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Aula 199 APELAÇÃO. Assim, a sentença pode ser compreendida como o pronunciamento do juiz que, concomitantemente:

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Curso/Disciplina: Direito Processual Civil – NCPC

Aula: Apelação: conceito de sentença e objeto da apelação – 199 Professor (a): Edward Carlyle

Monitor (a): Luis Renato Ribeiro Pereira de Almeida Aula 199

APELAÇÃO

A apelação está prevista no art. 1009 e ss., do CPC.

Quanto ao cabimento, o caput do art. 1.009 estabelece que “da sentença cabe apelação”. Para melhor entendimento, deve-se analisar primeiramente o conceito de sentença, previsto no art. 203, §1.º, CPC, que dispõe:

Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

§ 1.o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.

Assim, a “sentença” pode ser compreendida como o pronunciamento do juiz que, concomitantemente:

a) tem fundamento nos arts. 485 ou 487, CPC; e

b) põe fim à fase cognitivia do procedimento comum ou extingue a execução.

Com isso, o Diploma processual adota as duas teorias que tentam definir sentença, cada qual partindo de um critério distinto:

a) critério do conteúdo, que define a sentença com base no fundamento utilizado (arts. 485 ou 487);

e

b) critério do resultado ou dos efeitos, pelo qual a sentença deve pôr fim à fase cognitivia do procedimento comum ou extinguir a execução.

O Novo CPC combinou os dois critérios no conceito de sentença.

Em seguida, o §2.º do art. 203 estabelece que decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadra no §1.º. Ou seja, será decisão interlocutória o ato que não possuir fundamento nos arts. 485 ou 487, CPC; ou que, apesar de possuir fundamento em um desses artigos, não encerrar a fase cognitiva do procedimento comum ou extinguir a execução.

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Art. 203. § 2.o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1o.

Assim, a partir da leitura do art. 1.009, caput, verifica-se que a apelação é cabível contra sentença.

Porém, da análise do §1.º, nota-se que a apelação também é cabível contra decisões interolocutórias não agraváveis, ou seja, aquelas contra as quais não cabe agravo de instrumento, em virtude da falta de previsão legal no rol do art. 1.015, CPC.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

No CPC/73, as decisões interlocutórias sempre eram passíveis de agravo retido, salvo nas hipóteses i) envolvendo lesão grave e de difícil reparação, ii) em relação aos efeitos em que a apelação era recebida e iii) de inadmissão da apelação, quando então o recurso cabível, nesses três casos, por expressa previsão legal, seria o agravo de instrumento.

CPC/73. Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento.

Contudo, parte da doutrina entendia que a possibilidade de interposição de agravo de todas as decisões interlocutórias proferidas no curso do processo acarretava prejuízo ao andamento processual, e se entendeu que uma das formas de conferir celeridade aos processos, com o CPC/15, seria a restrição do cabimento do agravo de instrumento. Com isso, o agravo de instrumento passou a ser cabível apenas nas hipóteses do art. 1.015, CPC. Não havendo previsão neste dispositivo, também não será cabível agravo retido, pois foi extinto com o NCPC. Portanto, essas decisões não passíveis de agravo deverão ser impugnadas através da apelação prevista no art. 1.009, §1.º, CPC.

Desse modo, com o CPC/15, quanto ao objeto da apelação, é possível afirmar que o recurso é cabível contra:

a) sentenças (art. 1.009, caput); e

b) decisões interlocutórias não agraváveis (art. 1.009, §1.º), isto é, não previstas no rol do art. 1.015 como hipóteses de agravo de instrumento, e que portanto deverão ser impugnadas quando da interposição da apelação.

O termo “sentença” abrange qualquer sentença, ou seja:

a) com ou sem resolução de mérito (art. 487 e 485, respectivamente);

b) proferida em procedimento de jurisdição voluntária ou contenciosa;

c) proferida em fase de conhecimento ou na fase de execução.

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Em todas essas hipóteses de sentença, o recurso cabível será a apelação.

Deve-se atentar, porém, para a situação em que apenas parte do processo é decidido. Nesse caso, o recurso cabível será agravo de instrumento, nos termos do art. 354, parágrafo único, CPC. Apesar de decidir uma parte do processo e ter como fundamento uma das hipóteses dos arts. 485 e 487, o ato decisório não coloca termo à fase cognitiva ou extingue a execução. Logo, trata-se de decisão interlocutória, impugnável por agravo de instrumento.

Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença.

Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parcela do processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento.

