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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0647.09.100877-9/001

Número do Númeração 0958579-

Des.(a) Antônio Carlos Cruvinel Relator:

Des.(a) Antônio Carlos Cruvinel Relator do Acordão:

14/04/2015 Data do Julgamento:

23/04/2015 Data da Publicação:

E M E N T A : A G R A V O E M E X E C U Ç Ã O - R O U B O M A J O R A D O - LIVRAMENTO CONDICIONAL - DESCUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES IMPOSTAS - NOTÍCIA DE CRIME SUPERVENIENTE DURANTE O PERÍODO DE PROVA - SUSPENSÃO CAUTELAR DO BENEFÍCIO - POSSIBILIDADE -APREENSÃO DE "CHIP" DE APARELHO DE TELEFONIA CELULAR DENTRO DA CELA DO ESTABELECIMENTO PRISIONAL - P O S S E E U T I L I Z A Ç Ã O A S S U M I D A P E L O A G R A V A D O E M PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO - FALTA GRAVE CONFIGURADA NOS TERMOS DO ART. 50, INCISO VII DA LEP - PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DECISÃO MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO .

A notícia do cometimento de novo delito no curso do cumprimento de livramento condicional, constitui falta grave a possibilitar a suspensão cautelar do benefício, nos termos do artigo 145 da LEP. À luz da norma contida no art. 50, inciso VII da LEP, deve ser registrada em desfavor do agravado a falta grave consistente na posse de "chip" de aparelho de telefonia celular dentro da cela do estabelecimento prisional. O Superior Tribunal de Justiça, no informativo nº 517, firmou o entendimento de que não só a posse de celular, mas como também a retenção de seus acessórios, tais como "chip" e carregador, configuram falta grave, uma vez que fundamentais para o funcionamento do aparelho de telefonia e comunicação com o ambiente externo.

Desprovimento ao recurso é medida que se impõe.

AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL Nº 1.0647.09.100877-9/001 - COMARCA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO - AGRAVANTE(S): GEAN PIERRE TEIXEIRA DE ALMEIDA - AGRAVADO(A)(S): MINISTÉRIO PÚBLICO

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DO ESTADO DE MINAS GERAIS A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 3ª CÂMARA CRIMINAL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

DES. ANTÔNIO CARLOS CRUVINEL PRESIDENTE E RELATOR.

DES. ANTÔNIO CARLOS CRUVINEL (PRESIDENTE E RELATOR)

V O T O

Presentes os pressupostos de sua admissibilidade, conhece-se do recurso.

Trata-se de recurso de agravo em execução penal, interposto por Gean Pierre Teixeira de Almeida, em face da decisão de fls. 23, que suspendeu o benefício do seu livramento condicional, pela prática, em tese, de novo crime durante a vigência do período de prova, e contra a decisão de fls. 34/35, que regrediu o regime de cumprimento de pena do semiaberto para o fechado em

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grave - portar "chip" telefônico dentro do estabelecimento prisional.

Nas razões de fls. 03/11, pleiteia-se a cassação das decisões, sustentando a impossibilidade de cumular a regressão de regime e a suspensão do livramento condicional.

É em síntese, o relatório.

Infere-se do presente instrumento, que o agravante, condenado pelo delito de roubo majorado, cumpria pena em regime semiaberto quando lhe foi concedido o livramento condicional.

Em 25/07/2013, concedeu-se-lhe o livramento condicional (fls. 41), sendo certo que durante o cumprimento do benefício o reeducando veio a cometer novo delito, em 06/05/2014.

Dispõe o artigo 118 LEP:

"A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:

I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;"

Por tal razão, a MMª. Juíza "a quo", nos termos do artigo 145, da LEP, suspendeu, o livramento condicional na data de 15/10/2014 (fls. 23).

Irretocável, pois, a decisão, porquanto a suspensão do livramento condicional possui o caráter de ato discricionário do magistrado, deixando expresso o artigo 145 da LEP, que a suspensão será precedida da oitiva do Conselho Penitenciário e do Ministério Público, desnecessário, pois, que o próprio condenado seja ouvido, o que

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somente ocorrerá em se tratando da revogação do benefício, medida esta que reclama nova sentença, ao contrário da mera suspensão.

