DICA PEDAGÓGICA EDUCAÇÃO INFANTIL
1. TÍTULO DO PROGRAMA As histórias do Senhor Urso.
2. EPISÓDIO TRABALHADO "Aniversário com a turma".
3. SINOPSE DO EPISÓDIO ESPECÍFICO
No aniversário do Ursinho, os brinquedos lhe oferecem um presente diferente, com bastões, tirantes etc.: Uma barraca! O Coelho e o Ursinho decidem passar a noite acampados no jardim. Depois de prepararem suas mochilas, o Senhor Urso os ajuda a erguer a barraca. Começa então a aventura de passarem a noite sozinhos e acampados.
4. PALAVRAS-CHAVE
Brinquedos, cabana, acampamento, amizade, aniversário, entreajuda, aventura.
5. ASPECTOS RELEVANTES DO VÍDEO
No episódio "Aniversário com a turma", um dos aspectos que ganha relevo – e que perpassa toda a série das Histórias do Senhor Urso, é a partilha e a entreajuda, assim como as relações de amizade que se evidenciam nesse episódio, a partir do elemento-chave que é a cabana, presente de aniversário do Ursinho.
6. TÍTULO DO PROJETO/ ATIVIDADE
A cabana do Ursinho: um novo contexto de brincadeira em sala.
7. EM QUAL FASE OU IDADE SERIA MELHOR APLICAR ESSE TRABALHO?
Esse trabalho pode ser realizado com crianças de 3 (três) a 6 (seis) anos, dependendo das características do grupo. O importante é que a professora perceba a proposta como adequada para seu grupo, a partir de suas observações sobre o mesmo, bem como do interesse das crianças, podendo sentir a necessidade de realizar algumas adaptações da atividade, de acordo com seu olhar e conhecimento sobre o grupo.
8. PRINCIPAIS CONCEITOS QUE SERÃO TRABALHADOS
O conceito principal a ser trabalhado é o brincar, que, de acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, trata-se de um objetivo que perpassa o trabalho em todo esse nível da Educação Básica. Como suporte, está a concepção da organização dos espaços na Educação Infantil como “contextos de brincar” (muitas vezes referenciados como “cantos” ou “cantinhos”) e como portadores das expressões gráficas das crianças.
9. O QUE O ALUNO PODERÁ APRENDER OU DESENVOLVER COM ESTA ATIVIDADE
As crianças poderão ampliar seu repertório vivencial de brincadeiras de papéis sociais, assim como ampliar seu sentimento de pertença em relação ao espaço da instituição de Educação Infantil.
10. MATERIAL NECESSÁRIO PARA REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE
Suporte para a exibição do episódio "Aniversário com a turma", da série As histórias do Senhor Urso (televisão, DVD e cópia do episódio; ou computador com acesso à internet; ou outro, de acordo com o que a instituição dispõe), três metros de tecido de algodão cru de pequena gramatura – “mais fininho”, ou outro tecido liso (pode-se pensar inclusive no uso de lençóis usados, por exemplo). A largura do tecido deve ser pensada levando em conta o tamanho da sala e a segurança da estrutura para as crianças. Um pedaço de cano de PVC fino, com comprimento igual ou levemente superior à metade da largura do tecido. Corda fina e um meio de fixar firmemente essa corda no teto, de acordo com o material deste (mas atenção: certifique-se se as condições estruturais da instituição comportam esse projeto, evitando acidentes. Caso contrário, existem outras formas de montar a barraca na sala, como, por exemplo, amarrando o tecido a móveis, zelando pela segurança das crianças.). Tinta ou caneta para tecido de diversas cores, pincéis, jornal para forrar o chão. Para enriquecer o contexto, pode-se pensar em sacos de dormir (que podem ser feitos, como no episódio, usando edredons usados costurados ou trazidos pelas crianças), lanterna, fantasias, pijama.
