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Londrina PR, de 04 a 07 de Julho de 2017.

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II CONGRESSO INTERNACIONAL DE POLÍTICA SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS

III SEMINÁRIO NACIONAL DE TERRITÓRIO E GESTÃO DE POLITICAS SOCIAIS II CONGRESSO DE DIREITO À CIDADE E JUSTIÇA AMBIENTAL

Política Social, Seguridade Social e Proteção Social

Precarização do trabalho e projetos de extensão universitária: reflexões sobre as condições de trabalho dos bolsistas recém-formados do Programa Patronato de

Ponta Grossa/PR

Silmara Carneiro e Silva 1

Felipe Ricardo Biscaia2

Resumo:O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre a precarização do trabalho de profissionais recém-formados, egressos do Ensino Superior, inseridos em projetos de caráter extensionista, partindo de um estudo de caso do Programa Patronato de Ponta Grossa. Para tanto, recorreu-se à revisão bibliográfica e documental e à aplicação de um survey exploratório junto dos bolsistas atuantes no Programa. A análise de dados pautou-se na técnica de análise temática. Os resultados do estudo apontam para indícios de uma forma particular de precarização na relação e nas condições de trabalho, tal como experenciadas pelos profissionais recém-formados no Programa Patronato de Ponta Grossa.

Palavras-chave: trabalho precarizado; extensão universitária; Programa Patronato.

1 Doutora em Serviço Social e Política Social/UEL-PR; Profa. Adjunta do Departamento de Serviço Social e do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais Aplicadas da UEPG; Coordenadora do Programa de Extensão Patronato de Ponta Grossa; Membro do grupo de pesquisa Estado, Políticas Públicas e Práticas Sociais/UEPG; Brasil; E-mail: scsilva@uepg.br.

2 Advogado e bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Cursando Especialização em Sociologia Política pela Universidade Federal do Paraná. Bolsista recém-formado no Programa Patronato de Ponta Grossa; Brasil ; E-mail: frbiscaia@hotmail.com.

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Abstract: The present work aims to reflect on the precariousness of the work of newly graduated professionals, graduated from Higher Education, inserted in extension projects, starting from a case study of the Patronage Program of Ponta Grossa. In order to do so, we resorted to a bibliographical and documentary review and to the application of an exploratory survey among the scholars in the Program. The analysis of data was based on the technique of thematic analysis. The results of the study point to indications of a particular form of precariousness in the relationship and working conditions, as experienced by the professionals recently graduated in the Patronato Program of Ponta Grossa.

Key-words:Precarious work; University Extension; Patronato Program. .

1. INTRODUÇÃO

O capitalismo monopolista começou a dar seus primeiros sinais de crise (no Brasil) entre o final da década de 1960 e início da década de 1970, depois de uma onda expansiva. Teve então início o desgaste do modelo rígido de acumulação (fordismo); o índice de desemprego cresceu; caíram as taxas de lucros e aumentou a inflação. Com isso, as lutas sociais em defesa do trabalho passaram a reclamar diretamente o controle social da produção. Esse sistema de reprodução social, diante do quadro apresentado, não conseguiu dar respostas para a crise que vinha tomando proporções globais (NETTO e BRAZ, 2007 apud BEZERRA e TAVARES; 2009).

Como o capital está sempre buscando novas formas de reestruturação através de mecanismos que propiciem as condições necessárias à sua existência (uma estratégia de sobrevivência do capital), a partir de então passou a implementar um vasto processo de reestruturação, exigindo mudanças tanto na base produtiva quanto no âmbito das ações do Estado. No Brasil, esses processos começaram a ser implementados a partir da década de 1990, com a inserção do país no paradigma da globalização do capital e adoção do ideário neoliberal, através das chamadas “Reformas de Estado” (governos Collor e Cardoso). Neste

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contexto, o Estado passou a assumir a postura neoliberal de minimização de suas ações na área social, de forma que essas medidas afetaram profundamente a realidade da classe trabalhadora. (BEHRING, 2003 apud BEZERRA e TAVARES, 2009).

