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SHEYLA KARINE BARBOSA DE MACÊDO DIAS

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Academic year: 2021

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS

SHEYLA KARINE BARBOSA DE MACÊDO DIAS

DIAGNÓSTICO ATUAL DA GERAÇÃO E COLETA DE RESÍDUOS

SÓLIDOS DE MEIOS DE HOSPEDAGEM SITUADOS NA PRAIA DO

FRANCÊS NO MUNICÍPIO DE MARECHAL DEODORO - AL

Maceió-AL 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS

SHEYLA KARINE BARBOSA DE MACÊDO DIAS

DIAGNÓSTICO ATUAL DA GERAÇÃO E COLETA DE RESÍDUOS

SÓLIDOS DE MEIOS DE HOSPEDAGEM SITUADOS NA PRAIA DO

FRANCÊS NO MUNICÍPIO DE MARECHAL DEODORO - AL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Análise de Sistemas Ambientais do Centro Universitário CESMAC, na modalidade Profissional, como requisito para obtenção do título de Mestre, sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Rogério Barbosa de Miranda.

Maceió-AL 2018

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D541d Dias, Sheyla Karine Barbosa de Macêdo

Diagnóstico atual da geração e coleta de resíduos sólidos de meios de hospedagem situados na praia do francês no Município de Marechal Deodoro - AL / Sheyla Karine Barbosa de Macêdo Dias .-- Maceió, 2018.

72 f.: il.

Dissertação (Mestrado Profissional em Análise de Sistemas Ambientais) Centro Universitário CESMAC, Maceió, AL, 2018.

Orientador: Paulo Rogério Barbosa de Miranda

1. Sustentabilidade. 2. Educação ambiental. 3. Gestão ambiental I. Miranda, Paulo Rogério Barbosa de. II. Título

CDU:502.13:628.39 Evandro Santos Cavalcante

Bibliotecário CRB-4 1700

REDE DE BIBLIOTECAS CESMAC

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus por me possibilitar forças para a condução do mesmo.

Dedico aos meus pais, Edinaldo Marques de Macêdo e Maria Barbosa de Macêdo, pois sem o apoio deles em toda minha vida acadêmica não teria conseguido concluir mais essa etapa.

Dedico aos meus filhos Vinícius Barbosa de Macêdo Dias e Guilherme Barbosa de Macêdo Dias que compreenderam minha ausência, respeitando meus isolamentos para conclusão dessa dissertação, sempre me apoiando e me dando forças para que eu vencesse essa etapa. Esse mestrado é para que vocês tomem como exemplo e saibam que as nossas conquistas precisam de muita luta.

Por fim, dedico àquele que foi o meu suporte durante cada dia dessa jornada, ao meu esposo Benedito Dias, que com toda sua paciência, parceria, amor, segurou todas as dificuldades, sendo pai e mãe de nossos filhos em muitos momentos, me incentivando a cada amanhecer para que eu realizasse esse sonho.

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AGRADECIMENTOS

A minha mãe, Maria Barbosa, que além de avó fez o papel de mãe dos meus filhos, cuidando deles para que eu alcançasse meu sonho, serei eternamente grata e sei que consegui porque tive o seu apoio.

Ao Instituto Federal de Alagoas por me proporcionar esse sonho e que agora eu possa contribuir ainda mais com essa instituição da qual tenho grande orgulho de fazer parte.

A todos que fazem o Campus Marechal Deodoro, por contribuírem de forma direta ou indireta para a realização dessa conquista.

Ao meu orientador Professor Dr. Paulo Rogério Barbosa de Miranda, a quem hoje admiro como profissional e amigo, pois com sua tranquilidade, competência e inteligência, me deu todo o apoio necessário para a condução de cada etapa desse trabalho.

A todos os professores do Programa do Mestrado Profissional em Análise de Sistemas Ambientais do Centro Universitário Cesmac, que partilharam seus conhecimentos, contribuído de forma efetiva com o meu crescimento profissional.

Aos membros da banca examinadora que contribuíram para o enriquecimento deste trabalho.

As bolsistas do PSIC/Mestrado Yasmin, Anaynne, Clara, Poliana, Mônica e Renata, obrigada por todo apoio dado para a realização da pesquisa.

Aos proprietários de meios de hospedagem da Praia do Francês que participaram da pesquisa, obrigada pela atenção e disponibilidade para informação de dados relevantes para o desenvolvimento desse estudo.

Aos funcionários do mestrado que sempre buscavam atender todas as nossas solicitações, sempre com muita gentileza e eficiência.

A todos os meus amigos do mestrado que tornaram esses dias mais fáceis, pois fomos parceiros em cada etapa, sentirei muita saudade de todos.

A Morgana, Joaquim e Jackson, amigos de longa data, que partilharam comigo momentos inesquecíveis nessa aventura em busca do conhecimento.

Aos meus irmãos (Leyla, Sérgio, Lhesley e Keyla) pelo incentivo constante e em especial a minha irmã Keyla, que com tamanha disponibilidade cedeu seu notebook para eu concluir essa dissertação, depois que o meu deu uma pane na reta final do mestrado.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- . Mapa de Localização das Regiões para Elaboração dos Planos

Intermunicipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Estado de Alagoas.... 24

Figura 2- Mapa da localização de hotéis e pousadas cadastrados no CADASTUR na Praia do Francês em Marechal Deodoro-AL ... 34

Figura 3- Composteira em um meio de hospedagem da Praia do Francês ... 39

Figura 4-- Lixeiras em área comum ... 42

Figura 5- Lixeiras em área de lazer ... 43

Figura 6- Embalagens plásticas separadas em um meio de hospedagem ... 43

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Disposição final dos RSU coletados por regiões (%) ... 22 Gráfico 2- Quantidade de municípios com iniciativas de coletiva seletiva nos anos de

2015 e 2016. ... 23

Gráfico 3- Distribuição dos estabelecimentos de hospedagem pesquisados na Praia

do Francês, por grupos de unidades habitacionais. ... 35

Gráfico 4- Distribuição dos estabelecimentos de hospedagem, por grupos de

unidades habitacionais - Brasil - 2016 ... 36

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Requisitos de sustentabilidade ... 26 Quadro 2- Principais características de cada estabelecimento pesquisado ... 37

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Destino dos resíduos sólidos urbanos nos Estados Unidos entre os anos

de 1960 e 2014 ... 19

Tabela 2- Estimativa de geração de RSU em função da população projetada ... 24

Tabela 3- Caracterização gravimétrica Brasil e Marechal Deodoro ... 25

Tabela 4- Percentual de leitos por estabelecimento ... 36

Tabela 5- Tipos de resíduos gerados pelos estabelecimentos analisados. ... 38

Tabela 6- Geração de resíduos diárias por estabelecimento ... 40

Tabela 7- Política para minimização da geração de resíduos ... 40

Tabela 8- Existência de PGRS no estabelecimento ... 41

Tabela 9- Presença de lixeiras seletivas nos estabelecimentos ... 42

Tabela 10- Armazenamento externo dos resíduos ... 45

Tabela 11- Transporte e coleta de resíduos ... 46

Tabela 12- Ações aplicadas pelos meios de hospedagem pesquisados ... 47

Tabela 13- Papel dos órgãos públicos em relação aos resíduos ... 48

Tabela 14- Conhecimento sobre sustentabilidade... 51

Tabela 15- Treinamento de funcionários e conscientização de hóspedes. ... 52

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LISTA DE SIGLAS

ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais

CADASTUR - Cadastro do Ministério do Turismo

COOPMAR - Cooperativa dos Catadores de Marechal Deodoro EPA - Environmental Protection Agency

IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional MTUR - Ministério do Turismo

