PROFESSORA TITULAR MARILZA VIEIRA CUNHA RUDGE, MAGNÍFICA VICE-REITORA DA UNESP, EM NOME DE QUEM SAÚDO TODA A COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA;
DR. JOÃO CURY NETO, PREFEITO DE BOTUCATU, EM NOME DE QUEM SAÚDO TODAS AS AUTORIDADES AQUI PRESENTES;
VEREADOR ANDRÉ ROGÉRIO BARBOSA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE BOTUCATU, EM NOME DE QUEM SAÚDO TODA A COMUNIDADE BOTUCATUENSE;
PROFESSOR DOUTOR CARLOS GILBERTO CARLOTTI JÚNIOR, DIRETOR DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO-USP, NESTE ATO REPRESENTANDO O MAGNÍFICO REITOR PROFESSOR TITULAR MARCO ANTONIO ZAGO;
PROFESSORA ADJUNTA MARIA CRISTINA PEREIRA LIMA, VICE DIRETORA DA FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU, EM NOME DE QUEM SAÚDO OS SENHORES DIRETORES E VICE-DIRETORES DE UNIDADES UNIVERSITÁRIAS DA UNESP;
PROFESSORA TITULAR SILVANA ARTIOLI SCHELLINI, DIRETIRA CESSANTE DA FMB;
PROFESSOR TITULAR JOSÉ CARLOS PERAÇOLI, VICE-DIRETOR CESSANTE DA FMB;
MAJOR JOSÉ SEMENSATTI JÚNIOR, EM NOME DE QUEM SAÚDO TODAS AS AUTORIDADES MILITARES
PROFESSOR TITULAR CARLOS ANTONIO GAMERO, MAGNÍFICO PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO DA UNESP.
SENHORES MEMBROS DA CONGREGAÇÃO;
PROFESSORES EMÉRITOS; AUTORIDADES NOMINADAS PELO CERIMONIAL.
SENHORAS E SENHORES, BOA TARDE!
Com honra e emoção assumo a diretoria da Faculdade de Medicina de Botucatu, instituição a quem devo minha formação médica, científica e muito do que sou como pessoa. Não poderia iniciar esta oração sem antes agradecer:
Agradeço à minha esposa Ana Maria por tudo que representa em minha vida pessoal e profissional. A você com amor dedico esta gestão.
Agradeço aos meus filhos Júnior e Neto, aos meus familiares e amigos de Itapetininga, Tatuí, São Paulo, Botucatu, Capão Bonito, Boituva, Bandeirantes e Andradas, pela presença aqui e em tantos momentos da minha vida.
Deus me deu dois pais e duas mães, dois a vida levou, dois me acompanham e por mim zelam até hoje, à minha mãe aqui presente, agradeço pelo amor incondicional. Faço menção ao meu saudoso irmão Antonio Carlos.
Ninguém mais que ele sonhou com este dia.
Agradeço de coração à secretária Maria Cecília Alves Perez, pelo apoio incondicional nos últimos 28 anos.
Agradeço e homenageio publicamente a servidora aposentada Vera Lúcia Mengue, que foi a primeira pessoa da FMB que conheci e que me acolheu quando cheguei a esta escola em 1976.
Agradeço aos amigos da gloriosa XIV Turma de Medicina da FMB, pelo apoio constante e pela honra de sua presença, de volta a esta casa.
Agradeço ao enorme grupo de docentes e servidores que dispenderam parte do seu valioso tempo para a construção conjunta de um projeto para nossa instituição.
Agradeço à vice-diretora Maria Cristina Pereira Lima, pela honra de com ela compartilhar esta gestão;
Agradeço a todos os colaboradores da Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar pelos 10 anos de profícuo convívio e respeito mútuo pelo extraordinário trabalho realizado em prol da Saúde e do ser humano; Agradeço à Unidade de Diálise dos Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina de Botucatu, minha casa, e à disciplina de Nefrologia por tudo o que vivemos, em particular nos últimos 10 anos;
Agradeço à Comissão de Arte e Cultura pelo apoio na organização desta solenidade;
Por fim, agradeço à comunidade acadêmica, que com seu voto nos confiou a missão de dirigir nossa escola. Neste momento, peço a permissão dos senhores para uma breve volta no tempo.
Logo que que aqui cheguei em 1976, pude ver que não
estava apenas numa escola médica, mas num importante cenário de resistência ao regime que tomara conta do país após o golpe político–militar de 1964, que com seus métodos característicos procurava calar aqueles que contra ele se opunham, na luta por uma sociedade justa e democrática.
Assisti, não havia dois anos em que aqui estava, perplexo, a desastrosa operação que culminou, na madrugada de 18 de outubro de 1977 com a invasão da faculdade por batalhão de choque, fortemente armado, que agredindo os mais elementares princípios da autonomia universitária, vinha para reprimir os estudantes que em vigília democrática defendiam seus legítimos direitos e a preservação da instituição. No entanto, a perplexidade daquele momento se misturou com a emoção de ver 91 professores de todo o campus se colocarem destemidamente à frente de seus alunos, evitando que aqueles intrusos dessem um passo sequer em direção aos estudantes.
