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TRIBUNAL MARÍTIMO WM/MCP PROCESSO Nº /10 ACÓRDÃO

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Academic year: 2021

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ACÓRDÃO

N/M “NORDIC BRASILIA”. Perda de energia total (blackout) a bordo de petroleiro, durante operação de recebimento de petróleo da Plataforma FPSO “MARLIM SUL”, Campo Roncador, na Bacia de Campos, Campos dos Goytacazes, RJ, sem registros de avarias às embarcações, acidentes pessoais ou de prejuízo ao meio ambiente hídrico. Falha elétrica no gerador MCA5 do DP (posicionamento dinâmico) do petroleiro, provocando o fechamento da válvula automática de entrada do óleo, vindo da plataforma com interrupção da operação, por motivos não apurados acima de qualquer dúvida, a despeito de fortes indícios de fortuidade. Arquivamento.

Vistos os presentes Autos.

Tratam os presentes Autos do Inquérito instaurado pela Delegacia da Capitania dos Portos em Macaé, RJ, para apurar o acidente da navegação capitulado no artigo 14, alínea “b” (perda de energia total a bordo), da Lei nº 2.180/54, ocorrido em 25 de julho de 2009, a bordo do N/M “NORDIC BRASILIA”, em faina de carregamento de óleo da plataforma FPSO “MARLIM SUL”, na bacia de Campos, Campos dos Goytacazes, RJ, com pedido de arquivamento pela D. Procuradoria Especial da Marinha–PEM (fls. 579/580) pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

Extrai-se dos Autos que no dia 25 de julho de 2009, por volta de 14h50min, o N/M “NORDIC BRASILIA”, bandeira de Bahamas, tipo petroleiro, encontrava-se atracado junto à Plataforma FPSO “MARLIM SUL”, bandeira de Bahamas, classificada para a atividade de produção, armazenamento e descarga de petróleo em área de navegação em mar aberto, de longo curso, afretada a Petróleo Brasileiro S.A. PETROBRAS, fundeada na bacia de Campos, município de Campos dos Goytacazes, RJ, operando em faina de recebimento de óleo cru, quando, durante os procedimentos de

offloading, houve uma falha elétrica no gerador MCA5 do DP (posicionamento dinâmico)

do navio “NORDIC BRASILIA”, que ensejou o fechamento da válvula de entrada do óleo, interrompendo o carregamento.

Com a pressurização, houve o rompimento dos mangotes, havendo notícias da ocorrência de derramamento de cerca de 700 litros de óleo cru no mar, contudo, segundo consta das comunicações de fls. 5/6, sem qualquer prejuízo ao meio ambiente hídrico, face à operação estava sendo realizada através de uma planta composta por mangotes flutuantes e dispositivos de segurança instalados nessa linha de mangotes, visando à segurança da operação e evitando derrame de óleo para o mar.

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Aluizio Bezerra dos Santos, eletricista do petroleiro “NORDIC BRASILIA”, declarou em seu depoimento (fls. 68/70) que o motivo de ter havido o black-out (queda de energia) no momento da operação, supõe que tenha sido a folga dos terminais da caixa de ligação do MCA5 do DP (posicionamento dinâmico) e que antes das operações de transferência de óleo é realizado um checklist (revisão de operação dos equipamentos), feita pelo Oficial de serviço. O depoente disse que sempre é feita uma manutenção no gerador MCA5 DP, porém, não sabe informar qual o período. Declarou ainda, que na hora do black-out (queda total de energia) o mesmo se encontrava em seu camarote e quem solicitou a sua presença foi o Chefe de Máquinas que se encontrava na praça de máquinas.

Eraldo Jorge Pereira de Freitas, Oficial Superior de Máquinas do N/M “NORDIC BRASILIA”, declarou em seu depoimento (fls. 71/73) que o cancelamento da operação foi devido uma falha elétrica do gerador MCA5 do DP (posicionamento dinâmico), que ocorreu devido a um mau contato no fio do painel elétrico do gerador MCA5 do DP (posicionamento dinâmico) provocando a baixa frequência e consequentemente o desarme de todos os geradores para a própria proteção dos geradores. O depoente relatou ainda, que esse mau contato foi ocasionado pela própria vibração do navio e que do seu conhecimento foi causado dano no mangote e derramamento de uma pequena quantidade de óleo. O depoente disse ainda que as manutenções no gerador MCA5 do DP são inspeções visuais; teste de performance e teste das proteções do gerador em cumprimento as rotinas de manutenção da companhia, e que antes da transferência de óleo cru não foi realizada nenhuma revisão no gerador do MCA5 do DP.