Para Alves e Antunes (2004, p. 336):

Com a retração do binômio taylorismo/fordismo, vem ocorrendo uma redução do proletariado industrial, fabril, tradicional, manual, estável e especializado, herdeiro da era da indústria verticalizada de tipo taylorista e fordista. Esse proletariado vem diminuindo com a reestruturação produtiva do capital, dando lugar a formas mais desregulamentadas de trabalho, reduzindo fortemente o conjunto de trabalhadores estáveis que se estruturavam por meio de empregos formais.

Entre estas formas denominadas desregulamentadas ou flexíveis, neste trabalho pretende-se analisar uma, em específico, que pretende-se constitui no âmbito das práticas de extensão universitária no Estado do Paraná, disposta em editais públicos de financiamento de ações de extensão universitária no Estado. Nesta, emerge uma nova “figura” – a do “bolsista recém-formado”, egresso do ensino superior. Para refletir sobre a relação estabelecida entre o respectivo bolsista e a universidade, esta pesquisa parte de um estudo de caso do Programa Patronato de Ponta Grossa – PR, que é vinculado à Universidade Estadual de Ponta Grossa e regido pelo edital 002/2015 da Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia – SETI – Programa Universidade Sem Fronteiras – USF. O presente edital regulamenta entre outras questões, o financiamento, o porte e a composição de equipes multiprofissionais para subsidiar o funcionamento de Patronatos em diversos municípios do Estado. Neste caso, a relação do bolsista recém-formado com a Universidade é celebrada por meio de um instrumento jurídico, de natureza civil, denominado “Termo de Compromisso do Bolsista”.

A metodologia de pesquisa utilizada para a realização deste trabalho consiste em revisão bibliográfica, com base em autores referenciais para as ciências sociais aplicadas, teóricos da perspectiva histórico-crítica, que versam sobre a temática da precarização do trabalho; estudo documental e aplicação de survey exploratório, com questões que versaram sobre as seguintes categorias: “processos e características do trabalho” e “condições de trabalho no

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ambiente organizacional”. Neste trabalho foram analisadas as respostas somente da primeira categoria, em função do recorte realizado. O questionário aplicado foi adaptado, a partir de um modelo de questionário desenvolvido por Borges et al (2013), tendo sido aplicado a 8 (oito) dos 9 (nove) profissionais recém-formados que atuam como “bolsistas recém-formados” no Programa Patronato da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Excluiu-se dos sujeitos de pesquisa, apenas 1 (um) bolsista por se tratar de um dos autores do trabalho. A amostra estudada não é relevante do ponto de vista estatístico/quantitativo (oito indivíduos), contudo o objetivo deste trabalho é apresentar um levantamento exploratório das condições de trabalho destes bolsistas e, futuramente, desenvolver um estudo da abrangência do fenômeno da precarização do trabalho de bolsistas recém-formados no estado do Paraná. Um estudo inicial das condições de trabalho nas categorias contratuais e jurídicas do grupo objeto desta pesquisa foi desenvolvido em Biscaia e Tawfeiq (2016), constituindo um trabalho complementar de nossa exposição. A análise dos dados coletados para este trabalho foi realizada com base na técnica de análise temática. Os resultados do trabalho indicam a presença de indícios concretos de condições de trabalho precarizadas. Embora, sob os auspícios dos objetivos da extensão universitária, em que pese a sua finalidade educativa e cidadã, a realidade de trabalho dos profissionais que atuam no Programa Patronato, conforme regulamentação própria, proveniente do Edital 002/2015 do Programa USF/SETI, indica uma forma peculiar de trabalho precarizado, envolvendo profissionais recém-formados, egressos do ensino superior, o que coaduna com o modelo neoliberal de desregulamentação e flexibilização das relações de trabalho.

