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PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (1ª Turma) GMWOC/tc/vmn/er

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Firmado por assinatura digital em 16/03/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP A C Ó R D Ã O

(1ª Turma)

GMWOC/tc/vmn/er

RECURSO DE REVISTA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS REABILITADOS OU PORTADORES DE DEFICIÊNCIA. BASE DE CÁLCULO. ART. 93 DA LEI Nº 8.213/91. FLEXIBILIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.

1. Na hipótese, o Tribunal Regional excluiu os trabalhadores marítimos da base de cálculo do percentual de

contratação de beneficiários

reabilitados ou portadores de

deficiência, considerando que as

atividades exigidas revelam-se

incompatíveis com as restrições de uma pessoa portadora de necessidades especiais.

2. O art. 93 da Lei nº 8.213/91, que estabelece o percentual de vagas

destinadas à contratação de

beneficiários reabilitados ou

portadores de deficiência, não

estabelece nenhuma ressalva ou exceção de cargos ou atividades para o cômputo do cálculo. Nessa perspectiva, é forçoso reconhecer que a Corte “a quo”, ao excluir os trabalhadores marítimos da base de cálculo, limitou a aplicação do art. 93 da Lei nº 8.213/91. Precedentes deste Tribunal.

Recurso de revista conhecido e provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-34000-97.2009.5.16.0015, em que é Recorrente

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO DA 16ª REGIÃO e Recorrida COMPANHIA DE NAVEGAÇÃO NORSUL.

O Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região, mediante o acórdão proferido às fls. 353-359, negou provimento ao recurso ordinário interposto pelo Ministério Público do Trabalho e deu parcial provimento ao recurso ordinário interposto pela reclamada.

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Inconformado, o Ministério Público do Trabalho interpõe recurso de revista às fls. 417-437, com fulcro no art. 896, a e c, da CLT.

Admitido o recurso às fls. 440-447, foram apresentadas contrarrazões às fls. 452-466.

Desnecessário o parecer do Ministério Público do Trabalho, nos termos do art. 83, § 2º, I, do Regimento Interno do TST.

É o relatório.

V O T O

1. CONHECIMENTO

Satisfeitos os pressupostos genéricos de

admissibilidade recursal relativos à tempestividade (fls. 413, 414 e 417), à regularidade de representação processual (Súmula nº 436 do TST), dispensado o preparo, passo à análise dos pressupostos intrínsecos.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS REABILITADOS OU PORTADORES DE DEFICIÊNCIA. BASE DE CÁLCULO. ART. 93 DA LEI Nº 8.213/91. FLEXIBILIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE

O Tribunal Regional de origem deu parcial provimento ao recurso ordinário interposto pela reclamada, reformando a sentença para enquadrá-la no inciso I do art. 93 da Lei nº 8.213/91, excluindo da base de cálculo do percentual os trabalhadores marítimos, adotando os seguintes fundamentos (fls. 357-358), verbis:

(...).

Assim, o Juízo de 1ºgrau, entendendo que a determinação constante do art. 93 da Lei 8.213/91 deve ser analisada caso a caso e reconhecendo que a legislação aplicada à profissão do marítimo especifica diversos critérios para o ingresso em seus quadros, exigências essas razoáveis e perfeitamente constitucionais, concluiu "não ser possível incluir na base de cálculo da cota os 383 (trezentos e oitenta e três) trabalhadores marítimos", eis que "os critérios estabelecidos pela lei sequer possibilitam o ingresso destas pessoas

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no curso de formação profissional, o que, invariavelmente, inibe a possibilidade de a reclamada cumprir com tal obrigação".

(...).

Ora, partilhando do entendimento do Julgador de piso, entendo acertada a determinação de excluir da base de cálculo do percentual os 383 (trezentos e oitenta e três) trabalhadores marítimos, eis que as habilidades exigidas no curso de formação profissional de aquaviários revelam-se incompatíveis com as restrições de uma pessoa portadora de necessidades especiais. Dessa forma, tendo a reclamada informado ter 479 empregados, dos quais 383 são marítimos, tem-se que o cálculo do percentual a que alude o referido dispositivo de lei deve incidir sobre o efetivo da empresa, excluídos os marítimos, a saber, 96 empregados.

