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RODRIGUES LIMA E BYRON JOSÉ DO REGO B. FONTES

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Secretaria de Estado da Receita

Conselho de Recursos Fiscais

Processo nº 095.997.2010-5 Acórdão 336/2013

Recurso VOL/CRF- nº 130/2011

Recorrente: JAGUAR TRADING COMPANY IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA Autuado: JÚLIO SIMÕES LOGÍSTICA S/A.

Recorrida: GERENCIA EXECUTIVA DE JULGAMENTO DE PROCESSOS FISCAIS

Repartição: COLETORIA ESTADUAL DE ALHANDRA

Autuantes: PETRONIO RODRIGUES LIMA E BYRON JOSÉ DO REGO B. FONTES

Relator: CONS. JOÃO LINCOLN DINIZ BORGES

RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. TRANSPORTE DE MERCADORIAS ACOBERTADAS POR NOTA FISCAL CANCELADA. INIDONEIDADE DOCUMENTAL. CONFIRMAÇÃO. REDUÇÃO DA PENALIDADE APLICADA. AUTO DE INFRAÇÃO PROCEDENTE EM PARTE. REFORMA DA DECISÃO SINGULAR.

O cancelamento de uma nota fiscal acarreta sua inidoneidade para todos os efeitos fiscais, implicando em se considerar irregular o transporte das mercadorias atreladas ao documento fiscal assim caracterizado. O fato flagrado em tal situação pelo Fisco Estadual acarreta ao transportador a responsabilidade pelo pagamento do imposto devido, acrescido do valor da penalidade pecuniária legalmente prevista. Redução da multa por infração em face da eficácia da Lei n° 10.008/2013. Reforma da decisão recorrida.

Vistos, relatados e discutidos os autos deste Processo, etc...

A C O R D A M os membros deste Conselho de Recursos Fiscais, à

unanimidade, e, de acordo com do relator pelo recebimento do Recurso Voluntário apresentado pela empresa JAGUAR TRADING COMPANY IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, por regular e tempestivo e, quanto ao mérito, pelo seu PROVIMENTO PARCIAL, para que seja reformada a decisão recorrida que julgou PROCEDENTE e julgar PARCIALMENTE PROCEDENTE o Auto de Infração e Apreensão Termo de Depósito nº1512, lavrado em 01/09/2010 (fls. 03), contra JULIO SIMÕES LOGÍSTICA S/A. CNPJ nº 52.548.435/0127-70, fixando o crédito tributário exigível no importe de R$ 38.736,94(trinta e oito mil, setecentos e trinta e seis reais e noventa e quatro centavos), sendo R$ 19.368,47(dezenove mil, trezentos e

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Continuação do Acórdão nº 336/2013 2

sessenta e oito reais e quarenta e sete centavos) de ICMS, por infringência aos artigos 151 c/c 160, I e 659, I e 143, §1°, III c/ fulcro no 166- K e 38, II, “c”, todos do RICMS, aprovado pelo Decreto nº 18.930/97, e multa por infração na quantia de R$ 19.368,47(dezenove mil, trezentos e sessenta e oito reais e quarenta e sete centavos), com fulcro no art. 82, incisos V, alínea “b” da Lei nº 6.379/96.

Ao tempo em que CANCELO, por indevido, o valor de R$ 19.368,47 (dezenove mil, trezentos e sessenta e oito reais e quarenta e sete centavos) referente a multa por infração, em vista da redução prevista da Lei n° 10.008/2013.

Desobrigado do Recurso Hierárquico, na expressão do artigo 730, § 1°, inciso II, do RICMS, aprovado pelo Decreto nº 18.930/97.

P.R.I.

Sala das Sessões Pres. Gildemar Pereira de Macedo, em 07 de outubro de 2013.

______________________________________________________ JOÃO LINCOLN DINIZ BORGES – CONS. RELATOR

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Processo n.º 0959972010-5

Recurso VOL/CRF N.º 130/ 2011

Recorrente: JAGUAR TRADING COMPANY IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA

Autuado: JÚLIO SIMÕES LOGÍSTICA S/A

Recorrida: GERENCIA EXECUTIVA DE JULGAMENTO DE PROCESSOS FISCAIS

Repartição: COLETORIA ESTADUAL DE ALHANDRA

Autuantes: PETRONIO RODRIGUES LIMA E BYRON JOSÉ DO REGO B. FONTES

Relator: CONS. JOÃO LINCOLN DINIZ BORGES

RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. TRANSPORTE DE MERCADORIAS ACOBERTADAS POR NOTA FISCAL CANCELADA. INIDONEIDADE DOCUMENTAL. CONFIRMAÇÃO. REDUÇÃO DA PENALIDADE APLICADA. AUTO DE INFRAÇÃO PROCEDENTE EM PARTE. REFORMA DA DECISÃO SINGULAR.

