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PANORAMA MACROECONÓMICO

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Academic year: 2021

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CAPA

PANORAMA

MACROECONÓMICO

IIIº Trimestre de 2020

(2)

Índice

Sumário executivo

1. Contexto Internacional

2. Economia Real

2.1. Sector Petrolífero

2.1. Sector não-Petrolífero

3. Finanças Públicas

4. Inflação

5. Indicadores Monetários

6. Política Monetária

7. Mercado Monetário

8. Sector Externo

9. Mercado Cambial

10. Mercado de Capitais

11. Sector Bancário

12. Indicadores Sociais

1 13. Ambiente de Negócios

14. Outras Economias Africanas

1 15. Anexos

Outras Publicações

Contactos

Research

Pág. I

Pág. 1

Pág. 2

Pág. 3

Pág. 4

Pág. 5

Pág. 6

Pág. 7

Pág. 8

Pág. 11

Pág. 12

Pág. 14

Pág. 15

Pág. 16

Pág. 17

Pág. 18

Pág. 20

Pág. 22

Pág. 24

Pág. 25

(3)

Siglas e Abreviaturas

• BM – Banco Mundial

• BM MN – Base Monetária em Moeda Nacional

• BNA – Banco Nacional de Angola

• BODIVA – Bolsa de Dívida e Valores de Angola

• COMESA –

Common Market for Eastern and

Southern Africa

• CPM - Comité de Política Monetária

• EUA – Estados Unidos da América

• Fed – Reserva Federal Norte-Americana

• FMI – Fundo Monetário Internacional

• IDE – Investimento Directo Estrangeiro

• IGAPE – Instituto de Gestão de Activos e

Participação do Estado

• INE – Instituto Nacional de Estatística

• IPC – Índice de Preços no Consumidor

• IPCN – Índice de Preços no Consumidor

Nacional

• MMI – Mercado Monetário Interbancário

• MN – Moeda Nacional

• OGE – Orçamento Geral do Estado

• OGE R – Orçamento Geral do Estado Revisto

• OPEP – Organização dos Países Exportadores

de Petróleo

• O/N –

Overnight

(a 1 dia)

• p.p. – Pontos percentuais

• PIB- Produto Interno Bruto

• RIB’s – Reservas Internacionais Brutas

• RIL’s – Reservas Internacionais Líquidas

• SADC –

Southern

African

Development

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Sumário

Executivo

• A taxa de crescimento da economia mundial poderá fixar-se em -4,4% em 2020, de acordo com as previsões do FMI divulgadas em Outubro, um desagravamento de 0,8 p.p. quando comparadas com às actualizações feitas em Junho de 2020. A moderação reflecte os impactos positivos das medidas de política económica e de estímulos monetários e fiscais introduzidas pelos países ao longo do IIº trimestre de 2020.

• Os recentes relatórios divulgados pelo BNA revelam que no IIIº trimestre (dados referentes apenas aos meses de Julho e Agosto) o total de novos créditos concedidos à economia situou-se em 228,22 mil milhões Kz, um aumento de 172% face ao período homólogo, reflexo das políticas de apoio ao sector produtivo, com realce para o Decreto Presidencial nº. 23/19 de Janeiro e os Avisos nº. 04/2019, nº 07/2019 e n.º 10/2020 do BNA.

• A produção petrolífera do país tem sido condicionada pelos limites impostos pelo acordo de corte de produção entre os países membros da OPEP, tal como a maturação de alguns campos de exploração. O Governo estima que para o ano corrente os sectores de petróleo e gás, combinados, registem uma contracção de 7,0%, o que reflecte uma revisão em baixa face ao crescimento de 1,5% projectado no OGE inicial.

• As receitas fiscais petrolíferas atingiram 647.140,99 milhões Kz no IIIº trimestre de 2020. O desempenho revela uma redução trimestral de 24,67%, justificado, essencialmente, pela redução da quantidade exportada em 10,52%, apesar do aumento médio dos preços em 86,29% para 45,38 USD/barril.

• A taxa de inflação deverá atingir um dígito apenas em 2023. As projecções efectuadas pelo FMI

demonstram que apesar da inversão da

desaceleração da inflação em 2020, nos anos subsequentes poderemos assistir a uma retoma da tendência de desaceleração dos níveis gerais de preços, podendo a taxa de inflação atingir um

dígito em 2023 (6,9%).

• A oferta de moeda na economia medida pelo agregado monetário M2 ascendeu os 11.357,69 mil milhões Kz no IIIº trimestre de 2020. O montante compara com os 10.898,97 mil milhões Kz (+4,21%) apurados no trimestre anterior.

• O saldo da Conta Corrente registou um défice equivalente a 1.281,7 milhões USD. O desempenho apurado no IIº trimestre de 2020 representa uma inversão de saldos positivos apurados desde o IIIº trimestre de 2017, reflexo, essencialmente, da deterioração da balança comercial em cerca de 66,90%. A queda das exportações acima das importações influenciou o desempenho verificado.

• A moeda nacional depreciou 6,66% face ao dólar norte-americano, no IIIº trimestre do ano corrente. A taxa de câmbio durante o período em análise fixou-se em 620,210 Kz por unidade de dólar. Em termos acumulados, o Kwanza perdeu cerca de 22,25% do seu valor face ao dólar, ao longo dos primeiros nove meses do ano corrente, o que corresponde a uma aceleração de 3,88 p.p., quando comparado ao período homólogo.

• As yields dos Eurobonds seguiram tendência

ascendente na generalidade das maturidades. As taxas exigidas pelos investidores para aquisição dos Eurobonds nas diversas maturidades apresentaram crescimento entre 0,53 p.p. e 0,91 p.p.. O desempenho reflecte o comportamento da cotação do crude que durante o período em análise reduziu cerca de 0,49%, fixando-se em 40,95 USD/barril.

• A taxa de crescimento da África Sub-sariana poderá fixar-se em -3,0% em 2020, segundo o FMI. As perspectivas avançadas representam uma revisão em alta de 0,2 p.p. face às estimativas de Junho de 2020, em linha com a moderação da taxa de infecção pela COVID-19 no continente, o que terá contribuído para a moderação das medidas de confinamento.

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1. Contexto Internacional

• O FMI reviu as estimativas de crescimento económico mundial, ao reduzir a contracção em 0,8 p.p., para

-4,4%, em 2020.

• O Reino Unido poderá registar uma taxa de crescimento económico de -9,8% em 2020, acima da

contracção média das economias avançadas, segundo previsões do FMI. O FMI moderou as perspectivas de contracção da

economia mundial para 2020, em 0,8 p.p.. A taxa de crescimento da economia mundial poderá fixar-se em -4,4% em 2020, de acordo com as previsões do FMI de Outubro, uma desaceleração de 0,8 p.p. quando comparada com às actualizações feita em Junho de 2020. A moderação reflecte os impactos positivos das medidas de política económica e de estímulos monetários e fiscais introduzidas pelos países ao longo do IIº trimestre de 2020. O destaque recai sobre a revisão da contracção das

economias avançadas, de -8,1% para -5,8%,

enquanto as pesrpectivas para as economias

emergentes foram desagravadas em 0,2 p.p. para -3,3%.

A taxa de crescimento dos EUA poderá fixar-se em -4,3% em 2020, de acordo com as previsões do FMI. A estimativa representa uma moderação de 3,7 p.p. face às estimativas de Junho e encontra-se em linha com os estímulos aplicados à economia no IIº trimestre de 2020. Para 2021, os EUA poderão crescer 3,1% uma desaceleração de 1,4 p.p., face as projecções anteriores, suportado pela moderação da contracção prevista para 2020. De acordo com

o FMI, em 2020, o Consumo das Famílias poderá

reduzir 4,9% enquanto os Gastos Públicos e a Formação Brutal de Capital, poderão variar em 1,7% e -2,7%, respectivamente. A taxa de desemprego no IIIº trimestre fixou-se em 7,9% abaixo do pico de 14,7% apurado em Abril, no ápice da definição de medidas restritivas para conter à COVID-19.

As perspectivas de contracação da Zona Euro foram moderadas em 1,9 p.p.. Os países da Zona Euro poderão contrair em termos médios 8,3% em

2020, reflexo das medidas restritivas para

contenção da propagação da COVID-19. A

contribuírem para as perspectivas negativas do bloco está a contracção da maior economia, a Alemanha, em 6,0%, da Espanha (12,8%), Itália

(10,6%) e da França (9,8%). Para 2020, as

perspectivas sobre a evolução da inflação poderá

manter-se abaixo do target de 2%, ao se fixar em

0,4% - abaixo dos 1,2% de 2019 – o que poderá

impulsionar a adopção de novos pacotes de

estímulos financeiros para suportar os desafios

impostos pela COVID-19, num contexto em que a

dívida pública atingiu 95,1% do PIB, no IIº trimestre de 2020. Ao longo do IIIº trimestre a taxa de desemprego situou-se em 8,3% acima dos 7,6% do trimestre anterior e dos 7,5% do período homólogo. A economia da China poderá crescer 1,9% em 2020,

segundo o FMI. As estimativas de Outubro

representa uma revisão em alta de 0,9 p.p., e mantém-se como a única economia que poderá manter a trajectória positiva do crescimento em

tempos de COVID-19, reflexo da recuperação

apurada no IIº trimestre de 2020 (+3,2%) e das estimativas de crescimento no IIIº e IVº trimestre. Para 2021, a China poderá crescer 8,2%. Por outro lado, a inflação poderá fixar-se em 2,9% a mesma taxa apurada em 2019 e acima da taxa prevista para

2021, em 0,2 p.p. Paralelamente, a taxa de

desemprego fixou-se em 5,4% em Setembro de

2020 uma aceleração face aos 5,7% do mês de Junho.

