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Rev. Bras. Psiquiatr. vol.24 número4

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Academic year: 2018

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Rev Bras Psiquiatr 2002;24(4):164

A pesquisa pré-clínica, ou seja, com animais, tem sido utili-zada principalmente com objetivo de: (a) iniciar a avaliação da segurança, tolerabilidade e possível eficácia de novas drogas; (b) estudar o mecanismo de ação de psicofármacos; (c) auxili-ar na elucidação dos mecanismos neurobiológicos dos trans-tornos mentais.1,2 Embora os primeiros psicofármacos

moder-nos tenham sido descobertos em estudos clínicos visando ou-tros quadros (a imipramina, no tratamento da esquizofrenia, ou a iproniazida, na tuberculose, são exemplos), atualmente os modelos animais tem sido considerados a espinha dorsal da pesquisa de novas drogas,1 tendo contribuído decisivamente

no desenvolvimento dos tratamentos atuais da depressão e esquizofrenia.2 Mesmo em campos em que o refinamento e

complexidade técnicas têm crescido vertiginosamente – como a genética, por exemplo – há uma grande dependência dos modelos animais quando se deseja estudar os genes relaciona-dos a determinarelaciona-dos comportamentos.3 A importância da

pes-quisa pré-clínica na medicina pode ser constatada no grande paralelismo existente entre o aumento deste tipo de aborda-gem e os avanços no conhecimento médico. Segundo Nicoll & Russell,4 mais de 70% dos principais avanços biomédicos

es-tão relacionados à experimentação com animais.

Os estudos com modelos animais (preparações experimen-tais desenvolvidas em uma espécie para compreender determi-nado fenômeno em outra espécie),5 apesar de suas limitações,

permitem o estudo da contribuição de um fator em determina-do transtorno mental, controlandetermina-do-se as outras variáveis. Per-mite também estudar a interação entre as múltiplas variáveis.5

Considerando-se a característica multifatorial dos transtornos mentais, esta abordagem torna-se extremamente valiosa.5

Entre as principais limitações dos modelos animais, está o

Editorial

A importância dos modelos animais em psiquiatria

fato de nos limitarmos à observação de alterações comporta-mentais ou fisiológicas em detrimento da característica emi-nentemente subjetiva e introspectiva dos transtornos mentais.1,6

Apesar disto, a importância dos modelos animais na compre-ensão da neurobiologia dos transtornos mentais pode ser cons-tatada ao se comparar o grande número de teorias propostas para a depressão, para a qual existem vários modelos, como o relativamente pequeno número de teorias propostas para a neurobiologia da mania, para a qual quase não existem mode-los bem validados, apesar desses quadros coexistirem nos pa-cientes com transtorno bipolar.

Mas qual a importância disso para o clínico? Realmente, não haveria tempo hábil (e provavelmente seria desnecessário, caso não pense em trabalhar com pesquisa pré-clínica) que o clínico procurasse um grande aprofundamento nesta questão. Entre-tanto, tendo em vista que somos apresentados continuamente a teorias neurobiológicas dos transtornos mentais ou a propostas de novos fármacos com mecanismos de ação diversos dos atu-ais, considero que o psiquiatra deve estar minimamente fami-liarizado com os modelos animais empregados para gerar es-sas teorias e desenvolver os novos psicofármacos. Isto permi-tiria ao clínico leitor de revistas científicas uma melhor análise crítica das informações pertinentes à pesquisa pré-clínica e suas implicações clínicas. Portanto, acredito ser importante haver um espaço nas revistas e nos congressos clínicos para que no-ções básicas sobre o tópico sejam abordadas.

Roberto Andreatini

Departamento de Farmacologia, UFPR

Referências

1. Rodgers RJ, Cao B-J, Dalvi A, Holmes A. Animal models of anxiety: an ethological perspective. Brazilian J Med Biol Res 1997;30:289-304. 2. Weiss JM, Kilts CD. Animal models of depression and schizophrenia. In:

Schatzberg AF, Nemeroff CB, editors. Textbook of psychopharmacology. Washington (DC): American Psychiatric Press Inc.; 1998. p. 89-131. 3. Lederhendler I, Schulkin J. Behavioral neuroscience: challenges for the

era of molecular biology. TINS 2000;23(10):451-4.

4. Nicoll CS, Russell SM. Mozart, Alexander the Great, and the animal rights/ liberation philosophy. FASEB J 1991;5:2888-92.

5. McKinney Jr-WT. Animal research and its relevance to psychiatry. In: Sadock BJ, Sadock VA, editors. Kaplan & Sadock’s comprehensive textbook of Psychiatry. 7th ed. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins;

2000. p. 545-62.

6. Guimarães FS. Modelos experimentais de doenças mentais. Rev ABP-APAL 1993;15(4):149-52.

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