Reinquirido (fls. 550/553) Eraldo Jorge Pereira de Freitas, Oficial Superior de Máquinas do N/M “NORDIC BRASILIA”, declarou que nunca presenciou algum tipo de teste de black-out (queda de energia total) a bordo. Disse ainda, que fazia três dias que estava embarcado e que na hora do acidente, o próprio depoente se encontrava na praça de máquinas, indo logo em seguida, verificar o ocorrido e prontamente colocou os geradores do MCA5 do DP (posicionamento dinâmico) em manual, e com isso o sistema de geração de energia foi restabelecido e o citado navio permaneceu com o sistema DP (posicionamento dinâmico) fora de operação por cerca de cinco minutos. O depoente disse que o responsável pela falta de energia a bordo foi o sistema DP (posicionamento dinâmico), devido a mau contato no fio entre o painel do gerador DP 05 e o PMS (sistema de gerenciamento de energia). Disse ainda, que de imediato, nada poderia ter sido feito para evitar a falta de energia ocorrida no sistema DP, durante a operação de recebimento de óleo da Plataforma FPSO “MARLIM SUL”. Que o N/M “NORDIC BRASILIA” cumpre uma rotina de manutenção nos painéis do sistema DP. No entanto,

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não sabe precisar o período de uma manutenção para outra e que o responsável para cumprir essa rotina de manutenção é o eletricista com determinação do chefe de máquinas e que em todo seu tempo de embarque nunca tinha acontecido uma falha no sistema DP. O depoente respondeu que existe a bordo um tipo de documento que obriga o navio a fazer um teste de falha de energia no sistema DP, mas não sabe precisar o documento e nem o período de teste. Que a situação da planta elétrica, grupo de retificadores, baterias e geradores do N/M “NORDIC BRASILIA” estavam operacionais, com três geradores para o sistema DP, dois geradores para o restante do navio e mais dois geradores em stand-by.

Murali Malli, Superintendente de Carga da plataforma FPSO “MARLIM SUL”, declarou em seu depoimento (fls. 74/80) que foi feito o teste hidrostático até sete BAR (mangote), antes de começar o descarregamento de óleo cru. Disse que, em sua opinião, o motivo da interrupção do descarregamento foi devido ao fechamento de alguma válvula do N/M “NORDIC BRASILIA”, sem aviso e inesperadamente, ocasionando uma alta pressão de retorno no mangote de offload (mangote de transferência de óleo) que ocasionou o derramamento de óleo. Disse ainda que a válvula “breakaway” demorou aproximadamente três segundos para se fechar, que essas válvulas não precisam de manutenção, mas que mesmo assim, a PETROBRAS faz uma inspeção visual antes de cada operação de descarregamento e a cada dois anos e meio a válvula “breakaway” é enviada ao fabricante para fins de manutenção e que, a mesma havia retomado do fabricante há aproximadamente um ano e que os gráficos se apresentavam constantes em pressão de oito ponto três BAR e que de repente caiu a zero BAR e que se houvesse um fechamento mais lento da válvula do navio-tanque a pressão aumentaria e os operadores poderiam tomar a ação de suspender a operação, sendo certo que se nada fosse feito, ao atingir o limite de 15 BAR, as bombas se fecham automaticamente.

Dinesh Narayan Bhogte, Operador de Carga da plataforma FPSO “MARLIM SUL”, declarou em seu depoimento (fls. 81/84) que sempre na chegada de um navio para receber óleo, é feito um teste de pressão, e que esse teste foi feito a sete BAR. Disse ainda, que no momento do ocorrido estava no quarto de bombas e que de repente ouviu um barulho bem alto e as bombas pararam de funcionar e que comunicou ao Superintendente imediatamente; disse ainda, que havia dois funcionários na popa do navio observando a operação e estes comunicaram a ruptura da mangueira, o mesmo foi ao convés e viu a mangueira partida e óleo na água e afirma que não havia nenhum qualquer vestígio de óleo na plataforma FPSO “MARLIM SUL”. Após isso ele foi chamado pelo Superintendente à sala de controle de carga, onde o Superintendente se encontrava com o fiscal, que é um representante da PETROBRAS e este fiscal estava se comunicando em português com o navio-tanque, que confirmou ter tido uma perda de

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energia e que isso havia fechado a válvula do navio-tanque fazendo com que todo óleo retornasse para a plataforma elevando abruptamente a pressão na mangueira e ocasionando a ruptura desta.

