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OS LIVROS DE DEWEY E THORNDIKE: ANÁLISE DA CIRCULAÇÃO POR MEIO DAS BIBLIOTECAS NACIONAIS

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OS LIVROS DE DEWEY E THORNDIKE: ANÁLISE DA CIRCULAÇÃO POR MEIO DAS BIBLIOTECAS NACIONAIS

Rafaela Silva Rabelo1 Faculdade de Educação – USP rafaelasilvarabelo@hotmail.com

Palavras-chave: John Dewey; Edward Lee Thorndike; Circulação.

Introdução

A circulação internacional de ideias sempre teve no livro um de seus agentes no âmbito da educação no Brasil. Seja na forma de compêndios, manuais específicos de disciplinas escolares ou de obras de caráter teórico, discutindo diversos tópicos em educação ou afins. São estes mecanismos de difusão, e principalmente, das apropriações decorrentes, que interessam à pesquisa de doutorado em andamento, e da qual o presente trabalho representa parte dos estudos empreendidos.

A pesquisa de doutorado tem como temática de investigação as apropriações das obras de John Dewey e Edward Lee Thorndike na formação matemática dos professores primários no Brasil, entre as décadas de 1930 e 1960, em meio ao movimento escolanovista. A melhor compreensão da circulação das obras desses autores tem se constituído em uma primeira aproximação do objeto de pesquisa, justamente buscando apreender as conexões existentes entre o local e o global, na construção de uma história conectada.

Para esboçar o panorama da circulação das obras de Dewey e Thorndike, em um primeiro momento, optou-se por focar a circulação de objetos, neste caso os livros dos autores, a partir dos Catálogos das Bibliotecas Nacionais de diferentes países americanos e europeus, contabilizando um total de 10 países e 12 catálogos analisados e que serão detalhados ao longo do trabalho. Desta forma, o presente trabalho se propõe analisar a difusão destas obras a partir dos catálogos das Bibliotecas Nacionais.

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Circulação por meio de textos

A pesquisa de doutorado tem como objeto de pesquisa as contribuições de Edward Lee Thordike e John Dewey no campo da educação matemática. Especificamente, pretende-se compreender as apropriações das ideias/obras destes educadores na formação matemática dos professores do ensino primário no Brasil entre as décadas de 1930 e 1960. Portanto, o conceito de apropriação é fundamental na referida pesquisa. Apropriação é um dos conceitos fortemente presentes nos trabalhos de Chartier (1990, 2009), sendo outros as noções de representação e prática, que remetem a “configurações sociais e conceptuais próprias de um tempo ou de um espaço” (CHARTIER, 1990, p. 27).

Ao pensar as diferentes apropriações das obras de Dewey/Thorndike, tais processos remetem ao conceito de circulação (de ideias/modelos pedagógicos), que envolve diferentes níveis de abrangência assim como de aderência. Essa percepção das diferentes escalas da circulação implica em estabelecer relações entre o local e o global, em busca de uma história conectada (GRUZINSKI, 2001).

É importante destacar as implicações da circulação de textos e a relação texto e leitor. Bourdieu (2002) destaca que é comum que a circulação internacional (principalmente de textos) resulte em equívocos e interpretações discordantes daquilo que foi pensado pelo autor, visto que os textos circulam sem os seus contextos. Assim, os mesmos são reinterpretados durante o processo de recepção e essa reinterpretação está sujeita aos campos de produção aos quais os receptores pertencem. Desta forma, os mesmos textos, ainda que em distintas formas impressas, “podem ser diversamente aprendidos, manipulados, compreendidos" (CHARTIER, 1991, p. 181). Portanto, a leitura "é sempre apropriação, invenção, produção de significados". O sentido atribuído pelo autor, editor ou comentadores aos textos não coincidem, ou pelo menos não totalmente, com aquele apreendido pelo leitor (CHARTIER, 1999).

Uma questão que não pode ser ignorada é que os textos não existem fora dos suportes, e estes suportes participam ativamente na construção do significado (CHARTIER, 2002). Neste sentido, vivemos um momento em que novos suportes de leitura e formas de disseminação dos textos se fazem presentes, frente às inovações tecnológicas que têm atingido uma velocidade cada vez maior. Os próprios catálogos digitais que subsidiaram a discussão apresentada no presente trabalho exemplificam as formas diversificadas que mesmo as fontes para a pesquisa em história da educação vêm assumindo. No entanto, cabe ressaltar que “as novas técnicas não apagam nem brutal nem totalmente os antigos usos, e que a era do texto

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eletrônico será ainda, e certamente por muito tempo, uma era do manuscrito e do impresso.” (CHARTIER, p. 08, 2002).