O Reino Unido poderá contrair 9,8% em 2020, de acordo com as perspectivas do FMI. A instauração de medidas de confinamento no país para conter a

propagação da COVID-19 tem penalizado o

desempenho da economia, num contexto em que a efectivação do Brexit continua a seguir o seu curso normal. A taxa de desemprego no final do IIIº trimestre fixou-se em 4,8% acima dos 4,1% do trimestre anterior e dos 3,8% do período homólogo. Paralelamente, a inflação deverá encerrar o ano de

2020, abaixo do target 2%, com o FMI a estimar

uma taxa de 0,8%, uma desaceleração face os 1,8% registados em 2019.

País Crescimento Económico (%) Taxa de inflação Taxa de desemprego Taxa de juro

EUA 31,0 1,4 7,9 0,25 Zona Euro 12,7 -0,3 8,3 0,00 China 2,7 1,7 5,4 3,85

Reino Unido 15,5 0,5 4,8 0,10

Tabela 01 – Indicadores Macroeconómicos IIIº Trimestre 2020

(6)

2. Economia Real

• A propagação da COVID-19 forçou a revisão em baixa das estimativas de crescimento da economia, tendo

o Governo revisto o crescimento de 1,8% para uma contracção de 3,6%.

• As projecções das diferentes instituições apresentam-se uniforme, ao apontarem para a manutenção da

contracção da economia em 2020, em linha com a tendência estimada para o crescimento mundial.

O Executivo procedeu a revisão do OGE 2020. O destaque recaí para a revisão do crescimento económico, tendo as estimativas passado de um crescimento de 1,8% para uma contracção de 3,6% (que a concretizar representará a quinta queda consecutiva), reflexo dos impactos da pandemia da COVID-19 sobre a actividade económica. Destaca-se que tanto o sector petrolífero como o não petrolífero deverão apresentar um desempenho negativo.

O FMI, por sua vez, estima uma contracção de 4,0% em 2020. As novas projecções avançadas pela instituição, na terceira revisão do Extended Fund

Facility, revelam uma revisão em baixa quando

comparado com a estimativa de crescimento de 1,2% apresentada na segunda revisão. A semelhança do Governo, o FMI estima um desempenho negativo em ambos os sectores, petrolífero e não petrolífero. Durante o IIIº trimestre a concessão de novos créditos à economia situou-se em 228,22 mil milhões Kz. Os recentes relatórios divulgados pelo BNA revelam que no IIIº trimestre (dados referentes apenas aos meses de Julho e Agosto) o total de novos créditos concedidos à economia situou-se em 228,22 mil milhões Kz, um aumento de 171,66% face ao período homólogo, reflexo das políticas de apoio ao sector produtivo, com realce para o Decreto Presidencial nº. 23/19 de Janeiro e os Avisos nº. 04/2019, nº 07/2019 e n.º 10/2020 do BNA.

No mesmo período foram desembolsados 19

processos ao abrigo do Aviso n º 10/2020 do BNA.

Os processos desembolsados em termos

monetários correspondem a 37,47 mil milhões Kz. Importa ressaltar, que desde a publicação do Aviso do BNA, os produtos como Bebidas, incluindo sumos (28,87%), Leite e produção de seus derivados (16,79%), Embalagens (7,24%) e Legumes, Fruta Tropical e Feijão (4,02%), foram os produtos que mais beneficiaram de financiamento

desembolsado em termos de montante.

Relativamente aos processos pendentes, no IIIº trimestre (Julho e Agosto) o montante por desembolsar situou-se em 44,69 mil milhões Kz referentes a 25 projectos.

A COVID-19 penalizou a actividade das Pequenas e Médias empresas (PME). O inquérito realizado pelo BNA para aferir o impacto da COVID-19 nas pequenas e médias empresas, em Setembro, revela

que 13,9% das empresas encerraram

temporariamente a sua actividade, sendo que 19,0% mantiveram as actividades como antes da COVID-19. Paralelamente, cerca de 45,9% das empresas estimam um período curto (até um ano) para retoma da actividade. Relativamente a situação financeira, 24,8% das empresas enfrentam falta de liquidez e 14,4% verificaram ausência de encomendas/clientes. Das empresas inqueridas, cerca de 86,2% declararam não ter recebido nenhum apoio do Executivo e da banca, sendo que 5,4% receberam Adiamento do pagamento das Obrigações fiscais e contributivas.

Gráfico 02 – Crédito Concedido ao abrigo do Aviso n.º10/2020 (Mil Milhões Kz)

Fonte: BNA – Análise Mensal sobre a Concessão de Crédito à Economia, Agosto

Gráfico 01 – Crescimento Económico (%)

Fonte: FMIThird Review; OGE R 2020

-2.6 -0.15 -1.2 -0.9 -4.0 -2.6 -2.0 -0.6 -3.6 2016 2017 2018 2019 2020 FMI Governo 4.23 14.54 -18.49 26.20 19.59 10.65 1.68 15.92 21.55

abr mai jun jul ago Por desembolsar desembolsado

(7)

2.1. Sector Petrolífero

• O sector petrolífero continua a ressentir-se da propagação da COVID-19, ao reflectir-se na contracção da

procura pela commodity.

• O PIB não petrolífero deverá inverter o crescimento apurado em 2019, ao se estimar uma contracção de

7% durante o ano corrente.

A propagação da COVID-19 penalizou a actividade económica como um todo e a petrolífera em particular. A produção petrolífera do país tem sido condicionada pelos limites impostos pelo acordo de corte de produção entre os países membros da OPEP, tal como a maturação de alguns campos de exploração. O Governo estima que para o ano corrente os sectores de petróleo e gás, combinados, registem uma contracção de 7,0%, o que reflecte uma revisão em baixa face ao crescimento de 1,5% projectado no OGE inicial. De forma desagregada, espera-se uma contracção de 7,2% do sector dos petróleos e 3,3% do sector de gás.

Durante o IIIº trimestre do ano corrente a produção petrolífera fixou-se em 1,213 milhões barris/dia. Os dados avançados pela OPEP representam uma redução de 54 mil barris/dia face ao trimestre anterior, tal como a segunda queda consecutiva no ano corrente. O OGE R 2020 projectou uma produção de 1,283 milhões barris/dia, abaixo 1,436 milhões barris/dia previstos inicialmente. Segundo o documento, a revisão em baixa resulta do acordo entre a OPEP e os seus aliados com o intuito de contrariar a tendência de queda do preço do petróleo.

No mercado internacional, a cotação do crude

encerrou o IIIº trimestre em 40,95 USD/barril. O nível apurado representa uma redução de 0,49% face ao trimestre anterior e 33% em relação ao período homólogo, suportado pela redução da procura, em linha com a propagação da COVID-19 e a necessidade de estabelecimento de medidas de confinamento, o que levou em alguns casos, na paralisação total ou parcial de algumas empresas. Destaca-se que para o ano corrente, o Governo projectou um preço médio do petróleo de 33 USD/barril, uma revisão em baixa face aos 55 USD/barril estimado inicialmente.

O sector deverá ganhar maior dinamismo com a construção da refinaria de Cabinda, avaliada em 920 milhões USD. O projecto resulta da parceria entre a Gemcorp e a Sonangol e será construído na planície de Malembo, 30 Km a norte da capital de Cabinda. Subdividido em três fases, deverá entrar em funcionamento a partir do Iº trimestre de 2022, prevendo-se a criação de 2 mil empregos directos e indirectos. De acordo com o comunicado da Sonangol, tão logo esteja operacional, a Refinaria também contribuirá para a segurança energética soberana de Angola, reduzindo a sua dependência na importação de produtos refinados, bem como aumentando as exportações dos mesmos com margens mais elevadas.

Gráfico 03 – Crescimento do sector petrolífero (%)

Fonte: OGE R 2020, FMI

Gráfico 04 – Cotação do Brent (USD/barril)

Fonte: Bloomberg 40.95 10 25 40 55 70 85

31-dez-19 31-mar-20 30-jun-20 30-set-20

-9.4 -6.6 -7.0 -9.5 -6.8 2018 2019 2020 Governo FMI

(8)

2.2. Sector não-Petrolífero

• O sector não petrolífero deverá ganhar mais relevância para a recuperação da economia a partir de 2021,

de acordo com as projecções do FMI.

