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I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;

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Obs: maiores detalhes sobre os aspectos que cercam a possibilidade de alteração de alíquotas do IPI por ato do Executivo - consultar o que foi dito e escrito acerca do Imposto de Importação. Este está presente na mesma previsão constitucional.

CF, art. 153, §3º - O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;

Esse dispositivo impõe que as alíquotas devem sempre variar na razão inversa do grau de

essencialidade do produto. Essa é a chamada seletividade em função da essencialidade. É uma obrigação

no caso do IPI.

Essa obrigatória técnica de tributação permite que o IPI, que é um imposto indireto, onere em menor escala os consumidores de produtos necessários à subsistência, como remédios, compensando-se a arrecadação mediante tributação gravosa suportada pelos adquirentes de gêneros supérfluos, como perfumes. Essa é a seletividade em função da essencialidade. Quanto mais essencial, menor a alíquota.

Quando menos essencial o produto, maior a alíquota.

A seletividade em função da essencialidade tem estreita relação com o princípio da capacidade contributiva. O IPI é um imposto indireto, porquanto o respectivo ônus econômico acaba sendo

suportado pelo consumidor ou adquirente dos produtos relacionados às operações tributárias. Assim, a seletividade de alíquotas, resultante da variação das mesmas na razão inversa da essencialidade dos aludidos objetos, faz com que a imensa gama de adquirentes e consumidores de bens essenciais, como remédios e itens integrantes da cesta básica do brasileiro, suporte um peso tributário menor sobre o respectivo preço. Em contrapartida, as operações de industrialização e comercialização de gêneros supérfluos, a exemplo de perfumes e cosméticos, acabam merecendo alíquotas elevadas, com base na presunção de que quem os adquire ostenta potencial econômico elevado. Isso quer dizer que, em última análise, na graduação dos impostos indiretos não deve ser descurada a capacidade contributiva dos destinatários finais do encargo econômico da tributação, que são os consumidores. Isso é um importante subsídio para que se disserte sobre a relação entre a seletividade em função da essencialidade e o princípio da capacidade contributiva.

Na jurisprudência, quando essa questão é levada, fiel ao princípio da separação de poderes e, portanto, negando a possibilidade de o Judiciário legislar positivamente, o Supremo Tribunal Federal não

acolheu a tentativa de realizar redistribuição de alíquotas e incentivos por decisão judicial.

STF, AI 630997 AgR – 2ª Turma – Min. Eros Grau – Julgamento em 24.04.2007.

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECRETO N. 420/92. LEI N. 8.393/91. IPI. ALÍQUOTA REGIONALIZADA INCIDENTE SOBRE O ACÚCAR. ALEGADA OFENSA AO DISPOSTO NOS ARTS. 150, I, II e §3º, e 151, I, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. CONSTITUCIONALIDADE.

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1. O decreto n. 420/92 estabeleceu alíquotas diferenciadas --- incentivo fiscal --- visando dar concreção ao preceito veiculado pelo artigo 3º da Constituição, ao objetivo da redução das desigualdades regionais e de desenvolvimento nacional. Autoriza-o o art. 151, I da Constituição.

2. A alíquota de 18% para o açúcar de cana não afronta o princípio da essencialidade. Precedente. 3. A concessão do benefício da isenção fiscal é ato discricionário, fundado em juízo de conveniência e oportunidade do Poder Público, cujo controle é vedado ao Judiciário. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.