Ian Butchard, Superintendente de Manutenção da plataforma “FPSO MARLIM SUL”, declarou em seu depoimento (fls. 88 a 93) que a causa do acidente foi devido a um black-out ocorrido no N/M “NORDIC BRASILIA” devido uma queda de energia que ocasionou o fechamento de uma válvula (breakaway) e que essa válvula tem um sistema de segurança da mangueira de descarregamento que se quebra, separando as mangueiras e lacrando ambas as saídas, quando a pressão extrapola um determinado nível. Nesse sistema, a manutenção é feita pelo fabricante que recomenda, sejam enviados à fábrica a cada dois anos e meio e que este só tinha um ano.

Anand Pandurang Sawant, Operador de Carga da plataforma FPSO “MARLIM SUL”, declarou em seu depoimento (fls. 94/99) que não presenciou o acidente, por não se encontrar de serviço, mas que conhece a válvula de segurança “breakaway” e que essa válvula fica em cima da água e que serve parar o escorregamento de óleo em caso de sobrecarga no sistema de bombeamento de óleo bruto e que a pressão na mangueira de transferência é de oito BAR, equivalente a oito quilos que é considerada normal desde que não haja sobrecarga no sistema de bombeamento de óleo bruto.

Gilberto Mitsuomi Kunitake, Capitão de Longo Curso, exercendo a função de Comandante do N/M “NORDIC BRASILIA”, declarou em seu depoimento (fls. 100/103) que na hora do acidente tinha acabado de descer do passadiço e já acompanhava toda operação através do radiocomunicador. Que a interrupção da transferência de óleo bruto entre a plataforma FPSO “MARLIM SUL” e o N/M “NORDIC BRASILIA” se deu por solicitação do próprio navio mercante petroleiro, devido à queda de energia dos geradores da planta de posicionamento dinâmico (DP). Disse ainda, que no navio “NORDIC BRASILIA” existe sistema eletrônico controlado pelo Oficial de Serviço no passadiço e que desconhece o motivo dessa queda de energia ocorrida nos geradores, visto ser atribuição da seção de praça de máquinas. O depoente não sabe precisar a quantidade de óleo derramado na água e nem tão pouco se foi significativo ou não. O depoente ressaltou que a tripulação do navio “NORDIC BRASILIA” não o participou se foi pequena ou grande a quantidade de óleo derramada no mar.

Valmir Aparecido da Cunha, Primeiro Oficial de Náutica, exercendo a função de Imediato do N/M “NORDIC BRASILIA”, declarou em seu depoimento (fls. 104/109) que era seu primeiro embarque como Imediato e que a responsabilidade do Imediato é amarração, conexão do mangote e acompanhar toda a transferência de óleo e que, no momento do acidente se encontrava no passadiço e o cancelamento da operação de transferência de óleo entre o N/M “NORDIC BRASILIA” e a plataforma FPSO

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“MARLIM SUL”, foi devido à queda de energia no gerador MCA5 da planta DP (posicionamento dinâmico). Disse ainda que antes da operação foi realizado teste para verificar a estanqueidade do mangote e o resultado foi satisfatório. Disse ainda, que após ouvir pelo rádio sobre o cancelamento da operação de recebimento de óleo da plataforma, não foi possível precisar em quanto tempo a plataforma FPSO “MARLIM SUL” atendeu esta solicitação.

Convidados, não compareceram à Delegacia da Capitania dos Portos de Macaé os Srs. Daniel Spekla Grana, Vijayam Vinu e Stanley Van, ou deram a conhecer seus endereços residenciais (fls. 33/34 e 40/41).

Os Peritos, em Laudo acompanhado de fotos (fls. 49 a 62), informam que com o evento, o sistema de segurança de proteção do navio atuou prontamente e o navio restabeleceu a energia elétrica no sistema BOS em alguns minutos após o incidente.

Não houve qualquer tipo de vazamento e ou derramamento de óleo a bordo do navio. O fato em si ocorreu com o mangote da plataforma e com equipamento de segurança do sistema e instalação da Plataforma.

Informam ainda, que o derramamento de 700 litros de óleo cru atingiu uma área de 100m².

Não foi observado qualquer avaria aparente no sistema de governo e propulsão, bem como fatores ambientais desfavoráveis que pudessem ter contribuído para a ocorrência do acidente.

Que ambas as embarcações estavam em bom estado de conservação.

Que os equipamentos de ambas as embarcações, conforme informações obtidas estavam sendo revisados de acordo com as recomendações dos fabricantes.

