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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ LEONARDO GRUCHOUSKEI MAUS TRATOS A ANIMAIS E SUA RELAÇÃO COM VIOLÊNCIA CONTRA HUMANOS (REVISÃO)

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LEONARDO GRUCHOUSKEI

MAUS TRATOS A ANIMAIS E SUA RELAÇÃO

COM VIOLÊNCIA CONTRA HUMANOS

(REVISÃO)

CURITIBA

2014

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MAUS TRATOS A ANIMAIS E SUA RELAÇÃO

COM VIOLÊNCIA CONTRA HUMANOS

(REVISÃO)

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Medicina Veterinária Legal, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de especialização em medicina veterinária legal.

Orientadora:

Prof. MV, Me. Patricia Romagnolli

CURITIBA

2014

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RESUMO

O presente artigo busca informações referentes às possíveis relações que podem ser estabelecidas entre atos de agressão interpessoal e os de maus tratos contra animais. Ações violentas cometidas por parceiros contra suas mulheres tem sido associadas à violência que estes agressores cometem contra animais de suas famílias. Fato que frequentemente se torna fator determinante para que as mulheres agredidas fisicamente não deixem seus lares ou locais onde são vítimas de agressão em busca de proteção e auxílio. Existem indícios de que o comportamento violento de adultos que cometeram agressões contra animais durante sua infância esteja associado a outros fatores psicológicos, como a psicopatia e a baixa empatia. Estudos de outros países realizados com o tema acabam tendo sua importância revelada quando seus resultados auxiliam na construção de perfis de pessoas predispostas a atos de violência. O detalhamento dado aos perfis de pessoas com tendências e potencial violentos, por sua vez, é passa a ser um valioso e importante trabalho de prevenção contra atos futuros de violência deste grupo específico.

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ABSTRACT

This article seeks information concerning possible relationships that can be established between acts of interpersonal aggression and maltreatment of animals. Violent actions committed by partners against their women has been associated with violence they commit against animal from their families. Fact that often becomes the determining factor for women physically assaulted not leave their homes or places where they are victims of aggression for protection and assistance. There are indications that the violent behavior of adults who have committed aggression against animals during childhood is associated with other psychological factors such as psychopathy and low empathy. Studies conducted in other countries with the theme end up having revealed their importance when their results will help in building predisposed to violence people profiles. The detail given to people with violent tendencies and potential profiles in turn, is going to be a valuable and important work of preventing future acts of violence of this particular group.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 5

2 REVISÃO ... 6

3 CONCLUSÃO ... 10

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1 INTRODUÇÃO

O presente artigo faz uma revisão a respeito da relação existente entre os maus tratos contra animais e a agressão interpessoal.

Neste sentido, violência de parceiros contra suas mulheres tem se mostrado frequentemente associada a violência contra animais pertencentes aos seus respectivos núcleos familiares. Este fato, em muitos casos, acaba se tornando um fator determinante para que as mulheres mau tratadas adiem sua saída de seus lares, ou locais onde são vítimas de agressão.

Há indícios de que o comportamento violento de adultos que cometeram agressões contra animais durante sua infância esteja associado a outros fatores psicológicos, como a psicopatia e a baixa empatia.

Estudos realizados nesta área tem se mostrado de grande valia, pois servem de subsídios durante a elaboração de perfis de pessoas predispostas a atos de violência. Desta forma, traçando-se perfis mais detalhados quanto ao potencial de violência de indivíduos, podem ser realizados valiosos e importantes trabalhos de prevenção com este grupo específico.

