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É o apoio normativo à democracia brasileira incondicional?

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Academic year: 2021

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É o apoio normativo à democracia brasileira incondicional?

Fabíola Brigante Del Porto Centro de Estudos de Opinião Pública Universidade Estadual de Campinas

Trabalho preparado para apresentação no 41º Encontro Anual da ANPOCS Grupo de Trabalho 5 “Comportamento, opinião pública e cultura política”.

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RESUMO

Após uma trajetória crescente entre 2002 e 2010, o apoio normativo à democracia entre os brasileiros oscilou de modo negativo em 2014, segundo o ESEB. Ainda assim a preferência pela democracia é majoritária. No período 2010 e 2014, as avaliações das instituições e das políticas públicas também pioraram. Os resultados para o caso brasileiro fazem pensar nas considerações de Torcal (2008) de que, nas novas democracias, não basta que uma maioria de cidadãos apoie este regime, mas que este apoio, para ter “efeito consolidador”, deve ser “imune” às avaliações políticas, econômicas e ideológicas. Sarsfield e Echegaray (2005) chamam isso de apoio fundado em uma racionalidade axiológica. No entanto, analisando a América Latina dos anos 1990, concluíram que a preferência pela democracia fundava-se, sobretudo, na racionalidade instrumental. Com base em surveys nacionais para 1993 e 2014, o trabalho analisa a trajetória e a natureza do apoio normativo à democracia no Brasil a partir de suas possíveis associações com as avaliações da efetividade democrática, com o apoio às normas do regime democrático e com a memória política.

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3 Introdução1

Uma concordância majoritária entre seus cidadãos com a ideia segundo a qual a democracia é a melhor opção (ou até mesmo a única disponível) para o país é condição necessária para a consolidação e manutenção do regime democrático, em especial para os novos regimes (Linz e Stepan, 1999). No entanto, como alerta Torcal (2008), o apoio à democracia não diz respeito apenas a uma maioria de cidadãos que assim o expressem. Para ter efeito “consolidador” nas novas democracias tal apoio deve ser incondicional, o que significa “[...] imune aos conflitos políticos diários, às crises econômicas e políticas e à insatisfação com o funcionamento e êxitos do sistema, gerando uma ‘zona de segurança’ do ponto de vista atitudinal. [...] Quando este tipo de apoio está presente entre os cidadãos destas democracias, podemos considerar que se produziu um ‘efeito de consolidação atitudinal’, que completa o processo de consolidação democrática” (Torcal, 2008, p.30). A passagem do tempo e a experiência dos indivíduos sob as instituições e processos políticos democráticos são fundamentais para a geração desse apoio incondicional, na medida em que tais experiências capacitam os cidadãos a avaliarem os resultados e ganhos do regime e, com o tempo, a separarem a avaliação dos aspectos democrático-institucionais da avaliação dos governantes do momento (Casalecchi, 2015; Mishler e Rose, 1999; Moisés, 2010; Offe, 1999; Torcal, 2008).

A democracia brasileira está consolidada em termos institucionais (Marenco, 2004; Moisés, 2005). Ainda, dados de surveys através do período recente também indicam que o apoio à democracia é majoritário entre os brasileiros, seja quando se pergunta pela democracia através da “hipótese de Churchill”2 ou quando se pede aos cidadãos que apontem para o regime que preferem, se a democracia ou a ditadura. A preferência democrática aumenta no segundo caso, mostrando a importância da memória e experiência políticas dos cidadãos (Meneguello, 2010)3.

1 Esta é uma versão preliminar. Por favor, não citar. A discussão proposta neste texto faz parte do Projeto de pesquisa:

“O que sabemos sobre a (in)satisfação com a democracia no Brasil? Orientações avaliativas do regime democrático segundo os brasileiros no período democrático recente (2002-2014)”, em andamento, desenvolvido pela autora no âmbito do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp e apoiado pela Fapesp (Processo 16/05619-7). O projeto analisa, de modo longitudinal, as dimensões de avaliações de governantes do momento, das instituições representativas, dos serviços e políticas públicas e procedimentos do regime e verifica quais dimensões são mais importantes para estruturar a (in)satisfação geral dos cidadãos com a democracia no cenário brasileiro recente. Entre seus objetivos específicos estão o estudo do conceito de desempenho e satisfação com o regime democrático e uma análise empírica crítica da medida de satisfação com a democracia em diferentes períodos, instrumentos de pesquisa e contextos.

2 É conhecida como a “hipótese de Churchill” a concordância com a frase: “A democracia tem problemas, mas é o menos

pior dos regimes políticos”.

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No entanto, os resultados da mais recente onda do Estudo Eleitoral Brasileiro (ESEB)4 - 2014, mostram que, depois de uma trajetória crescente entre 2002 e 2010, o apoio normativo à democracia entre os brasileiros oscilou de modo negativo (Gráfico 1). No intervalo entre 2010 e 2014, ainda segundo resultados do ESEB, as avaliações das instituições, das políticas públicas, da economia e do funcionamento da democracia também pioraram (Tabelas 1 e 2). Com relação à preferência por regimes há que se destacar que a preferência pela democracia não diminuiu tendo como contrapartida o aumento da opção pela ditadura, mas mediante a uma oscilação positiva das respostas “tanto faz” e “não sabe / não respondeu”. Os dados do ESEB para 2010 e 2014 (Gráfico 2) mostram, ademais, uma queda na cognição e no posicionamento dos cidadãos quando pedidos para definir a democracia em suas próprias palavras, resultado que contraria tendência observada por Moisés (2008) de aumento do entendimento da democracia entre os brasileiros conforme a recente experiência democrática se consolidava no país.