• O sector dos Correios e Telecomunicações apresentou o melhor desempenho no IIº trimestre ao crescer

7,34%, reflexo do incremento da procura por estes serviços, devido as medidas induzidas pela COVID-19.

O FMI estima uma expansão da economia não petrolífera de 2,3% para 2021. As estimativas representam uma recuperação significativa quando comparadas à contração de 2,8% de 2020, em linha com a imposição de condições restritivas, que se traduziram em desafios à economia, com particular destaque para a produção os Serviços Gerais, actividades ligadas ao Sector dos Transportes e à Indústria Transformadora. A recuperação prevista poderá representar a reposição da capacidade de produção em virtude do relaxamento das medidas restritivas tais como: i) a reabertura das fronteiras aérea e terrestre do país, ii) o incremento do número de horas de trabalho na função pública e do sector privado; e iii) a flexibilização da cerca

sanitária de Luanda. O desempenho previsto pelo

FMI, poderá contribuir para que o PIB não petrolífero reduza a sua participação no PIB global de 76% em 2020 para 75%, cerca de 33.147 mil milhões Kz.

A contracção do sector não petrolífero registou um agravamento de 12,32 p.p. no IIº trimestre. A taxa de crescimento fixou-se em -12,57%, em termos homólogos, acima da contracção de 0,25% apurada no período anterior, segundo os dados do INE. O desempenho foi pressionado pelo Sector dos Serviços, com particular realce para os “Transportes e Armazenamento”, “Construção” e os Serviços Imobiliários e de Aluguel. A erupção da COVID-19 e a necessidade de instauração de medidas de confinamento com o encerramento das fronteiras do país associada à redução da mobilidade interna, pesaram no desempenho do sector dos serviços durante o período em referência.

A actividade de Comércio continua a ser o motor do sector não petrolífero. Ao longo do IIº trimestre de 2020, a actividade de Comércio Geral apurou uma contracção homóloga de 0,07%, reflexo da redução da oferta externa, em linha com os ajustamentos nas importações do país. Contudo, em termos trimestrais a actividade apresentou uma contracção mais profunda, de 15,39%, reflexo do encerramento das actividades comerciais, com a redução do número de dias de actividade do sector formal e informal. Durante o período em análise, o sector do comércio detinha um peso de 14,31% do total do PIB, acima dos 13,1% do período homólogo.

O sector dos Correios e Telecomunicações cresceu em termos homólogo 7,34% no IIº trimestre. Os dados do INE revelam que, durante o IIº trimestre de 2020, a actividade da “Agro-Pecuária e Silvicultura”, “Electricidade e Água” e “Intermediação Financeira” cresceram em termos homólogos, em 2,29%, 4,43% e 0,76%, respectivamente, o que contribuiu na atenuação da contracção do PIB global no período em referência. Contudo o desempenho positivo foi mais pronunciado no sector dos Correios e Telecomunicações, que cresceu 7,34% em linha com o contexto de incremento do uso das novas tecnológicas para trabalho e entretenimento.

A concessão de crédito reduziu 1,77% no fecho do IIIº trimestre de 2020, em termos homólogos. O montante de crédito concedido no Sector Privado, excluindo os Outros sectores residentes, fixou-se em 3.158,63 mil milhões Kz, tendo o crédito em moeda nacional contraído 4,95% e em moeda externa aumentado 8,74%. Paralelamente, o stock

do crédito ao sector não petrolífero cresceu 0,59% em termos trimestrais, ao se fixar em 4.195,40 mil milhões Kz, uma melhoria quando comparado com a contracção de 13,82% do trimestre anterior, reflexo da evolução positiva de actividades como Educação (+21,6%) e Pesca (+17,8%).

Tabela 02 – Taxa de Crescimento Homóloga

Fonte: INE, 2020

Componente do PIB não Petrolífero Iº T20 IIº T20

Agró-pecuária e Silvicultura 5,4% 2,3% Pesca -7,9% -27,8% Extracção de Diamantes e Outros

minerais -5,2% -15,6% Indústria Transformadora 10,0% -4,0% Electricidade e Água 4,0% 4,4% Construção 2,8% -41,0% Comércio -5,9% -0,1% Transporte e Armazenagem -0,7% -78,9% Correios e Telecomunicações 2,8% 7,3% Intermediação Financeira e Seguros -5,1% 0,7% Administração Pública, Defesa e

Segurança Social -0,2% -7,1% Serviços Imobiliários e Aluguel 2,9% -17,6% Outros serviços -0,7% -2,1%

(9)

3. Finanças Públicas

• O rácio da Dívida Pública sobre o PIB poderá fixar-se em 122,8% durante o ano de 2020, segundo

estimativas do FMI, em linha com a contracção do PIB e manutenção das necessidades de financiamento das despesas públicas.

• As receitas fiscais captadas na exploração de diamantes e petróleo apresentaram aumentos ao longo do

IIIº trimestre de 2020.

As receitas diamantíferas relativas ao IIIº trimestre de 2020 fixaram-se em 7.050,23 milhões Kz. O montante representa um incremento trimestral de 7,80%, justificado pelo aumento dos preços em cerca de 28,15% para 282,45 USD/quilate, apesar da redução do volume exportado em 35,46%, para 904.018,89 quilates. Analogamente, em termos homólogos, o desempenho foi relativamente diferente, com as receitas a assinalarem uma queda de 11,14%, devido, sobretudo, a redução do volume exportado, em aproximadamente 60,57%. As receitas fiscais petrolíferas atingiram 647.140,99 milhões Kz no IIIº trimestre de 2020. O desempenho revela uma redução trimestral de 24,67%, justificado, essencialmente, pela redução da quantidade exportada em 10,52%, em linha com as restrições impostas pela COVID-19 e consequente redução da procura pela commodity. No entanto, destaca-se que durante o período em análise o preço médio registou um incremento de 86,29%, ao situar-se em 45,38 USD/barril.

A Conta Única do Tesouro fixou-se em 1.609,25 mil milhões Kz até Setembro de 2020. O montante revela um incremento trimestral e homólogo de

13,19% e 32,19%, respectivamente, o que poderá sugerir melhorias na arrecadação das receitas não petrolíferas.

O FMI concluiu com êxito a Terceira Revisão do Programa de Financiamento Ampliado para Angola. A revisão culminou com o desembolso imediato de 1.000 milhões USD, com o intuito de compensar os efeitos económicos adversos da pandemia da COVID-19 e continuar com as reformas estruturais importantes destinadas a melhorar o potencial crescimento económico do país.

A Dívida Pública sobre o PIB, segundo o FMI, deverá fixar-se em 122,8% em 2020. O nível representa uma aceleração de 13,6 p.p. face as estimativas de 2019. No entanto, para 2021 a instituição prevê uma desaceleração para 112,5%, o que poderá sugerir a continuidade da estratégia de consolidação orçamental, bem como a suspensão no pagamento das dívidas com os seus principais credores internacionais. A tendência decrescente deverá manter-se até 2023, quando a dívida pública ficará em 86,8% do PIB.

Gráfico 05 – Receitas Fiscais Petrolíferas (Milhões Kz) Gráfico 06 – Rácio de Dívida Pública (% do PIB)

Fonte: FMI Fonte: BNA

432 521,00

225 311,00

201 264 208 043 227 450,28 211 648

abr/20 mai/20 jun/20 jul/20 ago/20 set/20

109,20% 122,80% 112,50% 97,50% 86,80% 2019 2020 2021 2022 2023

(10)

4. Inflação

• O crescimento médio do nível de preços durante o IIIº trimestre do ano corrente acelerou cerca de 0,04

p.p., ao situar-se em 1,91%.

• O preço dos produtos que compõem a Classe 12. Bens e Serviços Diversos registou o maior incremento

durante o período em análise, cerca de 2,6%.

A taxa de inflação média (tendo como referência os preços de Luanda) registou durante o IIIº trimestre de 2020 um aumento de 0,04 p.p.. A taxa fixou-se em 1,91%, suportada, essencialmente, pelo incremento dos bens que compõem a Classe 12. Bens e Serviços diversos, seguida da Classe 11. Hotéis, cafés e Restaurantes (2,3%) e Classe 01. Alimentação e Bebidas não Alcoólicas (2,1%). A especulação, aliada a manutenção da depreciação da moeda, poderão justificar a tendência de aumento do nível geral de preços.

Em termos acumulados a inflação nacional situou-se em 18,04%. A redução do poder de compras dos consumidores durante o período referenciado,

corresponde a um agravamento quando

comparado ao período homólogo, altura em que a inflação acumulada nos primeiros nove meses fixou-se em 11,44%. Destaca-se que o OGE R 2020 prevê uma taxa de inflação média de 25% no ano corrente. Paralelamente, o FMI avança uma taxa de inflação de final do período de 22,2%, que apesar de representar uma revisão em baixa face a estimativa anterior (23%), corresponde a uma aceleração em relação aos 16,9% estimados em 2019. As estimativas da instituição reflectem as expectativas de manutenção da depreciação cambial devido os choques externos.

