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A INFLUÊNCIA DO ESPAÇAMENTO SÔBRE O CICLO VEGETATIVO DO SISAL. J. C. Medina

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Academic year: 2021

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A INFLUÊNCIA DO ESPAÇAMENTO SÔBRE O CICLO

VEGETATIVO DO SISAL

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112 B R A G A N T I A V O L . V I

Nutman (7) diz que, polo retardamento no corte das folhas, há uma nítida diminuição do ciclo vegetativo da planta, e que certas observações confirmam a opinião de que o sisal em solos ricos floresce mais cedo. ^ Toro (8) acha que a desigualdade de ciclo vegetativo somente pode ser atribuída a diferenças de clima e solo, e, possivelmente, de sistemas de cul-tura e de exploração.

Hunter e Leake (5) supõem que o clima seja o fator decisivo sobre a duração de vida do sisal, afirmando que, quando se compreender melhor as condições responsáveis pelo florescimento, então poderá ser possível con-trolar ou mesmo evitar a floração prematura da planta.

Na África Oriental Inglesa, em Amani (2), observou-se que o número total de folhas produzidas durante a vida da planta varia com as condições locais e tratamento, sendo que, entre plantas da mesma idade, as que pro-duzem folhas mais rapidamente são as primeiras a florescer.

Finalmente, segundo Baun (1), o florescimento, nos Agave não culti-vados, depende das condições de solo e altitude, porém o corte das folhas provoca uma profunda modificação no seu ciclo vegetativo. Aquele autor apresenta os seguintes dados sobre a idade de florescimento do sisal em diversas situações e paises :

África Oriental Alemã

-Planalto 4 anos Solo calcáreo 10 ,, Altitude de 1.400 pés . . . 6 ., Hawaii 7 a 9 ,, Cuba . . . 15 ,, Ilhas Bahamas 6 a 12

Apesar de a literatura referente ao sisal considerar diversos fatores que influem sobre a sua duração de vida, nenhuma citação existe quanto à influência do fator espaçamento entre plantas, na duração do período vegetativo desta planta.

O objetivo da presente publicação é, pois, apresentar alguns dados a este respeito, dados que obtivemos de ensaios de espaçamento localizados nas Estações Experimentais de Ribeirão Preto e Pindorama.

Se bem que a finalidade precípua desses ensaios tenha sido a de estudar a produção do sisal sob diferentes espaçamentos, observou-se durante a 4." colheita, que coincidiu com o início de florescimento das plantas, uma evi-dente desigualdade no número de plantas florescidas nos diferentes trata-mentos, principalmente na localidade de Pindorama.

Para o plantio destes ensaios empregamos bulbilhos colhidos de um lote de sisal localizado na Fazenda Santa Elisa, em Campinas, lote este originário de alguns rebentos enviados de Paris, em 1906, por Gustavo DTJtra (3). Como ambos estes materiais de multiplicação são vegetativos, pode-se afirmar que as plantas dos ensaios constituem um clone ou, possi-velmente, uma mistura de clones.

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1946 B R A G A N T I A 113 Os ensaios de espaçamento, aqui considerados, compõem-se de 4 blocos ao acaso de 9 tratamentos seguintes :

espaçamento Âre a útil por plan

(m) (m2) 1. 1.20 x 2.00 2.40 2. 1.20 x 2.40 2,88 3. 1.50 x 2.00 3.00 4. 1.20 x 3.00 3.60 5. 1.50 x 2.40 3.60 6. 2.00 x 2.00 4.00 7. 1.50 x 3.00 4.50 8. 2.00 x 2.40 4.80 9. 2.00 x 3.00 6.00

No quadro I estão expostos os dados relativos às datas de instalação de viveiro, transplante para o local definitivo e das diversas colheitas das plantas destes ensaios.

Q U A D K O I

L O C A M D A D E S

Ribeirão Preto Pindorama

E n v i v e i r a m e n t o 3 1 - 3 - 3 9 1 6 - 1 1 - 3 8 Transplante 1 4 - 1 1 - 3 9 6 - 1 2 - 3 9 Colheitas : l .a 2 6 - 4 - 4 2 2 5 - 6 - 4 2 2.* 7 - 6-43 3 0 - 1-43 3." 5 - 3-44 7 - 6-44 1/ 2 8 - 2 - 4 5 17 - 3 - 4 5 5.11 2 6 - 1-46 1 3 - 2 - 4 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo observações realizadas durante estes últimos anos, nos lotes de aumento de sisal e nestes ensaios, sob as nossas condições ecológicas, há um período principal de florescimento do sisal, abrangendo os meses de dezembro a abril. Ocorre, entretanto, um florescimento muito menos in-tenso durante os demais meses, principalmente de julho a setembro. No presente estudo este florescimento será referido como florescimento entre cortes.

