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Cenário Macro Semanal

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Academic year: 2021

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Recessão na zona do euro se amplia e dificulta o ajuste fiscal

Recentemente, o recuo dos indicadores e expectativas referentes a crescimento e

inflação na zona do euro têm alterado ligeiramente o posicionamento do Banco Central

Europeu (BCE) quanto à recuperação da economia da união monetária, incentivando-o a

reduzir a taxa básica de juros no início deste mês e a cogitar a possibilidade de

implementar novos estímulos monetários.

Contudo, apesar da importância da política monetária expansionista para estimular a

economia da zona do euro, é importante destacar o efeito causado em sentido contrário

pela política fiscal. As medidas de redução do déficit das contas públicas de alguns

países da união monetária seguirão dificultando a recuperação de suas economias, visto

que os gastos públicos representam aproximadamente um quinto do PIB da região.

Desse modo, a contração do balanço fiscal, sem que o setor privado tenha demonstrado

ritmo consistente de recuperação, resulta em menor crescimento para essas economias

e, consequentemente, em menor arrecadação dos governos, o que evidencia quão

custoso e demorado será o processo de redução do endividamento desses países em

relação ao PIB, mesmo com a política monetária mais expansionista.

Ainda em sua fase inicial, “Abenomia” começa a demonstrar resultados:

ao mesmo

tempo em que permanece o apelo pela austeridade fiscal na zona do euro, combinado a

um relativo conservadorismo do BCE, o Japão tem insistido em um programa de

crescimento econômico baseado em medidas de política fiscal, política monetária e

reformas estruturais, conhecido como “Abenomia” (em referência ao primeiro-ministro

japonês, Shinzo Abe). Ainda que o programa seja recente, alguns efeitos sobre o nível de

atividade já podem ser percebidos. O PIB do Japão apresentou crescimento anualizado de

3,5% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o 4T12.

Varejo reforça tendência de crescimento moderado neste ano:

as vendas no varejo

apresentaram recuo de 0,1% em março, na comparação com o mês anterior, segundo

dados do IBGE. O resultado foi superior à estimativa média do mercado, que indicava

contração de 0,5% do varejo no mês. O avanço foi de 4,5% ante março de 2012 e, no

primeiro trimestre de 2013, observou-se crescimento de 3,5% no volume de vendas, na

comparação com o mesmo período do ano passado.

Estimativas de mercado para os principais indicadores da economia brasileira

2010 2011 2012 2013e 2014e

IPCA (%) 5,91% 6,50% 5,84% 5,80% 5,80%

IGP-DI (%) 11,31% 5,01% 8,11% 4,43% 5,10%

IGP-M (%) 11,32% 5,10% 7,82% 4,51% 5,41%

Taxa de câmbio - fim de período (R$/US$) 1,66 1,87 2,04 2,01 2,05

Taxa de câmbio - média de período (R$/US$) 1,76 1,67 1,95 2,00 2,04

Meta Taxa Selic - fim de período (a/a) 10,75% 11,00% 7,25% 8,25% 8,25%

Meta Taxa Selic - média de período (a/a) 9,81% 11,66% 8,52% 7,81% 8,50%

PIB (% de crescimento) 7,53% 2,73% 0,87% 3,00% 3,50%

Fonte: IBGE, FGV e BCB. Expectativas Focus-BCB.

Gustavo Pereira Serra

Economista gserra@planner.com.br +55 11 2138-8205

Cristiano de Barros Caris

ccaris@planner.com.br +55 11 2138-8207

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Cenário Externo

Recessão na zona do euro se amplia e dificulta o ajuste fiscal

O PIB da zona do euro apresentou queda de 0,2% no primeiro trimestre, registrando sua 6ª contração consecutiva. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o recuo do nível de atividade foi de 1,0%. Ainda em relação ao primeiro trimestre de 2012, o PIB da Alemanha apresentou queda de 0,3%, revertendo o crescimento observado no trimestre anterior, de 0,3%. No mesmo período, a economia da França registrou contração de 0,4% (ante variação de -0,3% observada no 4T12). Enquanto isso, os países que apresentam maior necessidade de ajuste fiscal registram queda mais intensa no nível de atividade, como Itália (de -2,8% para -2,3%), Espanha (de -1,9% para -2,0%), Portugal (de -3,8% para -3,9%) e Grécia (de -5,7% para -5,3%).

Recentemente, o recuo dos indicadores e expectativas referentes a crescimento e inflação na zona do euro têm alterado ligeiramente o posicionamento do Banco Central Europeu (BCE) quanto à recuperação da economia da união monetária, incentivando-o a reduzir a taxa básica de juros no início deste mês e a cogitar a possibilidade de implementar novos estímulos monetários. Em abril, a inflação ao consumidor registrou avanço de 1,2%, abaixo da meta do BCE de 2,0%. Desse modo, a expectativa é de que a política monetária do Banco Central Europeu permaneça acomodatícia nos próximos anos, de modo a viabilizar a retomada do nível de atividade.