2. TRABALHO PRECARIZADO E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: BREVES APONTAMENTOS.

É preciso indicar que, de acordo com Ricardo Antunes (1995 e 1999), a classe trabalhadora hoje compreende a totalidade dos assalariados, homens e mulheres que vivem da venda de

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sua força de trabalho – é a classe-que-vive-do-trabalho, conforme sua denominação. Esta classe vem presenciando um processo multiforme, uma fragmentação, processo este que afeta significativamente a população trabalhadora jovem (ALVES, 2013).

A precarização do trabalho, de acordo com Sá (2010, p. 2):

[...] corresponde a uma situação laboral marcada pela precariedade, que se opõe ao contrato de trabalho tradicional que assegurava ao trabalhador um trabalho a tempo inteiro, com duração indeterminada e com protecção social (reforma, subsídio de desemprego, férias, etc.).

Pode-se associar o trabalho precário, apesar da dificuldade em encontrar uma definição comum e rigorosa, a quatro características: i) insegurança no emprego; ii) Perda de regalias sociais; iii) Salários baixos; iv) Descontinuidade nos tempos de trabalho (Sá, 2010).

Teresa Sá (2010) observa ainda que o trabalho precário é associado

À instabilidade (impossibilidade de programar o futuro – situação dos jovens que ficam até mais tarde em casa dos pais); à incapacidade económica (impossibilidade de fazer face aos “riscos sociais” e de assegurar as despesas económicas do quotidiano – o surgimento dos “novos pobres”); e à alteração dos ritmos de vida (alteração nos horários de trabalho e da relação entre trabalho/desemprego).

Giovanni Alves (2014), em artigo intitulado “A derrelição de Ícaro” fala sobre a frustração de expectativas e indignação social como atributos existenciais da condição de proletariedade do jovem precário altamente escolarizado.

Em Imbrizi (2005) podemos encontrar um estudo das consequências da forma precária sobre as subjetividades, sobre as estratégias profissionais dos jovens trabalhadores em condições de precariedade, sobre seus projetos familiares e também sobre sua formação profissional e acadêmica.

Claus Offe (1994, p. 53) indica que "[...] mulheres, estrangeiros, jovens, empregados mais velhos e deficientes físicos defrontam-se com um problema estrutural de concepção mal definida de qual é realmente sua forma "normal" de existência social - um problema que os

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empregados do sexo masculino, fisicamente capazes, de meia-idade e naturais do país (que não "desfrutam" da opção de não participação no mercado de trabalho) nunca encontram."

Diz ainda (1994, p. 60), referindo-se a segmentos como o de mulheres mais jovens que

trabalham, a trabalhadores estrangeiros que pretendem retornar ao seu país de origem e trabalhadores rurais que se dedicam a outro trabalho além do principal e que frequentemente só entram sazonalmente no mercado de trabalho, que tem seus níveis de interesse em fatores como emprego, carreira, mobilidade, renda e "boas" condições de trabalho mais baixos do que para os empregados "normais", por razões totalmente racionais.

Esta seria uma razão, segue dizendo o sociólogo alemão (2004, p. 60), pela qual estes trabalhadores são frequentemente considerados pelos empregadores como tendo mais "paciência" do que a média e uma "capacidade maior de suportarem o stress".

Menciona ainda (Offe, 1994, pp. 39-40) o que chama de "desemprego disfarçado". Ele dá como exemplo a situação de estudantes que, prevendo problemas de emprego, continuam a estudar. "Nesses casos,” afirma, “[...] uma parcela da oferta da força de trabalho, que se encontra sem qualquer perspectiva de emprego, pode permanecer fora do mercado de trabalho [formal] porque tem possibilidades de obter recursos junto à família ou a instituições públicas." (OFFE, 1994, p. 39-40).

