ANÁLISE DE DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DE MENINOS E MENINAS PRATICANTES DE JUDÔ EM UMA ACADEMIA NA CIDADE DE
TUBARÃO - SC
ANALYSIS NEUROPSYCHOMOTOR DEVELOPMENT PRACTICING JUDO GIRLS AND BOYS IN AN ACADEMY IN TUBARÃO – SC
Romulo Luiz da Graça **
Any Cristina Inocêncio
RESUMO
O trabalho de desenvolvimento e acompanhamento neuropsicomotor infantil é um fator de grande relevância para o bom desenvolvimento motor e cognitivo na infância, contribuindo para o conhecimento e domínio do próprio corpo de cada indivíduo. Sendo assim o presente estudo tem por objetivo geral analisar o desenvolvimento neuropsicomotor de meninos e meninas praticantes de judô igualmente estimulados na pratica dessa modalidade esportiva, com vistas em analisar possíveis diferenças de desenvolvimento neuropsicomotor entre os sexos. O presente estudo é uma pesquisa de nível exploratório, se caracteriza como de campo. A pesquisa de campo, com uma abordagem quanti-qualitativa. A pesquisa foi realizada no tatame de uma academia na cidade de Tubarão-SC. A pesquisa foi realizada através da aplicação do teste de desenvolvimento neuropsicomotor validado por Rosa Neto (1996). Os dados obtidos com os testes foram organizados em duas tabelas. Segundo os resultados apresentados, respondendo sobre as possíveis diferenças entre os sexos no desenvolvimento motor infantil, nota-se que se forem igualmente estimuladas meninas e meninos podem ter um desenvolvimento motor amplo e adequado sem diferenças significativas entre os sexos.
Palavras-chave: Desenvolvimento Psicomotor. Judô. Gênero.
ABSTRACT
Child neuropsychomotor development and follow-up work is a very important factor for the good motor and cognitive development in childhood, contributing to the knowledge and mastery of each individual's own body. Thus, the present study aims to analyze the neuropsychomotor development of boys and girls practicing judo equally stimulated in the practice of this sport, with a view to analyzing possible differences in neuropsychomotor development between the sexes. This study is an exploratory research, characterized as field. Field research with a quantitative and qualitative approach. The research was conducted on the mat of a gym in the city of Tubarão-SC. The research was performed by applying the neuropsychomotor development test validated by Rosa Neto (1996). The data obtained with the tests were organized in two tables. According to the results presented, answering about the possible gender differences in child motor development, it is noted that if girls and boys are equally stimulated, they can have a broad and adequate motor development without significant gender differences.
Professor Orientador do curso de Educação Física da Universidade do Sul de Santa Catarina. **
Acadêmico do curso Educação Física Bacharel da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail: any.inocencio@gmail.com
Keywords: Psychomotor Dvelopment. Judo. Genre.
INTRODUÇÃO
Segundo Willrich (2009), o desenvolvimento motor é considerado como um processo sequencial, contínuo e relacionado à idade cronológica, pelo qual o ser humano adquire uma enorme quantidade de habilidades motoras, as quais progridem de movimentos simples e desorganizados para a execução de habilidades motoras altamente organizadas e complexas. Desta maneira torna-se indispensável o acompanhamento do desenvolvimento motor infantil.
O trabalho de desenvolvimento e acompanhamento neuropsicomotor infantil é um fator de grande relevância para o bom desenvolvimento motor e cognitivo na infância, contribuindo para o conhecimento e domínio do próprio corpo de cada indivíduo. A importância de avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor esta entre identificar precocemente alterações do desenvolvimento infantil; identificar os sinais de alerta; identificar os fatores de risco; analisar os problemas estabelecidos; diferenciar os diversos tipos de debilidade; acompanhar o desenvolvimento neuropsicomotor nas diferentes etapas evolutivas da criança.
