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O impacto da terceirização no setor bancário

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUARIAIS, CONTÁBEIS E SECRETARIADO

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

VICTOR ALMEIDA MELLO PAES

O IMPACTO DA TERCEIRIZAÇÃO NO SETOR BANCÁRIO

FORTALEZA

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VICTOR ALMEIDA MELLO PAES

O IMPACTO DA TERCERIZAÇÃO NO SETOR BANCÁRIO

Monografia apresentada no Curso de Administração de Empresas da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial o título de bacharel em Administração.

Orientadora: Prof.ª. Jacqueline Maciel Pombo

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VICTOR ALMEIDA MELLO PAES

O IMPACTO DA TERCEIRIZAÇÃO NO SETOR BANCÁRIO

Monografia apresentada no Curso de Administração de Empresas da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial o título de bacharel em Administração.

Orientadora: Prof.ª Adjunta. Jacqueline Maciel Pombo

Aprovada em ___/___/_____.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________ Prof. ª . Jacqueline Maciel Pombo

Prof.ª Adjunta da Universidade Federal do Ceará (UFC)

__________________________________________________________ Prof. Laudemiro Rabelo de Sousa e Moraes

Prof. Adjunto da Universidade Federal do Ceará (UFC)

__________________________________________________________ Prof. João da Cunha Silva

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Dedico este trabalho a minha tia Eliane, meu tio Lauro, minhas Avós Olinda e Vilma e meu avô Eloi, que, com muito carinho, conselhos e principalmente, compreensão, sempre apoiou meus sonhos e objetivos, me dando forças para nunca desistir.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me dar força interior para concluir este trabalho e pela perseverança para eu não desistir nunca.

Agradeço a minha família, em especial à minha tia Eliane, meu tio Lauro, meu avô Eloi e minhas avós Olinda e Vilma, que, com muito amor e carinho, me deram forças para seguir em frente sem olhar para trás.

Agradeço também aos meus amigos e pessoas próximas, em especial a Samara, que me deu muito apoio, principalmente nessa reta final, e a todos as meus amigos da faculdade, do trabalho e de infância, que me motivaram a concluir o curso de Administração.

Não podia deixar de prestar meus agradecimentos ao minha orientadora Prof.ª. Jacqueline Maciel Pombo, sempre muito compreensiva, dedicada e sempre muito solícita quando dela precisei.

No mais, agradeço a todos que, de alguma forma, mostraram-se presentes e me ajudaram nesse momento tão importante: professores, amigos e colegas de trabalho.

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RESUMO

O presente estudo explora os aspectos da terceirização e, em particular, os impactos do trabalho terceirizado no setor bancário e seus desdobramentos. Para o alcance dos objetivos do trabalho, foi realizada uma pesquisa do tipo exploratória, na forma de pesquisa bibliográfica, a fim de que o leitor familiarize-se com o tema e com os fenômenos que serão investigados. Sob o enfoque teórico, o trabalho enfatiza as questões relacionadas a terceirização tanto no contexto global quanto no contexto brasileiro, priorizando os aspectos referentes a seus benefícios e aspectos negativos. Os resultados obtidos com a pesquisa foram favoráveis ao alcance dos objetivos geral e específicos do trabalho. Dessa forma, a pesquisa demonstrou que a terceirização possui aspectos positivos, porém, necessita de algumas adequações para melhoria das condições de trabalho dos colaboradores terceirizados.

Palavras - Chave: Trabalho.Terceirização. Setor bancário.

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ABSTRACT

This study explores the aspects of outsourcing and, in particular, the impact of the outsourced work in the banking industry and its developments. To achieve the objectives of the work, a survey of the exploratory type was held in the form of literature, so that the reader become familiar with the subject and the phenomena that will be investigated. Under the theoretical approach, the work emphasizes issues related to outsourcing both in the global context as in the Brazilian context, prioritizing aspects related to its benefits and negative aspects. The results obtained from the research were favorable to the achievement of general and specific objectives of the work. Thus, research has shown that outsourcing has positive aspects, however, requires some adjustments to improve the working conditions of outsourced employees. Keywords: Work. Outsourcing. Banking sector

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número de agências, postos e correspondentes bancários 2008 a 2012 Tabela 2 - Bancos encerrados entre 1989/2000

Tabela 3 - Dados sobre terceirizados e bancários na retaguarda e compensação de 2004 Tabela 4 - Remuneração bancários e terceirizados 2009

Tabela 5 – Número de agências, postos e correspondentes

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 11

1.1Apresentação do Tema ... 11

1.2Objetivos da Pesquisa ... 11

1.2.1Objetivo geral ... 11

1.2.2Objetivos específicos ... 11

1.3Justificativa ... 12

1.3.1Problema da Pesquisa ... 12

1.4Etapas da Monografia ... 13

2 METODOLOGIA ... 15

3 SURGIMENTO DOS BANCOS NO CENÁRIO MUNDIAL ... 16

3.1Evolução dos Bancos e seus Produtos e Serviços ... 19

4 SURGIMENTO DE FUSÕES E PRIVATIZAÇÕES NO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ... 22

5 OS FUNDAMENTOS DA TERCEIRIZAÇÃO NO CONTEXTO GLOBAL ... 25

5.1 A Terceirização na Administração Pública ... 27

5.2 Ameaças e Efeitos Nocivos da Terceirização ... 30

5.3 Terceirização: Atividade-Meio e Atividade-Fim ... 32

6TERCEIRIZAÇÃO BANCÁRIA NO CONTEXTO BRASILEIRO ... 35

7CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 42

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1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

Esta monografia realizará um estudo sobre o processo de terceirização no setor bancário brasileiro, fenômeno este que vem ocorrendo desde o começo da década de 1950, intensificando-se nos bancos no final da década de 90. Trata-se de um processo que visa a redução de custos com colaboradores em busca de uma maior produtividade e elevação de lucros.

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.2.1Objetivo Geral

• Mostrar por qual motivo a terceirização disseminou-se nos bancos a partir da década de 90, sob a justificativa de reestruturação produtiva, com o objetivo de diminuição de custos e aumento de lucros.

1.2.2Objetivos Específicos

• Apresentar uma revisão bibliográfica sobre a terceirização global, direcionando o assunto para o setor bancário;

• Abordar qual o impacto que a terceirização acarreta para os trabalhadores bancários;

• Apresentar as ameaças e os efeitos nocivos deste processo;

• Discorrer sobre a tentativa de regulamentação da terceirização no Brasil, através do projeto de lei 4330/04;

• Realizar um estudo sobre os possíveis riscos que esse projeto pode trazer aos trabalhadores;

• Verificar quais os principais setores bancários que foram mais afetados pela terceirização;

1.3 JUSTIFICATIVA

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1.3.1Problema de Pesquisa

Por qual motivo ocorre a disseminação da terceirização nos bancos? Quais suas consequências para os trabalhadores do setor bancário?

Bueno (2005, p.38) descreve: ”A terceirização consiste na possibilidade de

contratar terceiro para realização de atividades que não constituem o objeto principal da empresa. Essa contratação pode envolver tanto a produção de bens como a de serviços.”