Outro elemento que transparece ao imergir na discussão sobre circulação de textos é aquele que concerne aos aspectos editoriais, sejam eles de natureza técnica ou no que se refere às relações comerciais estabelecidas. Neste sentido, Chartier (2002) nos lembra da importância de compreender os papéis desempenhados por aqueles que editaram as obras, e mesmo as razões por trás da diferença entre a data de redação de um texto e a de sua difusão entre determinado público.

Todas essas noções mencionadas (apropriação, representação, circulação etc) são interpretadas a partir da perspectiva da história cultural, que segundo Popkewitz (2001), se caracteriza por estudos históricos com aproximações interdisciplinares, em que o conhecimento é tido como um campo de práticas e reproduções culturais.

Sobre as Bibliotecas Nacionais

Caracterizadas como depositárias do patrimônio cultural de um país, as Bibliotecas Nacionais geralmente cumprem o papel de abrigarem as obras doadas em cumprimento à lei de depósito legal. No entanto, cabe destacar que de um país para outro há diferenças na estruturação e funções desempenhadas pela Biblioteca Nacional (BN), assim como a lei que rege o depósito legal. Tais diferenças podem estar relacionadas à dificuldade em se definir o que vem a ser uma biblioteca nacional, o que é destacado por Lor (1997), ao colocar em questão que elementos tornam uma biblioteca “nacional”. Ainda, apesar das bibliotecas nacionais serem identificadas como um tipo particular de biblioteca, elas diferem bastante em relação às suas origens e funções de um país a outro (LOR, 1997).

Portella (2010) caracteriza o que vem a ser uma biblioteca nacional ao diferenciá-la da biblioteca pública. Segundo a autora, as bibliotecas públicas remetem à influência norte-americana que apontava para a necessidade de acesso às bibliotecas, o que levou à criação das mesmas e à sua administração pelo poder local. A primeira biblioteca pública data de 1700 na Carolina do Sul, sistema que se difundiu pelos Estados Unidos e pelo mundo. As Bibliotecas Nacionais remetem às bibliotecas reais, na Idade Média, quando as bibliotecas saem dos mosteiros e ficam sob o jugo dos reis. Naquele período prevalecia a ideia de que os livros eram preciosidades que deveriam ser protegidas, sendo que naquela época o povo não constituía um público leitor. Ainda, segundo Portella (2010), a ideia de biblioteca nacional

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parece ter suas raízes na Revolução Francesa, em que era tida como nacional por "abrigar a memória documental da cultura de um país" (p. 5). Hoje, a biblioteca é tida como Nacional – a autora se refere especificamente à Biblioteca Nacional do Brasil - por ter as seguintes características:

ser beneficiária do instituto do Depósito Legal; possuir mecanismo estruturado para compra de material bibliográfico no exterior a fim de reunir uma significativa coleção de obras estrangeiras, nas quais se incluam livros relativos ao Brasil ou de interesse para o país; elabora e divulga a bibliografia brasileira corrente por intermédio do portal da Biblioteca Nacional (www.bn.br); é o centro nacional de permuta bibliográfica, em âmbito nacional e internacional. É, em sentido amplo e elevado, museu de toda a sua produção bibliográfica e documental, nos mais diversos campos do saber, ao longo da sua história (p. 05).

A Biblioteca Nacional do Brasil é considerada pela Unesco uma das dez maiores do mundo – a oitava segundo Portella (2010) – e a maior da América Latina. A sua criação remete a 1810, enquanto Real Biblioteca, sendo aberta ao público em 1814. Tornou-se Fundação Biblioteca Nacional em 1990. A Fundação é a única beneficiária da Lei de depósito legal (Lei 10.994 de 14 de dezembro de 2004)2.

Caracterização dos catálogos

Ao todo foram consultados os catálogos de 12 países, contabilizando um total de 14 catálogos (EUA e Itália possuem dois catálogos cada)3. Além dos EUA (cuja BN, a Library of Congress, é considerada a maior biblioteca do mundo) e Brasil, buscou-se consultar os catálogos de uma amostragem de Bibliotecas Nacionais tanto do continente americano quanto europeu, sendo os seguintes países: Argentina, México, Portugal, Espanha, França, Itália, Chile, Colômbia, Uruguai e Bolívia. Dos 12 países consultados, dois não retornaram resultados para livros de Dewey e Thorndike (Uruguai e Bolívia), portanto os dados apresentados no presente trabalho se referem àqueles coletados nos catálogos dos outros 10 países. Alguns critérios foram considerados na eliminação de BNs, como a ausência de um catálogo online e o idioma em que o catálogo era apresentado, este último levou à eliminação de algumas das maiores BNs do mundo, entre elas a da Rússia, da Alemanha e da China.