Esse julgado é ilustrativo da jurisprudência do Supremo sobre a matéria. Não se admite que se leve ao Judiciário a discussão sobre a comparação de produtos à luz da essencialidade de cada um para que o Judiciário refaça o quadro de alíquotas. Entende o Supremo Tribunal Federal que esse é um papel vedado ao Poder Judiciário porque representaria uma atividade de legislador positivo, o que não pode ser realizado. A seletividade em função da essencialidade, imposta pela Constituição, não impede que o legislador adote outros critérios, desde que não viole o critério constitucional. Assim, são válidas as alíquotas que, dentre os produtos supérfluos, incidem asperamente sobre os nocivos à saúde ou ao meio ambiente, com o que ganha o IPI verdadeira faceta extrafiscal, representando uma tributação desestimuladora, proibitiva. É o caso de alíquotas muitas vezes superiores a 300%, que incidem, por exemplo, sobre cigarros e, na composição do preço desses bens representam a maior parte.

- Não cumulatividade

CF, art. 153, §3º - O imposto previsto no inciso IV:

II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;

Trata-se a não cumulatividade de técnica de tributação que evita que o IPI, que é um imposto plurifásico, em regra, onere a produção em cascata. Casos há em que certa empresa fabrica o insumo que é vendido para outra empresa que fabrica o produto intermediário, que é vendido para outra, que enfim fabrica o produto a ser vendido ao consumidor. Se incidisse o imposto sem obediência à técnica apontada, acabaria sobreonerando-se o preço do produto final, em prejuízo ao consumidor, que teria de suportar o inchado encargo econômico da tributação cumulativa. Daí a Constituição dizer que em cada operação calcula-se o montante do IPI abatendo-se aquilo que foi recolhido nas operações anteriores.

A não cumulatividade do imposto se manifesta através de contabilização fiscal. As entradas de matérias-primas, produtos intermediários, insumos e embalagens ensejam crédito na escrituração fiscal do contribuinte, ao passo que as saídas dos produtos tributados ensejam débito. Apura-se o resultado do período e recolhe-se o tributo se houver débito resultante ou transfere-se para o período seguinte o crédito, se o resultado for positivo.

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CTN, art. 49. A não cumulatividade é por período, e não por produto. Assim, pouco importa que os insumos que tenham ingressado no estabelecimento em determinado período não tenham saído no mesmo período sob a forma de produto final. Em cada período de apuração as entradas relevantes geram crédito, e as saídas, débito.

O creditamento independe de prova ou aferição do efetivo recolhimento do tributo na operação anterior. O importante é que o IPI tenha sido destacado na nota. Não há como ter certeza se o imposto foi efetivamente recolhido pelo contribuinte da operação anterior. O importante é o destaque do IPI na nota para fins de gerar crédito para aquele que ingressa com os insumos no seu estabelecimento.

A norma da Lei nº 9317/96, que vedava a apropriação de créditos por empresas optantes do SIMPLES, teve a sua validade proclamada pelo Superior Tribunal de Justiça.

STJ, REsp 867575/SE – 1ª Turma – Min. Teori Albino Zavascki – Julgamento em 02.08.2007.

TRIBUTÁRIO. IPI. UTILIZAÇÃO DE INSUMOS ISENTOS OU TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO. EMPRESA OPTANTE PELO SIMPLES. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. INCIDÊNCIA DO DECRETO-LEI N. 20.910/32.

1. Não viola o artigo 535 do CPC, nem importa em negativa de prestação jurisdicional o acórdão que adota fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia posta.

2. Está firmado na 1ª Seção o entendimento de que as empresas optantes pelo SIMPLES não fazem jus ao creditamento do IPI, porquanto já usufruem de outros benefícios tributários, sendo compatível a vedação do art. 5º da Lei 9.317/96, mesmo diante da regulamentação do benefício fiscal de creditamento do IPI previsto no art. 11 da Lei 9.779/99. Precedentes.

3. A orientação predominante fixa em cinco anos o prazo prescricional para o aproveitamento dos créditos escriturais. Precedentes: REsp 674542/MG, 1ª Turma, Min. Denise Arruda, DJ de 27/03/2007; REsp 677445/RS, 1ª Turma, Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 06/02/2007; AgRg no REsp 757181/PR, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ de 05/10/2006; REsp 833264/MG, 2ª Turma, Min Castro Meira, DJ de 15/08/2006.