A taxa de inflação deverá atingir um dígito apenas em 2023. As projecções efectuadas pelo FMI,

demonstram que apesar da inversão da

desaceleração da inflação em 2020, nos anos subsequentes poderemos assistir a uma retoma da tendência de desaceleração dos níveis gerais de preços, podendo a taxa de inflação atingir um dígito em 2023 (6,9%).

A nível dos preços grossistas registou-se um incremento de 6,3% no IIIº trimestre. O desempenho sugere uma ligeira manutenção da tendência quando comparado com o período anterior. Em termos acumulados, nos primeiros nove meses de 2020, o índice de preços grossistas acumulou um incremento de 18,93%, o que representa uma aceleração de 5,62 p.p. em comparação ao mesmo período de 2019.

O incremento dos preços dos produtos nacionais

superou a variação dos produtos importados. Durante o IIIº trimestre do ano corrente, o índice de preços dos produtos nacionais apresentou um aumento de 7,4%, ao passo que os preços dos produtos importados variaram 6,1%. Os constrangimentos estruturais continuam a impactar a produção dos bens nacionais, o que se tem reflectido sobre o nível de preços, que para determinados produtos o preço do bem importado é inferior ao preço do mesmo bem produzido localmente.

Gráfico 07 – Taxa de inflação média (%)

Fonte: INE

1.11 1.10

1.51 1.58

1.67

1.87 1.91

Iº T IIº T IIIº T IVºT

2019 2020

Gráfico 08 – Taxa de Inflação fim do período (%)

16.9 22.2 19.6 10.0 8.0 2019 2020 2021 2022 2023 Fonte: FMI

(11)

5. Indicadores Monetários

• A Base Monetária em Moeda Nacional, variável operacional da Política Monetária, assinalou uma redução

de 10,88% ao situar-se em 1.482,41 mil milhões Kz.

• A oferta de moeda medida pelo agregado monetário M2 ascendeu os 11.357,69 mil milhões Kz no IIIº

trimestre de 2020.

A oferta de moeda na economia medida pelo agregado monetário M2 ascendeu os 11.357,69 mil milhões Kz, no IIIº trimestre de 2020. O montante compara com os 10.898,97 mil milhões Kz (+4,21%) apurados no trimestre anterior, impulsionado, principalmente, pelo crescimento dos Depósitos a Prazo em cerca de 5,45% para 5.789,15 mil milhões Kz, seguido dos Depósitos a Ordem em 4,01% para 5.218,48 mil milhões Kz, apesar da contracção das notas e moedas em poder do público em 10,71%. Excluindo as moedas estrangeiras, o agregado fixou-se em 4.933,61 mil milhões Kz, um incremento de 2,75% face ao trimestre encerrado em Junho.

A Base Monetária em Moeda Nacional (BM MN) reduziu 10,88% em termos trimestrais, ao situar-se em 1.489,41 mil milhões Kz. A redução da variável foi justificada pelo comportamento descendente dos Depósitos Excedentários em moeda nacional – Reservas Livres – em 60,27% para 109,473 mil milhões Kz. A tendência de queda verificou-se

igualmente na BM ampla que durante o período, fixou-se em 2.273,57 mil milhões Kz, uma redução trimestral de 6,82%, reflexo da redução dos Depósitos Excedentários (28,93%) e das Reservas Bancárias em 8,20%.

O nível de dolarização na economia situou-se em 58% no IIIº trimestre de 2020. O registo revela uma manutenção quando comparado ao trimestre anterior, mas um aumento de 8 p.p. face ao mesmo período de 2019, reflexo do aumento do total dos depósitos em moeda externa em 56,01% para 6.783,87 mil milhões Kz.

O indicador de liquidez analisado pelo rácio – reservas livres sobre a BM MN – fixou-se em 7,83% em Setembro último. O nível revela uma redução trimestral de 10,06 p.p., fundamentado pela diminuição das reservas livres em 58,26%, influenciado pela introdução da Taxa Custódia (taxa efectiva de 0,1% aplicada sobre as reservas livres acima de 3 mil milhões Kz dos bancos comerciais) no sistema bancário nacional.

Gráfico 09 – Agregados Monetários (Milhões Kz) Gráfico 10 – Base Monetária (Milhões Kz)

Fonte: BNA Fonte: BNA 0 500 000 1 000 000 1 500 000 2 000 000 2 500 000 3 000 000

abr/20 mai/20 jun/20 jul/20 ago/20 set/20 Base Monetária Base Monetária MN

10 762

11 032

10 898 10 902

11 150

11 357

(12)

6. Política Monetária

• O Banco Nacional de Angola absorveu ao longo do IIIº trimestre de 2020 liquidez mediante operações de

Mercado Aberto no montante de 1.514,68 mil milhões Kz.

• A Autoridade Monetária absorveu liquidez mediante Operações de Mercado Aberto no valor de 460.207

milhões Kz no Iº trimestre de 2020.

O BNA absorveu ao longo do IIIº trimestre de 2020 liquidez mediante Operações de Mercado Aberto (OMA) no montante de 1.514,68 mil milhões Kz. O montante revela um incremento trimestral e homólogo de 0,61% e 285%, em cada caso, sustentado pela continuidade da estratégia de estabilização dos preços pela via da absorção de liquidez no mercado. Analogamente, vale destacar que pelo segundo trimestre consecutivo a autoridade monetária não realizou qualquer operação de cedência de fundos ao mercado. Vale destacar que, a última vez que a autoridade monetária cedeu liquidez ao mercado monetário remonta ao Iº trimestre de 2020, onde o montante ascendeu os 104.554,83 mil milhões Kz.

O CPM manteve a Taxa BNA em 15,5% na última reunião realizada em Setembro. Na mesma sessão, o regulador decidiu aumentar o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda estrangeira de 15% para 17%, mas com o cumprimento deste diferencial em moeda nacional, com o objectivo de adequar o nível de liquidez às metas de inflação de curto e médio prazo. Neste segmento, manteve também o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional em 22%, eliminando a dedução de Notas e Moedas; a taxa de juro de facilidade Permanente de

Absorção de Liquidez, com maturidade de 7 dias em 7%; a taxa de juro de absorção de liquidez, com maturidade Overnight em 0% e a Taxa de Custódia em 0,1% sobre o excesso de liquidez dos bancos comerciais.

O Sistema financeiro conta desde Julho do ano em curso, com uma nova Família do Kwanza “Série 2020”, segundo o Aviso nº 16/2020 sobre a Circulação Monetária. O regulador avança no documento que durante o período de transição, as notas da nova família do Kwanza serão introduzidas de forma gradativa devidamente datadas. Assim sendo: i) 30 de Julho 2020 – 200 Kz, ii) 17 de Setembro de 2020 – 500 Kz, iii) 01 de Outubro de 2020 – 1.000 Kz, iv) 11 de Novembro de 2020 – 2.000, e v) Janeiro de 2020 – 5.000 Kz. Adicionalmente, vale lembrar que as notas da série antiga, isto é, 2012, deverão manter-se em circulação simultaneamente com a nova série, até ao dia 31 de Dezembro de 2021, ou seja, a partir do dia 01 de Janeiro de 2022, as notas da “Série 2021” deixam automaticamente de ser aceitas como meios de pagamento, mas de 01 de Janeiro a 30 de Julho de 2022, as notas da "Série 2012" poderão ser depositadas em contas bancárias em qualquer Banco Comercial.

Gráfico 12 - Taxa BNA vsOvernight

Fonte: BNA

Gráfico 11 – Operações de Mercado Aberto (Milhões Kz)

Fonte: BNA 475.756,00 512.281,00 517.387,00 784.117 626.108 104.456

abr/20 mai/20 jun/20 jul/20 ago/20 set/20

12,00% 13,00% 14,00% 15,00% 16,00%

abr/20 mai/20 jun/20 jul/20 ago/20 set/20 Taxa BNA Luibor Overnight

(13)

Política Monetária

Reservas Livres e Venda de Divisas (2016-2019)

As Reservas Livres representam o montante que os bancos comerciais depositam junto do Banco Central, que diferentemente das Reservas Obrigatórias que são constituídas legalmente, são constituídas livremente pelos bancos movidos por diferentes razões, com destaque para o aumento de riscos na economia, a percepção do aumento do risco de mercado e as potências perspectivas de agravamento das necessidades de liquidez no mercado.

A primeira a razão, e possivelmente a mais relevante, e encontra-se associada a percepção de risco sobre

a evolução da economia no curto prazo. A contracção da economia apurada nos últimos anos tem

produzido desafios relevantes sobre os fundamentos, tanto da economia real, como da economia financeira de Angola. Este facto, tem se traduzido na deterioração dos fundamentos microeconómicos das empresas e das famílias – Redução dos activos líquidos, redução dos lucros das empresas, níveis de endividamentos crescente das empresas e famílias e moderado poder de compra -, factos que têm pressionado os custos de intermediação financeira.