No quadro II foram inseridas as percentagens de florescimento para os 9 tratamentos (espaçamentos), médias de 4 repetições, para as duas loca-lidades consideradas.

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1 1 4 V O L . V I Q l A D R O II P E R C E N T A G E N S D E F L O R E S C I M E N T O D A S P L A N T A S D E S I S A L N A 4." E 5 « C O L H E I T A S E E N T R E E S S A S C O L H E I T A S , P A R A OS D I V E R S O S T R A T A -M E N T O S D O S E N S A I O S D E E S P A Ç A -M E N T O R í B E I R Ã O P R E T O P I N D O R A M A T R A T A M E N T O 4.» corte Entre cortes 5.° corte Total 4." corte Entre cortes 5." corte Total 1 2 3 4 õ 6 S 9 i 0.4 1.Õ 4.2 5.0 4.4 8.3 6.3 6.7 11.4 2.5 1.5 1.3 4.3 0.7 7.0 1.7 6.3 12.1 18.5 24.5 30.6 37.5 43.8 36.7 62.4 44.8 12.5 22.5 30.2 36.9 46.2 52.8 50.0 70.8 62.5 1.2 5.0 12.0 17.5 13.1 19.4 29.7 38.3 38.5 0.5 1.2 0.6 1.4 1.5 5.0 2.2 18.7 25.0 34.9 53.1 52.5 53.5 54.7 50.0 51.0 20.0 30.0 47.4 71.8 66.2 74.3 85.9 93.3 91.7

Xota-se, pelos dados deste quadro, que há uma nítida relação entre o florescimento das plantas e o espaçamento utilizado (ver fig. 1 ) . Naquelas plantas com menor espaçamento, o ciclo vegetativo do sisal é prolongado, ao passo que naquelas com maior espaçamento, a duração de vida da planta é bastante diminuída. A diferença de percentagem de plantas florescidas para os espaçamentos extremos, 1,20 x 2,00 e 2,00 x 3,00 metros, atingiu 50% e 7 2 % para Ribeirão Preto e Pindorama, respectivamente.

Conclui-se, destes resultados, que nos trabalhos de seleção de sisal vi-sando a criação de linhagens com ciclo vegetativo longo ou curto, porém uniforme, não se pode desprezar a influência do espaçamento concedido às plantas escolhidas como matrizes, eliminando-se sempre os rebentos que brotam dos rizomas da planta.

Entretanto, da totalidade das plantas de cada espaçamento com a mesma origem, idade o tratamento, algumas floresceram em uma deter-minada época (4.a colheita), outras em outra (5.a colheita), e algumas ainda não tinham atingido o período final do ciclo vegetativo. Trata-se, possi-velmente, dc uma variabilidade própria da espécie, ou, talvez, porque seja uma mistura de clones, como indica a origem do material (3), permitindo assim a seleção de linhagens uniformes quanto à duração do ciclo vegetativo. Sabe-se que o A. sisalana também apresenta variabilidade em outras caraterísticas. Assim, a ausência de espinhos marginais nas folhas não é um caráter fixo, pois, frequentemente, aparecem sobre o escapo floral de

unia planta, típica da espécie, bulbilhos com e sem espinhos nas margens

das folhas.

A manutenção de qualquer linhagem selecionada de sisal é bastante facilitada, visto que ambos os meios de multiplicação utilizados na prática

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116 B R A G A N T I A V O L . V I

(bulbilhos e rebentos) são vegetativos ou agâmicos. Os primeiros se desen-volvem na base do pedicelo das flores, logo abaixo da camada de abeissão, após a queda destas, ao passo que os segundos se desenvolvem dos rizomas da planta.

Na prática, a cultura do sisal é considerada como terminada quando cerca de 30% das plantas tenham atingido o período de florescimento. Por-tanto, a obtenção de uma linhagem de florescimento uniforme proporcio-naria uma maior produção por unidade de área, pois, na prática atual, a cultura é renovada quando cerca de 70%. das plantas ainda não atingiram este período, as quais ainda poderiam permitir outros cortes.

É interessante notar que, entre as plantas da mesma idade, aquelas que produzem folhas mais rapidamente são as primeiras a florescer, con-firmando assim as observações feitas, nesse sentido, em Amani, na África Oriental Inglesa.

