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L OSSERVATORE ROMANO

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Preço € 1,50. Número atrasado € 3,00

L’OSSERVATORE ROMANO

EDIÇÃO SEMANAL

EM PORTUGUÊS

Unicuique suum

Non praevalebunt

Ano LII, número 3 (2.700) Cidade do Vaticano terça-feira 19 de janeiro de 2021

O desejo da unidade

No Angelus o Papa falou do Oitavário ecuménico e expressou proximidade à Indonésia

Pesar do Pontífice

pela morte do cardeal Scheid

No mote episcopal “Deus é b om” o Papa Francisco in-dicou a síntese do ministé-rio do cardeal brasileiro Eusébio Oscar Scheid, após a sua morte ocorrida na tarde de quarta-feira 13 de janeiro, devido à Covid-19, com 88 anos de idade. Num telegrama o Pontífice recordou o purpurado dehoniano «que com tanta coragem serviu o povo de Deus» como primeiro bispo de São José dos Campos e como arcebispo de Floria-nópolis, e em seguida, de São Sebastião do Rio de J a n e i ro .

PÁGINA6

D

E

18

A

25

DE JANEIRO

Fruto do amor

A vocação à oração, à reconciliação e à unidade da Igreja e do gé-nero humano: foi o que a Comunidade Monástica de Grandchamp, na Suíça, quis exprimir no material para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2021, preparado sob indicação da Comis-são Internacional formada pela Igreja católica (Pontifício Conselho para a promoção da unidade dos cristãos) e pelo Conselho ecumé-nico das Igrejas (Comissão Fé e Constituição). O tema escolhido es-te ano, «Permanecei no meu amor: dareis muito fruto», foi tirado do Evangelho de João (15, 5-9). Um tema — lê-se no subsídio — «que permitiu que as religiosas partilhassem a experiência e a sabedoria da sua vida contemplativa, enxertada no amor do Senhor, e falar do fruto desta oração: uma comunhão mais profunda com os próprios irmãos e irmãs em Cristo, e uma maior solidariedade com toda a criação». Como se sabe, a data tradicional para a celebração da Se-mana de oração pela unidade dos cristãos, no hemisfério norte, vai de 18 a 25 de janeiro, data proposta em 1908 pelo pastor episcopa-liano norte-americano Paul Wattson, fundador da congregação dos Frades Franciscanos de Atonement, porque se situa entre a festa da Cátedra de São Pedro (atualmente a 22 de fevereiro mas outrora também a 18 de janeiro) e a da Conversão de São Paulo (25 de janei-ro). No hemisfério sul, onde janeiro geralmente é período de férias, as Igrejas celebram a Semana de oração noutras datas, por exemplo no tempo de Pentecostes (como sugerido pelo movimento Fé e Constituição em 1926), período igualmente simbólico para a unida-de da Igreja. Precisamente unida-devido a esta flexibilidaunida-de na data, a Co-missão Internacional convida os fiéis cristãos a considerar válido du-rante todo o ano o material proposto. É sugerido um itinerário de oração para os oito dias que compõem a Semana. Em ordem, as eta-pas ritmadas pelo Evangelho de João, são as seguintes: Chamados por Deus; Amadurecer interiormente; Formar um só corpo; Rezar juntos; Deixar-se transformar pela palavra; Acolher os outros; Cres-cer em unidade; Reconciliar-se com toda a criação.

«Durante estes dias, oremos concordes para que o desejo de Jesus possa ser realizado: “Que todos sejam um”». Foi o pedido do Papa no Angelus de 17 de janeiro, vigília do início do oitavário

ecuménico. Depois de recitar a oração mariana — ainda na Biblioteca particu-lar do Palácio apostólico do Vaticano sem a presença dos fiéis por causa da Covid-19 — o Pontífice lembrou a

quan-tos o seguiam através dos meios de co-municação que «este ano o tema baseiase na admoestação de Jesus: “Pe r -manecei no meu amor e dareis muito f ru t o ”» e que «no dia 25 de janeiro, concluí-la-emos com a celebração das Vésperas na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, juntamente com os repre-sentantes das outras comunidades cris-tãs presentes em Roma» na certeza de que «a unidade é sempre superior ao conflito».

No final do Angelus, o Papa falou também do Dia para o aprofundamen-to e desenvolvimenaprofundamen-to do diálogo entre católicos e judeus, que foi celebrado em Itália no domingo 17, e lançou um ape-lo a favor da Indonésia atingida por um forte terramoto e um desastre aéreo: so-bre o diálogo judaico-cristão, «que se prolonga há mais de trinta anos», espe-ra «frutos abundantes de fespe-raternidade e colaboração»; ao povo indonésio mani-festou a sua proximidade, assegurando orações «pelos mortos, pelos feridos e por aqueles que perderam a casa e o trabalho» devido ao terramoto na ilha de Sulawesi «e também pelas vítimas do acidente aéreo no sábado».

Anteriormente, Francisco comentou o Evangelho de Domingo sobre o en-contro de Jesus com os primeiros discí-pulos.

PÁGINA8

A difícil situação em Moçambique narrada por um sacerdote “fidei donum”

A esperança

que não morre ao lado

dos descartados

IGORTRABONI NA PÁGINA2

«Fratelli tutti» Para uma leitura

da encíclica do Papa Francisco

D esafios

a enfrentar

FERNAND OFILONI NA PÁGINA4

Primeiro concílio de Niceia convocado pelo imperador Constantino em 325 (afresco bizantino na Basílica de São Nicolau de Mira, Turquia)

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L’OSSERVATORE ROMANO

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Cidade do Vaticano

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IGORTRABONI

A

5 de setembro de 2019 o Papa Francis-co entrou na cate-dral dedicada a Nossa Senhora da Imaculada Conceição em Maputo, capi-tal de Moçambique, e quem o recebeu foi o padre Giorgio Ferretti, sacerdote fidei donum da diocese de Frosinone-Vero-li-Ferentino. O Pontífice che-gou ali, etapa de uma viagem pastoral que também incluiu Madagáscar e Maurícias, para apoiar o lento e difícil proces-so de paz naquele Moçambi-que ao qual o Papa continua a prestar particular atenção; naquele Moçambique onde, no entanto, a situação está a tornar-se cada vez mais difícil, especialmente no norte do país, como o próprio padre Ferretti relata de Maputo: «A situação no norte é dramática. Os terroristas, cuja matriz não é clara, mas que parecem ins-pirados por grupos filiados ao al-Shabaab, controlam alguns distritos da província mais se-tentrional do país, Cabo Del-gado. Bem armados e muito determinados. Devido às suas ações violentas e cruéis, deca-pitações e torturas da popula-ção, muitos fugiram. As al-deias foram queimadas e vá-rios locais de culto, tanto cris-tãos como muçulmanos, fo-ram destruídos. Os refugiados são atualmente quase seiscen-tos mil: fugiram por terra ou com barcos improvisados e são acolhidos na cidade de Pemba e nas províncias vizi-nhas, em particular as de

Nampula e Niassa. A Igreja, através da Cáritas diocesana e da Comunidade de Santo Egídio, está a fazer muito pa-ra distribuir alimentos, cober-tores e medicamentos. A Con-ferência episcopal local escre-veu uma carta aos fiéis e lan-çou uma campanha de ajuda.

As organizações internacio-nais estão também fortemente empenhadas face a uma situa-ção difícil em termos de higie-ne e alimentação. Há um re-crutamento generalizado en-tre os jovens, muitos dos quais não têm perspetivas e são conquistados com falsas promessas de trabalho e bol-sas de estudo. Quando isto acontece não podem voltar atrás e muitos deles são rapta-dos».

A comunidade internacio-nal, acrescenta o pároco da Catedral de Maputo, «está muito preocupada também porque na zona em questão existem grandes jazidas de gás que as empresas interna-cionais começaram a extrair. Os interesses económicos são grandes, a instabilidade da área está a comprometer todo o processo, de tal forma que um gigante como a To t a l eva-cuou os seus trabalhadores nos últimos dias».

Infelizmente, a situação

imediata não dá lugar a solu-ções rápidas «mas certamente — salientou o padre Giorgio — um sinal de esperança é o for-te pedido de paz por parfor-te da população e o facto de que em Moçambique houve sem-pre uma boa convivência e colaboração entre as diferen-tes religiões. Neste campo do diálogo inter-religioso e da fraternidade humana há mui-to a construir para unificar a sociedade contra todas as for-mas de violência».