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2 REVISÃO

Pessoas que cometem violência doméstica têm sido relacionadas como autores de maus tratos contra animais, mesmo em formas que não incluem agressões físicas aos animais, como por exemplo, infligir restrição alimentar, negar abrigos ou mesmo assistência médico-veterinária. A principal causa desta manifestação de conduta humana foi correlacionada ao ‘controle coercitivo’, com ocorrência de imposição do medo e da intimidação, principalmente em casos de abusos contra mulheres que não possuem filhos e que mantêm laços afetivos com seus animais (Gallagher et al, 2008; Hardesty et al, 2013). Quando o executor da agressão percebe que o animal de companhia detém o afeto e a estima da mulher, o animal acaba se tornando uma ferramenta para controle da vítima. Esta, em geral, possui uma estreita e delicada relação de conforto e proteção com seu animal e, portanto, a decisão de fugir e abandoná-lo junto ao agressor muitas vezes resulta em sentimentos de preocupação e culpa (Hardesty et al, 2013).

Para Flynn (2000), um agressor do sexo masculino é mais propenso a atingir os animais de estimação nas situações em que seus parceiros possuem fortes vínculos afetivos com eles. Tais vínculos, por sua vez, podem se fortalecer exponencialmente caso os animais acabem se tornando vítimas de agressão, da mesma forma as mulheres. Assim, independente da dinâmica, é comum que os agressores criem situações em que o medo impera, envolvendo ao mesmo tempo vítimas humanas e não humanas.

Em um abrigo dos Estados Unidos para pessoas que sofrem algum tipo de agressão doméstica 40% das mulheres possuía animais de estimação, no momento da agressão ou durante o seu relacionamento abusivo. Destas, 46,5% confirmou que seus animais também haviam sido vítimas de atos de violência cometidos pelo seu agressor.

Ascione et al. (2007) estabeleceu comparações entre relatos de agressão à animais de companhia entre dois grupos de mulheres: as que residem em abrigos para vítimas de violência doméstica (n = 100) e aquelas que, vivendo na comunidade, declararam não terem sofrido violência doméstica a qualquer tempo (n = 119). Ameaças, ferimentos ou mesmo morte de animais foram relatados por 52% das mulheres de abrigos, das quais 54% relatou que houve ferimentos e morte de animais, apesar de não haver ameaças. Mesmo não tendo sido vítimas de violência doméstica, 19% das mulheres fez menção a casos de agressão contra seus

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animais, mesmo sem ameaça, e 35% relatou que houve tanto ameaça como ato de violência em si.

As mulheres cujos parceiros ameaçaram seus animais de estimação são sete vezes mais propensas a relatar que a preocupação com seus animais afetou sua decisão sobre abandonar ou permanecer com seu agressor. Entretanto, quando além de ameaças ocorreram também ferimentos ou mortes dos animais, esta razão aumenta para oito vezes (Faver & Strand, 2003).

Porém, apesar de muitas mulheres prorrogarem sua estadia junto ao agressor por preocupação com os seus animais (Ascione et al., 2007; Faver & Strand, 2003; Flynn, 2000; Gallagher et al., 2008), é ainda maior o número de mulheres cujos filhos constituem seu foco primário de preocupação e de proteção (Ascione et al., 2007; Hardesty et al., 2013).

Currie (2006) comparou o comportamento dos filhos de mulheres que tinham histórico de violência doméstica, com o dos filhos de mulheres sem histórico deste tipo de violência. Como resultado, as crianças da amostra exposta a atos de violência eram 2,95 vezes mais propensas à crueldade contra animais. Com base em seus resultados, duas categorias de crianças que praticam crueldade contra animais foram estabelecidas, a exploratória e a patológica. A categoria exploratória é composta então por crianças em idade pré-escolar e de ensino fundamental, cujo comportamento de agressão contra animais está associado a desinformação, sobre os cuidados físicos e tratamento humano para com os animais, sendo que intervenções educativas são suficientes para impedir a ocorrência de crueldade. Entretanto, crianças alocadas na categoria patológica, em geral, têm idades mais avançadas e a crueldade contra animais se mostra como um sintoma de distúrbios psicológicos relacionados a experiência prévia de abuso, sendo aqui justificada e indicada a intervenção clínica. Características de psicopatia podem ser observadas desde a infância, período em que recebem o nome de transtorno de conduta, o qual pode persistir até a vida adulta.