Assim, merece reforma a decisão recorrida, tão somente, para enquadrar a reclamada no inciso I do art. 93 supracitado, devendo respeitar o percentual de 2% sobre os trabalhadores que podem ser incluídos na cota, quais sejam, 96 empregados. Aplicando-se o percentual de 2% sobre o total de 96 empregados, chega-se ao montante de 1,92, o que obriga a demandada a contratar e manter em seu quadro de pessoal 02 (dois) empregados reabilitados ou portadores de deficiência. Entretanto, verifica-se que a obrigação prevista no art. 93 da Lei n° 8.213/91 é estabelecida em percentual fixado com base no número de empregados, razão pela qual também deve ser reformada a sentença para fazer constar que a condenação da reclamada a preencher e manter em seu quadro de pessoal empregados reabilitados ou portadores de deficiência física deve observar o percentual disposto no artigo 93, §1° da Lei n° 8.213/91, nos termos da fundamentação do voto.

(...).

Nas razões do recurso de revista, o Ministério Público sustenta que “a obrigação de contratação de beneficiários reabilitados

ou pessoas portadoras de deficiência habilitadas abrange todos os cargos e atividades da empresa no cálculo do percentual legal” (fl. 429), tendo

a Corte Regional relativizado de forma indevida a aplicação do preceito legal quando excluiu da base de cálculo os trabalhadores marítimos. Aponta violação do art. 93 da Lei nº 8.213/1991 e colaciona arestos para o cotejo de teses.

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O recurso merece conhecimento.

O Tribunal Regional excluiu da base de cálculo do percentual de contratação de beneficiários reabilitados ou portadores de deficiência, a que se refere o art. 93 da Lei nº 8.213/91, os 383 trabalhadores marítimos, considerando que “as habilidades exigidas no

curso de formação profissional de aquaviários revelam-se incompatíveis com as restrições de uma pessoa portadora de necessidades especiais” (fl.

358).

Com esse fundamento, a Corte Regional reformou a decisão de primeiro grau para enquadrar a reclamada no inciso I do art. 93 da referida Lei, aplicando o percentual de 2% sobre o total de 96 empregados (já excluídos os marítimos), impondo à reclamada, dessa forma, a obrigação de contratar dois empregados reabilitados ou portadores de deficiência.

Cumpre assinalar, contudo, que o caput do referido dispositivo de lei não faz nenhuma menção à exclusão de determinados cargos/atividades para o cômputo do percentual, verbis:

Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:

I- até 200 empregados...2%;

II- de 201 a 500...3%;

III- de 501 a 1.000...4%;

IV- de 1.001 em diante...5%. Assim, restringir a base de cálculo seria restringir a aplicação da norma supratranscrita, que não abriu margem para uma interpretação restritiva.

Dessa forma, não havendo respaldo legal para excluir da base de cálculo determinados cargos, deve ser considerada a totalidade dos empregados contratados da empresa, incluindo os marítimos.

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Salienta-se que essa inclusão é apenas para efeito de aferição da porcentagem de vagas destinadas a reabilitados e portadores de necessidades especiais.

Vale ressaltar que Norma Regulamentadora nº 30 não tem o condão de interferir na aplicação do dispositivo legal questionado, mas apenas de dispor sobre a segurança e saúde no trabalho aquaviário. Não se nega, entretanto, em razão do risco ao trabalhador, a necessidade de aptidão física e mental específicas para o exercício de atividade marítima. Contudo, o portador de necessidades especiais não necessariamente ocupará tal atividade, devendo ser observado, por óbvio, suas limitações na função a ser exercida.