Uma construção, como dis-semos no início, invocada em várias ocasiões pelo Papa Francisco e que continua a ter grande ressonância no país africano, como o próprio sa-cerdote testemunha: «As pala-vras do Pontífice, pronuncia-das nas bênçãos da Páscoa e do Natal, foram muito impor-tantes para centrar a atenção internacional no problema do norte de Moçambique. As pessoas aqui ficaram muito satisfeitas. Há uma grande

gratidão por parte da Igreja local e do povo por não se sentirem esquecidos, e por es-tarem no centro das solicitu-des e orações do Papa».

O pensamento, mas sobre-tudo o coração, volta à via-gem pastoral realizada há 16 meses, quando Francisco quis visitar os centros de acolhi-mento para crianças de rua em Maputo e o consultório médico para doentes de Sida: eles são os últimos, que o pa-dre Giorgio continua a procu-rar, como fez em Frosinone, juntamente com os voluntá-rios de Santo Egídio e como parte da atenção constante às novas emergências desejadas pelo bispo da diocese do Lá-cio, D. Ambrogio Spreafico, foi ajudar os desabrigados na estação ferroviária: «A visita do Papa Francisco a Maputo foi um momento de grande dignidade para toda a nação. Naqueles dias, as pessoas dançavam nas ruas. Serem vi-sitados por ele não foi apenas

uma alegria para os católicos, mas Moçambique inteiro se sentiu abençoado e todos ex-perimentaram esse momento como uma visita a esta terra e a todos os seus habitantes. Aqui há uma grande pobreza, é um Estado muito periférico na geopolítica mundial, mas podia-se sentir o orgulho do povo pela bênção recebida, porque o Papa caminhou nas ruas e apertou as mãos, falou a todos. Esta visita permane-cerá para sempre na história de Moçambique».

Aquelas mãos continuam a estender-se em busca de algo, porque em Maputo ainda há muito a fazer, como o padre Giorgio Ferretti esboça ao en-cerrar a conversa: «Maputo é uma bela cidade, situada no Oceano Índico, mas a sua po-breza é grande. Muitos jovens chegam aqui todos os anos de várias províncias do país em busca de trabalho e de um fu-turo melhor. Muitos acabam por ficar desempregados nas ruas. Nos últimos meses, es-pecialmente devido à pande-mia de Covid-19, o número de pobres aumentou, daqueles que procuram restos de comi-da nos caixotes do lixo e há muitas crianças que vivem nas ruas, sem família, sem cuida-dos, sem um lar e muito me-nos sem a possibilidade de ir à escola. Nos semáforos os pedintes aumentam de dia para dia. A situação é real-mente preocupante. Com a paróquia da catedral começá-mos há anos a distribuir ali-mentos às famílias e aos ido-sos em dificuldade, mas nesta época de pandemia, a carida-de é posta à prova e os jovens da Comunidade de Santo Egídio distribuem centenas de refeições todas as semanas às crianças de rua. É verdade, como o Papa disse na sua ho-milia na noite de Natal, que Jesus nasceu descartado. Mas este escândalo pode também tornar-se uma resposta pasto-ral, porque muitos jovens e adultos pedem para ajudar a servir e assim aproximam-se da Igreja, porque há em to-dos uma necessidade de con-tribuir para a construção de mais justiça social: perto das crianças de rua compreende-se melhor o mistério do Na-tal».

A difícil situação em Moçambique narrada por um sacerdote “fidei donum”

A esperança que não morre

ao lado dos descartados

Festa das crianças na catedral de Maputo com o Pe. Giorgio Ferretti

Exposição de 100 presépios no Vaticano prolongada online

Um passeio na história da fé e na arte das representações da Natividade ao longo do colunata da praça de São Pedro. A exposição de 100 presépios no Vaticano foi prolongada até domingo, 17 de janeiro. A iniciativa, já na sua terceira edição e promovida pelo pontifício Conselho para a promoção da nova evangelização, foi criada ao ar livre, correspondendo assim às expe-tativas dos visitantes, no respeito das regras anticontágio. Um modo de «di-fundir cada vez mais este sinal privilegiado de piedade popular que reúne as nossas famílias e comunidades num contexto de paz e serenidade». Con-siderando os limites de movimento, inclusive entre as regiões, decididos pe-las instituições governamentais em matéria de prevenção sanitária, para quantos este ano não puderam visitar pessoalmente a exposição, existe um grande espaço na Internet. Com efeito, no site www.100presepi.it é possível ver as imagens e fazer uma visita virtual às edições anteriores. Também está disponível um estudo aprofundado, com o texto completo da carta apos-tólica do Papa Francisco Admirabile signum, sobre o significado e o valor do p re s é p i o .

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L’OSSERVATORE ROMANO

número 3, terça-feira 19 de janeiro de 2021 página 3

Catequese - Sobre a oração

Também os maus momentos

são tempo para louvar

Um muro verde para salvar o Sahel

U

m “muro verde” de 8.000 km de compri-mento, do Senegal ao Djibuti, do Atlântico ao Mar Vermelho, construído para impedir o avanço do deserto do Saara e para fomen-tar a economia. Uma iniciativa de importância crucial para o futuro do Sahel e da África inteira, e que agora poderia tornar-se realidade. Durante um encontro or-ganizado pela França, pelas Nações Unidas e pelo Banco Mundial, foi anunciado um financiamento de 14,2 biliões de dólares para a realização deste projeto. Os objetivos são numerosos: não apenas combater a desertificação e proteger o solo, mas também valorizar as áreas rurais e a biodiversidade, debelar a pobreza e prevenir a seca em 11 países africanos. O financiamento anunciado dará o impulso necessário para recuperar 100 milhões de hectares de terra degradada e para gerar 10 milhões de empregos até 2030. Um modelo de re-nascimento “v e rd e ”, que pode abrir um novo caminho para o desenvolvimento de todo o continente.

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!

Continuamos a catequese sobre a oração, e hoje damos espaço à di-mensão do louvor.

Inspiramo-nos numa passagem crítica da vida de Jesus. Depois dos primeiros milagres e da parti-cipação dos discípulos no anúncio do Reino de Deus, a missão do

Messias sofre uma crise. João Ba-tista duvida e faz com que lhe che-gue esta mensagem — João encon-tra-se na prisão: «És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar ou-tro?» (Mt 11, 3). Ele sente a angús-tia de não saber se errou no anún-cio. Na vida há sempre momentos escuros, momentos de noite espi-ritual, e João está a passar um mo-mento como esse. Há hostilidade nas aldeias perto do lago, onde Jesus tinha realizado muitos sinais prodigiosos (cf. Mt 11, 20-24). Ora, precisamente naquele mo-mento de desilusão, Mateus relata um acontecimento verdadeira-mente surpreendente: Jesus não eleva ao Pai uma lamentação, mas um hino de júbilo: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, por-que escondeste estas coisas aos sá-bios e entendidos e as revelaste aos pequeninos» (Mt 11, 25). Isto é, em plena crise, em plena escuri-dão na alma de tantas pessoas, co-mo João Batista, Jesus bendiz o Pai, Jesus louva o Pai. Mas, por-quê?

Antes de mais, louva-o pelo que

é: «Pai, Senhor do céu e da terra».

Jesus rejubila no seu espírito por-que sabe e sente por-que o seu Pai é o Deus do universo e, vice-versa, o Senhor de tudo o que existe é o Pai, “o meu Pai”. O louvor brota desta experiência de sentir-se o “filho do Altíssimo”. Jesus sente-se filho do Altíssimo.

E além disso Jesus louva o Pai

porque prefere os pequeninos. É o que

Ele próprio experimenta, pregan-do nas aldeias: os “entendipregan-dos” e os “sábios” permanecem descon-fiados e fechados, fazem cálculos; enquanto os “p equeninos” se abrem e acolhem a mensagem. Ela só pode ser a vontade do Pai, e Jesus regozija-se com isto. Tam-bém nós devemos regozijar-nos e louvar a Deus porque as pessoas humildes e simples aceitam o Evangelho. Rejubilo quando vejo estas pessoas simples, esta gente humilde que vai em peregrinação, que reza, canta, louva, gente à

qual talvez faltam muitas coisas mas a humildade leva-as a louvar a Deus. No futuro do mundo e nas esperanças da Igreja há sem-pre os “p equeninos”: aqueles que não se consideram melhores do que os outros, que estão conscien-tes dos próprios limiconscien-tes e dos seus pecados, que não querem domi-nar os outros, que em Deus Pai se reconhecem todos ir-mãos.