Gráfico 1 - Preferência por regimes (%) Brasil - 2002 a 2014

Fonte: ESEB 2002; 2006; 2010; 2014.

4 Os dados do ESEB estão disponíveis no Banco de Dados de Pesquisas de Opinião do CESOP < http://www.cesop.unicamp.br/ >. 68,8 18,7 2,4 10,1 71,4 14,2 6,9 7,6 78,4 8,2 5,3 8,2 64,0 10,3 7,9 17,9 A democracia é sempre melhor que outra forma de

governo

Em algumas situações é melhor uma ditadura do que uma democracia

Tanto faz / nenhuma das duas é melhor

NR / NS

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5 Gráfico 2 - O que é democracia? (%)

Brasil - 2010 a 2014

Fonte: ESEB 2010; 2014.

Tabela 1 - Avaliações positivas do desempenho do regime e de percepção normativa da democracia (%)

Variáveis 2002 2006 2010 2014

Satisfação com o funcionamento da democracia no país

(muito satisfeito+satisfeito)

30,7 44,7 50,2 40,7 Avaliação do governo/presidente (ótimo+bom) 41,0 76,2 93,9 45,9 Avaliação Congresso (ótima+boa) 40,4 27,0 25,3 16,8

Avaliação Partidos 37,3 26,5 20,9 15,5

Avaliação Justiça 42,4 41,3 29,5 23,7

Avaliação Polícia 52,5 51,7 33,4 25,7

Fonte: ESEB (2002; 2006; 2010; 2014). Obs: somente respostas válidas.

50,6 17,4 5,7 26,3 26,7 12,8 6,3 54,2

Liberdades Direitos Forma de governo Não souberam / Não

responderam

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6 Tabela 2 – Satisfação com a economia e com políticas públicas (%)

Variáveis 2010 2014

Situação econômica em comparação aos 12 meses anteriores

(melhor)

55,1 24,7

Controle da criminalidade (soma das respostas de 7 a 10, onde 10=

“totalmente satisfeito”)

6,8 5,4

Controle da violência policial 8,5 6,6

Diminuição das desigualdades sociais 14,5 9,7

Respeito às leis 12,9 8,6

Acesso do cidadão comum à justiça 17,8 10,5

Qualidade do ensino público 26,0 15,4

Oportunidades de acesso ao ensino superior 34,3 26,0

Acesso aos serviços de atendimento médico 12,5 8,1

Acesso a remédios 17,7 10,8

Acesso a tratamento médico especializado 10,8 7,4

Proteção ao meio ambiente 22,3 11,0

Diminuição do desemprego 23,9 12,8

Oferta de treinamento profissional 22,9 15,6

Fonte: ESEB (2002; 2006; 2010; 2014). Obs: somente respostas válidas.

O cenário brasileiro atual, com aumento das não respostas para essas perguntas, parece contradizer a ideia segundo a qual a consolidação institucional e o aumento da experiência com a democracia aumentariam a cognição deste regime e o compromisso normativo. Esse cenário faz refletir sobre as considerações de Torcal (2008). Nos casos de democracias recentes como a brasileira, medir a preferência por regimes a partir de medidas realistas, que pedem aos entrevistados para avaliarem e se posicionarem sobre o regime político corrente e para o compararem ao regime autoritário anterior, experimentado por parcela significativa dos cidadãos, fornece parâmetros concretos para que os cidadãos definam suas preferências políticas e parece adequado para dimensionar a avaliação da democracia recente (Meneguello, 2010; Rose, 2002).

Nessa perspectiva, investiga-se em que medida as trajetórias da legitimidade democrática ou apoio à democracia, de um lado, e as curvas de apoio ao regime democrático como fenômeno prático estão relacionadas? Ou, em outros termos, em que medida o cenário brasileiro aponta que entre seus cidadãos há um apoio normativo contingente e não incondicional? É a essa questão que este artigo se dedica, ainda que de modo preliminar.

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7 Algumas definições

Em cenários de democratização recente, para entender as origens e características do apoio normativo é necessário analisar suas associações com o apoio à democracia como um fenômeno prático, no qual podem contar a comparação de experiências políticas e a racionalidade instrumental - a comparação de custos benefícios - na formação das preferências pelos distintos regimes políticos (Sarsfield e Echegaray, 2005; Meneguello, 2010). Os cidadãos apoiam (ou retiram apoio) as instituições por que suas experiências concretas, ao longo de sua vida cidadã, os qualificam para avaliar racionalmente o desempenho daquelas (Offe, 1999).