Nesse sentido, os seguintes precedentes desta Corte Superior:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VAGAS DESTINADAS A PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA. PREENCHIMENTO. ART. 93 DA LEI 8.213/91. MULTA. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL COLETIVO. ABSOLVIÇÃO. PERSISTÊNCIA DA OBRIGAÇÃO LEGAL.

1. Conquanto seja ônus da empregadora cumprir a exigência prevista no art. 93 da Lei 8.213/91, ela não pode ser responsabilizada pelo insucesso, quando ficou comprovado que desenvolveu esforços para preencher a cota mínima, sendo indevida a multa bem como não havendo falar em dano moral coletivo.

2. A improcedência do pedido de condenação da ré ao pagamento de multa e de indenização por dano moral coletivo fundada no fato de a empresa haver empreendido esforços a fim de preencher o percentual legal de vagas previsto no art. 93 da Lei 8.213/91, não a exonera da obrigação de promover a admissão de pessoas portadoras de deficiência ou reabilitados, nos termos da lei. Recurso de Embargos de que se conhece e a que se dá parcial provimento. (TST-E-ED-RR-658200-89.2009.5.09.0670, Relator Ministro João Batista Brito Pereira, SBDI-1, DEJT 20/05/2016).

AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO MONOCRÁTICA DENEGATÓRIA DE SEGUIMENTO. 1. COTAS PARA PREENCHIMENTO DE VAGAS

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Firmado por assinatura digital em 16/03/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP POR PORTADORES DE DEFICIÊNCIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E EMPRESAS PRIVADAS. DIFERENCIAÇÃO QUANTO AOS POSTOS DE TRABALHO A SEREM CONSIDERADAS PARA APURAÇÃO DO PERCENTUAL. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. VIOLAÇÃO. INOCORRÊNCIA. 2. ART. 93 DA LEI 8.213/91.

DESCUMPRIMENTO. DANO MORAL COLETIVO.

CONFIGURAÇÃO. Impõe-se manter a decisão agravada, tendo em vista

não se constatar violação direta e literal de preceito de lei federal ou da Constituição da República, tampouco divergência jurisprudencial hábil e específica, nos moldes das alíneas "a" e "c" do artigo 896 da CLT. Agravo conhecido e não provido. (TST-Ag-AIRR-101500-50.2009.5.07.0010, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, 1ª Turma, DEJT 30/09/2016).

(...). AÇÃO ANULATÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO. ART. 93 DA

LEI Nº 8.213/91. COTAS PARA PREENCHIMENTO DE VAGAS POR PORTADORES DE DEFICIÊNCIA. DESCUMPRIMENTO. BASE DE CÁLCULO. FLEXIBILIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. TAC. DESCUMPRIMENTO. 1. A Corte de origem manteve a sentença

que rejeitara o pedido de anulação de auto de infração decorrente do descumprimento do percentual mínimo de empregados portadores de deficiência ou reabilitados, segundo o disposto no art. 93, III, da Lei nº 8.213/91 ("A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: III - de 501 a 1.000...4%;"). Consignou que a empresa, contando com 974 trabalhadores na data da fiscalização, não comprovou a contratação de nenhum dos 39 trabalhadores que deveria empregar com o perfil indicado na norma. Considerou que o atingimento da cota legal deve ser aferido pelo número total de empregados da empresa, não havendo respaldo lógico ou legal à pretensão empresarial de excluir os motoristas da base de cálculo do percentual, ou de aferi-la com base em cada filial. Registrou, outrossim, que o Termo de Ajuste de Conduta firmado perante o MPT em 22.10.2001 não constitui impedimento para o procedimento fiscalizatório, seja porque o próprio termo previa a possibilidade de fiscalização pela DRT, seja porque, até 20.6.2005, a empresa não havia se ajustado ao que se comprometera. 2. Nesse contexto,