Segundo Sanches, no final da década 1990, surgiu o neologismo

bancarização que significa ampliação do acesso aos serviços bancários em todo território

nacional. Como resultado desse novo fenômeno no universo bancário criaramse oportunidades para criação da Promotoras de Crédito e os Correspondentes Bancários.

Os bancos estão terceirizando espaços que eram considerados peculiares ao exercício restrito do ambiente bancário, tais como: tesouraria, retaguarda, compensação, telefonia, recepção, análise de crédito.

No processo de terceirização estão inseridos fatores como: interesse

econômico dos gestores do capital, redução de custos, e interesses políticos que visam restringir a atuação de sindicatos, tornando os trabalhadores um fácil e desprotegido instrumento de exploração do empregador.

O projeto de lei (PL) 4330/04 acarreta redução de direitos dos trabalhadores, principalmente dos terceirizados, que em sua maioria recebem salários que representam um terço dos trabalhadores efetivos, possuem jornada de trabalho superior, não possuem participação nos lucros, muitos não possuem carteira assinada, portanto, não têm recolhimento para a previdência social e nem para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). (Revista O Bancário n° 15, 2012 )

A precarização causada pela terceirização é tão grande, que muitos

trabalhadores terceirizados não gozam férias, passam meses sem receber salários, não recebem pelas horas-extras trabalhadas e jornadas de trabalho excessivas, ocasionando o desenvolvimento de doenças ocupacionais. (Revista O Bancário n° 15, 2012 ).

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burlando a lei que regula o estágio.¨ Em um Banco Público , na década de 1990, a prática tomou grandes proporções e os estagiários chegaram a representar mais do que 20% do quadro total de funcionário(SANCHES, 2006, p.51).

As formas ¨terceirizantes¨ apresentam números bastante expressivos no setor bancário, principalmente com o surgimento dos correspondentes bancários que de 2008 a 2012 obtiveram um crescimento de 120,5%, enquanto o número de agências cresceu 4,4%.

Tabela 1- Número de agências, postos e correspondentes bancários 2008 a 2012 AGÊNCIAS, POSTOS E CORRESPONDENTES

PERÍODO 2008 2009 2010 2011 2012 VARIAÇÃO(

2012/2011) Número de

agências

19.142 20.046 19.813 21.278 22.218 4,40%

Postos tradicionais

11.661 12.131 12.690 12.957 14.322 10,50%

Postos eletrônicos

38.811 41.497 45.067 47.507 48.221 1,50%

Correspondentes 108.074 149.507 165.228 160.943 354.927 120,50% Total de

dependências

177.688 223.181 242.798 242.685 439.688 81,20%

Fonte: Relatório anual da Febraban, (2012)

1.4 ETAPAS DA MONOGRAFIA

Inicialmente, no segundo e terceiro capítulos serão demonstrados a

metodologia do trabalho, uma visão histórica das origens, funcionamentos e evolução dos bancos com seus produtos e serviços no cenário mundial.

Já no quarto capítulo serão discutidas as razões e desenvolvimento das fusões no Sistema financeiro Nacional

O quinto capítulo abordará os fundamentos da terceirização no contexto global, a terceirização no contexto brasileiro, as ameaças e da terceirização para os trabalhadores bancários e abordar aspectos sobre atividade-fim e atividade-meio.

No sexto capítulo será demonstrado o tema da terceirização na

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benefícios e efeitos nocivos que esta pode acarretar para o setor público. Por último, serão feitas as considerações finais sobre o impacto da terceirização no setor bancário e uma síntese do dos temas abordados nesta monografia.

2 METODOLOGIA

Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que se devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotado no processo de pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico. (LAKATOS; MARCONE, 1993, p. 26

apud SILVA; MENEZES,2005)

Nesta monografia será feita uma pesquisa bibliográfica, que é o passo inicial na construção efetiva de um protocolo de investigação, ou seja, após a escolha de um assunto é necessário fazer uma revisão bibliográfica do tema apontado (MARTINS, 1996).

A pesquisa terá como método o indutivo, em que, considera-se que o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta princípios preestabelecidos, constatando-se que as generalizações derivam de observações de casos da realidade concreta (GIL, 1999).

O presente trabalho também terá caráter qualitativo, tencionando-se interpretar dados, fatos e teorias, descrever a complexidade de determinada hipótese ou problema e apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formulação.

Assim, somente após a seleção e o levantamento das referências bibliográficas, no decorrer desta monografia, serão auferidas as conclusões que poderão responder às hipóteses e atingir os objetivos inicialmente propostos.

3 SURGIMENTO DOS BANCOS NO CENÁRIO MUNDIAL

Na Idade Média considerava-se crime o empréstimo de dinheiro com

cobrança de Juros. Essa prática era considerada usura, que era combatida pela Igreja naquela época, sob a alegação de se tratar de pecado.

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condenavam. Na Inglaterra foi aprovada uma lei contra a usura, pois esta não era considerada uma ação divina, e sim, uma atitude de pessoas mesquinhas, avarentas e ambiciosas.

Durante a Idade Média, a Igreja ensinava que o lucro financeiro significava a ruína da alma. As pessoas deveriam buscar o seu bem-estar espiritual, e não a avareza e o lucro. “O dinheiro era considerado algo estático, estéril, não podia produzir nada. Cobrar juros era totalmente errado- dizia a Igreja (HUBERMAN, 1976, p. 48)

No começo do feudalismo, a terra era considerada a maior riqueza do homem, porém com a expansão do comércio o dinheiro passou a ser a maior riqueza do homem. Dessa forma, surgiram os burgos, que eram os locais onde os comerciantes, que viviam viajando, podiam se encontrar para descansar e comercializar mercadorias. (HUBERMAN, 1976, p. 48).

Diante da posse do dinheiro, surgiu uma nova classe social, a classe média, formada principalmente por comerciantes. Essa classe média buscava a expansão do comércio, aumento de suas posses de dinheiro, liberdade, rompendo com o velho sistema feudal, que era voltada para a terra e produção autossuficiente. (HUBERMAN, 1976).

No início da civilização se praticava o escambo, que era a troca de

mercadorias. Essas mercadorias utilizadas, geralmente se apresentavam em estado natural. As mercadorias mais procuradas assumiram a função de moeda, servindo como forma de avaliar os valores de cada mercadoria. (www.bcb.gov.br).

O gado era uma das principais mercadorias, pois ele tanto era usado como alimento como também era usado para o transporte. Outra mercadoria que estava entre as principais era o sal, já que era muito utilizado na conservação de alimentos.

Ao longo dos anos, as mercadorias tornaram-se inconvenientes às

transações realizadas no comércio, principalmente por não serem fracionáveis e perecíveis, fazendo com que não fosse possível o acúmulo de riquezas .(www.bcb.gov.br).

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A cunhagem desses metais, chamados de moeda, foi feita de ouro e prata, pois esses metais possuíam beleza, valor econômico e antigos costumes religiosos. Nos primórdios da civilização, os sarcedotes da Babilônia ensinavam que existia uma ligação entre o ouro e o sol, a prata e a lua.