3. O TRABALHO PRECARIZADO NO CONTEXTO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO ESTADO DO PARANÁ: REFLEXOS NO PROGRAMA PATRONATO DE PONTA GROSSA O Programa Patronato de Ponta Grossa é uma ação de extensão universitária da Universidade Estadual de Ponta Grossa financiada pela Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia – SETI, do Paraná, em parceria com a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciaria – SESP, através de edital público específico do Programa Universidade Sem Fronteiras - USF. Seu objetivo é atuar como órgão de

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execução penal fiscalizando o cumprimento das penas e ou medidas alternativas, conforme alude a lei de execução penal (Lei 7.210/1984) no município de Ponta Grossa. Para tanto, presta atendimento jurídico, pedagógico, psicológico e social a um público constituído por indivíduos egressos do sistema penitenciário e/ou que cumprem medidas e ou penas alternativas à privação de liberdade, desenvolvendo projetos que levem a uma reflexão da realidade deste indivíduo e de seu delito e que contribuam para o fortalecimento de suas relações de convívio social e exercício da cidadania (Rocha, 2016). Este trabalho é realizado em articulação com Juizados Criminais, Varas Criminais e de Medidas Alternativas, Justiça Federal e Justiça Militar, Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Ministério Público. Atualmente o porte de atendimento do Programa Patronato em Ponta Grossa, conforme o edital 002/2015 SETI/USF é para o atendimento de mais de 1500 casos. Inscritos nesse contexto e sob a vigência de um Projeto aprovado a partir dos critérios do respectivo edital, atuam no Patronato de Ponta Grossa, como bolsistas recém-formados, 9 (nove) profissionais egressos do ensino superior, sendo que destes 8 (oito) são sujeitos desta pesquisa. A idade dos profissionais varia entre 24 a 26 anos, sendo que 7 são mulheres e apenas 1 (um) é homem. Trata-se, portanto, de um grupo de profissionais jovens, recém-formados, na sua maioria mulheres.

3.1. Características e processos de trabalho do ‘bolsista recém-formado’.

A carga horária de atividades diárias do bolsista recém-formado atuante no Programa Patronato de Ponta Grossa é de 40 (quarenta) horas semanais, não permitindo a realização de outras atividades de trabalho e ou de formação profissional e ou acadêmica, durante o período diurno. Não há permissão para que o profissional seja bolsista e exerça outra atividade de trabalho remunerada com vínculo empregatício, no período de concessão da bolsa, ainda que em horário diverso de suas atividades. O instrumento jurídico que é celebrado entre a Universidade e o profissional, denominado “Termo de Compromisso do

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Bolsista” possui caráter civil, não dispondo de qualquer outro benefício ao bolsista a não ser a bolsa de auxílio financeiro (BISCAIA e TAWFEIQ, 2016). O valor da bolsa pago ao recém-formado não sofre reajuste durante a vigência dos editais. Em 2013 este valor era de R$ 1.770,00 (Um mil, setecentos e setenta reais) tendo sido reajustado para R$1.880,00 (um mil, oitocentos e oitenta reais) em 2015 e para R$2000,00 (dois mil reais) em 2016.

A forma de extinção da relação entre estes profissionais e o Programa se dá pela rescisão unilateral do Termo de Compromisso, interrompendo-se o pagamento da bolsa, “sem indenização de qualquer espécie, na ocorrência de caso fortuito, força maior, ou graves mudanças econômicas que impossibilitem a manutenção das bolsas concedidas” (PONTA GROSSA, Universidade Estadual de Ponta Grossa; 2016).

Delgado (p. 211, 2015), ao tratar do problema da diferença entre realidades materiais e realidades formais no campo do Direito do Trabalho, quando da discussão sobre o princípio da primazia da realidade sobre a forma (princípio do contrato realidade), afirma que a intenção das partes na relação jurídica e a prática concreta efetivada na prestação de serviços devem prevalecer sobre a vontade eventualmente manifestada pelas partes, presentes os elementos fático-jurídicos de uma relação de emprego.