O cancelamento de uma nota fiscal acarreta sua inidoneidade para todos os efeitos fiscais, implicando em se considerar irregular o transporte das mercadorias atreladas ao documento fiscal assim caracterizado. O fato flagrado em tal situação pelo Fisco Estadual acarreta ao transportador a responsabilidade pelo pagamento do imposto devido, acrescido do valor da penalidade pecuniária legalmente prevista. Redução da multa por infração em face da eficácia da Lei n° 10.008/2013. Reforma da decisão recorrida.

Vistos, relatados e discutidos os autos deste Processo, etc...

RELATÓRIO

Em pauta, Recurso Voluntário interposto pela empresa recorrente JAGUAR TRADING COMPANY IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA nos moldes do artigo 125 da Lei nº 6.379/96, em face de decisão monocrática que julgou PROCEDENTE o Auto de Infração e Apreensão e Termo de Depósito nº 1512 (fl. 03), lavrado em 01 de setembro de 2010, contra a empresa JÚLIO SIMÕES LOGÍTICA S/A, e que noticia a seguinte irregularidade:

“O autuado, acima qualificado, está sendo acusado de efetuar o transporte de mercadorias tributáveis acompanhadas por documentação fiscal inidônea, uma vez que a mesma consta como CANCELADA, fato este que resulta na

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obrigação de recolhimento do imposto devido”.

”O Sr. Flávio Ricardo Viana de Santana... transportando mercadoria tributável (azeite)...apresentou-se neste posto fiscal com DANFE n° 2023,

emitido pela empresa Jaguar Trading Company Importação e Exportação Ltda., acompanhada do CTRC 7559 da Transportadora Júlio Simões Logística SA, cuja NF-e (com chave de acesso 26100808836136000148558880000020230000018602) encontra-se

cancelada desde ás 15:23:08 hs do dia 31/08/2010, conforme consulta

realizada no Portal Nacional de NF-e (vide documentação em anexo) o que resultou na obrigação do recolhimento do imposto e multa devidos de acordo com o RICMS-PB”.

Com ciência proferida, de forma pessoal, a autuada em 03/09/2010, bem como por Aviso de Recebimento - AR junto a empresa emitente, em 10/007/2010, compareceu a empresa emitente apresentando, no prazo regulamentar, sua reclamação fiscal datada de 04/10/20108, vindo a discorrer, de início, uma sinopse dos fatos ocorridos até a data da autuação, demonstrando seu inconformismo com o lançamento indiciário por alegar ausência de inidoneidade do documento fiscal e imprecisão no enquadramento da fiscalização, além de ausência de dano ao erário estadual da Paraíba por entender que não há obrigação de recolhimento de ICMS na operação flagrada pelo fiscalização, em razão de possuir crédito presumido concedido pelo Estado de Pernambuco, conforme Lei n° 13.942, de 04/12/2009.

Por fim, passou a citar jurisprudência deste Tribunal Administrativo para requerer, assim, a nulidade da medida fiscal, com juntada de documentos as fls. 041 a 0131 dos autos.

Em medida de contestação, os autuantes apresentam uma síntese da defesa, afirmando que a mesma tenta desviar a atenção do cerne da questão, pois a ilicitude não foi da operação de importação e sim da operação subsequente de venda que se encontrava acobertada pela Nota Fiscal Eletrônica de n° 2023, que se encontrava cancelada, situação que motivou a autuação por inidoneidade.

Em seguida, aduzem que não há o que se falar em operação desonerada de recolhimento do ICMS nas fases posteriores à importação em função do benefício fiscal concedido pela Lei Estadual de Pernambuco nº 13.942/09, visto que para usufruto do crédito presumido obrigatoriamente deveria haver o lançamento contábil do ICMS devido na respectiva operação de venda, o que não ocorreu, diante da ocorrência de transporte de mercadoria de forma irregular, utilizando-se de nota fiscal cancelada, não podendo, portanto, a defendente se locupletar do benefício do crédito presumido.

