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PARLAMENTO EUROPEU RELATÓRIO. Documento de sessão FINAL A6-0256/

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RR\576631PT.doc PE 355.729v03-00

PT PT

PARLAMENTO EUROPEU

2004









 

2009

Documento de sessão

FINAL A6-0256/2005 1.8.2005

RELATÓRIO

sobre as relações entre a UE e a Índia: Uma Parceria Estratégica (2004/2169(INI))

Comissão dos Assuntos Externos

Relator: Emilio Menéndez del Valle

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PE 355.729v03-00 2/28 RR\576631PT.doc

PT

PR_INI

Í N D I C E

Página

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU...3

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS ...17

PARECER DA COMISSÃO DO DESENVOLVIMENTO ...22

PARECER DA COMISSÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL ...25

PROCESSO ...28

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PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU sobre as relações entre a UE e a Índia: Uma Parceria Estratégica

(2004/2169(INI)) O Parlamento Europeu,

– Tendo em conta o documento do Alto Representante para a política externa e de

segurança comum intitulado “Uma Europa segura num mundo melhor. Estratégia europeia em matéria de segurança”, de 12 de Dezembro de 2003,

– Tendo em conta a Comunicação da Comissão intitulada "Uma Parceria Estratégica UE- Índia" (COM(2004)0430), de 16 de Junho de 2004, e a resposta da Índia a essa

comunicação no seu documento estratégico de Agosto de 2004,

– Tendo em conta a sua recomendação ao Conselho, de 28 de Outubro de 2004, sobre as relações entre a UE e a Índia

1

, e todas as suas resoluções recentes relacionadas com a Índia e a sua região,

– Tendo em conta as conclusões do Conselho “Assuntos Gerais” de 11 de Outubro de 2004 sobre a Comunicação da Comissão,

– Tendo em conta a 5ª Cimeira UE-Índia realizada em Haia em 8 de Novembro de 2004, – Tendo em conta o comunicado de imprensa conjunto publicado em 8 de Novembro de

2004 pela UE e a Índia em conclusão da 5ª Cimeira e a declaração conjunta sobre as relações culturais da mesma data, bem como a intenção manifestada pela UE e a Índia de elaborar um plano de acção UE-Índia para uma Parceria Estratégica e uma nova

declaração política conjunta, a aprovar na 6ª Cimeira a realizar na Índia em Setembro de 2005,

– Tendo em conta as sete reuniões da Mesa Redonda UE-Índia, criada na sequência da Agenda elaborada em 2001 na cimeira de Lisboa entre a UE e a Índia, com o objectivo de estreitar as relações entre as sociedades civis indiana e europeia e que preconiza a criação de uma rede de centros de investigação UE-Índia,

– Tendo em conta as conclusões do Conselho de 11 de Outubro de 2004 supramencionadas e a referência ao diálogo entre a UE e a Índia sobre os direitos humanos,

– Tendo em conta as acções de sensibilização no domínio dos direitos humanos e os projectos de boa governação e participação no processo de tomada de decisões a nível de povoações e aldeias, apoiados pela Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos Humanos (IEDDH), bem como outros projectos conexos,

– Tendo em conta a visita a Nova Deli da Delegação do Parlamento Europeu para as Relações com os Países da Ásia do Sul e a Associação para a Cooperação Regional da Ásia do Sul (SAARC) em Novembro de 2004,

1

Textos Aprovados nesta data, P6_TA(2004)0044.

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PT

– Tendo em conta a visita à Índia em Janeiro de 2005 do Comissário europeu responsável pelo comércio, Peter Mandelson, e nomeadamente o discurso que pronunciou em Calcutá subordinado ao tema "A agenda económica global: o desafio para a Europa e a Índia", – Tendo em conta a reunião do G-20 organizada pela Índia em Fevereiro de 2005, e a sua

participação como observador na última reunião do G-7,

– Tendo em conta o Fórum Parlamentar Índia-EUA realizado na sede da Federação das Câmaras de Comércio e da Indústria da Índia em Nova Deli, em Março de 2005, – Tendo em conta a visita da Secretária de Estado norte-americana, Condoleeza Rice, à

região em Março de 2005 e a do Primeiro-Ministro chinês, Wen Jibao, em Abril, ao Paquistão, Bangladesh, Sri Lanka e Índia,

– Tendo em conta a Declaração de Doha da OMC sobre o acordo TRIPS e a saúde pública, adoptada em 14 de Novembro de 2001,

– Tendo em conta o artigo 45º do seu Regimento,

– Tendo em conta o relatório da Comissão dos Assuntos Externos e os pareceres da Comissão do Desenvolvimento e da Comissão do Comércio Internacional

(A6-0256/2005),

A. Considerando que a UE e a Índia constituem as maiores democracias do mundo e que o seu empenhamento comum em prol da democracia, do pluralismo, do Estado de direito e do multilateralismo nas relações internacionais contribui para a paz e a estabilidade mundiais,

B. Considerando que a Índia e a UE partilham uma visão comum segundo a qual o

comércio, o investimento e a livre concorrência são factores-chave do desenvolvimento económico, e que ambas reconhecem que para o realizar é necessário garantir a coesão socioeconómica, a protecção do ambiente e os direitos dos consumidores,

C. Considerando que a UE é o maior parceiro comercial da Índia e a principal fonte de investimento directo estrangeiro no país,

D. Considerando que o Partido do Congresso, que ganhou as eleições em Maio de 2004, obteve o seu apoio eleitoral das classes rurais, que se sentiam excluídas dos benefícios ligados à explosão tecnológica da Índia,

E. Considerando a enorme diversidade linguística, social e religiosa da Índia, país de paradoxos com uma população de 1,069 mil milhões de habitantes, uma sociedade aberta, mas que deve fazer face ao desafio de extrair 370 milhões de pessoas da pobreza, e que é líder mundial em matéria de tecnologia da informação, mas no qual 550 milhões de pessoas vivem da agricultura,

F. Considerando que 34,7% da população da Índia vive aquém do limiar de pobreza, dos

quais um quarto reside em zonas urbanas; considerando que, por isso, os programas

comunitários de erradicação da pobreza na Índia devem ser prosseguidos para contribuir

para a realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio,

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PT

G. Considerando que tanto a União Europeia como a Índia são sociedades democráticas e abertas,

H. Considerando que a Índia acolhe a segunda maior população muçulmana do mundo, depois da Indonésia, e que a União Europeia alberga vários milhões de pessoas dessa religião e cultura,

I. Considerando que a UE e a Índia dispõem do potencial para estabelecer um elo privilegiado nas relações internacionais, mas que existe na Índia uma falta de conhecimento da UE e do seu sistema democrático; salientando o potencial da Índia como parceiro da UE nos esforços para encorajar novas e jovens democracias, J. Considerando que a Índia e o Paquistão entabularam, desde o início de 2004, um

diálogo permanente para pôr termo a certos litígios que opõem os dois países, K. Considerando, no entanto, que no Caxemira e nos Estados indianos do Penjabe e

Hariana e nas províncias paquistanesas do Penjabe e Sinde, se pode estar a gerar uma grave crise dada a crescente falta de água, que poderá ser o embrião de um novo e perigoso conflito,

L. Considerando que a procura mundial de petróleo, face à diminuição contínua da oferta, é uma fonte potencial de tensões políticas e estratégicas,

M. Considerando que 70% da energia consumida na Índia é importada,

N. Considerando que, desde 1 de Abril de 2005, a miríade de impostos locais foi

substituída por um IVA nacional, cujas receitas deverão ascender a dezenas de milhões de dólares anuais; considerando que a nova lei foi adoptada pela maioria, mas não pela totalidade, dos Estados da Índia,

Situação interna

1. Congratula-se com o processo de democratização da Índia e o seu empenho a nível internacional;

2. Manifesta a sua intenção de contribuir para o estreitamento das relações entre a UE e a Índia em conformidade com a Comunicação da Comissão supramencionada, as

conclusões da 5ª Cimeira EU- Índia e a recomendação do Parlamento Europeu acima referida, bem como o seu desejo contínuo de desenvolver e reforçar as relações bilaterais;