O art. 1.015, em seu inciso II, estabelece que caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias que versarem sobre mérito do processo, e o inciso XIII dispõe que o recurso também será cabível em outros casos expressamente referidos em lei. Com isso, os incisos deixam claro que o art. 354, parágrafo único é hipótese de decisão interlocutória sujeita a agravo de instrumento, pois neste caso parcela do mérito é decidida.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

II - mérito do processo;

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

Há, contudo, exceções à regra geral de que “da sentença cabe apelação”, ou seja, hipóteses de sentença em face da qual não é cabível apelação. São elas:

a) Sentença proferida nas execuções fiscais de valor até 50 OTN’s (art. 34, Lei 6.830/80 – Lei de Execuções Fiscais): o recurso cabível serão os embargos infringentes de alçada, dirigidos ao próprio juiz prolator da sentença, que decidirá o recurso.

Art. 34. Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinqüenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão embargos infringentes e de declaração.

b) Sentença proferida nos Juizados Especiais Cíveis (art. 41, Lei 9.099/95 – JEC): caberá recurso inominado.

Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado.

c) Sentença proferida por Juiz Federal nos casos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País (arts. 109, II e 105, II, c, da CRFB/88; art. 1.027, II, b, do CPC e arts. 36, I e 37,

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da Lei 8.038/90): caberá recurso ordinário constitucional, processado e julgado pelo Superior Tribunal de Justiça.

CRFB/88. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: II – as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;

CRFB/88. Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: II – julgar, em recurso ordinário: c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

CPC/73. Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário: II - pelo Superior Tribunal de Justiça: b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

Lei 8.038/90. Art. 36. Nas causas em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, município ou pessoa domiciliada ou residente no País, caberá: I – apelação da sentença.

Lei 8.038/90. Art. 37. Os recursos mencionados no artigo anterior serão interpostos para o Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto aos requisitos de admissibilidade e ao procedimento, o disposto no Código de Processo Civil.

d) Sentença que decreta a falência (arts. 99 e 100, initio, Lei 11.101/05 – Lei de Falências): caberá agravo de instrumento.

Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações.

Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo [...].

Quanto aos embargos infringentes de alçada, a doutrina e a jurisprudência entendiam ser possível a aplicação do princípio da fungibilidade entre este recurso e a apelação, em razão da divergência existente quanto aos valores definidos para as OTN’s a depender de cada Estado-membro da Federação.

Assim, caso fosse interposta apelação quando era caso de embargos infringentes de alçada, por exemplo, o juiz de primeiro grau poderia receber o recurso de apelação como se fossem embargos infringentes de alçada. Contudo, o STJ recentemente tem entendido pela impossibilidade de aplicação do princípio da fungibilidade, devendo ser observado o valor de 50 OTN’s definido pelo próprio STJ para a interposição do recurso adequado –se superior, apelação; se inferior ou igual, embargos infringentes de alçada.

Os embargos infringentes de alçada previstos no art. 34, LEF não devem ser confundidos com os extintos embargos infringentes previstos no antigo art. 530 do CPC/73. O Novo Código, ao extinguir os embargos infringentes, passou a prever uma técnica de julgamento colegiado no art. 942.

CPC/73. Art. 530. Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado procedente ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto da divergência.

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CPC/15. Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.

Quanto à previsão do recurso ordinário constitucional – interposto contra a sentença prevista no art.

109, II, da CRFB –, na Lei 8.038/90 este recurso é chamado de “apelação”. O recurso ordinário constitucional, neste caso, tem nítido tratamento de apelação, podendo o STJ examinar fatos e analisar provas. O STJ processa e julga o recurso ordinário constitucional nos mesmos moldes de uma apelação.

No que toca à hipótese prevista na Lei de Falências, o caput do art. 99 afirma que a “sentença que decretar a falência”, e o art. 100, initio estabelece que “da decisão que decreta a falência cabe agravo” (ou seja, agravo de instrumento). Assim, para parcela da doutrina, haveria uma hipótese sui generis em que a sentença que decreta a falência é passível de agravo de instrumento, e não de apelação.

Contudo, outra parcela da doutrina entende que se trata de uma confusão do legislador, pois o parágrafo único do art. 99 menciona “decisão que decreta a falência”, portanto seria uma decisão interolocutória contra a qual cabe agravo de instrumento, nos termos do art. 100, initio; e o art. 100, in fine dispõe que “da sentença que julga a improcedência do pedido cabe apelação”. Logo, não se estaria diante de exceção, e sim da regra: caberá agravo de instrumento decisões interlocutórias e apelação contra sentença.

Art. 99. Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da decisão que decreta a falência e a relação de credores.

Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe apelação.

A jurisprudência também não é pacífica quanto ao recurso cabível.

Referências

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