Por conclusão, evidenciam que a NF-e de n° 2008, faz parte da operação de importação ao passo que a autuação fiscal que considerou inidônea foi sobre a Nota Fiscal Eletrônica de nº 2023, que estava cancelada por acobertar uma operação de saída das mercadorias da empresa defendente para outra empresa situado no Estado do Rio Grande do Norte, vindo, portanto, a solicitar a manutenção do feito fiscal.

Conclusos os autos, com observação de ausência de antecedentes fiscais pela repartição preparadora, foram encaminhados à Gerência Executiva de Julgamento de

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Processos Fiscais, tendo sido distribuídos para o nobre Julgadora Dra. Gílvia Dantas de Macedo, que assim se pronunciou em ementa abaixo transcrita:

MERCADORIA ACOMPANHADA DE NOTA FISCAL INIDÔNEA. NOTA FISCAL ELETRÔNICA CANCELADA.

Tendo em vista que a nota fiscal eletrônica relativa à mercadoria transportada está cancelada, se tem como inidôneo referido documento, em razão de conter declarações inexatas.

AUTO DE INFRAÇÃO PROCEDENTE

Consta nos autos, termo de notificação para as empresas qualificadas, conforme Ofícios nº 019/2011e 020/2011 e Avisos de Recebimento respectivos às fls. 0153/056.

Em 14 de abril de 2011, a empresa emitente JAGUAR TRADING COMPANY IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, interpôs Recurso Voluntário às fls. 157 a 198 dos autos, insurgindo-se contra a decisão da instância “a quo”, no qual repete, quase que integralmente, os argumentos levantados por ocasião da defesa, os quais podem assim serem sintetizados:

Em relação aos fatos apurados, informa que realizou importação de 165 caixas de azeite de oliva extra virgem, 250 ml e 1.584 caixas de azeite de oliva extra virgem 500 ml, todos oriundos da Espanha, conforme documento de origem em 24/08/2010, onde no momento do desembaraço aduaneiro, recolheu o ICMS devido em virtude da importação dos produtos supramencionados, ficando desonerada do recolhimento do ICMS devido na operação subseqüente por força de um crédito presumido vinculado ao cadastramento da recorrente no Programa Estímulo à Atividade Portuária do Estado de Pernambuco.

No mérito, aduz que a autuação fiscal carece de imprecisão no enquadramento feito pela fiscalização, visto haver ausência de inidoneidade do documento fiscal glosado pelo fisco estadual, situação que remete a erro na identificação da infração motivando a nulidade a nulidade do procedimento fiscal.

Em outro ponto, argumenta que há ausência de dano ao erário estadual por inexistência de obrigação de recolhimento de ICMS na operação de saída das mercadorias importadas, diante do credenciamento da recorrente no Programa de Estimulo à Atividade Portuária no Estado de Pernambuco, diante da edição da Lei n° 13.942/2009 regulamentado pelo Decreto n° 34.560/2010, que concedeu credito presumido em montante equivalente ao valor do ICMS incidente na operação de saída da mercadoria importada, não sendo Razoável exigir da empresa ICMS pela operação de comercialização, sob pena de duplicidade, sendo inconcebível caracterizar a documentação como inidônea.

Nesta toada, transcreve diversas passagens contidas em julgamentos deste Colegiado para reiterar o pedido de acolhimento do recurso e a conseqüente decretação de nulidade do presente auto de infração, bem como da multa por infração, requerendo, por fim, que seja concedido oportunidade para realização de Sustentação Oral em nome da patrona da causa Dra. Maria Betânia Ribeiro da Rocha, com endereço para intimação à Av. Domingos Ferreira, 2215, Boa Viagem, Recife – PE, CEP 51021-040 Fone: (081) 4101-0933 e 9823-0796.

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Instados a se pronunciarem, sob a forma de contra-arrazoado, os autuantes, a sua vez, ratificaram os argumentos apresentados em sede de contestação que confirmam a ocorrência de inidoneidade da Nota Fiscal Eletrônica de n° 2023, diante do cancelamento da mesma quando as mercadorias já se encontravam em trânsito, após a saída do estabelecimento emitente o que vai de encontro com o preceito regulamentar estabelecido no artigo 166-K do RICMS/PB.