No presente estudo o desenvolvimento neuropsicomotor será analisado em um grupo de crianças que tem como estímulo esportivo a prática de judô. O judô tem sido relatado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como um dos esportes que mais se adéqua para o desenvolvimento infantil à medida que conjuga elementos essenciais para o desenvolvimento do indivíduo, tais como o equilíbrio, a noção de espaço/tempo, além da disciplina, socialização e o respeito (ALMEIDA FRAGA, 2013). De forma a ser considerado um esporte muito completo é cabível considerar também que a prática acarretará em um bom desenvolvimento motor geral.
A elaboração do presente estudo foi inspirada na percepção do autor de uma grande diferença na adesão da prática do Judô entre meninos e meninas, pois prática é muito mais buscada por meninos. De acordo com Mello (2002) a criança provavelmente será repreendida caso faça uma atividade não correspondente ao seu sexo, pois, a partir deste, os valores de gênero são construídos e cotidianamente reafirmados. “Gênero é aquilo entendido como a construção social que uma dada cultura estabelece ou elege em relação a homens e mulheres” (SOUZA & ALTMANN, 1999, p. 53). Considerando que essa diferença pode estar relacionada ao estigma de gênero. Para Simões (2003), os preconceitos associados ao
gênero continuam presentes e os estereótipos do sexo frágil cercam as praticantes de esportes que exigem velocidade, força e impacto. Dessa forma pode se considerar que pelo fato de as meninas não serem tão estimuladas a desenvolver suas habilidades motoras gerais acabam tendo seu desenvolvimento motor prejudicado por falta de estímulo adequado na infância.
Sendo assim, o presente estudo tem por objetivo geral análisar o desenvolvimento neuropsicomotor de meninos e meninas praticantes de judô igualmente estimulados na prática dessa modalidade esportiva, com vistas em analisar possíveis diferenças de desenvolvimento neuropsicomotor entre os sexos.
DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR INFANTIL E O JUDÔ
Para que as crianças possam ter um amplo desenvolvimento motor é necessário que tenha estímulos de movimentos adequados para o seu desenvolvimento. Segundo Almeida (2004) as experiências durante a infância são necessárias para alcançar a precisão da maturação cerebral e função neural. Deste modo pode-se considerar também, que a falta do estímulo adequado na infância pode ser prejudicial ao desenvolvimento neuropsicomotor infantil.
A este modo, Negrine (1987, p.148), “[...] as crianças nas atividades psicomotoras que determinam movimentos amplos, conseguem relativo sucesso, mas não de forma regular, quase sempre realizam o movimento incompleto, tal é a impulsividade que manifestam no seu
comportamento”.
Conforme Vayer (1960 apud ROSA NETO, 1996), graças às explorações motoras a criança desenvolve a consciência de si mesma e do mundo exterior. As habilidades motoras a ajudam na conquista de sua independência, em seus jogos e em sua adaptação social. Sendo que a criança dotada de todas as suas possibilidades para mover-se e descobrir o mundo normalmente é uma pessoa feliz e bem adaptada. Portanto, um bom controle motor permite a criança explorar o mundo exterior tendo experiências concretas, as quais construirão as noções básicas para seu desenvolvimento intelectual.
É muito importante considerar o desenvolvimento motor infantil, pois atrasos motores acarretam em prejuízos que podem se estender até a fase adulta (WILLRICH, 2009). Considerando pensar a longo prazo em que essa falta de estimulo adequado pode prejudicar as experiências motoras até na fase adulta, por ser na infância que o desenvolvimento motor ocorre, leva-se a dar ainda mais importância aos estímulos adequados de movimentos durante a infância, para que os indivíduos não tenham esses prejuízos motores durante toda a vida.