3. Salienta a particular importância da Índia dos pontos de vista cultural e político e, entretanto, também económico, importância esta que não teve, no passado, suficiente expressão nas relações contratuais indo-europeias;

4. Congratula-se vivamente com o Acordo de Parceria Estratégica UE-Índia, que confere

às relações entre a UE e a Índia uma importância idêntica à das relações entre a UE e a

China, a Rússia, o Japão, os Estados Unidos e o Canadá;

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PT

5. Considera importante, dada a vontade manifesta de outros governos e opiniões públicas não europeias de estabelecer alianças estratégicas com a Índia, que a Comissão

despenda um esforço especial para incrementar a visibilidade da União Europeia na Índia e fomente o conhecimento das instituições, princípios, valores e objectivos da União Europeia;

6. Apoia globalmente os objectivos fixados pela Comissão na sua Comunicação sobre uma Parceria Estratégica UE-Índia;

7. Considera, no entanto, que os objectivos definidos na inovadora parceria estratégica, tal como apresentada pela Comissão, devem ser adequadamente financiados com novos recursos, a fim de possibilitar a realização dos nossos compromissos e aspirações;

solicita que eventuais recursos adicionais necessários para levar a cabo os objectivos da parceria estratégica não sejam deduzidos, mas sim acrescentados aos projectos e

programas comunitários já em curso na Índia;

8. Manifesta a sua compreensão e apoio ao facto de a Parceria Estratégica fazer passar para primeiro plano o diálogo político; salienta, porém, que a consecução dos

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio e a luta eficaz contra a pobreza deveriam manter-se no centro da Parceria UE-Índia;

9. Reconhece que, nas últimas décadas, de acordo com os indicadores de desenvolvimento humano, a Índia alcançou progressos consideráveis, passando, mesmo, em certos domínios, do estatuto de beneficiário da ajuda ao desenvolvimento ao estatuto de doador; manifesta, todavia, a sua preocupação face ao elevado número de indianos que continuam a viver em situação de absoluta pobreza e privação de direitos;

10. Solicita à Comissão e ao Conselho que, no em cooperação com o Governo indiano, confiram prioridade à melhoria da situação dos grupos menos favorecidos, em particular a das mulheres, das crianças e dos grupos de pessoas mais desfavorecidas como, por exemplo, os Dalits e os Adivasis;

11. Congratula-se com o acordo alcançado na 5ª Cimeira UE-Índia, tendo em vista a

elaboração conjunta de um Plano de Acção para uma Parceria Estratégica UE-Índia e de uma nova declaração política comum, para aprovação na 6ª Cimeira UE-Índia em 2005;

12. Toma nota do desenvolvimento das relações bilaterais entre a Índia e a China, que

atingiu um ponto culminante na cimeira realizada pelas duas nações em Nova Deli, em

11 de Abril de 2005; congratula-se com o facto de, segundo o comunicado conjunto

publicado na sequência da referida cimeira, os líderes dos dois países terem acordado

em estabelecer, entre a Índia e a China, uma associação estratégica e de cooperação para

a paz e a prosperidade; congratula-se com o facto de a questão fronteiriça entre a Índia e

a China parecer estar em vias de solução; verifica que um acordo contribuiria em larga

medida para a estabilidade regional, permitiria que ambas as partes gastem menos na

defesa das suas fronteiras e reduziria a possibilidade de as tensões entre as duas grandes

potências asiáticas serem exploradas por outros;

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PT

13. Congratula-se com o facto de a denominada "diplomacia do cricket" ter logrado a realização de uma Cimeira em Nova Deli, entre o Primeiro-Ministro da Índia e o

Presidente do Paquistão (17 de Abril de 2005); regozija-se pelo facto de ambas as partes progredirem na consolidação de medidas criadoras de confiança através de uma

progressiva normalização bilateral que poderia levar à resolução política da questão fronteiriça do Caxemira; acolhe com satisfação a revitalização da comissão conjunta para os assuntos comerciais e toma nota de que ambos os países acordaram em promover o projecto de construção de um gasoduto do Irão até à Índia através do território do Paquistão, o que, sem dúvida, criaria laços positivos entre as partes;

14. Reconhece a aspiração legítima dos EUA de estabelecer uma aliança estratégica com a Índia, mas também a necessidade de um mundo multipolar, e está convicto das

vantagens significativas que o saber-fazer e a sensibilidade da Europa podem oferecer à Índia; recomenda para o efeito à UE uma rápida consolidação da Parceria Estratégica UE-Índia; está convicto de que devem ser disponibilizados novos recursos para realizar os objectivos desta parceria estratégica;

15. Considera que, apesar de o diálogo sistemático e estruturado entre as duas partes sobre questões económicas e comerciais ser muito importante para a parceria estratégica, a União deve conferir uma atenção especial ao desenvolvimento e reforço da cooperação nos domínios político e estratégico, dada a convicção comprovada e partilhada pela Índia e pela União de que é necessário tornar o mundo mais seguro através de relações internacionais baseadas no multilateralismo e no respeito do direito internacional e da filosofia, da Carta e das resoluções das Nações Unidas;

16. Exorta a União e a Índia, tendo em vista a aplicação prática do multilateralismo nas relações internacionais, que ambas propugnam, a estabelecerem um mecanismo de consulta mútua que seja activado antes da realização de reuniões ou conferências internacionais, com o objectivo de propor iniciativas comuns ou adoptar respostas comuns aos problemas nelas suscitados;

17. Considera que, atendendo a que amplos sectores da opinião pública e da comunidade empresarial indiana encaram a União Europeia não como uma entidade, mas como um conglomerado de 25 Estados, as instituições comunitárias e as autoridades da União devem adoptar uma estratégia de comunicação e visibilidade que facilite à sociedade e às autoridades indianas uma melhor compreensão dos progressos no sentido da união, nomeadamente no domínio da política externa e de segurança comum, que advirão da entrada em vigor da nova Constituição Europeia;

18. Congratula-se com o facto de o novo Governo de Manmohan Singh ter adoptado medidas importantes e positivas a favor das reformas socioeconómicas necessárias;

19. Congratula-se com o facto de a cultura e o desenvolvimento democrático da Índia terem

alcançado níveis muito elevados, como o demonstra o correcto funcionamento dos

governos de coligação a nível federal e estatal, o que permite a realização de progressos

no sentido da reforma nos domínios económico e social, que de outro modo não seriam

possíveis;

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20. Considera, no entanto, que devido à enorme complexidade e diversidade do tecido social, económico e político da Índia, não é totalmente garantido que o processo não se defronte com dificuldades e altos e baixos;

21. Congratula-se com a libertação pela polícia, em Junho de 2005, de 450 crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 14 anos que trabalhavam ilegalmente em Mumbai, em condições de escravatura, bem como com a detenção de 42 empresários sem

escrúpulos que as exploravam; manifesta porém a sua preocupação face aos relatórios da UNICEF, segundo os quais trabalham na Índia 17,5 milhões de crianças (o dobro, segundo dados fornecidos por várias ONG), a maioria das quais em condições sub- humanas; saúda a nova atitude de perseguição dos exploradores que as autoridades policiais e laborais indianas parecem estar a adoptar e encoraja-as a dotarem-se dos meios suficientes e de uma vontade política inabalável para poder acabar com este mal que envergonha a sociedade;

Questões económicas

22. Verifica que o Governo indiano se esforça por introduzir mudanças estruturais na economia e efectuou progressos no sentido da desregulamentação de diversos sectores (telefonia móvel, seguros, energia, aviação, etc.); congratula-se com o facto de o primeiro orçamento do novo Governo prever melhorias das infra-estruturas, uma redução das tarifas e o levantamento de restrições à propriedade estrangeira, e com o avanço da privatização de empresas estatais;