Assim, naquele momento de aparente fracasso, no qual tu-do é escuridão, Jesus reza, louvando o Pai. E a sua oração leva-nos, também a nós leitores do Evange-lho, a julgar de um modo diferente as nossas derrotas pes-soais, as situações em que não vemos clara-mente a presença e a ação de Deus, quan-do parece que o mal prevalece e não há maneira de o impedir. Jesus, que tanto recomendou a oração de súplica, precisamente no momento em que teria motivos

para pedir explicações ao Pai, ao contrário passa a louvá-lo. Parece uma contradição, mas a verdade está nisto.

Para quem é útil o louvor? Para nós ou para Deus? Um texto da liturgia eucarística convida-nos a

rezar a Deus do seguinte modo: «Não necessitais do nosso louvor, mas através de um dom do vosso amor chamais-nos a dar-vos gra-ças; os nossos hinos de bênção não aumentam a vossa grandeza, mas obtêm para nós a graça que nos salva» (Missal Romano, Prefá-cio comum IV). Ao louvar somos

salvos.

A prece de louvor é útil para nós. O Catecismo define-a assim: «Participa da bem-aventurança dos corações puros que o amam na fé, antes de o verem na glória» (n. 2639). Paradoxalmente, deve ser praticada não só quando a vi-da nos enche de felicivi-dade, mas sobretudo nos momentos difíceis, nos momentos escuros quando o caminho é íngreme. Este é tam-bém o tempo do louvor, como Je-sus que no momento escuro louva o Pai. Pois aprendemos que atra-vés daquela subida, daquele cami-nho difícil, daquela vereda cansa-tiva, daquelas passagens desafia-doras, se consegue ver um novo panorama, um horizonte mais aberto. Louvar é como respirar oxigénio puro: purifica-te a alma, faz com que olhes para longe, não te aprisiona no momento difícil e

escuro das dificuldades.

Há um grande ensinamento naquela oração que desde há oito séculos nunca deixou de palpitar, a que São Francisco compôs no fi-nal da sua vida: o “Cântico do ir-mão sol” ou “das criaturas”. O

Pobrezinho não o compôs num momento de alegria, de bem-es-tar, mas, pelo contrário, no meio das dificuldades. Francisco estava quase cego e sentia na sua alma o peso de uma solidão que nunca ti-nha sentido antes: o mundo não mudou desde o início da sua pre-gação, ainda há aqueles que se deixam dilacerar por disputas e, além disso, ele ouve aproximar-se os passos da morte. Poderia ser o momento da desilusão, daquela extrema desilusão e a perceção do próprio fracasso. Mas naquele instante de tristeza, naquele mo-mento de escuridão, Francisco re-za. De que modo reza? «Louvado sejais, ó meu Senhor…». Reza louvando. Francisco louva a Deus por tudo, por todos os dons da criação e até pela morte, que com coragem chama “irmã”, “irmã morte”. Estes exemplos dos San-tos, dos cristãos, também de Je-sus, de louvar a Deus nos momen-tos difíceis, abrem-nos as portas de um caminho muito grande ru-mo ao Senhor e purificam-nos sempre. O louvor purifica sem-p re .

Os Santos e as Santas demons-tram-nos que podemos louvar

sempre, nos momentos bons e maus, pois Deus é o Amigo fiel. Este é o fundamento do louvor: Deus é o Amigo fiel, e o seu amor nunca falha. Ele está sempre ao nosso lado, espera-nos sempre. Alguém dizia: “É a sentinela que está próxima de ti e faz com que vás em frente com segurança”. Nos momentos difíceis e escuros, encontremos a coragem de dizer: “Bendito és tu, ó Senhor”. Louvar o Senhor. Isto far-nos-á bem.

Com a exortação «a colocar Cristo no centro da nossa vida, para sermos porta-dores de luz e de esperança na sociedade», o Pontífice saudou os vários grupos de fiéis que seguiram a audiência através dos meios de comunicação social. Publicamos a saudação aos de língua portuguesa.

Queridos ouvintes de língua portuguesa, a todos vos saúdo, convidando-vos a pedir ao Se-nhor uma fé grande para verdes a realidade com os olhos de Deus, e uma grande caridade para vos aproximardes das pessoas com o seu coração misericordioso. Con-fiai em Deus, como a Virgem Ma-ria! Sobre vós e vossas famílias, desça a bênção do Senhor.

L

EITURA D O DIA

Sl 145, 1-3.21

Eu vos exalto, ó meu Deus e Rei, hei de bendizer o vosso nome pelos séculos sem fim cada dia vos bendirei.

Mui grande é o Senhor e digno de louvor a sua grandeza é insondável […] Canta a minha boca as glórias do Senhor e todos os mortais bendigam

o seu nome santo pelos séculos, para sempre.

«Não só quando a vida nos enche de felicidade, mas sobretudo nos momentos difíceis» e «obscuros»: «também este é o tempo do louvor», frisou o Papa Francisco na manhã de quarta-feira, 13 de janeiro, durante a audiência geral, que teve lugar ainda sem a

presença de fiéis por causa da pandemia. Dando continuidade às catequeses sobre a oração, na Biblioteca particular do Palácio apostólico do Vaticano, o Pontífice refletiu sobre a importância de louvar a Deus «até quando o caminho é íngreme».

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página 4, terça-feira 19 de janeiro de 2021, número 3 número 3, terça-feira 19 de janeiro de 2021, página 5

«Fratelli tutti» — Para uma leitura da encíclica do Papa Francisco

Desafios a enfrentar

FERNAND OFILONI

«S

e esta afirmação — como seres huma-nos, somos irmãos e irmãs — não ficar pela abstração (...), coloca-nos uma série de desafios» (Fratelli tutti [Ft] 128). O primeiro destes desa-fios é compreender se e por que so-mos todos irmãos e irmãs. Perante guerras quotidianas, ódios de to-do o tipo, to-do passato-do e to-do presen-tes, terrorismo, maldades indivi-duais e coletivas, perguntamo-nos se e como se pode falar de fraterni-dade; uma palavra que também deu origem a desentendimentos ideológicos e políticos e a Revolu-ção francesa do século XVIIIfez

de-la uma pedra angude-lar da “nova” era; uma época na qual não se des-denhou a violência, a segregação racial, o colonialismo, a guerra e, sucessivamente, a exploração do trabalho, o nascimento de ideolo-gias complexas de dominação e supremacia (nazismo, comunismo e ditaduras de várias inspirações).

Para Cristo e para a cultura que nele teve origem, a fraternidade tem outra história — a bíblica — profundamente humana e existen-cial, que não ignora a afirmação do homo homini lupus (uma máxima derivada do As i n a r i a de Plauto, II,

4, 88), que se destinava a explicar o egoísmo humano e a designar a condição em que os homens com-batem uns contra os outros para s o b re v i v e r.

A visão — como verdadeira no-vidade – que Jesus traça é “outra”. E é nesta perspetiva que deve ser entendida a expressão tirada das

Admonitiones atribuídas a São

Fran-cisco, que pediu aos seus irmãos que olhassem para Cristo para captar o sentido da fraternidade que desejava entre eles.

Biblicamente falando, a ideia de fraternidade (antecedente a qualquer forma de fraternidade que tem um sabor bastante reduti-vo e aparentemente de camarada-gem) nasce não simplesmente da partilha da mesma maternida-de/paternidade biológica, mas da superação do aspeto biológico bem expresso existencialmente pelo Salmo 51 (50), que confessa: «A minha mãe concebeu-me no pecado» (v. 7); isto é, para o mes-mo salmes-mo, o ser humano, está ciente de que na vida ele faz-se companheiro de ladrões e

adúlte-ros, de fomentadores de enganos, chegando até a assassinar o pró-prio semelhante no maior despre-zo inclusive de Deus (cf. Sl 51 (50), v. 16 ss.). A má consciência quase leva Caim a blasfemar contra o Eterno, tentando chamar-se para fora da fraternidade de Abel; esta história continua na humanidade. Mas o pecado original (agora qua-se eliminado da teologia e da pre-gação contemporânea) temo-lo dentro; sem ele não há sequer um batismo do alto (cf. Jo 3, 3-8), se-gundo o ensinamento de Jesus a Nicodemos, o qual pretendia compreender o que era a “novida-de” pregada por Cristo; e nem te-ria havido um papel para aquele «Cordeiro de Deus… que tira o pecado do mundo»! (Jo 1, 29), Je-sus, que João Batista apontou quando o viu aproximar-se dele.