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frente ao cenário ofertado pelo Tribunal Regional, em que constatado o descumprimento da determinação legal de contratação de percentual mínimo de pessoas portadoras de deficiência/reabilitadas, não há falar que a manutenção do auto de infração tenha implicado ofensa ao art. 93 da Lei nº 8.213/91 - de cuja literalidade não se extrai qualquer ressalva no sentido de que a base de cálculo do percentual ali previsto possa ser limitada a determinadas funções exercidas na empresa ou à filial alvo de fiscalização. Com efeito, o indigitado preceito legal, que é de ordem pública e se compatibiliza com garantias de status constitucional (vg. arts. 1º, III, 3º, IV, 7º, XXXI), não exclui qualquer atividade de seu âmbito de aplicação e deixa claro que o percentual nele previsto deve incidir sobre o efetivo global da empresa - e não sobre o efetivo de cada estabelecimento ou filial, como defende a autora. Precedentes. 3. Arestos inespecíficos (Súmula 296, I, do TST) ou inábeis (art. 896, "a", da CLT). Agravo de instrumento conhecido e não provido. (TST-AIRR - 2266-37.2010.5.09.0000, Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, 1ª Turma, DEJT 03/11/2015).

(...). II - RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO ANTES DA LEI Nº 13.015/2014. AUTO DE INFRAÇÃO. EMPRESA DE VIGILÂNCIA. VAGAS DESTINADAS A PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS. A jurisprudência desta Corte já consolidou

o entendimento no sentido de que o artigo 93 da Lei nº 8.213/91 não comporta exceções no seu âmbito de aplicação, devendo ser aplicada a toda e qualquer empresa que se enquadre no percentual previsto, inclusive nas atividades de vigilância. Frise-se, que o aproveitamento do empregado portador de necessidades especiais não se dará, necessariamente, na atividade de vigilante, ao passo que, o art. 93 da Lei 8.213/91, estabelece proporcionalidade que confere ao empregador percentual considerável para contratar trabalhadores portadores de necessidade especiais em função compatível com a limitação apresentada. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. (TST-RR - 852-51.2009.5.10.0019, Relatora Ministra: Maria Helena Mallmann, 2ª Turma, DEJT 23/09/2016).

A) RECURSO DE REVISTA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EMPRESA DE VIGILÂNCIA. PREENCHIMENTO DAS VAGAS

DESTINADAS A PORTADORES DE DEFICIÊNCIA OU

REABILITADOS PELA PREVIDÊNCIA SOCIAL. BASE DE

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Firmado por assinatura digital em 16/03/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP CÁLCULO. ART. 93 DA LEI 8.213/91. A Constituição Federal de 1988,

em seus princípios e regras essenciais, estabelece enfática direção normativa antidiscriminatória. Ao fixar como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), o Texto Máximo destaca, entre os objetivos da República, promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, IV). A situação jurídica do obreiro portador de deficiência encontrou, também, expressa e significativa matiz constitucional, que, em seu artigo 7º, XXXI, da CF, estabelece a "proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência". O preceito magno possibilitou ao legislador infraconstitucional a criação de sistema de cotas para obreiros beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência (caput do art. 93 da Lei n. 8213/91), o qual prevalece para empresas que tenham 100 (cem) ou mais empregados. O mesmo dispositivo legal também não estabeleceu nenhuma ressalva acerca das funções compatíveis existentes na empresa para compor o percentual dos cargos destinados à contratação de pessoas com deficiência, sem prejuízo do fato evidente de que os contratados deverão possuir a aptidão para o exercício da função. Em suma, a ordem jurídica repele o esvaziamento precarizante do trabalho prestado pelos portadores de deficiência, determinando a sua contratação de acordo com o número total de empregados e percentuais determinados, bem como fixando espécie de garantia de emprego indireta, consistente no fato de que a dispensa desse trabalhador "... só poderá ocorrer após a contratação de substituto de condição semelhante" (parágrafo primeiro, in fine, do art. 93, Lei n. 8213/91). Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (TST-RR - 913-27.2013.5.09.0009, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, 3ª Turma, DEJT 21/08/2015).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. AUTO DE INFRAÇÃO. COTA PARA DEFICIENTES. BASE DE CÁLCULO. CÁLCULO DO PERCENTUAL PREVISTO NO ART. 93 DA LEI 8213/91. ATIVIDADES INCOMPATÍVEIS COM A SITUAÇÃO DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA (MOTORISTA E COBRADOR). Conforme acentuou o Tribunal Regional, a cota é exigível

