O surgimento das “línguas vulgares”,
como parte do processo de formação
Atualmente a grande maioria da humanidade vive sob a
autoridade de um Estado nacional, caracterizado pela
delimitação de fronteiras territoriais, pela unificação de
leis, pesos, medidas e o controle do Estado sobre a
justiça, as forças armadas e a emissão de moedas.
Mas, nem sempre foi assim...
Na Europa medieval (século V a XV) por exemplo, isso
soaria estranho.
É comum ouvirmos um europeu dizer:
“sou francês”, “sou inglês” ou “sou português”.
soaria estranho.
Os Estados Nacionais como França, Inglaterra, ou
Portugal, ainda não tinham se formado.
Naquele período, a pessoa que nascesse em um aldeia, vila
ou
cidade,
se
considerava
um
membro
daquela
comunidade, não mais que isso.
Antes de se constituir como Estados Nações, o
território
geográfico
conhecido
atualmente
como
Continente
Europeu,
estava
estruturado
social
e
Continente
Europeu,
estava
estruturado
social
e
politicamente de uma forma distinta do que conhecemos
hoje.
Em cada um destes reinos falava-se uma língua
específica.
A maior parte delas foi misturada ao latim que foi
introduzido na região europeia a partir do século III a. C.
Com o tempo, foram formando-se novas línguas
nestas regiões.
Durante a Idade Média, outras formas de organização
do espaço europeu foram estabelecidas e não haviam os
Estados da forma como os conhecemos na atualidade.
Neste período o poder local dos senhores feudais prevaleceu sobre a
figura política do rei.
Cada senhor feudal, fosse ele rei, conde ou marquês, possuía plenos
poderes
em suas
terras,
que
funcionavam como
entidades
independentes, com suas próprias leis, costumes, línguas, exércitos,
independentes, com suas próprias leis, costumes, línguas, exércitos,
tributos e, em alguns casos, até moedas.
Os reis não desempenhavam grande influência política, exercendo
algum poder apenas sobre os nobres que recebiam porções de terra
das suas propriedades.
A partir do século XI algumas mudanças ocorreram na Europa:
Inovações tecnológicas como a invenção dacharrua e uso de adubos Aumento da produção agrícola
Alimentos excedentes passaram a ser vendidos nas cidades (burgos)
Reaquecimento do comércio e monetarização da economia impulsionados após as Cruzadas
Enfraquecimento do poder político dos senhores feudais
Ascensão da burguesia e decadência do poder dos
senhores feudais
Crise do
Feudalismo
Setores da burguesia e nobreza
O processo de formação das monarquias nacionais europeias está
relacionado com as transformações decorrentes da “crise do feudalismo”.
Setores da burguesia e nobreza se unem para apoiar a
centralização política nas mãos dos reis
Necessidade do rei em garantir seus privilégios e interesses
Formação das monarquias nacionais
A crise do feudalismo marcada pelos levantes sociais urbanos, os conflitos entre a nobreza, a diminuição da produção agrícola, a Guerra dos Cem Anos e a peste impulsionaram o colapso desse modelo de produção.
Ao mesmo tempo, o novo papel assumido pelo comércio e pelas cidades fez surgir um grupo que começou a rivalizar em grau de importância com a nobreza: a burguesia.
A atuação dos diferentes grupos sociais — a partir de interesses às vezes complementares e às vezes conflitantes entre si — foi determinante para o surgimento dos Estados modernos em algumas regiões da Europa.
Os Estados Nacionais resultaram de um longo processo de unificação política, que se iniciou na Europa no século XIV. Até esse momento o
poder político estava descentralizado nas mãos dos senhores feudais.
A composição de uma aliança entre a nobreza, a burguesia e o Rei
O mercadores tinham dificuldades em comercializar seus produtos pois nos feudos existiam regras próprias, como moeda e sistema de pesos e medidas.
Alguns setores da burguesia e da nobreza começaram a se preocupar com o desenvolvimento econômico e a construção de sociedades que garantissem a ordem social.
Assim, a constituição de um poder centralizado na pessoa do rei, atenderia simultaneamente aos interesses dos nobres e burgueses e o Estado se transformaria num instrumento mais poderoso e eficiente na implantação de diversas medidas de seu interesse.
O Rei centralizava o poder utilizando o apoio político da
nobreza e os recursos da burguesia.
A Burguesia apoiou o rei para se favorecer com o comércio, tendo em vista a padronização da moeda, pesos, medidas, impostos e unificação das leis.