No tocante as citações de decisões de julgados do CRF-PB evidenciam não haver qualquer similaridade com o caso em questão o que configura desvio do foco da autuação, vindo a concordarem com a decisão exarada na primeira instância de julgamento, requerendo a procedência do feito fiscal diante da comprovada infração de transportar mercadorias acobertadas por nota fiscal inidônea.

Este é o relatório.

V O T O

Versam os autos sobre a constatação ocorrência de infração fiscal apurada na fiscalização de trânsito de mercadorias no Posto Fiscal de Cruz de Almas que flagrou o transporte de mercadorias tributáveis acompanhadas por documentação fiscal inidônea, tendo em vista a utilização de Nota Fiscal Eletrônica de n° 002023 encontrar-se CANCELADA, fato este que resulta na obrigação de recolhimento do imposto devido.

Preliminarmente, esta relatora ressalta que o Auto de Infração não apresenta qualquer vício formal em seu lançamento indiciário, onde há uma perfeita correlação entre a infração apurada e a capitulação legal posta na peça acusatória, posto que a descrição citada pela fiscalização coaduna-se com o fato imponível apurado pela fiscalização de mercadorias em trânsito, ou seja, encontra-se, plenamente, previsto no Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº 18.930/97.

Passemos ao mérito.

O cancelamento de nota fiscal após a saída da mercadoria do estabelecimento constitui fato de gravíssima repercussão fiscal, que acarreta ao transportador a responsabilidade pelo pagamento do imposto devido, sem prejuízo da sanção cabível. Tal situação em alguns aspectos se assemelha ao transporte de mercadorias sem documento fiscal, posto não se saber ao certo sua origem nem o destinatário da operação, bem como importa infligir irregularidade ao transporte da mercadoria e atrai ao transportador a mesma responsabilidade tributária.

No caso, a recorrente e responsável solidária indicada no auto de infração não nega a irregularidade da situação, porém, procura afastar a exação fiscal em pauta, alegando tratar-se de mero equívoco, sem dolo ou má fé, o ato do cancelamento da Nota Fiscal de n 2023, e que a operação de saída da mercadoria se processava ao abrigo de um regime especial concedido pelo Governo do Estado de Pernambuco com concessão de crédito presumido quando da saída de mercadorias importadas por empresa credenciada a desembaraçarem em seus portos, o que

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em sua ótica não caracterizaria a inidoneidade documental apurada pelo fisco estadual da Paraíba, de forma que, também por essa razão, não caberia a exigência fiscal em pauta.

Quanto ao primeiro ponto, cumpre reconhecer que a alegação de erro operacional ou de equívoco no cancelamento da Nota Fiscal Eletrônica de nº 02023 não socorre a indiciada no intento de eximi-la do cumprimento da obrigação principal, visto que, para todos os efeitos fiscais, a caracterização de infração à legislação tributária não inclui o elemento subjetivo do agente, posto constituir infração “toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe em inobservância, por parte de pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida por lei, por este Regulamento ou pelos atos administrativos de caráter normativo destinados a complementá-los”, e, além disso, “a responsabilidade tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza ou extensão dos efeitos do ato” (art. 811, § 2º, do RICMS/PB).

Além do mais, a inidoneidade documental pode advir de várias espécies de vícios capazes de infligir irregularidade à operação que pretende acobertar, porém o cancelamento da nota fiscal se caracteriza como o mais agudo dentre todos os demais, visto que acomete o documento como um todo, importando em dizer que o documento e a operação não se pertencem.

Nesse sentido, esta relatoria entende que não se pode justificar o cancelamento de uma nota fiscal eletrônica por simples alegação de erro operacional como tenta demonstrar a douta tese recursal, onde o fato de ter havido o recolhimento do ICMS – IMPORTAÇÃO, quando do desembaraço aduaneiro em nada implica que não ocorreu prejuízo ao erário público, visto que se constatou a saída das mercadorias importadas em uma operação interestadual, sendo constatada a autorização de uso da NF-e de n° 02023 em 30/08/2010 às 16:02:32 pela empresa JAGUAR TRADING COMPANY IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA e quando da passagem no Posto Fiscal de Cruz de Almas no dia 01/09/2010 os fiscais de plantão perceberam que a referida documentação encontrava-se CANCELADA desde o dia 31/08/2010 às 15:23:08 hs fatos que por si só esclarecem a materialidade da infração denunciada pela fiscalização.