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de todas as empresas que contam com 100 (cem) ou mais empregados, independentemente do ramo de atividade. O único critério a observar é a quantidade de trabalhadores contratados, motivo pelo qual não cabe excluir cargos cujo exercício ofereça risco ou imponha a observância de determinadas características. Ademais, o aproveitamento do empregado portador de deficiência não se dará, necessariamente, nas atividades de motorista e cobrador. Com efeito, o art. 93 da Lei 8.213/91 estabelece proporcionalidade que confere ao empregador margem considerável para alocar os trabalhadores portadores de deficiência em função compatível com a limitação. Agravo de instrumento de que se conhece e a que se nega provimento. (TST-AIRR - 213-23.2013.5.03.0137, Relatora Desembargadora Convocada: Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, DEJT 15/04/2016).

(...). AÇÃO ANULATÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA ADMINISTRATIVA. ARTIGO 93 DA LEI 8.213/1991. CONTRATAÇÃO DE TRABALHADORES REABILITADOS OU DE PORTADORES DE DEFICIÊNCIA HABILITADOS. 1 - Foram

atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, I, II e III, da CLT, introduzidos pela Lei nº 13.015/2014. 2 - A relevância e o profundo significado da proteção especial aos trabalhadores reabilitados e aos portadores de deficiência habilitados, positivada no art. 93 da Lei nº 8.213/1991, é compatível com as garantias institucionais da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho (art. 1º, III e IV), da construção de uma sociedade justa e solidária e da redução das desigualdades sociais (art. 3º, I e III), do direito social ao trabalho (art. 6º, caput), da ordem econômica fundada na valorização do trabalho humano com o fim de assegurar a todos uma existência digna conforme os ditames da justiça social (art. 170) e da ordem social cuja base é o primado do trabalho (art. 193). 3 - Nesse contexto, a proteção tem de ser efetiva, e não meramente formal, o que implica postura ativa da empresa para o fim de preenchimento das vagas colocadas à disposição. Entendimento contrário iria contra a finalidade da lei, esvaziando-a completamente. 4 - Não se ignoram as dificuldades que as empresas têm para preencher as vagas destinadas aos trabalhadores reabilitados e aos portadores de deficiência habilitados, de maneira que há

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muitos casos nos quais não se consegue preenchê-las, por mais que se tente, até mesmo para as funções mais simples. Mas o que se está dizendo aqui é que a não aplicação da multa administrativa somente se justifica quando esteja demonstrado de maneira inequívoca que a empresa se empenhou em cumprir a obrigação legal, que buscou as várias alternativas à sua disposição, as quais não se limitam à mera remessa de ofícios. 5 - Estudos elaborados pelo Ministério do Trabalho e por instituições de pesquisa demonstram que há soluções objetivas e concretas que podem ser adotadas pelas empresas, e não é necessário que fiquem esperando que apareçam candidatos encaminhados por meio do SINE ou da associação local; sobretudo no caso das funções mais simples, pode ela própria treinar, qualificar e aproveitar os trabalhadores que estejam em condições pessoais especiais, ressaltando-se ainda que, nos termos do art. 36, § 3º, do Decreto nº 3.298/1999, "considera-se, também, pessoa portadora de deficiência habilitada aquela que, não tendo se submetido a processo de habilitação ou reabilitação, esteja capacitada para o exercício da função". 6 - No caso dos autos, conforme consignado pelo Regional, não foi comprovada a tentativa real de preenchimento das vagas pela reclamada, nos termos da fundamentação exposta. 7 - Em relação ao cálculo do percentual de vagas que devem ser destinadas aos portadores de deficiências ou trabalhadores reabilitados, o art. 93, caput, da Lei nº 8.213/91 determina uma cota para portadores de deficiência e reabilitados de 2 a 5% dos seus cargos, sem nenhuma ressalva, ou seja, a base de cálculo do percentual de vagas a ser destinado ao preenchimento por esses trabalhadores é a totalidade dos cargos da empresa. Intacto o art. 93, II, da Lei nº 8.212/91. 8 - Recurso de revista de que não se conhece. (...). (TST-RR - 277-83.2014.5.03.0109, Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, 6ª Turma, DEJT 09/10/2015; grifos nossos).