De qual novidade se trata? Je-sus ensinava às multidões e aos discípulos o coração das relações com Deus, com a sociedade (in-cluindo a religiosa), e com os ou-tros; depois afirma com decisão: «Vós sois todos irmãos» (Mt 23, 8). Não se referia simplesmente à per-tença judaica; alargava o olhar, da-do que «um só é vosso Pai, aquele que está nos céus» (Mt 23, 9). As-sim a questão com Jesus torna-se transcendente. A fraternidade — diz Jesus — tem a sua origem no Pai celestial e, por esta razão, su-pera qualquer discriminação rela-cionada com a cor da pele, cultura e tradições; “O rigem” que, tam-bém na esfera eclesial, parece ser desclassificada ou ignorada. Se o apelo à transcendência fracassas-se, a fraternidade seria rompida; a igualdade não resistiria a várias pressões, incluindo as económicas e sociais, e a liberdade tornar-se-ia egoisticamente envolvida em si mesma. A fraternidade tem um al-cance transcendente. Recorda-o a encíclica papal, citando a

Centesi-mus annus de João Paulo II (cf. Ft

273).

Apresenta-se outro desafio: se a transcendência fosse verdadeira, de que Deus estamos a falar? A questão foi-me colocada de uma forma simples mas profunda por um cristão que vivia no Irão no tempo em que eu servi naquele país e que era continuamente con-frontado com o “Deus do Islão”: «O Deus de Jesus Cristo — p er-guntava com uma certa perplexi-dade — é o mesmo Deus pregado

pelos muçulmanos?». A questão não era ociosa. As contradições concretas, o facto de se sentir cha-mado «incrédulo» (kāfir), eram/são reais. Abu Dhabi, para as relações entre cristãos e muçul-manas (Documento sobre a fraternidade

humana em prol da paz mundial e da convivência comum, 4 de fevereiro de

2019), é um novo passo, pelo me-nos para não entrarmos em guerra nem criarmos mais crises humani-tárias. Terrorismo e extremismo são contra Abu Dhabi. Mas a es-perança de que a raiz abraâmica das três religiões monoteístas, de que fala o Concílio Vaticano II(cf.

Lumen gentium, 16), possa dar frutos,

não se atrofiou. Portanto, neste clima não é ousado pensar que o Pacto de Abraão (entre os Emira-dos Árabes, Bahrein e Israel, com um possível ulterior alargamento) seja uma iniciativa com conse-quências, além das diplomáticas, também económicas, culturais e religiosas, anteriormente impensá-veis. Sair da lógica do conflito é pensar de modo diferente e eleva-do.

Quando Jesus fala do «Pai ce-lestial», refere-se certamente ao Deus da revelação abraâmica. Ele não estava a falar de um Deus abs-trato ou filosófico; à samaritana (lembremos que havia mau sangue entre samaritanos e judeus!) que lhe perguntava qual Deus deveria ser venerado, Jesus responde indo além do vizinho monte Garizim no qual os samaritanos veneravam o “seu” Deus, mas também a mon-tanha de Jerusalém na qual os ju-deus veneravam o Altíssimo. Ao contrário, Jesus fala de um «Pai» que quer ser adorado «em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja. Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade» (Jo 4, 23-24). Depois, Deus é revelado por/em Jesus Cristo, o Messias, de quem já não é possível prescindir. Sem Ele regressamos ao panteís-mo ou às divisões irénico-teosófi-cas de um Deus de sabor platónico ou esotérico. O Deus de Jesus Cristo tem as caraterísticas do Pai que no Filho, ilumina, redime, re-concilia e na cruz se abre à frater-nidade. Qual?

Para eliminar qualquer outro equívoco, ao doutor da Lei que pediu uma explicação, Jesus narra a maravilhosa parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37); não

há teoria, mas exemplificação, e sobretudo aquele poderoso: «Vai e faz o mesmo» (Lc 10, 37); a encícli-ca do Papa Francisco ilustra com indubitável clareza esta parábola, que representa o coração teológico do ensinamento de Jesus sobre a fraternidade e está no centro do documento pontifício (cf. nn. 56ss). Na parábola — explica o Pa-pa — é realçada a confiança «na parte melhor do espírito humano» (Ft 71), que ganha forma e se origi-na origi-na verdade.

Na verdade? Uma vez mais o cristão pensa em Cristo: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14, 6). Em termos compreensíveis, dizemos que Jesus aperfeiçoa para nós, por assim dizer, os seus ensi-namentos falando das ações hu-manas mais difíceis, como por exemplo (cf. Mt 5, 20 e ss), a vin-gança («Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau…»: Mt 5, 39), as relações humanas («… Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil»: Mt 5, 41), a atitude para com os necessitados («Não te desvies daquele que te quer pedir emprestado»: Mt 5, 42) ou a relação com o adversário («…Senhor, quantas vezes devo perdoar ao meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete ve-zes?” Respondeu Jesus: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete: Mt 18, 21-22). Atenção! — diz Jesus — uma certa fraternida-de também existe entre “publica-nos” e “pagãos”, mas para o cris-tão, a fraternidade tem como refe-rência «o vosso Pai celeste» (Mt 5, 48)!

Portanto, a fraternidade da qual Jesus fala não pode ser redu-zida simplesmente a um dado an-tropológico ou sociológico; para o cristão a questão é teológica, transcendente (cf. Ft 85); isto é, precisa de Deus Pai, o princípio de referência e a pedra angular de qualquer arquitetura sobre frater-nidade. Sem Deus Pai, a fraterni-dade entra em crise e precisa conti-nuamente de apoio: tolerância,

pacto, norma, julgamento, força. Só a razão não consegue fundar a fraternidade (cf. Ft 272).

Jesus, como Mestre, é a garantia de uma visão que transcende o li-mite antropológico em si. Madre Teresa de Calcutá, a uma religiosa que queria deixar a Congregação porque já não suportava o mau cheiro dos pobres, perguntou quem era aquele pobre que tinha recolhido naquele dia: «Não tinha ele o rosto de Cristo?», perguntou ela, e a religiosa permaneceu na Congregação. «Para os cristãos — diz o Papa — … reconhecer o pró-prio Cristo em cada irmão» (Ft 85) permite ultrapassar as muitas mo-tivações e questões que nos sedu-zem. Isto põe em causa a terceira das virtudes teologais, a caridade, que aquece todas as relações. A ca-ridade vai muito além de qualquer dimensão sociológica ou biológi-ca; está fundamentada num Deus a ser amado «sobre todas as coisas por Ele mesmo, e ao próximo co-mo a nós mesco-mos, por aco-mor de Deus» (Catecismo da Igreja Católica, 1822); a caridade realiza-se em Je-sus que amou os seus até ao fim (cf. Jo 13, 1). A Carta aos Hebreus entra numa explicação interessan-te da humanidade assumida por Cristo, comentando maravilhosa-mente que «convinha» (decèbat, éprepen) (Hb 2, 10) a encarnação redentora de Jesus, «aquele que santifica» e «não se envergonha» de nos chamar irmãos (Hb 2, 11).

Um último desafio: somos todos irmãos, mas irmãos “d i f e re n -tes”? Sim. A diversidade não inva-lida o sentido social da existência nem a convicção da dignidade de cada pessoa, não invalida a dimen-são da espiritualidade (cf. Ft 86). A diversidade promove a riqueza e a beleza humana. Por outras pala-vras, pensemos numa diversidade não com um sabor genérico filan-trópico ou universalista, mas cria-dora de uma verdadeira forma de “amizade” social que gera, através da retidão de coração, a verdade, o bem comum e a paz.

Olga Bakhtina, “O bom samaritano”, 2016

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L’OSSERVATORE ROMANO

página 4, terça-feira 19 de janeiro de 2021, número 3 número 3, terça-feira 19 de janeiro de 2021, página 5

Pelo cuidado da casa comum

Paranapanema: o rio do renascimento

No curso de água menos poluído do Brasil uma exemplar obra de preservação

ANDRESSA COLLET

U

m grupo de voluntários da pequena cidade de Timburi, no Estado brasi-leiro de São Paulo, repete a obra de limpeza desde 2009, apesar de o rio Paranapanema ser o menos poluído da região. As ações locais para salvaguardar a casa comum, aplicando os princípios da Laudato si’, procuram despertar a responsabilida-de responsabilida-de todos para o cuidado da cria-ção. Almir Minozi acredita no im-pacto global deste tipo de iniciativas: é fundamental, diz, «estar conscien-tes da importância de preservar a Amazónia», embora esteja a mais de 2 mil quilómetros de Timburi, «sal-vaguardando o ambiente em que vi-vemos».