Ainda de acordo com o site do Banco Central:

Da mesma forma ocorrida com as moedas, os governos passaram a conduzir a emissão de cédulas, controlando as falsificações e garantindo o poder de pagamento. Atualmente quase todos os países possuem seus bancos centrais, encarregados das emissões de cédulas e moedas. A moeda de papel evoluiu quanto à técnica utilizada na sua impressão. Hoje a confecção de cédulas utiliza papel especialmente preparado e diversos processos de impressão que se complementam, dando ao produto final grande margem de segurança e condições de durabilidade.

Os primeiros bancos reconhecidos de forma oficial nasceram, respectivamente, na Suécia, em 1656; na Inglaterra, em 1694; na França, em 1700 e no Brasil, em 1808 e a palavra "bank" veio da italiana "banco", peça de madeira que os comerciantes de valores nascidos na Itália e estabelecidos em Londres utilizavam para operar seus negócios no mercado público londrino. (GONÇALVES, 1984).

O surgimento do primeiro banco no Brasil ocorreu com a vinda da corte portuguesa para o Brasil, no ano de 1808. O então rei português, D. João VI criou, através de um ato real, o Banco do Brasil, no qual seus administradores eram nomeados pelo rei.

O Banco do Brasil passou a ter favores concedidos pela coroa portuguesa, dentre elas, a exclusividade de emissão de notas bancárias que se tornariam o meio circulante no país, isenção de tributos e monopólio sobre a comercialização de diamantes pau-brasil. (www.bcb.gov.br)

Com o passar dos anos, o Banco do Brasil participou de fatos importantes na sociedade brasileira. Em 1819, o banco financiou integralmente a construção da primeira bolsa brasileira no Rio de Janeiro. Em 1822, o banco foi decisivo na independência do Brasil, pois ele custeou escolas, hospitais e navios, fazendo com que o país vencesse a resistência portuguesa, e assim, tornar-se independente. (www.bb.com.br)

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crédito e, em 1861, fundou a Caixa Econômica e do Socorro do Rio de Janeiro, atual Caixa Econômica Federal, que tinha uma atuação restrita a atividades de crédito, depósitos remunerados com a garantia do tesouro e empréstimos sobre penhor.

Uma das principais funções da Caixa Econômica era fazer com que as classes populares economizassem e poupassem seus rendimentos, criando uma conscientização financeira da população para eventuais acontecimentos futuros.

(COSTA NETO, 2004).

Além de prestar apoio à economia popular, as caixas econômicas somente poderiam destinar seus depósitos à aquisição de apólices da dívida pública ou financiamento de despesas do estado, o que veio a constituir, em algumas oportunidades, uma fonte não desprezível de financiamento ao governo central.( COSTA NETO, 2004, p.14).

O surgimento dos primeiros bancos estaduais ocorreu no começo do século XX, com incentivo dos governos estaduais, como foi o caso de São Paulo, onde o governo criou a lei 923 de 1904. Essa lei incentivava a atração de capital estrangeiro para a formação de um banco de crédito hipotecário e agrícola, dando incentivos como empréstimos ao banco a baixos juros com longo prazo e isenção impostos estaduais.

Os governos de Minas Gerais e Espírito Santo também fizeram o mesmo que o estado de São Paulo e entre 1909 e 1911 duas empresas francesas fundaram bancos nesses estados. (COSTA NETO, 2004)

Esses bancos iriam incrementar a capacidade da produção de café, levar crédito à lavoura, como também iriam beneficiar outros atividades econômicas que poderiam adquirir empréstimos e financiamentos.

Segundo Costa Neto (2004,p.32):

Entre 1909 e 1911, quando duas firmas francesas fundaram nas capitais de São Paulo(1909), do Espírito Santo (1911), e de Minas Gerais (1911), respectivamente, o Banco de Crédito Hipotecário e Agrícola do Estado de São Paulo(BCHASP), o Banco de Crédito Hipotecário e Agrícola do Estado do Espírito Santo, Banco de Crédito Hipotecário e Agrícola do Estado de Minas Gerais.

Em virtude de crises econômicas e elevação da inadimplência, os bancos hipotecários e agrícolas passaram por grandes dificuldades financeiras, e por isso, ao final da década de 1920, quase todos eles foram estatizados.

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bancos privados, Bradesco e Itaú. O Bradesco S/A foi fundado em 1943, buscando o desenvolvimento econômico e social, atendendo principalmente imigrantes, lavradores e pequenos comerciantes, além de grandes empresários e proprietários de terra.(www.bradesco.com.br)

O Itaú foi fundado em 1943, na cidade de São Paulo, com o nome de Banco Central de Crédito. Em 2008, o banco Itaú e o Unibanco fizeram uma fusão, originando o Banco Itaú Unibanco, tornando-se o maior banco privado no Brasil.

3.1 EVOLUÇÃO DOS BANCOS E SEUS PRODUTOS E SERVIÇOS

A reestruturação do Sistema financeiro Nacional (SFN) ocorreu com a resolução nº 1524 de 1988 do Banco Central, pois antes dela as instituições financeiras tinham um enfoque especializado e após essa resolução as instituições financeiras tiveram um enfoque mais universal, ou seja, passaram a oferecer todos os serviços financeiros.

O Banco Central (BACEN) teve um importante papel na reestruturação do sistema financeiro, pois além de acompanhar a evolução dos bancos, ele também é responsável pela fiscalização, regulamentação, autorização de fusões, liquidações de instituições financeiras.

No ano de 1989, houve um processo de mudança no sistema financeiro, conforme relatório do Banco Central:

A partir de 1989, o sistema financeiro brasileiro passou por um processo de modificação de sua estrutura. O quadro inflacionário, presente na economia brasileira desde a década de 60, foi extremamente favorável ao sistema bancário, que se adaptou bem a ele em seu processo de desenvolvimento. Elevadas taxas de inflação contribuíram para alavancar a participação do setor financeiro na renda nacional. As instituições financeiras brasileiras obtiveram êxito na implementação de inovações e no aproveitamento de oportunidades regulatórias, o que lhes permitiu não apenas sobreviver, em um contexto que aparentemente seria hostil à atividade econômica e ao sistema financeiro, mas também acumular capital, desenvolver-se tecnologicamente e crescer, absorvendo parte considerável do imposto inflacionário gerado.

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Tabela 2-Bancos encerrados entre 1989/2000

Bancos encerrados entre 1989 e 2000 Intervenção/

Liquidação

Extinção/Cancelamento Incorporação Transformação

em outro tipo de Instituição financeira

Total

19 12 9 1 41

Idade média dos bancos 47,8 Fonte: www.bcb.gov.br

Após o plano real em 1994, o processo inflacionário teve uma baixa considerável, houve também, uma maior abertura econômica, fatos estes que obrigaram os bancos a desenvolverem produtos e serviços mais ágeis.

Verificou-se também, que os bancos brasileiros eram ineficientes, principalmente pela inadimplência dos empréstimos concedidos a outros setores da economia. Diante desse novo cenário mundial de abertura econômica os bancos começaram a investir em novos produtos e serviços com o auxílio e supervisão do Banco Central.

O Sistema Financeiro Nacional, após o Plano Real, passou por um processo de mudança, se adequando às condicionantes do mercado, à tendência mundial de abertura econômica.