ONU - Organização das Nações Unidas

PGRS - Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

PIGIRS - Plano Intermunicipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos

RSU - Resíduos Sólidos Urbanos

SBCLASS - Sistema Brasileiro de Classificação dos Meios de Hospedagem SEMARH - Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos TCLE - Termo de Consentimento Livre Esclarecido

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RESUMO

Em função da sua natureza heterogênea, os resíduos podem causar impactos durante todo seu ciclo de vida, tornando-se assim, uma das maiores problemáticas ambientais para a administração pública e privada. Esta pesquisa, analisou a gestão de resíduos sólidos em pousadas e hotéis de pequeno porte da praia do Francês em Marechal Deodoro, buscando identificar os níveis de conhecimento sobre as atividades de gestão ambiental e percepção ambiental dos gestores dos meios de hospedagem. A pesquisa teve caráter qualitativo e quantitativo e para sua realização foram realizadas entrevistas com gestores dos meios de hospedagem, aplicação de formulários e preenchimento do diário de campo com todas as percepções obtidas após a realização das visitas. A amostra teve caráter não probabilístico por conveniência e para definição da mesma foram estabelecidos três critérios: cadastro atualizado no Ministério do Turismo, meios de hospedagem com no máximo 30 unidades habitacionais e interesse dos gestores em participar da pesquisa. Após o levantamento, foi constatado que 22 estabelecimentos estavam aptos, no entanto três não demonstraram interesse. Os formulários foram aplicados aos gestores durante os meses de julho e outubro de 2017. Baseado nos resultados obtidos, pode-se afirmar que o desconhecimento de formas adequadas de gerenciamento, bem como o desinteresse por parte de alguns gestores podem comprometer o desenvolvimento ambientalmente correto do local. Ações simples como separação do lixo e treinamento dos funcionários sobre questões ambientais, ainda não são realizadas por mais de 70% dos empreendimentos pesquisados. É importante também destacar que mais de 80% deles não possuem nenhuma política para minimização da geração de resíduos em seus empreendimentos. Portanto, existe na área uma necessidade real de trabalhos voltados para educação ambiental envolvendo todo o trade turístico, para que sejam despertadas uma maior consciência sobre o ambiente para este setor, pois assim, tanto o empreendimento, como a sociedade e o meio serão beneficiados.

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ABSTRACT

Due to its heterogeneous nature, solid waste are capable to provoke economic, environmental, health, aesthetic and social impacts during its life cycle, making it one of the major environmental problems for public or private administration. This work studies the solid waste management in small hotels of the Francês beach in Marechal Deodoro, as well as identifying the levels of knowledge about environmental management activities and the environmental perception of the managers of these small hotels. The research had a quali-quantitative profile, interviews with structured and semi-structured questions were also carried out with managers/employees of small hotels and a field diary with all the perceptions after the visits in each establishment. The sample had a non-probabilistic convenience profile with three criteria: updated register on Tourism Ministry, small hotels with at most 30 rooms and interest in participating of the research. It was seen that only 22 establishments was suitable, however, three hotels did not show interest in participating. The forms were applied to the managers during the months of July and October of 2017. In according with the obtained results, it can be possilble to affirm that the lack of appropriate ways of management, as well as the lack of interest by the managers may compromise the environmentally correct development of the region. Simple actions like waste selective waste collection and employee training and development about ambiental issues, did not yet performed by 70% of the small

hotels of Francês Beach. It is also important to highlight out that more than 80% of

them have no policies to minimizing the generation of waste in their establishments. Therefore, there is a real need in the area of environmental education works involving all the tourist trade, to be awakened a greater awareness about the environment for this sector, since both establishments, society and the environment will benefit.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ... 13

1INTRODUÇÃO ... 15

2FUNDAMENTAÇÃOTEÓRICAEMETODOLÓGICA ... 18

2.1.GERAÇÃOEGESTÃODERESÍDUOSNOMUNDO ... 18

2.2.BRASILEAPOLÍTICANACIONALDERESÍDUOSSÓLIDOS ... 19

2.2.1-RESÍDUOSEMALAGOAS ... 23

2.2.2TURISMOESUSTENTABILIDADE ... 25

2.3.ESTUDOSSOBREASUSTENTABILIDADEEMMEIOSDEHOSPEDAGEM ... 27

3MATERIALEMÉTODO ... 30

3.1.TIPODEESTUDO ... 30

3.1.1.PRIMEIRA ETAPA METODÓLOGICA –FASE EXPLORATÓRIA ... 30

3.1.2.SEGUNDA ETAPA METODÓLOGICA –TRABALHO DE CAMPO ... 31

3.1.3.TERCEIRA ETAPA METODÓLOGICA –ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 32

3.2.AMOSTRA ... 32

3.3.CARACTERIZAÇÃODAÁREA ... 33

4RESULTADOSEDISCUSSÃO ... 35

4.1.CARACTERIZAÇÃODOSESTABELECIMENTOS ... 35

4.2DADOSTABULADOSDOSFORMULÁRIOS ... 38

4.2.1GERAÇÃODERESÍDUOS ... 38

4.2.2.GERENCIAMENTODERESÍDUOSNOSMEIOSDEHOSPEDAGEM ... 41

4.2.3PAPELDOPODERPÚBLICO ... 48

4.2.4USOSUSTENTÁVELDOSRECURSOSNATURAISEVISÃOSUSTENTÁVEL 49 4.3OQUEPODESERFEITO? ... 53

5CONSIDERAÇÕESFINAIS ... 55

6REFERÊNCIAS ... 57

APÊNDICE1–QUESTIONÁRIO APLICADO AOS GESTORES DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM. . 62

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APRESENTAÇÃO

A questão ambiental ganha destaque na atualidade através dos inúmeros problemas que estão surgindo diante do uso inadequado dos recursos naturais. Algumas temáticas se sobressaem devido à proporcionalidade dos problemas, tais como: aquecimento global, desmatamento, geração de resíduos, entre outros. Mas devemos discutir a questão de forma geral e específica, como por exemplo analisando os problemas relacionados aos resíduos, fica clara a necessidade de estudos específicos para cada tipo de resíduo e sua destinação.

Vivemos em uma sociedade consumista, que aliada ao crescimento populacional e a melhoria do poder aquisitivo de alguns grupos, contribuem significativamente para o aumento da produção de resíduos diários, que muitas vezes não tem o descarte adequado.

Em cidades turísticas, a manutenção do espaço natural deve ser prioridade, pois o turismo contribui para a economia local e depende da beleza natural do local e para geração de empregos na própria comunidade.

Como pensar na manutenção desses espaços? Qual o papel dos meios de hospedagem para a conservação ambiental desses destinos? Como contribuir para que os impactos negativos sejam mitigados? Essas questões precisam ser discutidas e analisadas. Neste trabalho procura-se compreender como os gestores contribuem ou não para a melhor adequação da produção e destinação de seus resíduos sólidos na Praia do Francês que está inserida no histórico município de Marechal Deodoro.

Para melhor compreensão dessa dissertação, dividiu-se em capítulos que serão apresentados a seguir:

O primeiro capítulo compreende a introdução e traz uma abordagem sobre a temática e seus objetivos, levando ao leitor a compreender o contexto do trabalho.

No segundo capítulo encontra-se a fundamentação teórica do trabalho, onde são apresentados conceitos fundamentais para compreensão do mesmo. Neste capítulo também são demonstrados alguns exemplos de gestão dos resíduos no Brasil e no mundo, bem como alguns estudos relacionados ao tema.

O terceiro capítulo concentra toda a metodologia da pesquisa, levando em consideração todas as etapas metodológicas utilizadas para o desenvolvimento da mesma, assim como a caracterização da área de estudo e da amostra.