Movimentos como correr, pular, rastejar, empurrar precisam ser estimulados desde cedo, mesmo que involuntariamente estamos nos desenvolvendo. Caracteriza-se dessa forma, como uma mudança progressiva da capacidade motora do indivíduo resultante da sua interação com o meio e a partir das tarefas que a ele são designadas. (Almeida Fraga, 2013). Sendo assim a partir desses movimentos básicos estimulados e aprendidos na infância, pode-se ter maior facilidade em movimentar-pode-se e aprender movimentos novos durante toda a vida, pois o corpo do indivíduo tem uma memória motora adequada por já ter sido desenvolvida. Segundo De Campos e Brum (2004), “o desenvolvimento motor apresenta uma sequência que se estabelece com o surgimento de modificações qualitativas na execução dos movimentos, resultantes de manifestações maturacionais e da riqueza da estimulação ambiental”.
A criança deve desenvolver habilidades para interagir positivamente com seu meio natural e social e incorporá-lo em sua vida diária com os objetivos de: “Ter prazer em experimentar fenômenos e eventos da natureza por meio de brincadeiras; brincar pela experimentação e criar com coisas que a cercam; desenvolver interesse por brinquedos e coisas feitas pelo homem” (KISHIMOTO, 1997, p. 68).
Ao estabelecermos uma relação com a prática do judô é possível ressaltar que a criança aprende a efetuar uma queda (ukemi) da posição agachada, sentindo a sua natureza, a batida dos braços, a dureza do tatame, entre outros, mas ao passar para a posição em pé, o praticante deverá considerar o espaço a ser percorrido para efetuar o mesmo movimento, o maior impacto, a velocidade de realização da queda e outros fatores (ALMEIDA FRAGA, 2013). Sendo que o ukemi é um dos primeiros movimentos a serem ensinados na metodologia de ensino do Judô, já inicia-se com um estímulo motor que exige que o corpo trabalhe varias capacidades motoras ao mesmo tempo, por mais que exija grande atenção e cuidado para dar esse estimulo, a partir dele já acumula-se um bom repertório motor para desenvolver outros movimentos.
O judô não é apenas uma luta desportiva ou um sistema invencível de ataque e defesa. Antes de tudo, é um processo de educar a mente, o corpo e a moral, portanto, é educação (MORIMOTO, 2006). Como forma de educar também a mente além do desenvolvimento motor através da pratica como esporte pode-se ter esse incentivo educativo como forma a conscientizar da importância em manter o corpo e mente ativos, sempre em movimento.
A FALTA DE INCENTIVO PARA MENINAS PRATICAREM JUDÔ
Partindo do ponto de que percebe-se que ainda se tem uma cultura que considera meninas o sexo frágil. De acordo com Mello (2002) a criança provavelmente será repreendida caso faça uma atividade não correspondente ao seu sexo, pois, a partir deste, os valores de gênero são construídos e cotidianamente reafirmados.
Corroborando Simões (2003) os preconceitos associados ao gênero continuam presentes e os estereótipos do sexo frágil cercam as praticantes de esportes que exigem velocidade, força e impacto. E dessa forma as meninas acabam por serem menos estimuladas a praticas esportivas o que pode acarretar em prejuízos motores para toda sua vida.
Para Mello (2002) pode-se inferir que a capacidade de movimentos das meninas no esporte será menor porque desde cedo elas são poupadas de algumas atividades físicas pelo discurso sexista que as define como sexo frágil. Reafirmando a falta de estimulo para o amplo desenvolvimento motor de meninas.
Destacando a falta de estimulo vinda de casa, Mourão e Souza (2007), que entrevistaram a judoca Kasue Veda, a qual relatou que seu pai ensinava todas as técnicas de judô para o seu irmão, mas para ela somente algumas. Não sendo estimulada da mesma maneira se torna difícil ter um desenvolvimento motor parecido.
OS SUJEITOS, O AMBIENTE E O INSTRUMENTO DE PESQUISA
O presente estudo é uma pesquisa de nível exploratório, se caracteriza como de campo. A pesquisa de campo “É aquela utilizada com objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura respostas, ou hipóteses” (LAKATOS; MARCONI, 1995 P.186).
