• Nenhum resultado encontrado

PREPARO DE AMOSTRAS. Resumo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PREPARO DE AMOSTRAS. Resumo"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

PREPARO DE AMOSTRAS

Ana Rita de Araujo Nogueira

Grupo de Análise Instrumental Aplicada - Embrapa Pecuária

Sudeste, São Carlos, SP anarita@cppse.embrapa.br

Resumo

Este texto é um resumo do mini-curso apresentado durante o VIII Encontro sobre Metodologias da Embrapa, organizado pela Embrapa Meio Ambiente. A apresentação teve como objetivo uma introdução aos principais aspectos voltados aos cuidados que devem ser tomados para uma boa representatividade da amostra, envolvendo a coleta, a moagem, o armazenamento e a amostragem. Também foram abordadas a lavagem e a desmineralização dos frascos e material que entra em contato com as amostras e as alternativas existentes para a escolha de reagentes, extrações e formas de digestão da matéria orgânica.

(2)

Introdução

Como na maioria das áreas aplicadas, a química apresenta-se fundamental para o fornecimento de informações para a tomada de decisões na agronomia. É com o uso de resultados químicos que é possível se conhecer o grau de carência ou excesso de nutrientes em um solo e a necessidade de adubação e calagem (para a correção do pH do solo). A quantidade e o tipo de fertilizante necessário variam segundo o cultivo, a época e a evolução deste. A escolha, a quantidade e a freqüência de aplicação do fertilizante dependem principalmente de parâmetros decorrentes da observação direta do cultivo, da análise do solo e da análise foliar. A determinação dos elementos essenciais, do pH e da condutividade, por exemplo, fornecem informações sobre as carências inerentes ao cultivo e ajudam a decidir, sobretudo, o tipo e a composição dos corretivos a serem aplicados.

Os dados relacionando os teores de minerais ou dos constituintes proteicos nas plantas, solos e alimentos são cada vez mais requisitados e um correto procedimento de coleta e preparo dessas amostras permitem uma avaliação eficiente, que irá direcionar os recursos financeiros e ambientais com segurança.

Este curso abordou as etapas de coleta e preparo das amostras, que se apresentam como as mais demoradas, onde são gastos os maiores recursos e onde também se cometem os maiores erros. Foi preparado com base em texto publicado pela Embrapa sobre coleta e preparo de amostras, em material produzido pelos Profs. Francisco Krug, Gunter Knapp e Harold Barnes para o III Workshop sobre preparo de amostras, realizado em São

(3)

Carlos, SP em 10/2000, em palestras apresentadas pelo Grupo de Análise Instrumental Aplicada - GAIA durante “Encontro sobre preparo de amostras”, realizado em São Carlos, SP em 04/2003 e em livro publicado pelos Prof. Kingston & Haswell, de 1997, sobre decomposições assistidas por microondas, além da descrição de discussões surgidas nas reuniões de grupo (GAIA- http://www.dq.ufscar.br/Labs/gaia) e em algumas experiências pessoais e resultados recentes da literatura.

Aproveito para agradecer aos organizadores do VIII Encontro Sobre Métodos de Análise da Embrapa pelo convite, parabenizando-os pela organização e empenho e desejando que todos tenham tido uma semana bastante produtiva, com o aumento dos horizontes profissionais e pessoais.

Coleta de amostras de solo, água e tecidos vegetais

Além da escolha conveniente do método analítico e estudo dos possíveis interferentes, torna-se essencial boa amostragem, preparação e solubilização da amostra para análise. Qualquer que seja o tipo de amostra, erros significativos poderão ser introduzidos se a etapa de preparação não for satisfatoriamente conduzida.

A amostragem é a primeira fase da análise. É preciso haver integração entre os responsáveis pela coleta e o laboratório, buscando-se sincronismo entre a remessa de amostras e a capacidade do laboratório em executar as determinações.