Os catálogos de cada BN possuem características distintas, pois ao apresentarem os dados bibliográficos alguns são mais completos que outros. Alguns dados, tais como tradutor e edição raramente são informados, e há livros em que mesmo o local e editora não aparecem, por vezes constando apenas o ano.

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A escolha dos catálogos enquanto fonte em potencial levou em consideração as seguintes possibilidades:

• Identificar, de uma forma geral, em que países as obras de Dewey e Thorndike circularam, especificamente em que países foram traduzidas;

• Identificar possíveis publicações destes autores relacionadas à matemática; • Identificar por onde os textos sobre matemática circularam e se houve traduções.

Na análise dos catálogos, foram consideradas apenas as informações referentes aos livros publicados antes da década de 1970. Durante a coleta de dados, caso o catálogo apresentasse livros de Dewey e/ou Thorndike, buscou-se responder as seguintes perguntas: Trata-se trata de uma edição original ou uma tradução? Caso seja uma tradução, a editora é local ou de outro país? Quais os títulos dos livros importados e/ou traduzidos? Há livros que tratam do ensino de matemática? Qual o país, editora, número da edição e ano de publicação? Quem são os tradutores? Como mencionado anteriormente, em alguns catálogos não foi possível localizar todas estas informações.

O que os catálogos têm a dizer?

Primeiramente, é preciso pontuar que as informações disponíveis nos catálogos acerca da publicação dos livros apresentam certas limitações em relação à pretensão de compreender melhor o processo de difusão destes. A começar da ausência de alguns títulos, o fato de determinada obra não constar no catálogo não implica que a mesma não tenha circulado/sido publicada no país. Exemplo disto é o livro "A nova metodologia da aritmética", edição brasileira de "The new methods in arithmetic" de Thorndike, que foi publicado no Brasil em 1936, no entanto não consta no catálogo brasileiro. Por outro lado, a edição brasileira aparece no catálogo português.

As obras importadas que constam nos catálogos não possibilitam saber o período em que começam a circular naquele país, pois não é informado quando os livros foram adquiridos. Portanto, identificar os livros que foram traduzidos em cada país são fundamentais para estimar o período a partir do ano de publicação.

Uma dificuldade de ordem técnica foi a localização da relação dos livros a partir do nome do autor, pois em alguns catálogos haviam diferentes entradas para o mesmo autor, e não necessariamente as obras localizadas por meio de cada entrada coincidiam. Outra

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dificuldade foi a alteração nos resultados das buscas em alguns catálogos, que apresentavam resultados discordantes ao serem realizados em datas diferentes, como ocorreu com o catálogo brasileiro4.

Devido a barreiras linguísticas, não foi possível identificar informações de algumas edições. Obras importadas e cujas informações apresentadas estavam totalmente em outro idioma (obras em chinês, japonês, russo etc), não era possível identificar se era um livro de Dewey/Thorndike ou sobre eles. Isto ocorreu principalmente no catálogo dos EUA.

A partir da análise dos dados editoriais foi possível perceber não apenas um movimento de difusão, em vista da circulação dos originais em inglês ou de suas traduções nos respectivos países, como também um movimento de contra difusão, já que as traduções circulavam em outros países, inclusive nos EUA. Percebemos neste sentido diferentes formas de difusão, o que chamaremos de difusão direta (a partir da circulação das edições originais e da tradução no país de recepção) e difusão indireta (circulação de traduções provenientes de outros países).

Percebe-se uma maior difusão das obras de Dewey, que apresenta uma variedade de títulos nos catálogos, em inglês ou traduzidos em diferentes línguas, o que não ocorre com Thorndike, cujos livros circulam principalmente em inglês. Numericamente, a abrangência dos livros de Dewey é maior que de Thorndike: Dewey conta com publicações em um maior número de países de um maior número de títulos, alguns dos quais apontam para uma grande aderência devido ao número de edições. Por exemplo, no catálogo argentino consta o livro “Experiência y educación”, que entre 1939 e 1964 contou com pelo menos 8 edições. No catálogo italiano, “Democrazia e educazione” conta com pelo menos 9 edições entre 1949 e 1965. Os livros de Thorndike aparecem em pequena proporção nos catálogos (com exceção dos EUA), geralmente nas suas edições originais em inglês, e apenas figuram traduções em espanhol cujas edições são da mesma editora americana dos textos em inglês, a Rand, McNally & Company. A única exceção é a edição brasileira de "A nova metodologia da aritmética", publicado pela Livraria do Globo, que consta no catálogo de Portugal.