Desse modo, pode a Juíza da Vara das Execuções Criminais suspender o benefício, diante da simples notícia da prática de novo crime, através de indiciamento em inquérito policial ou mesmo através do oferecimento de denúncia por este novo fato considerado delituoso.

Registre-se que consta dos autos do processo às fls. 17/21, a denúncia que fora oferecida em desfavor do agravante.

Eis a jurisprudência deste e. Tribunal de Justiça:

"AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL - COMETIMENTO DE FALTA GRAVE DURANTE LIVRAMENTO CONDICIONAL - REGRESSÃO DE REGIME - POSSIBILIDADADE - SISTEMA REGRESSIVO - INTERPRETAÇÃO DO ART. 118 DA LEP - RECURSO NÃO PROVIDO. - O sistema regressivo, previsto no art. 118 da LEP, constitui regra geral em sede de execução, devendo ser aplicado a todos os condenados, sem exceções. - O fato de o apenado estar em período de livramento condicional não o isenta da disciplina e das condições gerais do cumprimento de sanção criminal, devendo, também, regredir de regime quando praticar novo fato definido como crime doloso." (TJMG - Agravo em Execução Penal 1.0054.13.001999 -2/001, Relator(a): Des.(a) Jaubert Carneiro Jaques, 6ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 10/06/2014, publicação da súmula em 18/06/2014)

No mesmo sentido é o entendimento esposado pelo colendo Superior Tribunal de Justiça:

"HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. LIVRAMENTO CONDICIONAL.

DESCUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES IMPOSTAS. SUSTAÇÃO CAUTELAR

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DO BENEFÍCIO. OITIVA PRÉVIA DO SENTENCIADO. DESNECESSIDADE.

ORDEM DENEGADA. 1. O descumprimento das condições impostas autoriza a suspensão cautelar do livramento condicional, sendo despicienda a oitiva prévia do segregado, a qual é necessária apenas quando a providência for tomada em caráter definitivo. 2. Ordem denegada." (HC 123.402/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 01/10/2009, DJe 09/11/2009)

Quanto à regressão de regime, também depreende-se dos autos do processo, que em momento posterior, durante um procedimento de busca dentro do estabelecimento prisional, foi encontrado em poder do agravante um "chip" telefônico, tendo o agravante utilizado dele em um aparelho de telefone celular para se comunicar com pessoas no ambiente externo (fl.

24/25).

Estabelece o art. artigo 50 da Lei de Execução Penal, que comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: inciso VII: "tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo".

No mesmo diploma legal prescreve o artigo 118, "que a execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado, inciso I, praticar fato definido como crime doloso ou falta grave".

O fato de o agravante ter sido colhido de posse de "chip" que, inserido em aparelho de telefonia celular, lhe permitiria a comunicação com o ambiente externo, conforme suas próprias declarações, configura a falta grave prevista no art. 50, inciso VII da LEP.

Registre-se que o Superior Tribunal de Justiça, no informativo nº 517/2014, firmou o entendimento de que não só a posse de celular,

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mas como também a posse de seus acessórios, tais como "chip" e carregador, configuram falta grave, uma vez que fundamentais para o funcionamento do aparelho de telefonia.

A propósito, os seguintes arestos:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL.

POSSE DE "CHIP" DE APARELHO CELULAR. CONDUTA PRATICADA APÓS A ENTRADA EM VIGOR DA LEI N. 11.466/2007. FALTA GRAVE C A R A C T E R I Z A D A . A U S Ê N C I A D E F L A G R A N T E I L E G A L I D A D E . NEGATIVA DE AUTORIA E PRETENSÃO DE DESCLASSIFICAÇÃO.

IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE REEXAME DO ACERVO FÁTICO- PROBATÓRIO DOS AUTOS. RECURSO IMPROVIDO. 1. É cediço que o propósito primordial da alteração legislativa promovida pela Lei n.