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O quarto capítulo apresenta os resultados e discussões que foram obtidos após a aplicação das etapas metodológicas. Nesta etapa as análises foram feitas analisando-se todo o conjunto de informações obtidas durante o trabalho de campo.

Por fim, o quinto e último capítulo apresenta as considerações finais da pesquisa, que poderão contribuir para o desenvolvimento de novos trabalhos na área.

Dessa forma, espera-se que o trabalho venha a contribuir para o desenvolvimento local do município, buscando-se as soluções para os problemas encontrados através de uma responsabilidade compartilhada, que é tão preconizada na Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS.

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1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas o consumismo exagerado associado ao crescimento populacional, tem levado à sociedade a explorar de forma mais intensa os recursos naturais e consequentemente vem intensificando os impactos ambientais causados pela enorme quantidade de resíduos gerados. Felix e Santos (2013) destacam que em decorrência dos diversos problemas ambientais, o conceito de sustentabilidade deve estar presente no contexto da cadeia de produção, buscando alternativas mais eficientes para minimizar impactos e sensibilizar a sociedade.

Atualmente o setor turístico é um grande gerador de resíduos, devido à grande mobilidade de pessoas que fazem uso de diversos equipamentos turísticos diariamente. Kushano e Meira (2017) ainda reforçam que os meios de hospedagem são grandes geradores de efluentes, consumidores de energia, de insumos e outros recursos naturais na composição de seus produtos e serviços.

Segundo De Conto, Corrêa e Zaro (2013), a geração de resíduos sólidos vem se tornando um problema cada vez maior nos empreendimentos turísticos, tornando-se importante o detornando-senvolvimento de programas de gerenciamento integrado destornando-ses resíduos. Na atualidade alguns meios de hospedagem estão despertando para a variável ambiental, essa preocupação, muitas vezes, se deve mais por uma variável competitiva do que por uma preocupação dos impactos causados ao ambiente (TÖPKE, VIDAL E SOARES, 2011).

A Política Nacional de Resíduos Sólidos-PNRS (2010) é a lei federal que rege a questão dos resíduos na atualidade e cobra que os estados e municípios também implementem suas legislações, pois é papel do Estado aplicá-las da maneira devida. A importância do setor turístico também é percebida na PNRS quando a mesma torna obrigatório que sejam determinadas as diretrizes para o planejamento e demais atividades de gestão de resíduos para as áreas de especial interesse turístico. E nesse sentido, a rede hoteleira precisa se adequar em relação ao gerenciamento de seus resíduos.

Silva e Oliveira (2015) definem que a gestão de resíduos sólidos é um conjunto de atitudes (comportamento, procedimento, propósitos) e tem como objetivo principal a minimização dos impactos ambientais, relacionados à produção e a destinação do lixo. Dessa forma, o planejamento ambiental é um importante agente e tem o papel de orientar os instrumentos metodológicos, administrativos,

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legislativos e de gestão para o desenvolvimento de atividades num determinado espaço e tempo. Além disso, ele incentiva a participação ativa dos cidadãos, induzindo as relações mais estreitas entre sociedade e autoridades locais e regionais.

O gerenciamento de resíduos sólidos urbanos deve ser integrado, ou seja, deve englobar etapas articuladas entre si, desde a não geração até a disposição final, com atividades compatíveis com as dos demais sistemas do saneamento ambiental, sendo essencial a participação ativa e cooperativa do governo, da iniciativa privada e da sociedade civil organizada (ZANTA; FERREIRA, 2003).

A disposição final de resíduos é uma das etapas do processo de gestão mais preocupante, visto que ainda existem muitos municípios utilizando valas e lixões a céu aberto. A disposição inadequada de resíduos pode resultar na contaminação de solo e recursos e hídricos, atrair vetores de doenças (ratos, moscas, mosquitos, etc), fatores que aumentam ainda mais negativamente os indicadores relacionados à saúde pública (SEABRA; GALLEP; GONÇALVES, 2016).

O setor de turismo tem um papel significativo no crescimento da economia de Alagoas, pois influencia diretamente na geração de emprego e renda, contribuindo para o desenvolvimento econômico do estado. No entanto, para que ele contribua com uma região, é necessário um planejamento adequado, pois dessa forma gerará impactos positivos para o deselvovimento local. (ALAGOAS, 2015b).

Detentor de importantes pontos turísticos alagoanos, o município de Marechal Deodoro encanta a todos com belas praias como a Praia do Francês e a Praia do Saco, o Pólo Gastronômico da Massagueira e ainda um centro histórico tombado, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), por ter sediado a primeira capital de Alagoas e por ser a cidade natal do proclamador da república brasileira.

Para o desenvolvimento da pesquisa foram realizadas entrevistas com gestores dos meios de hospedagem ou funcionários designados pelo mesmo, com aplicação de formulários com perguntas estruturadas e semi-estruturadas, assim como o preenchimento do diário de campo com todas as percepções das visitas realizadas.

O objetivo geral dessa dissertação foi diagnosticar a situação atual da gestão de resíduos sólidos na rede hoteleira da Praia do Francês no município de Marechal Deodoro-AL, tendo como objetivos específicos levantar dados sobre a disposição de

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resíduos dos meios de hospedagem, verificar a atuação das instituições públicas sobre a fiscalização do descarte dos resíduos na área, averiguar as ações do setor hoteleiro sobre a gerência dos resíduos em seus estabelecimentos e por fim, analisar o grau de interesse dos gestores dos meios de hospedagem em relação as questões ambientais.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA

2.1. GERAÇÃO E GESTÃO DE RESÍDUOS NO MUNDO

O crescimento populacional associado ao aumento do consumismo no mundo gera uma sobrecarga aos recursos naturais que vão desde o uso excessivo desses recursos, a destinação dos resíduos gerados. Dias (2012) alerta sobre a desarticulação, fragmentação das políticas públicas relacionadas aos resíduos, esquecendo-se da visão sistêmica do problema, com suas causas e consequências, dificultando assim as soluções para o problema.

A Organização das Nacões Unidas (ONU) estima que até 2020 o volume de resíduos gerados anualmente chegue a 18 bilhões de toneladas (DIAS, 2012). No Brasil, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), constatou que o Brasil gerou 78,3 milhões de toneladas de resíduos no ano de 2016. No entanto, desses resíduos, apenas 91% foram coletados, ou seja, sete milhões de toneladas tiveram destino impróprio (ABRELPE, 2016).

Mannarino, Ferreira e Gandolla (2016) demonstram que a Europa vem buscando alternativas para minização do descarte de resíduos, pois além da legislação, alguns países utilizam instrumentos econômicos como, por exemplo, o princípio da causalidade que atribui responsabilidades ao gerador pelos resíduos gerados, cobrando-se uma taxa por cada saco de lixo gerado. Os resíduos recicláveis podem ser recolhidos sem cobrança de taxa adicional desde que colocados em containeres localizados em espaços públicos ou entregues em estabelecimentos comerciais.

Um exemplo de sucesso em relação à gestão de resíduos ocorre na Alemanha que em 1994 aprovou a Lei de Gestão dos Resíduos e do Ciclo Fechado de Substâncias, com o objetivo principal de aumentar a recuperação de materiais, a partir da sua reutilização, reinserção no ciclo produtivo e geração de energia. Segundo o Programa Cidades Sustentáveis (2013), até 2020, o governo alemão pretende eliminar a necessidade de envio dos resíduos sólidos urbanos aos aterros sanitários.

A gestão de resíduos sólidos nos Estados Unidos basea-se no funcionamento de uma agência reguladora nacional regida por uma legislação federal, a Agência de

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Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency - EPA), que é responsável por estabelecer os padrões nacionais para a gestão dos resíduos, o monitoramento e a fiscalização dos estados americanos (JUCÁ et al., 2014). Observando-se os dados da EPA (2016) apresentados na Tabela 1, constata-se que em mais de 50 anos os Estados Unidos vêm evoluindo de forma lenta em relação ao tratamento e destinação final de seus Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), destinando mais de 50 % de seus resíduos para aterros sanitários.

