Visões e conceitos históricos da
Visões e conceitos históricos da
Educação Comparada
Educação Comparada
Periodização
Friedrich Schneider
Friedrich Schneider Æ dois períodos:
•
Pedagogia do estrangeiro:
–
caracterizado pelo produto das viagens de estudo ao
–
caracterizado pelo produto das viagens de estudo ao
estrangeiro realizadas por pedagogos e políticos, que
observavam a organização educativa dos países vizinhos e
eventualmente a comparavam com a do próprio país;
•
Pedagogia comparada
propriamente dita
:
desenvolve se ao
longo do século XX
e busca a explicação
–
desenvolve‐se ao
longo do século XX
e busca a explicação
dos factos pedagógicos, ou seja, as suas forças
determinantes ou factores configurados.
•
Empréstimo:
– que cobre o século XIX, onde se buscava a apresentação de dados descritivos que deviam fazer a comparação com o objectivo de avaliar as melhores práticas educativas para as transpor para outros países.p p p p
•
Predição:
– ocupou a primeira metade do século XX, e iniciou‐se com Michael Sadlerque introduziu a ideia de que o sistema educativo não é parte separável da sociedade que lhe serve de base. Os seus continuadores (Friedrich Schneider, Franz Hilker, Isaac Kandel, etc) passaram a dar especial atenção aos alicerces da educação. Assim, já se poderia predizer o provável sucesso de um sistema educativo num país com base em experiências similares de outros países.
•
Análise:
– a ênfase é colocada na classificação dos factos educativos e nos sociais que lhe estão associados. Assim, havia uma preocupação em desenvolver teorias e métodos e estabelecer uma clara formulação das etapas, dos processos e dos mecanismos comparativos para que se fizesse uma análise menos baseada em valores ético‐emocionais.Alexandre Vexliard
Alexandre Vexliard Æ quatro períodos
•
Etapa estrutural:
– representada pela obra Esquisse, de Marc‐Antoine Jullien de Paris, publicada em 1817, considerada o marco inicial da Educação Comparada, onde se encontram os princípios “arquitecturais” e os princípios metodológicos dosp p q p p g estudos comparados em educação.
•
“inquiridores”:
– aproximadamente de 1830 a 1914, quando os governos mandavam os inquiridores percorrerem a Europa e os Estados Unidos para estudar os sistemas de ensino em vigor nesses países.
•
Sistematizações teóricas:
– ocorre por volta de 1920‐1940, que é marcado pelos trabalhos de Kandel,p , q p , Schneider, Hans, entre outros. Este período foi dominado por preocupações históricas.
•
Período Prospectivo:
– ocorre após a segunda guerra mundial e, sobretudo depois de 1955, quando os estudos comparados em educação passaram a estar voltados para o
Noah e Eckstein
Noah e Eckstein Æ cinco períodos
• Período dos viajantes: – caracterizado por trabalhos assistemáticos, motivados pela curiosidade e marcados por interpretações subjectivas, não havendo planeamento para os relatos, que se p p ç j , p p , q baseavam em factos que se destacavam pelo pitoresco ou pela diferença em relação ao que se passava no país do observador. • “Inquiridores”: – durou boa parte do século XIX, e é aquele no qual os observadores se deslocavam a países estrangeiros com o fim de recolher dados que pudessem servir para melhorar o sistema educativo do seu país. • Colaboração internacional: – o intercâmbio cultural entre os povos é estimulado e a educação é vista como um instrumento de harmonia e entendimento entre nações.(continuação)
• Quarto período, denominado de “forças e factores”:– acontece entre as duas grandes guerras realçam a dinâmica das relações – acontece entre as duas grandes guerras, realçam a dinâmica das relações
entre a educação e a cultura e procuram explicações para a variedade de fenómenos educativos observados em cada país, buscando a compreensão das relações escola‐sociedade através da análise histórico‐culturalista, que
procurava explicar o presente a partir das dinâmicas legadas pelo passado.
• Noquinto e último período busca se a explicação pelas ciências sociais e os • No quinto e último período, busca‐se a explicação pelas ciências sociais, e os
trabalhos recorrem fundamentalmente aos métodos empírico‐quantitativos, na busca de esclarecer cientificamente as relações entre a educação e a sociedade, num plano mundial.