Silva (2008) aponta alguns padrões comportamentais repetitivos e persistentes, considerados comuns em crianças e adolescentes, os quais tendem a se tornar adultos psicopatas. Algumas destas características de comportamento são: a crueldade contra animais, colegas e irmãos; a total ausência de empatia ou preocupação com os sentimentos alheios; a sexualidade exacerbada, muitas vezes coagindo outras crianças ao sexo.

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britânicas avaliou relatos de violência contra animais, quando as crianças tinham 5, 7, 10 e 12 anos de idade. A maioria delas (90,6%) não praticou atos de crueldade contra animais em qualquer idade, e os poucos casos de crueldade relatados foram restritos a um determinado período de tempo. Poucas crianças mostraram perfil violento em quaisquer idades (0,1%), em três idades (0,3%), e em duas idades (2,2%). A metade das crianças que sofreu algum tipo de violência relatou haver praticado atos de crueldade contra animais, portanto, não sendo correspondente neste estudo a associação entre a crueldade contra os animais e maus-tratos físicos recebidos pelas crianças entrevistadas.

Hensley & Tallichet (2008) avaliaram 261 presidiários para observar se crianças violentas com animais se tornam adultos que cometem violência contra humanos. Destes, 112 participantes se envolveram com crueldades contra animais em sua infância, por razões diversas, sendo que o abuso contra animais motivado unicamente por diversão foi a única correlação com a violência futura praticada contra humanos. Apontam que investigações acerca da motivação destas crianças em violentar animais podem auxiliar a identificar indivíduos em situação de risco de se tornar adultos agressores.

Um estudo realizado por Walters et al., (2013), envolveu jovens infratores com idade entre 14 e 18 anos, e buscou uma possível relação entre a crueldade contra animais na infância e a agressividade adulta. A pesquisa envolveu 1.336 jovens infratores, divididos entre os que haviam cometido delitos violentos e os que cometeram delitos não violentos. Os resultados indicaram que a crueldade contra animais durante a infância foi preditiva tanto para a ofensa agressiva e não agressiva. Este resultado, entretanto, é inconsistente com a hipótese de que a crueldade contra animais na infância insensibiliza a pessoa para a prática de futuras agressões interpessoais, ou mesmo prepara para atos de violência interpessoal. Em face disto, sugerem que um nexo causal, total ou parcialmente mediado pela hostilidade, indiferença e outras variáveis cognitivas, pode existir entre a prática de crueldade contra os animais na infância e a de ofensa subsequente, embora o efeito não seja específico para a violência.

Henderson et al., (2011) e Hensley et al., (2010) pesquisaram se detentos de prisões estadunidenses, que cometeram atos de bestialidade na infância, eram mais propensos a se envolver em crimes interpessoais recorrentes. A teoria sexual polimorfa fundamenta esta possível relação, pois durante o desenvolvimento de certos indivíduos seus comportamentos agressivo e sexual se fundem. Em

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consequência, suas tendências violentas e sexuais se manifestam simultaneamente, fazendo com que o ato de ferir animais e seres humanos lhes forneça as mesmas sensações 'agradáveis', porém, agora fundidas com a excitação sexual.

No Brasil o estudo realizado por Nassaro (2013) avaliando as ocorrências envolvendo animais, entre 2010 e 2012, atendidas pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, verificou que foram autuadas 643 pessoas pela prática de maus tratos contra animais. O perfil obtido foi de maioria masculina (homens), com em média 43 anos de idade. Do total, 204 pessoas possuíam registros criminais que iam além dos casos de maus tratos contra animais, e destas, 50% havia cometido crimes violentos contra seres humanos. Sendo assim, considera o atendimento de ocorrências envolvendo maus tratos contra animais uma ação de prevenção primária em relação a prática de outros crimes. Das 471 ocorrências de maus tratos registradas, a maioria envolveu animais domésticos, sendo mais frequentes aquelas relacionadas ao uso de galos em rinhas, seguidas de maus tratos contra cachorros, gatos, aves (especialmente passeriformes) e cavalos. Quanto aos silvestres, foram registradas 83 ocorrências, em sua maioria, de aves passeriformes canoros e papagaios.