Diante dessa mudança o BACEN buscou transformar o SFN em um sistema onde houvesse menos empresas, porém empresas, de maior porte, mais sólidas e eficientes. Dessa forma, tornava a economia brasileira mais forte, com menor risco sistêmico, permitindo que as instituições financeiras nacionais se inserissem no mercado globalizado, com boas condições de competitividade. (www.bacen.gov.br).

Os bancos brasileiros tiveram que investir em novas tecnologias e serviços, conforme relatório do Banco Central, “Os bancos privados demonstraram maior flexibilidade para se adaptarem as condições de economia estável, modificando tecnologias e processos de produção de serviços.” (www.bacen.gov.br)

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Com a reestruturação dos bancos, investimentos em tecnologia, surgiram serviços bancários como o Internet Banking, onde o correntista pode efetuar transações

bancárias pelo computador, celular. Os bancos diversificaram seu foco, intensificando a opção de produtos como seguros de vida, seguros de automóveis, títulos de capitalização, consórcios e planos de previdência complementar aberta.

4 O SURGIMENTO DE FUSÕES E PRIVATIZAÇÕES NO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

No início da década de 90, a busca pelo fortalecimento das instituições financeiras no cenário brasileiro ocasionou o surgimento de considerável número de fusões, aquisições e privatizações dos bancos brasileiros. A ocorrência de tal fenômeno surgiu como resultado da busca de aumento dos lucros e diminuição de custos com atividades operacionais.

Outro fator para a disseminação foi o surgimento das Promotoras de Crédito e o de Correspondentes Bancários. Tais instituições permitem que os clientes possam abrir conta-correntes, efetuar pagamentos, solicitar empréstimos, sem necessariamente dirigir-se a uma agência bancária.

O governo federal tem realizado esforços para regulamentar esse processo de terceirização, através do projeto de lei 4330/04, que há anos está parado no Congresso Nacional. Esse projeto de lei tem sido criticado pelas entidades sindicais sob a alegação de que enfraquece as relações de trabalho e fortalece sua precarização.

A partir de 1990, o surgimento de fusões e aquisições se intensificou no setor bancário, como uma das decorrências do processo de globalização que acarretou a diminuição das fronteiras entre os mercados financeiros, situação esta que fortaleceu o objetivo do aumento de lucros, maior interação tecnológica, criação de novos produtos e maior poder de mercado.

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Segundo Leandro Resende, essa fusão tornou o conglomerado dos Bancos Itaú e Unibanco uma instituição com forte atuação competitiva passando esta, a partir de então, a contar com cerca de 4.800 agências, representando 18% da rede bancária brasileira, e 14,5 milhões de clientes de conta-corrente.

O sucesso da fusão entre o Itaú e Unibanco, foi notada com o crescente aumento de lucros de 2008 à 2013, onde o lucro dessa instituição financeira passou de R$ 7,8 bilhões em 2008 para 15,6 bilhões em 2013.

Na década de 90, ocorreu um processo de privatização de bancos públicos estaduais, através do Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária (PROES) que foi financiado pelo tesouro nacional.

O PROES incentivava a privatização de bancos estaduais, sua transformação em agências de fomento, ou até sua própria liquidação, através de linhas de crédito voltadas para a renegociação dos passivos dos bancos estaduais.

Essa ocorrência ocasionou uma diminuição drástica de bancos públicos estaduais, entre a criação do PROES até o ano de 2002, já que parte destes bancos foi privatizada, outros foram extintos ou transformados em agências de fomento (RESENDE, 2012).

Com o processo de privatização de bancos estaduais, houve uma alteração na estrutura e cultura organizacional desses bancos.

A cultura organizacional é concebida como um conjunto de valores e pressupostos básicos expressos em elementos simbólicos, que em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional, tanto agem como elemento de comunicação e consenso, como ocultam e instrumentalizam as relações de dominação. (FLEURY,1992, p.22,

apud KALINA, 2008,p.26).

Segundo Kalina Ribeiro, em uma pesquisa feita sobre mudança de cultura organizacional, em um banco estadual nordestino, na qual participaram colaboradores que vivenciaram o processo de privatização, foi possível identificar vantagens e desvantagens que essa mudança trouxe para os colaboradores que continuaram na empresa, após a privatização.

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motivado em trabalhar no banco privado, mesmo com a pressão das cobranças existentes, pelo fato de receberem incentivos, e oportunidades de crescimento e desenvolvimento.

Porém, segundo a pesquisadora, alguns dos entrevistados afirmaram que essa mudança também trouxe desvantagens, tais como, sobrecarga de trabalho, forte pressão para o cumprimento de metas, instabilidade no emprego, ambiente de intranquilidade, além do fato, dos pesquisados sentirem-se “descartáveis” para a empresa.

5 OS FUNDAMENTOS DA TERCEIRIZAÇÃO NO CONTEXTO GLOBAL

A Terceirização significa uma forma de estratégia de administração das empresas, tendo como objetivo organizá-la e definir os melhores métodos da atividade empresarial. (MARTINS, 2014).

O processo de terceirização consiste na possibilidade de contratar terceiro para a realização de atividades que geralmente não constituem o objeto principal da empresa. Essa contratação pode compreender tanto a produção de bens como serviços, como ocorre na necessidade de serviços de limpeza, de vigilância ou até de serviços temporários.( MARTINS, 2014, p.10).

Terceirizar também é uma forma de parceria que busca agregar valor a atividade fim de uma empresa, tendo como objetivo principal, não só a redução de custos, mas também trazer agilidade, produtividade, ter foco nas atividades principais que dão maiores retornos financeiros para a organização. Dessa forma, a empresa pode enfrentar melhor a concorrência no mercado.

A história da terceirização começa na década de 1950, porém a sua

intensificação acontece entre as décadas de 1960 e 1970, em virtude de uma forte recessão econômica, no contexto mundial, durante este período, situação que acarretou uma falta de capital nas empresas e aumento do desemprego. (BUENO, 2005).

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terceirizar atividades que não eram consideradas principais, fazendo com que surgissem novas formatos de empresas que prestassem esses serviços. (BUENO, 2005).

A terceirização no Brasil iniciou-se através de empresas multinacionais, por volta de 1950, devido ao interesse destas possuírem um foco expressivo na atividade principal de seus negócios. Um exemplo disso foi a indústria automobilística que passou a contratar serviços terceirizados para produzir partes e ou componentes dos automóveis, unificando peças fabricadas pelos prestadores de serviços, para concluir a montagem do automóvel. (MARTINS, 2014).

Além do setor automobilístico, outros setores também se especializaram em terceirizar serviços no Brasil, como é o caso do setor da indústria gráfica e indústria têxtil.

A prática da terceirização não é, portanto, novidade no mundo dos negócios, há muitos anos. Nas empresas do primeiro mundo, assim como nas brasileiras, pratica-se a prestação de serviços por empresas especializadas em atividades específicas, que não cabem, ou dispensam o seu desenvolvimento no ambiente interno da organização tomadora de tais serviços.(BUENO, 2005, p.36).

Em geral, a natureza jurídica da terceirização dá-se através de contratos de prestação de serviços. Porém, não existe natureza trabalhista, mesmo sendo uma forma de acompanhamento da mão de obra, que origina-se habitualmente pela reestruturação da empresa. (MARTINS, 2014).