4. Recurso especial da impetrante desprovido e recurso especial da Fazenda Nacional provido.

Atualmente está em vigor a Lei Complementar nº 123/2006 – Lei do Simples Nacional, que estabelece:

LC nº 123/2006 - Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis nº 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, da Lei nº 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar nº 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999.

Art. 23 - As microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional não farão jus à apropriação nem transferirão créditos relativos a impostos ou contribuições abrangidos pelo Simples Nacional.

§1º As pessoas jurídicas e aquelas a elas equiparadas pela legislação tributária não optantes pelo Simples Nacional terão direito a crédito correspondente ao ICMS incidente sobre as suas aquisições de mercadorias de microempresa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional, desde que destinadas à

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comercialização ou industrialização e observado, como limite, o ICMS efetivamente devido pelas optantes pelo Simples Nacional em relação a essas aquisições.

§2º A alíquota aplicável ao cálculo do crédito de que trata o §1º deste artigo deverá ser informada no documento fiscal e corresponderá ao percentual de ICMS previsto nos Anexos I ou II desta Lei Complementarpara a faixa de receita bruta a que a microempresa ou a empresa de pequeno porte estiver sujeita no mês anterior ao da operação.

§3º Na hipótese de a operação ocorrer no mês de início de atividades da microempresa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional, a alíquota aplicável ao cálculo do crédito de que trata o §1º deste artigo corresponderá ao percentual de ICMS referente à menor alíquota prevista nos Anexos I ou II desta Lei Complementar.

§4º Não se aplica o disposto nos §§1º a 3º deste artigo quando:

I - a microempresa ou empresa de pequeno porte estiver sujeita à tributação do ICMS no Simples Nacional por valores fixos mensais;

II - a microempresa ou a empresa de pequeno porte não informar a alíquota de que trata o §2º deste artigo no documento fiscal;

III - houver isenção estabelecida pelo Estado ou Distrito Federal que abranja a faixa de receita bruta a que a microempresa ou a empresa de pequeno porte estiver sujeita no mês da operação.

IV - o remetente da operação ou prestação considerar, por opção, que a alíquota determinada na forma do caput e dos §§1º e 2º do art. 18 desta Lei Complementar deverá incidir sobre a receita recebida no mês.

§5º Mediante deliberação exclusiva e unilateral dos Estados e do Distrito Federal, poderá ser concedido às pessoas jurídicas e àquelas a elas equiparadas pela legislação tributária não optantes pelo Simples Nacional crédito correspondente ao ICMS incidente sobre os insumos utilizados nas mercadorias adquiridas de indústria optante pelo Simples Nacional, sendo vedado o estabelecimento de diferenciação no valor do crédito em razão da procedência dessas mercadorias.

§6º O Comitê Gestor do Simples Nacional disciplinará o disposto neste artigo.

A empresa do SIMPLES não se apropria de crédito e também não transfere créditos atinentes ao IPI.

Geram crédito matérias-primas, produtos intermediários e demais insumos que integrem o novo produto ou que sejam consumidos imediata e integralmente no processo de industrialização, além das embalagens. Deve-se gravar isso. Só gera crédito na escrita fiscal, para efeito de não cumulatividade do

IPI, os produtos intermediários e demais insumos que integrem o novo produto ou que sejam consumidos imediata e integralmente no processo de industrialização, além das embalagens.

Não gera crédito, portanto, o IPI incidente na aquisição por indústria de produtos como fitas, roldanas, correias e óleos lubrificantes, entre outros. Esses itens não integram o novo produto, nem são consumidos imediata e integralmente. Eles podem sofrer desgaste, ser consumidos aos poucos, parcialmente, mas não integralmente no processo de industrialização. A entrada deles no estabelecimento industrial não gera crédito de IPI.