Os brasileiros desta história recor-dam os pescadores de San Benedetto del Tronto mencionados pelo Papa durante uma audiência geral em se-tembro passado, quando o Pontífice recordou o grupo de trabalhadores que tinha recebido alguns meses an-tes e relatou como estas pessoas con-seguiram remover «do mar 24 tonela-das de resíduos, metade dos quais eram plástico». «Eles têm o espírito para apanhar o peixe», acrescentou o Papa, «mas também o lixo», tirando-o da água a fim de «limpar tirando-o mar». Naquela circunstância, Francisco re-tomava os encontros de quarta-feira com os fiéis, após a suspensão das audiências públicas devido à pande-mia de Covid-19.

Aquela catequese sobre a solidarie-dade com a terra e a salvaguarda da casa comum foi também retomada por quantos, durante mais de uma década, no Brasil, deram vida a um grupo de voluntários para limpar o rio Paranapanema. «O Paranapane-ma ainda não é um rio poluído, gra-ças a Deus. Então, por que procura-mos limpá-lo? Para aumentar a cons-ciência sobre a importância de ter um rio com água limpa para a sobrevi-vência, pesca e desportos aquáticos», diz Almir Fernando Zanforlin Mino-zi, o iniciador deste trabalho de lim-peza. É também um animador

Lauda-to si’ do MovimenLauda-to católico mundial

pelo clima e membro da Comunida-de missionária Comunida-de Villaregia, fundada na Itália e atualmente presente em muitos países da África e da América Latina.

Desde 2009, Almir procura mobi-lizar a sua comunidade, reunindo os colegas de trabalho, pescadores da região e colaboradores da igreja para limpar as margens e o próprio rio, re-colher o lixo acumulado e enviar o material para a cooperativa de reci-clagem na pequena cidade de Tim-buri, no Estado de São Paulo, que conta cerca de 3.000 habitantes.

A consciencialização global começa em Timburi

Localizada a 364 km da capital do Estado, São Paulo, Timburi situa-se entre os dois rios mais importantes da região, Itararé e Paranapanema. Devido à presença de tanta água, a cidade tem sido sede da «Maratona aquática em águas livres», um dos eventos mais importantes deste des-porto na América Latina. A beleza natural local também contribui para o crescimento do turismo e das ativi-dades de lazer, além da pesca profis-sional e desportiva. A bacia do Para-napanema abrange mais de 200 mu-nicípios.

«O rio Paranapanema é muito im-portante para nós porque nasce aqui na fronteira dos estados de São Paulo e Paraná, depois prossegue para a Bacia do Prata no Uruguai. Portan-to, é um rio muito extenso e impor-tante para a nossa região». Por con-seguinte, o rio é um divisor natural entre os Estados. O nome deriva da língua tupi, hoje extinta, mas falada pelas tribos que viveram no litoral do país no século XVI e que se

espalha-ram na época do colonialismo.

Para-napanema significa “rio mau e azara-do”, pois é composto por “paraná”, que significa rio, e “panema”, que significa mau e com má sorte. No en-tanto, este curso de água parece ter muita sorte, pois é o menos poluído do Estado de São Paulo: corre numa extensão total de 929 km, gera poten-cial energético com as suas 11 barra-gens e respetivos aterros e desagua no rio Paraná, no ponto triplo entre os Estados do Paraná, de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.

O trabalho de limpeza

A fim de preservar este património ambiental, no mês de junho de cada ano, voluntários da sociedade civil reúnem-se em Timburi para o traba-lho de limpeza. Este ano, porém, de-vido às restrições impostas pela pan-demia, a ação teve lugar em setem-bro, mês internacional dedicado à limpeza do litoral, durante o Tempo da Criação e por ocasião das celebra-ções dos 5 anos da Laudato si’ do Papa Francisco. A limpeza é efetuada por 10 barcos distribuídos num raio de 3 quilómetros, nas proximidades de um campo municipal e nas margens do rio até à fronteira com outros mu-nicípios.

Esta obra responde ao convite do Papa Francisco a pensar, mesmo num momento de crise, sobre as necessi-dades do próximo e da casa comum, despertando — como recordou na au-diência geral de setembro — «uma so-lidariedade guiada pela fé» que nos permite traduzir o amor de Deus «te-cendo comunidades e sustentando processos de crescimento verdadeira-mente humanos e sólidos». Uma so-lidariedade, disse o Pontífice a 27 de março passado no extraordinário momento de oração em tempo de pandemia, capaz de «dar solidez, apoio e significado a estas horas em que tudo parece naufragar».

Poluição das águas

Os heróis desta aventura de limpe-za aquática conseguem recolher uma grande variedade de materiais e resí-duos industriais, tais como recipien-tes de plástico, garrafas em Pet, latas, materiais de poliestireno, pneus, mas também sapatos, sanitas e até fogões. «Saímos com alguns barcos, cada um com duas ou três pessoas que vão ao longo de um trecho e recolhem o que polui a água. Depois levamos tudo

para um determinado lugar e aí o ca-mião de reciclagem chega e carrega o material. Organizamos frequente-mente palestras ou ações de educa-ção ambiental. Fazemos este trabalho há vários anos, por vezes em colabo-ração com a Igreja católica e também com a Igreja evangélica da nossa ci-dade».

R e f l o re s t a ç ã o

Além da task force de limpeza, que este ano recolheu cerca de 500 quilos de resíduos, uma segunda ação do grupo, de educação ambiental, é a das novas plantações. A reflorestação tem como objetivo preservar a Mata Atlântica local e assim contribuir pa-ra a biodiversidade e o equilíbrio ecológico.

Em Timburi a relação entre os cristãos e o meio ambiente é estreita e respeita o cuidado da criação. A lim-peza dos rios é uma forma importan-te de proimportan-teger as pessoas e o planeta. De acordo com o relatório oficial de 2020 do Tempo da Criação, 71% da superfície terrestre está coberta de água: a poluição e os resíduos podem ter um efeito devastador em muitas espécies — incluindo os seres huma-nos — que dependem de água limpa. Para Almir, também a ação local pode ter um impacto global pois «somos todos responsáveis»: é fun-damental «estar conscientes da im-portância de preservar a Amazónia», mesmo que esteja a mais de 2.000 quilómetros de Timburi, «salvaguar-dando o ambiente em que vivemos». Tudo está interligado, lembra ainda o animador Laudato si’, citando a encí-clica do Papa Francisco: «a crise eco-lógica — reitera — é também uma cri-se ética e social, resultado do nosso estilo de vida» consumista, que atin-ge especialmente os mais pobres e vulneráveis: eles também «precisam das nossas águas para sobreviver».

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página 6 terça-feira 19 de janeiro de 2021, número 3

Era bispo emérito de Sion

Faleceu o cardeal suíço Henri Schwery

Dehoniano, foi arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro

Faleceu o cardeal brasileiro

Eusébio Oscar Scheid

O cardeal brasileiro Eusébio Oscar Scheid, dehoniano, arcebispo emérito de São Sebastião do Rio de Janeiro, faleceu a 13 de janeiro em São José dos Campos devido a complicações pulmonares após ter contraído a Covíd-19 e ter sido internado no hospital São Francisco em Jacareí. Nascido a 8 de dezembro de 1932 em Bom Retiro, na diocese de Joaçaba, foi ordenado sacerdote a 3 de ju-lho de 1960 na congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos). Nomea-do primeiro Bispo de São José Nomea-dos Campos a 11 de fevereiro de 1981, recebeu a Ordenação epis-copal a 1 de maio seguinte. No dia 23 de janeiro de 1991 foi promovido arcebispo de Florianópolis e a 25 de julho de 2001 foi transferido para a Sé Metropolitana de São Sebastião do Rio de Ja-neiro, com o encargo também de Ordinário para os fiéis de rito oriental residentes no Brasil e sem a hierarquia da própria Igreja «sui iuris». No consistório de 21 de outubro de 2003, foi criado e pu-blicado cardeal do título dos Santos Bonifácio e Aleixo. A 27 de fevereiro de 2009 renunciou ao go-verno pastoral da arquidiocese do Rio de Janeiro e a 28 de julho de 2010 ao ordinariato para os fiéis de rito oriental.

rias paróquias, como Nossa Senhora da Conceição da Lagoa, Nossa Se-nhora do Bom Socorro em Nova Tren-to, Nossa Senhora dos Navegantes. E inaugurou o Instituto Social João Paulo IIe a escola dos ministérios.