No quadro III apresentamos o número de folhas por planta e por ciclo de 12 meses, a contar da data do transplante do viveiro para o campo, até o início de florescimento (4.a colheita), para o ensaio de espaçamento de Ribeirão Preto. Por motivos alheios à nossa vontade houve uma modifi-cação na 4.a colheita das plantas do ensaio de Pindorama, que não se pro-cessou na mesma ordem das anteriores, de modo que se perdeu a produção individual das plantas. Porisso, apresentamos os dados somente para o ensaio de Ribeirão Preto.

Q U A D K O i l l P R O D U Ç Ã O M É D I A D E F O L H A S POR P L A N T A E POR C I C L O D E 12 M E S E S , P A R A C A D A T R A T A M E N T O , A C O N T A R D A D A T A D O P L A N T I O E A T É O I N Í C I O D E F L O R E S C I M E N T O ((53 M E S E S ) . T A N T O P A R A A S F L O R E S C I D A S N A 4." C O L H E I T A C O M O PARA A S D E M A I S Plantas florescidas na Plantas ainda T R A T A M E N T O não florescidas 4." colheita 5.M colheita 1 36. (>(*) 3 7 . 8 3 3 . 9 2 4 2 . 1 3 9 . 0 35.1 3 4 1 . 4 3 7 . 4 3 3 . 7 4 41 .2 3 9 . 6 36.1 õ 4 1 . 1 3 9 . 2 3 5 . 9 6 4 1 . 3 3 8 . 4 3 5 . 4 7 41 .õ 3 8 . 9 3 6 . 2 8 4 1 . õ 3 9 . 4 3 5 . 9 9 41 .9 3 9 . 3 3 5 . 6 Média 4 1 . 5 3 8 . 8 3 5 . 3

(*) Neste caso apenas uma planta floresceu na 4 .a colheita. Este dado foi excluído no cálculo da média desta coluna.

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S U M M A R Y

T h e present paper deals with the influence of different rates of spacing on the poling of sisal plants (Agave sisalana Perrine)

T h e results were obtained from spacing trials (four randomized b l o c k s of nine treat-ments) carried out at the R i b e i r ã o Preto and Pindorama Experimental Stations.

T h e percentages of poling plants, u p t o the 5th leaf cutting, were 20,0% and 9 1 , 7 % for the narrowest (1,2 x 2,0 m ) and widest (2,0 x 3,0 m) spacings tried in Pindorama, while in R i b e i r ã o Preto they were 1 2 , 5 % and 0 2 , 5 % , respectivelly.

A c c o r d i n g t o these results it m a y be concluded that the narrow spaced plants were less liable t o early poling than the wide spacing ones.

T h e trial at R i b e i r ã o Preto also indicated that a m o n g the plants, g r o w n under the same conditions, those p r o d u c i n g leaves at a faster rate were the first t o pole. A t t h a t Station, the yearly average lenf production per plant (for all treatments) up t o the 4 t h leaf cutting, has been 41,5 leaves for those plants poling after 63 m o n t h s ; 38,0 leaves for those poling after 74 months ; and 35,3 leaves for those plants not poled up t o 5 th cutting.

L I T E R A T U R A C I T A D A

1. B a u n , K . Bemerkungen zur Verbesserung der Sisalagave (lurch Züchtung.

Zeits-chr. fiir Pflanzezüch. 8: 278-290, 1922.

2. A n ô n i m o . E a s t African Agricultural Research Station. Amani. Annual R e p o r t

1938.

3. D'Utra, G. Cultura d o sisal on henequen. B o l . Secret. A g r . Ind. e C o m . Est. S.

Paulo. Série 10: 165-196. 1910.

4. Glover, J. T h e root-svstem o f A g a v e sisalana in certain East African Soils. E m p i r e

Jour. E x p . Agriculture, 7: 11-20. 1939.

5. H u n t e r , H. e H . M . Leake Em R e c e n t A d v a n c e s in Agricultural Plant Breeding,

J. & A . Churchill. L o n d o n , 1933.

6. Lock, G . W . A S t u d y of m e t h o d s os cultivating sisal in K e n y a in comparison

with those used in T a n g a n i v k a . T h e East African Agric. Journal, 2 :

392-396. 1937.

7. N u t m a n , E. J. T h e field for sisal research in East Africa. Bulletin Imperial

Ins-titute 2 9 : 299-307. 1931.

8. T o r o , A . P. E l mejoramiento del henequen por m é t o d o s científicos. E l Sisal de

Referências

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