23. Dado que a Índia e a União Europeia partilham a visão de que o comércio, o

investimento e a livre concorrência são factores-chave do desenvolvimento económico, mas também que para que o mesmo seja harmonioso e equitativo se devem ter em conta requisitos sociais fundamentais que fortalecem a coesão económica e social, o ambiente e o direito dos consumidores, exorta o Governo da Índia a estar atento a estes aspectos perante a enorme tarefa de desenvolvimento empreendida;

24. Neste sentido, e dada esta percepção comum, encoraja a Índia e a União a abordarem conjuntamente os aspectos da política industrial, ambiental, de cooperação para o desenvolvimento, comercial, de investimento e de boa governação que revestem um interesse comum para ambas as partes;

25. Insta o sector privado indiano, que obteve a plena confiança do Governo e desempenha um papel central nas acções e planos económicos elaborados por este e que são

fundamentais para o desenvolvimento sustentável do país, a demonstrar a maior sensibilidade social possível ao participar nos referidos planos;

26. Toma nota das medidas anunciadas pelo Ministro do Comércio e da Indústria indiano para facilitar as exportações, nomeadamente a introdução de um formulário único e uniforme para a apresentação de pedidos que poderá reduzir de forma considerável a enorme burocracia actualmente existente;

27. Congratula-se igualmente com a decisão de reduzir os tempos de espera nos portos

congestionados do país, o que, juntamente com as medidas financeiras a favor dos

portos e de outras obras importantes de infra-estruturas previstas no orçamento nacional

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PT

aprovado em Fevereiro de 2005 por iniciativa do Ministro das Finanças, pode trazer importantes vantagens para a importação e a exportação;

28. Congratula-se com o facto de ambas as partes terem decidido coordenar a sua acção no que se refere às indicações geográficas (IG) e acordado na realização de seminários que estabeleçam um roteiro para este efeito;

29. Considera positivo o acordo alcançado entre as duas partes no âmbito da 5° Cimeira UE-Índia para facilitar e desenvolver o comércio bilateral e o investimento, dado que o volume das relações comerciais bilaterais está manifestamente aquém das suas

potencialidades; assinala, no entanto, que é necessário reforçar sobretudo o

investimento e que é indispensável que a Índia proceda a uma maior abertura do seu mercado e a reformas económicas, tendo em vista um maior desagravamento fiscal, uma redução das restrições não fiscais, bem como uma protecção eficaz dos direitos de propriedade intelectual;

30. Considera que a UE e a Índia têm interesse em trabalhar conjuntamente para o êxito das negociações sobre a Agenda de Doha para o Desenvolvimento (ADD) e que, para o efeito, é necessária a maior convergência possível no que se refere às questões

essenciais da ADD; considera que seria particularmente útil reforçar o contacto entre os membros do Parlamento Europeu e os membros do Parlamento indiano;

31. Espera que a Índia assuma o seu papel decisivo nas negociações em curso da OMC e contribua activamente para a resolução dos problemas, em especial no domínio do acesso ao mercado dos produtos não agrícolas;

32. Reconhece a necessidade de reforçar a cooperação bilateral nos domínios dos

obstáculos técnicos ao comércio e da saúde pública e de encetar um diálogo sobre os instrumentos de defesa comercial e, de uma forma mais geral, o respeito das regras da OMC;

33. Solicita que, no âmbito do diálogo entre a UE e a Índia em matéria de investimentos, seja tida em conta a responsabilidade sociopolítica dos investidores estrangeiros no país de acolhimento; salienta ainda que os direitos a conceder às empresas deverão ser acompanhados por obrigações, sendo no mínimo necessário que os investidores apliquem, no país de acolhimento, as normas de trabalho essenciais da OIT;

34. Acolhe favoravelmente a decisão do Governo de Nova Deli de criar Zonas Económicas Especiais tendo em vista atrair os investimentos estrangeiros e exorta a Índia a reformar e actualizar a sua legislação neste domínio e a tomar medidas para impedir a exploração dos trabalhadores, zelando pelo respeito dos direitos e obrigações dos trabalhadores e dos empregadores;

35. Considera que a atribuição do espectro para comunicações móveis é uma questão de

extrema importância para a UE, por ter sérias implicações sobre o sector da telefonia

móvel (GSM); insta a Índia a velar pelo alinhamento das frequências de comunicações

móveis em conformidade com as normas da União Internacional das Telecomunicações;

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PT

36. Solicita à Índia que responda positivamente a propostas como a avançada pela Malásia, principal parceiro comercial da Índia na ANASE, para estabelecer uma zona de

comércio livre, uma vez que estas propostas podem contribuir para a estabilidade, o desenvolvimento e a prosperidade dos diversos povos e Estados da região;

37. Toma nota da emergência, na Índia, de uma classe média importante e crescente, que é susceptível não só de ser um grupo-alvo de determinados produtos comerciais, mas também, e sobretudo, receptiva à cultura europeia;

38. Encoraja a UE e a Índia a promoverem com determinação a consolidação e a

actualização permanente de um programa específico de cooperação cultural no âmbito da associação estratégica que se pretende criar; considera que este aspecto é importante, dada a diversidade cultural de ambas as partes e crê que o conhecimento e a difusão das duas culturas entre os cidadãos indianos e europeus contribuirá para que a referida associação assente em bases mais sólidas;

39. Congratula-se com a recente assinatura pela Comissão e o Governo indiano de um acordo que prevê a criação de mil bolsas de estudo ( 33 milhões de euros) que permitem o acesso de estudantes indianos a universidades europeias ao abrigo do programa Erasmus Mundus, o que contribuirá certamente para a realização dos objectivos referidos no número anterior; toma nota de que o Conselho indiano para as Relações Culturais oferece a estudantes europeus oportunidades de ingresso em universidades indianas, mas exorta-o a demonstrar um maior interesse neste domínio, a fim de contribuir mais activamente para a consolidação das bases da parceria estratégica;

40. Espera que a Índia, juntamente com outros países beneficiários, responda ao apelo dos países em desenvolvimento para encontrar soluções para os problemas que surgirão necessariamente com a eliminação das restrições quantitativas à importação de produtos têxteis, tendo em conta que a Índia deverá beneficiar particularmente dessa medida;

espera igualmente que a Índia se abstenha de quaisquer práticas comerciais desleais em relação à indústria da UE, de modo a que a União não seja, por seu turno, obrigada a recorrer aos instrumentos de defesa comercial adequados, compatíveis com as normas da OMC;

41. Salienta que a Índia já detém uma enorme força geopolítica, baseada no poder

económico, em especial no sector das novas tecnologias, e observa que a Índia deverá, por tal motivo, ser considerada como um actor global, reconhecido mundialmente, circunstância que lhe impõe uma responsabilidade social acrescida;

42. Salienta igualmente a necessidade de a UE apoiar a Índia na luta contra a pobreza e na realização geral dos seus objectivos de desenvolvimento; salienta ainda a necessidade de a UE cooperar com a Índia num vasto conjunto de sectores que incluem a política de desenvolvimento, a governação, a sustentabilidade ambiental e a coesão económica e social;

43. Assinala, além disso, que a UE deve reconhecer a importância de incentivar e apoiar a Índia na aplicação ou adopção sistemática das normas de trabalho internacionais, em especial através da ratificação e aplicação prática das Convenções da OIT,

nomeadamente a Convenção nº 138 sobre a idade mínima para admissão de emprego,

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PT

tendo em conta a necessidade de lutar contra o trabalho infantil, problema que na Índia continua a assumir graves proporções;

Desenvolvimento

44. Exprime a sua profunda preocupação face à propagação da SIDA no país, que é

susceptível de adquirir o carácter de epidemia na região se não forem tomadas medidas enérgicas para a combater; solicita ao Governo indiano que se comprometa firmemente a tratar este problema com prioridade, procedendo ao intercâmbio de informações e procurando uma estratégia comum com os demais países afectados;