Na sequência, o Quadro 1 sintetiza a circulação de traduções no geral e dos livros sobre matemática, estes últimos se tratando tanto das traduções quanto dos originais.

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Quadro 1: Caracterização dos catálogos

Ord. País cujo catálogo apresenta... Dewey Thorndike

1 Alguma tradução Todos EUA

Portugal México

2 Alguma edição no idioma nacional Todos EUA

Portugal México

3 Alguma edição nacional EUA

Argentina Chile Espanha Itália França México Brasil EUA

4 Obras de matemática (tradução ou não) EUA EUA Portugal México Brasil Fonte: Catálogos das Bibliotecas Nacionais consultados.

Como é possível verificar, o Quadro 1 reforça o que foi colocado anteriormente, ou seja, a difusão das obras de Dewey apresentam uma maior abrangência ao se considerar os dados fornecidos pelos catálogos. Por outro lado, as traduções de Thorndike aparecem apenas em três países – Brasil, Portugal e México – sendo que em apenas um, Brasil, conta com uma edição nacional, apesar de não constar no catálogo.

As publicações de Dewey em espanhol (principalmente por editoras argentinas e mexicanas) e em italiano, são significativas, tanto em vista da variedade de títulos traduzidos quanto pelo número de edições de alguns. As traduções em espanhol de Thorndike apenas aparecem nos catálogos do México e EUA, sendo que em ambos se tratam de publicações da mesma editora dos originais em inglês. É interessante notar que em relação às obras que tratam do ensino de matemática o cenário se inverte: enquanto os livros de Thorndike contaram com traduções em espanhol e português, e exemplares em inglês constam no catálogo do Brasil, por outro lado os livros que tiveram algum envolvimento de Dewey (enquanto autor, editor ou referência) aparecem apenas no catálogo estadunidense.

Pelos dados obtidos nos catálogos, temos que Dewey teve seus livros publicados em espanhol, italiano, francês, alemão, urdu, turco, hebreu e persa; enquanto que Thorndike foi

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publicado em russo, espanhol e português. No Quadro 2 é possível verificar a relação de tradutores que foi informada nos catálogos.

Quadro 2: Relação de tradutores de Dewey e Thorndike

Idioma Tradutores de Dewey Tradutores de Thorndike

Português Godofredo Rangel (São Paulo); Anísio Teixeira (São Paulo); Haydée de Camargo Campos (São Paulo); Antônio Pinto de Carvalho.

Anadyr Coelho (Porto Alegre)

Espanhol Samuel Ramos (México); Lorenzo Luzuriaga (Buenos Aires, Madrid); Alejandro A Jascalevich (Boston); Luis Echavárri (Buenos Aires); Eugenio Imaz (México); Rafael Castillo Dibildox (Rosário, México); Josefina Martinez Alinari (Buenos Aires); Domingo Barnés (Madri); José Gaos (México); Amando Lázaro Ros (Madrid, Buenos Aires); José Mendes Herrera (Madrid).

Francisco Vizcarrondo (Chicago/NY); José C. Rosário (Chicago/NY); José Arteaga (Chicago/NY)

Francês Mari-Anne Carrois (Paris); Ovide Decroly (Paris); L. S. Pidoux (Paris); R. Duthil (Paris); Pierre Messiaen (Paris); Gérard Deledalle (Paris).

Não consta traduções

Alemão Erich J. Hylla Não consta traduções

Persa Mushfiq Hamadãni Não consta traduções

Italiano Aldo Visalberghi (Torino); R. Cresti (Florença); Enzo Enriques Agnoletti (Florença); Giogio Monicelli (Milano); A Mondadori; Luigi Oliva; Ernesto Codignola (Florença); Lamberto Borghi (Florença); Giulio Preti (Milano); Mariuma Tioli Gabrieli (Florença); L. Borrelli (Florença); Paolo Paduan (Florença); Antonio Guccione Monroy (Florença); Egle Becchi (Florença); Alfredo Rizzardi (Florença).

Não consta traduções

Fonte: Catálogos das Bibliotecas Nacionais consultados.