Em alguns casos é necessário reduzir consideravelmente a dimensão da amostra antes que ela seja introduzida no sistema analítico e possa ser

(4)

tratada convenientemente. O método de preparação utilizado dependerá do tipo de amostra. O material coletado deve ser preparado em local apropriado e equipado para esta finalidade. Normalmente a atividade de preparação inclui o recebimento, o registro, o pré-acondicionamento, a secagem, a moagem, o acondicionamento e a rotulagem das amostras.

Aspectos importantes relacionados à coleta de amostras

Alguns cuidados devem ser observados, para garantir a integridade física e química do material coletado (NOGUEIRA et al., 1996):

x evitar coletar amostras sujas de terra ou com excesso de água;

x identificar devidamente, com letras legíveis, o recipiente (saco de papel ou de plástico, potes plásticos, frascos, etc.) que receberá a amostra. Cuidado especial deve ser tomado com as amostras que serão armazenadas a baixa temperatura. Em muitos casos, a identificação feita inicialmente torna-se ilegível durante o processo de descongelamento;

x garantir que os utensílios, embalagens e ferramentas empregados na coleta e no transporte não contaminem a amostra, principalmente em função das determinações que serão realizadas. Como exemplo, se de uma planta pretende-se determinar o teor de ferro, um facão utilizado para retirar a amostra não pode ter sido confeccionado com esse elemento. Em amostras provenientes de experimentos conduzidos em casa de vegetação esse tipo de cuidado deve ser redobrado;

x documentar cada etapa da coleta, incluindo eventos não esperados (p.ex., chuvas). Especificar todas as características relevantes da área, condições climáticas e população amostrada, condições de transporte e secagem;

(5)

x a amostra deve ser encaminhada o mais rapidamente possível ao laboratório, para que possa ser devidamente processada e armazenada; x a amostra que chegar ao laboratório sem as informações necessárias ao

processamento e análise deve ser recusada. É necessário conhecer o tipo da amostra, o que deve ser determinado e quem é o seu responsável.

Cuidados que devem ser tomados para evitar contaminações

O maior problema no preparo de uma amostra para análises na faixa de Pg L-1

é o risco de contaminação, devido a diferentes causas, como o grau do reagente empregado, os frascos empregados para estocagem, digestão ou diluição das amostras ou aos erros relacionados à coleta e manipulação da amostra. Uma adequada técnica de decomposição deverá, de uma maneira geral, ser eficiente, evitando erros sistemáticos provenientes de contaminação, sendo importante o uso de reagentes de alta pureza (incluindo a água utilizada nas diluições), perdas por volatilização ou digestão incompleta; ser reproduzível, apresentar baixos limites de detecção (baixos valores do branco), ser seguro (quanto aos reagentes usados, manuseio, equipamento) e, sempre que possível, ser simples e rápido, com mínima manipulação. O uso de uma amostra como “branco” que sofra todos os tratamentos dados a amostra é essencial em todos os procedimentos para identificar qualquer problema com o analito. A natureza dos frascos empregados durante as análises e para estocagem das soluções também deve ser observada. Recomenda-se que toda vidraria seja previamente

(6)

utilizada.

Os métodos de decomposição para análises de elementos na faixa de Pg L-1

requerem o uso de ácidos com valores de branco negligenciáveis. Com o objetivo de se evitar contaminação dos ácidos devido à longa estocagem, recomenda-se o preparo de quantidades de ácido livre de interferentes imediatamente antes do uso. Isso é possível com o emprego de frascos de subdestilação, construídos em quartzo ou PTFE. Os ácidos são destilados a temperaturas abaixo do ponto de ebulição, o que evita o arraste das substâncias interferentes. Esse procedimento é bastante indicado, pois resulta em soluções com pureza superior aos ácidos ultra-puros, além de permitir o emprego de ácidos comerciais, diminuindo os custos da análise (KRUG et al., 2000).