Ferran Ferrer Æ 4 períodos
•
Jullien de Paris
.
•
Etapa descritiva
.
•
Etapa interpretativa
.
•
Etapa comparativa
.
Jullien de Paris
Jullien de Paris
•
Pai da Educação Comparada
–
Esquisse et vues préliminaires d’un ouvrage sur l’éducation
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comparée, entrepris d’abord pour les vingt‐deux cantons
de la Suisse, et pour quelques parties de l’Allemagne et de
l’Italie, et qui doit comprendre successivement, d’aprés le
méme plan, tous les Etats de l’Europe
–
1817
i
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d
d
ã
–
introduzido a comparação na abordagem da educação.
•
O objectivo
–
não era o de criar uma ciência nova
–
mas de lançar um projecto
•
recolher informações para a elaboração de um quadro
comparativo dos principais estabelecimentos de
educação europeus;
•
funcionamento e métodos;
•
colaboração de pessoas influentes e dos poderes
públicos, para que se pudesse proceder da melhor
forma à desejada reforma da educação.
O livro
•
Constituído de duas partes:
–
na primeira são apresentados a
•
justificativa do projecto;
•
objectivos;
•
noções gerais.
na segunda é apresentado um
–
na segunda, é apresentado um
•
instrumento para que a recolha de dados se desse com
maior eficácia.
Jullien dava muita importância aos
questionários
, considerando‐
os
verdadeiros instrumentos de trabalho para a análise
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ti
N
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educativa
. Na sua perspectiva, através deles
poder‐se‐iam obter
“colecções de factos e de observações, agrupadas em quadros
analíticos que permitiam relacioná‐las e compará‐las, para
delas deduzir princípios certos”
e deste modo, transformar‐se a
educação numa
“ciência mais ou menos positiva”
educação numa
ciência mais ou menos positiva
.
Do esquecimento à projecção mundial
1822 e 1826 – Tradução polonesa e inglesa
(parcial)
(parcial)
Esquecimento
Projecção por Pedro Rosselló, a partir de 1943, e
em 1967 ganhou uma tradução portuguesa,
em 1967 ganhou uma tradução portuguesa,
intitulada Esboço de uma obra sobre a
Pedagogia Comparada, de Joaquim Ferreira
Contributos de Jullien para a EC
• Segundo Ferran Ferrer:– importância que tem o manusear uma metodologia empírica e científica;
– necessidade de elaborar instrumentos que servem tal finalidade;
– importância de factores externos sobre a educação;
as vantagens que tem o conhecimento da educação noutros países – as vantagens que tem o conhecimento da educação noutros países;
– a contribuição da Educação Comparada no progresso da educação no mundo.
Etapa descritiva
Etapa descritiva
•
Por ser muito ambicioso para a época, o
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projecto de Jullien não foi compreendido.
•
O objectivo (nesta fase)
–
conhecer como se organizava o ensino em países
tidos como desenvolvidos, para
importar os
aspectos que poderiam trazer melhorias aos
próprios sistemas escolares
.
•
Muitas das obras publicadas neste período
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d
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tratavam‐se de
meras descrições dos sistemas
educativos estrangeiros
.
•
Salientou‐se a importância de uma
análise um
pouco mais ampla sobre a realidade dos
países estrangeiros
.
•
Mathew Arnold (1861, 1882)
–
advertiu sobre o
perigo da imitação de aspectos
isolados
sem se levar em conta os contextos que
isolados
,
sem se levar em conta os contextos que
•
Ferreira (1999) defende esta afirmação:
–
De facto, um dos
contributos mais importantes
consistiu na delimitação de factores
determinantes para a configuração dos sistemas
educativos nacionais:
•
tradições históricas
•
o carácter e as diferenças nacionais;
•
as condições geográficas;
•
a economia e a configuração da sociedade.
•
descrição dos sistemas nacionais de ensino Æ
insuficiente para a compreensão do fenómeno
insuficiente para a compreensão do fenómeno
da educação.
•
Michael Sadler “protagoniza uma alteração na
forma de abordar a Educação Comparada.
–
Ferreira (1999), considera‐o como o precursor do
período seguinte.
Etapa interpretativa
Etapa interpretativa
•
1900 – o início desta etapa.