Do mesmo modo, não gera crédito bens que entram para integrar o ativo fixo da empresa, como a energia elétrica e o carvão usados na indústria. Esses itens não dão direito ao creditamento. Há julgados nesse sentido.

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STJ, S. 495 - A aquisição de bens integrantes do ativo permanente da empresa não gera direito a creditamento de IPI.

Esses bens não integram o produto industrializado nem são consumidos integralmente no processo produtivo, salvo no caso de embalagens.

STF, RE 350446/PR – Tribunal Pleno – Min. Nelson Jobim – Julgamento em 18.12.2002.

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. INSUMOS ISENTOS, SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO. Se o contribuinte do IPI pode creditar o valor dos insumos adquiridos sob o regime de isenção, inexiste razão para deixar de reconhecer-lhe o mesmo direito na aquisição de insumos favorecidos pela alíquota zero, pois nada extrema, na prática, as referidas figuras desonerativas, notadamente quando se trata de aplicar o princípio da não-cumulatividade. A isenção e a alíquota zero em um dos elos da cadeia produtiva desapareceriam quando da operação subsequente, se não admitido o crédito. Recurso não conhecido.

Quanto aos bens que ingressam sem serem tributados ou com alíquota zero, a jurisprudência do Supremo admitia o lançamento de um crédito presumido, já que entraram sem tributação. Em princípio, não há o que abater na operação seguinte. A jurisprudência criava a possibilidade de crédito presumido na escrita fiscal, já que havia uma vedação constitucional expressa mas que alcançava apenas o ICMS. O Supremo, no 1º momento, entendeu que se a Constituição veda o crédito presumido apenas em relação ao ICMS, e também impôs a não cumulatividade para o IPI sem vedação do crédito presumido para este, então é possível o crédito presumido no caso do IPI.

Ocorre que esse entendimento foi alterado em favor do Fisco.

STF, RE 370682/SC – Tribunal Pleno – Min. Gilmar Mendes – Julgamento em 25.06.2007.

EMENTA: Recurso extraordinário. Tributário.

2. IPI. Crédito Presumido. Insumos sujeitos à alíquota zero ou não tributados. Inexistência.

3. Os princípios da não-cumulatividade e da seletividade não ensejam direito de crédito presumido de IPI para o contribuinte adquirente de insumos não tributados ou sujeitos à alíquota zero.

4. Recurso extraordinário provido.

STF, RE 566819/RS – Tribunal Pleno – Min. Marco Aurélio – Julgamento em 29.09.2010.

IPI – CRÉDITO. A regra constitucional direciona ao crédito do valor cobrado na operação anterior. IPI – CRÉDITO – INSUMO ISENTO. Em decorrência do sistema tributário constitucional, o instituto da isenção não gera, por si só, direito a crédito. IPI – CRÉDITO – DIFERENÇA – INSUMO – ALÍQUOTA. A prática de alíquota menor – para alguns, passível de ser rotulada como isenção parcial – não gera o direito a diferença de crédito, considerada a do produto final.

Se o industrial adquire insumo para integrar o produto industrializado mas ele entra sem tributação, não há crédito para a escrita fiscal desse contribuinte.

Veja-se a hipótese inversa: a legislação pretérita determinava o estorno do crédito do IPI relativo a entradas de insumos utilizados na fabricação de produtos não onerados na saída em função de

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alíquota zero ou isenção. Vários contribuintes questionavam em juízo essa determinação de estorno, que só é exigido constitucionalmente em relação ao ICMS. Essa é a hipótese inversa. O insumo entra com tributação e gera um crédito, só que o produto industrializado com ele na saída não é tributado. A Constituição, em relação ao ICMS, determina o estorno desse crédito. Se ele entrou para integrar um produto que na saída não é tributado, o crédito gerado na entrada teria de ser estornado, apagado, e o Fisco determinava, em relação ao IPI, também esse estorno, ainda que sem previsão constitucional.