A segunda razão está relacionada com a percepção de risco do mercado. A crescente subida nos níveis de incumprimento no sector – a taxa de crédito mal parado na economia fixou-se em 34,50% no mês de Maio de 2020 -, associada à manutenção da política monetária restritiva do BNA, às elevadas necessidades de financiamento do Estado e a manutenção do processo depreciativo da moeda nacional, têm contribuído na elevação da percepção de risco de curto prazo das instituições financeiras bancárias, facto que tem direccionado a um posicionamento mais cauteloso na gestão dos recursos no sector. A última razão estará relacionada com as expectativas de potenciais deficiências pontuais de liquidez para o cumprimento da regulamentação prudencial ou a satisfação das necessidades dos clientes, facto que se negligenciado tem o potencial de obrigar os bancos comerciais de mobilizarem novos recursos ou de se desfazerem de investimentos rentáveis para cumprirem os rácios de liquidez impostos pelo regulador.

As três razões apresentadas acima aconselham a um posicionamento cauteloso por parte dos bancos comerciais, com o intuito de assegurar uma gestão prudente do balanço, evitando deste modo a redução dos níveis de rentabilidade, ao mesmo tempo que mantêm a confiança dos seus clientes, accionistas e do regulador, o que justifica em parte a constituição de Reservas Livres junto ao BNA.

Fonte: BNA 0 80,000 160,000 240,000 320,000 400,000 480,000

jan/16 set/16 mai/17 jan/18 set/18 mai/19 jan/20 set/20 Reservas Livres

Vendas de Divisas em Kz

(14)

Política Monetária

Contudo, existe uma percepção de que a constituição de Reservas Livres tem servido, principalmente, para participação nos leilões de venda de divisas do BNA e, consequentemente, tem sido a razão para uma reduzida actividade de intermediação, não cambial, fundamentalmente associada à concessão de crédito à economia e de uma maior pressão sobre a taxa de câmbio.

Os dados sobre a constituição de Reservas Livres dos Bancos Comerciais datam de Janeiro de 2016, de acordo as estatísticas monetárias do BNA. Nesta altura, as Reservas Bancária estavam avaliadas em 1.008 mil milhões Kz, sendo que 57,4% eram constituídas de Reservas Obrigatórias e 42,61% Reservas Excedentárias. Contudo, as Reservas Livres em Moeda Nacional representaram 11,03% do total das Reservas do sistema. Estes montantes têm mantido uma tendência de aumento, numa média mensal de 4,1% nos últimos quatro anos, sendo que em termos de estrutura não se verificaram alterações significativas.

E num período em que se registaram sucessivas depreciações do Kwanza face às principais contrapartes, a relativa manutenção da estruturas das Reservas Livres sobre a Base Monetária poderá fragilizar a tese segundo a qual, a constituição das reservas estão exclusivamente dedicadas à aquisição de divisas no mercado cambial e a consequente pressão sobre a taxa de câmbio.

Isso porque, no mercado cambial, a venda de divisas é uma variável exógena ao mercado e é determinada, exclusivamente, pelo lado da oferta com destaque para o BNA, empresas petrolíferas e, pontualmente, pelo Tesouro Nacional. Por seu lado, os bancos comerciais, como intermediários no mercado cambial, condicionam a sua participação nos leilões às necessidades apresentadas pelos seus clientes e pela estratégia de investimento dos mesmos, constituindo deste modo o lado da procura do mercado.

E pelo gráfico nº 01, consegue-se identificar uma relação inversa entre os montantes de divisas vendidas – expressos em Kwanzas - no mercado e a constituição das Reservas Livres dos Bancos Comerciais, o que fragiliza a tese segundo a qual a constituição das Reservas Livres tem como fim último a participação dos bancos em leilões sem, contudo, anulá-la. Pois, a tendência apurada poderá sugerir que o aumento das vendas de divisas pelo BNA ao invés de induzirem ao aumento das reservas dos Banco Comerciais, têm impulsionado comportamento inverso, em linha com a expectativa de uma relativa estabilidade no mercado cambial.

Por outro lado, a relação inversa poderá sugerir, a redução das reservas livres em moeda nacional impulsionadas pelo incremento das vendas de divisas no mercado. No sentido em que por cada unidade de moeda estrangeira colocada no mercado, retira-se do mercado o montante de Kwanzas equivalente a taxa de câmbio em vigor no momento da efectivação da operação, sendo que as reservas livres têm servido como garantias da liquidação das operações. Por esta via, é possível sustentar a tese, sem contudo confirmá-la.

Dito de outro modo, porque a taxa de variação é um indicador de risco, o seu aumento poderá se traduzir no aumento da percepção de risco no mercado. E nestes termos, aumento da variação de venda de divisas do BNA poderá representar um aumento das incertezas por parte dos bancos comerciais na gestão da sua liquidez. Por outro lado, as operações cambiais por ser uma das principais fontes de rentabilidade da actividade bancária no país – tendo em 2019 contribuído em 42% para o produto bancário -, os ajustamentos na constituição de reservas livres poderá reflectir um reposicionamento na gestão da liquidez de modos a garantir a rentabilidade dos activos sem, contudo, condicioná-lo.

Portanto, se por um lado, a constituição de reservas por parte dos Bancos Comerciais não induz ao aumento das vendas de divisas e, vice e versa, por outro lado, a constituição das reservas é uma opção estratégica dos bancos para atender às necessidades dos clientes e manter o nível de intermediação cambial rentável, tanto nas operações cambiais, através dos ganhos de comissão, assim como para a reavaliação cambial.

Existe, contudo, uma questão que não é possível de aferir a partir da presente observação que é: quem lidera está relação inversa entre a venda de divisas no mercado e a constituição de reservas livres? Será que é a constituição de reservas livres a condicionar a oferta de menos divisas no mercado? – Aqui, fundamentalmente, por via do BNA, como uma acção punitiva – ou é a oferta de divisas do BNA que induz os bancos comerciais a reduzirem a constituição de reservas? – Potencialmente através de uma maior

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7. Mercado Monetário

• As operações de troca de liquidez entre os bancos comerciais no mercado monetário interbancário

ascenderam os 1.539 mil milhões Kz no IIIº trimestre de 2020.

• A taxa de juro Luibor Overnight, durante o IIIº trimestre de 2020 atingiu o menor nível desde Março de

2016, ao situar-se em 11,01%.

As operações de troca de liquidez entre os bancos comerciais no mercado monetário interbancário ascenderam os 2.298,95 mil milhões Kz no IIIº trimestre de 2020. O montante revela um incremento de cerca de 20% face ao trimestre anterior, e 156% quando comparado ao mesmo período do ano passado. O desempenho sugere, por um lado o agravamento da politica monetária restritiva, com o intuito de o Banco Nacional de Angola garantir a estabilidade dos preços na economia, por outro lado a introdução da Taxa de Custódia com impactos directos sobre as taxas de juro de curto prazo.

As taxas de juro de curto prazo, a Luibor, reduziram para todas as maturidades ao longo do IIIº trimestre de 2020. A maior redução verificou-se na Luibor

Overnight que durante o período, situaram-se em

12,50%, uma queda de 2,88 p.p., seguida da Luibor 1 mês com uma redução de 1,12 p.p. para 13,73%. Analogamente, as menores oscilações verificaram-se nas Luibor 6, 9 e 12 meverificaram-ses, respectivamente, ao exibirem um nível de 15,35%, 16,48% e 17,50%, em cada caso. O comportamento decrescente das taxas de juro é justificado, essencialmente, pela necessidade dos bancos desfazerem-se do excesso de liquidez domiciliados nas suas contas junto do BNA, sob pena de serem taxados em cerca de 0,1%. Assim sendo, segundo o Instrutivo nº14/2020 de 04 de Agosto, os bancos devem manter apenas o equivalente a 3 mil milhões Kz.

O BNA absorveu do mercado cerca de 165,59 mil milhões Kz, no IIIº trimestre de 2020. As transacções efectuadas via Facilidade de Absorção de Liquidez a 7 dias representam as primeiras operações, após no trimestre anterior não se terem registado operações desta natureza, o que poderá sugerir, uma maior dispersão da liquidez no mercado. No entanto, para a maturidade 63 dias, o montante absorvido fixou-se em 87,15 mil milhões Kz, a uma taxa de 7%.

Gráfico 13 – Operações de permuta de liquidez (Milhões Kz)

Fonte: BNA

Tabela 03 – Taxa de Juro MMI

Fonte: BNA 172 850 765 600,00 974 100,00 970 100,00 1 328 850,00 1 539 150,00

abr/20 mai/20 jun/20 jul/20 ago/20 set/20

Período Overnight 1 Mês

3 Meses

6 Meses 9 Meses 12 Meses

abr/20

15,50% 15,24%

15,50%

15,82%

16,56%

17,49%

mai/20

15,37% 14,30%

14,81%

14,89%

16,34%

16,90%

jun/20

15,38% 14,85%

15,20%

16,20%

17,16%

18,06%

jul/20

15,40% 15,02%

15,42%

16,21%

17,28%

18,19%

ago/20

14,97% 14,79%

15,28%

16,47%

17,37%

18,30%

set/20

12,50% 13,73%

14,13%

15,35%

16,48%

17,50%

(16)

8. Sector Externo (1/2)

• Os constrangimentos impostos pela COVID-19 reflectiram-se sobre o desempenho da conta corrente, que

durante o IIº trimestre apresentou um défice de 1.281,7 milhões USD.

