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ESPÓLIO DE JOÃO PEDRO BEZERRA XIMENES REP/P/S/ PAIS KARLA GARCIA BEZERRA XIMENES E VAGNER XIMENES CALFA

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24ª Câmara Cível

Apelação nº 0012180-25.2013.8.19.0087

Apelante: ESPÓLIO DE JOÃO PEDRO BEZERRA XIMENES REP/P/S/ PAIS KARLA GARCIA BEZERRA XIMENES E VAGNER XIMENES CALFA Apelado: INSTITUTO EDUCACIONAL MENDONÇA GOULART ME

Relator: DES. LUIZ ROBERTO AYOUB

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA.

AUTORA ALEGANDO QUE HOUVE RECUSA POR PARTE DA RÉ EM MATRICULAR MENOR PORTADOR DE SÍNDROME DE DOWN EM SEU QUADRO DE ALUNOS E QUE TAL DISCRIMINAÇÃO ENSEJA REPARAÇÃO PELO DANO MORAL SOFRIDO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. APELAÇÃO INTERPOSTA PELA PARTE AUTORA REQUERENDO A SUA REFORMA. CONJUNTO PROBATÓRIO QUE DEMONSTRA QUE A RECUSA DO APELADO DECORREU DA FALTA DE ESTRUTURA E DE PROFISSIONAIS HABILITADOS QUE PUDESSEM ATENDER ÀS NECESSIDADES ESPECIAIS DO MENOR, QUE ALÉM DA CONDIÇÃO DE PORTADOR DE SÍNDROME DE DOWN, POSSUÍA GRAVÍSSIMOS PROBLEMAS DE SAÚDE (TETRALOGIA DE FALLOT E CIRROSE HEPÁTICA), TANTO QUE VEIO A FALECER

NO CURSO DO PROCESSO. DOCUMENTOS

TRAZIDOS PELO APELADO OS QUAIS

DEMONSTRAM QUE HÁ NO SEU QUADRO DE

ALUNOS PORTADORES DE NECESSIDADES

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ILICITUDE DIANTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS ESPECIALÍSSIMAS QUE O MENOR DO CASO DO CASO DOS AUTOS APRESENTAVA. APELADO QUE AGIU EM CONSONÂNCIA COM A ESTRUTURA, ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE SEU ESTABELECIMENTO DE ENSINO, DE FORMA A PROTEGER A INTEGRIDADE FÍSICA DO MENOR. O FATO DE O APELADO ADMITIR A INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NÃO SIGNIFICA QUE ESTÁ VINCULADO À ACEITAÇÃO DE QUALQUER CASO DE DEFICIÊNCIA, SENDO LEGÍTIMA A RECUSA AMPARADA NA FALTA DE ESTRUTURA ADEQUADA PARA O CASO DO ALUNO CANDIDATO À VAGA, O QUAL ENSEJAVA CUIDADOS ESPECIAIS. CONDUTA DISCRIMINATÓRIA QUE NÃO FICOU EVIDENCIADA NOS AUTOS. SENTENÇA QUE SE MANTÉM. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS PARA 12% SOBRE O VALOR ATUALIZADO DA CAUSA, OBSERVADA A GRATUIDADE DE JUSTIÇA DEFERIDA À PARTE AUTORA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os autos da apelação cível em referência, em que constam como partes as acima indicadas, acordam os Desembargadores que integram a Vigésima Quarta Câmara Cível do Tribunal de

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Justiça deste Estado, por unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do Relator.

R E L A T Ó R I O

Trata-se de Apelação interposta por ESPÓLIO DE JOÃO PEDRO BEZERRA XIMENES REP/P/S/ PAIS KARLA GARCIA BEZERRA XIMENES E VAGNER XIMENES CALFA em face da sentença (Index 214) proferida pelo Juízo da 1ª Vara Cível da Regional de Alcântara que, nos autos da ação indenizatória por dano moral movida em face do INSTITUTO EDUCACIONAL MENDONÇA GOULART ME, julgou IMPROCEDENTE o pedido autoral nos seguintes termos:

“(...) A controvérsia foi fixada de acordo com o teor da decisão de fls.98, alcançada pela preclusão quanto ao tema. As partes puderam realizar suas provas em ambiente de estrita observância aos princípios do devido processo legal e o feito está em condições de receber a sentença. O laudo pericial de fls.162/169 foi impugnado pelo espólio com fundamento no fato de o perito não ter vistoriado as instalações da ré para então aferir os aspectos de infraestrutura, além disso, que a síndrome de Down não causava incapacidade para as atividades escolares. Os documentos produzidos no

curso da instrução demonstram ser desnecessária a inspeção do perito nas instalações da escola, bastando que se observe que os representantes legais do espólio não impugnaram o fato alegado pela ré de ser uma escola de pequeno porte, sem equipe médica e paramédica de suporte, não estando localizada próxima de uma instituição de saúde de grande porte. A recusa da ré em manter João Pedro em seu quadro de alunos, não decorreu de discriminação a condição de portador de síndrome de Down, antes, pelos gravíssimos problemas de saúde (tetralogia de Fallot, cirrose hepática) conforme descrição e

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conclusão da perícia médica, merecendo destaque o seguinte trecho do laudo: ´Há de se lavra (sic) em conta

inclusive que na dependência dos fatores de coagulação do sangue, os pequenos traumas da pequena infância, poderiam ser inclusive fatais. ´ Acrescente-se, por oportuno, que os documentos

produzidos pela escola, e também sem impugnação quanto à veracidade de conteúdo, demonstram que há no quadro discente alunos portadores de necessidades especiais (fls.57), mais um aspecto que demonstra a ausência e ilicitude da ré e seus prepostos diante das circunstâncias especialíssimas que a criança apresentava. Ao contrário do

que foi afirmado na inicial, os profissionais da escola ao

recusarem a permanência de João Pedro agiram na proteção da integridade física do menor e legitimamente afastar possível responsabilidade civil e penal oriunda de infortúnio para o qual não tinham condições materiais de enfrentar. Por todos esses motivos é que JULGO IMPROCEDENTE o pedido. Condeno o espólio nas custas do processo, honorários advocatícios que fixo em 10% do valor atribuído a causa, porém, mantenho sobrestada a execução da sucumbência diante do benefício da gratuidade de justiça. Transitada em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os

autos com as cautelas de estilo. P. R. I. (...)”

Apelação interposta pela parte autora (index 219) requerendo a reforma da sentença para que o Apelado seja condenado ao pagamento do valor de R$40.680,00 a título de dano moral. Alega que o Apelado não era conhecedor do quadro de saúde do menor quando informou à genitora e sucessora processual do Recorrente que este não poderia continuar a estudar no estabelecimento. Afirma que o Apelado sabia tão somente que o Recorrente possuía Síndrome de Down e, ainda assim, apenas um dia após ter contato com o menor, escolheu segregá-lo da escola, confrontando diretamente o estatuto da criança e do adolescente (ECA).

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Assevera que as redes privadas de ensino não são obrigadas a se adaptarem a crianças portadoras da Síndrome de Down, entretanto, uma vez que a instituição educacional afirma que admitia crianças com esse tipo de necessidade especial, não pode fazer acepção entre os menores que ali ingressam. Ressalta que a exclusão e discriminação sofrida pelo menor gera por si só a necessidade de reparação por dano moral.

Contrarrazões apresentadas pelo réu (index 227) requerendo o desprovimento do recurso da parte autora.

É o relatório.

V O T O

O recurso deve ser conhecido já que presentes os requisitos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade.

Trata-se de ação indenizatória por dano moral ajuizada pelo ESPÓLIO DE JOÃO PEDRO BEZERRA XIMENES REP/P/S/ PAIS KARLA GARCIA BEZERRA XIMENES E VAGNER XIMENES CALFA em face do INSTITUTO EDUCACIONAL MENDONÇA GOULART-ME-JARDIM-ESCOLA ARCA DE NOÉ, alegando que JOÃO PEDRO (menor que veio a óbito no curso do processo) era portador de Síndrome de Down e foi matriculado na escola do réu no dia 21/08/2012. Afirma que o menor frequentou a escola apenas por um dia, pois, ao retornar no dia seguinte a diretora e coordenadora avisou a genitora do menor que ele não poderia continuar frequentando a escola, pois a professora não conseguiria dar aula porque teve um sobrinho com síndrome de Down e toda vez que visse a criança começaria a chorar em razão do falecimento do sobrinho.