45. Manifesta a sua preocupação pelo facto de a recente legislação sobre os direitos de propriedade intelectual aprovada pelo Parlamento indiano poder ter um efeito negativo na capacidade de produção da indústria farmacêutica indiana, que tem sido uma fonte de medicamentos fiáveis e de preço moderado, especialmente para o tratamento da SIDA, para doentes em todo o mundo; considera, por conseguinte, que a lei deveria permitir derrogações para os medicamentos de interesse geral, como os destinados,

nomeadamente, a lutar contra a SIDA, o cancro, a malária, a tuberculose e a hepatite; é de opinião que o acesso a medicamentos fiáveis e de custo moderado, em especial para o tratamento da SIDA, é fundamental; solicita às autoridades indianas que velem para que as normas internacionais em matéria de bem-estar dos animais sejam aplicadas à utilização de animais vivos em experiências científicas e que estas experiências sejam limitadas mediante o recurso a métodos alternativos;

46. Assinala que metade dos medicamentos antivirais utilizados nos países pobres são produzidos na Índia; solicita à UE que apoie a Índia na prossecução da implementação da sua legislação sobre propriedade intelectual, de forma a evitar barreiras à produção, comercialização e exportação de medicamentos essenciais e a criar um ambiente que continue a encorajar e facilitar o investimento pela indústria indiana de produção de medicamentos genéricos, tendo em vista o fornecimento de medicamentos essenciais, a preço moderado, aos países em desenvolvimento;

47. Recorda que a OMC admite estas derrogações e que a Declaração de Doha sobre o Acordo relativo aos Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados com o Comércio (TRIPS) e a saúde pública estipula que "o Acordo TRIPS pode e deve ser interpretado e aplicado de uma forma que apoie o direito dos membros da OMC de proteger a saúde pública e, em particular, de promover o acesso de todos aos medicamentos";

48. Exorta a Comissão e a Índia a trabalharem em conjunto, com base em contactos

permanentes e fluidos, no sentido da conclusão definitiva e positiva da Agenda de Doha para o Desenvolvimento (ADD) para benefício de todas as partes interessadas;

49. Considera oportuno, para o efeito, o estabelecimento de laços directos e permanentes

sobre temas bilaterais e multilaterais entre os negociadores indianos e europeus; esta

medida contribuirá para um progresso equilibrado e mutuamente vantajoso das

principais questões da Agenda de Doha para o Desenvolvimento;

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PT

50. Exorta a UE e a Índia a examinarem, com a maior brevidade, as possibilidades de acção conjunta no âmbito de projectos de cooperação para o desenvolvimento nos países terceiros e a adoptarem as medidas necessárias para os levar a cabo, uma vez comprovada a sua viabilidade;

51. Congratula-se com o facto de ambas as partes terem decidido realizar a primeira reunião do Fórum Ambiental Índia-UE em Outubro-Novembro de 2005 e solicita à Comissão que confira uma especial atenção aos domínios que são prioritários para a Índia, como as energias renováveis, as tecnologias limpas e o tratamento de resíduos e que preste toda a assistência possível;

52. Convida o Governo indiano a tomar medidas concretas e eficazes para evitar que se verifiquem fenómenos de dumping nas trocas comerciais com a UE;

Ambiente e agricultura

53. Salienta que a deterioração crescente do ambiente na Índia é um problema cada vez mais importante, nomeadamente para a população pobre, em termos de poluição das águas, degradação dos solos, poluição atmosférica, alterações climáticas e perda de biodiversidade, e salienta a particular urgência de fazer avançar a cooperação entre a UE e a Índia neste domínio;

54. Insta a Índia, que ratificou o Protocolo de Quioto mas beneficia de uma derrogação temporária relativamente a certos compromissos, a demonstrar uma maior sensibilidade face à questão do aquecimento do planeta, ao responder, de uma forma razoável e compatível com o desenvolvimento sustentável, às suas necessidades e objectivos de desenvolvimento;

55. Exprime a sua preocupação face à diminuição alarmante do número de tigres nas principais reservas naturais do país e solicita às autoridades indianas que intensifiquem a luta contra a corrupção e a incompetência que estão na origem desta situação;

56. Considera que as medidas de vigilância e controlo para preservar este animal devem ser reforçadas, em particular nos Estados do Rajastão, Madia Pradexe e Bihar; neste

sentido, solicita que a recém-criada agência nacional de prevenção de delitos contra a vida animal seja dotada dos meios necessários para poder actuar de forma eficaz;

57. Convida a Comissão a interessar-se por este assunto e a assegurar a devida cooperação, dado que o tigre não só é um animal importante para o ecossistema indiano e para o turismo deste país, mas também pode ser considerado como património da humanidade;

58. Solicita aos Estados-Membros da União Europeia susceptíveis de cooperar em matéria de energia nuclear para uso civil que tenham devidamente em conta as elevadas e crescentes necessidades energéticas da Índia e que tomem uma decisão sobre as possibilidades de reforçar a cooperação com a Índia neste domínio;

59. Exprime a sua preocupação face à grave crise agrícola que, segundo vários peritos,

devido à falta de água em diversas partes do país, poderá ter graves consequências

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PT

dentro de poucos anos, e solicita à Comissão e ao Conselho que dediquem uma especial atenção a este assunto;

60. Verifica que, 20 anos após a libertação de gases tóxicos da fábrica de pesticidas da Union Carbide Corporation, em Bopal, no Madia Pradexe, que provocou a morte de mais de 22.000 pessoas e fez com que dezenas de milhares de pessoas sofram de doenças crónicas e debilitantes, o sítio ainda não foi limpo e os resíduos tóxicos continuam a poluir o ambiente e os lençóis freáticos; insta as autoridades indianas e a Dow Chemicals a procederem imediatamente à limpeza do sítio e das imediações afectadas, a compensarem convenientemente as vítimas e a apresentarem os responsáveis perante a justiça;

61. Insta a UE a aplicar a parceria estratégica de molde a tornar tangível a diferença no terreno e a encorajar as pessoas a participarem em parcerias em todo o mundo, de forma a melhorar as suas condições de trabalho e qualidade de vida e a trocar ideias e boas práticas em todos os sectores, especialmente na indústria e agricultura;

62. Considera que é necessário dar um maior apoio às sinergias no sector da ciência e da tecnologia, sendo a promoção do diálogo a todos os níveis um dos principais objectivos, colocando a ênfase nas questões de interesse comum como as tecnologias da

informação, a tecnologia espacial, a biotecnologia, o comércio electrónico e os produtos têxteis; chama a atenção para a importância do reforço dos intercâmbios e contactos universitários;

Direitos humanos

63. Considera que uma verdadeira parceria se caracteriza por um diálogo sincero e aberto sobre todas as questões de interesse mútuo, razão pela qual se regozija com o facto de a parceria estratégica prever o alargamento e a institucionalização do diálogo sobre os direitos humanos;

64. Congratula-se com a decisão do Supremo Tribunal da Índia de determinar a revisão de mais de 2.000 queixas encerradas pela polícia e de cerca de duas centenas de processos que terminaram em absolvições, decorrentes do massacre de dois mil muçulmanos no Estado de Guzarate, em 2002; felicita a Comissão Nacional dos Direitos Humanos da Índia pelo seu trabalho independente e rigoroso sobre esta e outras questões, como a discriminação baseada no sistema de castas e a de que são alvo, nomeadamente, os Dalits e os Adivasis, e considera que as autoridades judiciais e políticas devem dispor de tempo suficiente para terminarem o seu trabalho sem interferências externas que podem, no fim de contas, ter efeitos contraproducentes; apela a uma cooperação com as organizações de defesa dos direitos humanos neste âmbito;

65. Exorta o Governo, no que respeita à situação de discriminação e de violência contra as

mulheres, a prosseguir as suas acções concretas para pôr termo, de forma eficaz, à

violência doméstica e oferecer assistência às vítimas; solicita igualmente que se

continue a promover acções para fomentar a educação das raparigas, dando assim

cumprimento aos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio 2 e 3;

(14)

PE 355.729v03-00 14/28 RR\576631PT.doc

PT

66. Reconhece que a Índia preservou durante séculos a pluralidade étnica, religiosa e cultural e a diversidade linguística no seu território, constituindo um exemplo para o Ocidente e a Europa, e solicita ao Governo indiano que zele em especial por que não se produzam tensões interétnicas, interreligiosas e interculturais entre as comunidades, que põem em perigo o seu legado secular de tolerância e coexistência;