11. DURAÇÃO DA ATIVIDADE
A atividade tem três momentos fundamentais: o primeiro a ser realizado com as crianças – assistir ao episódio e pintar o pano que será a barraca; o segundo a ser realizado pelos adultos, na ausência das crianças – montar a barraca na sala; o terceiro, vivenciado pelas crianças, num tempo a ser definido de acordo com o interesse demonstrado por elas – trata-se da fruição da barraca como contexto de
brincar, na sala, sendo um elemento que comporá o arranjo espacial da sala por um determinado momento. Há que se considerar que o tempo de permanência na sala da barraca montada depende de inúmeros fatores, cabendo aqui estimar a seguir a duração apenas do primeiro e do segundo momento:
- assistir ao episódio "Aniversário com a turma", da série As histórias do Senhor Urso – 10 minutos (considerar também o tempo necessário para deslocamento e/ou montagem da aparelhagem);
- pintar o tecido para montar a barraca – 40 minutos.
Vale destacar que os tempos são estimativos, baseados na faixa etária. A pintura poderá demandar mais ou menos tempo, de acordo com a dinâmica do grupo. É importante garantir o respeito, na medida do possível, ao tempo que as crianças demonstrarem ser necessário para entrar em contato com a tinta, perceber as diferenças e as formas de se pintar sobre o tecido etc.
12. DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE
Em um primeiro momento, as crianças serão convidadas pela professora a assistir um filme sobre o aniversário do Ursinho. Poderá despertar o interesse das crianças a partir de uma pergunta problematizadora, por exemplo, contando-lhes que o Ursinho ganhou um presente, e questionando-as sobre o que pode ter sido esse presente; a resposta será dada pelo vídeo.
Depois de assistir ao episódio, pode-se conversar com as crianças sobre o presente que o Ursinho ganhou, como foi o acampamento etc. Convidá-las, então, para montarem uma barraca diferente, na qual poderão brincar de acampamento na sala. Nesse momento, o espaço escolhido pela professora para a pintura já deve
estar preparado: pode-se optar pelo chão ou por mesas, mas há que se levar em conta o tamanho do tecido e a necessidade de forrar a superfície, evitando manchar piso e objetos com tinta para tecido (ou caneta). É interessante pensar também em formas de proteger as roupas das crianças (camisetas de adulto ou aventais), uma vez que a tinta para tecido é indelével.
A tinta poderá ser disponibilizada em pequenos potes (de sucata), dissolvidas em um pouco de água, para aumentar o rendimento e a facilidade em pintar. Ou, no caso de canetas para tecido, oferecer as canetas com cores variadas.
A proposta não é a de que as crianças pintem um modelo pré-definido pelo adulto, mas que se expressem livremente, deixando sua marca no tecido, de forma a estabelecer uma relação de pertencimento, de autoria, com o produto final.
Depois do tecido pronto e da tinta seca, a professora, contando com a parceria de outros adultos e na ausência das crianças, poderá montar a barraca na sala, fixando no teto a corda, pela qual haverá passado o cano de PVC. A seguir, acomodará o tecido no cano de PVC. Poderá ser necessário fazer ajuste em relação ao comprimento da corda/altura do tecido (para que não fique nem muito tecido sobrando no chão, nem muito longe do chão). Reafirmamos que é responsabilidade da professora, junto a outros profissionais da instituição, avaliar a factibilidade desse projeto em relação às condições estruturais da instituição, fazendo ajustes caso necessário, zelando pela segurança das crianças.
Uma vez que a cabana esteja pronta, poderá se pensar em incrementar a brincadeira com lanternas, pequenos sacos de dormir (feitos de edredons usados, como o Coelho faz no episódio, ou trazidos
pelas crianças), mochilas e pijamas, por exemplo. Vale destacar a capacidade de recriação e fantasia das crianças para se relacionar com esses objetos.