Tabela 1. Destino dos resíduos sólidos urbanos nos Estados Unidos entre os anos de 1960 e 2014 Percentual de Geração de Resíduos (%)

1960 1970 1980 1990 2000 2005 2010 2012 2013 2014 Geração 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Reciclagem 6,4 6,6 9,6 14,0 21,8 23,3 26,0 26,0 25,5 25,7 Compostagem - - - 2,0 6,7 8,1 8,0 8,5 8,8 8,9 Incineração (produção de energia) 0,0 0,3 1,8 14,2 13,9 12,5 11,7 12,9 13,0 12,8 Deposição em aterros sanitários 93,6 93,1 88,6 69,8 57,6 56,1 54,3 52,6 52,7 52,6

Fonte: Adaptado de EPA(2016)

O Japão vem diminuindo a sua geração de resíduos na última década, em 2009, a geração de RSU foi de cerca de 46,25 milhões de toneladas, com a taxa de geração de 0,99 kg/hab/dia. Essa redução é resultado da execução bem-sucedida de uma série de leis e marcos regulatórios que associam as estratégias nacionais para os 3R’s (reduzir, reutilizar, reciclar). A tecnologia da incineração no país do Sol Nascente é o principal tratamento de RSU utilizado nos últimos anos. Reduzindo o volume total de resíduos destinados ao aterro sanitário, mas onerosa. Já os aterros sanitários são utilizados para a disposição de resíduos não inflamáveis e resíduos após tratamento intermediário, como as cinzas de incineradores (JUCÁ et al. 2014).

2.2.BRASILEAPOLÍTICANACIONALDERESÍDUOSSÓLIDOS

A Lei 12.305/2010 conhecida como PNRS institui no Brasil uma nova visão sobre os resíduos, incentivando a não geração do mesmo, mas isso não sendo possível, exigindo que seja realizado o decarte correto.

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material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (BRASIL, 2010).

A PNRS classifica os resíduos sólidos quanto a origem e a periculosidade, conforme apresentados a seguir (BRASIL, 2010):

I – Quanto a origem:

a) Resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas;

b) Resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;

c) Resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas "a" e "b";

d) Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas "b", "e", "g", "h" e "j"; e) Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea "c";

f) Resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais;

g) Resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;

h) Resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis;

i) Resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades;

j) Resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;

k) Resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios;

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II - Quanto a periculosidade:

• Resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica;

• Resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea "a".

Estabelece ainda que o gerenciamento de resíduos sólidos deve compreender:

o conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei. (BRASIL, 2010).

A referida lei enfatiza que a gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada na seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

Jacobi e Besen (2011) chamam atenção para o fato que a nova legislação obriga a criação e a implementação de um Plano de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos (PGRS) para os meios de hospedagem, não pela periculosidade seus resíduos gerados, mas sim pela quantidade e volume de resíduos produzidos.

Quanto aos municípios, mesmo com realidades diferentes de investimentos, eles precisam se adequar a PNRS, que entre outras cobranças, exige que os munícipios realizem a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos e que seja feita a implantação da coleta seletiva (MANNARINO, FERREIRA E GANDOLLA, 2016). Para Andrade e Ferreira (2011), no Brasil, os principais obstáculos para que seja estabelecida uma gestão adequada de resíduos sólidos urbanos, estão relacionados aos escassos recursos financeiros e a falta de prioridade para questões ligadas ao saneamento.

No Brasil, a disposição final de resíduos sólidos distribui-se de forma bastante heterogênea entre as regiões do país. Segundo dados da ABRELPE demonstrados

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no gráfico 1, em 2016 as regiões Sudeste e Sul destinaram mais de 70% dos seus resíduos coletados para os aterros sanitários, enquanto que nas outras regiões do país esse percentual não atingiu 40% dos resíduos. Os lixões ainda se configuram como uma realidade principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde índice atingiu mais de 30% da destinação dos resíduos coletados (ABRELPE, 2017).

Gráfico 1. Disposição final dos RSU coletados por regiões (%)

Fonte: Adaptado de ABRELPE (2017)

A erradicação dos lixões municipais é uma obrigação imposta pela PNRS, que determina que até o ano de 2021 todos eles estejam extintos. Alagoas vem avançando nessa perspectiva, segundo informações divulgadas em março do ano de 2018, pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), dos 102 municípios alagoanos, 50 já fecharam seus lixões (SANTANA, 2018).

Segundo dados da ABRELPE (2017), no ano de 2016, cerca de 3.878 dos 5570 municípios brasileiros apresentavam alguma iniciativa de coleta seletiva; mas esse dado não retrata uma totalidade da área urbana desses municípios e demonstra que o crecimento desse tipo de atividade ainda é incipiente, destacando-se as regiões Sudeste e Sul nesdestacando-se tipo de iniciativa (gráfico 2).

35,6% 35,4% 70,6% 72,7% 30,3% 33,0% 29,9% 18,4% 17,3% 48,1% 31,4% 34,7% 11,0% 10,0% 21,6% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

REGIÃO NORDESTE REGIÃO NORTE REGIÃO SUL REGIÃO SUDESTE REGIÃO CENTRO-OESTE ATERRO SANITÁRIO ATERRO CONTROLADO LIXÃO

(25)

Gráfico 2. Quantidade de municípios com iniciativas de coletiva seletiva nos anos de 2015 e 2016.

Fonte: Autora (2017) com dados da ABRELPE (2017).

2.2.1- RESÍDUOS EM ALAGOAS

A Lei Nº 7749 de 13 de outubro de 2015, dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos e Inclusão Produtiva do Estado de Alagoas e dispõe no parágrafo 1º do Art. 4º que deverá ocorrer o incentivo à criação e desenvolvimento dos consórcios públicos regionais, conforme Plano de Regionalização de Resíduos Sólidos do Estado de Alagoas e suas adequações (ALAGOAS, 2015).

O Estado de Alagoas foi subdivididido em sete regiões para elaboração dos Planos Intermunicipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PIGIRS). O município de Marechal Deoro ficou inserido na Região Metropolitana Alagoana que é composta também pelos municípios de Barra de Santo Antônio, Coqueiro Seco, Messias, Paripueira, Pilar, Rio Largo, Santa Luzia do Norte e Satuba, conforme pode ser visualizado na figura 1.

258 884 200 1450 1067 263 889 202 1454 1070 0 400 800 1200 1600

NORTE NORDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL

TO TA L D E M U NICÍ P IO S REGIÕES BRASILEIRAS 2015 2016

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Figura 1- . Mapa de Localização das Regiões para Elaboração dos Planos Intermunicipais de Gestão

Integrada de Resíduos Sólidos do Estado de Alagoas.

Fonte:Floram (2015)

Disponível em: http://www.residuossolidos.al.gov.br/vgmidia/arquivos/206_ext_arquivo.pdf

O PIGIRS da Região Metropolitana projetou uma estimativa da geração per capta de resíduos sólidos urbanos na região para um período de 20 anos (entre os anos de 2016 e 2035). Os resultados apresentados na tabela 2, mostram um aumento estimado de aproximadamente 30% em 30 anos para o município de Marechal Deodoro, que atualmente é o segundo maior gerador de resíduos da Região Metropolitana (ALAGOAS, 2015).

Tabela 2. Estimativa de geração de RSU em função da população projetada

Município Ano

População urbana projetada

(hab.)