67. Está ciente da vontade de modernização demonstrada pelo novo Governo, e insta-o a progredir com determinação no sentido da reforma do sistema judiciário extremamente lento e obsoleto; sublinha que, por vezes, a actuação lenta da justiça ou determinadas práticas indevidas ou omissões por parte da polícia, em particular no que se refere a casos concretos de violações, causa frustração entre a população e levam-na a fazer justiça pelas suas próprias mãos; congratula-se, no entanto, por este facto ter suscitado um debate público sobre estas questões em particular e sobre a situação da justiça em geral;

68. Solicita ao Governo de Nova Deli a abolição da pena de morte do seu sistema judicial;

69. Chama a atenção para o facto de a Índia ser um dos poucos países democráticos que não ratificou a Convenção das Nações Unidas contra a Tortura, assinada em 14 de Outubro de 1997, e assinala que essa ratificação constitui uma condição prévia essencial para o estreitamento das relações entre a UE e a Índia; solicita igualmente à Índia que ratifique as convenções sobre a abolição do trabalho infantil e a Convenção sobre o Direito de Sindicalização e de Negociação Colectiva;

70. Sublinha que a UE deve exortar a Índia a respeitar integralmente as recomendações do Comité para a Eliminação da Discriminação Racial;

71. Exorta a Índia a aderir ao Tribunal Penal Internacional;

72. Exorta o Conselho e a Comissão a encetarem um diálogo com a Índia sobre a ratificação do Estatuto do Tribunal Penal Internacional, a abolição da pena de morte, a ratificação, em particular, das convenções contra a tortura e o trabalho infantil, bem como dos protocolos adicionais ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (ICCPR) e da Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres (CEDAW);

Situação internacional

73. Verifica que o projecto de parceria estratégica entre Washington e Nova Deli prevê a venda de aviões norte-americanos e a partilha de tecnologia espacial e nuclear civil;

74. Toma nota com surpresa e apreensão, tendo em conta o risco de escalada se as informações forem verídicas, das notícias publicadas em jornais de que os Estados Unidos estariam dispostos a vender ao Paquistão caças F-16, aviões que podem transportar armas nucleares;

75. Reconhece que a Índia desempenhou um papel importante no domínio da prevenção de

conflitos e da manutenção da paz, por exemplo no Afeganistão; toma nota da sua

reacção ao recente golpe de Estado no Nepal e suas consequências; insta a Índia,

(15)

RR\576631PT.doc 15/28 PE 355.729v03-00

PT

enquanto maior membro da SAARC, a assumir um papel de liderança no desenvolvimento da cooperação regional no âmbito da SAARC;

76. Assinala que a UE deve encorajar a cooperação regional na Ásia do Sul, bem como empreender uma aproximação estratégica, tendo em vista reforçar as relações entre a UE e a Associação do Sul da Ásia para a Cooperação Regional (SAARC);

77. Regista a aproximação entre o Irão, o Paquistão e a Índia com base na qual está a ser examinado o traçado de um gasoduto do Irão até à Índia através do território

paquistanês; considera que é necessário apoiar os projectos deste tipo, de carácter eminentemente pacífico, que beneficiam as populações da região e criam uma rede de interesses mútuos que reduz a possibilidade de conflitos entre estes países e favorece a estabilidade da região;

78. Congratula-se com os sinais de progresso registados nas negociações bilaterais indo-paquistanesas sobre o Caxemira e com outros exemplos de conciliação, como o serviço de autocarros recentemente inaugurado que assegura a ligação entre as duas partes - indiana e paquistanesa - do território, ou as visitas do Ministro dos Negócios Estrangeiros indiano ao Paquistão e do Presidente deste país à Índia;

79. Condena os atentados terroristas perpetrados contra este serviço de autocarros em 7 de Abril de 2005, dia da sua inauguração;

80. Congratula-se com a declaração do Primeiro-Ministro indiano, apoiada pelo Presidente Musharraf, de que o glaciar Siachen, no Caxemira, deve ser considerado uma

"Montanha da Paz" e um novo símbolo na via da plena reconciliação entre a Índia e o Paquistão sobre a questão do Caxemira e solicita à UE que apoie este passo positivo a fim de se alcançar, o mais brevemente possível, um acordo definitivo entre as partes, incluindo o reposicionamento e a retirada das forças militares da região;

81. Insta o Conselho e a Comissão a apoiarem o pedido apresentado pelos serviços de segurança e as autoridades responsáveis pela aplicação da lei na Índia para gozarem de um estatuto de parceiro privilegiado na Europol, a fim de combater o terrorismo internacional e o crime organizado de forma mais eficaz;

82. Insta a Índia, bem como o Paquistão e Israel, a aderir ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, que é um instrumento multilateral e insubstituível para a manutenção e o reforço da paz, da segurança e da estabilidade internacionais e estabelece um quadro legal para prevenir a proliferação de armas nucleares;

83. Insta o Governo da Índia a aderir à Convenção de Otava sobre as minas terrestres;

84. Exprime a sua profunda tristeza pela perda de vidas e bens provocada pelo tsunami de

Dezembro de 2004 e felicita o Governo indiano pela sua reacção rápida e solidária face

à catástrofe e, em particular, a marinha indiana que, no dia seguinte, enviou várias

unidades para as zonas afectadas da região; convida a Comissão a velar para que a Índia

seja incluída no seu programa de reconstrução pós-tsunami;

(16)

PE 355.729v03-00 16/28 RR\576631PT.doc

PT

85. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente resolução ao Conselho e à

Comissão, aos Governos e Parlamentos dos Estados-Membros da União Europeia, ao

Governo e Parlamento da Índia e aos Governos e Parlamentos dos países membros da

SAARC.

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PT

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS Situação interna - dados básicos

A Índia e a China constituem conjuntamente 37% da população mundial e segundo a última edição das Perspectivas da População Mundial (World Population Prospects) das Nações Unidas de 2005, a Índia contará 1.395 milhões de habitantes em 2025 e 1.593 milhões em 2050, ao passo que a China contará 1.441 milhões de habitantes em 2025, mas a população diminuirá para 1.392 milhões de habitantes em 2050, devido a uma taxa de natalidade mais baixa.

A dependência energética da Índia, bem como a da China, é muito elevada. Actualmente, 70% da energia consumida é importada. Segundo as estimativas, devido à população elevada e ao forte crescimento económico esta dependência atingirá 85% em 2025. Este facto explica a determinação da Índia - bem como da China - em obter e garantir recursos energéticos (petróleo e gás) fora do seu território. A UE e a Índia devem cooperar no âmbito do painel estratégico recentemente criado para chegar a um acordo mútuo sobre esta questão

fundamental.

A Índia é um mosaico de raças, religiões e culturas. 81,3% da população é hindu, 12%

muçulmana e o resto da população é constituída por Sikhs, cristãos e outros grupos. Este facto cria tensões que por vezes dificultam a coexistência e dão azo a situações muito conflituosas.

Contudo, graças à existência de instituições democráticas, a uma sociedade civil dinâmica e a uma imprensa livre, estes excessos não caiem no esquecimento. A vida ou a sobrevivência de 600 milhões de pessoas depende da agricultura, que representa um quarto da economia. A Índia dispõe de um sector tecnológico altamente desenvolvido, invejado por muitos países.

Apesar dos progressos consideráveis registados neste domínio nas duas últimas décadas, a pobreza é ainda um problema generalizado

1

. Por outro lado, vinte milhões de indianos vivem no estrangeiro e os seus rendimentos equivalem a 25% do PIB da Índia. Alguns analistas interrogam-se porém sobre a razão pela qual os indianos residentes no estrangeiro investem tão pouco na Índia

2

.