•
Acontecimentos significativos:
– organização de um curso universitário de Educação Comparada na Universidade de Columbia;
– publicação de um texto de Michael Sadler no qual se pronunciava sobre a
utilidade da Educação Comparada para a compreensão do sistema educativo nacional
educativo nacional.
•
Estes dois acontecimentos
levaram à sistematização de
conhecimentos e deram uma espécie de autodeterminação à
Educação Comparada
.
•
Michael Sadler Æ constitui uma
concepção
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Ed
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d
teórica em Educação Comparada
.
–
How far can we learn anything of practical value
from the study of foreignsystems of education?*
•
apresenta algumas das suas principais ideias sobre a
forma de
abordar os estudos comparativos e a sua
utilidade
.
Contribuições de Sadler para a EC
Contribuições de Sadler para a EC
• afirma queas coisas que estão fora da escola, são mais importantes que aquelas que se encontram dentro dela;
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• realçou a importância de se compreender o espírito e a tradição dos sistemas educativos;
• salientou a conveniência de se estudar os sistemas educativos estrangeiros para uma melhor compreensão do seu próprio;
• perspectivou uma dimensão sociológica, ao buscarp p g entender os aspectos educativos num contexto social e cultural mais amplo;
• advertiu para o inconveniente de a EC se tornar refém da estatística, uma vez que esta tende a identificar a educação com a escola.
Abordagens Causas e interpretações
•
Neste período os comparatistas preocuparam‐se
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não só em descrever a educação dos outros países,
mas também em indagar as causas e tentar
interpretá‐las:
–
abordagens ou tendências:
•
interpretativo‐histórica
;
•
interpretativo‐antropológica
;
Abordagem interpretativo‐histórica
•
Destacam‐se Isaac L. Kandel e Nicholas Hans.
•
Kandel
interessou‐se pelos factos, mas, sobretudo pelas causas
que os possibilitam, dando especial atenção aos
factores
históricos
.
– Acredita que a história dos povos permite descobrir as particularidades nacionais dos sistemas educativos:
• Tendo em conta as forças políticas sociais culturais e o carácter nacional • Tendo em conta as forças políticas, sociais, culturais e o carácter nacional.
•
As maiores contribuições de Kandel para a EC são as seguintes:
insistência na recolha de dados fiáveis, na necessidade de
analisar o contexto histórico de cada sistema educativo e na
necessidade da explicação.
•
Hans
utiliza‐se tanto da
História
quanto da
Sociologia
na
interpretação dos dados.
•
Acredita que os factores determinantes dos sistemas
educativos dividem‐se em três grupos:
– factores naturais(raça, língua, meio ambiente)
– factores religiosos(Catolicismo, Anglicanismo, Puritanismo)
– factores seculares (Humanismo, Socialismo, Nacionalismo, Democracia)
Democracia).
•
Afirma que a compreensão do
carácter nacional
é
absolutamente fundamental para interpretar os sistemas
nacionais de educação.
O
carácter nacional
era entendido como um resultado
complexo de
–
misturas raciais;
–
de adaptações linguísticas;
–
de movimentos religiosos;
–
de situações históricas e geográficas em geral.
Abordagem interpretativo‐antropológica
• Duas posições importantes: a deSchneidere a deMoehlman.
i d i h h id id d i ó i h id f
• Friedrich Schneider considerava que o estudo comparativo só tinha sentido se fossem analisados os diversos factores que configuravam um sistema educativo:
– o carácter nacional – o espaço geográfico – a cultura
– a ciência – a filosofia
a estrutura social e política – a estrutura social e política – a economia
– a religião – a história
•
O mais original de seu pensamento é a importância dada ao
factor endógeno
(imanente
interno ou potencial) na
factor endógeno
(imanente, interno ou potencial) na
estruturação dos sistemas educativos nacionais.
•
Sugeriu que, ao se encontrar concordância na educação de
distintos povos,
se pergunte sobre a possibilidade de se
atribuírem tais concordâncias às coincidências existentes
atribuírem tais concordâncias às coincidências existentes
entre as respectivas culturas
.
•
Para Arthur H.
Moehlman
, a Educação Comparada
necessita de um princípio de classificação válido para
necessita de um princípio de classificação válido para
uma determinada época, que derivando do passado
abriria perspectivas de futuro.