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.

AÇÃO ANULATÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA

ADMINISTRATIVA. COTAS DESTINADAS A PESSOAS

PORTADORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS.

DESCUMPRIMENTO DO ART. 93 DA LEI Nº 8.213/91. O Regional

declarou a validade do auto de infração e, assim, manteve a multa imposta à recorrente, em razão do descumprimento do disposto no art. 93 da Lei nº

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8.213/91, consignando que, apesar de todos os prazos concedidos para a regularização da cota de 5% de empregados portadores de deficiência e/ou reabilitados, a autora não alcançou o percentual imposto por lei. O acórdão recorrido destaca que a determinação de observância da cota de deficientes e/ou reabilitados é endereçada a toda empresa com mais de 100 empregados, não havendo nenhuma exceção. Nesse contexto, não prospera a irresignação da recorrente, pois o art. 93 da Lei n° 8.213/91 não estabeleceu nenhuma ressalva ou exceção acerca das funções compatíveis existentes na empresa para compor o percentual dos cargos destinados à contratação de pessoas com deficiência, sendo certo, ainda, que a imposição de contratação de percentual de pessoas com deficiências habilitadas ou reabilitadas decorre de uma combinação de esforços, visando inibir a discriminação e satisfazer plenamente o princípio maior do respeito à dignidade humana. Assim, não se vislumbra a indigitada ofensa aos dispositivos constitucionais e legais invocados no presente recurso. Arestos inespecíficos. Agravo de instrumento conhecido e não provido" (TST-AIRR - 191700-28.2008.5.02.0059, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT 10/05/2013). Nessa perspectiva, é forçoso reconhecer que o Tribunal

a quo, ao excluir os trabalhadores marítimos da base de cálculo do

percentual de contratação de reabilitados e portadores de necessidades especiais, restringiu a aplicação do art. 93, caput e II, da Lei nº 8.213/91.

Ante o exposto, CONHEÇO do recurso de revista por violação do art. 93, caput e II, da Lei nº 8.213/91.

2. MÉRITO

No mérito, conhecido o recurso de revista por violação do art. 93, caput e II, da Lei nº 8.213/91, DOU-LHE PROVIMENTO para, reformando o acórdão recorrido, determinar que seja observada a totalidade dos empregados da empresa recorrida para a contratação de trabalhadores reabilitados ou portadores de necessidades especiais, sem qualquer ressalva atinente à determinada categoria profissional. Fica restabelecida a multa fixada na sentença no valor de R$ 20.000,00 (vinte

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mil reais) por mês, para cada empregado não contratado, reversível ao Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT). Custas em reversão pela empresa, as quais já foram pagas.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal

Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista, por violação do art. 93, “caput” e II, da Lei nº 8.213/91, e, no mérito, dar-lhe provimento para, reformando o acórdão recorrido, determinar que seja observada a totalidade dos empregados da empresa recorrida para a contratação de trabalhadores reabilitados ou portadores de necessidades especiais, sem qualquer ressalva atinente a determinada categoria profissional. Fica restabelecida a multa fixada na sentença no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) por mês, para cada empregado não contratado, reversível ao Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT). Custas em reversão pela empresa, as quais já foram pagas.

Brasília, 15 de março de 2017.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001) WALMIR OLIVEIRA DA COSTA

Ministro Relator

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