A Nobreza também deu apoio ao rei em troca da proteção contra as revoltas populares e manter suas
terras e privilégios. da burguesia.
O processo de formação das monarquias nacionais ocorreu
em razão dos múltiplos interesses políticos e econômicos
em razão dos múltiplos interesses políticos e econômicos
convergentes entre o
rei
, a
burguesia
e parcela da
Principais características da formação das monarquias nacionais:
Centralização do Poder Real com a unificação política e jurídica
Organização do aparelho Consolidação do território nacional e
Criação dos impostos e unificação do sistema monetário (moeda única) e
métrico (pesos e medidas) Organização do aparelho
administrativo do Estado
Consolidação do território nacional e de uma língua oficial
Aparelhamento do Exército nacional
A formação de Portugal e Espanha está relacionada com a luta pela expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica, as chamadas Guerras de Reconquista. Em Portugal, os territórios reconquistados ficavam sob a administração de
?
☺
Em Portugal, os territórios reconquistados ficavam sob a administração de condes, sendo por isso chamados de condados. Já na Espanha, eles deram origem a diversos reinos.
No século XV estes povos foram totalmente expulsos e desde então iniciou-se a formação da monarquia portuguesa e espanhola.
Portugal nasceu exatamente a partir de uma faixa de terra retomada por cristãos sob o comando do rei Afonso VI de Leão, que passou sua administração ao nobre francês Henrique de Borgonha, em reconhecimento por seu empenho na luta contra os muçulmanos.
Portugal
por seu empenho na luta contra os muçulmanos.
O território recebeu o nome de Condado Portucalense e permaneceu nessa condição até 1139, quando o filho de Henrique de Borgonha —
Afonso Henriques — e o grupo político que o apoiava conquistaram a independência do condado, dando início ao Reino de Portugal.
Do mesmo modo que Portugal, a formação da Espanha deu-se a partir da expulsão dos muçulmanos de seu território. Os territórios reconquistados tornaram-se reinos: Leão e Castela, Navarra e Aragão. Aos poucos, alguns deles foram incorporados por meio de lutas ou então anexados por alianças de
Espanha
deles foram incorporados por meio de lutas ou então anexados por alianças de casamento. Foi assim, por exemplo, com o Reino de Leão e Castela e o Reino de Aragão.
Fernando — herdeiro do trono de Aragão — casou-se com Isabel — irmã do rei de Leão e Castela —, promovendo a união desses reinos e consolidando o domínio sobre quase todo o território que hoje corresponde à Espanha.
Inglaterra
Antes de tornar-se uma Monarquia centralizada, as Ilhas Britânicas eram formadas por quatro reinos. A centralização ocorreu no século XII com o rei
Henrique II. Seu sucessor, Ricardo Coração de Leão, passou a maior parte de seu reinado lutando nas cruzadas ou contra os franceses.
reinado lutando nas cruzadas ou contra os franceses.
A ausência do rei e os altos custos militares provocaram um sentimento de insatisfação entre os nobres, os quais conseguiram limitar a ação dos sucessores de Ricardo por meio da Magna Carta, assinada em 1215 pelo rei João Sem Terra. A Monarquia constitucional, regime de governo em vigor hoje na Inglaterra, teve sua origem nesse documento.
França
As disputas com a Inglaterra pelo controle da região de Flandres e pela sucessão do trono francês (que resultaram na Guerra dos Cem Anos) possibilitaram aos reis franceses criar mecanismos que fortaleceram seu poder. As alianças com setores da nobreza, enfraquecida pela guerra, e a criação de um alianças com setores da nobreza, enfraquecida pela guerra, e a criação de um exército assalariado controlado pelo rei permitiram a concentração de poderes nas mãos reais. A vitória francesa sobre os ingleses na Guerra dos Cem Anos foi fundamental para a consolidação da Monarquia e a unificação do território.
Na Europa do Ocidente, a França despontou não somente como a maior e mais povoada nação europeia, mas também como a mais solidamente centralizada.
A EUROPA NO SÉCULO XVI
A conjuntura de todos estes fatores foi indispensável para a
formação das monarquias nacionais.
formação das monarquias nacionais.
Porém,
um
elemento
de
extrema
importância
para
estabelecer a unidade e criar uma identidade para aqueles
que viviam nos Estados recém criados, foi a imposição de
uma língua oficial a ser falada em todo o território nacional.
Como surgiram tais línguas
Durante o Império Romano o uso do latim, Durante o Império Romano o uso do latim,
principalmente, o “latim vulgar ou popular” (sermo vulgaris) foi somado as
línguas dos chamados povos bárbaros. Muitas das línguas faladas na Europa evoluíram a partir do latim e receberam
influências dos dialetos dos povos invasores.