Taxa de geração per capita de resíduos (kg/hab./ dia) Geração de resíduos estimada (t/dia) Marechal Deodoro 2016 49.852 0,65 32,40 2035 62.034 0,69 42,80

Fonte: Adaptada de FLORAM (2015); 2 ‐ SEMARH (2011)

Disponível em: http://www.residuossolidos.al.gov.br/vgmidia/arquivos/287_ext_arquivo.pdf

Marechal Deodoro em 2015, apresentou uma composição gravimétrica de seus resíduos semelhante á média nacional (tabela 3), apenas em relação à matéria

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orgânica, esse valor se apresentou de forma inferior a média nacional (ALAGOAS, 2016).

Tabela 3. Caracterização gravimétrica Brasil e Marechal Deodoro

Município Matéria Orgânica (%) Papel/Papelão (%) Metal (%) Plástico (%) Vidro (%) Outro s (%) Brasil 51,4 13,1 2,9 13,5 2,4 16,7 Marechal Deodoro 39,23 12,18 2,64 17,62 3,57 24,77

Fonte: Adaptado de FLORAM (2015)

Disponível em: http://www.residuossolidos.al.gov.br/vgmidia/arquivos/287_ext_arquivo.pdf

No município 39,23% do que é descartado provem da matéria orgânica e mais de 60% do total dos resíduos corresponde a materiais que poderiam ser reaproveitados e/ou reciclados.

2.2.2 TURISMO E SUSTENTABILIDADE

O turismo no Brasil vem crescendo consideravelmente nos últimos anos, contribuindo significativamente para o aumento do número de meios de hospedagem.

São considerados meios de hospedagem segundo o artigo 23 da Lei nº 11.771/2008:

“os empreendimentos ou estabelecimentos, independentemente de sua forma de constituição, destinados a prestar serviços de alojamento temporário, ofertados em unidades de freqüência individual e de uso exclusivo do hóspede, bem como outros serviços necessários aos usuários, denominados de serviços de hospedagem, mediante adoção de instrumento contratual, tácito ou expresso, e cobrança de diária”.

Para o Ministério do Turismo, “hotel é um estabelecimento com serviço de recepção, alojamento temporário, com ou sem alimentação, ofertados em unidades individuais e de uso exclusivo do hóspede, mediante cobrança de diária” (MTUR, 2010b). Já a pousada é um “empreendimento de característica horizontal, composto de até 30 unidades habitacionais e 90 leitos, com serviços de recepção, alimentação e alojamento temporário, podendo ser em um prédio único com até três pavimentos, ou contar com chalés ou bangalôs” (MTUR, 2010c).

(28)

Esse aumento no número de meios de hospedagem proporciona uma maior geração de resíduos das áreas receptivas. Santos e Cândido (2015) reforçam que esse crescimento requer uma política de gestão dos resíduos sólidos bem definida. O turismo é um fenômeno complexo que gera impacto ao meio ambiente e as culturas autóctones e eventualmente, caso ocorra de forma não planejada, é capaz de gerar pobreza e exclusão (SPERB E TELLES, 2014).

Lamas (2012), destaca a que o turismo foi também impulsionado a alterar suas atividades predatórias, devido ao seu papel social, em busca de sua própria manuntenção. E coube a hotelaria o pioneirismo na busca dessas adequações.

A proporção de resíduos gerados nestes estabelecimentos é fator preoucupante na atualidade, tendo em vista que até pouco tempo atrás o turismo era considerado uma indústria sem chaminés e hoje precisa ser bem planejado para que não cause impacto ambiental a comunidade, garantindo a sobrevivência dos negócios dependentes dessa atividade (CARVALHO, NAIME E BLANCO, 2009).

A utilização do termo sustentabilidade é relativamente nova no meio empresarial, pois essa terminologia sempre esteve mais relacionada ao contexto ecológico, porém hoje, este termo já é muito utilizado por empresas que buscam atender a legislação ambiental e que possuem uma visão mais ambientalmente responsável (AGUSTINHO E VELOSO, 2017).

O Ministério do Turismo também entende a importância da sustentabilidade para a manutenção dos ambientes turísticos e apresenta 14 requisitos (quadro 1) necessários sobre este tema na classificação dos meios de hospedagem pelo Sistema Brasileiro de Classificação (SBCLASS). São eles:

Quadro 1. Requisitos de sustentabilidade

1) Medidas permanentes para redução do consumo de energia elétrica 2) Medidas permanentes para redução do consumo de água

3) Medidas permanentes para o gerenciamento dos resíduos sólidos, com foco na redução, reuso e reciclagem

4) Monitoramento das expectativas e impressões do hóspede em relação aos serviços ofertados, incluindo meios para pesquisar opiniões, reclamações e solucioná-las 5) Programa de treinamento para empregados

6) Medidas permanentes de seleção de fornecedores (critérios ambientais, socioculturais e econômicos) para promover a sustentabilidade

7) Medidas permanentes de sensibilização para os hóspedes em relação à sustentabilidade 8) Medidas permanentes para valorizar a cultura local

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Fonte: Adaptado de Ministério do Turismo(2011)

No entanto essas medidas só precisam ser adotadas pelos meios de hospedagem que fazem ou pretendem fazer parte do SBCLASS. Pois esse cadastro não é obrigatório e determina o número de estrelas que um meio de hospedagem poderá obter de acordo com os requisitos atendidos.

2.3. ESTUDOS SOBRE A SUSTENTABILIDADE EM MEIOS DE HOSPEDAGEM

Estudos relacionados à gestão de resíduos nos meios de hospedagem são importantes para a compreensão das realidades locais, de forma a poder contribuir para a implantação de políticas públicas específicas para o beneficiamento de todo

trade turístico.

Lamas (2012) analisou as informações de gestores hoteleiros cariocas para com a dimensão ambiental na hotelaria. Os resultados demonstraram iniciativas isoladas do setor hoteleiro, ainda incipientes, mostrando que as ações estão diretamente condicionadas aos interesses, conhecimentos, liberdade de atuação e recursos dos gestores hoteleiros.

Souza e Euzébio (2013) realizaram um estudo para analisar as práticas de gestão ambiental adotadas pelos hotéis portugueses e constataram que a maioria dos hotéis implantam medidas esporádicas de gestão ambiental relacionadas a energia, água e a gestão de resíduos sólidos, mas apenas cerca de 40% adotam uma política de gestão ambiental formal.

Reis e Alves (2014) analisaram informações referentes à relação de gestores e funcionários com o meio ambiente. A coleta de dados da pesquisa ocorreu em onze meios de hospedagem localizados no município de Boa Vista, Roraima, Brasil. Na pesquisa foi constatado que o grupo dos gestores apresentou inclinações para um comportamento mais consciente sobre as questões ambientais. Já o grupo dos

10) Medidas permanentes para geração de trabalho e renda, para a comunidade local 11) Medidas permanentes para promover produção associada ao turismo

12) Medidas permanentes para minimizar a emissão de ruídos das instalações, maquinário e equipamentos, das atividades de lazer e entretenimento de modo a não perturbar o ambiente natural, o conforto dos hóspedes e a comunidade local

13) Medidas permanentes para tratamento de efluentes

14) Medidas permanentes para minimizar a emissão de gases e odores provenientes de veículos, instalações e equipamentos.

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funcionários não mostrou muito conhecimento. Ao relacionarem os resultados obtidos concluiram sobre inconsistências entre o discurso dos sujeitos e a ações ambientais implantadas na rotina dos meios de hospedagem.