Métodos de preparo de amostras

Amostras agronômicas normalmente apresentam-se na forma líquida ou sólida. A maneira mais fácil de se manusear a amostra é quando esta se encontra na forma líquida, quando muitas vezes uma simples filtração é suficiente. No entanto, mesmo nesses casos, a necessidade de serem determinados teores cada vez menores, em função de proteção ambiental, impurezas dos compostos, dentre outros, e aos problemas de sensibilidade das técnicas espectroscópicas, para uma determinação adequada invariavelmente é necessário o emprego de técnicas de pré-concentração. Quando a amostra se encontra na forma aquosa, a maneira mais simples de se obter essa pré-concentração é a evaporação da água por aquecimento. Nesse caso, devem ser tomados cuidados quanto a volatilidade dos

(7)

compostos a serem determinados. Outras alternativas para a pré-concentração dos elementos são a troca iônica e a extração por solventes.

Se, por outro lado, a amostra se encontra na forma sólida, existem alguns procedimentos e equipamentos que permitem a análise direta de sólidos e suspensões. No entanto, o requerimento normal é a conversão do material sólido em uma forma líquida, devendo ser observada:

- a solubilização de todos os analitos de interesse

- a remoção da matriz orgânica

Dentre as estratégias empregadas para o preparo de amostras sólidas podem ser citados:

- a dissolução direta em água ou solução aquosa sem mudança química; a dissolução em ácido, ou mistura de ácidos, com mudança química (mudança no estado de oxidação do elemento a ser determinado), que pode ser dividido em:

a) Decomposição por via úmida a.1 em sistemas abertos a.2 em sistemas fechados

x Com aquecimento convencional x Com aquecimento por microondas b) Combustão

b.1 em sistemas abertos x Via seca

x Via seca a baixas temperaturas b.2 em sistemas fechados

(8)

b.3 em um sistema dinâmico c) Fusão

Dissolução após fusão da amostra com fundente apropriado (envolvendo mudanças químicas)

O desenvolvimento de uma técnica de preparo de amostras que resulte em uma completa solubilização, na retenção de elementos voláteis, redução das contaminações do frasco e da atmosfera, baixos valores de branco dos reagentes e rapidez é um dos pontos mais fracos de uma análise química. Atualmente, uma técnica de preparo de amostra que seja universal não existe. Devem ser observados, prioritariamente, os requerimentos do elemento a ser determinado e da amostra (HOENIG, 2001).

Via Seca

A decomposição por via seca é provavelmente o mais simples de todos os tipos de decomposição. Envolve o aquecimento da amostra em um forno

tipo mufla na presença de ar a 400-800o

C, permitindo a destruição da matéria orgânica. Após a decomposição, o resíduo é dissolvido em ácido e transferido para um frasco volumétrico antes da análise. Esta técnica é interessante em função da possibilidade de ser empregado um grande volume de amostra, para posteriormente ser dissolvido em pequeno volume de ácido antes da determinação, o que diminui a diluição e permite determinação de elementos presentes em baixas concentrações. Outras vantagens são a não necessidade de emprego de reagentes e o baixo tempo de atenção exigido do operador. No entanto, o método pode também levar a

(9)

perdas de elementos voláteis, como Hg, B, Pb, Zn, Cd, Ca, In, Te, As, Sb, Fe, Cr e Cu. Apesar de haver a possibilidade de adição de compostos que visem retardar as perdas desses elementos, existem outros inconvenientes para essa técnica, que por isso não vem sendo utilizada com muita freqüência: - necessidade de muito tempo para a queima de alguns materiais

- alto gasto de energia

- dificuldade na dissolução dos materiais após a queima - contaminação.