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omitiu que o mesmo fosse portador de Síndrome de Down. Assevera que tal situação acarretou à genitora do menor dissabor, humilhação, vergonha, constrangimento, aborrecimento e frustração por ser forçada a retirar seu filho de sala de aula, uma vez que o mesmo já estava matriculado interagindo com os coleguinhas, participando de atividades escolares. Diante do exposto requereu a condenação do réu ao pagamento de uma indenização a título de dano moral.

O juízo a quo julgou improcedente o pedido autoral, tendo então a parte autora interposto o presente recurso de Apelação pretendendo a reforma da sentença para que o réu seja condenado ao pagamento do valor de R$40.680,00 a título de dano moral.

Passo a apreciar o recurso.

No caso dos autos, a discussão está restrita a analisar se a recusa do réu em manter o menor, portador de Síndrome de Down, no quadro de alunos da escola teria sido uma atitude discriminatória a ensejar reparação por dano moral.

Com efeito, o conjunto probatório dos autos demonstram na verdade que a negativa do réu em manter o menor no seu quadro de alunos não decorreu de discriminação por ser ele portador de Síndrome de Down, mas sim em razão dos demais problemas de saúde que o acometiam e que eram graves (tanto que veio a óbito no curso do processo), quais sejam, tetralogia de Fallot, cirrose hepática. Na realidade a recusa do réu decorreu da falta de estrutura e de profissionais habilitados que pudessem atender às necessidades especiais do menor, tendo agido em consonância com a estrutura, organização e administração de seu estabelecimento de ensino, de forma a proteger, como asseverado pelo Sentenciante, a integridade física do menor e legitimamente afastar possível responsabilidade civil e penal

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oriunda de infortúnio para o qual não tinham condições materiais de enfrentar.

Na espécie, constatou-se que, muito embora o Apelado aceitasse alunos portadores de necessidades especiais, era uma escola de pequeno porte, sendo que no caso do Apelante haveria a necessidade de uma equipe multidisciplinar para acompanha-lo no dia a dia, com condições de socorro rápido e especializado próxima, inclusive, a uma instituição de saúde de grande porte, com equipe médica e paramédica de suporte, o que não era o caso do Apelado.

Vejamos o laudo pericial elaborado a corroborar o que foi aduzido acima (index 71):

(...)

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(...)

Destarte, a legitimidade de recusa decorre da verdadeira carência de recursos para lidar com a situação o peculiar do menor, o qual ensejava cuidados especiais dos quais o Apelado não dispunha. Certo é que o Apelado não poderia ser compelido a adotar tais providências, que poderiam repercutir na dinâmica interna da instituição ou comprometer a organização de pessoal.

Além disso, como muito bem salientado pelo sentenciante “...os documentos produzidos pela escola, e também sem impugnação quanto à veracidade de conteúdo, demonstram que há no quadro discente alunos portadores de necessidades especiais (fls.57), mais um aspecto que demonstra a ausência e ilicitude da ré e seus prepostos diante das circunstâncias especialíssimas que a criança apresentava.”

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Sucede que o fato de o Apelado ter proposto de inclusão de alunos com deficiência não significa que está vinculado à aceitação de qualquer caso de deficiência, sendo legítima a recusa amparada na falta de estrutura adequada para o caso do aluno candidato à vaga.

Da conduta do Apelado se depreende boa-fé e atenção com o caso particular do menor, sendo certo que este e não foi mal tratado ou descartado de forma despropositada, ou injustificadamente.

Desta forma, não há conduta do Apelado que lhe acarrete dever de indenizar, pelo que deve ser mantida a sentença de improcedência do pedido.

Ante o exposto, vota-se no sentido NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto, para manter a sentença recorrida em sua íntegra, majorando-se os honorários advocatícios para 12% sobre o valor atualizado da causa, com fulcro no art. 85, §11 do NCPC, observada a gratuidade de justiça deferida à parte autora.

Rio de Janeiro, na data da sessão. DES. LUIZ ROBERTO AYOUB

Referências

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