Sperb e Telles (2014) analisaram a gestão dos resíduos sólidos realizada pelos meios de hospedagem e pelo setor público e verificaram a opinião dos empreendedores privados sobre o tratamento dado a esses resíduos na Ilha do Mel (PR). Os resultados indicaram que muitas das ações de tratamento e destinação dos resíduos sólidos acontecem, em geral, pelo livre arbítrio dos proprietários. Em relação ao setor público, foi verificada ausência de estruturas físicas adequadas para a gestão dos resíduos sólidos, assim como de critérios claros para o tratamento e destinação destes resíduos e a falta de orientações efetivas aos empresários.

Corrêa et al. (2014) fizeram um diagnóstico ambiental em um meio de hospedagem no Sul do Brasil e verificaram que o estabelecimento possuía ações de gestão ambiental ainda na sua concepção e construção, como a utilização de painéis solares para aquecimento de água. No entanto os colaboradores deste estabelecimento, encarregados do manejo direto dos resíduos sólidos não possuíam capacitação para tal função. Eles concluíram que iniciativas, como a eficiência energética, contribuem para o avanço da sustentabilidade ambiental, contudo, outros aspectos, como o gerenciamento dos resíduos, necessitam de reformulação, visando a melhoria contínua do processo de gestão ambiental no estabelecimento.

Peruchinn et al. (2015), realizaram um estudo para identificar os principais fatores que determinam a geração dos resíduos em um hotel voltado para o turismo de negócios localizado no sul do Brasil. Os resultados obtidos comprovaram que os resíduos gerados em maior quantidade é a matéria orgânica putrescível e que uma grande parcela da totalidade de resíduos gerados pode ser destinada para a reciclagem.

Santos e Cândido (2015) analisaram a geração e o manejo dos resíduos sólidos resultantes das atividades turísticas de Porto de Galinhas - PE. Os principais resultados da pesquisa apontaram que as atividades turísticas de Porto de Galinhas resultam em uma elevada quantidade de resíduos sólidos, que são direcionados para locais inadequados. Embora o destino apresente uma associação de matériais recicláveis - a RECICLE - ela não reaproveita uma quantidade significativa, devido à proporção de resíduos gerados.

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Mbasera et al. (2016) realizaram um estudo para determinar as práticas ambientalmente adequadas em hotéis no Zimbábue e na África do Sul, buscando identificar as ações que os hotéis estão fazendo para a mitigação dos efeitos ambientais negativos nesses dois países. Com a pesquisa concluíram que atualmente, não existem políticas de gerenciamento verde, embora alguns hotéis se envolvam em algumas práticas ambientalmente corretas. Alguns gerentes de hotéis não implementam iniciativas de gerenciamento verde para mitigar os problemas ambientais decorrentes das operações do hotel, demonstrando que ainda existe uma grande lacuna na conscientização dos gerentes, reforçando a necessidade de formação para uma maior conscientização.

Abdulredha et al. (2017) realizaram um estudo com 150 gerentes de hotéis da cidade de Kerbala localizada no Iraque, com o objetivo de investigar o conhecimento e interesse desses gestores em participar de um processo de separação de resíduos durante grandes eventos religiosos na cidade. O resultado desta pesquisa indicou que os participantes têm pouco conhecimento sobre a poluição de resíduos sólidos, redução e reciclagem de resíduos e compostagem (12,7%, 15,3%, 14,0% e 7,3%, respectivamente). No entanto, aproximadamente 68% dos entrevistados estavam dispostos a participar de um programa de separação de resíduos e reciclagem com o intuito de ajudar a desenvolver serviços de gestão de resíduos na cidade durante os eventos (84,3%), para melhorar a situação econômica da cidade (51,9%) e porque é sua responsabilidade (16,6%), com essas respostas ficou claro que a maioria dos entrevistados têm pouca consciência ambiental.

(32)

3. MATERIAL E MÉTODO

3.1. TIPO DE ESTUDO

A pesquisa tem caráter qualitativo e quantitativo, pois segundo Minayo (2014) a triangulação de métodos permite que o pesquisador entenda os fenômenos sociais, analisando sua regularidade e frequência, bem como suas relações, histórias, representações, pontos de vista dos sujeitos em ação.

O desenvolvimento metodológico da pesquisa foi dividido em três etapas: A primeira etapa envolveu toda a fase exploratória do trabalho, na segunda etapa foi realizado o trabalho de campo e por fim na terceira etapa foi realizada a análise e tratamento do material empírico e documental, conforme estão descritas abaixo:

3.1.1. Primeira etapa metodólogica – Fase Exploratória

Esta etapa envolveu todo o planejamento do trabalho, buscando-se conhecer a área e definir quais seriam os meios de hospedagem que participariam da pesquisa. Para definição desse critério, ficou estabelecido que fossem convidados a participar das entrevistas todos os hotéis e pousadas que estivessem legalmente regularizados no cadastro do Ministério do Turismo, entre o período de julho e outubro de 2017, período que foi realizado o trabalho de campo, os estabelecimentos também deveriam possuir até 30 unidades habitacionais(UHs) e os seus gestores deveria ter interesse em participar da pesquisa.

Para realização da pesquisa de campo, foram realizadas entrevistas com os gestores dos empreendimentos ou funcionário designado pelo mesmo para aplicação de formulários. As entrevistas são uma importante ferramenta de levantamento de informações por poder proporcionar a oportunidade de interagir com os setores responsáveis de maneira mais direta (HAGHUETTE, 2010. p.86).

Marconi e Lakatos (2003) destacam e definem o formulário como “o contato face a face entre pesquisador e informante, sendo o roteiro de perguntas preenchido pelo pesquisador no momento da entrevista”. O formulário foi idealizado com questões que permitissem conhecer a percepção do empreendedor sobre a questão ambiental, como também o cotidiano da produção de resíduos em seu estabelecimento.

(33)

A entrevista abordava sobre a disposição de resíduos no município de Marechal Deodoro (ver apêndice 1), bem como as ações realizadas por esses estabelecimentos para mitigar esses impactos ambientais negativos.

Outra técnica definida para realização da pesquisa foi a observação não participante e a elaboração do diário de campo, com o objetivo de realizar o levantamento das principais características dos estabelecimentos em relação a sua infraestrutura, atuação e conhecimento do respondente sobre a problemática dos resíduos na área.

O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética do Centro Universitário CESMAC, onde obteve aprovação em 03/07/2017 com CAEE nº 68843117.5.0000.0039, fato que possibilitou o início do trabalho de campo.

3.1.2. Segunda etapa metodólogica – Trabalho de Campo

O trabalho de campo foi realizado entre os meses de julho e outubro de 2017. Para um primeiro contato com os empreendimentos foram enviados e-mails para a gerência dos estabelecimentos, agendando uma reunião para explicar os objetivos do projeto.

No momento da reunião, foram apresentados os objetivos do projeto, mostrando que não se pretendia julgar o estabelecimento de forma individual, mas sim fazer uma análise do que estava faltando de forma coletiva e o que poderia ser feito para que fosse melhorada a gestão dos resíduos na área, gerando benefícios para a comunidade local ou visitante e ampliando a visão sustentável dos estabelecimentos turísticos.

Cada gestor ao concordar que o estabelecimento participasse da pesquisa, assinou o TCLE (Termo de Consentimento Livre Esclarecido). As entrevistas foram realizadas de acordo com o horário disponibilizado pelo proprietário e ocorreram em ambiente adequado e livre de interferências externas.

O formulário foi elaborado baseando-se em uma adaptação dos formulários aplicados por Pereira et al. (2009) e Peruchinn et al. (2015), com perguntas estruturadas e semiestruturadas, favorecendo uma maior rapidez para o desenvolvimento da entrevista. Contando com 32 perguntas, distribuídas em 21 questões que se dividiam em quatro importantes eixos de investigação, buscou-se entender como ocorria a geração de resíduo no meio de hospedagem, como era a

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atuação do poder público e qual era a visão sustentável dos gestores em relação ao uso sustentável dos recursos. Importante destacar que além dos formulários, durante as entrevistas foram realizados alguns questionamentos que não estavam previstos, mas que se tornaram importantes diante de algumas respostas.