Contudo, apesar da importância da política monetária expansionista para estimular a economia da zona do euro, é importante destacar o efeito causado em sentido contrário pela política fiscal. As medidas de redução do déficit das contas públicas de alguns países da união monetária seguirão dificultando a recuperação de suas economias, visto que os gastos públicos representam aproximadamente um quinto do PIB da região. Desse modo, a contração do balanço fiscal, sem que o setor privado tenha demonstrado ritmo consistente de recuperação, resulta em menor crescimento para essas economias e, consequentemente, em menor arrecadação dos governos, o que evidencia quão custoso e demorado será o processo de redução do endividamento desses países em relação ao PIB, mesmo com a política monetária mais expansionista.

Um efeito importante da política monetária expansionista realizada pelo BCE tem sido a desvalorização do euro, movimento ainda acentuado pela recente valorização do dólar, decorrente da especulação de parte do mercado a respeito de uma possível redução do programa de compra de ativos do Fed (banco central dos Estados Unidos), após alguns membros do FOMC demonstrarem-se favoráveis à reversão da medida. Dessa forma, a política monetária atua tanto no sentido de elevar as expectativas de inflação, impulsionando o nível de atividade no momento presente, quanto no incentivo às exportações e concomitante encarecimento das importações, ao desvalorizar o câmbio, beneficiando a balança comercial da região.

Todavia, apesar do impacto sobre o nível de atividade da união monetária, consideramos que a desvalorização do euro tenha maior relevância para países como a Alemanha, que apresentam maior nível de produtividade e mantêm aquecido o mercado de trabalho. Em contrapartida, a implicação de uma moeda mais desvalorizada deve ser menor para países como Grécia, Portugal,

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consistindo em entrave à retomada dos investimentos, não alterando o cenário de longo período de recuperação para essas economias.

3,0% 0,4% 2,0% 1,4% -0,6% -0,3% 1,1% 1,4% 1,6% 1,6% 1,6% -1,0% -0,5% 0,0% 0,5% 1,0% 1,5% 2,0% 2,5% 3,0% 3,5%

PIB da Zona do Euro- Variação Real (a/a)

Fonte: FMI *expectativas FMI

Projeções*

Ainda em sua fase inicial, “Abenomia” começa a demonstrar resultados

Ao mesmo tempo em que permanece o apelo pela austeridade fiscal na zona do euro, combinado a um relativo conservadorismo do BCE, o Japão tem insistido em um programa de crescimento econômico baseado em medidas de política fiscal, política monetária e reformas estruturais, conhecido como “Abenomia” (em referência ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe). As “três setas” que sustentam o programa englobam medidas no intuito de reverter a deflação no país, estipulando uma meta de inflação de 2,0%, que será obtida a partir de uma forte expansão da base monetária, que o governo japonês pretende dobrar até o final de 2014.

Ainda que o programa seja recente, alguns efeitos sobre o nível de atividade já podem ser percebidos. O PIB do Japão apresentou crescimento anualizado de 3,5% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o 4T12. Os gastos com consumo das famílias expandiram 3,7% na mesma base de comparação, com forte elevação dos investimentos do setor privado (excluindo estrangeiros), de 7,9%. A desvalorização do iene no período favoreceu o resultado da balança de bens e serviços do país no período, sendo que as exportações apresentaram crescimento de 16,1%, enquanto as importações de bens e serviços registraram menor variação, de 4,0%.

Apesar do curto período de implementação para avaliar os impactos do programa adotado, seu efeito sobre a economia japonesa tem se mostrado positivo, com elevação da confiança de consumidores e empresários, na expectativa de pressão inflacionária, haja vista a magnitude das medidas de expansão monetária e fiscal. Contudo, as projeções de crescimento para a economia do país permanecem cautelosas, a despeito do bom humor causado com o resultado do 1T13, em função das incertezas ainda existentes sobre efeitos colaterais que poderão ocorrer devido ao forte aumento da liquidez monetária, bem como sobre a eficácia dos estímulos fiscais a serem adotados.

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-1,0% -5,5% 4,7% -0,6% 2,0% 1,58% 1,41% 1,05% -6,0% -4,0% -2,0% 0,0% 2,0% 4,0% 6,0%

Japão - Produto Interno Bruto (a/a)

Fonte: FMI *Expectativas FMI

Cenário Interno

Varejo reforça tendência de crescimento moderado neste ano

As vendas no varejo apresentaram recuo de 0,1% em março, na comparação com o mês anterior, segundo dados do IBGE. O resultado foi superior à estimativa média do mercado, que indicava contração de 0,5% do varejo no mês. O avanço foi de 4,5% ante março de 2012 e, no primeiro trimestre de 2013, observou-se crescimento de 3,5% no volume de vendas, na comparação com o mesmo período do ano passado.

O segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo apresentou o segundo recuo consecutivo, com queda de 2,1% do volume de vendas, na comparação mensal. Contudo, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o segmento foi beneficiado pela antecipação da Páscoa neste ano (no ano passado, a data foi em abril), apresentando crescimento de 4,0% no período.