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3 CONCLUSÃO

Kavanagh et al., (2013) correlacionaram os casos de crueldade contra animais à lúgubre tríade narcisismo-maquiavelismo-psicopatia. Como a psicopatia foi o único traço significativamente associado com os atos de crueldade, torna-se emergencial a realização de estudos a respeito das motivações para a agressão contra animais. Assim, talvez seja possível determinar as causas que levem humanos a se tornarem agressores de animais e, consequentemente, auxiliando para a prevenção do surgimento de futuros agressores.

Os médicos veterinários podem ter um papel importante para a proteção de crianças e mulheres vítimas de agressões, uma vez que identifiquem animais que sofrem maus tratos. Podem, inclusive, auxiliar as pessoas que buscam abrigos e segurança para os seus animais de estimação.

A realização de pesquisas nesta área e tema no Brasil pode levantar novos e diferentes resultados, uma vez que os estudos existentes se concentram nos Estados Unidos e países europeus, portanto, considerando as influências culturais e sociais destes locais como pano de fundo para o comportamento dos agressores.

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REFERÊNCIAS

ASCIONE, Frank R.; WEBER, Claudia V.; THOMPSON, Teresa M.; HEATH, John; MARUYAMA, Mika; HAYASHI Kentaro. Battered Pets and Domestic Violence: Animal Abuse Reported by Women Experiencing Intimate Violence and by Nonabused Women. Violence Against Women, v.13, n.4, p.354–373, abr. 2007.

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FAVER, Catherine A.; STRAND, Elizabeth B. To leave or to stay?: Battered women's concern for vulnerable pets. Journal of Interpersonal Violence, v.18 n.12, p.1367-1377, dez. 2003.

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HARDESTY, Jennifer L.; KHAW, Lyndal; RIDGWAY, Marcella D.; WEBER Cheryl; MILES,Teresa. Coercive control and abused women's decisions about their pets when seeking shelter. Journal of Interpersonal Violence, v.28 n.13, p.2617-2639, mai. 2013.

HENDERSON, Brandy B.; HENSLEY, Christopher; TALLICHET, Suzanne E. Childhood Animal Cruelty Methods and Their Link to Adult Interpersonal Violence. Journal of Interpersonal Violence, v.26 n.11, p.2211-2227, jun. 2011.

HENSLEY, Christopher; TALLICHET, Suzanne E. The effect of inmates' self-reported childhood and adolescent animal cruelty: Motivations on the number of convictions for adult violent interpersonal crimes. International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology. v.52, n. 2, p.175-184, abr. 2008.

HENSLEY, Christopher; TALLICHET, Suzanne E.; DUTKIEWICZ, Erik L. Childhood bestiality a potential precursor to adult interpersonal violence. Journal of Interpersonal Violence, v.25 n.3, p.557-567, mar. 2010.

McEWEN, Fiona S.; MOFFITT, Terrie E.; ARSENEAULT, Louise. NeglectIs childhood cruelty to animals a marker for physicalmaltreatment in a prospective cohort study of children?. Child Abuse & Neglect, v.37, 11 p. Nov. 2013.

NASSARO, Marcelo Robis Francisci. Maus tratos aos animais e violência contra as pessoas – A aplicação da teoria do Link nas ocorrências atendidas pela polícia militar do estado de São Paulo. 1°Ed, São Paulo: edição do autor, 96p. 2013.

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KAVANAGH, Phillip S.; SIGNAL, Tania D.; TAYLOR, Nik. The Dark Triad and animal cruelty: Dark personalities, dark attitudes, and dark behaviors. Personality and Individual Differences, v.55, p. 666-670, 2013.

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