Durante as visitas as observações eram registradas no diário de campo, permitindo uma melhor compreensão posterior dos fatos observados.

3.1.3. Terceira etapa metodólogica – Análise dos resultados

A estatística descritiva foi utilizada para realizar a tabulação dos dados obtidos dos formulários, utilizando-se o software Microsoft Office Excel 2007.

Com os resultados obtidos foi realizada a análise comparativa dos resultados, juntamente com as observações registradas no diário de campo. Esses dados foram comparados com estudos publicados em periódicos, buscando-se traçar um diagnóstico da gestão dos resíduos sólidos na praia do Francês.

3.2. AMOSTRA

Para definição da amostra foram definidos três critérios, conforme descrito a seguir:

O primeiro critério estabelecido foi que seriam escolhidos os meios de hospedagem da Praia do Francês que estivessem regularmente registrados no Cadastro do Ministério do Turismo – CADASTUR.

O Cadastur é um sistema de cadastro do Ministério do Turismo para registrar pessoas físicas e jurídicas que atuam na cadeia produtiva do turismo e que tem o objetivo de ordenar, formalizar e legalizar os prestadores de serviços turísticos no Brasil (Cadastur, 2017). Segundo a lei nº 11.771 de 2008, denominada lei do turismo, todo meio de hospedagem é obrigado a ter esse cadastro, sendo passível de multa caso não o tenha (Brasil, 2008). Entre os benefícios do cadastro pode-se citar: acesso a programas de qualificação e capacitação do Ministério do Turismo, incentivos a créditos para investimentos e visibilidade no mercado.

O segundo critério de seleção adotado foi que os estabelecimentos pesquisados tivessem no máximo até 30 unidades habitacionais (UHs). Esse critério buscou estabelecer uma uniformização entre os participantes da pesquisa.

(35)

O terceiro e último critério adotado foi o interesse do gestor em participar da pesquisa.

Após o levantamento realizado no mês de junho de 2017, foi constatado que 22 meios de hospedagem estavam aptos a participar da pesquisa. O tipo de amostra utilizado foi a não probabilística por conveniência, tendo em vista que todos os meios de hospedagem da praia do Francês do município alagoano de Marechal Deodoro registrados no CADASTUR, foram convidados a participar da mesma, 19 responderam positivamente e três não responderam a solicitação.

3.3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

O munícipio de Marechal Deodoro, está situado no litoral sul de Alagoas, nas coordenadas geográficas: 9º42’37’’S e 35°53’42’’W e apresenta uma população estimada em 2017 de 52.260 habitantes (IBGE, 2017).

O acesso a partir de Maceió é feito através das rodovias pavimentadas AL-101 Sul e pequeno trecho da AL-215, com percurso em torno de 28 Km limitando-se a norte com os municípios de Pilar, Cajueiro, Santa Luzia do Norte e Satuba, a sul com Barra de São Miguel, a leste com Coqueiro Seco e o Oceano Atlântico e a oeste com São Miguel dos Campos e Pilar.

O clima caracteriza-se de acordo com a classificação climática de Köppen como As’ (Tropical Chuvoso com verão seco). O período chuvoso começa no outono tendo início em fevereiro e término em outubro. A precipitação média anual é de 1.634.2 mm (CPRM, 2005).

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A área do estudo, localiza-se no bairro do Francês (Figura 2), onde está situada a famosa praia que deu nome ao mesmo e concentra a maior parte dos meios de hospedagem da região.

Figura 2. Mapa da localização de hotéis e pousadas cadastrados no CADASTUR na Praia do

Francês em Marechal Deodoro-AL

Fonte: Organizado pela autora (2017) com imagens disponíveis em:

http://www.wikialagoas.al.org.br/images/4/46/Mapa_brasil.jpg,

https://pt.wikipedia.org/wiki/Marechal_Deodoro_(Alagoas)#/media/File:Marechal_Deodoro.png e Google

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS

Durante as entrevistas os proprietários informaram as principais características dos meios de hospedagem pesquisados e conforme estabelelecido no TCLE os nomes desses estabelecimentos foram presevados e foram aqui representados pelo código E(n), onde n representa o número correspondente a cada participante da pesquisa.

Nos meios de hospedagem pesquisados, 57,9% dos estabelecimentos apresentavam até no máximo 19 unidades habitacionais, sendo que desse percentual a maior parte desses estabelecimentos (47,37%), possuíam entre 10 e 19 UHs. Os estabelecimentos que possuíam de 20 a 29 UHs totalizaram 31,57% dos dados da pesquisa e apenas 10,53% possuíam 30 unidades habitacionais (Gráfico 3).

Gráfico 3. Distribuição dos estabelecimentos de hospedagem pesquisados na Praia do Francês, por

grupos de unidades habitacionais.

Fonte: Autora (2017)

Conforme podemos observar no gráfico 4, essa característica é comum na realidade brasileira, tendo em vista que a maior parte dos meios de hospedagem brasileiros se concentram entre 10 e 29 UHs, representando 53,3% das unidades habitacionais ofertadas, sendo a maior parte desse total (32%) concentrada entre 10 a 19 UHs (IBGE, 2017). 10,53% 47,37% 31,57% 10,53% 00 ATÉ 9UHs DE 10 A 19 Uhs DE 20 A 29 Uhs DE 30 A 49 Uhs

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Gráfico 4. Distribuição dos estabelecimentos de hospedagem, por grupos de unidades habitacionais -

Brasil - 2016

Fonte: IBGE(2017)

Segundo dados da Pesquisa Nacional de Serviços de Hospedagem realizada em 2016, Alagoas concentra um maior número de pousadas entre os meios de hospedagem do estado, chegando a ser considerado a unidade da federação que apresenta a maior proporção relativa desse tipo de estabelecimento entre os estados brasileiros (IBGE, 2017).

A média brasileira de leitos por meio de hospedagem corresponde a 77 e em Alagoas é de 71 leitos (IBGE, 2017), no entanto, por se tratar de uma média, esse dado generaliza a informação, tendo em vista que a maior parte dos leitos disponíveis se concentram na capital, pois nos demais municípios essa disponibilidade é bem inferior, como podemos observar que na área estudada cerca de 52,6% dos estabelecimentos possuem entre 26 e 50 leitos(Tabela 4).

Tabela 4. Percentual de leitos por estabelecimento

LEITOS 1 A 25 26 A 50 51 A 75 75 A 100 101 A 125

(%) 10,5 52,6 21,1 15,8 -

Fonte: Autora (2017)

Entre os estabelecimentos pesquisados, 94,73% utilizam o serviço de buffet para servir o café da manhã e apenas 36,84% possuem room service (serviço de quarto). No quesito restaurante, apenas 26,31% dos estabelecimentos possuem esse tipo de serviço para atender as demais refeições (Quadro 2).