Apesar disso, no caso brasileiro em específico, a adoção pelos estudiosos do apoio político da perspectiva de Gunther e Montero (2003) de que legitimidade e efetividade democrática são fenômenos conceituais e empíricos distintos implicou também pouco considerar as possíveis associações entre os fenômenos da legitimidade e da satisfação com a democracia, ou, em outros termos, em que medida o desempenho do regime pode afetar a preferência normativa por ele. Algumas exceções são Sarsfield e Echegaray (2005) e Moisés e Carneiro (2008), que analisaram as novas democracias latino-americanas. Sarsfield e Echegaray (2005) mostraram que, no início dos anos 1990, a preferência normativa democrática entre os latino-americanos resultava mais da racionalidade utilitária, ou seja, da avaliação comparativa dos ganhos proporcionados pelos diferentes regimes, do que da crença de que o apoio à democracia deveria ser um fim em si mesmo ou resultante de um compromisso normativo com esta. Moisés e Carneiro (2008), por sua vez, encontraram, entre outras coisas, que os insatisfeitos com o regime são menos propensos a aderir à democracia em termos normativos e, quando o fazem, tendem a escolher modelos deficitários de democracia - sem partidos e sem congresso.

Não se trata de questionar a distinção conceitual e empírica entre legitimidade e efetividade democráticas, tampouco de questionar a capacidade que os cidadãos têm de as avaliarem separadamente, mas de observar as possíveis associações entre ambos5. Voltando aos dados do ESEB 2002 a 2014, nota-se que, apesar da diferença entre o percentual dos que preferem a democracia e os que estão satisfeitos com ela, as trajetórias

5 A própria ideia de contínuo do apoio político proposta inicialmente por Dalton (1999) e Norris (1999), composto pelos

objetos comunidade política, princípios do regime, desempenho do regime, instituições representativas e atores políticos, implica que embora objetos políticos distintos, eles estão inter-relacionados.

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das duas atitudes em relação à democracia seguem inclinações similares, como mostra o Gráfico 3:

Gráfico 3 – Preferência pela democracia e satisfação com o regime (%) Brasil – 2002 a 2014

Fonte: ESEB (2002; 2006; 2010; 2014).

Dessa forma, a partir do estudo do exemplo da democracia brasileira recente, busca-se compreender busca-se o apoio normativo ao regime democrático construiu ao longo do tempo um conteúdo incondicional e consolidador, em particular, se e de que modo a satisfação com a democracia e os governos do momento, seu desempenho econômico e político, bem como a memória política, afetam a preferência normativa pelo regime democrático - ou se é possível dizer que esta adquiriu uma natureza incondicional, como propõe Torcal (2008).

Torcal (2008) analisa a transição para a democracia espanhola a partir do início dos anos 1980 e o modo como o apoio democrático entre seus cidadãos, mais do que majoritário, se construiu como uma preferência política incondicional, ou seja, deixou de depender de preferências ideológicas, da avaliação dos resultados econômicos e dos êxitos do regime. Para o autor, embora desde o início da recente experiência democrática espanhola uma maioria de cidadãos tenha expressado uma preferência pelo regime democrático, a criação de tal apoio incondicional, imune e autônomo às conjunturas políticas e econômicas do país, construiu-se durante o processo de consolidação da estrutura político-democrática espanhola entre os anos 1980 e 2000. Tal apoio democrático

30,7 44,7 50,2 40,7 69,3 77,2 85,4 77,9 2002 2006 2010 2014 Preferem a democracia Satisfeitos com a democracia

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– como em outras democracias recentes – resulta de “[...]uma decisão racional individual baseada na comparação e avaliação de outros sistemas a partir de experiências anteriores (Torcal, 2008, p.35). No caso espanhol, a aprovação do novo regime e a rejeição ao regime anterior variaram simultaneamente, mas, como ressalta o autor, elas não são faces da mesma moeda (a rejeição ao regime autoritário não é condição necessária para o apoio à democracia: algumas pessoas podem valorizar a experiência autoritária e considerá-la um passo necessário no caminho da modernidade e progresso e, ao mesmo tempo, darem todo seu apoio ao regime democrático.

A mudança atitudinal que produziu um apoio democrático majoritário, de longa duração e incondicional entre os espanhóis foi fruto dos eventos da política nacional e de avaliações racionais dos cidadãos. A passagem do tempo e a institucionalização dos novos procedimentos político-democráticos, com seus percalços e avanços e os processos de aclimatação decorrentes, foram / são importantes para a construção da preferência normativa pela democracia.

Concordando com a ideia segundo a qual as preferências políticas dos indivíduos são racionais, Sarsfield e Echegaray (2005), analisando o apoio à democracia nas novas democracias latino-americanas, mostram, ademais, que há diferentes tipos de racionalidade (utilitária clássica – o apoio à democracia baseia-se na avaliação do custo-benefício dos resultados reais do regime; instrumental – o apoio à democracia depende do grau de efetividade do regime na realização de certos objetivos que são desejados ou avaliados positivamente e axiológica – o apoio à democracia como um fim em si, independente dos resultados que o regime ofereça) que podem embasar a preferência por regimes políticos. Para entender qual delas predomina na formação das preferências, é necessário examinar as relações entre apoio à democracia, satisfação com seu funcionamento e crenças sobre o regime democrático. Os autores encontraram que, em termos gerais, a preferência pela democracia nos países latino-americanos dos anos 1990 podia ser entendida como produto conjunto das três racionalidades, que se reforçavam mutuamente, mas que o peso maior era devido à racionalidade instrumental, sendo o impacto da racionalidade axiológica raro. Sarsfield e Echegaray concluíram que a preferência pela democracia se baseava em crenças dinâmicas e backgrounds contingentes afetados pela satisfação com o desempenho do regime e pela crença de que a democracia era efetiva. Por outro lado, os resultados mostraram também que as racionalidades utilitária