A partir desse momento, a cabana será mais uma opção de cenário propositor de enredos, mais uma opção para os momentos de brincadeira livre, assim como uma opção para momentos de quietude e descanso.
13. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
A avaliação da atividade deverá passar, sobretudo, pela análise da relação estabelecida entre as crianças com a cabana e entre si com a mediação da cabana, através de observação e registro, desde o seu processo de produção até o uso feito do produto final: as crianças se envolveram no processo? Como foi a reação ao ver a cabana pronta, na sala? Esse contexto de brincar proporcionou às crianças criações e recriações? Como esse espaço foi ocupado por elas? Com que brincadeiras ocuparam aquele espaço?
14. DISCUSSÕES TEÓRICAS
A organização do espaço é um componente fundamental do planejamento na Educação Infantil, que não só reflete a concepção que temos de infância e de educação, como também altera as relações das crianças entre si e conosco. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (v. I p. 67), “a estruturação do espaço, a forma como os materiais estão organizados, a qualidade e adequação dos mesmos são elementos essenciais de um projeto educativo. Espaço físico, materiais, brinquedos, instrumentos sonoros e mobiliários não
devem ser vistos como elementos passivos, mas como componentes ativos do processo educacional”.
Na organização chamada arranjo espacial aberto (espaços com poucos móveis e objetos, sem pequenas áreas delimitadas na sala), observa-se que as crianças solicitam mais a atenção do professor, o que dificulta contatos mais prolongados e individuais com as crianças.(CARVALHO & MENEGHINI, 2002, p.150).
Nesse sentido, propomos a ideia de um canto, que preferimos nomear como contexto de brincar; espaço circunscrito na sala delimitado física ou simbolicamente pelos seus objetos, por concordar com Ferreira quando afirma que “cada novo canto [nesse caso, “contexto de brincar”], com novos temas e personagens, é um estímulo para a capacidade de criação das crianças e dos educadores. O canto dá oportunidade para interagirmos com as crianças. Dá oportunidade também para que haja interação entre elas.” (2002, p.160).
A cabana pode ser, além de um espaço de brincadeiras, um espaço de quietude e de descanso em horários diversos. Vale destacar que, entre os direitos fundamentais da criança elencados no documento Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças estão o direito à atenção individual e a momentos de privacidade e quietude (CAMPOS e ROSEMBERG, 2009, p.15).
Assim, os espaços devem ser pensados para permitir momentos individuais, em pequenos e grandes grupos, com e sem adultos; atividades de concentração, de folia, de fantasia, atividades para movimentos de todo tipo, propiciando a emersão de todas as dimensões humanas. (FARIA, 1999).
Ao promover essa atividade, em que as crianças pintam o tecido que será utilizado para a confecção da barraca, a instituição de educação infantil promove a relação afetiva das crianças com esse lugar, além de promover ainda o sentido de pertencimento, em um trabalho que permite às crianças deixarem suas marcas.
15. SUGESTÕES DE LEITURAS
ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde et al. Os fazeres da Educação Infantil. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2002.
16. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação fundamental. Coordenação Geral de Educação Infantil. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, volumes 1, 2 e 3. Brasília, 1998. Disponível em:http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12 579:educacao-infantil&catid=195:seb-educacao-basica.
CARVALHO, Mara Campos. Um ambiente para explorar. In: ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde et al.(org.). Os fazeres na Educação Infantil. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2002. P. 153 – 154.
_____. O porquê da preocupação com o ambiente físico. In: ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde et al.(org.). Os fazeres na Educação Infantil. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2002. P. 155 – 157.
CAMPOS, Maria Malta; ROSEMBERG, Fulvia. Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças. 6ª ed. Brasília:
MEC, SEB, 2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/direitosfundamentais.pdf
FARIA, A. L. G. Educação Infantil pós LDB: rumos e desafios. Campinas: Editora Autores Associados, 1999.
17. CONSULTOR Flora Bazzo Schmidt