13,60% 32% 21,30% 17,70% 10,60% 4,80% ATÉ 9 UHs DE 10 A 19 UHs DE 20 A 29 UHs DE 30 A 49 UHs DE 50 A 99 UHs 100 OU MAIS UHs

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Quadro 2. Principais características de cada estabelecimento pesquisado E S T AB E L E CIM E NT O S UHs L E IT O S E S T ACIO N AM E NT O CAF É DA MANH Ã (BUF F E T ) RO O M S E R V IC E P IS CINA RE S T AU RANT E E(1) 17 34 X X X X X E(2) 14 50 X X X X X E(3) 9 45 X X X X X E(4) 30 84 X X X X E(5) 24 70 X X - X - E(6) 18 50 X X X X - E(7) 21 64 X X - X - E(8) 30 90 X X - X - E(9) 12 24 X - - X - E(10) 18 42 - X - - - E(11) 20 70 X X X X X E(12) 8 16 X X - X - E(13) 17 34 X X - X - E(14) 12 36 X X X X X E(15) 29 85 X X - X - E(16) 16 40 X X - X - E(17) 20 60 X X - X - E(18) 13 39 X X - X - E(19) 28 49 X X - - - Fonte: Autora, 2017

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4.2 DADOS TABULADOS DOS FORMULÁRIOS

Os dados dos formulários foram agrupados em quatro blocos de perguntas: o primeiro bloco verificava como ocorre a geração de resíduos no estabelecimento, quais os tipos que predominam e se existe alguma política de minimização desses resíduos. No segundo bloco, buscou-se entender se existia alguma política de gerenciamento nos meios de hospedagem. O terceiro bloco vericou como ocorre a atuação do poder público na visão dos gestores, e por fim, no último bloco, verificou se existe uma visão sustentável do estabelecimento sobre os recursos naturais.

4.2.1 GERAÇÃO DE RESÍDUOS

Questionados de forma subjetiva sobre a produção de resíduos em seus estabelecimentos, os proprietários identificaram a matéria orgânica residual do preparo e consumo de alimentos como a principal responsável pelo volume de resíduos, sendo o único tipo de resíduo que foi citado por todos os respondentes (Tabela 5).

Tabela 5. Tipos de resíduos gerados pelos estabelecimentos analisados. Quais são os tipos de

resíduos gerados? Frequência relativa (%) Resíduos Orgânicos 100,00 Papel Higiênico 42,11 Latinhas 36,84 Papelão 10,53 Embalagens 21,05 Garrafas de vidro 31,58 Plásticos 31,58 Pilhas 15,79 Papel 21,05 Lâmpadas 26,32 Fonte: Autora, 2017

É importante ressaltar que apenas 10,53% dos proprietários identificaram o papelão como um resíduo gerado, no entanto esse tipo de material está presente nas embalagens de materiais dos mais diversos tipos, mas muitos acabam lembrando apenas da matéria orgânica que é o material que apresenta maior volume. Apenas os E(3) e E(12) realizam compostagem de resíduos orgânicos em seus estabelecimentos (Figura 3), fato lamentável diante da grande quantidade de resíduo orgânico gerado nos estabelecimentos.

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Figura 3. Composteira em um meio de hospedagem da Praia do Francês

Fonte: Autora, 2017

Foi constatado que os dois fatores que mais contribuem para a geração de resíduos nos estabelecimentos são: a sazonalidade turística e a presença de restaurantes nos meios de hospedagem. Porém, esses fatores contribuem apenas para um aumento da produção, já que independente do fluxo turístico, os estabelecimentos geram resíduos para sua manutenção diária. A pesquisa foi realizada durante o período da baixa temporada, portanto a produção de resíduos nos estabelecimentos é considerada pequena e está relacionada ao porte do meio de hospedagem.

Com relação a quantidade média diária de resíduos geradas nos estabelecimentos, 15,79% dos proprietários não souberam responder em quilogramas o quanto se gerava diariamente.

Com os dados da geração de resíduos diária dos estabelecimentos que informaram a massa em quilogramas (Tabela 6), foi obtido um valor total de 141 Kg/dia, no entanto esses dados são referentes ao período de menor fluxo turístico local, podendo-se afirmar que 84,21% dos estabelecimentos pesquisados apresentam uma geração de resíduos diária bem superior nos períodos de maior movimentação turística e esse dado gera preocupação quando não se tem um gerenciamento adequado dos mesmos. A maior parte desses estabelecimentos não possuem parcerias para reaproveitamento de seus resíduos e boa parte desse material descartado poderia ter outras finalidades.

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Tabela 6. Geração de resíduos diárias por estabelecimento

PESO (Kg) TOTAL DE ESTABELECIMENTOS (%)

0,0 a 4,9 Kg 21,05

5,0 a 9,9 Kg 26,32

10,0 a 14,9 Kg 21,05

15 a 19,9 Kg 0

Acima de 20,0 Kg 15,79

Não Soube Responder 15,79 Fonte: Autora, 2017

Com relação a política de minimização da geração de resíduos nos estabelecimentos(Tabela 7), apenas 15,79% afimaram possuir, enquanto o restante negou qualquer forma de minimização da geração de resíduos.

Tabela 7. Política para minimização da geração de resíduos

SIM NÃO NÃO SEI

NÃO DESEJO RESPONDER

O hotel/pousada possui alguma política definida para a minimização da geração de

resíduos sólidos?

15,79% 84,21% 0% 0%

Fonte: Autora, 2017

A PNRS estabelece como ponto fundamental a não geração de resíduos, não sendo possível essa situação, tendo em vista que os meios de hospedagem lidam diariamente com uma produção diversificada de resíduos, deveria-se buscar então a redução e a reutilização como propostas de minimizar esses descartes. Essa política foi adotada pelo Hotel Bühler em Visconde de Mauá, distrito do município fluminense de Resende, que com planejamento e gestão, mostrou que a quantidade de resíduos pode ser minimizada dentro dos meios de hospedagem, sem que sejam necessários grandes investimentos, como por exemplor: doação dos resíduos recicláveis aos catadores de cooperativas, já os resíduos tóxicos e não recicláveis são utilizados na construção de paredes (cemitérios verticais), pois esses resíduos são colocados no interior dos tijolos, completando-os (Lamas, 2015).

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4.2.2. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NOS MEIOS DE HOSPEDAGEM

Devido ao pequeno volume de resíduos gerados nos estabelecimentos pesquisados( volume inferior a 120 litros diários), eles não são obrigados a possuir um PGRS, no entanto, apesar da não obrigatoriedade para pequenos geradores, uma gestão adequada de resíduos evidencia uma preocupação ambiental que se torna um diferencial para empreendimentos desse setor.

Sobre a ocorrência de PGRS nos meios de hospedagem pesquisados, foram obtidos os resultados apresentados na tabela 8.

Tabela 8. Existência de PGRS no estabelecimento

SIM NÃO NÃO SEI

NÃO DESEJO RESPONDER

O empreendimento possui um plano de

gerenciamento de resíduos sólidos? 26,32% 73,68% 0% 0% Fonte: Autora, 2017

Com a pesquisa identificou-se que 73,68% dos estabelecimentos entrevistados, afirmaram não possuir esse documento e apenas 26,32% possuiam. Essa situação se assemelha com os resultados encontrados por Corrêa et al. (2014) quando pesquisaram sobre a gestão ambiental de um empreendimento hoteleiro do Sul do Brasil e identificaram que 90% dos colaboradores do hotel pesquisado desconheciam a PNRS, inclusive os gestores, portanto sequer possuíam um PGRS.

Percebe-se que essa afirmação de possuir um PGRS passa por algumas medidas estabelecidas por “conta própria”, como afirmou o proprietário do E(2) que respondeu positivamente ao questionamento, mas completou com a seguinte afirmação “[...] eu fiz por conta própria, não procurei nenhuma empresa [...]”. É importante destacar também que o proprietário do E(4) foi bem categórico ao afirmar que possuía um PGRS, no entanto sequer a separação de resíduos foi visualizada em alguma área do estabelecimento. Peruchinn et al. (2015 p.318) destacam que “o meio de hospedagem possui a necessidade de gerenciar adequadamente os resíduos produzidos em seu âmbito, a fim de oferecer condições para se atingir com eficiência a minimização e a reciclagem dos mesmos”, Nesse sentido o PGRS do estabelecimento vem a contribuir e ordenar essas ações que podem e devem resultar em um processo de minimização de resíduos inadequadamente

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