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e instrumental, quando não atendidas de modo suficiente para formar uma preferência democrática, tampouco mobilizaram apoio aberto às alternativas antidemocráticas. Geraram, ao contrário, maior indiferença quanto ao regime político entre os cidadãos.

Embora tenham apontado para a predominância de uma racionalidade instrumental na formação do apoio político democrático entre os latino-americanos, concluindo que os indivíduos necessitavam ser convencidos por resultados satisfatórios e evidência sustentável da eficácia do regime democrático para apoiá-lo, Sarsfield e Echegaray ressaltaram o caráter dinâmico e contingente da preferência política, além de não negarem a influência das racionalidades utilitária e axiológica. Nesse sentido, mesmo se se aceita o resultado e argumento dos autores para os primeiros anos das recentes e distintas experiências político-democráticas latino-americanas, isso não exclui a oportunidade de revisitar os correlatos da preferência normativa pela democracia e suas associações com as percepções cidadãs do desempenho deste regime, diante da consolidação dos regimes democráticos latino-americanos. A experiência política com a democracia e a consolidação das instituições democráticas modificaram as percepções e referenciais que os cidadãos embasam o apoio normativo ao regime?

Analisar as preferências e percepções políticas dos cidadãos de modo longitudinal é especialmente importante no caso das novas democracias, nas quais é, sobretudo, a experiência política dos cidadãos que os qualifica para conceder ou retirar apoio aos diferentes objetos do regime político democrático. Mishler e Rose (1999, 2002), por exemplo, analisando a trajetória do apoio político aos regimes pós-comunistas do Leste Europeu, entendem ser este apoio fruto de um processo de aprendizado político que é dinâmico. Explicando a preferência pela democracia (e a confiança institucional) a partir do “modelo de aprendizagem através da vida”, os autores apontam que o apoio político em regimes democráticos recentes é volátil e relativo, concedido à luz das alternativas plausíveis e historicamente condicionadas. Segundo o modelo dos autores, o apoio político compõe-se da soma corrente das influências dos valores culturais aprendidos desde a primeira socialização modificadas ou reforçadas pelas avaliações que os cidadãos fazem do desempenho das instituições. Estas últimas, mais próximas, prevalecerão em caso de conflito entre ambas. Ainda, há um elemento dinâmico subjacente ao apoio político que deve ser considerado na análise, a experiência política: conforme os cidadãos adquirem experiência com o novo regime, os caminhos nos quais eles o avaliam, pensam e sentem

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são prováveis de mudar. Se, nos primeiros anos da transição, o legado do regime autoritário pode ter sido importante, no longo prazo, as avaliações do desempenho econômico e político dos regimes correntes são prováveis de ter mais forte influência sobre os níveis de apoio político aos novos regimes.

Embora, no caso brasileiro, a experiência democrática recente tenha sido composta por misturas resultantes da permanência relativa de estruturas estatais e lideranças do passado autoritário e novas instituições democráticas, dificultando a comparação de regimes e criando espaços para comportamentos ambivalentes em relação à democracia por parte dos cidadãos, como Moisés (1995, 2010) chama atenção, o impacto do legado autoritário e possíveis mudanças associadas à passagem do tempo também devem ser levados em conta quando se analisa as origens do apoio normativo democrático.

Dados analisados

As variáveis utilizadas nesta análise são medidas de nível individual obtidas de pesquisas nacionais de opinião por amostragem para os anos de 19936 e 20147, selecionadas por conterem perguntas adequadas para tratar do apoio normativo à democracia no Brasil segundo os referenciais bibliográficos apresentados na seção anterior.

A variável dependente é a preferência normativa pela democracia, medida a partir da pergunta: Gostaria que você me dissesse com qual dessas 3 afirmações concorda mais:

1.A democracia é sempre melhor que qualquer forma de governo; 2.Em certas circunstâncias é melhor uma ditadura; 3.Tanto faz o regime. As variáveis previsoras

dividem-se em: 1.Rejeição a medidas do governo que envolvem a quebra da institucionalidade democrática (proibir partidos, fechar o congresso nacional, censurar meios de comunicação, proibir greves e intervir em sindicatos), que permitem melhor qualificar a adesão à democracia e testar sua efetividade; 2.Comparação dos governos militar e democrático em relação aos direitos humanos, à corrupção e à economia; 3.Avaliação do governo e da democracia (a) avaliação do governo do momento, b)

6 “Avaliação Presidente Itamar Franco e Cultura Política” - CEDEC/DATAFOLHA, mar.1993. Universo: eleitores brasileiros.

Amostra: 2499. Disponível no Banco de Dados de Pesquisas de Opinião do CESOP.