No ambiente da terceirização é possível perceber-se claramente sua divisão em três partes: trabalhador, tomador e prestador de serviços. Entretanto, o contrato é bilateral, apenas e especificamente entre empregado e empregador. (MARTINS, 2014).

A terceirização pode também ser classificada em três partes: inicial, intermediário e avançado.

a) inicial, em que a empresa repassa a terceiros atividades que não são preponderantes ou necessárias, como restaurantes, limpeza e conservação, vigilância, transporte, assistência contábil e jurídica e etc.;

b) intermediário: quando as atividades terceirizadas são mais ligadas indiretamente à atividade principal da empresa, como manutenção de máquinas, usinagem e peças;

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de fornecimentos de produtos etc. Esse último estágio seria a terceirização na atividade-fim da empresa.

(MARTINS, 2014, p.13).

Vale ressaltar a figura da terceirização interna, que ocorre quando a empresa passa para uma empresa contratada suas atividades de produção, mas a terceirizada atua dentro da contratante, fato que ocorre com frequência nas indústrias automobilísticas. Existe também a terceirização temporária, que visa atender às demandas eventuais da empresa contratante. Por último, existe a terceirização permanente, usada de forma constante, como nos serviços de vigilância e limpeza. (MARTINS, 2014).

A terceirização apresenta algumas incompatibilidades, pois costuma ser confundida com empreitada e franquia.

O processo de terceirização não pode ser confundido com empreitada, pois nessa o que interessa é apenas o resultado da obra, conclusão da obra, e não há sistema de parceria. Na terceirização a parceria é substancial. (BUENO, 2005).

A parceria através de franquia se difere de terceirização, pois na franquia não há prestação de serviços, e sim transferência de direitos. (BUENO, 2005).

Por se tratar de um assunto complexo, que envolve direitos trabalhistas a terceirização é regulamentada em vários países, como é o caso da Argentina, onde é proibido terceirizar mão de obra, exceto em casos de locação temporária de trabalhadores, havendo responsabilidade solidária de direitos trabalhistas e previdenciários entre as empresas prestadoras e tomadoras de serviços. (MARTINS, 2014).

Outros países são mais radicais no combate à terceirização, entre eles, está o caso do México que não permite à terceirização, salvo em casos excepcionais. Segundo Martins, no caso do México,” a Lei Federal de Trabalho estabelece que é intermediário aquele que contrata serviços de outras empresas para executar algum trabalho em benefício de um empregador, considerando fraudulenta a contratação e responsável o tomador.” (MARTINS, 2014, p.23)

(24)

5.1 TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A terceirização é um processo que ocorre tanto na Administração Privada, como também na Administração Pública. O processo de terceirizar serviços na esfera pública pode acarretar, num primeiro instante, casos de corrupção, ocorrendo principalmente pela falta de concursos públicos. (MARTINS, 2014).

A contratação de pessoas para trabalhar no serviço público sem passar por um concurso público pode beneficiar políticos que usam essas contratações com fins eleitoreiros como forma de angariar votos para poderem se perpetuar na Administração Pública.

Alguns serviços já são terceirizados pelo Estado, entre estes, podem ser citados a coleta de lixo, transporte público e outras atividades, por meio dos processos de concessão e de permissão. (MARTINS, 2014)

O Estado, através de seus governantes, alega que terceirizar para iniciativa privada serviços que são considerados secundários, diminui a burocracia estatal, aumenta a eficiência e eficácia pública, além da reduzir custos com a contratação de servidores, através de concursos públicos, para tais serviços, conforme autorização do Decreto-lei n º 200, de 25 de fevereiro de 1967.

Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal deverá ser amplamente descentralizada.

§ 1º A descentralização será posta em prática em três planos principais: a) dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-se

claramente o nível de direção do de execução;

b) da Administração Federal para a das unidades federadas, quando estejam devidamente aparelhadas e mediante convênio;

c) da Administração Federal para a órbita privada, mediante contratos ou concessões.

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desde que exista, na área, iniciativa privada suficientemente desenvolvida e capacitada a desempenhar os encargos de execução.

A descentralização dessas atividades para a iniciativa privada ajuda a controlar o aumento expressivo da máquina administrativa. Conforme Martins, “limita os gastos com servidores a 60% da receita, a terceirização representa uma forma de continuidade da prestação de serviços, não pelo funcionário, mas por empresa terceirizada” (MARTINS, 2014, p.144).

Não restam dúvidas de que se permite terceirizar na esfera pública, como forma de conter gastos públicos e desburocratizar o setor público, porém, a contratação excessiva de terceirizados favorece o surgimento de nepotismo e nomeações políticas, ferindo os princípios administrativos da Igualdade e Moralidade.

O vínculo empregatício com a Administração Pública só ocorre através de concurso público, afastando qualquer hipótese de que um terceirizado no setor público tenha os mesmos direitos trabalhistas que um servidor público, aprovado em concurso público.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37,afirma:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;

Conforme a Constituição Federal, esse vínculo através de concurso público abrange também as autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista, tanto da esfera federal, estadual e municipal. No entendimento do Supremo Tribunal Federal, MS 21.322-1 DF:

(26)

fundacional. Acessibilidade. Concurso público. A acessibilidade aos cargos públicos a todos os brasileiros, nos termos da Lei e mediante concurso público e princípio constitucional explicito, desde 1934, art. 168. Embora cronicamente sofismado, mercê de expedientes destinados a iludir a regra, não só foi reafirmado pela Constituição como ampliado, para alcançar os empregos públicos, art.37, I e II. Pela vigente ordem constitucional, em regra, o acesso aos empregos públicos opera-se mediante concurso público, que pode não ser de igual conteúdo, mas há de ser público. As autarquias, empresas publicas ou sociedades de economia mista estão sujeitas a regra, que envolve a administração direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Sociedade de economia mista destinada a explorar atividade econômica esta igualmente sujeita a esse princípio, que não colide com o expresso no art. 173, PAR.1.. Exceções ao princípio, se existem, estão na própria Constituição.

5.2 AMEAÇAS E EFEITOS NOCIVOS DA TERCEIRIZAÇÃO

O sistema financeiro foi um ambiente de fácil proliferação da terceirização, em virtude de sua crescente necessidade de acumulação de capital e investimentos em tecnologia, fatos estes que colaboraram para a diminuição do quadro de bancários, como também, arrocho salarial, dispensas em massa.(COUTINHO, 2011).

Nenhum segmento da economia parece ter alcançado tanto êxito, no plano do aprofundamento da terceirização. A redução do número de empregados formais nos bancos instalados no Brasil não pode ser vista apenas como resultado da automação. Essa é apenas uma face, infinitamente menos cruel do que a alternativa da subcontratação, pelas instituições financeiras, de pequenas empresas para a cessão de ¨ trabalho especializado”.(COUTINHO, 2011,

p.130).

