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VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS os autos identificados acima;

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA

GABINETE DO DESEMBARGADOR JOÃO BENEDITO DA SILVA ACÓRDÃO

HABEAS CORPUS N°. 073.2012.002383-0/001— 2 Vara da Comarca de Cabedelo-PB Relator : Des. João Benedito da Silva

Impetrante : Carla Aparecida Rufino Freitas Paciente : Diogo de Lima Santos

HABEAS CORPUS. Prisão preventiva. Fundamentação suficiente e contundente. Manutenção da ordem pública. Decreto prisional mantido. Denegação da ordem.

Havendo prova da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria, bem como estando a decisão segregatícia suficientemente fundamentada, com indicação efetiva da necessidade da custódia, perde

consistência a alegação de constrangimento ilegal.

"(..) exige a Constituição Federal que toda a decisão judicial seja fundamentada (art. 93 IX), razão por que, para a decretação da prisão

preventiva, é indispensável que o magistrado apresente as suas razões para privar alguém de sua liberdade. Essa fundamentação pode ser

concisa, sem implicar nulidade ou constrangimento ilegal (...)".

(NUCCI, Guilherme de Souza. Código de processo penal comentado.

9' Ed. Editora dos Tribunais: 2009. p. 635).

A primariedade, os bons antecedentes, o emprego definido e a residência fixa não desautorizam a custódia cautelar, quando presentes os motivos para a manutenção da preventiva.

VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS os autos identificados acima;

ACORDAa Egrégia Câmara Criminal do Colendo Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em denegar a ordem, em harmonia com o parecer da douta Procuradoria de Justiça. Unânime.

RELATÓRIO

Trata-se de habeas compus, com pedido de liminar, impetrado por Carla Aparecida Rufino Freitas em favor de Diogo de Lima Santos, apontando, como autoridade coatora, a MM. Juíza de Direito da 2' Vara da Comarca de Cabedelo-PB, sustentando que o decreto de prisão preventiva não se fundamentou em dados concretos e idôneos a justificar o encarceramento pela garantia da ordem pública, para assegurar a conveniência da instrução processual e a aplicação da lei penal, estando, ainda, presentesos requisitos relativos àliberdade-provisória-do-acusadõ.

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Afirma, também, que o paciente é primário, tem residência fixa, domicílio estudantil e trabalho.

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Ao final, pugna pelo deferimento da liminar perseguida e, no mérito, a concessão definitiva da ordem.

Instruiu o pedido com documentos (fls. 07/44).

Solicitadas as informações, a autoridade coatora informou, à fl. 52, que o paciente formulou pedido de liberdade provisória no dia 24/07/2012, que restou indeferido, conforme cópia da decisão em anexo, razão pela qual o presente habeas corpus foi impetrado.

Informa, ainda, que o Ministério Público ofereceu denúncia, sendo recebida na data de 09 de agosto de 2012.

Às fls. 58/59, indeferi a liminar pleiteada.

A Procuradoria de Justiça, em parecer de fls. 61/63, opinou pela denegação da ordem.

É o relatório.

V O T O: Exmo. Des. João Benedito da Silva

Insurge-se a impetrante contra o decreto de prisão preventiva, sustentando que não está fundamentado em dados concretos e idôneos a justificar o encarceramento pela garantia da ordem pública, para assegurar a conveniência da instrução processual e a aplicação da lei penal, estando, ainda, presentes os requisitos relativos à liberdade provisória do acusado.

Afirma, também, que o paciente é primário, tem residência fixa, domicílio estudantil e trabalho.

Pois bem. A segregação cautelar, medida extrema que implica sacrifício à liberdade individual, concebida com cautela à luz do princípio constitucional da presunção de inocência, deve se fundar em razões que demonstrem a existência de motivos sólidos, suscetíveis de autorizar sua imposição.

Da análise acurada da decisão de fls. 42/44, observa-se que existem provas suficientes de materialidade delitiva, bem como indícios de autoria.

Satisfeitos, portanto, os requisitos relativos ao que constituem o que se poderia chamar de fumus delicti, ou a aparência do delito, que devem estar presentes em toda e qualquer prisão provisória.