7 “Avaliação Presidente Dilma e 50 Anos da Ditadura Militar” – DATAFOLHA, fev.2014. Universo: eleitores brasileiros.

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expectativas econômicas, c) satisfação com o funcionamento da democracia); e 4. Características sociodemográficas. As perguntas utilizadas e as frequências simples das variáveis estão apresentadas nos Gráficos 4 a 14 do ANEXO.

A hipótese sugere que o apoio à democracia no país ainda tem caráter contingente aos acontecimentos políticos e econômicos, não se pautando em uma racionalidade axiológica. Um segundo suposto é o de que a comparação de aspectos dos regimes ditadura-democracia perde seu efeito através do tempo, ou seja, com a consolidação institucional da democracia, o legado democrático passa a contar mais do que a memória e comparação com o regime autoritário para a formação da preferência pela democracia.

Primeiramente, através da execução de procedimentos de análise de componentes principais para o conjunto das variáveis, busca-se compreender como se estabelece o mapa de adesão ao regime democrático no cenário brasileiro em 1993 e 2014. Nos dois momentos (Tabelas 3 e 4), as soluções encontradas têm 3 dimensões e as variáveis de rejeição a medidas que envolvam a quebra da institucionalidade democrática ocupam o 1ºfator. Isso sugere a força das percepções e rejeições dos cidadãos sobre as ações do Estado envolvendo a quebra da legalidade democrática como constituinte da preferência e apoio normativo à democracia entre os brasileiros. Se, no primeiro momento, esse posicionamento poderia estar associado à proximidade e lembrança com o passado autoritário, sua manutenção em 2014 parece apontar para a efetividade da convicção democrática entre os brasileiros.

Se, rigorosamente, se consideram como variáveis significativas apenas aquelas com cargas fatoriais acima de ,05, a preferência por regimes não se associaria a nenhum dos fatores / conjunto de variáveis. De todo modo, nos dois modelos, ela tende a associar-se às variáveis da segunda dimensão, com algumas diferenças importantes para a análise aqui proposta que cumprem analisar. Primeiro, ao contrário do esperado, é em 2014 que a comparação de aspectos (economia, direitos humanos e corrupção) dos governos democrático e ditatorial se associa à preferência por regimes / pela democracia neste fator. Em 1993, o segundo fator associou a preferência por regimes às variáveis de satisfação com o governo e com a democracia bem como à perspectiva de melhora da economia, confirmando a ideia de que o apoio à democratização brasileira se pautou pela racionalidade instrumental e pela expectativa de resolução dos problemas socioeconômicos do país. Neste caso, a comparação de regimes ocupou apenas o 3ºfator,

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de modo isolado – o que pode ser devido ao fato de que tanto a experiência institucional com a ditadura como a transição à democracia, ao combinarem estruturas autoritárias e democráticas, dificultem a comparação entre ambas de modo claro e mantenham resquícios do legado autoritário na avaliação do regime democrático. Ao mesmo tempo, os resultados para 2014 mostram que as variáveis de preferência normativa e satisfação com a democracia ocupam fatores distintos.

Tabela 3

Dimensões da preferência pela democracia – Brasil 1993

1 2 3

Governo deve ter o direito de intervir em sindicatos

,724

Governo deve ter o direito de proibir greves

,714

Governo deve ter o direito de proibir partido

,703

Governo deve ter o direito de censurar meios de comunicação

,622

Governo deve ter o direito de fechar o Congresso Nacional

,491

Avaliação Governo Itamar Franco ,695

Satisfação com o funcionamento da democracia

,642

Avaliação da economia futura ,558

Preferência por regimes ,324

Comparação governos militares – corrupção

,774

Comparação governos militares – economia

,727

Comparação governos militares – direitos humanos

,430

Variância explicada 18,9% 11,9% 11,2%

Variância total explicada 42 %

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14 Tabela 4

Dimensões da preferência pela democracia – Brasil 2014

1 2 3

Governo deve ter o direito de intervir em sindicatos

,643

Governo deve ter o direito de proibir partidos

,631

Governo deve ter o direito de proibir greves

,589

Governo deve ter o direito de censurar meios de comunicação

,571

Governo deve ter o direito de fechar o Congresso Nacional

,539

Comparação governos militares – direitos humanos

,779

Comparação governos militares - economia

,739

Comparação governos militares – corrupção

,413

Preferência por regimes ,412

Avaliação Governo Dilma Rousseff ,769

Avaliação economia futura ,660

Satisfação com o funcionamento da democracia

,646

Variância explicada 15,5% 13,1% 12,8%

Variância total explicada 41,4%

Método de Extração: Análise de componentes principais. Método de Rotação: Varimax com Rotação Kaiser.

Em busca de elementos mais rigorosos para entender a natureza da preferência pela democracia brasileira através do tempo, na sequência foram realizadas análises de regressão logística multinomial (Tabela 6). A categoria de referência da variável

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15

dependente (preferência normativa pela democracia medida a partir da pergunta: Com qual

dessas 3 afirmações concorda mais: 1.A democracia é sempre melhor que qualquer forma de governo; 2.Em certas circunstâncias é melhor uma ditadura; 3.Tanto faz o regime.) é

a “democracia” Quais os correlatos do apoio normativo à democracia ao longo do tempo? Compromisso com valores democráticos? Desempenho de governos? Satisfação de expectativas econômicas? A comparação com a ditadura importa?