Com a edição da Lei nº 9779/1999, art. 11, passou-se a permitir o aproveitamento de créditos,

mesmo no caso de saída de produto isento ou beneficiado por alíquota zero.

Lei nº 9779/99 - Altera a legislação do Imposto sobre a Renda, relativamente à tributação dos Fundos de Investimento Imobiliário e dos rendimentos auferidos em aplicação ou operação financeira de renda fixa ou variável, ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES, à incidência sobre rendimentos de beneficiários no exterior, bem assim a legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, relativamente ao aproveitamento de créditos e à equiparação de atacadista a estabelecimento industrial, do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou Relativas a Títulos e Valores Mobiliários - IOF, relativamente às operações de mútuo, e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, relativamente às despesas financeiras, e dá outras providências.

Art. 11 - O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, acumulado em cada trimestre-calendário, decorrente de aquisição de matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda.

Afastou-se a necessidade do estorno. Dita lei garantiu que todos os créditos escriturais que não puderem ser aproveitados em cada trimestre para a compensação com o IPI devido na saída, passam a poder ser compensados com débitos de tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Uma empresa que vende produtos isentos ou com alíquota zero, que industrializa produtos e os vende sem tributação, fica sem ter como aproveitar o crédito na entrada do insumo, eis que não tem débito de IPI, já que na saída não há tributação. Nesse caso a lei permite que ela use esses créditos escriturais para a compensação com

débitos de tributos administrados pela Receita Federal do Brasil – Imposto de Renda, Cofins, PIS etc.

Obs: alguns sustentavam a aplicação retroativa da lei, mas o Supremo vedou. O não estorno de créditos gerados por incidência de IPI na entrada de insumos no caso em que a saída se dá com isenção, alíquota zero e imunidade, só se aplica a partir do advento do art. 11 da Lei nº 9779/99.

A jurisprudência diz que em condições normais não é possível correção monetária de créditos escriturais, ao menos sem lei que o estabeleça. Os créditos lançados na escrita fiscal não podem ser objeto

de correção monetária. O crédito é número, e não valor. O STJ só admite a correção quando o aproveitamento desses créditos sofre demora em razão de indevido obstáculo fiscal. Há julgado nesse

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STJ, S. 411 - É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco.

O Supremo tem entendimento na mesma linha.

STF, RE 649200 AgR/SC – 1ª Turma – Min. Rosa Weber – Julgamento em 05.08.2014.

EMENTA DIREITO TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS DE IPI. APROVEITAMENTO EXTEMPORÂNEO. ÓBICE CRIADO PELA FAZENDA PÚBLICA. INCIDÊNCIA DE CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSENTE O ÓBICE, INDEVIDA A CORREÇÃO. PRECEDENTES. ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO EM 10.8.2010.

É devida a correção monetária dos créditos escriturais do IPI apenas quando seu aproveitamento se dá tardiamente em razão de óbice indevidamente criado pelo Fisco. Inexistente a oposição da Fazenda Pública, indevida a correção. Precedentes. As razões do agravo regimental não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada, a inviabilizar o trânsito do recurso extraordinário. Agravo regimental conhecido e não provido.

STJ, REsp 1331033/SC – 2ª Turma – Min. Mauro Campbell Marques – Julgamento em 02.04.2013.

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 1º DA LEI N. 9.363/96. ENERGIA ELÉTRICA. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO EM DINHEIRO. MORA DA FAZENDA PÚBLICA FEDERAL APÓS 360 DIAS. ART. 24 DA LEI N. 11.457/2004. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 411/STJ. TEMAS JÁ JULGADOS PELO REGIME CRIADO PELO ART. 543-C, CPC, E DA RESOLUÇÃO STJ 08/2008 QUE INSTITUÍRAM OS RECURSOS REPRESENTATIVOS DA CONTROVÉRSIA.