Que a rotina de manutenção planejada para o equipamento estavam sendo cumpridas.

Apontam como fatores contribuintes, o fator material: devido à ruptura de um disco (pressume rupture disc) e desacoplamento do mangote (hose breakaway cooling) situados no FPSO “MARLIM SUL”; e o fator operacional: devido a problema elétrico ocorrido no sistema de carregamento pela proa (BLS- bow loading system) que provocou o acionamento do sistema de proteção desta planta com o consequente fechamento automático da válvula do manifold (coupler valve) conectada ao mangote, interrompendo o carregamento do navio.

Ressaltam, ainda, os peritos que este problema elétrico teve origem em um

black-out ocorrido na geração de energia do “NORDIC BRASILIA”.

Atribuem como causa determinante “o black-out” (queda de energia) ocorrido a bordo do N/M “NORDIC BRASILIA”, ocasionando o fechamento da válvula

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automática de entrada de óleo cru vindo da plataforma FPSO “MARLIM SUL” para os tanques do navio “NORDIC BRASILIA”.

O Encarregado do Inquérito, em seu Relatório de fls. 563 a 571, após descrever as diligências realizadas, características das embarcações envolvidas, analisar e transcrever resultado da perícia, documentos juntados, principais pontos dos depoimentos tomados, sequência e consequências do evento, concluiu que os fatores material e operacional contribuíram para o evento.

O fator material - Contribuiu, devido à ruptura de um disco (pressume rupture

disc) e desacoplamento do mangote (hose breakaway coupling) situados na plataforma

FPSO “MARLIM-SUL”; e

O fator operacional - Contribuiu devido a problema elétrico ocorrido no sistema de carregamento pela proa (BLS - bow loading system) que provocou o acionamento do sistema de proteção desta planta com o consequente fechamento automático da válvula do manifold (coupler valve) conectada ao mangote, interrompendo o carregamento do navio. Este problema elétrico teve origem em um black-out ocorrido na geração de energia no navio “NORDIC BRASILIA”.

Encerrou o Inquérito apontando como possíveis responsáveis indiretos pelo evento em lide: Eraldo Jorge Ferreira de Freitas, Oficial Superior de Máquinas do N/M “NORDIC BRASILIA”, por imprudência, visto não ter supervisionado a rotina de manutenção no gerador MCA5 do DP (posicionamento dinâmico) do N/M “NORDIC BRASILIA”, durante a operação de recebimento de óleo da plataforma FPSO “MARLIM SUL”; e Aluizio Bezerra dos Santos, Eletricista do N/M “NORDIC BRASILIA”, por imprudência, visto não ter realizado nenhuma revisão no gerador MCA5 do DP (posicionamento dinâmico) do N/M “NORDIC BRASILIA”, durante a operação de recebimento de óleo da plataforma FPSO “MARLIM SUL”.

Inquérito fartamente instruído com documentos relativos à manutenção do navio, da plataforma e demais documentos de praxe.

A D. Procuradoria Especial da Marinha-PEM, em promoção juntada às fls. 579/580, discordando das conclusões do Inquérito, requereu o arquivamento dos presentes Autos por concluir que: “Consoante se extrai do Laudo de Exame Pericial, às fls. 49/54, o incidente elétrico provocou ruptura do disco de proteção do mangote, e, consequentemente, acarretou o derramamento de 700 litros de óleo cru”.

As reproduções fotográficas de fls. 55/61 procuram ilustrar as consequências do incidente.

Consoante o Relatório do Encarregado do Inquérito, os responsáveis pelo evento em lide seriam: i) o Oficial Superior de Máquinas do N/M “NORDIC BRASILIA”, Senhor Eraldo Jorge Pereira de Freitas (brasileiro, casado, Oficial Superior

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de Máquinas (OSM), na qualidade de Oficial Superior de Máquinas do N/M “NORDIC BRASILIA”, em virtude de não ter supervisionado a rotina de manutenção no gerador MCA5 do DP (posicionamento dinâmico) do navio, durante a operação de recebimento de óleo da plataforma FPSO “MARLIM SUL”; e ii) o Eletricista Aluizio Bezerra dos Santos na qualidade de Eletricista do N/M “NORDIC BRASILIA”, por não efetuar nenhuma revisão no gerador antes de ser iniciada a operação de recebimento de óleo da plataforma FPSO “MARLIM SUL”.

Todavia, de acordo com a prova pericial, os equipamentos sinistrados eram submetidos a revisões periódicas, seguindo-se as recomendações dos fabricantes (fl. 53).