Dado que o trabalho nos Patronatos é um serviço público e trata-se de uma demanda de trabalho emergente no âmbito das políticas públicas e que exige mão de obra qualificada e especializada, as vagas preenchidas por estes bolsistas deveriam ser ofertadas via concurso público, evitando-se entre outras questões, o problema da rotatividade de equipes de profissionais contratados em regime temporário e a consequente perda qualitativa no atendimento às demandas e manutenção destes serviços públicos.

Na forma como está estruturado o serviço dos Patronatos no estado do Paraná em sua articulação com as instituições estaduais de ensino superior, a extensão universitária acaba suprindo uma demanda que deveria ser assumida pelos órgãos competentes nos quadros do executivo estadual e municipal. O papel da universidade é o de órgão consultivo, que deve extender as inovações produzidas no espaço acadêmico à comunidade e ao Estado.

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Os resultados do survey aplicado aos bolsistas recém-formados do Programa Patronato de Ponta Grossa, apontam as responsabilidades que tais profissionais mantém no cotidiano de suas relações de trabalho. Seja em relação à própria universidade, seja em relação ao poder judiciário e ao ministério público e ou em relação ao público atendido, surge preocupações com a responsabilidade destes profissionais na execução de suas funções. Em relação à qualidade no atendimento os entrevistados se sentem responsáveis em 100% dos casos, sendo que 50% se sentem responsáveis a todo o tempo, 25% muitas vezes e 25% algumas vezes; quanto à responsabilidade por erros técnicos no desenvolvimento do trabalho 62,5% afirmam que se sentem responsáveis nestes casos, algumas vezes; 12,5% muitas vezes e 25% a todo o tempo. Quanto a danos a equipamentos, máquinas e objetos, 62,5% se sentem responsáveis quanto a esta questão e 37,5% não assumem esta responsabilidade como sua.

Com relação à percepção dos ritmos de trabalho, verificamos que a maior parte dos entrevistados respondeu no sentido de que estes são predominantemente determinados por objetivos quantitativos de produção e desempenho (50%) e pelo trabalho feito pelos colegas (37,5%). Quanto à autonomia, (75%) dos entrevistados afirmam que seus horários de trabalho “[são] definido[s] pela empresa/organização sem possibilidade de alteração”.

Note-se que de modo geral, considerando tanto as variáveis (objetivas) documentais quanto as variáveis (subjetivas), alçadas mediante as respostas dos sujeitos entrevistados configuram-se características e processos de trabalho compatíveis com uma relação de trabalho tradicional, que neste caso se mostra precarizada, em que os ‘bolsistas recém-formados’ não gozam das proteções devidas ao trabalhador, porém não se isentam de responsabilidades inerentes ao desenvolvimento de suas atividades profissionais no Programa.

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A reestruturação capitalista/reestruturação produtiva no Brasil sob a era neoliberal está constituindo novas formas de trabalho. Entre estas formas de trabalho precárias, a figura do “bolsista recém-formado” pode ser considerada uma amostra para um fenômeno observável em todo o estado do Paraná nas instituições de ensino superior.

O estudo das condições de trabalho e de seguridade oferecidas a estes bolsistas, a forma de contratação destes profissionais e a abrangência deste fenômeno fornece elementos para a compreensão da questão da precarização do trabalho e as formas que assume, tanto no estado do Paraná quanto no Brasil.

Avaliamos que as condições de trabalho demonstradas no estudo tais como os baixos níveis salariais e a ausência de direitos sociais e previdenciários, coaduna com características próprias de processos de desregulamentação/flexibilização ocorrido no mundo do trabalho na contemporaneidade. Esse processo passa a determinar uma política de emprego e uma organização do trabalho/do processo de trabalho na qual as relações de trabalho são desregulamentadas, atingindo os trabalhadores de todas as esferas do mercado e do próprio Estado, nas políticas neoliberais de redução de custos nas políticas sociais, sendo que não só o trabalhador é afetado, neste caso, mas também a qualidade dos serviços oferecidos, dado que o serviço prestado pelo grupo sob foco é de natureza pública exclusiva do Estado (BEZERRA et TAVARES, 2009). Identificamos ainda, nesse estudo, a presença de indícios de uma forma particular de trabalho precarizado que se utiliza do contexto da extensão universitária para se afirmar juridicamente. Diante do exposto, faz-se necessário, como já indicado, ampliar o campo de estudo, visto que os resultados não tem o propósito de demonstrar relevância estatística, mas apontar uma realidade de precarização do trabalho, em específico, que neste caso tem se articulado com o contexto da extensão universitária, como meio para se afirmar jurídico e socialmente.