1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada, não estando obrigada a Corte de Origem a emitir juízo de valor expresso a respeito de todas as teses e dispositivos legais invocados pelas partes.

2. A energia elétrica consumida no processo produtivo, por não sofrer ou provocar ação direta mediante contato físico com o produto, não integram o conceito de "matérias-primas" ou "produtos intermediários" para efeito da legislação do IPI e, por conseguinte, para efeito da obtenção do crédito presumido de IPI, como ressarcimento das contribuições ao PIS/PASEP e à COFINS, na forma do art. 1º, da Lei n. 9.363/96. Precedentes: AgRg no REsp 1000848 / SC, Primeira Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 7.10.2010; AgRg no REsp 919628 / PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 10.8.2010; AgRg no REsp 913433 / ES, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 4.6.2009; REsp. n. 1.049.305 - PR, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 22.03.2011.

3. Precedente em sentido contrário: EDcl no REsp 993581 / RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 17.12.2009.

4. Inaplicabilidade do EREsp. n. 899485/RS, Primeira Seção, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 13/08/2008, que admitiu o creditamento de ICMS pela energia elétrica, posto tratar de hipótese distinta já que a legislação do ICMS (art. 33, II, "b", da Lei Complementar n. 87/96) não exige o contato físico do insumo com o produto, mas apenas o consumo no processo de industrialização.

5. Precedente em sentido contrário: REsp 904082 / SC, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17.02.2009.

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6. O ressarcimento em dinheiro ou a compensação, com outros tributos, dos créditos adquiridos por força do art. 1º, da Lei n. 9.363/96, quando efetuados com demora por parte da Fazenda Pública, ensejam a incidência de correção monetária. Precedentes também de minha relatoria: AgRg no REsp. n. 1082458/RS e AgRg no AgRg no REsp. n. 1088292/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgados em 8.2.2011.

7. Incidência do enunciado n. 411, da Súmula do STJ: "É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco" e recurso representativo da controvérsia REsp.nº 1.035.847 - RS, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24.6.2009.

8. Recurso especial da FAZENDA NACIONAL não provido. Recurso especial do PARTICULAR parcialmente provido.

Lei nº 11457/2007 - Dispõe sobre a Administração Tributária Federal; altera as Leis nºs 10.593, de 6 de dezembro de 2002, 10.683,de 28 de maio de 2003, 8.212, de 24 de julho de 1991,10.910, de 15 de julho de 2004, o

Decreto-Lei nº 5.452,de 1º de maio de 1943, e o Decreto nº 70.235, de 6 demarço de 1972; revoga dispositivos das Decreto-Leis nºs 8.2 12, de 24 de julho de 1991, 10.593, de 6 de dezembro de2002, 10.910, de 15 de julho de 2004, 11.098, de 13 de janeiro de 2005, e 9.317, de 5 de dezembro de 1996; e dá outras providências.

Art. 24 -

É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos esessenta) dias a contar d o protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte.

Essa lei prevê o prazo dentro do qual a Receita Federal deve responder a requerimentos apresentados pelos contribuintes. A orientação é a que vem sendo adotada pelo STJ. O prazo para o pedido

de reconhecimento e aproveitamento de créditos escriturais é quinquenal e se rege pelo Decreto nº 20910/32. Não há que se falar em 5 + 5, pois não é repetição de indébito tributário. Hoje essa teoria dos 5 +

5 não mais se aplica.

STJ, REsp 1026540/AL – 2ª Turma – Min. Castro Meira – Julgamento em 11.03.2008.

RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS ESCRITURAIS DE IPI. PRESCRIÇÃO. DECRETO 20.910/32. 1. A pretensão para o reconhecimento do direito de créditos escriturais de IPI é quinquenal, nos termos do Decreto 20.910/32, não sendo aplicável as normas tributárias que tratam da prescrição, já que não há repetição de indébito.

2. Recurso especial não provido.

No julgado fica claro que o prazo dentro do qual o contribuinte deve pedir à administração o

aproveitamento de créditos escriturais é de 5 anos.