• O saldo da Balança de Pagamento, por sua vez, apesar da ligeira recuperação, manteve-se negativo, ao

situar-se em -707,7 milhões USD.

O saldo da Conta Corrente registou um défice de 1.281,7 milhões USD. O desempenho apurado no IIº trimestre de 2020 representa uma inversão de saldos positivos apurados desde o IIIº trimestre de 2017, reflexo, essencialmente, da deterioração da balança comercial em cerca de 66,9%. A queda das exportações acima das importações influenciou o desempenho verificado.

As exportações atingiram o menor nível da série histórica do BNA, que iniciou em 2012. Durante o IIº trimestre de 2020 o montante arrecadado com as exportações de bens fixou-se em 3.453,3 milhões USD, o equivalente a uma redução de 46,9% face ao período anterior. As exportações do sector não-petrolífero apresentou uma redução significativa, cerca de 538%, ao situar-se em 154,6 milhões USD, sendo o menor nível arrecadado com a exportação do sector desde 2012. O desempenho do sector foi consideravelmente penalizado pela exportação do Mármore, Cimento, Bebidas e Diamante, que reduziram 97,8%, 80,3%, 66,9% e 55,1%, respectivamente.

A China manteve-se como principal destino das exportações petrolíferas no IIº trimestre de 2020. As exportações para a China situaram-se em 2.421,2 milhões USD, uma redução de 37% face ao período anterior, sendo que em termos de peso sobre o total, assistiu-se a um incremento de 11,2 p.p., para 78,1%. A Tailândia, por sua vez, destacou-se como segundo principal destino das exportações, com uma quota de 4,4%.

O montante despendido durante o IIº trimestre de 2020 com as importações fixaram-se em 2.110,7 milhões USD. O nível representa uma redução de 13,8% em relação ao trimestre anterior, tal como o menor montante apurado nos últimos oito anos, o que poderá ser justificado, em parte, pelo relativo aumento. As importações do sector não petrolífero apresentaram uma diminuição de 12%, fixando-se em 1.823,2 milhões USD. A importação de bens alimentares registou um aumento de 5%, para 542,3 milhões USD, o que representa cerca de 26% do total importado no período em análise. Importa ressaltar que as importações de bens de capital reduziram 13,9%, ao atingirem o nível mínimo de 508,4 milhões USD.

A China e Portugal destacaram-se como principais fornecedores de produtos no IIº trimestre de 2020. Apesar da redução trimestral dos montantes importados nos dois países em 1,5% e 26,7%, tendo se fixado em 332,2 milhões USD e 263,9 milhões USD, respectivamente o montante importado em conjunto destes países representou de 28,2% do total importado. A nível do continente africano, o realce recaí para o facto das importações provenientes da África do sul reduzirem para mais da metade, ao passar de 145,3 milhões USD no Iº trimestre para 69,9 milhões USD no período anterior. O confinamento imposto para mitigação da contaminação pela COVID-19 contribuiu para a performance registada.

Descrição IIº T13 IIº T14 IIº T15 IIº T16 IIº T17 IIº T18 IIº T19 IIº T20

Conta Corrente 2.749,5 -493,3 -736,8 -335,5 -1.549,0 977,8 1.883,3 -1.281,7

Saldo da Conta de Bens 10.988,0 9.204,1 4.983,8 4.161,5 4.334,2 5.659,3 6.073,2 1.342,6

Exportações f.o.b. 16.431,5 16.107,1 10.045,4 7.178,3 7.960,8 10.733,9 9.199,6 3.453,3

Importações f.o.b. -5.443,5 -6.902,9 -5.061,6 -3.016,8 -3.626,6 -5.074,6 -3.126,5 -2.110,7

Serviços (Liq) -5.253,3 -6.770,0 -4.012,3 -2.983,4 -3.684,8 -2.732,8 -1.831,3 -1.327,4

Rendimentos (Liq) -2.449,4 -2.312,8 -1.472,1 -1.376,5 -2.074,2 -1.917,3 -2.307,0 -1.259,8

Rend. Secundários (Liq) -535,9 -614,6 -236,3 -137,0 -124,2 -31,5 -51,5 -37,1

Conta de Capital e Financeira -607,6 -2.542,2 2.445,0 4.217,5 -154,7 -114,6 -1.738,0 -357,5 Conta de Capital 0,1 0,2 2,0 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 Conta Financeira -607,8 -2.542,4 2.443,0 4.217,3 -154,7 -114,6 -1.738,0 -357,5 Erros e Omissões -1.508,0 1.431,8 -3.641,8 -3.902,8 -918,8 595,7 -164,7 931,5 Balança Global 633,8 -1.603,7 -1.933,6 -20,7 -2.622,5 1.458,8 -19,4 -707,7

(17)

8. Sector Externo (2/2)

• As Reservas Internacionais mantêm tendência decrescente, o que poderá reflectir a moderação da

capacidade de aquisição de moeda estrangeira, devido as oscilações da cotação do crude e das restrições impostas pela COVID-19.

• O FMI estima que as Reservas Internacionais Líquidas atinjam 8.100 milhões USD até o final do ano

corrente, o que deverá impactar a capacidade de importação.

Os termos de troca poderão apresentar uma degradação significativa. Os dados apresentados pelo FMI revelam que os termos de troca apresentem uma degradação de 43,8% no ano corrente, que compra com a queda de 10,8% em 2019. O desempenho esperado poderá ser justificado pela performance negativa do preço do petróleo, que tem impactado as exportações, tal como o reduzido grau de diversificação da economia e as restrições impostas pela COVID-19. A Conta Capital e Financeira apresentou um défice de 357,5 milhões USD. Apesar de manter-se em terreno negativo, o saldo apurado no IIº trimestre de 2020 registou uma melhoria quando comparado ao período anterior em que se fixou 1.453 milhões USD. A moderação do défice da rubrica Capitais do Médio e Longo prazo líquido (reflexo da redução dos desembolsos e das amortizações) aliado ao aumento dos Outros Capitais líquidos. Em termos de percentagem sobre o PIB, o défice da conta passou de 8,1% no Iº trimestre para 2,8% no período seguinte.

As Reservas Internacionais Líquidas atingiram um digito. As RIL’s encerraram o IIIº trimestre em 9.297 milhões USD, o equivalente a uma redução de 10,5% face ao trimestre anterior. A tendência decrescente deverá manter-se, se levarmos em consideração as projecções apresentadas pelo FMI que apontam para um nível de 8.100 milhões USD em 2020 e 7.782 milhões USD no ano seguinte. De acordo com a instituição de Bretton Woods os níveis de RIL´s apenas voltarão a atingir os dois dígitos em 2023. As Reservas Internacionais Brutas apuradas no IIIº trimestre permitiam a cobertura de 11,54 meses de importações. As RIB´s fixaram-se em 15.360,86 milhões USD, o que representa uma redução de 1,3% quando comparado ao trimestre anterior. O nível apurado permite a cobertura de 11,54 meses de importações, uma ligeira redução quando comparado aos 11,69 meses registados no IIº trimestre de 2020. O FMI projecta um nível de 15.582 milhões USD em 2020, o que permitiria a cobertura de 10,6 meses de importação.

Gráfico 15 – Reservas Internacionais Líquidas Gráfico 14 – Termos de troca (%)

-10.8 -43.8 11.3 3.0 8.3 2019 2020 2021 2022 2023

Fonte: FMIThird Review

8,000 13,000 18,000 23,000 28,000

(18)

9. Mercado Cambial

• A moeda nacional continua o processo de depreciação, tendo ao longo do IIIº trimestre depreciado 7%

face ao dólar, uma aceleração de 3 p.p. face ao desempenho do período anterior.

• A tendência deverá manter-se ao longo dos próximos três anos, com a taxa de câmbio média implícita, do

Fundo Monetário Internacional, a situar-se em 767,145 Kz por unidade de dólar, em 2023.

A moeda nacional depreciou 6,7% face ao dólar norte-americano, no IIIº trimestre do ano corrente. A taxa de câmbio durante o período em análise fixou-se em 620,210 Kz por unidade de dólar. Em termos acumulados, o Kwanza perdeu cerca de 22% do seu valor face ao dólar, ao longo dos primeiros nove meses do ano corrente, o que corresponde a uma aceleração de 4 p.p., quando comparado ao período homólogo. Relativamente, a moeda única europeia, o Kwanza acumulou depreciação de 26% desde o início do ano, uma aceleração face os 15% registado em igual período de 2019.