As variáveis preditoras e sua descrição detalhada estão apresentadas na Tabela 5. Nesse caso, sempre que possível, elas também são incluídas nos modelos como multicategóricas para melhor observar as correlações das categorias de respostas com as preferências políticas.

Tabela 5

Operacionalização das variáveis preditoras

Pergunta Categorização das respostas

Satisfação com a democracia

1993 - Numa escala de 1 a 10 pontos, em que 1 significa que você está totalmente insatisfeito com a democracia e 10 que está totalmente satisfeito com a democracia onde você se situaria?

2014-Você diria que está muito satisfeito, um pouco satisfeito ou nada satisfeito com o funcionamento da democracia no Brasil?

Recodificação para 1993: 1 a 4 – nada satisfeito; 5 a 7 – um pouco satisfeito e 8 a 10 – muito satisfeito. Para 2014, a variável original foi mantida. A categoria de referência é “nada satisfeito”.

Avaliação de governo

Na sua opinião, o / a presidente Itamar Franco / Dilma Rousseff está fazendo um governo ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo?

As respostas foram recodificadas em ‘avaliação positiva’ (ótimo+bom), ‘avaliação regular’ (regular) e ‘avaliação negativa’ (ruim+péssimo). A categoria de referência é “avaliação negativa”. Expectativas econômicas

1993 – Quanto ao futuro, você acha que no próximo ano a situação econômica do país vai melhorar, piorar ou ficar igual? 2014-Na sua opinião, nos próximos meses a situação econômica do país vai melhorar, vai piorar ou vai ficar como está?

As variáveis foram recodificadas em escala ordinal (vai melhorar, ficar igual, vai piorar). A categoria de referência é “vai piorar”.

Comparação democracia-ditadura

1993- Em comparação com os últimos 10 anos dos governos militares, a situação da economia do país melhorou, piorou ou ficou igual? / Em comparação com os últimos 10 anos dos governos militares, a situação dos direitos humanos do país melhorou, piorou ou ficou igual? / Em comparação com os últimos 10 anos dos governos militares, a corrupção e o tráfico de influência melhoraram, pioraram ou ficaram igual?

As 3 variáveis foram recodificadas em escala ordinal (melhorou, ficou igual, piorou) e somadas em uma única variável com valores de 1 a 9 que vai da avaliação mais positiva à mais negativa da democracia frente a ditadura.

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16 Tabela 5 (CONT.)

Operacionalização das variáveis preditoras

Pergunta Categorização das respostas

Comparação democracia-ditadura

2014 - Pelo que você sabe ou ouviu dizer, a situação econômica do país hoje é melhor, igual ou pior do que no tempo dos governos militares? / Pelo que você sabe ou ouviu dizer, a situação dos direitos humanos do país hoje é melhor, igual ou pior do que no tempo dos governos militares? / Pelo que você sabe ou ouviu dizer, a corrupção do país hoje é melhor, igual ou pior do que no tempo dos governos militares?

Rejeição a medidas do governo que envolvem a quebra da institucionalidade democrática Você concorda ou discorda que o governo brasileiro deve ter o direito de proibir greves? / Você concorda ou discorda que o governo brasileiro deve ter o direito de intervir nos sindicatos? / Você concorda ou discorda que o governo brasileiro deve ter o direito de censurar jornais, TV e rádio? / Você concorda ou discorda que o governo brasileiro deve ter o direito de proibir a existência de algum partido? / Você concorda ou discorda que o governo brasileiro deve ter o direito de fechar o Congresso Nacional?

1993 – As respostas “concorda muito” e “concorda pouco” foram somadas na categoria “concorda”. As respostas “discorda muito” e “discorda pouco” foram somadas na categoria “discorda”.

2014 - As respostas “concorda muito” e “concorda pouco” foram somadas na categoria “concorda”. As respostas “discorda muito” e “discorda pouco” foram somadas na categoria “discorda”.A resposta “nem concorda nem discorda” foi tornada missing value.

Nos 2 anos, em seguida, as 5 variáveis foram somadas em uma única variável com valores de 1 a 10 que vai do comportamento mais antidemocrático ao mais democrático.

Sexo A categoria de referência é Feminino

Escolaridade A variável original foi tornada dicotômica: Baixa

escolaridade – até Ensino Médio incompleto e Média/Alta escolaridade – pelo menos Ensino Médio completo. A categoria de referência é “Pelo menos Ensino Médio completo”.

Faixa etária Variável categorizada em 3 grupos: 16 a 34 anos;

35 a 44 anos e 45 anos ou mais. A categoria de referência é “45 anos ou mais”.