•
Considera a necessidade de um modelo teórico que
permita examinar a educação na sua estrutura
cultural não só como um sistema vigente mas
cultural, não só como um sistema vigente, mas
•
o
perfil da educação de cada sociedade é
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determinado
pelo
complexo
jogo
de
interferências e interacções
entre catorze
factores
(agrupados por afinidades):
–
1) população, espaço, tempo;
–
2) linguagem, arte, filosofia, religião;
–
3) estrutura social, governo, economia;
–
4) tecnologia, ciência, saúde, educação.
Abordagem interpretativo‐filosófica
• J. A.Lauwerise SergiusHessen.
• A importância deHessendeve‐se à sua busca das bases teórico‐ideológicas dos sistemas educativos. (conjunto de ideias, crenças e doutrinas, próprias de uma
sociedade, de uma época ou de uma classe, e que são produto de uma situação histórica e das aspirações dos grupos que as apresentam como imperativos da razão)
• Lauweris afirmava que a Educação Comparada deveria atender a estilos nacionais de filosofia pois apesar de a filosofia ter um alcance universal os
nacionais de filosofia, pois, apesar de a filosofia ter um alcance universal,os diversos povos apresentam uma inclinação por um determinado tipo de pensamento filosófico.
Etapa Comparativa
Etapa Comparativa
•
Os anos seguintes à II Guerra Mundial
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resultaram
em
abordagens
bastante
diversificadas, na tentativa de renovação da
Educação Comparada:
–
abordagem positivista
;
–
abordagem de resolução de problemas
;
–
abordagem crítica
;
–
abordagem sócio‐histórica
.
Abordagem positivista
•
Do final da Grande Guerra até cerca do final dos anos
sessenta, era o
funcionalismo
que
orientava as análises
i ló i
sociológicas
.
–
Abordagem:
• claramente descritiva;
• não tem uma dimensão histórica.
•
No entanto, fica parecendo artificial a descrição e a
verificação de partes de um todo, sem que se aborde o
sentido da organização, seu desenvolvimento, sua
história.
•
A partir da década de 60, surge a perspectiva
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estrutural‐funcionalista
:
–
busca estabelecer um relacionamento entre:
•
estrutura
e
a
(s)
função
(s)
das
instituições
educacionais e entre elas e as outras instituições
educacionais, e entre elas e as outras instituições
sociais.
•
A. M.
Kazamias
e C. A.
Anderson
.
Kazamias:
•
Educação Comparada precisava adoptar uma base
científica.
•
O seu objectivo deveria ser o de descobrir as funções
que
as
escolas,
como
estruturas
sociais,
Anderson
•
Sugere que a investigação comparativa deve atender a
duas
dimensões
:
Situação educativa em si Relação dos aspectos educativos com o seu contexto Análise intra‐educativa, para que se estabeleçam as relações entre os distintos aspectos dos sistemas educativos. Análise social‐educativa, para se estabelecer as inter‐ relações entre as características educativas e as variáveis sociais.•
O
maior objectivo
com a utilização desta
abordagem foi o de
fornecer um quadro
interpretativo mais fiável
, ao
não dissociar a
estrutura da função
, trabalhando aspectos
mais manejáveis da realidade e ao formular
generalizações
passíveis
de
confirmação
generalizações
passíveis
de
confirmação
empírica.
•
Como já sublinhou Nóvoa (1988)
a retórica da
‘cientificidade’ é a melhor maneira de
dissimular as dimensões ideológicas deste
enquadramento
teórico que
nega os conflitos
sociais no seio da educação
.
Abordagem de resolução de problemas
•
Desde meados dos anos 60, a partir da
bli
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li
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P bl
i
publicação do livro intitulado Problems in
Education: a Comparative Approach,
Brian
Holmes
tornou‐se
o
comparatista
mais
conhecido desta abordagem.
É
i
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bl
É preciso partir dos problemas
específicos que existem nas
diversas sociedades e procurar
•
Principais fases
desta abordagem:
– análise dos problemas; – formulação da hipótese;
– especificação das condições iniciais nas quais o problema foi localizado;
predição lógica dos resultados prováveis a partir das hipóteses – predição lógica dos resultados prováveis a partir das hipóteses
adoptadas;
– comparação dos resultados logicamente preditos com os acontecimentos verdadeiros.