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Espécies de interpretação - quanto às fontes

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Academic year: 2021

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Espécies de interpretação - quanto às fontes

● AUTÊNTICA:

○ realizada pelo menos poder que expediu a norma, esclarecendo seu sentido e seu alcance;

○ figura criada pelo imperador Justiniano, para a interpretação do seu Código;

○ na Idade Média, estendeu-se para os reis, príncipes, senhores feudais, autoridades locais;

○ nos dias atuais, passou a ser reconhecida em duas modalidades:

■ legislativa - quando uma lei nova interpretativa ou por um decreto regulamentador;

■ jurisprudencial - decisões dos tribunais, sejam sumuladas ou não.

● DOUTRINÁRIA:

○ realizada pelos doutrinadores, juristas, conferencistas, profissionais do Direito;

○ pode vir a tornar-se jurisprudencial, se for adotada nas decisões dos tribunais;

○ nos dias atuais, passou a fazer parte do Ordenamento, junto com a lei e a jurisprudência;

○ encontra-se nos congressos, simpósios, seminários e eventos jurídicos especializados.

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Espécies de interpretação - quanto aos meios

1. INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL OU LITERAL

a. concentra-se nas palavras da lei, buscando o seu significado mais profundo (exegese);

b. origina-se dos estudos bíblicos e dos glosadores medievais, era a única na época clássica;

c. atualmente, adota-se como ponto de partida para a análise dos conteúdos das normas;

d. constitui-se num estudo técnico, que deve abordar os seguintes aspectos:

i. conhecimento dos estilos regionais e variações linguísticas temporais;

ii. conhecimento da personalidade do autor (vida, profissão, obras, classe social…) iii. conhecimento da evolução do tema (um comando legal passa por diversas formas

interpretativas;

iv. pesquisa sobre a autenticidade do texto e sobre possíveis falhas de redação;

v. cautela técnica relacionada com as imperfeições da linguagem;

vi. buscar sempre o sentido jurídico dos vocábulos, relacionando-os com a totalidade do texto.

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Espécies de interpretação - quanto aos meios

2. LÓGICA

a. procura a coerência e o espírito da norma, em vista da sua aplicação social;

b. atividade complementar do estudo linguístico do texto, deduzindo-se que:

i. não há palavras supérfluas na lei, todas têm o seu sentido próprio;

ii. deve-se buscar a coordenação das idéias e a concatenação dos raciocínios;

iii. devem-se evitar exageros tecnicistas, para entendimento do cidadão comum;

iv. deve-se usar o bom senso, para compreender o texto dentro da objetividade do sentido;

v. a lei existe para ser cumprida, não somente para ser estudada e discutida.

3. HISTÓRICA

c. examina os preparativos da lei e as discussões havidas na sua origem;

d. nos debates que antecederam a aprovação da lei estão as suas reais motivações;

e. estudar a evolução histórica dos institutos jurídicos, desde suas origens romanas;

f. compreender os fatos sociais emergentes e relevantes que inspiraram os legisladores;

g. alcançar tanto a “mens legislatoris” quanto a “mens legis”

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Espécies de interpretação - quanto aos meios

4. SISTEMÁTICA

a. procura compreender o significado das palavras na perspectiva do texto inteiro da lei;

b. procura compreender a lei na perspectiva do ordenamento jurídico inteiro;

c. identificar a natureza do texto legislativo e enquadrá-lo no modelo teórico apropriado:

i. normas referentes à administração pública - legalidade, formalismo;

ii. normas constitucionais - contexto sociológico e político;

iii. normas civis - envolvem aspectos técnicos (prescrição) e culturais (família);

iv. normas penais - envolvem aspectos técnicos e comportamentais;

v. normas trabalhistas e previdenciárias - aspectos assistencialistas.

REGRA BÁSICA: é ilegítimo interpretar uma palavra da lei sem levar em conta o texto completo da lei, o conjunto jurídico normativo e os dispositivos

constitucionais aplicáveis.

(Incivile est, nisi tota lege perspecta, una aliqua particula ejus judicare vel respondere - Celso, jurista romano).

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Comentários de Carlos Maximiliano

● É necessário romper com a tradição formalista e engendrar uma nova lógica jurídica, baseada na justiça social;

● Não basta a elaboração lógica dos materiais jurídicos para que se atinja o ideal da justiça;

● Mais do que uma interpretação literal, lógica ou sociológica, prevalece hoje a exposição sistemática da norma;

● É preciso compreender bem os fatos, mas também ser inspirado pelo nobre interesse dos destinos humanos;

● Sem se deixar arrastar pelo sentimento, o jurista vai aplicar a lei à vida real e fazer do Direito o que ele deve se:, uma condição da coexistência humana.

● Os novos paradigmas hermenêuticos colocam o Direito como instrumento de mudança social.