Fusão

Algumas substâncias, tais como silicatos ou óxidos, não são normalmente destruídas pela ação de um ácido. Nessa situação, técnica alternativa é exigida. A fusão envolve a adição de um excesso de reagente (variando de 1:2 a 1:50) sobre a amostra finamente moída, colocada em um cadinho de platina ou grafite (em alguns casos de níquel ou zircônio),

seguindo-se por aquecimento em forno mufla (300 – 1200 o

C). Após aquecimento por um dado período de tempo (de alguns minutos a várias horas), um mineral original ou fases refratárias são convertidas em formas sólidas diferentes que são facilmente dissolvidas em ácidos, bases ou em água. Os reagentes normalmente empregados incluem carbonato de sódio (800 o

C, dissolvido com HCl), meta ou tetraborato de Li (aquecimento a

900-1000 o

C, dissolvido com HF), e pirossulfato de K (aquecimento a 900 o

C,

dissolvido em H2SO4). A adição do excesso de reagentes leva a um alto risco

(10)

o perigo de perdas por volatilização e os altos teores salinos da solução final podem apresentar problemas na nebulização das amostras durante as análises. Cuidados devem ser tomados quando se utilizam técnicas tais como espectrometria ótica de emissão com plasma acoplado (ICP-OES). Dependendo do material do cadinho, podem ocorrer interferências espectrais (cadinho de Ni – As, Cr, La, Pb e Zr; cadinho de Zr – As, Ba, Ca, Cr,

La, Pb e V; fusão com LiBO2 em cadinho de Pt – Cr). Essas desvantagens

restringem o emprego da fusão para a determinação de elementos em faixas extremamente baixas, no entanto para a determinação de maiores, menores e mesmo alguns elementos traço em alguns tipos de matrizes, tais como algumas ligas metálicas, minérios, cerâmica, silicatos e cimentos, resultados satisfatórios podem ser obtidos, pois os eletrólitos inorgânicos fundidos são solventes muito poderosos, que, em altas temperaturas, agem como um ácido ou base de Lewis (KRUG et al., 2000).

Via Úmida

Os ácidos mais comumentemente empregados são (KINGSTON & JASSIE, 1988, KRUG et al., 2000):

a) Nítrico (HNO3), ponto de ebulição – 122 °C – agente oxidante mais

utilizado na digestão de amostras orgânicas, libera os elementos na forma de nitratos solúveis e é normalmente comercializado em forma

bastante pura, a 65 – 69% (> 69 %, HNO3 “fumegante”). Em concentrações

inferiores a 2,0 mol l-1

apresenta-se como pobre oxidante. No entanto, quando combinado com ácidos complexantes, principalmente HCl, com

(11)

aumento do poder oxidante. Bastante empregado na dissolução de metais, ligas e materiais biológicos. Não dissolve Au e Pt, e alguns

metais são passivados, sendo no entanto facilmente dissolvidos em HNO3

diluído e quando combinado com outros ácidos. É compatível com as técnicas por ICP.

b) Clorídrico (HCl), ponto de ebulição, 110 ºC, comercializado com alto grau

de pureza a 36 – 38% (11,6 a 12,4 mol l-1). Apesar de ser um ácido forte,

não possui propriedades oxidantes e reage com a maioria dos cátions metálicos de transição, formando complexos bastante fortes com Au, Tl e Hg e mais fracos com Fe, Ga, In e Sn. Os cloretos metálicos são solúveis

em água, exceto Hg2CL2 e AgCl. É empregado na dissolução de metais e

ligas, sais de carbonatos, fosfatos, alguns óxidos e alguns sulfatos.

Quando em misturas com HNO3 (água régia), empregado na dissolução

de materiais geológicos e amostras ambientais. Não é normalmente empregado para dissolução de matéria orgânica. Quando em concentrações baixas de HCl, adequado para uso com ICP-OES, mas inadequado para ICP-MS (Cl).

c) Sulfúrico (H2SO4), ponto de ebulição 338 ºC, comercializado como 98%,

apresenta o ponto de ebulição mais alto entre os ácidos minerais concentrados mais comuns. Útil para o desprendimento de produtos

voláteis, apresenta boas propriedades desidratantes (reduz-se para SO2,

S0

e H2S) e oxidantes para ligas, metais, óxidos, hidróxidos e sulfatos

insolúveis, e é freqüentemente empregado combinado com HNO3,

elevando o ponto de ebulição da mistura, além de agilizar o processo de oxidação, agindo como oxidante inicial das misturas ácidas. Também usado para remoção de HF e/ou solubilização dos fluorcomplexos Metais