Com a queda do Império Romano no século V, o latim culto foi preservado pela Igreja
Católica.
Na Idade Média, o latim foi usado pelas chancelarias e cientistas.
A partir de um processo longo e permeado A partir de um processo longo e permeado por assimilações e resistências linguísticas, foram surgindo alguns idiomas falados ainda
hoje, como o Português, Espanhol, Inglês e Francês.
Existem 2 famílias linguísticas:
À família das línguas românicas pertencem os idiomas italiano,
À família das línguas românicas pertencem os idiomas italiano,
francês, espanhol, português e romeno – o resultado da campanha
romana bem sucedida no século II.
Dentre as línguas germânicas estão: Inglês, holandês, flamengo,
alemão, dinamarquês, norueguês, sueco e islandês.
Portugal e a consolidação de sua língua nacional
Na região, onde fora fundada a monarquia portuguesa, falava-se um dialeto denominado galaico-português, expressão linguística comum à Galiza e Portugal. Mas, à medida que Portugal alargava os seus domínios para Sul, ia absorvendo os falares (ou romances) que aí existiam e, consequentemente, ia-se diferenciando do galego, até se constituírem como línguas independentes: o galego acabou por ser absorvido pela unidade castelhana, e o português, continuando a sua evolução, tornar-se-ia a língua de uma nação.
A Espanha e a consolidação de sua língua nacional
O atual espanhol originou-se do Latim vulgar falado por parte da população que constituía a Península Ibérica. Mais tarde recebeu o nome de castellano (castelhano) ou língua castellana (castelhana), por ocasião da residência dos reis no reino medieval de Castilla (Castela). Nos dias de hoje, embora o nome ainda seja referência, após a constituição da Espanha como nação e a tentativa de uniformizar o idioma do país, a língua foi oficializada como “espanhol”.
A França e a consolidação de sua língua nacional
Os primeiros habitantes da França foram os gauleses que abandonaram a língua celta e adotaram o idioma das legiões romanas, o “latim popular”. No século VII, o latim havia sofrido numerosas modificações devido à invasão dos povos bárbaros de origem germânica e à adoção de palavras gregas.
Durante a alta Idade Média, começaram a evoluir duas línguas diferentes: a langue d'oïl, ao norte do rio Loire, e a langue d'oc, ao sul. De cada uma delas originaram-se vários dialetos. Os principais da última língua mencionada são o provençal, o gascão, o languedociano, o auvernês, o lemosino e o bearnês.
Os dialetos da langue d'oïl receberam o nome das províncias setentrionais nas quais eram falados: frâncico, Île-de-France, região de Paris, normando, picardo (Picardia), pictavino (Poitou) e borgonhês. O francês moderno é a forma derivada diretamente do dialeto da Île-de-France.
No início do século XVII, François de Malherbe triunfou ao definir uma norma exata para usar palavras francesas em suas obras poéticas e críticas. Um norma exata para usar palavras francesas em suas obras poéticas e críticas. Um passo decisivo para a reforma foi a compilação do ‘Dicionário’ patrocinado pelo cardeal Richelieu no século XVII, na fundação da Académie Française (1635). Durante o reinado de Luís XIV, o idioma alcançou o ponto culminante de sua história, convertendo-se em língua internacional da Europa, sobretudo no âmbito diplomático e científico.
A História em debate:
Você sabe como se escreve a palavra verdade em
francês e espanhol?
Vamos investigar?
Vamos investigar?
Além dos Estados onde surgiram (o português, o
espanhol, o francês e o inglês), estas línguas também
se instalaram em outros países.
Faça uma pesquisa e descubra quais são esses países
e porque estas línguas foram neles introduzidas.
A Inglaterra e a consolidação de sua língua nacional
O inglês surge com os idiomas falados pelos povos germanos que a partir do século V ocupam a atual Inglaterra, com destaque para os Anglos e os Saxões. O idioma que começou a nascer nas ilhas britânicas a partir de então recebe o nome de "Old English", "Anglo-Saxão" ou ainda "Englisc" no original, recebe o nome de "Old English", "Anglo-Saxão" ou ainda "Englisc" no original, significando "língua dos anglos".
Em 1362 o inglês foi instituído como língua oficial na Inglaterra.
Sua evolução divide-se em:
Old English - a primeira forma do idioma, em voga entre os séculos V e XI Middle English - seu desenvolvimento médio, do séculos XI ao XVI