11.466/2007 foi conter a comunicação entre os presos e o ambiente externo, evitando-se, assim, a deletéria perpetuação da atividade delitiva, notadamente se considerada a proliferação da criminalidade organizada até mesmo no interior dos cárceres. Assim, há de se ter por falta grave não só a posse de aparelho de telefonia em si, mas também de qualquer outro componente imprescindível para o seu funcionamento. Conclusão diversa permitiria o fracionamento do aparelho entre cúmplices apenas com o propósito de afastar a aplicação da lei e de escapar das sanções nela previstas. [...]. 2. [...]. (RHC 45.909/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2014, DJe 22/05/2014).

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL.

POSSE DE CHIPS DE APARELHO CELULAR. ALEGADA FALTA DE COMPROVAÇÃO DA INFRAÇÃO DISCIPLINAR. VIA IMPRÓPRIA. TESE D E A T I P I C I D A D E D A C O N D U T A . D E S C A B I M E N T O . C O N D U T A PRATICADA APÓS A ENTRADA EM VIGOR DA LEI N.º 11.466, DE 29 DE MARÇO DE 2007. FALTA GRAVE. ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS P R I N C Í P I O S D O C O N T R A D I T Ó R I O E D A A M P L A D E F E S A .

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REGULARMENTE PROCESSADO. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO. 1. O exame da tese referente à inocência do Recorrente, por supostamente não ter sido devidamente comprovado o cometimento da falta grave, não se coaduna com a via estreita do recurso ordinário em habeas corpus, dada a necessidade de incursão na seara fático-probatória. Precedente. 2. Com a edição da Lei n.º 11.466, de 29 de março de 2007, passou- se a considerar falta grave tanto a posse de aparelho celular, como a de seus componentes, tendo em vista que a ratio essendi da norma é proibir a comunicação entre os presos ou destes com o meio externo. Precedentes. 3. [...]. 4. [...]. 5.

Recurso ordinário desprovido. (RHC 46.945/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe 21/08/2014).

No mesmo sentido, vem entendendo este e. Tribunal:

AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE. POSSE DE CHIP DE TELEFONIA CELULAR. AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO DESIGNADA DE O F Í C I O P E L O J U Í Z O D A E X E C U Ç Ã O . P O S S I B I L I D A D E . RECONHECIMENTO DA FALTA GRAVE. NECESSIDADE. 1. A Lei de Execuções Penais prevê a possibilidade de o Juízo da Execução instaurar,

"de ofício", o procedimento judicial para apuração de eventual falta grave. 2.

Pratica falta grave o reeducando que, em cumprimento de pena, mantém indevidamente em sua posse aparelho celular ou qualquer de suas partes elementares, tais como o chip e o carregador, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo, nos termos do artigo 50, VII, da Lei 7.210//1984. (TJMG - Agravo em Execução Penal 1.0702.13.077857- 5/001, Relator (a): Des.(a) Maria Luíza de Marilac, 3ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 23/09/2014, publicação da súmula em 01/10/2014).

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Como se vê, a qualquer momento poderia o reeducando inserir o "chip"

para o perfeito funcionamento de qualquer aparelho de celular.

Além disso, desnecessária a perícia no referido objeto, porque não é crível que o recuperando se arrisque a cometer a falta grave portando acessório de aparelho celular que não seja apto para realização de ligações telefônicas.

Por fim, como bem observado pela douta Procuradoria de Justiça, "a alegada inexistência de pena devido a suspensão do livramento condicional como sustentado pelo ilustre colega oficiante em 1º grau, não encontra respaldo legal, haja vista que a legislação determina a suspensão do referido benefício até o trânsito em julgado do novo crime apenas para salvaguardar possível absolvição. Não consistindo tal medida carta em branco ao penitente para que possa cometer faltas disciplinares indistintamente e sem punição. Mesmo que assim não fosse, a apuração da falta grave ocorreu após a revogação do livramento condicional".

Pelo exposto, nega-se provimento ao recurso, mantendo-se inalterada a decisão hostilizada.

Custas na forma da lei.

O SR. DES. PAULO CÉZAR DIAS - De acordo com o(a) Relator(a).

O SR. DES. FORTUNA GRION - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO."

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