A Índia é igualmente um mosaico de paradoxos e contradições, a começar pela existência de enormes disparidades socioeconómicas que contrastam com o espectacular desenvolvimento tecnológico de alguns sectores de produção. A população de alguns Estados do Norte da federação indiana registou um aumento muito mais rápido do que noutros Estados do Sul, mas o mesmo aconteceu com a pobreza devido a uma taxa de crescimento económico inferior.

Alguns Estados do Sul, mais avançados no plano social, souberam tirar partido da abertura e da prosperidade económica. Por esta razão, partilhamos a opinião da Comissão sobre o risco de fragmentação económica e de separação entre os Estados caracterizados por uma economia essencialmente tradicional e os Estados mais centrados na concorrência e na economia de mercado. Coloca-se a questão de saber se a decisão da Comissão - sem pôr em causa a pertinência e a oportunidade temporal da mesma - de concentrar a ajuda ao desenvolvimento nos chamados Estados de "mentalidade reformista" (Chhattisgarh e Rajastão) não deveria ser completada o mais rapidamente possível por uma assistência a alguns Estados de

1

Segundo o relatório das Nações Unidas sobre o desenvolvimento humano (2004), 34,7% da população vive com um dólar por dia e 79,9% com menos de dois dólares.

2

The Asian Age, New Delhi, 1.11.2004.

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PE 355.729v03-00 18/28 RR\576631PT.doc

PT

"mentalidade não reformista", precisamente para conferir um novo impulso às reformas.

Do mesmo modo, existe uma grande clivagem entre uma Índia tecnologicamente avançada em certos sectores e uma administração pública (incluindo a justiça) muito lenta e

burocratizada. Segundo um estudo recente, o absentismo atinge um terço dos professores dos estabelecimentos de ensino públicos e o mesmo acontece no caso das clínicas de cuidados de saúde primários, facto que levou Manmohan Singh a declarar o seguinte, por ocasião da sua tomada de pose como primeiro-ministro no ano passado: "Estou convencido de que a administração, a todos os níveis, não está devidamente equipada para satisfazer as

necessidades da população. Seja a que nível for, a reforma da administração é a tarefa mais urgente com que estamos confrontados".

Direitos humanos

A defesa da democracia e o respeito dos direitos humanos são princípios europeus fundamentais. A Índia é um exemplo de democracia, mas ainda tem um longo caminho a percorrer no domínio dos direitos humanos. É manifesto que o novo governo dirigido pelo Partido do Congresso realizou progressos significativos comparativamente com o seu predecessor.

O relator partilha a opinião da Comissão (documento de trabalho dos serviços da Comissão, p.

14), que se exprime nos seguintes termos: "In line with their common belief that fulh respect for humam rights is the best guarantee for sustainable economic development and social stability, the two partners should hold regular exchanges of views, on issues such as: gender discrimination; minorities’ rights, in particular caste-based discrimination; religious

freedom; the death penalty; the fight against terrorism; environmental rights". Contudo, manifesta a sua surpresa pelo facto de uma questão desta importância ser encerrada com o mero comentário que se segue: We affirmed our wilhingness to continue discussing Humam Rights in a comprehensive manner

1

".

As questões evocadas no documento da Comissão continuam a colocar graves problemas na Índia. Em alguns casos, estes problemas estão profundamente arreigados no tecido social, económico e mesmo político e, por vezes, a combinação destes três factores dá origem a situações muito complexas e potencialmente explosivas. É inútil fechar os olhos perante a realidade.

O sistema de castas é um bom exemplo, como o demonstra um caso recente no Estado de Bihar, um dos Estados mais pobres e por muitos considerado como o mais mal governado, no qual a lei brilha pela sua ausência e a corrupção e o nepotismo pela sua presença. A título da sua prerrogativa constitucional, o governo de Nova Deli utilizou, em 17 de Março de 2005, o seu direito de governar directamente este Estado ("direct rule"). À frente de duas importantes forças políticas em Bihar encontram-se dirigentes que utilizam o sistema de castas como uma arma política. A polarização com base nas castas só poderá comprometer o futuro deste Estado.

O relator considera que as violações dos direitos humanos constituem uma questão muito delicada e que não se podem formular acusações sem argumentos solidamente

1

Comunicado de imprensa conjunto publicado por ocasião da 5º Cimeira Índia-UE de 8.11.2004.

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PT

fundamentados, mas crê igualmente que a defesa e a protecção dos direitos humanos são essenciais para a própria sobrevivência da democracia e que, por esta razão, qualquer sistema político que se reconheça como tal deve considerá-los como aspectos fundamentais de uma boa governação.

Assim, em vez de entrar em polémicas estéreis, o relator decidiu simplesmente subscrever as opiniões expressas pela autoridade nesta matéria, A. S. Anand, o eminente presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH). Em duas ocasiões (Novembro de 2004 e Maio de 2005), o relator visitou a sede da CNDH em Nova Deli e conversou com o juiz Anand, cujos princípios continuam a ser firmes. No prefácio do documento intitulado Report on the Prevention of Atrocities against Scheduled Castes, o juiz Anand recorda que o artigo 15º da Constituição indiana proíbe expressamente a discriminação em termos de "raça" ou de

"casta" e que exorta o governo e a "sociedade civil activa e empenhada" a oporem-se conjuntamente às "injustiças históricas que afectaram os grupos mais vulneráveis do nosso país, nomeadamente os Dalits e os Adivasis" (tribos e povos indígenas).

O juiz Anand afirma que "Apesar das disposições específicas da Constituição e de outras leis, é triste constatar que a injustiça social e a exploração das castas e tribos catalogadas

persiste. A imprensa tem publicado notícias sobre as atrocidades cometidas contra membros destes grupos e a frequência com que acontecem é alarmante. A humilhação que continuam a sofrer as pessoas pertencentes às castas catalogadas em geral e os Dalits em particular, mais de meio século após a proclamação da república na Índia, é uma vergonha... No seu trabalho em defesa dos direitos humanos, a comissão inspira-se nesta observação pertinente do

Mahatma Gandhi: «Sempre foi um mistério para mim que os homens se regozijem em humilhar outros seres humanos»".

Após estes comentários claros do seu presidente, o relator exprime o seu apoio e confiança no trabalho da CNDH. Uma questão suscita no entanto uma certa inquietação: a nomeação, em 2004, de P. C. Sharma, antigo director da Agência Central de Investigação da polícia federal como membro da CNDH. Com todo o respeito que esta pessoa merece, é lícito interrogarmo- nos se o Sr. Sharma apresenta o perfil mais adequado para trabalhar na CNDH, tendo em conta que numerosos peritos neste domínio poderiam desempenhar estas funções. No seio desta sociedade activa e politicamente empenhada a que se refere o juiz Anand, a preocupação aumenta porque as nomeações deste tipo põem em causa a credibilidade da CNDH. A

nomeação de P. C. Sharma foi impugnada pelo Supremo Tribunal de Justiça, por um acórdão proferido em Janeiro de 2005, adoptado por igualdade de votos a favor e contra, pelo que o processo deve ser reexaminado. Os membros da CNDH são nomeados pelo Presidente da Índia sob proposta de um comité composto pelo primeiro-ministro, o ministro do Interior, o presidente da Câmara Alta do Parlamento e o líder da oposição desta câmara.

Questões económicas e comerciais

A UE é o maior parceiro comercial da Índia e o maior investidor directo estrangeiro no país.

A economia indiana registou uma taxa de crescimento de 8,5% no ano fiscal de 2003.

No âmbito das relações comerciais e económicas, importa destacar as seguintes questões:

Novo Sistema de Preferências Generalizadas. O novo sistema deveria entrar em vigor em 1

de Abril, mas registou um atraso devido ao desejo de alguns Estados-Membros de aplicar ao

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PT

sector têxtil da Índia um limiar de 10%.

Atribuição do espectro para comunicações móveis. Trata-se de uma questão de extrema importância para a UE, por ter sérias implicações sobre o sector da telefonia móvel (GSM).

Para a UE é muito importante o alinhamento das frequências de comunicações móveis em conformidade com as normas internacionais fixadas pela União Internacional das

Telecomunicações (UIT).