(12)

em estado de oxidação mais elevado, como Cr3+, Al3+ e terras raras,

podem formar sulfatos duplos com sulfato de potássio, de difícil solubilização. Por outro lado, os sulfatos de metais apresentam baixa

volatilidade, o que impede perdas por volatilização Cuidado: H2SO4 não

deve nunca ser empregado em frascos de PTFE (ponto de fusão desses frascos = 327 ºC, se deformando a partir de 260 ºC), além de apresentar problemas de transporte em ICP durante a nebulização devido à alta viscosidade.

d) Perclórico (HClO4), ponto de ebulição 203 ºC, comercializado a 60 - 72%

(nuca se deve utilizar em concentrações superiores) – a altas temperaturas, é um forte agente oxidante para matéria orgânica, apresenta baixo poder complexante. Quando utilizado isoladamente, torna-se perigoso devido ao risco iminente de explosão, pela formação de percloratos instáveis. Cuidado: quando se trabalha com esse tipo de ácido, as amostras contendo hidroxilas são normalmente pré-tratadas

com HNO3 antes da adição de HClO4.

e) Fluorídrico – HF, ponto de ebulição 112 oC, ácido fraco, não oxidante,

comercializado entre 38 – 48%, é empregado para a dissolução de silicatos, pois o F

é um poderoso ânion complexante, reage com os elementos que forma óxidos refratários difíceis de serem dissolvidos. Necessidade da adição de ácido bórico para mascarar o HF e dissolver os

fluoretos precipitados. Há perdas de Si como SiF6 após aquecimento e

requer a complexação do F livre com H3BO3. Também não se deve usar

vidraria (borossilicatos, atacados pelo HF) e tomar bastante cuidado com o contato com a pele (em caso de queimadura, como primeiro socorro deve-se usar gel de gluconato de cálcio).

(13)

Na prática, a maioria dos métodos de dissolução de amostras inorgânicas é realizada com o emprego de 2 ou 3 ácidos, pois diferentes propriedades úteis podem ser combinadas (ex.: 1 ácido oxidante e 1 ácido complexante); 2 ácidos podem reagir, formando produtos com maior reatividade do que qualquer um deles separadamente; uma propriedade indesejável de um determinado ácido pode ser moderada pela presença de outro ácido e a amostra pode ser dissolvida com um ácido que a seguir pode ser separado

da mistura por um outro ácido (HF + H2SO4)

Ex:

Nítrico/clorídrico – uma mistura 1:3 de HNO3:HCl, conhecida como “água

régia”, forma um intermediário reativo, NOCl. Esta mistura é bastante empregada para dissolução de ligas metálicas e silicatos, sendo bastante conhecida devido a sua habilidade em dissolver Au, Pt e Pd.

Alternativas para aquecimento empregando via úmida

Dentre os métodos a altas temperaturas empregados em via úmida destacam-se o aquecimento por convecção (blocos digestores, chama ou fornos convencionais) e por microondas, normalmente empregando ácidos minerais oxidantes e peróxido de hidrogênio. Métodos em via úmida a baixas temperaturas também são empregados, como método de Fenton

(formação de radical a partir da reação entre Fe2+

e H2O2), métodos enzimáticos, decomposição com surfactantes e irradiação por ultravioleta.