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REFERÊNCIAS

ALVES, Giovanni. A derrelição de Ícaro. Publicação em 02 de junho de 2014. Disponível em::<https://blogdaboitempo.com.br/2014/06/02/a-derrelicao-de-icaro/>. Acesso em 27 de março de 2017.

ALVES, Giovanni. Dimensões da reestruturação produtiva: ensaios de sociologia do trabalho. 2ª Edição. Londrina: Editora Praxis, 2007. 288 páginas.

ALVES, Giovanni. Trabalho e Mundialização do Capital: a nova degradação do trabalho na era da globalização. 2ª Edição. Londrina: Editora Praxis, 1999. 191 páginas.

ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. 2ª Edição. São Paulo: Editora Boitempo, 1999. 258 páginas. Coleção Mundo do Trabalho.

__________, Ricardo; ALVES, Giovanni. As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital. Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 87, p. 335-351, maio/ago. 2004. Disponível em< http://www.cedes.unicamp.br > Acesso em 16-06-2016.

BEZERRA, W. C.; TAVARES, M. M. F. A precarização do trabalho no “Terceiro Setor”: Um estudo a partir da realidade da terapia ocupacional em Maceió – AL. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, São Carlos, volume 17, número 1, p. 25-32, Jan-Jun 2009. Disponível em< https://tinyurl.com/ml9qghx > Acesso em 16-06-2016.

BISCAIA, F. R.; TAWFEIQ, R. Precarização do trabalho e projetos de extensão universitária: reflexões acerca do programa patronato penitenciário de ponta grossa/PR. In: Simpósio Internacional Interdisciplinar em ciências Sociais Aplicadas - Tema: Desenvolvimento, Gênero e Condição de Pobreza, 1., 2016, Ponta Grossa. Anais eletrônicos. Disponível em: <https://tinyurl.com/mtv9d9u > Acesso em: 10 abr. 2017.

BORGES, Livia de Oliveira et al . Questionário de condições de trabalho: reelaboração e estruturas fatoriais em grupos. Aval. psicol., Itatiba , v. 12, n. 2, p. 213-225, ago. 2013 . Disponível em <https://tinyurl.com/lqrhfzj>. Acesso em 27 set. 2016.

COSTA, Márcia da Silva. O Sistema de Relações de Trabalho no Brasil: alguns traços históricos e sua precarização atual. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 20, n. 59, p. 111-131, Out. 2005. Disponível em < https://tinyurl.com/jmdufnt > Acesso em 16-06-2016.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. - São Paulo: Ltr, 2015. IMBRIZI, Jaquelina Maria. A formação do indivíduo no capitalismo tardio - Uma análise de estudos que vinculam a esfera subjetiva ao mundo do trabalho. São Paulo: Ed. Hucitec, 2005.

OFFE, Claus. Capitalismo desorganizado - transformações contemporâneas do trabalho e da política. 2ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1995. 322p.

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ROCHA, Marcelo Guilherme de Goes. Análise dos processos de atendimento realizados nos projetos desenvolvidos no Programa patronato de Ponta Grossa – PONTA GROSSA – 2016. SÁ, Teresa. “Precariedade” e “trabalho precário”: consequências sociais da precarização laboral. Configurações [Online], 7, 2010, posto online no dia 18 de fevereiro de 2012. Acesso em 30/06/2016. Disponível em <https://tinyurl.com/mvdmc38>

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