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Do Not Copy or Post. A Aids no Brasil 507-P02

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Academic year: 2021

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________________________________________________________________________________________________________________ Caso LACC # 507-P02 é a versão traduzida para Português do caso # 9-506-062 da HBS. Os casos da HBS são desenvolvidos somente como base para discussões em classe. Casos não devem servir como aprovação, fonte primária de dados ou informação, ou como ilustração de um gerenciamento eficaz ou ineficaz.

R O H I T D E S H P A N D É R I C A R D O R E I S E N D E P I N H O

A Aids no Brasil

O preço pago pelo governo brasileiro para a compra do Kaletra, medicamento contra o HIV, representa um custo anual de US$ 2.630 por paciente. Esse preço é considerado exorbitante; estudos da Organização Mundial de Saúde já mostraram que o preço justo, incluindo uma margem de lucro considerável, deveria ficar em torno de US$ 480 a US$ 540 por paciente por ano, devido a sua produção em larga escala.

—Humberto Costa, ex-ministro da Saúde do Brasil, em 27 de junho de 2005 i Temos o prazer de anunciar que chegamos a um acordo [com o governo brasileiro] que ampliou o acesso ao Kaletra para os pacientes brasileiros, preservando, ao mesmo tempo, nossos direitos de propriedade intelectual, os quais o Laboratório Abbott não se dispunha a negociar... Ao longo desse processo, sempre levamos em conta a importância do resultado desta questão, cujas implicações vão além da nossa empresa e do nosso setor, e dizem respeito a todos os inovadores. Estamos decididos a proteger os nossos direitos de propriedade intelectual, de forma a incentivar a inovação.

—Melissa Brotz, porta-voz do Laboratório Abbott, 08 e 09 de julho de 2005ii Fui informado de que haveria um acordo [entre o Brasil e o Laboratório Abbott relativo ao custo do Kaletra], mas nunca encontrei qualquer documento oficial.

—José Saraiva Felipe, ministro da Saúde do Brasil, em 13 de julho de 2005iii Em 13 de julho de 2005, poucos dias depois de ter sido apresentado como novo ministro da Saúde do Brasil, como parte de uma reforma do ministério promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Saraiva Felipe anunciou que um acordo realizado alguns dias antes por seu antecessor, Humberto Costa, não era válido.

Essa decisão pegou a indústria farmacêutica internacional de surpresa. O impacto financeiro para ambas as partes era muito elevado. Supõe-se que o Lopinavir/r, medicamento produzido pela Abbott e usado como base para o Kaletra, representa, sozinho, cerca de US$ 107 milhões, 1 ou seja, quase 27% do orçamento brasileiro para a importação de medicamentos contra a AIDS em 2005.

O Laboratório Abbott, grande empresa farmacêutica americana, tinha concordado em abaixar o preço pago pelo governo brasileiro pelo Kaletra, medicamento que gera um faturamento de US$ 1 bilhão por ano mundialmente. Foi um passo importante para encerrar uma disputa na qual o Brasil ameaçou emitir uma licença compulsória, violar patentes e produzir o medicamento em

1 Salvo ressalva, o símbolo US$ representa dólares americanos e o símbolo R$ reais.

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Farmanguinhos, o laboratório farmacêutico governamental no Rio de Janeiroiv. Um representante do laboratório americano assim resumiu a história e o custo comparativo do Kaletra:

Mesmo antes desta [última] proposta, já tínhamos negociado com o governo brasileiro a redução do preço do Kaletra para cerca de US$ 2.600 por paciente por ano – menos da metade do preço pago nos países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde o preço é o mais elevado, o medicamento custa cerca de US$ 7.000 por ano... O preço que o Brasil paga pelo Kaletra já é menor do que em qualquer outro lugar, exceto na África e em outros países subdesenvolvidos, onde o laboratório pratica um preço subsidiado como parte de um programa humanitário.v