As microondas são ondas eletromagnéticas que cobrem uma faixa de freqüência do espectro eletromagnético que varia de 300 a 300.000 MHz. Quando um material não transparente às microondas absorve este tipo de

(14)

radiação, o material pode sofrer um aumento considerável na sua

temperatura, devido, principalmente, à interação da radiação

eletromagnética com os íons dissolvidos e com o solvente, provocando

migração iônica e rotação de dipolos. A ocorrência deste dois processos, que

ocorrem quando as microondas interagem com a solução de um ácido (ou mistura de ácidos) usado para a digestão da amostra de interesse, resulta em um movimento molecular no material, que também contribui para o aquecimento do mesmo KINGSTON & JASSIE, 1988).

Os fornos microondas são constituídos basicamente de um gerador de microondas, um guia de ondas, uma cavidade ressonante, uma fonte, um sensor e um controlador. Atualmente existem no mercado sistemas fechados, os chamados sistemas de digestão tipo cavidade e o sistema com microondas focalizadas, que trabalha com frascos abertos a pressões próximas à ambiente.

A escolha do melhor forno de microondas deve levar em consideração os frascos de digestão oferecidos (desenho, capacidade, durabilidade e custo), os sensores de temperatura e de pressão (custo, durabilidade e tempo de resposta), os programas para o controle e aquisição de dados, a opção para secagem dos digeridos e os dispositivos de segurança.

Os fornos de microondas com cavidade, por operarem com recipientes fechados apresentam como potencialidades (KINGSTON & HASWELL, 1997): - maior eficiência na dissolução em altas temperaturas

- possibilidade de utilização de somente ácido nítrico para a decomposição da amostra

- reduzido risco de perdas de analitos por volatilização

(15)

- menor consumo de reagentes de alta pureza

Porém, devem ser observadas as seguintes limitações:

- as massas de amostras devem ser reduzidas (< 1 g inorg. e < 0,5 g org), devido à possibilidade de aumento da pressão interna gerada pelos produtos gasosos nas reações de decomposição (principalmente

amostras cujos produtos gasosos são COx e NOx)

- atenção deve ser dada quanto à homogeneidade das amostras, para evitar diferenças entre os frascos durante a decomposição.

- a decomposição de ligas metálicas e metais pode gerar H2, o que

aumenta o risco de explosão

- necessidade de resfriamento e despressurização dos frascos para adição de reagentes durante o ciclo de aquecimento.

Aplicações típicas de um forno de microondas com radiação focalizada

O emprego de microondas com radiação focalizada é interessante do ponto de vista de segurança, pois opera a pressão ambiente, permite a adição seqüencial de reagentes, podem ser usados frascos de PTFE, vidro ou

quartzo, possibilidade de uso de H2SO4, devido às altas temperaturas,

permite o emprego de massas de até 10 g de amostra. Porém, podem ocorrer perdas por volatilização de alguns elementos (NÓBREGA et al., 2002).

Frascos utilizados em microondas

(16)

“pyrex”. Em sistemas fechados, deve-se observar que as temperaturas a serem atingidas durante a digestão estarão limitadas pelo tipo de frasco utilizado, além da resistência química, capacidade para extrusão (termoplasticidade), capacidade para usinagem, densidade e transparência ás microondas (no aquecimento por microondas). Frascos construídos em PTFE (politetrafluoretileno – Teflon®) podem apresentar problemas de contaminação (efeito de memória) e PFA (perfluoralkoxi) – fluorplástico processável, apresentam limitação da temperatura (máximo 260ºC). No entanto, apresentam diversas vantagens na dissolução da amostra, como aceleração da digestão, possibilidade de uso de HF ou água régia sem problemas, dissolução das amostras sem perdas por volatilização, diminuição dos valores do branco, devido às diminuições das contaminações. Frascos de quartzo são utilizados quando altas temperatura são necessárias (KINGSTON & HASWELL, 1997).

Diferenças básicas entre fornos de microondas de uso doméstico e de uso laboratorial

A principal característica são os aspectos relacionados à segurança, de forma a que não haja possibilidade de vazamento de radiação. Se uma possível explosão ocorrer, a porta é fabricada de maneira a amortecer essa explosão e resistir ao impacto.