No que se refere aos interesses das empresas europeias, a opinião do European Business Group é digna de nota: é necessário criar um sistema transparente que ponha termo à discriminação actual entre as empresas nacionais e estrangeiras em termos de fiscalidade e regulamentação de numerosos sectores. No entanto, a apreciação final efectuada pelo Grupo é positiva. Por outro lado, o governo acaba de instaurar, com dois anos de atraso (1 de Abril de 2005), um imposto sobre o valor acrescentado (IVA). Grande parte dos Estados da Índia prevêem adoptar este sistema, o que implicará um sistema de tributação mais racional e previsível para as empresas que investem no país.

O relator acolhe favoravelmente a iniciativa Employment Guarantee Act que garante a um membro das famílias de mais baixos rendimentos cem dias de trabalho por ano em projectos públicos, mediante o pagamento de um salário mínimo.

Situação na região

A procura frenética de gás e petróleo para satisfazer as necessidades energéticas da Índia ou de outros países pode gerar, na Ásia do Sul e do Leste, uma situação que, consoante a evolução dos acontecimentos, redundará num confronto ou numa cooperação.

Actualmente, os litígios fronteiriços relacionados com este problema abrangem,

nomeadamente, a Malásia e a Indonésia (Bornéu Oriental); a Malásia e o Brunei (Bornéu Setentrional); a China e o Vietname (Golfo de Tonkin); a China, Taiwan e o Vietname (ilhas Spratly e Paracel); a China e o Japão (ilhas Senkakus e Diaoyus); a Tailândia e o Camboja (Golfo da Tailândia); Timor-Leste e a Austrália (Mar de Timor). Embora a Índia não esteja directamente implicada nesses litígios, é parte interessada enquanto interveniente importante das relações internacionais na região.

As relações da Índia com o Bangladesh são tensas. Este serve de base a grupos extremistas islâmicos que operam no Nordeste da Índia. O Bangladesh recusa-se a vender gás à Índia e não autoriza o trânsito através do seu território com destino a essa região da Índia.

Historicamente, as relações entre a Índia, o Paquistão e a China têm sido difíceis. O Paquistão e a China entraram várias vezes em guerra com a Índia. Duas das guerras entre a Índia e o Paquistão foram provocadas pela questão do Caxemira.

Contudo, as relações com estes dois países vizinhos importantes parecem evoluir

positivamente. No caso da China, nos últimos anos registou-se um aumento significativo dos

investimentos recíprocos e os problemas energéticos dos dois países levou-os a considerar a

possibilidade de criar um programa conjunto de compras e investimentos neste sector, que é

fundamental tanto para a Índia como para a China.

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PT

O mesmo feixe de interesses comuns existente entre a Índia e a China (o que tende a aplanar os conflitos entre os Estados) está a surgir entre a Índia e o Paquistão. Há sinais

encorajadores, como o serviço regular de autocarros inaugurado em 7 de Abril entre as duas capitais do Caxemira, Srinagar e Muzaffarabade, ao passo que a chamada "diplomacia do cricket" foi reforçada com a presença do Presidente paquistanês num jogo realizado na Índia entre as duas selecções. Do mesmo modo, o chefe do executivo do Penjabe indiano foi acolhido por uma multidão entusiasta por ocasião da sua visita, também histórica, de 15 de Março de 2005. Não menos importante é o projecto de acordo tripartido relativo ao transporte de gás do Irão para a Índia através do Paquistão, que é encarado com desagrado pela

administração Bush. Em vez de censurar a Índia por querer comprar recursos energéticos ao Irão (o que mereceu oportunamente um comentário lacónico do ministro dos Negócios Estrangeiros indiano: "Mantemos boas relações com o Irão, com o qual não temos qualquer problema"), os Estados Unidos deveriam apoiar o aproximação entre a Índia, o Irão e o Paquistão, algo que beneficia os povos, cria um tecido de interesses comuns, afasta a

perspectiva de um conflito entre este países e, consequentemente, contribui para o bem-estar e

a estabilidade da região. Seja como for, a UE e a Índia, através da filosofia e dos instrumentos

internacionais que partilham, apoiam e promovem (o multilateralismo, a ONU como núcleo

do sistema multilateral, a luta contra o terrorismo, etc.) podem efectivamente contribuir para a

paz, a prosperidade, a dignidade e a estabilidade na Ásia do Sul.

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21.3.2005

PARECER DA COMISSÃO DO DESENVOLVIMENTO

destinado à Comissão dos Assuntos Externos

sobre as relações entre a UE e a Índia: Uma Parceria Estratégica (2004/2169(INI))

Relator de parecer: Frithjof Schmidt

SUGESTÕES

A Comissão do Desenvolvimento insta a Comissão dos Assuntos Externos, competente quanto à matéria de fundo, a incorporar as seguintes sugestões na proposta de resolução que aprovar:

1. Salienta a particular importância da Índia dos pontos de vista cultural e político e, entretanto, também económico, importância esta que não teve, no passado, suficiente expressão nas relações contratuais indo-europeias;

2. Congratula-se vivamente com o Acordo de Parceria Estratégica UE-Índia, que confere às relações entre a UE e a Índia uma importância tão grande quanto a já conferida às relações entre a UE e a China, a Rússia, o Japão, os Estados Unidos e o Canadá;

3. Manifesta a sua compreensão e apoio ao facto de a Parceria Estratégica fazer passar para primeiro plano o diálogo político; salienta, porém, que a consecução dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio e a luta eficaz contra a pobreza deveriam manter-se no centro da Parceria UE-Índia;

4. Reconhece que, nas últimas décadas, de acordo com os indicadores de desenvolvimento humano, a Índia alcançou progressos consideráveis, passando, mesmo, em certos

domínios, do estatuto de beneficiário da ajuda ao desenvolvimento ao estatuto de doador;

manifesta, todavia, a sua preocupação face ao elevado número de indianos que continua a ter que viver em situação de absoluta pobreza e privação de direitos;

5. Solicita à Comissão e ao Conselho que, no plano da cooperação com o Governo indiano, confiram prioridade à melhoria da situação dos grupos menos favorecidos, em particular a das mulheres, das crianças e de grupos de pessoas mais desfavorecidas como, por

exemplo, os Dalits e os Adivasis; exorta a que, nessa perspectiva, se examine cabalmente

até que ponto futuras medidas de cooperação podem contribuir activamente para pôr

cobro à discriminação em razão do sexo e da casta;

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6. Salienta que a crescente destruição do ambiente na Índia representa um problema de cada vez maior importância, nomeadamente para a população pobre, no que respeita à poluição das águas, à degradação dos solos, à poluição atmosférica, às alterações climáticas e à perda de biodiversidade, e salienta a particular urgência de que se reveste fazer avançar a cooperação entre a UE e a Índia neste domínio;

7. Considera que uma verdadeira parceria se caracteriza por um diálogo sincero e aberto sobre todas as questões de interesse mútuo, razão pela qual se regozija com o facto de a Parceria Estratégica prever o alargamento e a institucionalização do diálogo sobre os direitos humanos;

8. Constata que a ausência de repressão penal das infracções, em particular dos actos de violência e de tráfico de seres humanos, conduz a que na Índia continue a imperar um clima de impunidade, que põe em perigo o Estado de direito, pelo que requer que o diálogo seja extensivo às questões relativas à reforma em matéria judicial e policial;

9. Exorta o Conselho e a Comissão, no quadro do diálogo institucionalizado sobre os direitos humanos, a evocarem o pogrom de Guzarate de 2002, que não foi ainda devidamente abordado, bem como o ainda elevado número de vítimas de actos de violência na parte do Cachemira administrada pela Índia;

10. Exorta o Conselho e a Comissão a entabularem um diálogo com a Índia sobre a ratificação dos Estatutos do Tribunal Penal Internacional, a abolição da pena de morte, a ratificação, designadamente, das Convenções contra a tortura e o trabalho infantil, bem como dos protocolos adicionais ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (ICCPR) e da Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação das mulheres

(CEDAW).