Tabela 3- Dados sobre terceirizados e bancários na retaguarda e compensação de 2004

Terceirizados Bancários

Terceirizad os efetivados nas empresas terceirizada s Terceirizad os trabalhand o como temporário s Terceirizad os trabalhand o por produção Bancários efetivados nos bancos

Local de Trabalho Banco ou empresa Banco ou empresa Empresa Terceirizad a Banco

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Salário Auxiliar Adm.: mínimo 300 reais e máximo de 500 reais Auxiliar Adm.: mínimo 300 reais e máximo de 500 reais

“Free-lancer” ou horista: trabalhador es ganham por produção Piso Escriturário :

R$ 702,00 Piso Caixa: R$ 992,00 Jornada de Trabalho 8:48 minutos 8:48 minutos

Média 12h 6 horas

PLR-Participação nos Lucros e Resultados

Não tem Não tem Não tem 80% salário

recebido + Valor fixo de R$ 650,00 Licença- Maternidade Trabalhador as têm direito

Não tem Não tem Trabalhador as têm direito a 120 dias Convênio Médico Trabalhador es possuem

Não tem Não tem Trabalhador es possuem

Ticket

Alimentação(V ale mercado)

R$ 30,00 a R$

50,00

Valor médio é de R$ 5,00

Não tem R$ 200,00

Representante sindical

Casos isolados

Não há Não há Há grande

representaç ão sindical Fonte: (SANCHES,2006)

Segundo Ana Tércia Sanches, uma pesquisa referente ao ano de 2004, nos setores de retaguarda e compensação dos bancos, mostra a grande diferença entre os trabalhadores terceirizados e efetivos no setor bancário, confirmando que a terceirização acarreta a precarização do trabalho, ocasionando a incidência de salários mais baixos, más condições de trabalho e intensificação do ritmo de trabalho.

É notório que os bancos veem na terceirização uma forma de explorar mais os trabalhadores, economizar custos com mão de obra, aumentar a produtividade, tudo isso, em função de um único interesse: o aumento de lucros.

(28)

trabalhadores do setor bancário foi se tornando mais evidente, mostrando a diferença de remuneração entre trabalhadores bancários e terceirizados. Segundo Coutinho, tal fenômeno pode ser observado na tabela abaixo: Tabela 04- Remuneração bancários e terceirizados 2009

Bancários Terceirizados

Piso salarial R$ 1.010,64 R$ 555,00

Jornada de trabalho 6h 9h 48 min.

PLR 2007/2008 Até 2,2 salários Zero

Adicional da PLR Até R$ 1.980,00 Zero

Vale- refeição R$ 15,80/ dia R$ 4,00

Vale-alimentação R$ 272,96/ mês Zero

Auxílio-creche R$ 196,18/ mês Zero

Fonte: Grijalbo Fernades Coutinho, (2011).

5.3 TERCEIRIZAÇÃO: ATIVIDADE-MEIO E ATIVIDADE-FIM

Não se pode negar que o processo de terceirização evidencia vantagens, permitindo que as empresas se adequem ao mundo globalizado, em resposta às exigências de eficiência, eficácia, produtividade, determinantes da sobrevivência das empresas em um mercado complexo e competitivo. Dessa forma, as empresas necessitam passar por mudanças estruturais, nas quais o foco visa o aumento da produção e lucros da atividade-fim e delegação a terceiros das atividades-meio.

Nas empresas brasileiras atuantes um país em desenvolvimento, pode-se observar vantagens relacionadas a terceirização.

Desenvolvimento econômico - (criação de novas empresas; oferta de mão-deobra qualificada; aumento do nível de emprego e receita); especialização - (lapidação do corpo funcional, garantindo aprimoramento na gestão e na obtenção de lucros); competitividade - (melhor aproveitamento dos pontos positivos desta prática, estimulado a concorrência, diferenciadora das empresas de qualidade);.qualidade total dos serviços-(a qualidade é a chave de sustentação do prestador de serviços; sua alavanca de marketing; sua filosofia; sua meta de aprimoramento; seu alto para a excelência empresarial); diminuição do desperdício - (é aspecto fundamental proporcionado pela terceirização. O enfoque na atividade principal permite à empresa maior lucratividade); menor custo – (viabiliza menor custo das operações em relação aos custos praticados, quando os serviços eram internos).(BUENO, 2005, p.41).

(29)

Entre as principais desvantagens podemos destacar o aumento da

dependência de terceiros; acréscimo do risco empresarial pela possibilidade de queda na qualidade; redução da especialização; aumento do risco de acidentes pessoais. (ARAUJO, 2005,P.43).

O vazamento de informações confidenciais é um dos grandes riscos quando se terceiriza, principalmente no setor bancário, onde alguns terceirizados, por exemplo, têm acesso a dados financeiros dos clientes, situação possível de ocasionar sérios riscos, face à possibilidade da quebra de sigilo bancário.

A terceirização é um processo tão complexo e preocupante que vem sendo discutido em todo o mundo globalizado. Em estudos realizados por Bueno sobre esse assunto ele exalta a seguinte afirmação: ¨depende de uma série de fatores e aspectos de ordem política, econômica e social, bem como do estágio de desenvolvimento de cada país¨.(BUENO, 2005, p.42).

Atualmente, no Brasil, há um grande questionamento sobre a terceirização de atividades-fim ou atividade principal. Tentando solucionar tal problemática o Tribunal Superior do Trabalho (TST) elaborou o enunciado nº 331 que afirma:

Contrato de Prestação de Serviços – Legalidade

I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).

II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). (Revisão do Enunciado nº 256 - TST)

III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.

IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do

empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. (Alterado pela Res. 96/2000, DJ 18.09.2000).

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meio das empresas, ou outros serviços que estejam incluídos nessas atividades. Proibese, portanto, a terceirização nas atividades principais das empresas.

A grande dinâmica na atividade empresarial causou um problema que parecia ter sido resolvido com a súmula nº 331 do TST. Entretanto, no mundo empresarial é comum que algumas organizações convertam sua atividade-meio em atividade-fim e vice-versa, demonstrando que a doutrina não acompanha a dinâmica empresarial.

Outro problema enfrentado pela doutrina é que não existem parâmetros definidos para que se possa diferenciar atividade-meio de atividade-fim. Um exemplo desse problema é o “setor de montadora de veículos, no qual não é possivel determinar, com clareza, quais são os serviços acessórios (atividade-meio) e quais são os serviços essenciais (atividade-meio)”. (BUENO, 2005, p.51).

Em virtude da problemática de se diferenciar a atividade-meio de atividade- fim, as empresas que contratam mão de obra terceirizada correm o risco de terem que reconhecer esses trabalhadores como efetivos, pagando-lhes todas as verbas trabalhistas, pois fica a critério da justiça do trabalho decidir se aqueles trabalhadores atuam na atividade principal ou não. (BUENO,2005).

6 A TERCEIRIZAÇÃO BANCÁRIA NO CONTEXTO BRASILEIRO

O Sistema Financeiro Nacional passou por uma reestruturação, durante o regime militar, através da lei n. 4595/64 que delimitou hierarquias e competências de cada instituição dentro de seu sistema.

Após a lei n. 4595/64 começaram a surgir as primeiras medidas no

parlamento brasileiro sobre terceirização no setor bancário, como os decretos 1.212 e 1.216 que autorizavam a prestação de serviços de segurança bancária por empresas terceirizadas. Logo após esses decretos, veio o Decreto- Lei n. 200/1967 com a finalidade de reforma administrativa no âmbito federal, o qual autorizava a contratação de empresas privadas para executar tarefas que eram exclusivas do estado. (COUTINHO, 2011).