(17)

Preparo de Amostras Agronômicas

Normalmente uma grande variabilidade de amostras orgânicas, como plantas, frutos e solos, além dos adubos e fertilizantes são considerados como materiais agronômicos. O desenvolvimento de técnicas de preservação também vêm promovendo a necessidade de um aumento do controle das amostras de silagem, envolvendo técnicas de fermentação, desaeração etc. Os subprodutos de origem animal, como leite e tecidos animais também devem aqui ser considerados.

Nas amostras de tecido vegetal, dentre as análises referentes à qualidade nutricional, como proteína, fibra, digestibilidade e gordura, normalmente são determinados os macro constituintes, como N, Ca, Mg, P, S e K e os micro constituintes, como Cu, Fe, Mn, Zn e Co. Outros metais que podem vir a ser tóxicos, como Cd e Pb também são freqüentemente solicitados.

Amostras de Solos

Para fins de fertilidade, normalmente são feitas extrações com soluções salinas (e.g. 1,0 mol l-1

KCl), quelatos orgânicos (e.g. DTPA), ácidos diluídos

(e.g. solução de Melich - 0,01 mol l-1

HCl + H2SO4), água (e.g. extração de B

com água quente) ou resinas trocadoras de íons (e.g. Amberlite). Em todos os métodos, o propósito final é uma simulação do que ocorre no solo, na tentativa de serem determinados os elementos realmente disponíveis às plantas, que estariam presentes na dupla camada externa do solo. Para a obtenção de resultados que possam ser comparados, uma homogeneidade dos resultados é obtida com a padronização dos procedimentos a partir de

(18)

protocolos bastante específicos. No Brasil existem diversos programas colaborativos que se dedicam ao estabelecimento e avaliação desses protocolos, sendo que no estado de São Paulo o Instituto Agronômico de Campinas coordena programa que reúne cerca de 150 laboratórios. Outros programa importantes são os coordenados pela Embrapa Solos (Rio de Janeiro) e ROLAS (Rio Grande do Sul).

Por outro lado, para a obtenção de teores totais de analitos em amostras de solo, necessário quando se deseja conhecer as características minerais, digestões empregando HF são necessárias, para a quebra dos compostos

silicatados. Nesse caso, ocorrem perdas do Si como SiF6 e o uso de HF

durante o preparo deve ser precedido dos cuidados no manuseio desse ácido. Durante as determinações, deve-se atentar para a não existência de resíduos de HF, pois dependendo da técnica de determinação utilizada cuidados especiais deverão ser tomados para se evitar ataques a materiais

que contenham silício (vidro ou quartzo). A complexação do F

livre deve ser

feita com a adição de H3BO3. Alternativa para determinações totais dos

elementos em solos, para fins ambientais, é o uso de extração empregando água régia (HOENIG & KERSABIEC, 1996; HOENIG, 2001).

Independente da técnica de extração, a técnica de detecção utilizada depende das condições do laboratório, não havendo restrições, desde que esteja sendo empregada de maneira correta. Quando as determinações são feitas em ICP, deve-se sempre observar os limites de detecção e quantificação, os possíveis problemas de nebulização devido às diferenças de viscosidade e tensão superficial entre as amostras e as soluções analíticas, além de possíveis interferências espectrais e de ionização, recomendando-se o uso de padrão interno.

(19)

Plantas

Ao contrário das amostras de solo, normalmente nas amostras de plantas são determinados os teores totais dos elementos, sendo os procedimentos por via úmida os mais utilizados para decomposição de material vegetal. As amostras são solubilizadas com ácidos oxidantes concentrados ou mistura desses com peróxido de hidrogênio. Os ácidos ou misturas mais utilizados são: HNO3, H2SO4, HCl, HClO4, HNO3+HCl, HNO3+HclO4, HNO3+H2O2, HNO3+HCl04+H2SO4, HclO4+H2SO4, H2SO4+H2O2. A maioria das amostras é totalmente oxidada, deixando os elementos a serem determinados na solução ácida em formas inorgânicas simples e apropriadas para análise. A utilização individual do ácido ou da mistura depende da natureza da amostra