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17 Tabela 6

Correlatos da Preferência pela Democracia – Brasil 1993 e 2014

1993 2014

Ditadura Tanto faz Ditadura Tanto faz

Apoio às normas democráticas ,834* ,793* ,850* ,860*

Comparação democracia-ditadura 1,110* ,989 1,286* 1,154*

Avaliação governo federal

Ótimo/bom ,853 1,469** ,859 1,273

Regular ,857 1,131 ,857 1,027

Expectativa desempenho economia

Melhorar ,648** ,673** ,935 1,097

Ficar como está ,785 ,815 ,700 1,002

Satisfação desempenho democracia

Muito satisfeito ,392* ,875 ,314* ,576**

Um pouco satisfeito ,667* ,845 ,568* ,655*

Sexo

Masculino 1,509* ,592* 1,237 ,652*

Escolaridade

Até Ensino Médio incompleto ,954 3,652* 1,093 1,938* Faixa etária

16 a 34 anos 1,231 1,413** 1,217 1,813*

35 a 45 anos 1,205 1,062 1,058 ,965

R² Cox & Snell ,136 ,104

R² Nagelkerke ,162 ,124

R² McFadden ,080 ,060

N 1894 1532

* sig, a ,01; ** sig. a ,05

Notas: Nos 2 modelos, os números das amostras são menores do que o total da amostra devido aos “missing cases” contidos na variável dependente. Categorias de referência das variáveis independentes omitidas. Variável dependente: preferência por regimes. Categoria de referência: democracia.

Discussão

Os efeitos das racionalidades utilitária e instrumental sobre a preferência por regimes, aqui medidos pelas avaliações do governo, do funcionamento da democracia e das expectativas econômicas, são mistos. Os resultados mostram que, em 1993, de fato, a expectativa de melhoria da situação econômica correlacionou-se à preferência democrática, diminuindo as chances de escolher a ditadura ou ser indiferente quanto ao regime. Isso vai ao encontro da ideia de que o apoio à democracia nos anos 1990 também se construiu sobre a base da expectativa da resolução das questões socioeconômicas. Por outro lado, ao contrário do sugerido inicialmente, em 2014, a associação entre expectativa de desempenho econômico e preferência política não se estabelece. Tampouco a avaliação

(18)

18

de governo está associada à construção da preferência política no cenário brasileiro aqui estudado, nesse caso, tanto em 1993 como em 2014. Não obstante, a satisfação com o funcionamento da democracia mantém associação significativa com a preferência por regimes nos dois momentos estudados sendo que, se em 1993, a insatisfação favorecia a escolha pela ditadura, em 2014, ela reforça, além disso, a indiferença ou a dúvida quanto ao regime. Nesse sentido, o desempenho em alguma medida continua importando. Tendo em vista os resultados mistos das avaliações de governo, da democracia e da economia, que, esperava-se, fossem no mesmo sentido, uma questão que deve ser colocada para pesquisa futura diz respeito a qualificar as ideias de desempenho e funcionamento da democracia que embasam as avaliações do regime feitas pelos cidadãos – tal como a preocupação de qualificar a opção democrática dos cidadãos (Fuks, et al., 2016).

O apoio às normas democráticas - ou a rejeição às medidas pelo governo de quebra da legalidade democrática -, aliás, é o mais consistente correlato da preferência normativa pela democracia. Se essa relação parece óbvia dentro dos cânones da democracia representativa, ela também sugere a coerência ou consistência da preferência pela democracia entre os brasileiros.

Os resultados aqui apresentados também sugerem a permanência do legado da ditadura para a preferência política. Em 2014, essa comparação, quando negativa para a democracia, aumenta tanto as chances de preferência pela ditadura quanto de não posicionamento sobre o regime político. Embora os efeitos sejam em geral pequenos isso aponta que a preferência pela democracia não pode ser entendido apenas como pautado em alguma racionalidade axiológica ou incondicional, mas que também se funda na experiência política. Isso, pelo menos nos dados aqui analisados, se mantém após, em média, vinte e cinco anos de experimento democrático. Esse achado reitera, dessa forma, a importância do uso de medidas realistas para apurar o apoio à democracia no país. Ao mesmo tempo, aponta que a memória ou o legado da ditadura importa para o apoio normativo à democracia no cenário brasileiro. Esse resultado deve ser lido junto com os efeitos das desigualdades educacionais e das experiências do ciclo de vida dos indivíduos sobre o apoio normativo. Nos dois momentos, os mais jovens e aqueles com menores níveis de instrução têm maiores chances de serem indiferentes ao regime político. Se, por um lado, o legado da ditadura ainda importa, a experiência institucional da democracia também não tem sido capaz de redimensionar a relação dos cidadãos com a política representativa.

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19 Referências bibliográficas

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Torcal, M. “El origen y la evolución del apoyo a la democracia en España. La

construcción del apoyo incondicional en las nuevas democracias” Revista Española de

(21)

21

ANEXO - Variáveis utilizadas

GRÁFICO 4 - PREFERÊNCIA POR REGIMES (%)

Pergunta: Gostaria que você me dissesse com qual das 3 afirmações você concorda mais: 1.A democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma de regime; 2. Em certas circunstâncias, é melhor uma ditadura do que uma democracia; 3.Tanto faz se o governo é uma democracia ou uma ditadura.