Diante desse fato, infere-se que sendo flagrado o transporte de mercadorias com documento fiscal irregular, estará caracterizada a inidoneidade documental, em especial a Nota Fiscal Eletrônica que não admite ou veda seu cancelamento na hipótese de ter havido a circulação da mercadoria ou a prestação de serviço, situação disciplinada no artigo 166 – K do RICMS, aprovado pelo Dec. n° 18.930/97 que combinado com os artigos 659, I e 143, §1°, III do mencionado diploma estadual, evidenciam a situação de irregularidade contida na NF-e n° 002023, senão vejamos:

Art. 166-K. A partir de 1º de abril de 2010, após a concessão de

Autorização de Uso da NF-e, de que trata o inciso III do art. 166-G, o emitente poderá solicitar o cancelamento da NF-e, em prazo não superior

ao máximo definido no „Manual de Integração – Contribuinte‟, contado do momento em que foi concedida a respectiva Autorização de Uso da NF-e,

desde que não tenha havido a circulação da mercadoria ou a prestação de serviço e observadas às normas constantes no art. 166-L (Ajuste

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Art. 659. Considera-se em situação irregular, estando sujeita a apreensão, a

mercadoria que:

I - não esteja acompanhada de documento fiscal regular, nos termos do

art. 159;

Art. 143 – (. . .)

§ 1º É considerado inidôneo, para todos os efeitos fiscais, fazendo prova apenas em favor do Fisco, o documento que:

III - não guarde as exigências ou requisitos previstos neste

Regulamento;

Destarte, diante da exegese da norma supra transcrita, verifica-se que o cancelamento tem procedimento próprio, assim, apesar da justificativa da empresa, infere-se diante das normas que regem a matéria que a NF-e nº 02023, não poderia ter sido cancelada automaticamente, diante da existência de vastos procedimentos a serem realizados para o cancelamento de uma NF-e, o que afasta qualquer argüição de boa-fé ou falta de intencionalidade de seus responsáveis emitentes.

Nesse diapasão, conclui-se que o cancelamento da NF-e nº 2023, após a circulação das mercadorias, constitui-se em procedimento infringente as normas de regência do ICMS/PB, assim, como a operação flagrada pelo Fisco encontrava-se irregular no momento da abordagem, levando-me a afastar as argüições de imprecisão de enquadramento da infração com pedido de nulidade do procedimento.

Em relação a alegação de ausência de dano ao erário estadual por inexistência de obrigação de recolhimento de ICMS, por ser empresa credenciada a ter um crédito presumido nas operações de saída de mercadorias desembaraçadas na importação ocorrida no portos do Estado de Pernambuco, vejo ser descabido e inócuo tal posicionamento recursal apresentado, uma vez que não se pode invocar norma concessora de beneficio fiscal quando se flagra irregularidade documental que respaldava a operação fiscal de saída das mercadorias haja vista que a Nota Fiscal Eletrônica de n° 2023 apresenta-se, quando flagrada em trânsito pela fiscalização estadual da Paraíba, em rota de colisão com sua própria existência jurídica, tendo em vista a constatação de situação de cancelamento efetivado pela própria empresa emitente.

Neste sentido, para que a empresa pudesse valer-se de um benefício fiscal, em forma de crédito presumido, necessária seria que a nota fiscal de saída fosse regular e juridicamente perfeita, além de conter o devido lançamento fiscal do ICMS na respectiva operação de saída, fato não ocorrido ao caso presente diante do cancelamento da mesma, o que caracteriza uma situação de irregularidade fiscal, na podendo, portanto, a recorrente se locupletar de um crédito presumido sem um débito respectivo, na forma pactuada pela lei incentivadora do Estado de Pernambuco.

Portanto, esta relatoria entende ser infundada a argüição recursal de que não é cabível a exigência do ICMS pelo Fisco do Estado da Paraíba, uma vez que a tipificação e a materialização da infração fiscal encontram-se amparada pelo ordenamento tributário deste ente federativo, diante da concreta inidoneidade da Nota Fiscal Eletrônica de n° 2023 que se encontrava

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Continuação do Acórdão nº 336/2013 9

em situação de cancelamento, revelando uma operação irregular e lesiva, situação devidamente materializada em território paraibano.