O segmento de Móveis e eletrodomésticos, apesar do avanço na comparação mensal (de -0,2% para +0,7%), registra recuo ante o mesmo mês do ano anterior, de 0,8%, como resultado da antecipação de parte da reposição da alíquota de IPI para móveis e linha branca, visto que o incentivo será revertido em julho de 2013.

O comércio varejista ampliado apresentou avanço de 0,2% em março, após registrar recuo de 0,7% em fevereiro, acumulando variação de 3,8% no volume de vendas no primeiro trimestre, ante o mesmo período do ano anterior. Destacou-se, no mês, a expansão de Veículos, motos, partes e peças (de -1,6% para +1,9%), como consequência do recuo nos preços de automóveis. O segmento de Material de construção registrou crescimento de 0,7% no volume de vendas, mesma variação observada em fevereiro.

Como temos enfatizado, os recentes resultados divulgados para as vendas no varejo reforçam um cenário de menor crescimento para o setor neste ano, influenciado pelos seguintes fatores:

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comprometimento da renda das famílias com juros e principal de dívidas, o que afeta principalmente as vendas de bens duráveis; (iii) menor reajuste do salário mínimo em 2013, na comparação com o ano passado; e (iv) desaceleração na geração de novos empregos.

No entanto, apesar do menor avanço neste ano, o consumo das famílias deve continuar sustentando o crescimento da economia brasileira, ainda impulsionado pelo baixo nível de desemprego e pelos ganhos reais dos rendimentos de trabalhadores obtidos de maneira mais significativa em anos anteriores.

Após a divulgação dos dados do IBGE, indicando recuo nas vendas no varejo e expansão de 0,7% da produção industrial em março, o IBC-Br (índice de atividade do Banco Central e proxy mensal para o PIB) apresentou alta de 0,72% entre fevereiro e março, na série com ajuste sazonal. Segundo o índice, o nível de atividade da economia brasileira apresentou avanço de 1,05% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o 4T12. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o avanço foi de 1,79% nos três primeiros meses de 2013.

Esses dados mais favoráveis para a economia brasileira devem ser confirmados no dia 29 de maio, com a divulgação, pelo IBGE, do PIB referente ao primeiro trimestre de 2013. Segundo antecipou a Pesquisa Industrial Mensal, realizada pelo próprio Instituto, a recuperação da economia brasileira no trimestre deve ser impulsionada pela retomada dos investimentos, segundo demonstrou o desempenho da indústria de bens de capital no período.

100 105 110 115 120 125 130 135

fev/10 jun/10 out/10 fev/11 jun/11 out/11 fev/12 jun/12 out/12 fev/13

Indicadores de Atividade Econômica (com ajuste sazonal)

IBC-Br Vendas no Varejo

Produção Industrial

Base: média 2009 = 100

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Mario Roberto Mariante, CNPI* mmariante@plannercorretora.com.br Luiz Francisco Caetano, CNPI

lcaetano@plannercorretora.com.br Gustavo Pereira Serra, CNPI gserra@plannercorretora.com.br Victor Luiz de Figueiredo Martins, CNPI vmartins@plannercorretora.com.br Ricardo Tadeu Martins, CNPI rmartins@plannercorretora.com.br Cristiano de Barros Caris

ccaris@plannercorretora.com.br Silvia Chandrowski Zanotto, CNPI-T

szanotto@plannercorretora.com.br Gustavo Lobo, CNPI-T

globo@plannercorretora.com.br Andre Seiti Tanaka

atanaka@plannercorretora.com.br

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Este relatório foi preparado pela Planner Corretora e está sendo fornecido exclusivamente com o objetivo de informar. As informações, opiniões, estimativas e projeções referem-se à data presente e estão sujeitas à mudanças como resultado de alterações nas condições de mercado, sem aviso prévio. As informações utilizadas neste relatório foram obtidas das companhias analisadas e de fontes públicas, que acreditamos confiáveis e de boa fé. Contudo, não foram independentemente conferidas e nenhuma garantia, expressa ou implícita, é dada sobre sua exatidão. Nenhuma parte deste relatório pode ser copiada ou redistribuída sem prévio consentimento da Planner Corretora de Valores.

(*) Conforme o artigo 16, parágrafo único, da ICVM 483, declaro ser inteiramente responsável pelas informações e afirmações contidas neste relatório de análise.

Declaração do(s) analista(s) de valores mobiliários (de investimento), nos termos do art. 17 da ICVM 483

O(s) analista(s) de valores mobiliários (de investimento) envolvido(s) na elaboração deste relatório declara(m) que as recomendações contidas neste refletem exclusivamente sua(s) opinião(ões) pessoal(is) sobre a companhia e seus valores mobiliários e foram elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive em relação à Planner Corretora e demais empresas do Grupo.

Declaração do empregador do analista, nos termos do art. 18 da ICVM 483

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