Com uma abordagem quanti-qualitativa, para Polit, Becker e Hungler (2004) na abordagem quanti-qualitativa, associam a análise estatística à investigação dos significados das relações humanas, privilegiando a melhor compreensão do tema a ser estudado, facilitando a interpretação dos dados.
A pesquisa foi realizada em uma academia na cidade de Tubarão - SC. Com a relação de todos os meninos e meninas matriculadas na modalidade de Judô na academia, foi utilizado como critério de inclusão e exclusão a idade entre 05 e 07 anos, praticantes a mais de 01 (um) ano, todas as meninas que se encaixaram nesse perfil foram convidadas a participar da pesquisa através dos pais, tendo disponibilidade de apenas 03 meninas, a partir
do número 03 (três) de meninas, foram sendo convidados os meninos também entre 05 e 07 anos, com mais de 01 (um) ano de prática e, por sequência de quem esta as mais tempo na modalidade foram convidados, sendo 03 (três) meninos com disponibilidade para participar da pesquisa.
A pesquisa foi realizada através da aplicação do teste de desenvolvimento neuropsicomotor validado por Rosa Neto (1996), os testes foram aplicados de acordo com a idade cronológica da criança, tendo a seguinte ordem:
Motricidade Fina: Que pode ser assinalada como uma atividade de movimento pequeno, que requer o emprego de força mínima e de grande precisão;
Motricidade Global: Habilidade motora que permite a execução de movimentos amplos, como correr, saltar, dançar, pular, que envolvem grupamentos musculares globais e menos precisos;
Equilíbrio: Capacidade para assumir e sustentar qualquer posição do corpo contra a lei da gravidade;
Esquema Corporal: A organização das sensações relativas ao próprio corpo em conexão com os dados do mundo exterior utilização da imagem do corpo;
Organização Espacial: Habilidade que permite a organização do corpo no espaço, capacidade de interagir dados sensitivos e perceptivos do ambiente e estabelecer relações físicas entre os objetos no espaço e no próprio corpo;
Organização Temporal: desenvolvimento das capacidades de apreensão e utilização dos dados do tempo imediato, a integração dos fatores relacionados ao tempo, como duração, ordem e sucessão, é necessária á estruturação temporal do indivíduo.
Antes de ser aplicado o teste, os responsáveis dos participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), foram explicadas e retiradas todas as dúvidas a respeito do tema e do objetivo da pesquisa e informados que os dados referentes às crianças serão sigilosos e privados, não ocorrendo riscos de exposição, os pais acompanharam os testes.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesta etapa serão apresentados os dados coletados no teste de avalição neuropsicomotora, a fim de responder os objetivos propostos pela pesquisa. Através da
aplicação da Escala de Desenvolvimento Motor (EDM), de Rosa Neto (2002), foi possível traçar o perfil motor da criança, a idade motora geral (IMG), calculadas a partir das idades de motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal/rapidez, organização espacial, organização temporal/linguagem e a lateralidade.
Tabela 1 – Dados do perfil: Idade e tempo de prática
Criança Idade Cronológica Sexo
C1 C2 C3 C4 C5 C6 60 meses 72 meses 72 meses 72 meses 84 meses 84 meses Feminino Feminino Feminino Masculino Masculino Masculino Fonte: Autoria própria.
A tabela 1 (um) apresenta os dados do perfil, idade cronológica e sexo das crianças do estudo, sendo 3 (três) meninas e 3 (três) meninos com idade entre 5 (cinco) e 7 (sete) anos.
Tabela 2 – Índice da idade motora geral e quociente motor geral. Criança Idade motora geral
em meses Quociente motor geral em meses Escala de desenvolvimento motor C1 C2 C3 C4 C5 C6 94 94 86 98 92 102 157 131 119 136 110 121 Muito superior Muito superior Normal alto Muito superior Normal Alto Superior Fonte: Autoria própria.
A tabela 2 (dois) apresenta os valores alcançados pelas crianças do estudo, relacionado ao seu perfil motor.
Quadro 1 – Classificação dos resultados de quociente motor.