Permaneceu em Florianópolis du-rante dez anos, como na diocese ante-rior, sentindo-se “em casa”. Confessou que, quando foi embora dessa dioce-se, foi «muito difícil: tinha encontra-do um ambiente muito bom para mim. Mas ser um missionário significa ir trabalhar onde te enviam».

Em 25 de julho de 2001, o Papa no-meou-o arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro e ao mesmo tempo Ordinário para os fiéis de rito oriental residentes no Brasil. Entrou na metró-pole carioca a 22 de setembro seguin-te, com quase setenta anos, e vinte de episcopado. Instituiu imediatamente o vicariato da administração dos bens temporais da arquidiocese (26 de mar-ço de 2002), o vicariato da caridade social (30 de abril), o departamento de pastoral presbiteral (27 de fevereiro), a coordenação arquidiocesana da pas-toral (23 de agosto), promovendo uma nova pastoral universitária na univer-sidade católica do Rio e o Instituto de Filosofia João Paulo II. Além disso,

em 2003, abriu o seminário propedêu-tico Rainha dos Apóstolos e a escola diaconal Santo Efrém.

Na CNBB foi presidente da região

Sul 4; membro da comissão nacional de doutrina; responsável da pastoral familiar na região Sul 1. Dedicou-se sempre aos problemas ligados à famí-lia: publicou vários escritos sobre este tema, tais como «Preparação para o casamento e para a vida familiar», «Introdução à pastoral familiar»,

«Ministério do acolhimento». A nível nacional foi membro do Conselho permanente e da Comissão do santuá-rio de Aparecida.

João Paulo II criou-o e publicou-o

cardeal, no consistório de 21 de outu-bro de 2003, atribuindo-lhe o título dos Santos Bonifácio e Aleixo. Na Cú-ria romana foi membro do Pontifício Conselho para as Comunicações So-ciais e da Pontifícia Comissão para a América Latina. A 17 de janeiro de

2007 foi nomeado membro do Conse-lho de Cardeais para o estudo dos pro-blemas organizacionais e económicos da Santa Sé.

Certamente, o cardeal Scheid nun-ca evitou o confronto sobre os temas delicados da sociedade brasileira. E o seu estilo episcopal foi ilustrado quan-do em 2001 interveio na assembleia quan-do Sínodo dos Bispos, falando da missão do bispo como homem aberto à acei-tação, compreensão e sacramento da

bondade de Deus.

Em 2005 participou no conclave que elegeu Bento XVI.

Em 27 de fevereiro de 2009, o Papa aceitou a sua renúncia ao governo pas-toral da arquidiocese por motivos de idade, nomeando seu sucessor D. Orani João Tempesta que, numa carta pública, lhe pediu que permanecesse na residência episcopal e que conti-nuasse a colaborar na missão no Rio de Janeiro. «Não peço mais — foi a res-posta de Scheid — do que ser um sa-cerdote no meio do meu povo. Conti-nuarei a dirigir-me sobretudo aos sa-cerdotes e aos jovens e a exortar os lei-gos a serem protagonistas».

E, como sacerdote, dedicou preci-samente aos leigos a celebração dos seus vinte e cinco anos de episcopado, em maio de 2006. Quase um compên-dio de todo o seu ministério. Nessa ocasião, pediu aos sacerdotes para não evitarem a plena colaboração com os leigos, que «veem as coisas numa perspetiva diferente e talvez melhor», salientando que o segredo do sucesso do sacerdócio consiste em «saber aco-lher bem o povo de Deus». E com os jovens, em particular, o cardeal Scheid sempre quis dialogar abertamente. Apaixonado pelo voleibol, procurou entrar na linguagem e nos estilos da cultura juvenil para um verdadeiro diálogo. A 28 de julho de 2010 renun-ciou também ao cargo de ordinário para os fiéis de rito oriental residentes no Brasil.

O cardeal suíço Henri Schwery, bispo emérito de Sion, faleceu a 7 de janeiro na casa de repouso “Le Carillon” em Saint-Léonard, no ter-ritório da diocese de Sion, onde nasceu em 14 de junho de 1932. Or-denado sacerdote a 7 de julho de 1957, foi nomeado bispo de Sion a 22 de julho de 1977 e recebeu a or-denação episcopal no dia 17 de se-tembro do mesmo ano. Presidente da Conferência episcopal suíça de 1983 a 1988, no consistório de 28 de junho de 1991 foi criado e publica-do cardeal publica-do título publica-dos Santos Protomártires na Via Aurélia Anti-ga. A 1 de abril de 1995 renunciou ao governo pastoral da sua dioce-se.

Homem de ciência, professor de física e matemática, o cardeal Schwery é recordado sobretudo co-mo pastor apaixonado na sua dio-cese de Sion, onde nasceu e foi sa-cerdote e bispo. Deu vida a uma série de iniciativas que ainda hoje continuam a marcar a vida eclesial. Em particular, fundou o serviço da

pastoral da família e da vida no fi-nal do «Triennat da família» em 1992. Ocupou-se também da conso-lidação das paróquias nas áreas pastorais, da introdução do diaco-nado permanente e da construção do «Foyer des Creusets» e do semi-nário diocesano de Givisiez. O di-namismo que marcou estas várias realizações atesta a relevância da sua visão e a paixão do seu com-promisso apostólico.

Nascido em 1932 em Saint-Léo-nard, pequeno centro agrícola no vale do Ródano, no Cantão do Va-lais, a pouca distância da cidade de Sion, era o último dos onze filhos de Camille-Louis Schwery e Mar-guerite Terroux. E foi precisamente na família que amadureceu a sua vocação sacerdotal. De 1939 a 1945 frequentou a escola primária em Saint-Léonard. Depois, como estu-dante no seminário menor diocesa-no, seguiu seis anos de estudos hu-manísticos e dois anos de filosofia no liceu de Sion.

Em 1953 obteve o diploma do

li-ceu clássico, incluindo o latim e o grego. Imediatamente depois, ini-ciou os estudos teológicos no semi-nário maior de Sion, continuando-os em Roma no seminário francês de Santa Clara e na Pontifícia Uni-versidade Gregoriana, onde discu-tiu uma tese sobre «Maternidade divina segundo os teólogos moder-nos».

Em 1957, tendo regressado à Suí-ça para completar a sua formação, foi ordenado sacerdote na igreja paroquial de Saint-Léonard. O bis-po de Sion, D. Nestor François Adam, enviou-o para Friburgo a fim de estudar ciências, recebendo a qualificação para ensinar na esco-la secundária de Sion, a mesma on-de fora estudante. No final dos cur-sos obteve o diploma universitário em Matemática e Física teórica.

Em 1961 iniciou o trabalho como professor em Sion e ao mesmo tem-po foi chamado a desempenhar vá-rias tarefas de natureza pastoral. Ensinou física, matemática, história da ciência e religião. Ao mesmo

tempo, por oito anos, a partir de 1958, foi assistente eclesiástico da juventude estudantil da Ação cató-lica diocesana. De 1958 a 1977, foi capelão militar.

Nomeado vigário do pároco de Leytron, na diocese de Sion, duran-te dois anos ensinou caduran-tecismo em escolas primárias, realizando tam-bém o serviço religioso dominical em Ovronnaz-Leytron por cinco anos. Também a partir de 1958 foi capelão da schola pueri cantores de Nossa Senhora de Sion e conselhei-ro eclesiástico do comité suíço dos

pueri cantores. Em simultâneo com o

ensino, desempenhou a função de capelão de dois grupos de Foyers

No-t re - D a m e em Sion. Pregou No-também

em comunidades paroquiais e em retiros espirituais para jovens e adultos.

De 1968 a 1972 foi diretor do se-minário menor de Sion e, de 1972 a 1977, reitor da liceu-colégio da mes-ma diocese, da qual em 1977 se

tor-CO N T I N UA NA PÁGINA 7

Relançar a evangelização formando sacerdotes santos, que colaborem ver-dadeiramente com os leigos, e jovens com uma consciência forte: foram os objetivos de vida do cardeal Scheid, até 2009 arcebispo do Rio de Janeiro, visados nos seus sessenta anos de sa-cerdócio (completados a 3 de julho passado) e quase quarenta de episco-pado. Fiel ao seu lema Deus é bom, ele testemunhou que precisamente «a bondade é um sinal eficaz e contracor-rente para ser testemunha de Cristo na sociedade de hoje». Uma simples ati-tude de fé que aprendeu em casa desde a infância.