Na década de 70, no governo militar, também surgiu outra lei que acarretou uma repercussão negativa para os direitos dos trabalhadores, autorizando a relação do contrato temporário (lei n. 6.019/1974).

(31)

sistema financeiro decidiu consolidar a parceria, oferecendo a possibilidade de terceirizar serviços como cobrança de títulos e execução de dívidas.(COUTINHO,2011, p. 146).

O Banco Central decidiu de forma expressa autorizar os bancos a terceirizar algumas de suas atividades principais, através da circular n. 220, de 15 de outubro de 1973, que trata sobre a possibilidade dos bancos em repassar para terceiros (pessoas jurídicas), o desempenho de correspondentes, para exercer atividades de cobrança, concessão de empréstimos, ordens de pagamento e a captação de depósitos.

O setor bancário sofreu várias transformações entre as décadas de 60 e 70, durante o regime militar, pois nessa época o governo permitiu que as instituições bancárias terceirizassem serviços que eram exercidos exclusivamente por bancários, enfraquecendo e cerceando o direito da classe bancária, que nada pode fazer durante uma época de perseguições, prisões e torturas.

Diante dos desmando dos militares tanto a classe bancária, como a classe trabalhadora brasileira, sofreram com ¨a intervenção abrupta nos sindicatos, fim da estabilidade no emprego, a terceirização bancária, o banimento dos partidos operários da vida institucional¨.(COUTINHO,2011,p. 147).

Na década de 90, o Brasil passava por um período de alta inflação e

incertezas políticas. Diante desse quadro, foi adotado o modelo do neoliberalismo como a solução para os problemas econômicos vigentes na época. Esse modelo foi vigente, principalmente, no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), que buscava o “estado mínimo”, através de diminuição de custos do estado, congelamento de salários.

Durante o governo de FHC, a terceirização foi ampliada de forma

significativa, pois em 1995, o Banco Central baixou a resolução 2.166, na qual permitia aos bancos múltiplos e sociedades de crédito, financiamento e investimento a contratação de prestadora de serviços, as seguintes operações:

Art. 1º I - encaminhamento de pedidos de financiamento; II - prestação de serviço de análise de crédito e cadastro; III - execução de cobrança amigável, observando-se os valores, condições e prazos dos contratos celebrados;" IV - outros observando-serviços de controle, inclusive processamento de dados, das operações pactuadas.

(32)

crédito, financiamento e investimento , mas também, a contratação de empresas terceiras para desempenhar a função de “correspondente¨ bancário. (COUTINHO,2011).

Conforme a resolução 2.640, de 25 de agosto de 1999:

Art. 1º Facultar aos bancos múltiplos com carteira comercial, aos bancos comerciais e à Caixa Econômica Federal a contratação de empresas para o desempenho das funções de correspondente, com vistas à prestação dos seguintes serviços: I - recepção e encaminhamento de propostas de abertura de contas de depósitos à vista, a prazo e de poupança; II - recebimentos e pagamentos relativos a contas de depósitos à vista, a prazo e de poupança, bem como a aplicações e resgates em fundos de investimento; III - recebimentos e pagamentos decorrentes de convênios de prestação de serviços mantidos pelo contratante na forma da regulamentação em vigor; IV - execução ativa ou passiva de ordens de pagamento em nome do contratante; V - recepção e encaminhamento de pedidos de empréstimos e de financiamentos; VI - análise de crédito e cadastro; VII - execução de cobrança de títulos; VIII - outros serviços de controle, inclusive processamento de dados, das operações pactuadas; IX - outras atividades, a critério do Banco Central do Brasil.

Parágrafo 1º A faculdade prevista neste artigo poderá ser exercida por bancos múltiplos com carteira de crédito, financiamento e investimento e sociedades de crédito, financiamento e investimento, relativamente aos serviços referidos nos incisos V a VIII.

A terceirização continuou sendo ampliada pelo governo FHC e o Banco Central, em abril de 2002, editou a resolução 2.953, autorizando os bancos e financeiras a terceirizarem para os correspondentes as funções de serviços notarias e de registro.

Na gestão de FHC, de 1995 a 2002 , os bancos comerciais, de um modo geral, e a Caixa Econômica Federal receberam respaldo do Banco Central e Conselho Monetário Nacional para terceirizar serviços até então autorizados apenas aos bancos múltiplos, às financeiras e às corretoras de crédito, assim como os serviços notariais e de registros passaram a ter possibilidade de figurar como empresas prestadoras de serviços bancários. (COUTINHO, 2011, p.148).

No governo FHC, pode-se notar que os bancos e banqueiros foram muito beneficiados com o processo de terceirização, pois ao repassarem seus serviços para empresas prestadoras de serviços, diminuíram seus custos com a folha de pagamento e com serviços operacionais. Além disso, Fernando Henrique criou o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER).

(33)

problema de caixa, com o financiamento de recursos públicos, pois havia o risco de várias instituições financeiras falirem e ocorrer um colapso do Sistema Financeiro Nacional. No PROER, o Banco Central ganhou autonomia para intervir nas instituições financeiras com insuficiência financeira e patrimonial, podendo determinar sua capitalização, transferência de controle acionário, fusão, incorporação ou até mesmo sua liquidação extrajudicial. (www.bcb.gov.br).

O governo Lula, iniciado em 2003, ampliou o processo de terceirização, com a edição da resolução 3.110, de julho de 2013, que além de alcançar os bancos e financeiras, abrangeu também às associações de poupança e empréstimo.

Art. 1º Alterar e consolidar, nos termos desta Resolução, as normas que dispõem sobre a contratação, por parte de bancos múltiplos, de bancos comerciais, da Caixa Econômica Federal, de bancos de investimento, de sociedades de crédito, financiamento e investimento, de sociedades de crédito imobiliário e de associações de poupança e empréstimo, de empresas, integrantes ou não do Sistema Financeiro Nacional, para o desempenho das funções de correspondente no País, com vistas à prestação dos seguintes serviços:

I - recepção e encaminhamento de propostas de abertura de contas de depósitos à vista, a prazo e de poupança; II - recebimentos e pagamentos relativos a contas de depósitos à vista, a prazo e de poupança, bem como a aplicações e resgates em fundos de investimento; III - recebimentos, pagamentos e outras atividades decorrentes de convênios de prestação de serviços mantidos pelo contratante na forma da regulamentação em vigor; IV - execução ativa ou passiva de ordens de pagamento em nome do contratante; V - recepção e encaminhamento de pedidos de empréstimos e de financiamentos; VI - análise de crédito e cadastro; VII - execução de serviços de cobrança; VIII - recepção e encaminhamento de propostas de emissão de cartões de crédito; IX - outros serviços de controle, inclusive processamento de dados, das operações pactuadas; X - outras atividades, a critério do Banco Central do Brasil. § 1º A faculdade de que trata este artigo somente pode ser exercida no que se refere a serviços relacionados às atividades desenvolvidas pelas instituições referidas no caput, permitidas nos termos da legislação e regulamentação em vigor.

§ 2º A contratação de empresa para a prestação dos serviços referidos no caput deve ser objeto de comunicação ao Banco Central do Brasil.