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Espécie de interpretação - q. aos resultados

● declarativa - esclarece o significado das expressões verbais da norma, afirma o conteúdo da lei com outras palavras; interpretação literal padrão;

● restritiva - reduz o alcance das palavras da lei, colocando limites para a sua aplicação; normas que restringem direitos devem ser assim interpretadas;

● extensiva - amplia o alcance do texto legal, dando-lhe maior abrangência, quando o texto da lei é imperfeito (ex: textos de redação complexa);

● analógica - espécie de interpretação extensiva, quando o texto é lacunoso (ex:

aplicação da lei penal aos ilícitos virtuais);

● integradora - aplica o direito subsidiário e a equidade para solucionar casos não

previstos na legislação.

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Exemplos de textos complexos e lacunosos

● Lei n. 8.213/91, art. 3º, § 2º: No caso das aposentadorias de que tratam as

alíneas b, ce d do inciso I do Art. 18, o divisor considerado no cálculo da média a que se refere o caput e o § 1º não poderá ser inferior a sessenta por cento do período decorrido da competência julho de 1994 até a data de início do

benefício, limitado a cem por cento de todo o período contributivo.

● Lei n. 1.060/50, art. 1º.: Os poderes públicos federal e estadual, independente

da colaboração que possam receber dos municípios e da Ordem dos Advogados

do Brasil, - OAB, concederão assistência judiciária aos necessitados nos termos

da presente Lei.

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Sistemas Interpretativos

● Dogmático - exegético ou jurídico tradicional, baseado na literalidade. Formas:

○ extremada - pressupõe que a lei é clara e corresponde ao pensamento do legislador

○ moderada - aplica-se a lei, mas em casos duvidosos, recomenda a consulta às fontes do texto

● Histórico-evolutivo - criado por Savigny, utiliza os quatro elementos básicos da interpretação (gramatica, lógico, histórico e sistemático).

○ a interpretação deve buscar o ato intelectual (intenção) do legislador

○ interpretam-se as normas segundo as necessidades da vida social

● Livre pesquisa - busca novos horizontes e novas fontes jurídicas, às vezes até se sobrepondo ao texto legal.

○ extremada - direito livre, baseado na justiça social e com total liberdade para o intérprete;

○ moderada - direito sociológico, aplica-se aos casos omissos segundo o espírito da lei.

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Aplicação e Integração do Direito

● A finalidade da interpretação é a aplicação; esta é feita diretamente pelo Juiz e indiretamente pelos Advogados.

● Conforme a doutrina tradicional, a aplicação se fazia por meio de uma operação lógica do raciocínio (silogismo), sem interferência subjetiva (Juiz=boca da lei).

● Conforme a doutrina, aplicação é ato complexo que associa a lógica do

raciocínio aos aspectos psicossociais da conduta humana e da análise valorativa contextual - conclusão ponderada (concepção dialética da aplicação).

● Magistrado tem obrigação de conhecer e decidir todos os litígios a ele submetidos, mesmo não contemplados na lei (momento criativo).

● Este fenômeno é denominado interpretação integradora do Direito e se baseia no princípio da plenitude do ordenamento jurídico.

● Interpretação integradora: lógica (coerência) e axiológica (justiça social).

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Teoria do Ordenamento Jurídico (N. Bobbio)

● Consequência das mudanças sociais do pós-guerra, substitui a Teoria da Norma, porque o Direito não possui uma norma só, mas um conjunto integrado destas.

● Impossível um ordenamento jurídico de uma só norma, tendo em vista os modais deônticos (permitido, proibido, obrigatório).

● Todo ordenamento possui duas vertentes:

○ normas estruturais ou de competência

○ normas de conduta propriamente ditas

● Kelsen foi o primeiro jurista a observar isso e estruturou o Direito usando a figura da pirâmide normativa, em cujo topo está a NHF.

● Bobbio vai corrigir algumas distorções que este conceito ocasionou, destacando

a importância da Constituição dentro do sistema jurídico.

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Hermenêutica e problemas do Ordenamento

● Todo ordenamento apresenta quatro problemas fundamentais, que são resolvidos pela hermenêutica jurídica.

● Unidade - (in)coerência das normas com a norma fundamental

○ solução: controle da constitucionalidade das leis

● Antinomias - (in)coerência das normas entre si

○ solução: aplicação dos critérios cronológico, hierárquico, especialidade

○ critérios complementares: norma mais benéfica, ponderação do Juiz

● Completude - ausência de norma ou norma injusta

○ solução: aplicação da autointegração e hererointegração

○ critérios suplementares: analogia legis, analogia juris

● Relação com outros ordenamentos externos e internos

○ solução: coordenação entre ordenamentos soberanos (diplomacia), subordinação entre ordenamentos hierárquicos.

Referências

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