No mercado informal continua a se assistir a depreciação da moeda. O dólar encerrou o IIIº trimestre com uma cotação de 800 Kz por unidade da moeda norte-americana e 910 Kz por unidade de euro. Importa ressaltar, que no início do ano corrente as moedas estiveram cotadas em 632 e 668 Kz por unidade, respectivamente. O mercado informal, apesar de ilegal, continua a satisfazer parte da procura, que por razões preferências insistem em arriscar-se nas operações no mercado informal. O FMI apresentou uma taxa de câmbio média implícita de 767,145 Kz por unidade de dólar em 2023. As previsões apontam para a manutenção do processo de depreciação da moeda, durante os próximos três anos, no entanto a um ritmo cada vez menor. A entrada de novos ofertantes no mercado (empresas diamantíferas e o Tesouro Nacional) aliado a redução da procura por moeda estrangeira, em linha com o processo de substituição de importações, poderá contribuir para a moderação da depreciação estimada.

O BNA comercializou durante o IIIº trimestre o equivalente a 1.139 milhões USD. O nível representa um incremento de 27,5% face ao trimestre anterior, mas uma redução de 36,8% quando comparado ao Iº trimestre do ano corrente.

O Banco Central manteve o compromisso de actualização das regras de procedimento no mercado cambial. O BNA através do Aviso Nº

17/2020 de 03 de Agosto estabeleceu a

obrigatoriedade de abertura de uma conta de não residente cambial numa Instituição Financeira Bancária sedeada em Angola, por parte dos

trabalhadores estrangeiros não residentes cambias que exerçam uma actividade remunerada no país, na qual deverão ser domiciliados os seus rendimentos. A obrigatoriedade mencionada não excluí a possibilidade de transferência dos rendimentos obtidos ao abrigo do contrato de trabalho, de Angola para o estrangeiro. Esta medida poderá contribuir para a dinamização das operações cambiais, tal como a arrecadação de receitas.

Gráfico 17 – Venda de Divisas

Fonte: BNA, valores em milhões USD

Gráfico 16 – Variação Cambial

Fonte: BNA -30% -20% -10% 0% 10%

mar/17 out/17 mai/18 dez/18 jul/19 fev/20 set/20

EUR/KZ USD/KZ 2,143.2 2,156.2 2,549.3 2,503.4 1,688.0 894.0 1,147.0 I T II T III T IV T 2019 2020

(19)

10. Mercado de Capitais

• O montante transaccionado no mercado secundário de dívida pública registou uma redução de 16%, ao

longo do IIIº trimestre do ano corrente.

• O fim da operacionalização da linha de liquidez disponibilizada pelo BNA para a compra de títulos de

dívida pública às empresas justificam a desaceleração trimestral apurada.

Durante o IIIº trimestre de 2020 o montante transaccionado no mercado secundário fixou-se em 283.794 milhões Kz. O nível representa uma redução trimestral de 16,3%, o que poderá reflectir o fim da operacionalização da linha de liquidez disponibilizada pelo BNA para a compra de títulos de dívida pública às empresas. Porém, na comparação face ao período homólogo verificou-se um incremento de 31,7% reflexo da manutenção da profundidade do mercado, tal como o incremento da literacia financeira.

Entre os instrumentos negociados as Obrigações do Tesouro representaram quase 100%. A manutenção depreciação da moeda poderá justificar a apetência dos investidores por Obrigações do Tesouro indexadas à taxa de câmbio, que durante o período em análise representaram 63%, apesar da moderação do montante em 7%. Paralelamente, as Obrigações do Tesouro não reajustáveis corresponderam a 37%, ao situar-se em 104.944,94 milhões Kz. As Unidades de Participação do BFA e a Obrigações Privadas negociaram perto de 3,69 milhões Kz.

O montante negociado por ano de vencimento revela uma concentração nos títulos com maturidade até 2022. Cerca de 76% do montante negociado de títulos de dívida pública durante o IIIº trimestre apresentaram vencimento até 2022, sendo que 29% deverão vencer já em 2021. Destaca-se que para títulos com vencimento a partir de 2024, o montante negociado fixou-se perto dos 15%, o que poderá estar associado as incertezas da evolução do mercado no médio prazo.

Os investidores particulares representam 15%, um aumento de 0,30 p.p., nos primeiros oito meses de 2020, face ao período homólogo. O perfil conservador dos investidores particulares aliado a reduzida diversificação do portfólio de investimento justificam o desempenho apurado. Apesar da emissão de uma obrigação corporativa e o registo de unidade de participação, os títulos de dívida pública continuam a representar a maior parte da carteira dos investimentos particulares.

No mercado internacional, entre os meses de Julho a Setembro, as yields dos Eurobonds seguiram

tendência ascendente na generalidade das maturidades. As taxas exigidas pelos investidores para aquisição dos Eurobonds nas diversas maturidades apresentaram crescimento entre 0,53 p.p. e 0,91 p.p.. O desempenho reflecte o comportamento da cotação internacional do crude (principal fonte de arrecadação de receitas), que durante o período em análise reduziu cerca de 0,49%, fixando-se em 40,95 USD/barril. Destaca-se que asyieldsexigidas se situaram acima dos 11%.

Gráfico 18 – Transacções no mercado secundário

Fonte: BODIVA

Gráfico 19 – Negócios realizado p/ ano de vencimento

Fonte: BODIVA, valores em Mil Milhões Kz

208.38 218.67 215.45

231.61 288.13

339.02

283.79

Iº T IIº T IIIº T IVº T

2019 2020 26% 29% 21% 10% 14% 0% 2020 2021 2022 2023 2024 2025

(20)

11. Sector Bancário

• O Capital e Reservas dos bancos comerciais ascendeu os 1.802,59 mil milhões Kz no IIIº trimestre de 2020.

• As taxas de Juro dos Empréstimos a particulares em moeda nacional para a maturidade de até 180 dias

fixou-se em 16,63% em Setembro de 2020

O Capital e Reservas dos bancos comerciais ascendeu os 1.802,58 mil milhões Kz no IIIº trimestre de 2020. O montante representa uma redução trimestral de 10,04%, mas um incremento homólogo de 1,56%, o que poderá sugerir a necessidade das instituições financeiras bancárias reforçarem a sua estrutura de capital como forma de enfrentarem os variados desafios impostos pela propagação do Coronavírus.

O Total do Activo da banca comercial situou-se em 20.727,89 mil milhões no IIIº trimestre de 2020. O desempenho revela um aumento de 4,47% em relação ao trimestre anterior, resultante dos aumentos dos Empréstimos e Títulos de dívida pública, na ordem dos 8,15% e 5,85%, ao situarem-se em 5.687,29 mil milhões Kz e 6.753,52 mil milhões Kz, respectivamente. Em termos de peso, destaca-se o facto de que 32,58% dos activos dos bancos é composto por Títulos de dívida (+0,43 p.p.), ao passo que os Empréstimos representaram 27,44%, um incremento de 0,93 p.p..

Os depósitos corresponderam a cerca de 65,49% do total dos passivos no último trimestre. Durante o período em análise, os depósitos fixaram-se em 13.574,30 mil milhões Kz, um incremento trimestral de 3,31% e pouco mais de 29,28% face ao período homólogo quando situou-se em 10.500,12 mil milhões Kz. Neste sentido constata-se que os depósitos, apesar dos actuais constrangimentos macroeconómicos, continuam a assumir-se como a principal fonte de captação de recursos por parte dos bancos, com os depósitos a prazo a representarem 44,91% do total dos depósitos.

A taxa de Juro dos Empréstimos a particulares em moeda nacional para a maturidade de até 180 dias fixou-se em 16,53% em Setembro de 2020. O nível representa uma redução trimestral e homóloga de 3,28 p.p. e 2,60 p.p., respectivamente, o que poderá sugerir, por um lado a redução da procura por parte dos mutuários, e por outro lado, da continuidade dos programas do Governo de acesso ao crédito. Por sua vez, a taxa dos Empréstimos a particulares, igualmente em moeda nacional, mas na maturidade de “181 dias a 1 ano” situou-se em 19,70%, um aumento de 2,45 p.p. em termos trimestrais, e 1,03 p.p. na sua comparação homóloga.

As taxas de Juro dos depósitos a prazo para mais 12 meses situaram-se em 15,09% no IIIº trimestre de 2020. O registo revela um incremento trimestral de 5,11 p.p., reflexo da necessidade se de atrair novos clientes para os bancos, com vista a melhorar a estrutura defundingdos bancos. Neste sentido, vale lembrar que a elevação das taxas de juro passivas, numa altura de restrição da política monetária, poderá ser desafiante para os bancos comerciais, por uma questão de equilíbrio do seu balanço.