Também não se aplica no caso de créditos escriturais a norma do art. 166 do CTN.

CTN, art. 166 - A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la.

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Essa norma exige a prova de não ter havido a repercussão do tributo indireto ou a apresentação de autorização do contribuinte de fato. Não se trata, no caso, de repetição de indébito tributário. Compensação de créditos escriturais e repetição de indébito tributário são figuras distintas.

O art. 166 só será observado se o contribuinte exercer a faculdade que o art. 11 da Lei nº 9779/99 elenca, a que ele pode usar o crédito escritural para fazer compensação com débitos de tributos administrados pela Receita Federal do Brasil.

Em relação ao crédito-prêmio:

STJ, EDcl nos EDcl nos EREsp 738689/PR – 1ª Seção – Min. Teori Albino Zavascki – Julgamento em 26.03.2008.

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DÚVIDA SOBRE A COMPATIBILIDADE ENTRE A EMENTA E OS VOTOS PROFERIDOS. PREVALÊNCIA DO CONTEÚDO DOS VOTOS. EMBARGOS ACOLHIDOS PARCIALMENTE PARA EXPLICITAR QUE, AO JULGAR OS EMBARGOS INFRINGENTES, A SEÇÃO DECIDIU, POR MAIORIA, QUE O CRÉDITO-PRÊMIO DO IPI, PREVISTO NO ARTIGO 1º DO DL 491/69, NÃO SE APLICA ÀS VENDAS PARA O EXTERIOR REALIZADAS APÓS 04.10.90, NOS TERMOS DA FUNDAMENTAÇÃO CONSTANTES DOS VOTOS ENTÃO PROFERIDOS.

Essa questão não traz mais controvérsias na prática.

- Sujeição passiva

CTN, art. 51.

Os critérios específicos destinados à definição da sujeição passiva estão arrolados nos arts. 24 e seguintes do RIPI.

Decreto nº 7212/2010, CAPÍTULO II - DOS CONTRIBUINTES E RESPONSÁVEIS Contribuintes

Art. 24. São obrigados ao pagamento do imposto como contribuinte:

I - o importador, em relação ao fato gerador decorrente do desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira (Lei nº 4.502, de 1964, art. 35, inciso I, alínea “b”);

II - o industrial, em relação ao fato gerador decorrente da saída de produto que industrializar em seu estabelecimento, bem como quanto aos demais fatos geradores decorrentes de atos que praticar (Lei nº 4.502, de 1964, art. 35, inciso I, alínea “a”);

III - o estabelecimento equiparado a industrial, quanto ao fato gerador relativo aos produtos que dele saírem, bem como quanto aos demais fatos geradores decorrentes de atos que praticar (Lei nº 4.502, de 1964, art. 35, inciso I, alínea “a”); e

IV - os que consumirem ou utilizarem em outra finalidade, ou remeterem a pessoas que não sejam empresas jornalísticas ou editoras, o papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, quando alcançado pela imunidade prevista no inciso I do art. 18 (Lei nº 9.532, de 1997, art. 40).

Parágrafo único. Considera-se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial ou comerciante, em relação a cada fato gerador que decorra de ato que praticar (Lei nº 5.172, de 1966, art. 51, parágrafo único).