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PT

PROCESSO

Título Relações entre a UE e a Índia: Uma Parceria Estratégica

Número de processo 2004/2169(INI))

Comissão competente quanto ao fundo AFET Comissão encarregada de emitir parecer

Data de comunicação em sessão

DEVE 28.10.2004

Cooperação reforçada -

Relator de parecer Frithjof Schmidt

Data de designação 6.10.2004

Exame em comissão 2.12.2004

20.1.2005 Data de aprovação das alterações 16.3.2005

Resultado da votação final A favor: 32

Contra: 0

Abstenções: 0 Deputados presentes no momento da

votação final Alessandro Battilocchio, Danutė Budreikaitė, Nirj Deva, Koenraad Dillen, Fernando Fernández Martín, Michael Gahler, Hélène Goudin, Jana Hybášková, Filip Andrzej Kaczmarek, Glenys Kinnock, Wolfgang Kreissl-Dörfler, Ģirts Valdis Kristovskis, Maria Martens, Miguel Angel Martínez Martínez, Gay Mitchell, Luisa Morgantini, Józef Pinior, José Ribeiro e Castro, Toomas Savi, Pierre Schapira, Frithjof Schmidt, Jürgen Schröder, María Elena Valenciano Martínez-Orozco, Margrietus van den Berg e Jan Zahradil Suplentes presentes no momento da

votação final

Marie-Hélène Aubert, Ana Maria Gomes, Fiona Hall, Manolis Mavrommatis, Anne Van Lancker e Gabriele Zimmer

Suplentes (nº 2 do art. 178º) presentes

no momento da votação final Javier Moreno Sánchez

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25.2.2005

PARECER DA COMISSÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

destinado à Comissão dos Assuntos Externos

sobre as relações entre a UE e a Índia: Uma Parceria Estratégica (2004/2169(INI))

Relator de parecer: Georgios Papastamkos

SUGESTÕES

A Comissão do Comércio Internacional insta a Comissão dos Assuntos Externos, competente quanto à matéria de fundo, a incorporar as seguintes sugestões na proposta de resolução que aprovar:

1. Apoia globalmente os objectivos fixados pela Comissão na sua Comunicação sobre uma Parceria Estratégica UE-Índia;

2. Manifesta a sua satisfação com o acordo alcançado na 5ª Cimeira UE-Índia, tendo em vista a elaboração conjunta de um Plano de Acção para uma Parceria Estratégica UE-Índia, bem como de uma nova declaração política comum, para aprovação na 6ª Cimeira UE-Índia, em 2005;

2. Considera positivo o acordo alcançado entre as duas partes no âmbito da 5° Cimeira UE-Índia para facilitar o desenvolvimento do comércio bilateral e o investimento, dado que o volume das relações comerciais bilaterais fica manifestamente aquém das suas potencialidades; assinala, no entanto, que permanece indispensável aumentar, sobretudo, o investimento, e ainda que a Índia proceda a uma maior abertura do seu mercado e a

reformas económicas, com vista a um maior desagravamento fiscal, a uma redução das restrições não fiscais, bem como a uma protecção eficaz dos direitos de propriedade intelectual;

4. Considera que a UE e a Índia têm interesse em trabalhar conjuntamente para o êxito das negociações sobre a Agenda de Desenvolvimento de Doha; com esse objectivo, torna-se necessário o maior número de convergências possível em assuntos importantes da Agenda de Desenvolvimento de Doha; um maior contacto entre os membros do Parlamento

Europeu e do Parlamento da Índia seria particularmente útil;

5. Espera que a Índia assuma o seu papel decisivo nas negociações da OMC em curso e

coopere energicamente na resolução dos problemas, em especial no que diz respeito ao

acesso ao mercado dos produtos não agrícolas;

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6. Reconhece a necessidade de reforço da cooperação bilateral, tendo por objectivo os obstáculos técnicos ao comércio e as questões de saúde pública, o desenvolvimento do diálogo sobre os instrumentos de defesa comercial e, de uma forma mais geral, o respeito das regras da OMC;

7. Defende que, no diálogo entre a UE e a Índia em matéria de investimentos, seja tida em conta a responsabilidade sociopolítica dos investidores estrangeiros no país de

acolhimento; salienta ainda que os direitos a conceder às empresas deverão ser

acompanhados por obrigações, sendo no mínimo necessário que os investidores apliquem, no país de acolhimento, as normas de trabalho essenciais da OIT;

8. Considera que há que dar maior apoio às sinergias no sector da ciência e da tecnologia, tendo nomeadamente como objectivo promover o diálogo a todos os níveis, com ênfase em matérias de interesse comum como as tecnologias da informação, a tecnologia

espacial, a biotecnologia, o comércio electrónico e os produtos têxteis; o alargamento dos intercâmbios e contactos universitários constitui um importante parâmetro;

9. Assinala que a UE deve encorajar a cooperação regional na Ásia do Sul, bem como

empreender uma aproximação estratégica, tendo em vista reforçar as relações entre a UE e a Associação para a Cooperação Regional da Ásia do Sul;

10. Assinala, paralelamente, a necessidade de a UE apoiar a Índia na luta contra a pobreza e na realização geral dos seus objectivos de desenvolvimento; salienta ainda a necessidade de a UE cooperar com a Índia num vasto conjunto de sectores que incluem a política de desenvolvimento, a melhoria da governação, a sustentabilidade ambiental e a coesão económica e social;

11. Assinala, igualmente, que a UE deverá considerar importante incentivar e apoiar a Índia na aplicação ou adopção continuada das normas internacionais de trabalho, em especial através da ratificação e aplicação prática das Convenções da OIT, nomeadamente - dada a necessidade de lutar contra o trabalho infantil, que continua actualmente a representar um grave problema na Índia - a Convenção nº 138, relativa à idade mínima de admissão ao emprego;

12.Espera que a Índia, juntamente com outros países beneficiários, responda ao apelo dos países em desenvolvimento para encontrar soluções para os problemas que surgirão necessariamente com a eliminação das restrições quantitativas à importação de produtos têxteis, tendo em conta que a Índia deverá colher especiais benefícios dessa medida;

espera igualmente que a Índia se abstenha de quaisquer práticas comerciais desleais em relação à indústria da UE, de modo a que a União não seja, por seu turno, obrigada a recorrer aos instrumentos de defesa comercial adequados, compatíveis com as normas da OMC;

13. Salienta que a Índia possui já uma enorme força geopolítica, baseada no poder económico,

em especial no sector das novas tecnologias, e observa que a Índia deverá, por tal motivo,

ser considerada como um actor global, reconhecido mundialmente, circunstância que lhe

impõe uma responsabilidade social acrescida.

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PROCESSO

Título Relações entre a UE e a Índia: Uma Parceria Estratégica

Número de processo 2004/2169(INI)

Comissão competente quanto ao fundo AFET Comissão encarregada de emitir parecer

Data de comunicação em sessão INTA Cooperação reforçada

Relator

Data de designação Georgios Papastamkos 30.09.2004

Exame em comissão 17.01.2005

Data de aprovação 22.02.2005

Resultado da votação final A favor:

Contra:

Abstenções:

26 0 3 Deputados presentes no momento da

votação final

Peter Šťastný, Christofer Fjellner, Béla Glattfelder, Georgios Papastamkos, Godelieve Quisthoudt-Rowohl, Tokia Saïfi, Robert Sturdy, Zbigniew Zaleski, Kader Arif, Françoise Castex, Glyn Ford, Erika Mann, David Martin, Javier Moreno Sánchez, Giulietto Chiesa, Sajjad Karim, Johan Van Hecke, Alain Lipietz, Caroline Lucas, Bogusław Rogalski

Substitutos presentes no momento da

votação final Filip Andrzej Kaczmarek, Maria Martens, Marianne Thyssen, Margrietus van den Berg, Saïd El Khadraoui, Antolín Sánchez Presedo, Danutė Budreikaitė, Jonas Sjöstedt, Anna Elzbieta Fotyga Suplentes (nº 2 do art. 178º) presentes

no momento da votação final

Referências

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