A relação de tradutores disposta no Quadro 2 pode nos auxiliar a compreender melhor os mecanismos que levam a determinado texto ser traduzido assim como o papel que o tradutor arbitra na escolha destes. Especialmente, nos interessa os tradutores de Thorndike que são apresentados no quadro, visto que todos os quatro nomes listados traduziram os livros relacionados ao ensino de matemática. Entre parênteses, são indicados os locais das editoras pelas quais foram publicadas as traduções.

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Em relação aos textos de matemática, a partir do mapeamento realizado por Rabelo (2012a, 2012b), tem-se que Dewey publicou em coautoria com McLellan em 1895 “The psychology of number” (MCLELLAN & DEWEY, 1895), e que posteriormente McLellan publicou “The public school arithmetic” (MCLELLAN & AMES, 1897) que anuncia logo na contracapa que era baseado no livro “The psychology of number”. No catálogo dos EUA foi possível localizar além destes dois livros, outro livro de McLellan e Ames, de 1902, intitulado “The public school arithmetic for grammar grades”, o que leva a crer que este publicou uma série de livros de matemática. Além desse, também foi identificado o livro “The Alexander-Dewey arithmetic”, do qual Alexander-Dewey consta como editor e Georgia Alexander a autora.

As perguntas e as direções para as quais os catálogos apontam

A partir da análise dos catálogos algumas questões ficam em aberto e nos levam a refletir e buscar fontes que possam esclarecê-las. Uma delas diz respeito ao fato de que apesar do grande número de títulos de Dewey traduzidos em outros países, não foram localizadas traduções dos livros sobre ensino de matemática dos ele participa direta ou indiretamente. No caso de Thorndike, o reduzido número de títulos que foram traduzidos nos leva a inquirir o que poderia ter levado a uma menor difusão de seus livros em outros países em vista da grande aderência/receptividade que tiveram nos EUA, conforme pesquisa de Santos (2006).

No caso específico das traduções em espanhol dos livros sobre matemática de Thorndike, publicadas pela mesma editora das edições em inglês, nos questionamos sobre as razões que poderiam ter levado a esse empreendimento. A edição em espanhol atendeu a que tipo de demanda? Ainda em relação às edições em espanhol, no catálogo estadunidense consta o título "Las aritméticas motivadas de Thorndike" enquanto que no catálogo mexicano consta "Las aritméticas de Thorndike". Se trata de edições diferentes do mesmo livro? Além disso, no catálogo estadunidense constam títulos em inglês que não estão no levantamento de Santos (2006), o que nos leva a questionar se há mais livros publicados por Thorndike que tratam do ensino de matemática do que os apontados pela pesquisadora ou se seriam apenas informações incompletas no catálogo. Acreditamos que várias das repostas perpassam por uma melhor compreensão das relações editoriais envolvidas na tradução dos livros.

Dentre as ações a serem empreendidas a partir das informações levantadas tem-se a localização dos livros publicados por McLellan e Ames baseados no “The psychology of number”, e os livros de Georgia Alexander dos quais Dewey foi editor. Uma das fontes é o

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Internet Archive5, que disponibiliza diversos textos antigos em formato digital, onde espera-se

seja possível localizar também outros livros relacionados a estes autores.

Notas

1 Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Integrante do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em História da Educação (NIEPHE) e do Grupo de Pesquisa de História da Educação Matemática (GHEMAT).

2 As informações acerca da Fundação Biblioteca Nacional estão disponíveis em

http://www.bn.br/portal/?nu_pagina=11. Acesso em 12 fev. 2013.

3 Nos EUA, foram consultados os catálogos da Biblioteca Nacional de Medicina e da Biblioteca do Congresso, enquanto que na Itália foram consultados os catálogos da Biblioteca Nacional de Florença e da Biblioteca Nacional de Roma.

4 A Fundação Biblioteca Nacional disponibiliza a pesquisa ao acervo geral por meio de três catálogos: o catálogo antigo, o catálogo corrente e o catálogo de teses. Em 14 de setembro de 2012 foram consultados os catálogos antigo e corrente em busca de obras de Dewey e Thorndike, o que retornou resultados em ambos os catálogos. No entanto, em 30 de janeiro de 2013 foi realizada a mesma busca, que não retornou resultados no catálogo antigo e apresentou um número de livros inferior no catálogo corrente.

5 A Internet Archive é uma espécie de biblioteca digital, que disponibiliza diferentes tipos de mídia (textos, áudios, vídeos etc) no formato digital ao público interessado. Foi fundada em 1996 em São Francisco/EUA. Disponível em http://archive.org/, acesso em 12 fev. 2013.

Referências

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