No começo dos anos 1990, o Banco Mundial previa que até 2000 o HIV teria infectado 1,2 milhões de brasileiros. Pesquisadores e políticos observaram que devido à sua grande população, desigualdade de renda, grande massa de analfabetos funcionais, pobreza e mobilidade, a população brasileira seria altamente suscetível ao vírus. Mas em 2005, cinco anos mais tarde, apenas 600 mil brasileiros – a metade do número previsto pelo Banco Mundial – era portadora do HIV. O Brasil foi considerado uma história de sucesso exemplar entre os países em desenvolvimento no que diz respeito ao controle da AIDS. Por meio de campanhas contínuas e explícitas sobre sexo seguro, da aquisição e distribuição gratuita de remédios contra a AIDS pelo governo, de uma decidida ação de voluntários empenhados na campanha, e da gestão cautelosa dos custos de saúde, o Brasil conseguiu manter a disseminação das infecções por HIV em níveis semelhantes aos da Europa Ocidental.vi

Mesmo assim, citando preocupações humanitárias e o seu status de país "em desenvolvimento", economicamente atrasado, o governo brasileiro invocou o direito legal de ignorar as patentes farmacêuticas do Laboratório Abbott e emitir uma licença compulsória para a fabricação do medicamento em seu laboratório governamental no Rio de Janeiro, caso o laboratório americano não abaixasse mais o preço de venda do Kaletravii. O Brasil argumentou que sob certas condições, a Organização Mundial do Comércio permite que governos declarem que certos medicamentos são uma necessidade nacional, e quebre patentes para produzir versões genéricas mais baratas. Na verdade, o Brasil tinha conseguido diminuir os preços das drogas antiretrovirais em 87%, em média, no período de 1996 a 2002. Contudo, certos críticos disseram que dificilmente o Brasil poderia ser considerado um país em crise, apontando para o rápido crescimento da sua economia e o baixo índice de propagação da Aids.

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Anexo 1 Custo Médio da Terapia com Antiretrovirais por Paciente/Ano no Brasil (US$) 6.240 5.486 4.603 3.464 2.210 1.500 1.359 1.336 2.500 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005a

Fonte: Ministério da Saúde do Brasil – Programa Nacional de DST/AIDS a Dados de 2005 sujeitos a revisão.

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Anexo 2 Gasto Total em Drogas Antiretrovirais e Número Médio de Pacientes em Terapia Antiretroviral no Brasil 224 305 336 303 232 179 181 203 395 0 100 200 300 400 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005a G as to total ( m ilh ões de U S $) 0 25 50 75 100 125 150 175 200 Númer o de pac ie ntes ( m ilh ar es )

Total Expenditure Number of Patients

Fonte: Ministério da Saúde do Brasil – Programa Nacional de DST/AIDS a Dados de 2005 sujeitos a revisão

Gasto Total Número de pacientes

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Notas Finais

i “Brazil seeks to halve cost of AIDS drug made by Abbott with patent move” ("O Brasil busca cortar pela

metade o preço da droga contra a AIDS fabricada pelo laboratório Abbott com quebra de patente"), AFX Asia, 27 de junho de 2005, disponível em Factiva, acessado em 30 de agosto de 2005.

ii “Abbott Lowers Price of Antiretroviral Kaletra in Brazil; Government Drops Threat to Break Patent”

(“Abbott abaixa o preço do Antiretroviral Kaletra no Brasil; governo desiste da ameaça de quebrar a patente”, The Body, 11 de julho de 2005, disponível em

http://www.thebody.com/kaiser/2005/jul11_05/abbott_brazil.html?m106o>, acessado em 30 de Agosto de 2005.

iii Adaptado do artigo de Luciana Constantino, “Sob nova direção”, Folha de São Paulo, 13 de julho de 2005,

disponível em português.

iv Todd Benson, “Brazil and US Maker Reach Deal on Aids Drug” (“Brasil e fabricante americano chegam a

acordo quanto a medicamento para a Aids”), New York Times, 11 de julho de 2005,

v Adaptado do artigo de Bruce Japsen, “Abbott cuts price Brazil pays for AIDS drug Kaletra” (“Abbott reduz

o preço que Brasil paga por Kaletra, medicamento contra a AIDS”), Chicago Tribune, 9 de julho de 2005, disponível em www.chicagotribune.com, acessado em 30 de agosto de 2005.

vi “AIDS in Brazil - Roll out, roll out”, The Economist, p. 72, 30 de julho de 2005.

vii Todd Benson, “Brazil and US Maker Reach Deal on Aids Drug” (“Brasil e farmacêutica americana chegam

a acordo sobre medicamento contra a Aids”), New York Times, 11 de julho de 2005

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