e do elemento a ser determinado, sendo a mistura HNO3+H2O2 a mais

recomendada para determinações empregando ICP's. Esse método é recomendado para determinação dentre outros, dos elementos K, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn, Zn, Al, Na, Cr, Ni, V, Pb, Cd, Co, Mo. Pode também ser usado para a determinação de P e S, entre os não metais. Alguns elementos podem ser perdidos completa ou parcialmente por volatilização, aqui podendo ser incluídos os halogênios, além de Sb, As, B, Hg e Se, se for empregado sistemas abertos de decomposição (bloco digestor, sistema por microondas focalizadas), sendo nesses casos recomendado o uso de fornos com microondas fechado. Após secagem e moagem das amostras, são realizadas as digestões, resultando em soluções ácidas diluídas. Deve-se atentar para as concentrações finais dessas soluções, para se evitar interferências físicas e químicas nas determinações.

(20)

Referências Bibliográficas

HOENIG, M., Preparation steps in environmental trace element analysis - facts and traps. Talanta, Amsterdam, v.54, p.1021-1038, 2001.

HOENIG, M.; KERSABIEC, A.M.. Sample preparation steps for analysis by atomic spectroscopy methods: present satus. Spectrochimica Acta, Part

B Amsterdam, v.51. p.1297-1307. 1996

KINGSTON, H.M.; HASWELL S.J., editors. Microwave-Enhanced Chemistry –

Fundamentals, Sample Preparation and Applications. ACS Professional

Reference Book, Washington, 1997. 772p.

KINGSTON, H.M., JASSIE, L.B., editors. Introduction to Microwave Sample

Preparation – Theory and Practice. ACS Professional Reference Book.

Washington, 1988. 263p.

KRUG, F. J., ed., III Workshop sobre preparo de Amostras - Métodos de

Decomposição de Amostras, São Carlos, 23-27/10/2000. 149 pg.

NÓBREGA, J.A., NOGUEIRA, A.R.A., TREVIZAN, L.C., ARAÚJO, G.C.L.,

Focused-microwave-assisted strategies for sample preparation.

Spectrochymica Acta B, Amsterdam, v. 57(12) p. 1855-1876, 2002.

NOGUEIRA, A.R.A., MACHADO, P.L.O.A., SANTANA DO CARMO, C.A.F., FERREIRA, J.R., ed., Manual de Laboratório: Solo, água, nutrição vegetal,

Referências

Documentos relacionados

In our study, the spatial patterning observed in the analysis using all data may be due to the lack of environmental variables describing regional patterns.. Conversely, given that

Alteração geométrica no teto a jusante de comporta do sistema de en- chimento e esvaziamento para eclusa de na- vegação: simulação numérica do escoamento e análise das pressões

Dada a plausibilidade prima facie da Prioridade do Conhecimento Definicional, parece que não se poderia reconhecer instâncias de F- dade ou fatos essenciais acerca

Senhor Lourival de Jesus por conta de seu falecimento, solicitando uma Moção de Pesar inclusive, solicitou também a restauração das estradas da zona rural, em especial

O que se pode concluir dessas observações é que quando uma seqüência de vogais átonas está em um contexto para a aplicação do sândi, sendo essas iguais

Portanto, a inclusão das metodologias ativas é uma alternativa eficaz para auxiliar o estudante a sanar as possíveis dúvidas no decorrer da disciplina e ao mesmo

A levedura metilotrófica Pichia pastoris representa uma opção de sistema heterólogo, eficiente e de baixo custo para a produção de altos níveis de proteínas

Jesus, vosso Filho, e por toda a amargura de que estava inundada a sua Alma santíssima, mostreis vossa Misericórdia às almas que se encontram sob o olhar da vossa Justiça; não olheis