Gráfico 21 – Estrutura dos Activos do Sistema Bancário

Fonte: BNA

Gráfico 20 – Capital e Reservas (Milhões Kz)

Fonte: BNA 1.413.987 1.297.655 2.003.804 1.964.775 1.716.620 1.815.871

abr/20 mai/20 jun/20 jul/20 ago/20 set/20

31% 31% 27% 27% 27% 27% 29% 29% 32% 33% 33% 33% 40% 40% 40% 39% 40% 39%

abr/20 mai/20 jun/20 jul/20 ago/20 set/20

(21)

12. Indicadores Sociais

• A taxa de emprego continua a apresentar tendência de aumento no sector informal da economia, tendo no

IIº trimestre concentrado perto de 80,1% do total dos empregos disponíveis na economia.

• A taxa de pobreza multidimensional em Angola é sentida por 54% da população, segundo os últimos

dados publicados pelo INE.

A taxa de desemprego do IIº trimestre fixou-se em 32%. Segundo dados do INE, a população desempregada foi estimada em 4.737.747 pessoas, sendo 2.041.215 eram homens e 2.696.531 mulheres. Com efeito, a taxa de desemprego na população de 15 ou mais anos foi estimada em 32,7%, um aumento de 0,07 p.p., quando comparado ao período anterior, sendo 35,1% para mulheres e 30% para homens. A taxa de desemprego na zona urbana foi de 46,6% cerca de 3 vezes superior à área rural que se fixou em 14,7%. Por outro lado, o sector da Agricultura, Produção animal, Caça, Floresta e Pesca com uma taxa de empregabilidade de 59,3% representa o principal sector de empregabilidade do país. Destaca-se que 80,1% da população empregada estava ligada ao sector informal da economia.

A taxa de desemprego jovem fixou-se em 50,8% no IIº trimestre de 2020. O desempenho representa uma desaceleração trimestral e homóloga de 7 p.p. e 4,1 p.p., respectivamente, em linha com a redução população desempregada em 20,1% e o aumento da população empregada em 5,9%. Paralelamente, assistiu-se a uma redução da população economicamente activa, entre os 15 e 24 anos, de 9,1%. Importa ressaltar que a taxa de emprego nesta faixa etária fixou-se em 37%, abaixo dos 58,9% da taxa global.

O número de pessoas a testarem positivo ao COVID-19 aumentou no último trimestre. A propagação da COVID-19 pelo mundo tem causado impactos relevantes à economia, à mobilidade das pessoas e às estruturas sanitárias dos países. Em Angola, os primeiros dois casos positivo foram declarados no dia 21 de Março de 2020. E com o intuito de reduzir a possibilidade de propagação, no dia 26 de Março de 2020 foi declarado o Estado Emergência, tendo sido prorrogado por três vezes e depois passado para a Situação de Calamidade Pública. Até o fecho do IIIº trimestre o país tinha registado 4.797 casos positivos de COVID-19, acima dos 367 casos de Junho último, enquanto rácio de

mortes por casos positivos passou de 3% em Julho para 3,7% em Setembro.

A pobreza multidimensional em Angola fixou-se em 54% da população em 2020. Segundo os estudos do INE em cada 10 pessoas mais de 5 têm privações no acesso à educação, serviços de saúde, têm reduzida qualidade de vida e enfrentam dificuldades no acesso ao emprego. A incidência é mais pronunciada entre as regiões do interior e do Sul do país. Destaca-se que o país se comprometeu em erradicar a fome e a pobreza extrema até 2030, em linha com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e tem empreendido esforços para alcance das metas definidas, esforços que tem sido condicionado pelo reduzido espaço fiscal e pela da manutenção de taxas de crescimento negativas do PIB desde 2016.

O país matriculou no ano lectivo de 2020 perto de 13,7 milhões de estudantes. Os números avançados pelo Presidente da República no seu habitual discurso sobre o Estado da Nação davam conta que para o ensino geral e para o primeiro e segundo ciclo foram disponibilizados 16,1 e 11,8 mil salas de aulas, respectivamente, o que de forma agregada permite que o país detivesse em 2020, perto mais de 167 mil salas de aulas, tendo sido admitidos mais de 3,1 milhões de alunos, num universo de 13,7 milhões de alunos matriculados.

O Banco Mundial deverá incrementar o orçamento do combate à pobreza em 500 milhões USD. O Projecto de Desenvolvimento do Sector de Águas (PDISA), financiado pelo Banco Mundial com uma linha de 150 milhões USD, tem em vista a abertura de outra linha avaliada em 500 milhões USD, que permitirá prosseguir-se com a cifra de mais de 25 mil ligações domiciliares efectuadas em cada uma das províncias abrangidas. Destaca-se que o país tem uma taxa de pobreza monetária fixada em 40,6%, segundo dados do INE, enquanto o Banco Mundial estima que com a propagação da COVID-19 o país possa registar uma taxa de 52% até do fecho de 2020.

Tabela 05 – Estatísticas sobre o emprego desemprego IIº Trimestre 2020

Categoria Total Formal Informal Urbano Rural Homens Mulheres

Taxa de emprego

Global 58,9 19,9 80,1 43,7 82 61,6 56,6 Jovem 23,4 76,6 - - -

-Taxa de desemprego

(22)

13. Ambiente de Negócios

• O país apresenta relevantes desafios na protecção do direitos de propriedade, tendo sido classificado

como o quarto país mais desafiante num universo de 129 países avaliados em 2019.

• Os montantes de Investimentos externos captado no IIº trimestre registaram reduções significativas, em

linha com a actual conjuntura desafiante.

O país ficou classificado na 4ª posição em matéria de protecção do Direito de Propriedade. A classificação do país fixou-se em 126ª posição, numa avaliação de 129 países, acima de Yemen, Haiti e Venezuela que ocupam as últimas posições. O índice que é composto de três componentes – Contexto Político, Protecção de Propriedade Física e o indicador de Proteção de Propriedade Intelectual -, Angola teve uma classificação de 3,116 pontos numa escala de 0 a 10, penalizada pelo contexto político (2,822 pontos), seguida pela protecção da Propriedade Intelectual (2,930 pontos) e pela Protecção da propriedade Física (3,595 pontos). Dar nota que é a primeira vez que o país aparece no índice.

O sistema jurídico de Angola poderá contar com uma sala de Comércio nos próximos tempos. Numa intenção de acelerar o processo de especialidade judicial em curso nos tribunais do País, o Ministério da Economia e o BNA acertaram com os tribunais a preparação das condições materiais e humanas para o surgimento da primeira Sala de Comércio, Propriedade Intelectual e Industrial no Tribunal da Comarca de Luanda, onde se perspectivam ser resolvidos com maior celeridade e assertividades os processos de insolvência, recuperações de empresas, acções de declaração de inexistência, nulidades, anulações de contrato, um passo fundamental para a melhoria do ambiente de negócios.

O Clima Económico registou redução no IIº trimestre de 2020. O INE publicou as expectativas dos empresários sobre a evolução da economia no curto prazo. O cenário permanece desafiante, sendo que as perspectivas mantêm-se em terreno negativo, ao se fixarem em -21 pontos, acima dos -15 pontos do Iº trimestre de 2020. O desempenho é justificado, na sua generalidade, pela reduzida expectativa de recuperação da economia, depois dos empresários terem identificado que os problemas ligados ao acesso ao crédito, os custos de reposição das peças, a reduzida procura interna e a alta dos preços poderão permanecer no curto prazo e condicionar a capacidade de produção. O PROPIV poderá render mais de 1.000 milhões USD para os cofres do Estado. Segundo notas do Governo, o Tesouro poderá encaixar até mil milhões

USD com o programa de privatizações em curso no país, onde estão inscritos 195 activos e participações do Estado. Destaca-se que o IGAPE procedeu, no dia 22 de Setembro, à assinatura de contratos de adjudicação de 9 activos incluídos nos concursos públicos de privatização de unidades industriais localizadas na Zona Económica Especial e de 3 unidades têxteis localizadas em três províncias do país. O valor global dos contratos de adjudicação foi fixado em 34 mil milhões de Kwanzas.

O país manteve um nível de integração económica abaixo da média da SADC, em 2019. Angola ficou classificado na décima quinta posição, com 0,226 pontos – numa escala de 0 a 1 - no nível de integração, acima apenas da República Democrática do Congo. A classificação ficou penalizada pela actual dimensão macroeconómica em que o país enfrenta, o que o colocou em último lugar. Na integração comercial fixou-se na décima quarta posição. Relativamente à integração na dimensão da “Liberdade de Movimentação das Pessoas”, “Produtividade” e “Infra-estruturas”, o país ficou classificado na oitava posição para os dois primeiros critérios e na décima posição para o último. Não obstante, em termos genéricos a performance do país é baixa e está longe da média da região fixada em 0,337 pontos, com a África do Sul a liderar o ranking com 0,667 pontos.

Tabela 06 – Índice de Integração Económica em Angola, em pontos

Fonte:DoingBusiness,Banco Mundial, 2020

Dimensão de Integração Angola SADC

Integração regional total 0,226 0,337 Integração comercial 0,197 0,34 Integração da Produtividade 0,278 0,239 Integração Macroeconómica 0,093 0,422 Integração de infrastrutura 0,107 0,214 Liberdade de movimentação de pessoas 0,461 0,49

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