foram os mais referenciados no período de 2007 a 2011.

Silva e Teixeira (2011) reportaram que a valoração dos bens e serviços do ecossistema é um tema central no campo da economia ecológica, que está fortemente enraizada na teoria institucional. Apontaram como principais temas de pesquisa dos últimos anos: contribuições e abordagens de formação históricas, métodos e modelos para analisar questões da ecologia econômica, mudança social associada a valores, políticas de governança em instituições, desenvolvimento de novas tecnologias relacionadas à ecologia, pegada ecológica, relevância da produção e do consumo sustentável e a conservação da biodiversidade do meio ambiente. Nesse sentido, sugere-se o desenvolvimento de estudos de extensão dos temas mencionados.

Esta pesquisa se limitou a analisar os artigos publicados sobre o tema valoração econômica ambiental, no período de 2007 a 2011, nos periódicos internacionais Ecological Economics,

(14)

Análise da produção científica internacional sobre valoração econômica ambiental

____________________________________________________________________________________ Canadian Journal of Agricultural Economics, Stochastic Environmental Research and Risk Assessment e Business Ethics. Recomenda-se que essa pesquisa seja ampliada, no que tange ao

período, número de periódicos e a classificação ora apresentados. Esta dinâmica poderá dilatar e aprofundar a visão sobre valoração econômica ambiental.

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_____________________________ Recebido em: 18/04/2014

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