Assim, deve o transportador ser responsabilizado pelo pagamento do imposto devido e seus acréscimos legais quando aceitar para despacho ou transportar mercadorias sem documento fiscal ou acompanhada de documento fiscal inidôneo, conforme determinação contida no art. 38, inciso II, alínea “c” do RICMS/PB, que assim dispõe:

Art. 38. São responsáveis pelo pagamento do imposto devido e acréscimos legais:

II - o transportador em relação à mercadoria:

c) que aceitar para despacho ou transportar sem documento fiscal, ou

acompanhada de documento fiscal inidôneo;

A não observância dos requisitos regulamentares, como o acobertamento de uma operação com documento fiscal cancelado cede lugar ao descumprimento da obrigação principal. Com efeito, no que tange à NF-e e ao respectivo DANFE, devem ser validamente emitidos e assim mantidos até final da operação, sob pena de irregularidade fiscal.

Ademais, necessário demonstrar que são infrutíferas as tentativas de demonstrar jurisprudência já firmada por esta corte em diversos julgamentos ora copilados pela recorrente para o caso presente, tendo em vista que àquelas não se adequam a matéria aqui tratada visto que os autos retratam situação de inidoneidade documental por uso de NF-e cancelada pela empresa emitente quando as mercadorias já se encontravam em operação de circulação, infração diversa das decisões apresentadas.

Diante da materialidade da infração demonstrada pelos autuantes, à exação fiscal demonstra ser prudencial e necessária, em face de as mercadorias estarem irregularmente transportadas em virtude da inidoneidade da nota fiscal que a acobertava, o que acarreta ao transportador a responsabilidade pelo pagamento do imposto devido, acrescido do valor da penalidade pecuniária.

Por derradeiro, necessário acolher as alterações advindas da Lei nº 10.008/13, que promoveu redução da gradação da multa por infração aplicada ao caso presente, devendo ser adotado o Princípio da Retroatividade da Lei mais benigna disciplinada no art. 106,

inciso II, alínea “c” do CTN, diante do regramento contido no artigo 8° da lei retrocitada.

Dessa forma, cabível se torna a redução da multa pela eficácia da Lei n°. 10.008/13, não nos restando outra opção senão, alterar a sentença monocrática que julgou PROCEDENTE e julgar PARCIALMENTE PROCEDENTE o auto de infração, alterando apenas o valor da penalidade aplicada para 100% do valor do imposto devido, cuja exação assim se apresenta:

CRÉDITO TRIBUTÁRIO ICMS MULTA TOTAL

AUTO DE INFRAÇÃO 19.368,47 38.736,94 58.105,41

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Continuação do Acórdão nº 336/2013 10

Valor Exigido =>

19.368,47 19.368,47 38.736,94

Com estes fundamentos, Pelo exposto,

V O T O – Pelo recebimento do Recurso Voluntário apresentado pela empresa JAGUAR TRADING COMPANY IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, por regular e tempestivo e, quanto ao mérito, pelo seu PROVIMENTO PARCIAL, para que seja reformada a decisão recorrida que julgou PROCEDENTE e julgar PARCIALMENTE PROCEDENTE o Auto de Infração e Apreensão Termo de Depósito nº1512, lavrado em 01/09/2010 (fls. 03), contra JULIO SIMÕES LOGÍSTICA S/A. CNPJ nº 52.548.435/0127-70, fixando o crédito tributário exigível no importe de R$ 38.736,94(trinta e oito mil, setecentos e trinta e seis reais e noventa e quatro centavos), sendo R$ 19.368,47(dezenove mil, trezentos e sessenta e oito reais e quarenta e sete centavos) de ICMS, por infringência aos artigos 151 c/c 160, I e 659, I e 143, §1°, III c/ fulcro no 166- K e 38, II, “c”, todos do RICMS, aprovado pelo Decreto nº 18.930/97, e multa por infração na quantia de R$ 19.368,47(dezenove mil, trezentos e sessenta e oito reais e quarenta e sete centavos), com fulcro no art. 82, incisos V, alínea “b” da Lei nº 6.379/96.

Ao tempo em que CANCELO, por indevido, o valor de R$ 19.368,47 (dezenove mil, trezentos e sessenta e oito reais e quarenta e sete centavos) referente a multa por infração, em vista da redução prevista da Lei n° 10.008/2013.

Sala das Sessões Pres. Gildemar Pereira de Macedo, em 11 de outubro de 2013.

JOÃO LINCOLN DINIZ BORGES Conselheiro Relator

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