GRÁFICO 5 - SATISFAÇÃO COM A DEMOCRACIA (%)

Perguntas: 1993- Numa escala de 1 a 10 pontos, em que 1 significa que você está totalmente insatisfeito com a democracia e 10 que está totalmente satisfeito com a democracia onde você se situaria? 2014-Você diria que está muito satisfeito, um pouco satisfeito ou nada satisfeito com o funcionamento da democracia no Brasil?

Nota: Recodificação para 1993: 1 a 4 – nada satisfeito; 5 a 7 – um pouco satisfeito e 8 a 10 – muito satisfeito. 57,9 13,7 13,7 14,7 61,8 13,5 15,9 8,8 Democracia Ditadura Tanto faz Não sabe 1993 2014 14,2 38,8 47,1 9,4 61,8 28,9

Muito satisfeito Um pouco satisfeito Nada satisfeito 1993 2014

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GRÁFICO 6 - AVALIAÇÃO DO GOVERNO FEDERAL (%)

Perguntas: Na sua opinião, o / a presidente Itamar Franco / Dilma Rousseff está fazendo um governo...

GRÁFICO 6 - EXPECTATIVA DESEMPENHO ECONOMIA NACIONAL NO ANO SEGUINTE (%)

Perguntas: 1993 – Quanto ao futuro, você acha que no próximo ano a situação econômica do país vai melhorar, piorar ou ficar igual? 2014-Na sua opinião, nos próximos meses a situação econômica do país vai melhorar, vai piorar ou vai ficar como está?

19 58 23 41,1 37,7 21,2

Ótimo/bom Regular Ruim/péssimo

Itamar Franco (1993) Dilma Rousseff ( 2014)

43,5 16,5 26,5 13,5 33,8 26,9 35,3 4

Vai melhorar Vai piorar Vai ficar como está Não sabe 1993 2014

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23

COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO DA DEMOCRACIA COM GOVERNOS MILITARES

GRÁFICO 7 – SITUAÇÃO ECONÔMICA (%)

Perguntas: 1993- Em comparação com os últimos 10 anos dos governos militares, a situação da economia do país melhorou, piorou ou ficou igual? 2014 - Pelo que você sabe ou ouviu dizer, a situação econômica do país hoje é melhor, igual ou pior do que no tempo dos governos militares?

GRÁFICO 8 – SITUAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS (%)

Perguntas: 1993- Em comparação com os últimos 10 anos dos governos militares, a situação dos direitos humanos do país melhorou, piorou ou ficou igual?2014-Pelo que você sabe ou ouviu dizer, a situação dos direitos humanos do país hoje é melhor, igual ou pior do que no tempo dos governos militares?

25,2 18,3 42,6 13,9 48,9 18,1 23,5 9,5

Melhorou Ficou igual Piorou Não sabe 1993 2014 35,4 26,3 23,2 15,1 51 17,4 22 9,7

Melhorou Ficou igual Piorou Não sabe 1993 2014

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GRÁFICO 9 – SITUAÇÃO DA CORRUPÇÃO (%)

Perguntas: 1993- Em comparação com os últimos 10 anos dos governos militares, a corrupção e o tráfico de influência melhoraram, pioraram ou ficaram igual? 2014- Pelo que você sabe ou ouviu dizer, a corrupção do país hoje é melhor, igual ou pior do que no tempo dos governos militares?

COMPROMISSO DEMOCRÁTICO

GRÁFICO 10 - GOVERNO FEDERAL DEVE TER DIREITO DE PROIBIR GREVES (%)

Pergunta: Você concorda ou discorda que o governo brasileiro deve ter o direito de proibir greves?

19,3 31 32,3 17,4 8,1 18 67,7 6,1

Melhorou Ficou igual Piorou Não sabe 1993 2014 28,3 77,6 4,1 21,9 72 6 Concorda Discorda Não sabe 1993 2014

(25)

25

GRÁFICO 11 - GOVERNO DEVE TER DIREITO DE INTERVIR EM SINDICATOS (%)

Pergunta: Você concorda ou discorda que o governo brasileiro deve ter o direito de intervir nos sindicatos?

GRÁFICO 12- GOVERNO DEVE TER DIREITO DE CENSURAR IMPRENSA (%)

Pergunta: Você concorda ou discorda que o governo brasileiro deve ter o direito de censurar jornais, TV e rádio? 25,5 65,3 9,1 28,4 59,1 12,5 Concorda Discorda Não sabe 1993 2014 24,6 68,2 7,2 13,4 88,6 7,1 Concorda Discorda Não sabe 1993 2014

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26

GRÁFICO 13 - GOVERNO DEVE TER DIREITO DE PROIBIR EXISTÊNCIA DE ALGUM PARTIDO (%)

Pergunta: Você concorda ou discorda que o governo brasileiro deve ter o direito de proibir a existência de algum partido?

GRÁFICO 14 - GOVERNO DEVE TER DIREITO DE FECHAR O CONGRESSO NACIONAL (%)

Pergunta: Você concorda ou discorda que o governo brasileiro deve ter o direito de fechar o Congresso Nacional? 24,4 67,2 8,4 22,5 60,2 11,3 Concorda Discorda Não sabe 1993 2014 21,9 66,4 11,6 19,5 68,6 11,9 Concorda Discorda Não sabe 1993 2014

Referências

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