Quociente motor em meses Classificação
130 ou mais Muito Superior
110 – 119 Normal Alto
90 – 109 Normal Médio
80 – 89 Normal Baixo
70 – 79 Inferior
69 ou menos Muito Inferior
Fonte: Rosa Neto (2002).
O quadro 1 (um) apresenta a escala de desenvolvimento motor de Rosa Neto para melhor compreensão dos resultados apresentados om relação ao quociente motor na tabela 2.
A partir da tabela 2 (dois) é possível analisar os valores alcançados pelas crianças, constatou-se que IMG de nenhuma criança apresentou atrasos. Pois todas apresentaram índices de normal alto à muito superior segundo a escala de desenvolvimento motor utilizada. Sendo que a maior idade motora geral é apresentada por C6 e a menor por C3 e o maior quociente motor geral é apresentado por C1 e o menor por quociente motor geral é apresentado por C5.
De acordo com esse resultado percebe-se que o estimulo motor adequado através da pratica do judô como esporte pode levar a um amplo desenvolvimento motor geral na infância. O judô tem sido relatado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como um dos esportes que mais se adéqua para o desenvolvimento infantil à medida que conjuga elementos essenciais para o desenvolvimento do indivíduo, tais como o equilíbrio, a noção de espaço/tempo, além da disciplina, socialização e o respeito (ALMEIDA FRAGA, 2013).
Segundo Graça (2006) o Judô é uma modalidade essencialmente técnica. Dessa forma, o desenvolvimento neuromotor e o aprendizado das habilidades neuromotoras, certamente contribuem para a diminuição das privações dos dias de hoje quando trabalhado corretamente. Cada criança tem um período ideal para melhorar suas capacidades, para Barbanti e Tricoli, (2000, p.209) “fase sensível é o período de tempo limitado no qual o organismo responde melhor as influências do meio ambiente”.
Tabela 3 – Comparação do perfil motor entre os sexos.
Variável Feminino M±DP Masculino M±DP P
Idade motora geral em
meses 91,33±4,61 97,33±5,03
Quociente motor geral
em meses 135,66±19,42 122,33±13,05
0,700
Fonte: Autoria própria.
A tabela 3 (três) apresenta valores para comparação do perfil motor entre os sexos. Nela pode-se analisar que não há diferença significativa de desenvolvimento neuropsicomotor entre os sexos na idade motora geral nem quociente motor geral, considerando que trata - se de crianças com idades próximas, e um estímulo motor adequado em uma modalidade esportiva, tratando de um dos objetivos que foi analisar a diferença entre meninos e meninas, através dos resultados obtidos nota-se que quando igualmente estimulados meninos e meninas tem um desenvolvimento motor parecido independente do sexo.
Dessa maneira nota-se a importância do estimulo também para as meninas no esporte para que assim elas também possam ter seu desenvolvimento motor de forma ampla e adequada. Pois de acordo com Mello (2002), pode-se inferir que a capacidade de movimentos das meninas no esporte será menor porque desde cedo elas são poupadas de algumas atividades físicas pelo discurso sexista que as define como sexo frágil.
Devide (2005), afirma que as meninas são desencorajadas a participar das modalidades consideradas pela sociedade como esporte organizado e institucionalizado, modalidades reservadas aos meninos por serem recompensados por suas proezas físicas.
CONCLUSÃO
Com o objetivo geral de analisar o desenvolvimento neuropsicomotor de meninos e meninas praticantes de judô igualmente estimulados na pratica dessa modalidade esportiva, com vistas em analisar possíveis diferenças de desenvolvimento neuropsicomotor entre os sexos, o presente estudo pode concluir que de acordo com os testes, a pratica de Judô na infância pode ser considerada uma excelente forma de estimulo motor para o amplo desenvolvimento motor geral na infância.
Segundo os resultados apresentados, respondendo sobre as possíveis diferenças entre os sexos no desenvolvimento motor infantil, nota-se que se forem igualmente estimuladas meninas e meninos podem ter um desenvolvimento motor amplo e adequado sem diferenças significativas entre os sexos.