Acerca dos demais requisitos, tenho que configurada, in casu, a necessidade de garantia da ordem pública, como bem explicitou a autoridade apontada como coatora, com fulcro em fatos concretos, vejamos:

"(...)Igualmente, no presente caso, há necessidade de defesa pública para impedir que °flagrado em liberdade continue os ataques ao direito alheio, pois salta do auto do flagrante a sua periculosidade e ousadia, como bem afirmou o Representante do Ministério Público, porque juntamente com uma mulher e mais cinco homens, "de cara I a" utilizando-se de veículo em circulação,

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com placa correta, adentrou a um motel e mediante grave ameaça com arma de fogo iniciou o assalto, possibilitando a entrada de seus comparsas em um

automóvel.

Ora, embora seja tecnicamente primário, tenha endereço certo, profissão definida, da forma como agiu em um único dia está evidente que a sua liberdade coloca em risco a sociedade, se mostrando inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão previstas no Código de Processo Penal. (..)"

A decisão objurgada está satisfatoriamente motivada, com a indicação de elementos concretos, na garantia da ordem pública, tendo em vista que a periculosidade do agente e modus operandi demonstram ser imprescindível a segregação cautelar do paciente.

A indicação efetiva da necessidade da custódia torna sem sentido a alegação de constrangimento ilegal.

Trago à colação os seguintes arestos:

HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. PRISÃO PREVENTIVA. NULIDADES AFASTADAS. PRISÃO PREVENTIVA.

INDÍCIOS DE MATERIALIDADE E AUTORIA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E CONVENIENCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. I. É imprescindível, quando se fala em nulidade de ato processual, a demonstração do prejuízo, em consonância com o princípio pas de nullité sans grief, o que não ocorreu na hipótese, não havendo que se falar em nulidade da prisão do paciente. II. Não há nos autos elementos que indiquem que a utilização de algemas foi determinada pela autoridade apontada como coatora, fato que impede a análise de tal nulidade no presente habeas corpos. III. O fato de ser veiculada imagem do paciente algemado também não nulifica a prisão, eis que houve a mera intenção de informar, sem o propósito de ofender a honra e a dignidade do paciente. IV. O fato de não constar no mandado de prisão a infração penal supostamente cometida não constitui vício insanável se houve indicação do número do processo e do inquérito policial iniciado na delegacia de proteção à criança e ao adolescente, na qual o paciente prestou depoimento cerca de um mês antes de sua prisão. V. Não há falar-se em ilegalidade por inobservância ao previsto no art. 289-a, § 4 0 c/c art. 306, § 1 0, todos do código de processo penal, se o patrono do paciente se manifestou nos autos no prazo de 24 horas após a prisão, dispensando a remessa à defensoria pública. VI.

Preenchidos os requisitos autorizadores para o Decreto da prisão preventiva, acrescidos de indícios de materialidade e autoria da prática do delito, não há que se falar em ilegalidade da medida, notadamente quando as circunstâncias em que se deram os fatos caracterizam o fumas comissi delicti e o periculum liberta/is, recomendando, a manutenção da segregação cautelar. VII. A custódia cautelar do paciente mostra-se necessária para garantia da incolumidade física e psíquica das menores vitimas de abuso sexual, que residem no mesmo lote que o paciente, evitando que condutas da mesma natureza se repitam e, para garantia da instrução criminal, diante da possível intimidação de testemunhas, que no caso se tratam de crianças. VIII.

As medidas cautelares diversas da prisão preventiva elencadas no artigo 319 do código de processo penal mostram-se inadequadas e insuficientes, na espécie, em face da conduta praticada contra as vítimas e o comportamento reiterado do paciente de praticar atos libidinosos com as menores, restando assim demonstrada sua periculosidade. IX. Condições pessoais favoráveis ao paciente, tais como primariedade, bons antecedentes, residência fixa e ocupação lícita não impede=wplicaç'ão- da- prisão -cautelar;quando-verificados outros.elementos_a_

recomendar a manutençã da ct lódia para a garantia da ordem pública. X.