(34)

A precarização do trabalho no setor bancário brasileiro continuou sendo ampliada pelo governo Lula, que no seu primeiro mandato, de 2003 a 2006, teve um aumento de mais de 100% do número de correspondentes bancários em todo o país.

Tabela 5 – Número de agências, postos e correspondentes

NÚMERO DE AGÊNCIAS, POSTOS E CORRESPONDENTES

Período 2003 2004 2005 2006

Número de agências

16.829 17.260 17.627 18.087

Postos de atendimento

10.054 9.856 9.985 10.220

Postos eletrônicos

24.367 25.595 30.112 32.776

Correspondentes bancários

36.474 46.035 69.546 73.031

Total de dependências

87.724 98.746 127.270 134.114

Fonte: Relatório anual da Febraban, (2008)

O processo de terceirização no setor bancário, continuou sendo ampliando indiscriminadamente no governo Lula, com um aumento

considerável de correspondentes bancários, sob o pretexto de ampliar e oferecer um melhor serviço para a sociedade brasileira, mas na realidade esse processo estava cometendo uma “ violência” contra o emprego dos trabalhadores bancários que conviveram com demissões, alta rotatividade por causa da terceirização.

PROJETO DE LEI 4330/2004

Esse projeto de lei que visa regulamentar finalmente a terceirização no Brasil está arquivado, acerca de dez anos, sofrendo duras críticas dos sindicatos dos trabalhadores brasileiros, já que esse projeto pretende legalizar a terceirização em todas as atividades da empresa, seja atividade principal ou secundária, conforme seu artigo 4º.

Art. 4º Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato de prestação de serviços determinados e específicos com empresa prestadora de serviços a terceiros.

(35)

desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares à atividade econômica da contratante.

Com relação a responsabilidade solidária dos direitos trabalhistas, esse projeto prevê que o tomador de serviços é solidário com o prestador de serviços, em caso de inadimplemento de obrigações trabalhistas, porém caso o tomador de serviços pague os débitos trabalhistas, ele pode entrar com uma ação regressiva contra a prestadora de serviços, conforme artigo 10.

Art. 10. A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas

obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços, ficando-lhe ressalvada ação regressiva contra a devedora.

Parágrafo único. Na ação regressiva de que trata o caput, além do

ressarcimento do valor pago ao trabalhador e das despesas processuais, acrescidos de juros e correção monetária, é devida indenização em valor equivalente à importância paga ao trabalhador.

O projeto de lei também prevê a quarteirização, que ocorre quando a

empresa terceirizada contrata outra empresa para prestar um serviço no qual foi contratada para realizar. No artigo 11, do projeto de lei 4330 de 2004, afirma que:

A empresa prestadora de serviços a terceiros, que subcontratar outra

empresa para a execução do serviço, é solidariamente responsável pelas obrigações trabalhistas assumidas pela empresa subcontratada.

Os sindicatos alegam que esse projeto não defende a isonomia entre

terceirizados e efetivos, com relação a salários, benefícios e condições de trabalho. Alegam também que a ampliação da terceirização e quarteirização enfraquece os sindicatos, tornando a categoria profissional mais vulnerável aos interesses patronais.

Outro efeito nocivo da aprovação desse projeto de lei seria a queda brusca na qualidade de trabalho, pois se teria baixos salários, jornadas extensas de trabalho, alta rotatividade, pouco treinamento dos trabalhadores e consequentemente queda na qualidade de prestação de serviços prestada aos consumidores.

Além disso, esse projeto de lei iria de encontro ao que afirma a súmula nº 331 do TST, que proíbe a terceirização nas atividades principais das empresas, significando que a aprovação desse projeto resultaria numa derrota para os trabalhadores, confirmando a precarização do trabalho e enfraquecimento dos direitos trabalhistas.

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Art. 12. Nos contratos de prestação de serviços a terceiros em que a contratante for a Administração Pública, a responsabilidade pelos encargos trabalhistas é regulada pelo art. 71 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de1993.

Essa prestação de serviço para a Administração Pública significa que o contratado é quem tem a responsabilidade pelos encargos trabalhistas, previdenciários e fiscais dos trabalhadores terceirizados, porém a Administração Pública é solidária apenas em casos de inadimplemento de obrigações previdenciárias resultantes da execução do contrato.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A terceirização é uma forma de estratégia adotada pelos gestores das

empresas, que delegam atividades consideradas secundárias a terceiros, para que a empresa possa focar nas atividades principais, aumentando sua produtividade, lucratividade e redução de custos com atividades operacionais.

Através da revisão da literatura, observou-se que os bancos vêm

intensificando o processo de terceirização de suas atividades operacionais como: compensação, retaguarda. Porém, essa terceirização acarreta precarização do trabalho, já que os terceirizados possuem salários mais baixos, jornada de trabalho mais extensas e menos benefícios que os trabalhadores bancários efetivos.

Por meio da pesquisa bibliográfica, foi possível conceituar o que significa terceirização, como esse assunto é tratado pela legislação brasileira, conforme súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho e o projeto de lei 4330/2004 que se encontra arquivado no Congresso Nacional. Essa pesquisa foi direcionada para o setor bancário no Brasil, mostrando os impactos da terceirização nesse setor.

Os objetivos específicos foram alcançados através de uma pesquisa

bibliográfica de vários autores sobre o tema da terceirização, mostrando a terceirização de uma forma global e de forma específica nos setor bancário, discorrendo sobre sua ampliação nos bancos e suas ameaças às conquistas de direitos dos trabalhadores bancários.

(37)

É visível que há uma tendência da utilização de terceirização nas

instituições contemporâneas. Constataram-se neste trabalho os benefícios da contratação de colaboradores terceirizados, tais como, redução de custos com atividades operacionais, direcionando os colaboradores bancários para um melhor relacionamento com os clientes, focando seus esforços no cumprimento de metas e no aumento de lucros para as instituições bancárias.

Face à constatação dos aspectos negativos percebe-se que há um notório despreparo de colaboradores terceirizados. Presume-se que, tal fato seja ocasionado pelo baixo nível de qualificação da Mão de obra terceirizada e da falta de um treinamento adequado ao exercício das tarefas anteriormente de competência do ambiente bancário.

Em face do aprofundamento e reflexão dessa problemática, imagina-se que, se o sistema bancário esclarecesse as empresas terceirizadas quanto à necessidade delas tomarem a iniciativa de repassarem um conteúdo programático voltado para o esclarecimento do funcionamento e importância do Sistema Bancário, no cenário nacional, provavelmente haveria menos prejuízo e desgaste institucional para as instituições financeiras.

No entanto, como se trata de uma pesquisa bibliográfica, foi realizado apenas um estudo preliminar do objetivo principal, ou seja, o trabalho em questão não pode ser considerado conclusivo. Sugere-se, dessa forma, que sejam feitos estudos posteriores para uma maior compreensão e precisão acerca do tema, com suporte em pesquisas descritivas e abordagens quantitativas.

(38)

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Tabela 1- Número de agências, postos e correspondentes bancários 2008 a 2012   AGÊNCIAS, POSTOS E CORRESPONDENTES
Tabela 2-Bancos encerrados entre 1989/2000
Tabela 3- Dados sobre terceirizados e bancários na retaguarda e compensação de 2004
Tabela 5 – Número de agências, postos e correspondentes

Referências

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