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Responsáveis

Art. 25. São obrigados ao pagamento do imposto como responsáveis:

I - o transportador, em relação aos produtos tributados que transportar, desacompanhados da documentação comprobatória de sua procedência (Lei nº 4.502, de 1964, art. 35, inciso II, alínea “a”);

II - o possuidor ou detentor, em relação aos produtos tributados que possuir ou mantiver para fins de venda ou industrialização, nas mesmas condições do inciso I (Lei nº 4.502, de 1964, art. 35, inciso II, alínea “b”);

III - o estabelecimento adquirente de produtos usados cuja origem não possa ser comprovada pela falta de marcação, se exigível, de documento fiscal próprio ou do documento a que se refere o art. 372 (Lei nº 4.502, de 1964, art. 35, inciso II, alínea “b”, e art. 43);

IV - o proprietário, o possuidor, o transportador ou qualquer outro detentor de produtos nacionais, do Capítulo 22 e do Código 2402.20.00 da TIPI, saídos do estabelecimento industrial com imunidade ou suspensão do imposto, para exportação, encontrados no País em situação diversa, salvo se em trânsito, quando (Decreto-Lei nº 1.593, de 1977, art. 18, Lei nº 9.532, de 1997, art. 41, Lei nº 10.833, de 2003, art. 40, e Lei nº 11.371, de 28 de novembro de 2006, art. 13):

a) destinados a uso ou consumo de bordo, em embarcações ou aeronaves de tráfego internacional, com pagamento em moeda conversível (Decreto-Lei nº 1.593, de 1977, art. 8º, inciso I);

b) destinados a lojas francas, em operação de venda direta, nos termos e condições estabelecidos pelo art. 15 do Decreto-Lei nº 1.455, de 7 de abril de 1976 (Decreto-Lei nº 1.593, de 1977, art. 8º, inciso II);

c) adquiridos por empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação, e remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da adquirente (Lei nº 9.532, de 1997, art. 39, inciso I e §2º); ou

d) remetidos a recintos alfandegados ou a outros locais onde se processe o despacho aduaneiro de exportação (Lei nº 9.532, de 1997, art. 39, inciso II);

V - os estabelecimentos que possuírem produtos tributados ou isentos, sujeitos a serem rotulados ou marcados, ou, ainda, ao selo de controle, quando não estiverem rotulados, marcados ou selados (Lei nº 4.502, de 1964, art. 62, e Lei nº 9.532, de 1997, art. 37, inciso V);

VI - os que desatenderem as normas e requisitos a que estiver condicionada a imunidade, a isenção ou a suspensão do imposto (Lei nº 4.502, de 1964, art. 9º, §1º, e Lei nº 9.532, de 1997, art. 37, inciso II);

VII - a empresa comercial exportadora, em relação ao imposto que deixou de ser pago, na saída do estabelecimento industrial, referente aos produtos por ela adquiridos com o fim específico de exportação, nas hipóteses em que (Lei nº 9.532, de 1997, art. 39, §3º):

a) tenha transcorrido cento e oitenta dias da data da emissão da nota fiscal de venda pelo estabelecimento industrial, não houver sido efetivada a exportação (Lei nº 9.532, de 1997, art. 39, §3º, alínea “a”);

b) os produtos forem revendidos no mercado interno (Lei nº 9.532, de 1997, art. 39, §3º, alínea “b”); ou c) ocorrer a destruição, o furto ou roubo dos produtos (Lei nº 9.532, de 1997, art. 39, §3º, alínea “c”); VIII - a pessoa física ou jurídica que não seja empresa jornalística ou editora, em cuja posse for encontrado o papel, destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, a que se refere o inciso I do art. 18 (Lei nº 9.532, de 1997, art. 40, parágrafo único);

IX - o estabelecimento comercial atacadista de produtos sujeitos ao regime de que trata a Lei nº 7.798, de 1989, que possuir ou mantiver produtos desacompanhados da documentação comprobatória de sua procedência, ou que deles der saída (Lei nº 7.798, de 1989, art. 4º, §3º, e Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 33);

X - o estabelecimento industrial, relativamente à parcela do imposto devida pelos estabelecimentos equiparados de que tratam os incisos XI e XII do art. 9º, quanto aos produtos a estes fornecidos, na hipótese de aplicação do regime de que trata o art. 222, (Lei nº 10.833, de 2003, art. 58-F, inciso II, e Lei nº 11.727, de 2008, art.

Referências

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