Nasceu em 1932, filho de Alberto Reinaldo Scheid e Rosália Joana. Fre-quentou a escola primária e secundá-ria em Corupá e entrou no seminário Dehoniano onde cursou os estudos superiores. «Os dehonianos, disse Scheid ao comentar a sua espirituali-dade, dedicam-se ao ministério sacer-dotal, à formação do clero e a várias obras de apostolado social. Mas sem-pre, de fundo, há o espírito de repara-ção pelas ofensas da humanidade ao Coração de Jesus».

Emitiu a profissão religiosa a 2 de fevereiro de 1954. No mesmo ano, em Brusque, iniciou os estudos de filoso-fia, que concluiu em Roma, na Ponti-fícia Universidade Gregoriana e na

Propaganda Fide (1955-1957),

juntamen-te com os estudos de juntamen-teologia (1957-1964). Obteve a especialização em cristologia (com um estudo sobre Ubertino da Casale) e o doutoramen-to com uma tese sobre a «interiorida-de «interiorida-de Cristo».

Em 1960 foi ordenado sacerdote em Roma por D. Inácio João Dal Monte, bispo de Guaxupé. Tendo regressado ao Brasil, no biénio de 1964-1965 foi professor no seminário de Cristo Rei e no seminário regional do nordeste. De 1966 a 1981 foi professor de teologia dogmática e de liturgia no Instituto Teológico de Taubaté.

Entre outros, desempenhou os se-guintes cargos: diretor da Faculdade de Teologia e professor externo de cul-tura religiosa, convidado pela Pontifí-cia Universidade Católica de São Pau-lo (1966-1968); coordenador da cate-quese em Taubaté (1970-1974).

Em 1981, o Papa nomeou-o primei-ro bispo de São José dos Campos, dio-cese não muito distante de Aparecida. D. Scheid recebeu a ordenação episco-pal a 1 de maio de 1981 do arcebispo Carmine Rocco, núncio apostólico no Brasil. Durante o seu ministério em São José dos Campos fundou o Insti-tuto de Filosofia Santa Teresinha, construiu a residência teológica Padre Rodolfo, deu início à pastoral presbi-teral, instituiu a escola diaconal e eri-giu várias paróquias.

Promovido à sede arquiepiscopal de Florianópolis a 23 de janeiro de 1991, tomou posse da mesma a 16 de março seguinte. Nessa arquidiocese, com cerca de um milhão de católicos, instituiu o seminário de teologia Con-vívio de Emaús e o seminário de filo-sofia Edith Stein. Construiu a sede ad-ministrativa da cúria diocesana, provi-denciou à reestruturação do centro pastoral diocesano e à fundação de

vá-Pesar do Santo Padre

Ao tomar conhecimento da notícia da morte do cardeal Eusébio Oscar Scheid, Francisco enviou a Dom Orani João Tem-pesta, O. Cist., arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, o seguinte telegrama.

Recebi com profundo pesar a no-tícia do falecimento do cardeal Eusébio Oscar Scheid e desejo as-segurar-lhe neste momento de lu-to a minha solidariedade orante com todos os fiéis que nele encon-traram um zeloso pastor. Seu lema episcopal, “Deus é bom”, recorda-va-nos a bondade de Deus com a sua Igreja, sendo esta recordação verdadeiramente consoladora quando fazemos memória do que-rido Dom Eusébio que com tanto

denodo serviu o povo de Deus, tendo sido o primeiro bispo de São José dos Campos e pastorea-do com igual esmero a arquidioce-se de Florianópolis e a Sé Metro-politana de São Sebastião do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo que agradeço ao Altíssimo por ter da-do à Igreja da-do Brasil tão generoso pastor, elevo fervorosas preces pa-ra que o acolha na sua felicidade eterna e console pela esperança na ressurreição a todos quantos la-mentam a perda do seu amado pastor, enviando-lhes, como pe-nhor de reconfortantes favores ce-lestiais, a Bênção Apostólica

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L’OSSERVATORE ROMANO

número 3, terça-feira 19 de janeiro de 2021 página 7

I

NFORMAÇÕES

Nota da Congregação para o culto divino

e a disciplina dos sacramentos

Imposição das cinzas

em tempos de pandemia

Audiências

O Papa Francisco recebeu em audiências p a r t i c u l a re s :

No dia 8 de janeiro

D. José Ornelas Carvalho, Bispo da Diocese de Setúbal (Portugal), Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, com D. Virgílio do Nas-cimento Antunes, Bispo da Diocese de Coimbra, Vice-Presidente, e o R e v. do Pe. Manuel Joaquim Gomes

Barbosa, S.C.J., Secretário-Geral.

Suas Ex.cias o Senhor Nicola

Zin-garetti, Presidente da Região do

Lá-cio; e a Senhora Virginia Raggi, Pre-sidente da Câmara Municipal de Ro-ma.

No dia 9 de janeiro

O Senhor Cardeal Marc Ouellet, Prefeito da Congregação para os Bis-p os.

Sua Ex.cia o Senhor Guzmán

Mi-guel Carriquiry Lecour, Embaixador do Uruguai junto da Santa Sé, para a apresentação das Cartas Creden-ciais.

D. Stefano Russo, Bispo Emérito de Fabriano-Matelica (Itália), Secre-tário-Geral da Conferência Episcopal Italiana.

Sua Ex.cia o Senhor Miodrag

Vlahović, Embaixador de Montene-gro junto da Santa Sé.

No dia 11 de janeiro

Os Senhores Cardeais Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação pa-ra as Igrejas Orientais; e Angelo Co-mastri, Arcipreste da Basílica Papal de São Pedro no Vaticano e Vigário-Geral de Sua Santidade para a Cida-de do Vaticano; D. Gabriele Giorda-no Caccia, Arcebispo Titular de Se-pino, Observador Permanente na Organização das Nações Unidas em Nova Iorque (O.N.U.); e D. Fabio

Fa-bene, Bispo Titular de Mons Falis-cus, Subsecretário do Sínodo dos Bisp os.

Sua Ex.cia a Senhora Grace R.

Princesa, Embaixadora das Filipinas, em visita de despedida.

Disposições especiais

Sua Santidade mudou:

A 8 de janeiro

O nome da Circunscrição de Is-fahan dos Latinos, para Teerão-Is-fahan dos Latinos (Irão).

Renúncias

O Sumo Pontífice aceitou a renúncia:

No dia 9 de janeiro

De D. Michel Santier, ao governo pastoral da Diocese de Créteil (Fran-ça).

No dia 11 de janeiro

De D. Jean-Pierre Cattenoz, ao governo pastoral da Arquidiocese Metropolitana de Avignon (França).

Nomeações

O Santo Padre nomeou:

A 7 de janeiro

Núncio Apostólico no Kuwait e no Qatar, D. Eugene Martin Nugent, Arcebispo Titular de Domnach Se-chnaill, até agora Núncio Apostólico

no Haiti. A 8 de janeiro

Presidente da Comissão Discipli-nar da Cúria Romana, Sua Ex.cia o

Senhor Vincenzo Buonomo, Magní-fico Reitor da Pontifícia Universida-de Lateranense.

Membros da Comissão Discipli-nar da Cúria Romana, o Rev.mo

Mons. Alejandro W. Bunge, Presi-dente do Departamento do Trabalho da Sé Apostólica; e Sua Ex.cia o

nhor Maximino Caballero Ledo, Se-cretário-Geral da Secretaria para a Economia.

Primeiro Arcebispo de Teerão-Is-fahan dos Latinos (Irão), o Rev.doPe .

Dominique Mathieu, da Custódia Provincial do Oriente e da Terra Santa dos Frades Menores Conven-tuais, até hoje Definidor-Geral da mesma Ordem.

D. Dominique Mathieu nasceu no dia 13 de junho de 1963, em Arlon (Bélgica). Emi-tiu a profissão solene na Ordem dos Frades Menores Conventuais em 1987 e foi ordenado Sacerdote em 24 de setembro de 1989.

Bispo Coadjutor da Diocese de Almería (Espanha), D. Antonio Gó-mez Cantero, até agora Bispo da Diocese de Teruel y Albarracín, acei-tando o pedido feito neste sentido pelo Bispo da mesma Sede, D. Adol-fo González Montes.