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Ordem denegada. (TJDF; Rec 2012.00.2.008471-9; Ac. 591.957; Terceira Turma Criminal; Rela Desa Nilsoni de Freitas; DJDFTE 2110612012; Pág. 244) HABEAS CORPUS. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. ART. 217 - A DO CP. Abuso sexual praticado contra menor de 10 anos. Decretação da preventiva. Suposto autor que intimidou a vítima para que não denunciasse o delito. Gravidade em concreto do crime. Prisão baseada na garantia da ordem pública e na conveniência da instrução criminal. Necessidade da medida extrema demonstrada. Idoneidade dos argumentos. Presença dos autorizativos do art. 312 do CPP. Denegação da ordem. O Decreto de prisão preventiva do paciente encontra-se devidamente fundamentado quanto aos riscos que ele representa à ordem pública e à instrução criminal. No caso, é reportado, nos autos, que o paciente ameaçou a vítima, um menor de 10 anos, comprometendo assim a inteireza e idoneidade das investigações. É de se ter em conta que uma ameaça proferida contra um menor impúbere, cujas declarações podem ser as principais provas incriminadoras do acusado, repercute intensamente em Ria saúde mental, tornando-o inseguro e pouco colaborativo com a justiça, motivo que, por si só, já justifica a segregação cautelar do acusado, visando privá-lo de todo tipo de contato com a vítima menor. Ademais, a gravidade em concreto do crime, revelada pelo modo de agir e particularidades próprias do delito. O suposto crime sexual ter sido cometido contra menor ainda impúbere. E ainda o fato de o acusado ter contato com várias outras crianças tornam necessária a decretação da custódia cautelar para assegurar a ordem pública. Precedentes do STF. (TJPB; HC 025.2011.005417-5/001; Câmara Criminal; Rel. Juiz Conv.

Tércio Chaves de Moura; DJPB 09/02/2012)

Em seguida, é de se esclarecer que a primariedade, residência e trabalho fixos invocados pela impetrante não são suficientes para revogar a custódia cautelar, quando presentes os motivos para a sua manutenção, os quais foram satisfatoriamente demonstrados.

Nesse sentido:

"A primariedade e os bons antecedentes não impedem a decretação da prisão preventiva e nem têm força para alcançar a sua revogação ou a concessão da

liberdade provisória." (RJTJERGS. 146/53, 50)

Adotando o mesmo posicionamento, é a seguinte doutrina:

"28. Primariedade, bons antecedentes e residência fixa não são obstáculos para a decretação da prisão preventiva: as causas enumeradas no art. 312 são

suficientes para a decretação da custódia cautelar de indiciado ou réu. O fato de o agente ser primário, não ostentar antecedentes e ter residência fixa não o levam a conseguir um alvará permanente de impunidade, livrando-se da prisão cautelar, visto que essa tem outros fundamentos. A garantia da ordem pública e da ordem econômica, bem como a conveniência da instrução criminal e do asseguramento da aplicação da lei penal fazem com que o juiz tenha base para segregar de imediato o autor da infração penal grave." (NUCCI, Guilherme de Souza. Código de processo penal comentado. 9' Ed. Editora dos Tribunais:

2009. p. 635).

Dessa forma, não há como acolher o pleito do impetrante, devendo o paciente permanecer na prisão em que se encontra, n - o sendo os argumentos expendidos na exordial do writ, hábeis para desconstitui-la.

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Sala de Sessões da Justiça do Estado da Paraíba, em J o Peso ano de 2012.

Câmara Criminal do Colendo Tribunal de ital, aos 30(trinta) dias e e mês de agosto do

oo Be" dito da S --R-elator

Fiel a essas considerações e a tudo mais que dos autos consta, não vislumbrando o constrangimento ilegal alegado, DENEGO A ORDEM, o que assim o faço e decido em harmonia com o parecer da douta Procuradoria.

É como voto.

Presidiu o julgamento o Exmo. Des. Luiz Silvio Ramalho Junior, Presidente da Câmara Criminal. Participaram ainda do julgamento o Exmo. Des. João Benedito da Silva, relator, o Exmo. Des. Luiz Silvio Ramalho Junior e o Exmo. Dr. Marcos William de Oliveira, Juiz de Direito convocado para substituir o Exmo. Des. Carlos Martins Beltrão Filho.

Presente à Sessão do julgamento o(a) Exmo.(a) Dr.(a) Maria Lurdélia Diniz de Albuquerque Melo, Procurador(a) de Justiça.

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TRIBUNAL DE JUS4Çig Diretoria

em

Judiciária Rogistrad

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