Nesse dia tive a percepção clara que esta não era uma escola que formava apenas médicos, formava cidadãos, que não se curvava perante à truculência ou à força bruta, que seria capaz de superar obstáculos e avançar sempre. E assim se fez; esta escola contribuiu em seus 52 anos com a ciência, com o ensino, formou médicos, enfermeiros, professores, pesquisadores e cidadãos. Com sua luta contribuiu substantivamente para a redemocratização da UNESP e do Brasil.
A sociedade brasileira, derrotado o autoritarismo, conferiu então à Universidade a necessária autonomia e confiou a esta, papel formador no seu sentido mais amplo. A democracia restituída foi cenário ideal para o desenvolvimento do país, também no seu sentido mais amplo.
E enfim aqui chegamos. Sem dúvida, neste período de pouco mais de três décadas avançamos extraordinariamente na construção de um país melhor e de uma sociedade mais justa. Qualificou-se a Universidade, no campo do ensino e da pesquisa, cenário absolutamente visível e palpável no âmbito da UNESP,
que da reunião de alguns institutos isolados consolida-se hoje com uma das mais respeitadas universidades no âmbito nacional e internacional.
Os avanços observados na universidade e na sociedade, no entanto não nos isentam, pelo contrário, da responsabilidade de continuarmos lutando e avançando sobre o que está iniciado na construção de uma sólida e grande realidade, na qual sejamos aptos e determinados a enfrentar os desafios de um novo tempo.
Vivemos sim em país democrático, porém hoje mergulhado em profunda crise econômica e de valores éticos e morais. Talvez, em poucos momentos da história tenha o Brasil precisado tanto da inteligência e da participação dos universitários como hoje. A esse desafio não podemos nos furtar.
Em respeito aos ideais que sempre nos nortearam, devemos sim repudiar e nos expressar livremente contra todo e qualquer tipo de descaminho, de desvio e de modelos que subtraiam recursos que deveriam estar aplicados em prol da população. Mas temos que ter em mente que o estado democrático e de direito que hoje vivemos se deveu à luta de muitos brasileiros desaparecidos, torturados e tantos que colocaram sua vida e sua liberdade em prol da democracia. Temos, pois, que nos opor com veemência contra e todo e qualquer caminho que possa nos levar ao retrocesso e a perda das garantias conquistadas.
Lado a lado com nossa inserção na discussão e solução dos grandes problemas nacionais, cumpre-nos constantemente rever nossas práticas internas e avançar na construção de uma universidade produtiva e cidadã, na qual a democracia e a liberdade sejam valores maiores a serem consolidados a cada dia.
Deste modo, é nosso dever como dirigentes democraticamente eleitos, sermos porta-vozes desses princípios. Assim, manifesto meu compromisso de que nesta instituição não haverá espaço para qualquer tipo de cerceamento da manifestação legítima dos membros da sua comunidade, de tolerância zero com todo e qualquer tipo de assédio, constrangimento, injustiça ou violência; de tolerância zero com toda forma de corrupção e de mau uso dos recursos públicos; de uma instituição que apurará as denúncias e não os denunciantes, de uma universidade que cultivará mais o cuidado que o controle, o diálogo que as regras, a autoridade que o autoritarismo, a construção coletiva que as decisões isoladas.
Ao mesmo tempo, assumo o compromisso com o ensino médico de excelência, com a valorização da pesquisa, da pós-graduação e da Residência Médica; com a internacionalização, o desenvolvimento institucional e com a necessária inserção social, legítimas aspirações da sociedade que aqui nos mantém. É a excelência acadêmica caminho concreto para a defesa da universidade contra desatinados ataques à sua autonomia.
Assumo o compromisso de uma instituição reflexiva, transparente, aberta ao mundo que a cerca e parceira das boas causas e das boas políticas. Assumo ainda o compromisso de defesa incondicional dos princípios do SUS, da defesa incondicional do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu e da Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar.
Assumo o compromisso em defesa da universidade pública, gratuita e inclusiva e por fim o compromisso e a opção por aqueles que sofrem, que nesta casa confiam
sua vida e sua saúde; para muitos deles a vida não teve a menor consideração.
Estes compromissos não assumo só. Assumo em memória dos meus pais, assumo com minha família e com meus amigos, assumo diante da XIV turma de Medicina da FMB, assumo em honra do povo brasileiro, assumo pelos guerreiros estudantes, servidores e professores que construíram esta grande instituição. Que nos próximos anos, guiado pela nossa história,
movido pelo amor a esta instituição e pela inquietude da geração a que pertenço, tenha eu sido capaz de honrar estes compromissos. E que todos nós sejamos felizes. Muito obrigado.