A 9 de janeiro

Bispo da Diocese de Créteil (Fran-ça), D. Dominique Blanchet, até esta data Bispo de Belfort-Montbéliard.

Bispo Auxiliar da Arquidiocese Metropolitana de Cuzco, no Peru, o R e v. do Pe. Lizardo Estrada Herrera,

O.S.A., até à presente data Vigário

Episcopal para a Vida Consagrada na Arquidiocese Metropolitana de Trujillo e Presidente da Federação dos Agostinianos dos Vicariatos do Peru, simultaneamente eleito Bispo Titular de Ausuccura.

D. Lizardo Estrada Herrera, O.S.A.,

nas-ceu a 23 de setembro de 1973, na Província de Cotabambas, Arquidiocese Metropolitana de Cuzco (Peru). Emitiu a profissão solene na Ordem de Santo Agostinho em 27 de maio de 2001 e recebeu a Ordenação sacerdotal no dia 7 de agosto de 2005.

A 11 de janeiro

Bispo da Diocese de San Marcos (Guatemala), D. Bernabé de Jesús Sagastume Lemus, O.F.M.Cap., até à

presente data Bispo de Santa Rosa de Lima.

A 12 de janeiro

Bispo da Diocese de Jequié (Bra-sil), D. Paulo Romeu Dantas Bastos, até agora Bispo de Alagoinhas.

Bispo da Diocese de Lorena (Bra-sil), D. Joaquim Wladimir Lopes Dias, até esta data Bispo de Colatina.

Prelados falecidos

Adormeceram no Senhor:

No dia 8 de janeiro

D. Cástor Oswaldo Azuaje Pérez, Bispo da Diocese de Trujillo (Vene-zuela), de Covid-19.

O ilustre Prelado nasceu em Maracaibo, na Venezuela, a 19 de outubro de 1951. Foi ordenado Presbítero da Ordem dos Carmeli-tas Descalços em 25 de dezembro de 1975 e recebeu a Ordenação episcopal no dia 31 de agosto de 2007.

No dia 10 de janeiro

D. Adam Dyczkowski, Bispo Emérito de Zielona Góra-Górzow, na Polónia.

O venerando Prelado nasceu em Kęty, Diocese de Bielsko-Żywiec (Polónia), a 17 de novembro de 1932. Recebeu a Ordenação sa-cerdotal em 24 de junho de 1957 e foi orde-nado Bispo no dia 25 de novembro de 1978.

No dia 11 de janeiro

D. Luis Adriano Piedrahita San-doval, Bispo da Diocese de Santa Marta (Colômbia), de Covid-19.

O saudoso Prelado nasceu no dia 7 de ou-tubro de 1946, em Palmira, na Colômbia. Foi ordenado Sacerdote a 29 de outubro de 1972 e recebeu a Ordenação episcopal em 8 de setembro de 1999.

No dia 12 de janeiro

D. Florentin Crihălmeanu, Bispo da Diocese de Cluj-Gherla (Romé-nia), de Covid-19.

O ilustre Prelado nasceu no dia 17 de se-tembro de 1959, em Iaşi, na Roménia. Rece-beu a Ordenação sacerdotal a 9 de setembro de 1990 e foi ordenado Bispo por São João Paulo IIem 6 de janeiro de 1997.

Início de missão

de Núncio Apostólico

De D. Giovanni d’Aniello, na Fe-deração Russa (24 de novembro de 2020).

Publicamos a seguir o texto da Nota da Congregação para o culto divino e a disciplina dos sacramentos sobre a cele-bração da quarta-feira de Cinzas em tempos de pandemia.

Feita a oração de bênção das cinzas e depois de as ter asper-gido com água benta sem dizer nada, o sacerdote, voltado para os presentes, profere uma só vez para todos a fórmula que se en-contra no Missal Romano: “Convertei-vos e acreditai no Evangelho”, ou “Lembra-te que és pó da terra e à terra volta-rás”.

Depois, o sacerdote lava as

mãos, coloca a máscara prote-gendo o nariz e a boca, e impõe as cinzas a todos os presentes que se aproximam dele, ou, se for mais conveniente, aproxima-se ele do lugar daqueles que es-tão de pé. O sacerdote pega nas cinzas e deixa-as cair sobre a ca-beça de cada um, sem dizer na-da.

Da Congregação para o Cul-to Divino e a Disciplina dos Sa-cramentos, 12 de janeiro de 2021.

Robert Card. Sarah

P re f e i t o

Arthur Roche

Arcebispo Secretário

Faleceu o cardeal suíço Henri Schwery

Pe s a r

do Santo Padre

Publicamos a seguir o telegrama de condolên-cias enviado pelo Papa Francisco ao atual bis-po de Sion, D. Jean-Marie Lovey.

Tendo recebido com tristeza a notícia do falecimento do Cardeal Henri Schwery, Bispo Emérito de Sion, apre-sento-lhe as minhas sentidas condolên-cias, assim como à sua família, ao Bis-po Emérito D. Norbert Brunner e aos fiéis da diocese de Sion. Peço ao Pai de toda a misericórdia que receba na sua paz e luz este homem de ciência, este Pastor profundamente devotado ao governo da sua diocese. Atento às ne-cessidades pastorais dos fiéis, dedicou-se às vocações sacerdotais e à formação dos presbíteros. Participou também na busca da unidade da Igreja em várias ocasiões. Como penhor de consolação, concedo-lhe a Bênção apostólica, que estendo ao Bispo Emérito D. Norbert Brunner, aos sacerdotes, às pessoas consagradas, à família do falecido Pur-purado e seus entes queridos, aos dio-cesanos de Sion e a quantos participa-rem na celebração das exéquias.

FRANCISCO

nou bispo por vontade de Paulo VI, tendo sido ordenado

pelo seu predecessor, D. Adam. «Spiritus Domini Gaudium et Spes» foi o seu lema episcopal. Após a orde-nação episcopal, 1978 a 1983 foi membro da Congregação para a educação católica. De-pois, participou em reuniões de bispos sobre as questões das vocações e da evangeliza-ção da Europa, e na segunda assembleia geral extraordiná-ria do Sínodo dos bispos, convocada em 1985, vinte anos após a conclusão do Concílio Vaticano II. Foi cónego de

honra da abadia territorial de Saint-Maurice d’Agaunne.

Durante vários períodos exerceu cargos de responsabi-lidade na Conferência episco-pal suíça, nas comissões para escolas, seminários e faculda-des universitárias, capelanias militares, pastoral da saúde, relações com as dioceses fora da Suíça e com as

Conferên-cias episcopais europeias. Foi presidente da Confe-rência episcopal suíça em dois períodos sucessivos, de 1983 a 1988. Durante os anos da sua presidência, foi um dos orga-nizadores da viagem apostóli-ca de João Paulo II à Suíça,

de 12 a 17 de junho de 1984, durante a qual o Papa Woj-tyła visitou também a diocese de Sion. Foi criado cardeal pelo mesmo Pontífice em 1991. Naquele ano, participou na primeira assembleia espe-cial do Sínodo dos bispos pa-ra a Europa sobre o tema: «Somos testemunhas de Cris-to que nos liberCris-tou». E em 2 de dezembro de 1993 foi no-meado membro do Conselho de cardeais para o estudo dos problemas organizacionais e económicos da Santa Sé.

Na Cúria romana, foi membro da Congregação pa-ra as causas dos santos, papa-ra o culto divino e a disciplina dos sacramentos, e para o cle-ro, bem como do pontifício Conselho para as

comunica-ções sociais.

Em 1995 renunciou ao go-verno pastoral de Sion, conti-nuando a trabalhar nas paró-quias. Os seus dezoito anos de serviço foram marcados em particular pela tentativa de restabelecer a unidade com o seminário de Ecône administrado pela fraternida-de sacerdotal São Pio X f u

n-dada por D. Marcel Lefebvre — situado no território da sua dio cese.

E em 1995 foi enviado es-pecial do Papa à França para as celebrações do IX

centená-rio da catedral de Valence e do 750º aniversário do Concí-lio de Lião. Em 1996 recebeu a mesma missão para o 150º aniversário das aparições de Notre Dame de la Salette, também na França.

Grão-prior do lugar-tenen-te suíço e cavaleiro de grã-cruz da Ordem equestre do Santo sepulcro de Jerusalém, o cardeal Schwery participou no conclave que a 18 de abril de 2005 elegeu Bento XVI.

Referências

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