Ademais, sinalizaram os peritos que havia uma rotina de manutenção planejada e ela fora cumprida regularmente (fl. 53).

Por todo o exposto, conclui a Procuradoria Especial da Marinha que o acidente da navegação em lide resultou de caso fortuito, caracterizado como black-out (queda de energia) ocorrido a bordo do navio “NORDIC BRASILIA”, ocasionando o fechamento da válvula automática de entrada de óleo cru vindo da plataforma FPSO “MARLIM SUL” para os tanques do navio “NORDIC BRASILIA”.

Publicada Nota para Arquivamento. Prazos preclusos, sem manifestação de interessados.

Isto posto, decidimos:

Diante dos fatos narrados à luz do conjunto probatório, colhido em sede de Inquérito, a destacar os depoimentos e documentos apresentados comprovando que tanto o navio como a plataforma apresentavam-se com suas documentações em ordem, com os programas de manutenção dos equipamentos em dia.

Considerando os Relatórios de fls. 4 a 6, a afirmar a não ocorrência de danos ao meio ambiente, o que inclusive vem contrariar a assertiva dos peritos, esta amparada nas declarações de algumas das testemunhas, de que houve um derramamento de cerca de 700 litros de óleo cru da plataforma para o mar, quando em sua notificação à Delegacia da Capitania dos Portos em Macaé, a Gerência de Transportes da TRANSPETRO (fl. 6) assevera que a “operação estava sendo realizada através de uma planta composta por mangotes flutuantes e dispositivos de segurança instalados nessa linha de mangotes, que visam exclusivamente proporcionar uma operação segura entre as duas unidades evitando a ocorrência de derrame de óleo em qualquer situação, até mesmo, em casos de emergência”. E ainda a Comunicação da SBM à fl. 5, a confirmar que as averiguações realizadas atestam a não ocorrência de derrame de óleo, não tendo sido inclusive detectado qualquer mancha de óleo nas proximidades.

Considerando, não haver nos Autos provas e ou indícios suficientemente fortes a possibilitar apontar responsáveis pelo ocorrido, o que nos faz concluir que o acidente da

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navegação em apreço, qual seja a perda inesperada de energia total (black-out) sofrido pelo petroleiro “NORDIC BRASILIA”, durante operação de recebimento de óleo da plataforma FPSO “MARLIM SUL” posicionada no campo Roncador, na bacia de Campos, Campos dos Goytacazes, RJ, teve como causa determinante uma falha elétrica no gerador MCA5 do DP (posicionamento dinâmico) do petroleiro, provocando o fechamento da válvula automática de entrada do óleo, por consequência a interromper o carregamento do óleo, fazendo com que o óleo retornasse para a plataforma, elevando abruptamente a pressão da mangueira e ocasionando a ruptura desta, sem provocar avarias às embarcações, acidentes pessoais ou prejuízos ao meio ambiente marinho, cuja origem não restou apurada acima de qualquer dúvida, a despeito de fortes indícios de fortuidade.

Por tudo isto, acolhemos o pedido da D. Procuradoria Especial da Marinha (fl. 579) para determinar o arquivamento dos presentes Autos, considerando este, contudo, de origem indeterminada, a despeito dos fortes indícios de sua fortuidade.

Assim,

ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à natureza e extensão do acidente da navegação: perda de energia total (black-out) a bordo de petroleiro, durante operação de recebimento de petróleo da plataforma FPSO “MARLIM SUL”, Campo Roncador, na bacia de Campos, em Campos dos Goytacazes, RJ, sem registros de avarias às embarcações, acidentes pessoais ou de prejuízo ao meio ambiente hídrico; b) quanto à causa determinante: fechamento da válvula automática de entrada de óleo, vindo da plataforma com interrupção, por motivos não apurados acima de qualquer dúvida, a despeito de fortes indícios de fortuidade; e c) decisão: determinar o arquivamento dos Autos como requerido pela Douta Procuradoria Especial da Marinha-PEM, em sua promoção de fls. 579/580, considerando o acidente da navegação, previsto no artigo 14, letra “b”, da Lei nº 2.180/54, como de origem indeterminada.

Publique-se. Comunique-se. Registre-se.

Rio de Janeiro, RJ, em 22 de novembro de 2011.

MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA PADILHA Juíza-Relatora

LUIZ AUGUSTO CORREIA Vice-Almirante (RM1)

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DINÉIA DA SILVA Diretora da Divisão Judiciária

Referências

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