Cabe salientar que esse estudo pode servir de inspiração para futuras pesquisas que possam tratar de analisar a importância de estímulos adequados para o desenvolvimento
motor na infância, podendo sugerir também pesquisas a longo prazo, comparando indivíduos que tiveram um adequado estimulo motor na infância com indivíduos tratados de forma sedentária na infância, analisando a qualidade de vida e capacidades motoras desses indivíduos na fase adulta.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA FRAGA, Isaias dos Santos. A prática do Judô no contexto educacional e sua relação com o desenvolvimento motor infantil. EFDesportes. Revista Digital. Buenos Aires, ano 18, nº. 184. Septiembre de 2013. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd184/judo-no-contexto-educacional.htm. Acesso em: 14 out. 2019.
ALMEIDA. C.; S. Intervenção motora: efeitos no comportamento do bebê no terceiro trimestre de vida em creches de Porto Alegre (Dissertação). Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, p. 199, 2004.
BARBANTI, V.; TRICOLI, V. A formação do esportista. In: Gaa, A; Marques, A: TANI, G. Desporto para crianças e jovens. Razões e Finalidades. Porto Alegre: UFRGS, 2000.
CAMPOS, W.; BRUM, V. P. C. Criança no esporte. Curitiba: Darnol, 2004.
DEVIDE, Fabiano Pries. Gênero e mulheres no esporte: história das mulheres nos jogos olímpicos modernos. Ijuí: Unijuí, 2005.
GRAÇA, L. R. Importância da variabilidade de movimentos para judocas com idade entre 07 e 08 anos. Curso de Pós – Graduação. Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), Santa Catarina, 2006.
KISHIMOTO, T. Jogos, Brinquedos e Brincadeiras na Educação. São Paulo: editora Cortez, 1997.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia Científica. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 1995.
MORIMOTO, Associação de judô Nelson, CREF 124-ESSP, Apostila de Judô, 2006.
MELLO, L. M. Meninos e meninas como reféns de uma sociedade sexista. Revista Motricidade, Vila Real, Portugal, n. 2, set. 2002. Disponível em:. Acesso em 22 out. 2019.
MOURÃO, Ludmila; SOUZA, Gabriela C. de. Narrativas sobre o sul-americano de judô de 1979: a legalização do judô feminino no brasil. In: XV Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte/II Congresso Internacional de Ciências do Esporte: Política Cientifica e Produção do Conhecimento em Educação Física. GTT – Memórias da Educação Física e Esporte. Pernambuco, set. 2007.
NEGRINE, Airton. Instrumentos de coleta de informações na pesquisa qualitativa. In: MOLINA NETO, Vicente; TRIVIÑOS, Augusto Silva (Org.). A pesquisa qualitativa na Educação Física. 3. ed. Porto Alegre: Sulina, 2010. p. 61-99.
NETO, F. R. Manual de avaliação motora. Porto Alegre. Artmed, 1996.
NETO, F. R. Manual de avaliação motora. Porto Alegre. Artmed, 2002.
POLIT, D. F.; BECK, C. T.; HUNGLER, B. P. Fundamentos de pesquisa em enfermagem. 5ª ed. Porto Alegre. Artmed; 2004.
SIMÕES, Antônio Carlos. A mulher em busca de seus limites no esporte moderno. Mulher e Esporte: mitos e verdades. 1. ed. São Paulo: Manole, 2003.
SOUZA, Eustaquia Salvador de; ALTMANN, Helena. Meninos e meninas expectativas corporais e implicações na educação física escolar. Cadernos CEDES Campinas, v.19, n.48, p.52-68, ago.1999.
WILLRICJ, A. Desenvolvimento Motor na Infância: Influencia dos Fatores de Risco e Programas de Intevenção. Ver. Neurocien. Disponível em: http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2009/RN%202009%201/226%20.pdf.
